1543572885-Plano Maneio RNP - Vol I - Versao 1 - EstruturaProFin
1543572885-Plano Maneio RNP - Vol I - Versao 1 - EstruturaProFin
1543572885-Plano Maneio RNP - Vol I - Versao 1 - EstruturaProFin
Volume I
Plano de Maneio
Volume I
Plano de Maneio
VERSÃO 1
Produzido para:
Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural
Administração Nacional das Áreas de Conservação
Produzido por:
Impacto, Lda. – Projectos e Estudos Ambientais
II
PLANO DE MANEIO DA RESERVA NACIONAL DE POMENE
Volume I
Plano de Maneio
VERSÃO 1
CRÉDITOS TÉCNICOS
Coordenação e Supervisão por parte da ANAC
Raimundo Matusse
Armindo Araman
Meio Biofísico
Eduardo Videira
Roberto Zolho
Meio Socioeconómico
Yarina Martins Pereira
Joyce Maguivanhane
Ulcilia Cuco (assistente de campo)
Turismo
Luis Sarmento
Geoprocessamento
Lourenço Covane
Capa
Fotos/Imagem
Joyce Maguivanhane/Luis Sarmento/Lourenço Covane
III
AGRADECIMENTOS
IV
APRESENTAÇÃO
I
SIGLAS E ACRÓNIMOS
AC Área de Conservação
AFs Agregados Familiares
ANAC Administração Nacional das Áreas de Conservação
APAP Área de Protecção Ambiental de Pomene
CC Capacidade de carga
CITES Convenção Internacional sobre o Comércio de Espécies de Fauna
e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção
CMS Convenção para a Conservação de Espécies Migratórias
DANIDA Agência Dinamarquesa para o Desenvolvimento Internacional
DNAC Direcção Nacional de Áreas de Conservação
DPTUR Direcção Provincial de Turismo
FOFA Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças
GEF Fundo Global do Ambiente
GF Grupo Focal
IBA Áreas Importantes para Aves (Important Bird Areas)
INE Instituto Nacional de Estatística
INIA Institui Nacional de Investigação Agronómica
IUCN União Internacional para Conservação da Natureza
LMA Limite de mudança aceitável
MICOA Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental
PIB Produto Interno Bruto
RNP Reserva Nacional de Pomene
SDAE Serviço Distrital de Actividades Económicas
SWOT Strenghts, Weaknesses, Opportunities and Threats
UE União Europeia
WCPA/IUCN Comissão Mundial sobre Áreas Protegidas da IUCN
ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
% Percentagem
cm Centímetros
I
Ex. Por exemplo
ha Hectares
Kg Quilogramas
Km Quilómetros
nº Número
II
ÍNDICE
SECÇÃO 1: INTRODUÇÃO..........................................................................................................- 1 -
1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................- 2 -
1.1 A abordagem do Processo de Planificação..............................................................- 2 -
1.2 História do Desenvolvimento da Reserva.................................................................- 2 -
1.3 Estatuto Legal..............................................................................................................- 4 -
SECÇÃO 2: CONTEXTUALIZAÇÃO..............................................................................................- 7 -
2 CONTEXTUALIZAÇÃO................................................................................................- 8 -
2.1 Contextualização Regional.........................................................................................- 8 -
2.2 Ameaças e Desaficos (Analise SWOT da Reserva de Pomene).............................- 9 -
2.2.1. Analise SWOT........................................................................................................- 9 -
2.2.2. As Principais Ameaças.......................................................................................- 13 -
2.3 Características Biofísicas (Descrição da Situação Actual)...................................- 13 -
2.4 Características Socioeconómicas e Culturais.......................................................- 21 -
SECÇÃO 3: VISÃO..................................................................................................................- 28 -
3 VISÃO.........................................................................................................................- 29 -
3.1 Declaração de Visão.................................................................................................- 29 -
3.2 Objectivo de Gestão da Reserva.............................................................................- 29 -
SECÇÃO 4: ZONEAMENTO.......................................................................................................- 30 -
4 ZONEAMENTO...........................................................................................................- 31 -
4.1 Propósito do Zoneamento........................................................................................- 31 -
4.2 Categorias do Zoneamento......................................................................................- 32 -
SECÇÃO 5: PROGRAMAS DE GESTÃO......................................................................................- 40 -
5 PROGRAMAS DE GESTÃO......................................................................................- 41 -
5.1 PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO DE HABITATS E ESPÉCIES............................- 41 -
5.2 PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORIA............................................................- 49 -
5.3 PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO............................................- 50 -
5.4 PROGRAMA DE GESTÃO COMUNITÁRIO.............................................................- 55 -
5.5 PROGRAMA DE PROTECÇÃO.................................................................................- 57 -
5.6 PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO.........................................................................- 58 -
SECÇÃO 6: MONITORIA E AVALIAÇÃO DO PLANO DE MANEIO..................................................- 59 -
6 INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS................................................................................- 60 -
6.1 Monitoria da Implementação do Plano de Maneio.................................................- 60 -
I
6.2 Avaliação da Efectividade do Plano de Maneio.....................................................- 60 -
6.3 Avaliação da Efectividade do Zoneamento............................................................- 60 -
SECÇÃO 7: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................- 61 -
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................- 62 -
SECÇÃO 8: ANEXOS...............................................................................................................- 63 -
II
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ANEXOS
Anexo A Matriz de Análise FOFA
Anexo B Tabela de Actividades
Anexo C Relatório do Seminário de Planificação Participativa
I
PLANO DE MANEIO DA RESERVA NACIONAL DE POMENE
Volume I
Plano de Maneio
VERSÃO 1
SECÇÃO 1: INTRODUÇÃO
1
1 INTRODUÇÃO
A fase de estudos de especialidade foi o culminar da primeira fase de interação com as partes
interessadas onde através de discussões estruturadas e entrevistas e observação direta das
condições dos vários elemento biofísicos e sócio culturais foi possível recolher as
sensibilidades e discutir os modelos de gestão da Reserva.
Outras partes interessadas foram os operadores turísticos locais que, sendo conhecedores dos
potenciais turísticos da área proporcionaram elemento para o desenvolvimento do sector
incluindo as necessidades de proteção dos atrativos turísticos.
O processo de consulta iterativa com as partes interessante devera continuar mesmo depois da
aprovação deste Plano. Isto irá permitir a sua participação efetiva no processo de
desenvolvimento da Reserva.
Neste contexto, se pode afirmar que o requisito de garantia de propriedade deste plano forma
estritamente compridos o que garantira a implementação efectiva do presente plano de Maneio
da Reserva de Pomene.
2
ou pelo ensombramento que as lindas praias lhe dão. Pelo sim ou pelo não, a verdade é que a
história do estabelecimento da Reserva Nacional de Pomene ainda não esta devidamente
registada e as linhas que se seguem podem constituir uma das primeiras tentativas e
contribuições.
Consta que os irmãos Abreu e seu sócio então proprietários dos Hotéis Tivoli e Turismo na
baixa da capital Moçambicana e concessionários das coutadas do Save (coutada 4 e 5) nos
finais da década 60, quando o turismo cinegético estava na sua maior pujança, resolveram
construir o complexo turístico da Ponta da Barra Falsa de Pomene com propósito de receber
turistas para caça nas coutadas 4 e 5 e pesca nas águas da província de Inhambane.
Concluída a construção deste empreendimento, pediram a então Direção dos Serviços
Províncias de Veterinária que criasse uma reserva abrangendo a faixa costeira periférica do
complexo turístico, propondo-se repovoarem a mesma com animais trazidos das Coutadas 4 e
5 na condição de lhes ser concessionada a sua exploração.
O Dr. Paisana (Director dos Serviços Províncias de Veterinária), mandou o ecologista Ken
Tynley para verificar se havia condições para a criação da Reserva e mais tarde (em 1970) o
Dr. Rosinha (Chefe dos Serviços de Fauna Bravia) e Celestino Gonçalves (Fiscal de Caça)
para colherem mais informação sobre a potencialidades da região
Segundo Celestino Gonçalves, Dr. Rosinha, embora sem grande entusiasmo visto que não lhe
foi dado observar em pormenor a região e apenas colheu informações que ali os únicos
animais existentes eram cabritos e porcos do mato, não se opôs à criação da Reserva tendo
em conta que ali iriam ser introduzidos animais de espécies adequadas à região e que isso
poderia ser um pólo turístico no futuro.
Sob continua pressão e insistência dos donos do complexo do Pomene foi publicado aos 16 de
Novembro de 1972 o Diploma Legislativo 109/72 que cria a Reserva Parcial de Caça de
Pomene que Celestino Gonçalves critica por falta de justificação plausível para a criação desta
Reserva. Nos anos subsequentes a sua criação, os principais promotores não efectuaram
reintroduções de espécies faunísticas conforme haviam se comprometido.
Sendo a ultima área de conservação a ser criada pelo Governo colonial Português em
Moçambique a escassos anos da independência nacional, esta Reserva se manteve
aproximadamente 36 anos (1972-2008) sem infraestruturas de gestão nem uma administração
efectiva.
Em 1995, Oglethorpe, J., Correia, A., e Koy, Severiano (1995) beneficiando de fundos da União
Europeia, realizaram o “levantamento da situação actual e recomendações para um futuro
3
programa de maneio, conservação e desenvolvimento turístico” da Reserva de Pomene. Este
levantamento foi utilizado como base para o desenho dum programa de Emergência para
apoiar a gestão e desenvolvimento da Reserva.
No mesmo ano (1995), União Europeia através da IUCN desembolsou USD 50,000 para
desenhar e apoiar o primeiro programa de emergência destinado a estabelecer a gestão da
Reserva de Pomene. Este programa compreendia três componentes. Componente 1: o
estabelecimento dum relacionamento tri-partido a) a gestão da Reserva, b) as comunidades
locais e a c) gestão do Hotel de Pomene para apoiar o desenvolvimento e gestão da Reserva.
Componente 2 destinava a controlar as actividades não autorizadas no interior da Reserva e, a
Componente 3 orientada para desenvolvimento de facilidades turísticas (IUCN, 1995). Com
estes fundos foi recrutado o primeiro Administrador do Reserva e três Fiscais, construção do
acampamento principal e aquisição de equipamentos, viatura e barco.
Em 2008 foi nomeado o actual Administrador da Reserva e foi reforçados o numero de Fiscais.
Em 2014 no contexto do Programa de Apoio ao Sector Ambiental, a Litanga Travel & Services
Lda, empresa de consultoria baseada na cidade de Inhambane beneficiou de fundos da
DANIDA através da Direção provincial de Turismo (DPTUR) de Inhambane e Direção Nacional
Áreas de Conservação (DINAC) elaborou o primeiro draft do Plano de Maneio da Reserva de
Pomene que não chegou a ser aprovado pelas autoridades competentes do Ministério do
Turismo.
1.3.1 Proclamação
As potencialidades da baia de Pomene, quer pela sua beleza paisagística quer pelos seus
recursos pesqueiros, constituíram motivos bastantes que atraíram os proponentes da
construção do primeiro complexo turístico em Pomene. Concluída a construção e talvez para
se manter uma zona tampão a volta do empreendimento, os proprietários avançaram com uma
solicitação da criação duma Reserva. Depois, das avaliações feitas e mesmo sem uma
justificação plausível foi decretada através do Diploma Legislativo 109/72 de 16 de Novembro a
criação da Reserva com estatuto de Reserva Parcial de Caça de Pomene.
4
que levaram a não inclusão de importantes componentes biofísicos integrantes do ecossistema
de Pomene (o estuário, a totalidade da dunas frontais, os recifes de corais) mesmo depois das
avaliações feitas por duas brigadas dos então-Serviços Provinciais da Veterinárias. De igual
mono, os actuais limites excluem a pista de aterragem e área circundante bem com a totalidade
das planícies de inundação na zona Sul da Reserva.
Neste contexto, mesmo com o reduzido tamanho da Reserva (50km 2), será importante rever-se
os actuais limites da Reserva de forma a incluir-se as componentes acima referidas.
A actual designação da Reserva de Pomene como Reserva Nacional não tem qualquer
enquadramento legal pelo facto de nenhum dos dispositivos legais posterior ao diploma
legislativo que a estabelece fazer referencia a permutação das designações, da categoria
originalmente decretado com as categorias definidas na actual legislação sobre a matéria, diga-
se a Lei 10/99 – Lei de Florestas e Fauna Bravia e a Lei 16/2014 de 20 de Junho – Lei das
Áreas de Conservação).
Estas duas leis complementares nos aspectos não conflituosos, limitam se a estabelecer novas
categorias sem que no entanto fazerem menção expressa da permutação das designações
anteriores de forma a enquadra-las nas novas categoria. As instituições e o público no geral,
procedem uma permuta automática da designação anterior para a nova. Legalmente este
procedimento não é correcto por não haver dispositivo legal que expressamente altera a
designação.
Neste contexto, a Reserva Parcial de Caça de Pomene mante-se legalmente como tal e esta
interpretação da lei é extensiva a outras categorias de áreas de protegidas em Moçambique
onde ainda não houve vontade ou orientação expressa de permuta de designação. Segundo o
Diploma Legislativo 2496 de 04 de Junho de 1964 – Preceitos gerais sobre a Faina Selvagem-
designa-se por Reserva Parcial as áreas onde a caça é proibida salvo para fins científicos ou
outros mediante uma licença especial emitida pela autoridade competente (Artigo 8 (3))
(Farinha,1977)1.
5
Justifica-se o enquadramento da Reserva de Pomene nesta categoria atendendo a interação
da componente humana com o sistema natural local incluindo a dependências das
comunidades locais com os recursos existentes no interior da Reserva. Por outro lado, as suas
qualidades estéticas, ecológicas e culturais especiais e excepcionais no sistema nacional de
áreas de conservação, constituem requisitos bastantes para o enquadramento.
2
Dudley, N. (editor) (2008). Guidelines for Applying Protected Area Management Categories. Gland, Switzerland: IUCN x+86pp
6
PLANO DE MANEIO DA RESERVA NACIONAL DE POMENE
Volume I
Plano de Maneio
VERSÃO 1
SECÇÃO 2: CONTEXTUALIZAÇÃO
7
2 CONTEXTUALIZAÇÃO
Para além dos resultados apresentados na analise SWOT (Secção 3), as vantagens
comparativas da Reserva de Pomene incluem:
8
Potencialidades naturais e estéticas: A Reserva de Pomene é a única AC que combina
no mesmo espeço porta foi desde da muito conhecida como uma região de pesca
ímpar na província.
Este facto aliado a presença de recifes de corais e uma área estuarina
As ameaças e desafios que a RNP enfrenta são aqui apresentados em forma da analise SWOT
e uma breve descrição das principais ameaças que condicionam o pleno desenvolvimento da
Reserva.
Assim a análise SWOT revelou o seguinte cenário geral onde as fraquezas ainda são enormes
e as forcas, oportunidades e ameaças são relativamente equiparados e mantendo-se bastante
baixos (Figura 1), o que significa que a administração da Reserva e as partes interessadas
deveram trabalha interactivamente para superar estas fraquezas.
Análise FOFA
Forças
50
Amecas 0 Fraquezas
Oportunidades
9
acessibilidade e o tamanho de Reserva que favorecem uma gestão e desenvolvimento da área.
Factor de menor relevância nos factores de forca é o estatuto legal da reserva que permanece
inalterável com Reserva Parcial de Caça e a sua administração que poderia ser mais
interventiva nos aspectos de gestão da área incluindo o fortalecimento das relações com os
investidores e as comunidades locais.
Contrariando às forças, os elementos que constituem fraquezas são variados e na sua maioria
com grande peso (Figura 3). O fraco relacionamento entre gestão da Reserva com as
comunidades residentes e os operadores turísticos, a não inclusão de importantes
ecossistemas dentro dos seus limites, a falta de infraestruturas de gestão, são entre as
fraquezas com maior peso. As fraquezas são elementos o aspectos que podem ser melhorados
que pela gestão da Reserva quer por ajustamentos do quadro legal administrativos pela
instituição de tutela.
10
Figura 3: Comportamento dos factores de fraqueza na Reserva de Pomene
As oportunidades que se oferecem são factores ou situações que estão fora do controle da
gestão da Reserva mas que podem ser utilizados como alavancas impulsionadores do
desenvolvimento do seu desenvolvimento (Figura 4).
11
Figura 4: Comportamento das oportunidades que se oferecem à Reserva
O desconhecimento dos limites reais da Reserva por parte dos gestores da Reserva, a
atribuição e a ocupação desregrada de terra no interior e periferia da Reserva e a presença de
grandes aglomerados populacionais são as ameaças com maior peso (Figura 5)
12
Figura 5: Factores ameaçadores do desenvolvimento da Reserva
As principais ameaças que a Reserva enfrenta tem a ver com factores antropogénicos e
relacionados com a utilização desregradas dos recursos da Reserva conforme se descreve:
2.3.1 Clima
O clima na região da RNP é tropical seco e húmido com precipitação média anual entre os 650
e 750 mm e temperatura média anual de 22,9 oC (Macandza et al., 2015). Esta região
apresenta duas estações distintas (MICOA, 2013):
13
Estação quente e chuvosa – De Novembro a Abril. Neste período ocorre cerca de
74% da precipitação anual e Janeiro é o mês mais quente do ano (cerca de 28,6 oC de
média).
Estação fresca e seca – De Maio a Outubro. Médias mensais de precipitação entre
30 mm (Agosto) e 56 mm (Junho) e Julho é o mês mais frio do ano (cerca de 19,0 oC de
média).
Os ventos predominantes são de Sudeste e de Sul durante a primeira metade do ano e de
Norte e de Nordeste na segunda metade do ano, intercalado por um período com ventos de
Sudoeste. A média anual da velocidade dos ventos nesta região é de cerca de 6,4 m/s
(MICOA, 2013).
A maior parte da RNP é composta por solos arenosos dunares que são pouco adequados para
a agricultura porque têm baixo teor de matéria orgânica e baixa capacidade de retenção de
água. Ao longo da baixa do Rio Muducha (até à Baía de Pomene) os solos são arenosos
hidromórficos e ao longo das dunas o solo é típico de dunas costeiras amareladas, o primeiro é
mais adequado para pastagens e o segundo é mais apto para florestas (INIA, 1995).
Dois pequenos rios ocorrem junto à RNP, o Rio Muducha, que constitui o limite Oeste da
reserva e o Rio das Pedras situado próximo ao limite Sudeste. O Rio Muducha desagua na
baía de Pomene que constitui um estuário de grande importância em termos de biodiversidade
e que possui extensas manchas de mangal. O Rio das Pedras percorre os seus últimos cerca
de 4 km paralelo à costa, por detrás da duna primária, e depois desagua no oceano Indico junto
ao limite Sudeste da RNP.
De acordo com o mapeamento da vegetação da Flora Zambeziaca (Wild & Barbosa, 1967) a
RNP é abrangida principalmente por brenhas costeiras e florestas de dunas recentes (unidade
14b). No entanto, fazendo o mapeamento a uma escala menor (escala de 1:100000),
Macandza et al. (2015), no recente estudo das condições ecológicas e socioeconómicas da
RNP, identificaram seis tipos principais de vegetação. As características destes tipos de
vegetação são apresentados abaixo e a sua distribuição actual (baseada na interpretação de
14
imagens do satélite Landsat 8 de Agosto de 2013) está representada nas figuras inseridas no
Estudo Ecológico (ver Volume II do Plano de Maneio da Reserva Nacional de Pomene).
Miombo (denso e aberto): Este é o tipo de vegetação predominante na RNP com uma
extensão actual de cerca de 1.937 hectares (cerca de 38% da reserva). O miombo não
é muito alto (arbustos e árvores com altura máxima de 8 m) e com diâmetro máximo à
altura do peito de 20 cm. Ocorrem extensas áreas em regeneração (floresta
secundária) em áreas que foram desbravadas para agricultura de subsistência. A
espécie dominante é Julbernardia globiflora, seguida por Brachystegia spiciformis e
Afzelia quanzensis. O miombo denso (cerca de 50% de cobertura de copa) possui uma
camada graminal pouco desenvolvida (biomassa média de 756 kg/ha) e o miombo
aberto (cerca de 20% de cobertura), com árvores mais dispersas, possui uma camada
graminal mais abundante (2550 kg/ha). O graminal cobre cerca de 30% do solo e é
dominado por Heteropogon contortus e Digitaria eriantha. Em locais próximo a fontes
de água (lagoas sazonais) a gramínea dominante é Imperata cilindrica.
Pradaria arbustiva: É o segundo tipo de vegetação predominante com uma extensão
actual de cerca de 1.493 ha (29,5% da RNP). As espécies arbustivas dominantes são
Salacia cf craussi, Hyphaene cariacea e Garcinia livingstonei. Este tipo de vegetação
tem uma cobertura graminal de cerca de 40% e a média de biomassa é de 3.100 Kg/ha
que é dominada pelas espécies descritas para o miombo. Nesta, não existem fontes de
água.
Vegetação das dunas: Tem uma extensão de cerca de 856 ha (17% da RNP)
praticamente natural, salvo em áreas pequenas onde se encontra o farol, casas de
férias e acampamentos de pescadores. Este tipo de vegetação pode ser subdividido
em três componentes distribuídas da seguinte forma da linha da costa para o interior
(direcção Este-Oeste):
o Vegetação pioneira: Na praia, dominada por espécies como Ipomoea pes-
caprae, Cyperos crassipes e Canavalia rósea;
o Brenha costeira: Na duna frontal, é muito densa e a vegetação arbórea e
arbustiva é dominada pelas seguintes espécies: Diospyros spp. e Mimusops
caffra. Ocorre Encepharlartos ferox, uma espécie endémica e Quase-ameaçada
do centro de endemismo de Maputaland; e,
o Floresta de miombo: Cobre a duna posterior (na transição para a pradaria
arbustiva), é dominada por Brachystegia spiciformis e Afzelia quanzensis.
Neste tipo de vegetação o estrato herbáceo é praticamente inexistente (ocorre
apenas nas clareiras), ocorrem espécies exóticas como as casuarinas e não
existem fontes de água.
Vegetação herbácea ribeirinhas: Ocorre ao longo dos cursos de água (Rio Muducha
e lagoas) e é composta por gramíneas altas dominadas por caniço (Phragmites
mauritianus) e Coix lacryma, seguido por várias espécies do género Cyperus. Para
além destas espécies da família Poaceae também ocorre a espécie Oldenlandia
corymbosa pertencete à família Rubiaceae.
Pradaria temporariamente inundada: Localiza-se nas margens dos cursos de água.
Para além do caniço e Cyperus spp., são encontradas várias espécies de gramíneas
tais como Dichantium sp. e Imperata cilindrica, com uma biomassa de cerca de
15
7.900 kg/ha. Nas margens do rio ocorrem árvores de grande porte (cerca de 20 m)
principalmente Syzigium guinense e Ficus sp.. O graminal mantêm-se verde durante
maior parte do ano e existe água permanente para o abeberamento dos animais.
Mangal: ocorre em cerca de 157 ha (3% da RNP) ao longo do rio Muducha e na Baía
de Pomene. No entanto fora dos limites da Reserva é onde ocorre uma grande
extensão deste habitat. Aqui ocorrem seis espécies de mangal, e as árvores têm 4-8 m
de altura e diâmetro de cerca de 10 cm. A espécie dominante é Rhizoplora mucronata
seguida por Avicennia marina, Ceriops tagal, Bruguiera gymnorroriza e Soneratia alba.
O mangal está em boas condições, mesmo depois de ter sido seriamente afectado em
2000 pelo ciclone Elline, em 2004 já era notável a boa taxa de recuperação (Balidy et
al., 2005).
2.3.5 Fauna
Mamíferos terrestres
Durante o trabalho de campo confirmou-se a presença de seis espécies: esquilo das árvores,
macaco-cão, macaco-simango, macaco-de-cara-preta, cabrito cinzento e porco-bravo. E da
entrevista com o proprietário do Pomene view lodge (Sr. Clint Krause), o qual tem profundo
conhecimento da área (está estabelecido na área há mais de 15 anos), confirmou-se a
ocorrência, para além das seis espécies observadas, de pelo menos mais oito espécies (jagra,
geneta, manguço-listrado, manguço esguio, changane, manguço-de-água, lebres e ratos), das
quais o manguço-de-água é uma adição à lista de Macandza et al. (2015).
16
Na Reserva não ocorrem espécies de mamíferos de preocupação internacional para a
conservação (lista vermelha da IUCN, CITES). No entanto, ocorrem oito espécies protegidas
por Lei em Moçambique (Decreto 12/2002 de 06 de Junho): macaco-simango, macaco-de-cara-
preta, jagra, manguço listrado, manguço esguio, manguço de água, geneta e maritacaca. As
espécies mais amplamente distribuídas pela Reserva são o cabrito cinzento, lebre-de-nuca-
dourada, porco-bravo, macaco-cão e macaco-de-cara-preta (Macandza et al., 2015). De acordo
com o Sr. Clint Krause as espécies mais abundantes são: jagra, esquilo das árvores e os
manguços esguio e da água.
Aves
A Reserva é rica em avifauna, devido à interligação de uma grande diversidade de habitats que
estão concentrados nesta área da RNP e arredores, tais como lagoas costeiras, pântanos, rios,
estuários, praias e habitats costeiros e marinhos. Esta região é, inclusive, considerada uma das
15 IBAs (Important Bird Areas) de Moçambique, a IBA MZ 005 (Parker, 2001). Esta área é
importante pela ocorrência de aves das florestas costeiras, que têm decrescido nesta região, e
a Baía de Pomene é um habitat de inverno para grandes quantidades de aves costeiras
migratórias. Adicionalmente, esta área cumpre com três critérios importantes (Parker, 2001)
que definem a identificação das IBAs (A1, A2 e A3), devido à ocorrência de duas espécies
ameaçadas globalmente (Morus capensis e Anthreptes reichenowi), de três espécies (das
quatro que ocorrem em Moçambique) restritas ao bioma da costa Sudeste de África (Apalis
ruddi, Serinus citrinipectus e Hypargos margaritatus) e de 11 espécies (das 25 que ocorrem em
Moçambique) restritas ao bioma da costa Este de África (Halcyon senegaloides, Telophorus
quadricolor, Prionops scopifrons, Apalis ruddi, Batis fratrum, Batis soror, Anthreptes reichenowi,
Nectarinia veroxii, Serinus citrinipectus, Hypargos margaritatus e Lamprotornis corruscus).
Ocorrem também duas espécies que são restritas ao bioma zambeziano (Cossypha humeralis
e Nectarinia talatala).
Recentemente, Macandza et al. (2015) registaram a ocorrência de 115 espécies de aves (ver
anexos do Volume II do Plano de Maneio da Reserva de Pomene). Durante o trabalho de
campo observaram-se nos arredores da RNP algumas aves costeiras e marinhas como
flamingos, corvos-marinhos e patos na baía e fregata-grande e maçarico-galego na costa Este.
De acordo com o Sr. Clint Krause (proprietário do Pomene View Lodge) o touraco-de-crista-
violeta (Tauraco porphyreolophus) é comum nesta região e a águia-pesqueira-africana
(Haliaeetus vocifer) visita a área na altura de reprodução (mas não é comum), esta última não
foi registada por Macandza et al. (2015). O mesmo mencionou que espécies migratórias como
flamingos, gaivinas e tarambola-carangueijeira são abundantes nos arredores da Reserva.
Das espécies registadas na RNP (e arredores) referidas acima, duas merecem especial
atenção (Morus capensis e Anthreptes reichenowi) por estarem ameaçadas globalmente.
Outros aspectos a realçar, é a ocorrência de duas espécies (Haliaeetus vocifer e Tauraco
porphyreolophus) que estão listadas no apêndice II da CITES (o comércio deve ser controlado)
e oito espécies (Ardea purpurea, Ardeola rufiventris, Batis fratrum, Batis soror, Ciconia ciconia,
Dromas ardeola, Haliaeetus vocifer e Numenius phaeopus) que estão listadas no apêndice II da
CMS (espécies migratórias que requerem colaboração ao nível internacional com medidas de
conservação da espécie e seu habitat). Em termos de estatuto de protecção em Moçambique,
25 espécies são protegidas por lei (Decreto 12/2002 de 06 de Junho) entre as quais incluem-se
17
o flamingo-comum (Phoenicopterus ruber), bico-aberto (Anastomus lamelligerus), cegonha-
episcopal (Ciconia episcopus) e o jabiru (Ephippiorhynchus senegalensis).
A Reserva Nacional de Pomene situa-se nas proximidades de outras duas IBAs (MZ004 –
Arquipélago do Bazaruto e MZ003 Florestas de Brachystegia de Panda) e de outras áreas com
grande diversidade de avifauna como o Cabo de São Sebastião onde ocorrem pelo menos 285
espécies de aves (Read et al., 2014), o que sugere que a diversidade da avifauna na RNP
pode ser muito superior à documentada por Macandza et al. (2015) especialmente se
considerarmos a área do estuário/baía e a zona costeira e marinha junto à Reserva.
Não há registo das espécies de répteis e anfíbios e nem de Invertebrados (ex. insectos) que
ocorrem na RNP. Durante o trabalho de campo não foi possível fazer-se o levantamento destas
espécies, contudo da observação efectuada e das conversas mantidas com membros das
comunidades residentes no interior da Reserva, acredita-se que ocorram uma grande
variedade e abundância de espécies pertencentes a estes grupos da fauna terrestre. Estes
grupos deverão ser abrangidos por estudos no futuro, pois são componentes com grande
relevância ecológica e, portanto, bons indicadores da sanidade ambiental.
O proprietário do Pomene View Lodge mencionou a ocorrência de três espécies de répteis que
são a jibóia (Python sebae natalensis), a mamba-negra (Dendroaspis polylepis) e o varano do
Nilo (Varanus niloticus niloticus). As comunidades residentes referiram que usam um tipo de
lagartixa para uso medicinal, pensa-se que seja uma espécie pertencente ao género
Trachylepis. Broadley (2002) numa revisão do género Psammophis refere a ocorrência da
Cobra-da-barriga-listrada (Psammophis orientalis) na região de Pomene.
Quanto aos insectos, há registos de algumas espécies que foram alvo de estudos específicos.
Uma espécie de Maria café nova para a ciência (Zinophora lobata), em que o único registo
existente é de Pomene, foi descrita por (Redman et al, 2015). Para além desta encontrou-se a
referência de ocorrência de duas espécies de Coleopteras, uma pertence a um novo género
(Monoleptoides trivialis; Wagner, 2011) e a outra é Sivacrypticus tanganyikanus (Lillig, 2004).
A jibóia e o varano do Nilo estão listadas no apêndice II da CITES (o comércio deve ser
controlado) e a jibóia é também protegida por lei em Moçambique (Decreto 12/2002 de 06 de
Junho).
Fauna Marinha
A RNP não abrange nem a parte marinha (a Este) nem o estuário (a Norte), no entanto por
estes ecossistemas fazerem parte da envolvente ecológica da Reserva e pela sua sensibilidade
e importância de espécies para a conservação, de seguida apresenta-se uma breve descrição
da fauna marinha com particular relevância para a conservação.
18
Tartarugas marinhas ocorrem nas águas costeiras de Pomene (em áreas de recifes e de ervas
marinhas) e as praias junto à Reserva são lugares de nidificação. Não se conhecem ao certo
as espécies que ali ocorrem e nidificam. Mas há grande probabilidade de as praias serem
locais de nidificação de tartaruga cabeçuda (Caretta caretta) e de tartaruga coriácea
(Dermochelys coriácea) que são as espécies que nidificam no Sul do país (Costa et al., 2007;
Videira et al., 2008). Para além destas, podem ocorrer outras duas espécies comuns na nossa
costa, a tartaruga verde (Chelonia mydas) e a tartaruga de bico de falcão (Eretmochelys
imbricata), e pela proximidade ao Cabo de São Sebastião e Arquipélago de Bazaruto (onde
estas nidificam; Costa et al., 2007; Videira et al., 2008; Kyle & van Wyk, 2014) estas poderão
também nidificar em Pomene. Estas quatro espécies estão ameaçadas globalmente, são
protegidas em Moçambique (Decreto 12/2002 de 06 de Junho) e constam do apêndice I da
CITES e do apêndice I da CMS, portanto são de grande importância para conservação.
Algumas espécies de peixes com especial importância para a conservação ocorrem nesta
região. A jamanta-gigante (Manta birostris), a manta dos recifes (Manta alfredi) e o tubarão
baleia (podem ocorrer nesta costa, pois já foram reportados em vários locais da costa de
Inhambane (Marshall et al., 2009; Rohner et al., 2013; Rohner et al., 2014). Pomene é inclusive
referido como o limite Norte de um dos “hotspot” mundiais de tubarões-baleia de Moçambique
(Rohner et al., 2014). Estas três espécies são consideradas ameaçadas globalmente portanto,
são de grande importância para a conservação. Importa realçar que foi recentemente
descoberta uma espécie nova de peixe (Bleekeria estuaria) que foi encontrada no estuário de
Pomene (Randall, 2014), realçando a importância deste estuário.
Entrevistas com os residentes e gestores dos Lodges locais indicaram que é frequente
observarem golfinhos e tartarugas na costa de Pomene. O dugongo é raro e já não há registos
há cerca de 7 anos, os golfinhos (ex. comum, roaz-corvineiro e fiadeiro) e a baleia corcunda
são comuns no mar e o golfinho corcunda é comummente observado no estuário. Também
informaram que existem recifes de coral ao longo da costa, alguns dos quais encontram-se em
muito boas condições. Com base nas coordenadas fornecidas pelo proprietário do Pomene
View Lodge efectuou-se o mapeamento de alguns destes recifes (ver Volume II do Plano de
Maneio da RNP).
19
Estuário/Baía de Pomene: As características e importância ecológica da baía de Pomene foram
até ao momento alvo de poucos estudos. No entanto, acredita-se que esta seja uma área de
elevada importância ecológica servindo de área de reprodução e viveiro para várias espécies
marinhas e costeiras, local de alimentação e refúgio para espécies de importância global (ex.
dugongo, golfinho-corcunda e tartarugas marinhas) e área de grande importância para avifauna
(ocorrência de grandes quantidades de aves migratórias costeiras no Verão; Parker, 2001).
Esta área é revestida por extensas áreas de mangal, que no geral encontra-se em muito boas
condições. Adicionalmente, é uma área de elevada importância socioeconómica pois
providencia vários serviços ecossistémicos à população desta região (ex. recursos pesqueiros
importantes como peixe e crustáceos e material de construção). Esta área tem também o
potencial para ocorrerem espécies ainda não conhecidas pela ciência, como prova disso é a
recente descoberta de uma espécie nova de peixe (Bleekeria estuaria) que foi encontrada
neste estuário (Randall, 2014).
Mangal: A RNP abrange apenas uma pequena porção do mangal que reveste as margens do
Rio Muducha e da Baía de Pomene. Este é um habitat crítico, de grande importância ecológica
e socioeconómica e as espécies de mangal gozam de protecção legal em Moçambique
(Decreto 45/2006 de 30 de Novembro), inclusive está prevista a punição com pena de prisão
para quem abata estas espécies protegidas no Código Penal recentemente aprovado (Lei no.
35/2014 de 31 de Dezembro).
Vegetação das dunas costeiras: Apresentam uma grande diversidade de espécies vegetais
(122 espécies), é rica em espécies endémicas de flora (ex. Encephalartos ferox), área
maioritariamente natural e pouco perturbada e apresenta grande abundância e diversidade
faunística. Adicionalmente, é de grande importância na estabilização das dunas e controlo da
erosão. Deve prestar-se especial atenção à floresta de galeria. Pelas mesmas características
enumeradas acima. Mas desta forma pode englobar-se todo o sistema de vegetação da duna,
pois parte deste está fora da Reserva.
Praias: As praias adjacentes (a Norte e Este) da RNP constituem áreas de nidificação e habitat
de espécies de importância global como tartarugas marinhas e aves migratórias costeiras.
Recifes de coral: Os recifes de Pomene apesar de serem usados para fins turísticos (mergulho)
há já alguns anos são muito pouco estudados. Os operadores turísticos da área afirmam que
estes encontram-se em bom estado de conservação e constituem uma das atracções turísticas
da região. Os recifes de coral são de elevada importância ecológica e gozam de protecção
legal em Moçambique (decreto 45/2006 de 30 de Novembro). Estas áreas apresentam
normalmente grande diversidade faunística e são local de alimentação e refúgio para espécies
de importância global (como tartarugas marinhas e mantas). Nestes recifes há potencial para
ocorrerem espécies ainda não conhecidas pela ciência, como prova disso é a recente
20
descoberta de uma espécie nova de crustáceo (Anysomysis neptuni) que é encontrada em
recifes de Pomene (Connell, 2009).
Nos arredores da Reserva, no estuário e habitat costeiro e marinho, ocorrem várias espécies
de importância global já referidas no estudo, tais como tartarugas marinhas (potencialmente
quatro espécies das cinco que ocorrem na região Oriental do Oceano Indico), Dugongo,
golfinho-corcunda, tubarão baleia (a região de Pomene é parte de um dos “hotspots” do
mundo), mantas (possivelmente as duas espécies) e diversas espécies de aves migratórias
costeiras e marinhas (com especial importância para o alcatraz do cabo). Esta área de
conservação deve contribuir para a conservação destas espécies.
Segundo informações colhidas no grupo focal realizado com os líderes dos Povoados da
Localidade de Malamba, a denominação de Pomene está ligada ao antigo líder da área que se
chamava Pomene. A comunidade foi se formando quando a família Mangaze vem de
Morrumbene e se fixa na área, à qual juntam-se outras famílias consideradas fundadoras da
área de Pomene, nomeadamente Khea e Nhassengo3. Para além deste breve historial
referente à origem do nome e da comunidade residente na área, não foi possível obter mais
informações referentes à história do local.
Segundo Macandza et al. (2015), até Novembro de 2014, cerca de 400 AFs residiam dentro da
área da Reserva. Dados da Administração da Reserva indicam um total de 535 AFs, no entanto
o levantamento de campo, embora sem dados concretos constatou um potencial decréscimo
no número de residentes actuais dentro da área, visto terem sido detectadas um conjunto de
áreas na região Sul da Reserva actualmente abandonadas. A maior parte dos restantes
residentes estão concentrados na região Norte da Reserva (ver informação detalhada no
Volume II do Plano de Maneio da RNP), sendo a região Sul mais usada para desempenho das
actividades económicas das populações residentes e ao redor. Não existem dados específicos
para a população residente na área de Pomene em relação a divisão etária e por género. O
entorno da RNP é ocupado por povoações que se encontram no limite da Reserva. Não foi
possível obter junto das autoridades distritais e locais dados referentes ao perfil demográfico
destas povoações.
3
Informação complementada com dados da entrevista feita ao Curandeiro de Pomene.
21
Relativamente ao grupo etnolinguístico, no Distrito de Massinga e entre a população residente
nos arredores e no interior da RNP, o grupo dominante é o Xitswa cuja língua é falada por toda
a população, incluindo os considerados “vientes” (Impacto, 2013 & GF Misto – Povoado de
Pomene).
Segundo Macandza et al. (2015), até 1995 existiam apenas 3 famílias a residir dentro da RNP,
sendo nesse ano que iniciou a imigração para dentro e nas áreas periféricas da Reserva. Este
movimento foi impulsionado principalmente pela disponibilidade de recursos naturais e
existência de extensas áreas desocupadas. Até Novembro de 2014, dados de Macandza et al.
(2015) reportam 400 AFs residentes na área da Reserva e dados da Administração da Reserva
reportam cerca de 535 AFs. No entanto, até Novembro de 2015, altura em que foi realizado o
levantamento de campo na área da RNP e arredores referente ao presente estudo, foi possível
constatar que áreas previamente ocupadas encontram-se neste momento abandonadas. Esta
aparente emigração das famílias para outras áreas poderá estar ligada à rigidez nas regras
dentro da área da Reserva motivando muitos AFs a saírem da área e a instalarem-se nas áreas
periféricas (GF de Homens, Localidade de Guma). Outra razão reportada pelos líderes durante
o grupo focal realizado na Localidade de Malamba está ligada ao facto de muitos homens
migrarem para as várias cidades do País (principalmente Maputo) e para a África do Sul à
procura de oportunidades de emprego.
Este tipo de fixação cria determinados conflitos com as populações locais residentes dentro da
RNP para além de aumentar a pressão sobre os recursos. O conflito ligado à pesca surge pelo
22
facto de maior parte dos pescadores locais não terem barcos para transporte para a zona de
pesca, diferenciando-os dos pescadores imigrantes que conseguem alcançar melhores áreas
de pesca. Isto faz com que pouco pescado sobre para os pescadores residentes da RNP,
complementando com o facto de que nesta altura também é frequente a vinda de pessoas
somente para compra de pescado para posterior revenda em outros pontos do País (GF
Homens, Mulheres, Misto e Líderes).
A agricultura praticada dentro da área de Pomene não difere da tendência nacional para a
maioria das áreas rurais, sendo esta rudimentar e orientada para a subsistência do agregado
familiar. Esta actividade, dentro da área da Reserva é praticada não só pelos residentes no seu
interior mas também pelos AFs residentes nos povoados dos arredores, uma vez que a
escassez de terras fora da Reserva impulsiona a invasão das terras do seu interior. Segundo
Macandza et al. (2015) trata-se de uma agricultura itinerante, de sequeiro, onde é adoptado um
sistema de consociação de culturas maioritariamente baseado em culturas de resistência, o
que corrobora com os dados recolhidos durante a entrevista com o Director do SDAE.
23
A pesca é a segunda actividade mais praticada, depois da agricultura. É praticada nas águas
das bacias dentro da Reserva, ao longo do Rio Muducha, no estuário e ao longo da zona
costeira da Península da Reserva. As artes de pesca mais usadas são a rede de emalhe,
armadilhas e a linha, sendo o transporte usado por alguns pescadores para a área de pescao
barco. Esta atividade é praticada não só pelos residentes da Reserva mas também pelos
residentes nos arredores e por habitantes de outros pontos do País que vêm em alturas
específicas para a prática desta actividade.
Várias são as espécies encontradas nas águas de Pomene, sendo o Xaréu encontrado apenas
no mês de Abril e a Corvina durante o primeiro semestre do ano. Encontros dos grupos focais
identificaram outras espécies também comuns na região como peixe pedra, carapau, peixe-
serra, garoupa, entre outros. Todas estas espécies têm como destino o consumo familiar e a
venda. Contudo, imigrantes temporários que se instalam na área para a pesca têm como
principal objectivo a venda do produto pesqueiro para abastecer mercados de outros pontos do
País.
Para além dos acampamentos pesqueiros temporários, existem alguns centros de pesca fixos
na região mas que se encontram fora dos actuais limites da RNP. Na entrevista realizada ao
Director do SDAE, pelo menos dois centros dentro da área da Reserva foram identificados,
nomeadamente o Centro de Pesca de Malamba e o de Pomene. Estes são os locais mais
usados pelas comunidades residentes no interior e arredores da Reserva para processamento
do pescado. É possível que haja outros centros de pesca dentro da área da RNP, contudo não
foi possível mapeá-los.
Locais sagrados
No grupo focal feito aos líderes dos Povoados da Localidade de Malamba, os líderes
tradicionais mencionaram a existência de 3 locais sagrados dentro da Reserva que
representam as famílias consideradas fundadoras do aglomerado existente dentro da área e
onde são realizadas cerimónias religiosas e sagradas orientadas pela família representante de
cada local. São eles:
24
Nhassengo, situado entra a Duna de Marrune e a Barra Falsa;
Kheha, localizada próximo à Barra Falsa;
Mangaze, localizada na Duna de Macuangua.
Da entrevista com o Curandeiro de Pomene foi possível identificar alguns locais sagrados como
a clareira no meio da floresta situada na Duna de Checuedene e alguns pontos da praia entre
as Dunas de Checuedene e de Nhachamba, usados pelos praticantes da religião Zione para
rituais religiosos. Anualmente, existe uma cerimónia religiosa que é realizada na clareira da
floresta.
Importa salientar que não foi possível efectuar o mapeamento georreferenciado destes locais
sagrados devido a indisponibilidades dos líderes tradicionais e à dificuldade de acesso de
alguns dos locais. No entanto, foram marcados durante o mapeamento participativo com os
grupos focais realizados.
Locais Históricos
Fora do limite da Reserva, no extremo Norte e na Ponta da Barra Falsa, encontra-se o Antigo
Hotel, que hoje é indicado pelos locais como local histórico e turístico. A descrição sobre esta
infra-estrutura será apresentada no relatório do Estudo Especialista de Turismo e
Desenvolvimento.
Através dos grupos focais foi também possível identificar, perto do Antigo Hotel, um local que já
possuiu um valor sagrado e histórico denominado de Gruta. Contam os locais que esta gruta
possuía uma porta que antigamente encontrava-se sempre fechada e reza a história que
haviam corredores depois da porta e que havia muito dinheiro dentro da gruta. Durante a noite,
quem lá fosse sem alguém que sabia da tradição não voltava a sair. Líderes tradicionais dizem
que actualmente a gruta encontra-se disponível para quem queira visitar, tendo o valor sagrado
do local diminuído ao longo do tempo, sendo apenas usado para fins turísticos.
Dos grupos focais realizados com Líderes dos Povoados das Localidades de Guma e Malamba
e da entrevista realizada com o Curandeiro de Pomene, foi possível identificar algumas
cerimónias que até hoje são praticadas pelas comunidades residentes no interior e arredores
da RNP, nomeadamente:
Cerimónia de Pedido de Chuva, que é realizada num local denominado Kolowene.
Estas cerimónias são lideradas pelo líder local que se faz acompanhar de madodas que
são as pessoas escolhidas de cada zona e que conhecem as cerimónias.
Cerimónias Palhar, que corresponde a uma espécie de baptismo de bens destinado a
dar sorte à família que adquiriu esse bem.
Cerimónia de recepção de visitas para a qual chamam os ngomas4.
4
Ngomas são os batuqueiros que participam das cerimónias tradicionais.
25
Cerimónias de pedido de cura em caso de ferimentos por ataque de animais ou picadas
de cobra cujos membros da família Mangaze são responsáveis pela sua realização.
Todas as cerimónias são feitas em locais específicos que acredita-se que tenham sido
determinados pelos antepassados. Para algumas cerimónias o uso de sangue animal é
requerido (por exemplo, cabrito).
26
produção
Jiboia Uso
medicinal
Lagarto Uso
medicinal
Folha de Produção
palmeira
Fonte: Grupos focais nas Localidades de Guma e Malamba e Entrevista com o Curandeiro de Pomene
O mar é o local de extracção de um dos mais importantes recursos (peixe e mariscos) que é
usado pelas comunidades locais como integrante da dieta alimentar familiar, como fonte de
rendimento familiar e como moeda de troca de produtos (GF homens, mulheres, misto).Outros
recursos não menos importantes são os provenientes da exploração dos recursos florestais,
utilizados principalmente para aproveitamento de materiais de construção e medicina
tradicional. Destes recursos florestais, as estacas (cortadas do mangal) e o caniço (colhido das
florestas ribeirinhas) são, segundo informações dos grupos focais, as mais usadas pelas
pessoas na Reserva. A lenha cortada nas áreas de miombo é maioritariamente usada para
confecção de alimentos.
É importante salientar que estes recursos são usados não só pelos AFs residentes na área da
Reserva, mas também por habitantes de outras áreas a redor da RNP e até outros distritos e
países. A extração de recursos tais como o caniço e os produtos do mar impulsionam a fixação
temporária de AFs provenientes de fora da Reserva em épocas específicas do ano. A pesca é
a que apresenta maior impacto na pressão dos recursos devido à quantidade simultânea de
imigrantes em períodos desta atividade. Homens participantes no grupo focal da Localidade de
Guma reportam também a entrada de pessoas do Povoado de Tevele durante os meses de
Abril a Agosto para o corte de caniço.
27
PLANO DE MANEIO DA RESERVA NACIONAL DE POMENE
Volume I
Plano de Maneio
VERSÃO 1
SECÇÃO 3: VISÃO
28
3 VISÃO
Em 2026 a Área de Proteção Ambiental de Pomene (APAP) é um grande destino turístico, com
sua biodiversidade bem cuidada como um exemplo de conservação e desenvolvimento como
base em soluções providenciadas pela natureza e propiciando posto de trabalho aos
residentes. A administração da área e composta de uma equipa de funcionários competente,
moderna, orientada para servir o cliente/visitante e preservação do valor da biodiversidade.
Colabora e encoraja a educação e sensibilização das comunidades residentes no interior e na
periferia da APAP sobre a sua herança natural e necessidade perpetuar a sua existência em
benefício dos seus filhos e neto.
Versão curta
“ Área modelo de gestão participativa e integrada da biodiversidade terrestre e marinha
constituindo um polo de desenvolvimento socioeconómico baseado na natureza na Província
de Inhambane.”
29
PLANO DE MANEIO DA RESERVA NACIONAL DE POMENE
Volume I
Plano de Maneio
VERSÃO 1
SECÇÃO 4: ZONEAMENTO
30
4 ZONEAMENTO
O zoneamento é uma ferramenta de gestão baseada na separação geográfica dos vários usos
de terra de forma a alcançar os objectivos combinados de protecção e de desenvolvimento da
área de conservação. É parte da estratégia de gestão para se alcançar a missão e visão de
futuro e constitui uma ferramenta que consolida a análise espacial integrada da Reserva,
estabelecendo os limites de uso e desenvolvimento, as prioridades de conservação e gestão
permitindo direccionar os programas de gestão da Reserva.
As medidas de gestão estabelecidas para cada zona de gestão irão orientar as acções do
gestor da Reserva e seus colaboradores na manutenção e monitoria da integridade do sistema
de zoneamento.
Neste que constitui o primeiro Plano de Maneio da APAP não será possível estabelecerem-se
as CC ou LMA por ainda não haver a informação necessária para o efeito. Contudo, ao
implementar-se este plano, o gestor da Reserva poderá começar sistematicamente a recolher a
informação necessária.
31
4.2 Categorias do Zoneamento
Neste contexto e em qualquer das duas situações, o zoneamento baseia-se nos seguintes
critérios:
Protecção de recursos/ecossistemas de valor excepcional;
Sensibilidade física e funcional dos ecossistemas;
Necessidade de provimento de variada e apropriada experiência aos visitantes;
Eliminação de actividades que podem danificar ou degradar os recursos da Reserva;
Controle e limitação estrita para garantir um nível, tipo e localização apropriada do
desenvolvimento da APAP.
As primeiras três zonas referem-se à situação em que os actuais limites se mantêm inalteráveis
e a quarta zona, considerando o ajustamento dos actuais limites. As contribuições de cada
zona em relação à superfície da APAP são apresentadas na Tabela 2.
32
Figura 6: Zoneamento da Área de Protecção Ambiental de Pomene de acordo com os seus limites actuais
33
Figura 7: Zoneamento da Área de Protecção Ambiental de Pomene considerando o ajustamento dos seus limites actuais
34
4.2.1 Zona de Protecção Especial
4.2.1.1 Descrição
A mancha de floresta de Miombo denso localiza-se no limite Oeste da Reserva, é composta por
floresta típica da costa oriental de África e dominada pelas espécies Brachystegia tori, e B.
speciformis. Constitui habitat preferido de pequenos ungulados para além de várias espécies
de primatas e avifauna. A sua importância rege-se pela sua grande capacidade de retenção
das águas pluviais que alimenta as áreas baixas adjacentes.
A duna frontal com seus ecossistemas associados (praia e floresta de duna e a floresta de
galeria) constitui o maior reservatório de águas pluviais e são habitats preferidos para a desova
das tartarugas e avifauna marinha e costeira. A Floresta de galeria, apesar da sua reduzida
extensão, constitui a área mais húmida da reserva e refúgio dos primatas, ungulados de
pequeno porte e suídeos.
35
Nesta zona não são permitidas actividades que atentam para a alteração, degradação e
destruição dos ecossistemas, particularmente não são permitidas:
Extracção ou exploração de recursos (corte de estacas e caniço, caça, extracção)
com excepção da pesca e recolha de crustáceos e moluscos pelas comunidades
residentes em área devidamente designadas;
Condução de qualquer tipo de veículos nas dunas exceptuando em locais
devidamente identificados/sinalizados;
Desenvolvimento de infraestruturas permanentes.
São permitidas actividades que têm impacto mínimo na vegetação e devidamente autorizadas:
São permitidas somente actividades de turismo contemplativo;
Extracção de plantas medicinais para consumo local mediante autorização escrita
da administração da reserva;
A pesca artesanal no estuário de Pomene, que só será permitida com autorização
da administração da reserva;
Acampar em locais devidamente sinalizados.
4.2.2.1 Descrição
Pelas suas características e volume de pastagem, esta zona deveria albergar considerável
número de pequenos e médios ungulados graizers.
36
As prescrições para esta zona, que se destina à recuperação da fauna de pequeno e médio
portes, incide sobre a gestão da vegetação particularmente a gestão das queimadas
descontroladas. Assim nesta zona não é permitido o seguinte:
Atear fogo sobre a vegetação, com excepção do fogo iniciado como medida de
gestão dos pastos;
Caçar qualquer espécie de fauna protegida na Reserva;
Exploração de estacas e caniço;
Pastoreio de qualquer espécie de gado doméstico;
Transitar sem autorização da administração da reserva.
4.2.3.1 Descrição
Esta zona possui 835 ha (representando 17% da actual área da Reserva) e localiza-se ao Sul
do estuário de Pomene estendendo-se até à actual aldeia de Pomene nas imediações da ponta
da Barra Falsa. Ela ocupa toda a extensão Norte da Reserva desde as áreas húmidas do Rio
Muducha passando pela savana arbustiva da zona central, floresta de galeria na base da duna
frontal nas imediações da ponta da Barra falsa até à aldeia de Pomene (Figuras 6 e 7).
Esta zona inclui as seguintes áreas: a) áreas de habitação humana, b) área de uso de recursos
para subsistência (pesca, extracção de mangal e caniço para uso próprio).
37
Actividades de uso sustentável de recursos (pesca, extracção de mangal e caniço,
recolha de lenha para fins energéticos) para subsistência;
Extracção sustentável de plantas medicinais;
Construção de infra-estruturas sociais (escola, fontes de água, posto de saúde).
Nesta zona não serão permitidas as seguintes actividades:
Prática de agricultura itinerante;
Queimadas descontroladas;
Caça de qualquer espécie de fauna e avifauna;
Uso de veículos motorizados;
Extracção de recursos (pescado, mangal, caniço) para fins comerciais fora dos
limites da APAP;
Estabelecimento de plantações comerciais de cajueiros e coqueiros;
Condução fora das picadas.
4.2.4.1 Descrição
Esta zona compreende uma faixa estreita ao Sul e Norte da ponta da Barra Falsa
principalmente onde actualmente se localizam a maior parte de infra-estruturas turísticas de
restauração e hospitalidade e casas de férias. Com uma área proposta de 401 ha representa
3% da área correspondente aos limites propostos de extensão da Reserva. A zona é dividida
em duas Subzonas:
a) Subzona de Desenvolvimento de turismo de Alojamento; e,
b) Subzona de Desenvolvimento de turismo de Casas de Férias (Figuras 6 e 7).
Nesta zona a construção das vias de acesso seguirão um padrão recomendado pelo
sector de estradas e sempre que possível deverá evitar-se a destruição
desnecessária de dunas e sua vegetação;
O tipo de construção, igualmente seguirá padrões recomendados para zona costeira
e sempre que possível deverá ter-se em contra a harmonia com o meio circundante;
Deverá respeitar-se as densidades populacionais de visitantes de modo a
proporcionar experiência única da área.
38
4.2.5 Zona Tampão (no contexto de extensão da Reserva)
4.2.5.1 Descrição
Esta zona somente existirá se os limites da APAP forem estendidos (Figura 7) e corresponderá
a uma área de cerca de 2.850 ha, ou seja, 23% do total da área da Reserva com os limites
revistos. A zona compreende a região Norte do estuário de Pomene e a área na margem Oeste
do Rio Muducha e as planícies de inundação ao longo do limite Oeste da APAP/Reserva. Esta
zona visa amortecer os impactos das pressões oriundas do exterior e interior da Reserva, onde
o uso sustentável dos recursos será permitido mediante um plano de utilização monitorado pela
administração da Reserva.
Esta zona constitui a intersecção entre a Reserva e as acres comunitárias circundantes onde
os recursos naturais nela existentes são geridos participativamente entre as comunidades
locais e administração da Reserva em coordenação com as autoridades administrativas locais.
Aqui será permitido:
Extracção e exploração de recursos naturais para a subsistência das comunidades
locais e desenvolvimento de infra-estruturas turísticas.
39
PLANO DE MANEIO DA RESERVA NACIONAL DE POMENE
Volume I
Plano de Maneio
VERSÃO 1
40
5 PROGRAMAS DE GESTÃO
O estuário de Pomene é um dos mais importantes ecossistemas que a Reserva possui. Com
uma extensão de cerca de 2,450 hectares, correspondentes da 17% da proposta extensão da
superfície da Reserva e é bordado por uma vegetação de mangal que ocupa cerca de 47% da
sua superfície. É caracterizado por águas pouco profundas e possui duas entradas (a foz do rio
Muducha e a embocadura de acesso ao mar) que permitem a mistura e a troca de águas e
nutrientes terrestres e marinhos. Atendendo que o rio Muducha ser sazonal, o estuário de
Pomene pode ser classificado de como estuário intermitente onde a água salgada é
predominante no estuário durante a época seca. Em qualquer dos casos, a presença do
mangal permite uma maior produtividade constituindo habitat preferido de vários organismos
marinhos. O estuário e a vegetação associada constituem também habitat de varias espécies
de avifauna incluindo espécies migratórias que encontram no estuário um refúgio preferido.
5.1.1.2 Ameaças
41
Ausência de monitoria poluentes resultantes das práticas agrícolas ao longo das
maiores linhas de drenagem associada ao estuário (rio Muducha e das planície de
inundação).
O estuário de Pomene está abrangido pela zona de protecao especial cujo objectivo de gestao
e proteção da integridade dos ecossistemas especiais da reserva e a manutenção dos
processos ecológicos (ciclo hidrológico e de nutrientes, purificação das águas) e preservação
de ecossistema de alto valor ecológico. Adicionalmente, a gestão do estuário e a floresta de
mangal associada serão orientadas pelo seguinte objectivo:
Conservação da biodiversidade e dos processos ecológicos de forma a garantir a
manuteçãoo da produtividades do escossistema,
Promover a utilização consumptiva sustentável de recursos chaves de subsistência das
comunidades residentes,
Promover programa de pesquisa da biodiversidades, dinâmica dos factores físicos e
biológicos do sistema estuarino.
5.1.2.2 Ameaças
De forma geral, as maiores ameaças que os recifes de corais enfrentam são associados com a
exploração insustentável dos recursos marinhos, a poluição urbana, sedimentação,
desenvolvimento ao longo da costa e o turismo. Com a emergência da indústria extrativa de
42
Petróleo e gás e a rápida urbanização da zona costeira podem aumentar o nível de ameaça a
estes ecossistemas. Outra maior ameaça eminente de nível global é a alteração climáticas,
particularmente o aumento da temperatura superficial da água e a acidificação dos oceanos
que causa a lixiviação dos corais.
Na região de Pomene para além das ameaças globais, os recifes de corais são sujeitas a
pesca insustentável e associada ao uso de meio e praticas degradantes como o uso de redes
mosquiteiras, sobre-pesca e ancoragem dos barcos sobre os recifes.
Dada importância e valor na manutenção dos processos que sustentam a vida marinha e
terrestre na região de Pomene, o objectivo de maneio destes ecossistemas deve ser:
Proteção e conservação dos recifes de corais de forma que este ecossistema continue
a providenciar bens e serviços de qualidade e quantidade para as comunidades locais
e a indústria turística.
O sistema de dunas da região de Pomene fazem parte do sistema de dunas paralelas com
vegetação da costa oriental de África. A área da Reserva de Pomene é composta por duas
cordilheira de dunas paralelas sendo a mais importante a duna frontal, pelo seu papel na
proteção dos ecossistemas de duna traseiras.
O sistema da duna frontal cobre 17 da superfície da Reserva e coberta por uma vegetação
estratificada em (i) vegetação herbácea de praia, (ii) brenha costeira densa, (iii) floresta de
miombo e a (iv) floresta de galeria na sua face traseira. Dentre estes tratos, salienta-se a
floresta de galeria que constitui habitats importantes para uma variada gama de espécies de
fauna incluindo repteis e pequenos ungulados que encontram refúgio na densa vegetação
arbustiva. A zona da praia e a associada vegetação rastejante constituem área de nidificação
das tartarugas e espécies de avifauna marinha.
5.1.3.2 Ameaças
43
As principais ameaças ao sistema de duna frontal estão associadas factores naturais e
actividades antropogénicos.
Os factores naturais que fazem também parte do processo de estabelecimento e
dinâmica das dunas (factores climáticos- ventos, humidade e precipitação), têm
contribuídos para as mudanças geomorfologias e bióticas dos habitats dunares. Na
região sul da Reserva os impactos de factores naturais são óbvios (dunas descobertas
da vegetação).
Os factores antropogénicos estão associados com actividades humanas sobre as dunas tais
como, (i) abertura de vias de acesso (caminhos e acesso veicular), (ii) exploração de produtos
florestais madeireiros e não-madeireiros (para vários fins: construção, combustível lenhoso,
medicinais tradicional, alimentares), (iii) pastoreio de gado, (iv) construção de casas e (v)
queimadas descontroladas. Estas actividades contribuem grandemente para a destabilização
das dunas e sua vegetação e acentuam os impactos dos factores naturais.
44
Dada a fraca presença de espécies de fauna, estes ecossistemas têm sido objecto de
utilização por parte das comunidades residentes no interior da reserva para construção de suas
residências, prática de agricultura e exploração de recursos florestais madeireiros e não-
madeireiros, pastoreio de gado. As queimadas quer para a renovação dos pastos e limpeza
dos campos agrícolas tem sido pratica regular. Estas actividades que ocorrem um pouco por
toda a Reserva têm contribuído no empobrecimento dos solos, facilitação de transmissão de
patologias entre espécies domésticas e de fauna nativa bem como a degradação dos habitats.
5.1.4.2 Ameaças
45
A maior concentração de espécies de fauna terrestre foi observada na floresta de galeria no
sopé da duna frontal e na floresta de miombo denso na encosta da duna secundária. Estes
habitats para além de proporcionar melhores condições de forragem, eles encontram-se mais
longe da presença humana e de suas actividades.
5.1.5.2 Ameaças
A componente animália, as espécies mais visíveis no interior dos limites da Reserva são gado
bovino (Bos sp.), caprino (Capra sp.), porcos (Sus sp.), gatos (Felis sp.) e cães (Canis sp.) e
muito outras espécies domestícas fonte alimentar das comunidades (galinhas e patos).
46
Ainda não se tem uma lista exaustiva de outras espécies de flora e fauna exóticas que possam
ocorrer na Reserva, um trabalho que devera ser seguido no futuro.
5.1.6.2 Ameaças
A grande ameaça da presença de espécies exóticas no interior da Reserva esta associada com
a capacidade destas espécies de sair do controle do Homem e proliferarem no interior da
Reserva. As espécies exóticas tem a capacidade de tornarem-se dominantes num ambiente
exótico e competirem com as espécies nativas no acesso a nutrientes e habitats.
Dado aos riscos associados com a presença de espécies de flora e fauna exóticas, o objectivo
de maneio centra-se na manutenção da integridade ecológicas da reserva, através do
prevenção e controle de entrada e estabelecimento de espécies de flora e fauna exóticas no
interior da Reserva.
Os recursos naturais protegidos no interior da Reserva tem sido objecto de utilização por parte
das comunidades locais e outras partes interessadas. Em reconhecimento do papel que os
recursos naturais jogam como meio de subsistências das comunidades locais e outras partes
interessadas na região da Reserva, seria contraproducente uma completa interdição. As
comunidades locais encontram nos recursos naturais da Reserva um maio de subsistência
diária quer como material de construção, quer com produtos alimentares. Para além da
extração para o consumo próprio as comunidades locais extraem vários recursos naturais para
a comercialização para suplementar suas rendas. Neste processo e de forma para maximizar a
colheita, elas tem recorrido a meios proibidos com as redes mosquiteiras e laços de aço e em
muitos casos de forma insustentável devido a escassez de muitos recursos particularmente os
marinhos.
5.1.7.2 Ameaças
47
5.1.7.3 Objectivo de Maneio
Dada a importância dos recursos naturais para a subsistências das comunidades locais, o uso
consumptivo no interior da Reserva deve ser ordenado de forma a perpetuar os bens e serviços
que os ecossistemas produzem. Neste contexto, o objectivo de maneio será:
Implementar o sistema de zoneamento estabelecido neste plano de maneio.
Regulamentar todo tipo de uso de recursos de forma a garantir sua sustentabilidade.
Dadas as características do clima regional (tropical seco), dos solos (solos arenosos) e da
vegetação (vegetação predominantemente costeira), as queimadas descontroladas da Reserva
tem impactos desastrosos para a s componentes bióticos e integridade dos processos
ecológicos. Elas contribuem para a dissecação e redução da fertilidade dos solos, facilitando a
erosão eólica e hídrica e perda de palatabilidade da forragem. Elas também modificam e
degradam a vegetação com a prevenção da regeneração natura da vegetação e acima de tudo,
afectam a integridade dos ecossistemas da Reserva.
5.1.8.2 Ameaças
48
Dada as características climo-edáficas da região, as queimadas descontroladas
deverão ser totalmente prevenidas. Neste contexto, quebra-focos dever ser
estabelecidas e mantidas.
Queimadas como ferramenta de gestão da vegetação e de controlo de ectoparasitas
deveram ser feitas mediante um plano de gestão de queimadas.
Esta é a primeira vez que estes locais foram identificados e mapeados o que significa que
alguma atenção devera ser prestada pelas autoridades de gestão da Reserva de foram a
reconhece-los e criar condições de proteção adequada em parceria com as famílias e líderes
religiosas proprietários destes locais.
49
5.3 PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO
5.3.1 Introdução
O turismo nas áreas de conservação quer na forma contemplativa quer consumptiva, constitui
uma das mais importantes fontes de geração de renda para a manutenção das actividades de
conservação. Para além do papel ecológico (preservação dos bens e serviços ecossistémicos
essenciais a manutenção da vida), as áreas de conservação são hoje mais que nunca,
chamados a contribuírem para a sua sustentabilidade financeira. Este chamamento à
contribuição, tem muito a ver com as opções e prioridades que os governos têm que fazer em
situações de escassez de recursos financeiros para atender outras áreas de prioridade social e
económico de desenvolvimento do país. A ideia de que as actividades de conservação pouco
ou nada contribuem para o desenvolvimento sócio – económico do país ainda prevalece em
muitos círculos governamentais apesar destas serem a chave para um desenvolvimento
sustentável duma nação.
Com mais propriedade se poderá afirmar que de facto a Província mais do que constituindo um
destino regista um número de destinos ou “clusters” turísticos cujos diferentes atractivos se
complementam para apresentar um cenário de oferta turística que faz de Inhambane o destino
mais concorrido em termos do número de visitantes a nível do Pais.
50
Existem três “clusters” turísticos na Província (Figura 8), sendo um deles a Sul, centrado em
Inharrime e que inclui os destinos de praia do Distrito de Zavala e ainda o Distrito de Panda; no
Centro, o de Inhambane Cidade que inclui os distritos de Jangamo, Homoíne, Morrumbene,
Funhalouro e Massinga (POMENE); e, a Norte, o cluster de Vilanculos que inclui os distritos de
Vilanculos/sede, Inhassoro, Govuro e Mabote. Destes três clusters o mais importante em
termos do número de operações turísticas é o de Inhambane onde o Pomene se inclui por estar
situado próximo de Massinga.
51
Figura 8: Clusters turísticos da província de Inhambane
52
53
5.3.3 Situação Actual
A situação actual do turismo na Reserva de Pomene é desoladora atendendo ser uma áreas
de conservação com a menor expressão e dimensão no conjunto das Areas de Conservacao
que a ANAC tem sob a sua tutela. No entanto, esta Reserva reúne um conjunto de
características físicas e biológicas que podem fazer dela um pólo turístico único no Pais com
condições de atrair nichos de mercado internacionais, desde que o seu desenvolvimento seja
devidamente planificado e gerido. As potencialidades turísticas da Reserva de Pomene residem
no seu valor estético, sua biodiversidades ecosistémica que reúne todos os requisitos que
respondem ao famoso conceito turístico de “Bush & Beach” que envolve uma oferta combinada
de produtos turísticos baseados em áreas de conservação e praias.
Os actuais limites da Reserva abrangem uma área aproximada de 50 km 2, limitada pelas dunas
costeiras a Este, pela foz do Rio das Pedras a Sul, pela faixa de drenagem fluvial que termina
num estuário bordado de mangais a Oeste e pela baia interior e península do Pomene a Norte.
A Reserva é servida a partir da EN1 à saída Norte da Vila de Massinga, de onde parte uma
estrada secundária de terra batida com cerca de 40 km até à entrada da Reserva e uma picada
terciária com uma extensão de cerca de 20 km a partir da entrada desta até à ponta da Barra
Falsa onde está situado o único empreendimento turístico activo nas proximidades da Reserva.
Em termos de posição geográfica o Pomene como destino turístico, embora inscrito no cluster
de Inhambane, sofre algum tipo de limitações pois está situado entre destinos mais bem
servidos em termos de acessos e de unidades de alojamento e provavelmente em resultado
deste factor, regista um número muito reduzido de visitantes ao longo do ano.
De acordo com dados apresentados pela ETI 2013 – 2017 (Governo da Provincia de
Inhambane, 2013), o Distrito de Massinga recebe somente 6% do total de turistas que visitam a
Província de Inhambane e que estes procuram no destino, produtos de lazer de sol e praia. Os
que visitaram o Pomene, a principal atracão foi a pesca de lazer, a observação da fauna
marinha e fauna e flora típicas dos mangais, o mergulho e “snorkelling”, praticamente não
demonstrando qualquer interesse pelo conjunto de ecossistemas e biodiversidade existentes
dentro dos limites actuais da RNP.
54
que está localizado junto à extremidade Norte da pista de aterragem (cerca de 500 m do limite
da Reserva).
Relativamente próximo da RNP estão também estabelecidas, a Sul da Ponta da Barra falsa ao
longo da costa, outras infraestruturas de alojamento classificadas como empreendimentos
turísticos mas que efetivamente são constituídas por algumas casas privadas que
ocasionalmente recebem visitantes originários da África do Sul na sua maioria e que
estabelecem algum tipo de acordos de utilização das casas sem que a sua visita resulte em
proveitos legalmente comprovados com documentos ou recibos de aluguer sobre os quais
incidam impostos ou outros proveitos legais para o estado.
5.3.4 Ameaças
55
5.3.5 Objectivo de Maneio
A Reserva de Pomene conta hoje com entre 400 a 535 agregados familiares no interior dos
seus limites (Macandza et al (2015) Impacto (2015)) concentrados no extremo Norte da
Reserva junto do estuário de Pomene e no extremo Sul da Reserva.
Actividades legalmente proibidas, como a caça e uso de meio proibidos para caça e pesca
ocorrem na Reserva apesar dos esforços de controlo pela autoridade administrava da Reserva.
O acesso na Reserva e os recursos no interior da Reserva é livre e ilimitado.
5.4.2 Impactos
56
conflitos entre a autoridade administrativa da Reserva e autoridades governamentais distritais e
provinciais.
O estabelecimento desta zona foi também para impor certa ordem no actual modelo de
assentamento comunitário e utilização dos recursos no interior da Reserva. Como plano de
ação, o seguinte devera constituir prioridade:
Realocar as famílias que estiverem fora de Zona comunitária e Uso de Recursos
Levantamento da actual condição dos recursos utilizados pelas comunidades de forma
a estabelecer-se o ”Limite Aceitável de Uso” para cada recurso.
Estabelecer/organizar a estrutura comunitária de forma a responsabiliza-lo pela gestão
dos recursos da zona comunitária e de uso de recurso.
Estabelecer regras de conivência no interior da Reserva (vias de acesso, actividades
permitidas e não permitidas, etc.)
57
5.5 PROGRAMA DE PROTECÇÃO
Este programa refere-se aos serviços de fiscalização e segurança da Reserva. Neste momento
a Reserva conta com 15 agentes de fiscalização (1:82ha) que tem levado a cabo trabalhos da
fiscalização dos limites e actividades ilegais no interior da Reserva e a guarnição do único
portão da Reserva.
Dada a extensão (123,05 km2), configuração e limites exceptuando a topografia e natureza dos
solos, uma fiscalização efectivada Reserva pode ser alcançada unicamente através de
brigadas móveis. As áreas de maior sensibilidade a actividades ilegais podem ser facilmente
identificados, normalmente nas proximidades dos aglomerados populacionais, fontes de água e
ao longo das vias de acesso.
Chefe da
Fiscalizacao e
Seguranca (1)
58
O corpo de fiscalização da Reserva terá um efectivo dos actuais 15 homens. O chefe da
Fiscalização e Segurança da Reserva supervisionará 3 unidades/brigadas operacionais: i) a
Brigada de Segurança de Pontos de acesso composto por 5 homens para permitir o
funcionamento dos turno e duas brigadas móveis de fiscalização compostas por 4 e 5 homens
respectivamente também para permitir o funcionamento dos turnos.
Chefe da Fiscalização:
a. xx
b. xx
c.
59
PLANO DE MANEIO DA RESERVA NACIONAL DE POMENE
Volume I
Plano de Maneio
VERSÃO 1
60
6 INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS
61
PLANO DE MANEIO DA RESERVA NACIONAL DE POMENE
Volume I
Plano de Maneio
VERSÃO 1
62
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Farinha, J.L. (1977). Caça -Legislação: Caça, Parque Nacionais, Coutadas, Reservas, Regimes
de Vigilância e outras Disposições. Imprensa Nacional de Moçambique-L. Marques.
Dudley, N. (editor) (2008). Guidelines for Applying Protected Area Management Categories.
Gland, Switzerland: IUCN x+86pp.
63
PLANO DE MANEIO DA RESERVA NACIONAL DE POMENE
Volume I
Plano de Maneio
VERSÃO 1
SECÇÃO 8: ANEXOS
64
ANEXO A
65
Ambiente interno Ambiente externo
FORÇAS OPORTUNIDADES
Existência de uma 4 Reconhecimento e existência 2
biodiversidade rica e variada de bom relacionamento com
os Governos Provincial e
Distrital
Localização entre os 2 mais 3 Existência de quadro legal de 4
importantes clusters criação da Reserva
turísticos
Única Via de acesso à 3 Acessibilidades por via 3
Reserva marítima, terrestre e aérea
Extensão/tamanho da 3 Ocorrência de espécies de 4
Reserva facilita sua gestão especial importância para a
conservação nas
Aspectos proximidades da Reserva
positivos/impulsores (tartarugas marinhas,
dugongos, entre outros)
Existência de variados 4 Existência de um comité de 2
atractivos ecoturísticos co-gestão comunitário
Interligação de 3 Isolamento da Reserva no 3
ecossistemas marinhos, contexto geográfico local que
terrestre, costeiro, fluvial e favorece a conservação
estuarino
Existência de um quadro 2 Desenvolvimento de um 4
legal e estrutura destino turístico baseado em
administrativa da Reserva vários atractivos
Atractivos turísticos 3 Possibilidade de recuperação 4
facilmente acessíveis no de mamíferos de pequeno e
interior da Reserva médio porte
Aspectos FRAQUEZAS AMEAÇAS
negativos/restritivos Complacência com a 3 Existência de gado e cães 3
existência de famílias e suas provenientes da periferia da
actividades económicas no Reserva
interior da Reserva
Inexistência de articulação 3 Migração para o interior da 3
entre a Reserva e Reserva atraído pelos
operadores turísticos serviços sociais existentes
Relacionamento ineficiente 4 Grande densidade 4
entre administração da populacional à volta da área
Reserva e comunidades da Reserva com focos
locais eminentes de pressão
Presença de infra-estruturas 2 Ocupação desregrada de 4
sociais (escola EPC) dentro terras pelos empreendedores
da Reserva turísticos e comunidades
locais
Limites da Reserva não 4 Uso da Reserva como zona 3
abrangem componentes de de trânsito para o
maior importância ecológica desenvolvimento de
e turística actividades económicas
Falta de enquadramento 2 Atribuição desregulada da 3
66
Ambiente interno Ambiente externo
legal da terra dentro e na periferia da
categoria/designação da Reserva
Reserva na nova Lei da
Conservação
Dimensão reduzida da 2 Desconhecimento geral dos 4
Reserva não permite suster limites da Reserva
grandes populações de
fauna
Número limitado de estudos 3 Existência de informação 2
sobre a área (biológicos, falsa sobre o Pomene nas
socioeconómicos, entre redes sociais
outros)
Falta de infra-estruturas e 4
equipamentos de gestão da
Reserva
Localização da reserva 3
entre dois clusters turísticos
Estrutura administrativa da 2
Reserva com número
insuficiente de funcionários
e com fraca qualificação
Localização afastada dos 2
pólos de desenvolvimento
turístico
Exiguidade de fontes e 3
volume de receita
Falta de sinalização da 3
Reserva
Desconhecimento dos 2
limites e fraca disseminação
juntos das comunidades
residentes
Falta de informação, 2
publicidade e marketing da
Reserva
Fraca manutenção das vias 3
de acesso e infra-estruturas
da Reserva
67
ANEXO B
TABELA DE ACTIVIDADES
68
ANEXO C
69