Teoria Da Justica de John Rowls
Teoria Da Justica de John Rowls
Teoria Da Justica de John Rowls
1. Introdução.........................................................................................................................4
3. Conclusão........................................................................................................................10
4. Referencias Bibliográficas..............................................................................................12
1. Introdução
Para Rawls “a justiça é a primeira virtude das instituições sociais, como a verdade o é para os
sistemas de pensamento”. O autor afirma a primazia da justiça e do respeito por direitos
individuais. “Para o liberalismo igualitário estes valores não são negociáveis em função de
quaisquer consequências antecipáveis que permitam a maximização do bem-estar agregado”.
Numa proposta dissonante com o paradigma utilitarista afirma que “cada pessoa beneficia de
uma individualidade que decorre da justiça, a qual nem sequer em benefício do bem-estar da
sociedade como um todo poderá ser eliminada. Por esta razão, a justiça impede que a perda da
liberdade para alguns seja justificada pelo facto de outros passarem a partilhar um bem maior.
Não permite que os sacrifícios impostos a uns poucos sejam com- pensados pelas vantagens
usufruídas por um maior número. Assim sendo, numa sociedade justa a igualdade de liberdades e
direitos entre os cidadãos é considerada como definitiva; os direitos garantidos pela justiça não
estão dependentes da negociação política ou do cálculo dos interesses sociais”.
Rawls designa a sua concepção política liberal igualitária de “justiça como equidade”. Esta
concepção parte de uma intuição básica para a formulação dos princípios da justiça
defendendo-os de duas formas distintas. Primeiro, pelo estabelecimento de um equilíbrio
refletido provisório entre as intuições morais e os próprios princípios da justiça. Segundo, através
do recurso à noção da posição original, uma formulação mais abstracta e hipotética da ideia de
contrato social. Na referida reformulação da sua obra, na sequência dos estudos sobre o
liberalismo político, o autor redefine a sua posição inicial da justiça como equidade,
apresentando-a já não como parte de uma doutrina mora compreensiva, mas como uma
concepção política de justiça. A justiça como equidade é considerada a forma mais razoável do
liberalismo político, o que implicou a necessidade de reestruturar alguns aspectos do seu modelo
teórico originário.
2. Teoria da Justiça de John Rowl
2.1. Definição do conceito de Justiça
Segundo John Rawls a justiça é a primeira virtude das instituições sociais. A solução para uma
sociedade promissora é um contrato social justo entre o estado e os indivíduos. Este contrato
social para ser justo precisa que as necessidades de todos os indivíduos envolvidos sejam
tratados igualmente para assegurar tratamento igual.
Este acordo, alcançado sob condições equitativas de todos os cidadãos, é a melhor solução no
âmbito de uma sociedade democrática plural e das respectivas instituições livres. Este acordo não
pode resultar de qualquer intervenção exterior à esfera dos destinatários que o integram. Este
acordo, para ser válido, do ponto de vista da justiça política, deve pressupor a participação de
“pessoas” livres e iguais e não deve permitir que alguns possam negociar em posições não
equitativas. O acordo equitativo para atingir a estrutura básica da sociedade tem de abstrair-se de
aspectos e circunstâncias particulares dessa estrutura e não pode ser distorcido por ela.
Rawls não ignora que esta posição coloca uma objecção séria: se os acordos são hipotéticos e
não históricos a posição original não perde toda a relevância?
O autor contrapõe dizendo que a relevância da posição original “radica no facto de que é um
mecanismo de representação ou, alternativamente, um instrumento mental pensado para a
clarificação pública e a auto clarificação”. A posição original serve para modelar as convicções
de “pessoas” consideradas razoáveis, colocando “as partes” numa situação equitativa a partir da
qual chegam a um acordo sujeito a restrições adequadas baseadas nas razões que respaldam os
princípios de justiça política.
Cada pessoa deve ter um direito igual ao mais extenso sistema de liberdades básicas que
seja compatível com um sistema de liberdades idêntico para as outras;
As desigualdades económicas e sociais devem satisfazer duas condições: em primeiro
lugar, ser a consequência do exercício de cargos e funções abertos a todos em
circunstâncias de igualdade equitativa de oportunidades; e, em segundo lugar, ser para o
maior benefício dos membros menos favorecidos da sociedade (o princípio da diferença).
O primeiro princípio (das liberdades) é prioritário em relação ao segundo e, neste, o princípio da
igualdade equitativa de oportunidades é prioritário em relação ao princípio da diferença. Esta
prioridade significa que, ao aplicar um princípio (ou ao colocá-lo à prova em casos difíceis), os
princípios prévios estejam plenamente cumpridos.
“Todos e cada um de nós necessitamos de liberdades básicas que protegem as muitas escolhas
que fazemos ao longo da vida. As oportunidades dão-nos o poder efectivo de realizar essas
escolhas. A riqueza permite dar maior valor às nossas escolhas. As bases sociais do respeito
próprio são um bem primário de tipo diferente. O respeito que cada um tem por si mesmo e pela
vida que escolheu depende da possibilidade real de desenvolver as suas escolhas e do facto de
elas serem reconhecidas pelos outros. Assim, o respeito próprio é uma espécie de subproduto de
uma sociedade na qual os bens sociais primários estão correctamente distribuídos. Embora o
respeito próprio não seja directamente distribuído pelas instituições sociais, ele decorre de uma
sociedade organizada de modo a distribuir com justiça os restantes bens sociais”.
A desigualdade económica e social não tem uma carga tão negativa, pois é potenciadora de um
sistema de incentivos. O papel da justiça visa definir a distribuição mais adequada dos benefícios
e encargos ou, se se preferir, dos direitos e deveres, que decorrem da cooperação social. O
objectivo de uma teoria da justiça restringe-se à definição da distribuição correta dos bens
materiais e imateriais essenciais, os bens primários, a qual permite que a sociedade seja bem
ordenada.
Estes bens, numa perspectiva não moral, mas política e social, são as diversas condições e meios
necessários à vida de uma pessoa, concebida como livre e igual, dotada das duas faculdades
morais e capaz de ser um membro de uma sociedade como um sistema cooperativo de
cooperação.
A sociedade está bem ordenada quando for uma sociedade efectivamente regulada por uma
concepção pública de justiça Isto significa três condições:
Uma sociedade em que cada um aceita, e sabe que todos os demais aceitam, a mesma
concepção política da justiça;
Uma sociedade em que as suas principais instituições políticas e sociais, e o modo como
se interligam para formar um sistema de cooperação, satisfazem os princípios da justiça;
Uma sociedade na qual os cidadãos têm um sentido normal- mente efectivo de justiça,
quer dizer, um sentido que os capacita para entender e aplicar os princípios publicamente
reconhecidos da justiça e, a sua grande maioria, para actuar de acordo com a sua posição
na sociedade, com os seus deveres e obrigações.
“É impossível uma sociedade bem ordenada na qual todos os membros aceitem a mesma
doutrina compreensiva. Mas os cidadãos democráticos que pratiquem doutrinas compreensivas
diferentes podem coincidir em concepções políticas da justiça”. “O liberalismo político é uma
concepção que permite uma base suficiente e mais razoável de unidade social disponível para os
(…) cidadãos de uma sociedade democrática”.
3. Conclusão
Em grande parte, a teoria da justiça visa mostrar quais são esses direitos e liberdades, evitando
cair no habitual extremo oposto ao utilitarismo, isto é, evitando caucionar a pluralidade de
intuições desconexas e incompatíveis entre si e a que dava o nome de “intuicionismo”. A ideia de
Rawls foi precisamente desenvolver uma teoria política capaz de articular de forma sistemática e
coerente algumas dessas intuições, identificando os direitos e liberdades em que deve assentar
qualquer sociedade que se queira justa. E esta passou a ser a direcção que quase toda a filósofa
política acabou por seguir. Mas, não estando, naturalmente, em causa o seu inegável mérito, há
alguns aspectos da sua teoria que suscitam alguma controvérsia.
Um dos pontos que suscita alguma perplexidade é construir uma doutrina racional com base
numa proposta intuitiva da “posição original”, uma ideia meramente hipotética, na qual não
cabem pessoas reais, e contra factual devido ao carácter espesso do “véu de ignorância”. Os
contratualistas clássicos, como Locke e Rousseau, procuravam justificar a questão sobre a
origem ou a legitimidade do poder político Rawls vai mais longe e pretende justificar uma
concepção de justiça dirigida a uma sociedade política específica. A teoria da justiça de Rawls é
uma teoria flosófco-política61 sobre o modo de alcançar a justiça numa sociedade de matriz
liberal, na qual os cidadãos são considerados como pessoas livres e iguais.