Teoria Da Justiça de John Rawls + Opositores (Nozich e Sandel)
Teoria Da Justiça de John Rawls + Opositores (Nozich e Sandel)
Teoria Da Justiça de John Rawls + Opositores (Nozich e Sandel)
Nem todos os países têm o mesmo nível de desenvolvimento económico e social. Por isso, é frequente
considerar-se que o mundo está dividido em dois grupos de países: os países desenvolvidos e os países em
desenvolvimento. Entre estes países existem acentuadas desigualdades na distribuição da população e da
riqueza, nos cuidados de saúde e educação, no acesso à alimentação e água potável, na qualidade da habitação,
etc. Este desequilíbrio entre países faz com que uns sejam consideravelmente ricos enquanto outros
permanecem num estado de pobreza absoluta. Esta consiste na falta de rendimentos para satisfazer as
necessidades biológicas básicas a que a restante população tem acesso.
Quem nada faz para ajudar as pessoas que se encontram nesta situação não merece ser criticado dado
que em nada interfere na vida das mesmas. Por outro lado, o acto de ajudar as pessoas necessitadas é algo
louvável já que faz com que possamos dar-lhes uma vida melhor e proporcionar-lhes um futuro mais auspicioso.
Mas será que temos o dever de ajudar quem vive na miséria? Se considerarmos que sim, devemos não só permitir
que isso aconteça como também encorajar outros a fazê-lo; se considerarmos que não, devemos desde já
descartar essa ideia, sem impedir que outros o façam.
Os princípios da justiça devem ser escolhidos a partir da posição original, ou seja, a partir de uma situação
hipotética na qual ignorássemos a nossa posição actual na sociedade (a coberto de um «véu de ignorância»).
• Admite-se que, se ignorássemos a nossa posição actual, escolheríamos os princípios mais equitativos. Deste
modo, evitaríamos escolher os princípios que beneficiassem exclusivamente a nossa situação actual,
minimizando os riscos de termos uma vida insatisfatória.
Princípios de justiça:
• Princípio da liberdade igual, a sociedade deve assegurar a máxima liberdade para cada pessoa compatível
com uma liberdade igual para todos os outros.
•
Princípio da oportunidade justa, as desigualdades económicas e sociais devem estar ligadas a postos e
posições acessíveis a todos em condições de justa igualdade de oportunidades (alínea b do segundo princípio).
• Princípio da diferença, a sociedade deve promover a distribuição igual da riqueza, exceto se a existência de
desigualdades económicas e sociais gerar os maiores benefícios para os menos favorecidos (alínea a do
segundo princípio).
• O princípio da liberdade igual tem prioridade sobre os outros dois, e o princípio da oportunidade justa tem
prioridade sobre o da diferença. Atingido um nível de bem-estar acima da luta pela sobrevivência, a liberdade
tem prioridade absoluta sobre o bem-estar económico ou a igualdade de oportunidades, o que faz de Rawls
um liberal. A liberdade está, digamos, fora da agenda política – é inegociável. A liberdade de expressão e de
religião, assim como outras liberdades, são direitos que não podem ser violados por considerações
económicas.
Teoria da titularidade
A autonomia das pessoas é fundamental. Ao contrário de Rawls, não aceita uma distribuição padronizada
da riqueza, pois isso implica uma intervenção constante do Estado na liberdade individual de enriquecer de forma
lícita. O indivíduo é o titular legítimo dos bens que adquire legalmente.
O indivíduo é dono de si mesmo: do seu corpo, da sua vida, mas também dos bens materiais que a sua
liberdade individual lhe permite acumular, pelo que o Estado não deve interferir nessa liberdade individual.
Nota: sendo um libertário, Nozick estaria de acordo com o Princípio da liberdade de Rawls.
Tese central
• Uma sociedade justa é a que não impõe qualquer limite legal aos níveis de desigualdade económica nela
presentes.
• Cada indivíduo, segundo esta perspectiva, deve exigir do Estado a máxima liberdade sobretudo no que diz
respeito à possibilidade de adquirir e dispor de uma quantidade desigual de bens sociais.
Como justifica Nozick a sua tese?
• Não há, segundo Nozick, uma forma padronizada de distribuição da riqueza que determine até que ponto deve
ir a desigualdade económica entre os indivíduos, ou seja, o que cada qual deve possuir. As desigualdades sociais e
económicas não devem ser ajustadas de modo a que reverta também a favor dos mais carenciados. Porquê?
Por duas razões:
• 1) distribuir os benefícios sociais de acordo com uma regra ou fórmula geral - um padrão – exige sempre o uso
ilegítimo da força e da coerção;
• 2) as livres escolhas dos indivíduos perturbam frequentemente os padrões de distribuição que as sociedades
pretendem estabelecer.
Michael Sandel
Os comunitaristas consideram que o indivíduo se define sobretudo pela sua pertença a uma comunidade
(em termos psicológicos e sociológicos). Isto é, existe um primado da comunidade sobre o indivíduo – o indivíduo
só é o que é em função da comunidade onde se insere.
Para os comunitaristas, as desigualdades sociais colocam em causa o Bem Comum e constituem fonte de
injustiças, pelo que o Estado deve intervir para as combater, redistribuindo bens essenciais de forma igualitária
pelos cidadãos: dinheiro, emprego, saúde, educação, poder político.
Sandel não é um comunista, mas sim um comunitarista: pertencemos não apenas a nós próprios, mas
também à comunidade onde nos inserimos.
Perfeccionismo
De um modo geral, os perfeccionistas defendem que devemos procurar aquilo a que possamos chamar
“uma vida boa”. Assim, determinadas coisas (ações, objetos, ideias) são boas em si mesmas e devem ser
procuradas por todos os indivíduos.
Nota: Sandel não desenvolveu uma teoria completa da justiça alternativa a Rawls.