Texto Mal Estar Da Civilização Do Freud

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Texto crítico sobre o artigo “o mal estar da civilização” por Sigmund Freud

Nome: Wleydson Thaylor Soares Santos

Período: 3⁰ psicologia

“Somos uma sociedade de pessoas com notória infelicidade: solidão,


ansiedade, depressão, destruição, dependência; pessoas que ficam felizes quando matam o
tempo que foi tão difícil conquistar.”

-Erich Fromm

Em “O Mal-estar na Civilização”, artigo publicado por Sigmund Freud, o mesmo tentou explorar
as origens da ansiedade e do sofrimento humanos e argumentou que a civilização moderna,
embora ofereça muitos benefícios e oportunidades, também pode ser a causa de grande
infelicidade e insatisfação. Ele argumentou que, em vez de aliviar a dor e o sofrimento humano,
a civilização moderna frequentemente os intensifica. O “mal-estar da civilização” é um conceito
fundamental na obra de Sigmund Freud. Em sua visão, os conflitos internos e externos do
indivíduo são causados pela tensão entre os instintos e a civilização, ou seja, entre as
necessidades primitivas e os valores e normas impostas pela sociedade.

Freud também examinou as tensões entre o indivíduo e a sociedade, apontando que a


sociedade exige a supressão e a repressão desses nossos impulsos e desejos naturais, o que
pode levar a conflitos psicológicos e emocionais. Em última análise, Freud acreditava que a
realização da felicidade e do bem-estar humano seria quase impossível na sociedade moderna,
mas, ao mesmo tempo, ele acreditava que a compreensão de onde as nossas ansiedades e
insatisfações vêm nos ajudaria a minimizar seu impacto e a encontrar melhores maneiras de
lidar com eles.

Segundo Freud, a solução para o “mal-estar da civilização” seria a repressão dos instintos e a
sublimação dessas pulsões em atividades socialmente aceitas. Ele acreditava que a cultura e a
civilização surgem como uma resposta à necessidade de controlar os instintos humanos,
canalizando-os em direções socialmente aceitáveis. A história da civilização, para o autor, é
uma história de deslocamento dos desejos primitivos para atividades mais elevadas e
refinadas.

No entanto, alguns autores questionam essa visão otimista da sublimação e repressão dos
instintos como solução para os conflitos internos do indivíduo. Para Erich Fromm, a civilização
industrial moderna criou uma sociedade voltada para a produção em massa e lucro, onde a
busca individual pela realização pessoal é suprimida. Para ele, uma solução para o “mal-estar
da civilização” seria uma mudança na estrutura da sociedade, levando a um retorno a valores
humanos e sociais mais autênticos. Outro autor que questiona essa solução apontada pelo
psicanalistas é o filósofo, Herbert Marcuse, que argumenta que Freud subestimou o papel da
opressão social na repressão dos instintos, afirmando que a sociedade cria uma “falsa
consciência” que impede os indivíduos de perceberem a verdadeira natureza de sua opressão.
Ele acreditava que a libertação dos desejos reprimidos seria possível apenas por meio de uma
mudança radical na estrutura social, que permitiria a realização dos desejos humanos mais
básicos. Visão similar a observada por Fromm.
Para a ética deontológica da psicologia, que apresenta uma visão mais moderna do caso,
apresenta-se como uma forma de aliviar esse “mal-estar” apresentado por Freud. Uma vez que
o seu conjunto de princípios e normas norteia a atuação dos psicólogos, de forma a garantir o
atendimento ético e respeitoso aos pacientes. Os profissionais que atuam na área de psicologia
têm um papel fundamental na promoção da saúde mental das pessoas e, consequentemente,
no combate ao “mal estar na civilização”. Através da ética deontológica, os psicólogos são
orientados a respeitar a dignidade humana, a privacidade dos pacientes e a manter
confidencialidade das informações trocadas durante as sessões.

Por meio do princípio da não discriminação, a ética deontológica incentiva a valorização da


diversidade humana. Essa valorização contribui para que as pessoas sintam-se mais à vontade
em expressar seus sentimentos e pensamentos, podendo, assim, serem melhor compreendidas
pelos profissionais da área de psicologia. Um elemento similar ao que Freud apresentou como
“canalização” da repressão e sublimação das demais pulsões naturais. Outro princípio
importante da ética deontológica é a responsabilidade dos psicólogos em adquirir
conhecimento e atualização constante na área de atuação. Esses profissionais são incentivados
a buscar cursos de aprimoramento e a participar de debates e discussões a fim de ampliar suas
visões sobre a sociedade. É através dessa atualização que os psicólogos podem desenvolver
uma análise crítica e propositiva sobre a dinâmica social, contribuindo para a transformação da
sociedade. Muito similar a visão apresentada por Fromm e Marcuse para a mudança social
como forma de lidar com esse “mal-estar” ao invés da simples repressão dos nossos impulsos
humanos naturais.

Assim, enquanto Freud propôs a repressão e sublimação dos instintos como solução para o
“mal-estar da civilização”, outros autores criticaram essa visão, argumentando que a opressão
social e a falta de autenticidade na sociedade moderna são mais fortes do que a capacidade do
indivíduo de reprimir seus próprios instintos. Para esses autores, uma solução para o “mal-
estar da civilização” deve envolver uma transformação mais radical na sociedade, que permita
uma vida mais autêntica e realização dos desejos humanos mais básicos. Também, a ética
deontológica da psicologia aponta diversas saídas para a superação do “mal-estar na
civilização.” Seus princípios e normas regulamentam a atuação profissional dos psicólogos,
visando sempre garantir o bem-estar e a segurança dos indivíduos. Com uma abordagem
respeitosa e cuidadosa, os profissionais podem contribuir para uma sociedade mais justa e
equânime, na qual a diversidade humana seja valorizada e respeitada, sendo uma forte
alternativa pra lidar com os anseios e sofrimentos provocados pelo “mal-estar da civilização”
apontados por Freud, porém não sendo o único.

Referências:

•SOUZA, Jessé. Freud, Fromm e Adorno: acerca da recepção da psicanálise nos trabalhos
empíricos da Escola de Frankfurt. In: MIGLIEVICH-RIBEIRO, Adélia et al (Orgs.). A modernidade
como desafio teórico: ensaios sobre o pensamento social alemão. Porto Alegre: EDIPUCRS,
2008. P. 259-272.

• Freud, S. (1996ª). O mal-Estar na civilização (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas
Completas de Sigmund Freud, Vol. 21). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em
1929). [ Links ]

• Prado, B., Jr. (1991). Entre o alvo e o objeto do desejo: Marcuse, crítico de Freud. In B. Prado
Jr. (Org.), Filosofia da psicanálise (pp. 28-50). São Paulo: Brasiliense, 1991. P. 28-50. [ Links ]
• Jornal PSI CRP-SP. (2004, janeiro/fevereiro). Novo Código de Ética reafirma compromisso
social do psicólogo, (139). Recuperado de:
http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao/jornal_crp/139/frames/fr_questoes_eticas.aspx.
[ Links ]

• Jornal PSI CRP-SP .(2005, outubro/dezembro). Novo código para novos tempos, (145).
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http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao/jornal_crp/145/frames/fr_questoes_eticas.aspx.
[ Links ]

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