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TIPOLOGIA TEXTUAL

Tipologia Textual

Quando se fala em tipologia textual há apenas 5 tipos: narração, dissertação, descrição, injunção e
exposição.

De maneira geral, podemos definir tipologia textual como a classificação de um texto de acordo com
sua forma, estrutura e conteúdo.

Existe uma variedade enorme de entendimentos sobre a forma correta de definir os tipos de texto.
Embora haja uma discordância entre várias fontes sobre a quantidade exata de tipos textuais, vamos
trabalhar aqui com 4 tipos essenciais:

1. Texto narrativo

2. Texto dissertativo

3. Texto descritivo

4. Texto injuntivo

Além de metodologicamente ficar mais fácil de entender, essa divisão está de acordo com o que os
editais de concurso cobram, e não é resumida, embora pareça. Isso porque esses tipos têm
subdivisões, a depender da forma como forem aplicados.

Aqui vamos aprender ponto a ponto o que são esses tipos textuais e suas características, suas
subdivisões, e exemplos.

Diferença Entre Tipo Textual E Gênero Textual

Antes de começarmos a identificar as peculiaridades de cada tipo, quero lhe alertar para uma
pegadinha bem comum: a confusão entre tipo e gênero textual.

Enquanto o tipo é a classificação do texto de acordo com a sua estrutura, conteúdo e forma, o gênero
se refere mais à classificação cultural e histórica de um texto.

São exemplos de gênero textual: romance, poema, reportagem, artigo, notícia, receita etc. Cada
gênero textual costuma ter mais ou menos as características de determinado tipo.

O gênero romance, por exemplo, frequentemente tem as características do tipo narração. Um artigo
costuma se enquadrar no perfil da dissertação, e por aí vai.

Podemos dizer que os gêneros textuais são como países, e os tipos textuais são como línguas.

Os Estados Unidos e a Inglaterra são países, mas ambos falam inglês. O conto e o romance são

gêneros textuais, mas ambos são narrativas.

O Que É Uma Narração

Agora vamos passar ao estudo de cada tipologia textual propriamente dita. Para começar vamos falar
sobre a narração.

Uma das característica do tipo de texto narrativo é a organização de fatos, ao longo do texto, em
episódios.

Se eu pudesse resumir a narração em uma palavra, eu diria que ela é uma história.

Na narração nós encontramos personagens, reais ou não, que são os referenciais para o desenrolar
da história. Os fenômenos vão ocorrendo no decorrer dos episódios até chegar num desfecho, a
conclusão, ou “final”, da narrativa.

Em uma narração sempre haverá alguém que conta a história. Veja os tipos de narrador existentes:

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Narrador Onisciente

É aquele que “sabe de tudo” da história. O narrador onisciente fala sobre os detalhes da narrativa,
dando características de lugares, sentimentos e pensamentos dos personagem. O narrador
onisciente fala até mesmo de mais de um fato ocorrendo simultaneamente em locais diferentes.

O narrador onisciente pode ser neutro, quando não manifesta suas opiniões durante a narração,
ou seletivo, quando opta por defender algum ponto de vista durante a história.

Narrador Observador

O narrador observador é aquele que não tem uma visão de todos os aspectos que ocorrem na
história. Ele visualiza a narrativa de apenas um ângulo, e não tem acesso a pensamentos, emoções e
fenômenos internos aos personagens.

Narrador Personagem

É o caso do narrador que faz parte da história. Também é conhecido como “narrador em primeira
pessoa”. Ele tem uma visão própria dos acontecimentos, de acordo com a sua experiência e visão de
mundo.

É muito utilizado por possibilitar o suspense na história, já que o leitor vai descobrindo junto com o
personagem/narrador todos os detalhes da narrativa.

Narração Dialogal Ou Conversacional

Alguns estudiosos dos tipos textuais consideram o que chamam de tipo dialogal ou conversacional.
Esse texto seria caracterizado pela predominância de diálogos e conversas em sua estrutura.

Mas esse não é um tipo específico, e sim uma subdivisão do tipo narrativo, já que também conta uma
história (de uma conversa).

Então, se você ouvir falar do tipo dialogal ou conversacional, lembre-se que ele é uma narração
construída predominantemente com diálogos.

Narração Preditiva, Ou Predição

Mais uma subdivisão do tipo narrativo é a predição, que nada mais é que uma previsão do que irá
ocorrer. Quando um astrólogo faz uma previsão (ou predição), ele narra os acontecimentos.

Geralmente há personagens, o desencadeamento de episódios e fatos e um fechamento ou


conclusão.

Logo, podemos entender que o tipo textual predição é nada mais, nada menos, que uma narração
preditiva.

Sequência Ou Enredo Da Narração

Toda narração possui um enredo, ou sequência. É uma estratégia de organização da narração para
que ela faça sentido para o leitor. O enredo bem construído deixa o leitor atento a toda a história.

São partes da sequência de uma narração:

• Apresentação: como o próprio nome diz, apresenta os personagens, lugares e tempo em que a
narrativa ocorre.

• Complicação: é quando os conflitos da história começam a ocorrer, trazendo expectativa e


suspense em quem lê.

• Clímax: é o momento de maior tensão da história. É quando é gerada no leitor a ânsia pelo
desfecho.

• Desfecho: é a resolução final da história. O final.

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O Que É Uma Dissertação

Passemos agora para o segundo tipo textual do nosso estudo: a dissertação.

A tipologia dissertativa tem-se a intenção de explicar, provar, analisar, expor ideias e/ou discutir
determinado assunto.

Na dissertação, o escritor geralmente defende uma tese ou expõe uma série de fatos e ideias que
levam a uma constatação.

O texto dissertativo é impessoal e utiliza-se de estruturas lógicas para se sustentar. Existem duas
subdivisões na tipologia dissertativa: a dissertação expositiva (exposição) e a dissertação
argumentativa (argumentação).

Dissertação Argumentativa

Na dissertação argumentativa há a intenção deliberada de convencer o leitor sobre um ponto de vista


específico.

Para isso, é apresentada uma tese, que é discutida e sustentada ao longo do texto, até chegar à
conclusão. Nas provas de redação para concurso é o tipo textual mais cobrado.

A Estrutura De Uma Dissertação Argumentativa

Geralmente, as dissertações argumentativas possuem três partes principais: introdução,


desenvolvimento e conclusão.

Veja qual o papel de cada uma delas:

• Introdução – apresenta a tese, o ponto de vista do autor.

• Desenvolvimento – apresenta os argumentos que sustentam logicamente o ponto de vista


defendido na introdução.

• Conclusão – faz referência a tudo que foi discutido no texto e apresenta criticamente possibilidades
de intervenção no problema discutido.

A estrutura sugerida para a construção de uma dissertação argumentativa em provas de concurso é a


seguinte:

• PARÁGRAFO 1 = Introdução

• PARÁGRAFO 2 = Desenvolvimento 1

• PARÁGRAFO 3 = Desenvolvimento 2

• PARÁGRAFO 4 = Conclusão

Dissertação Expositiva (Exposição)

Muita gente considera a dissertação expositiva como uma tipologia textual, a exposição. Mas ela
nada mais é que uma subdivisão da dissertação.

Na exposição são elencados fatos e ideias para conhecimento do leitor, sem, entretanto, a intenção
de convencimento de quem lê.

A intenção principal de uma dissertação expositiva é informar e esclarecer.

O que é uma Descrição

Agora vamos tratar da terceira tipologia textual: a descrição.

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Intuitivamente não é muito difícil de compreender as características de um texto descritivo. Ele pode
ser identificado pela forma como aponta as peculiaridades de um objeto, lugar ou evento no decorrer
do texto.

A tipologia descritiva traz detalhes sobre a cor, forma, sensações, sentimentos, dimensões, cheiros e
outras características de algo ou alguém.

Na descrição o autor do texto se dedica a explicar como é alguma coisa. Para fazer uma descrição,
o autor se coloca na condição de observador do que ele pretende descrever.

É como se ele fizesse uma fotografia do objeto, lugar ou pessoa descrita. Para isso ele utiliza
principalmente os cinco sentidos: paladar, tato, olfato, audição e visão.

O Que É Uma Injunção

A quarta, e última, tipologia textual é a injunção, que nada mais é que uma prescrição sobre o que
dever ser feito e/ou como dever ser feito.

O texto injuntivo tenta controlar a ação de quem lê, por isso, muito frequentemente, aparece com a
utilização de imperativos.

Na injunção a linguagem utilizada geralmente é objetiva e direta, pois a intenção é apenas fazer com
que alguém compreenda as instruções dadas.

Algumas práticas comuns nos textos injuntivos: ordens, prescrições, proibições, sugestões e tutoriais.

Exemplos De Narração

Agora que você conhece as principais características de cada tipologia textual, vamos ver alguns
exemplos de cada tipologia, para aprender na prática como elas são construídas.

Para iniciar, um conto do escritor Luís Pimentel, retirada do livro “Grande homem mais ou menos”:

As Chuteiras Do Pai

Do pai, só conheceu a fama. Sabia que tinha sido o maior apoiador que a cidade já vira jogar,
envergando a camisa do Esporte Clube Simpatia e também a da seleção local, nos famosos
campeonatos intermunicipais.

Partiu cedo, o pai, e quase não pôde deixar. Ficaram algumas dívidas para a mãe saldar e um par de
chuteiras para ele. O sonho era vestir a camisa do Simpatia e calçar as chuteiras do pai, tão logo os
pés estivessem no ponto. Quando sentiu finalmente o couro ajustado ao meião, caprichou na graxa e
na flanela pouco antes de entrar no campo do bairro. As chuteiras do pai brilhavam tanto quanto os
olhos do rapaz, cumprimentando os torcedores que se acotovelavam à beira do campo, ouvindo os
comentários:

– É filho do falecido. Estreia hoje no time, jogando na mesma posição e calçando as chuteiras que
foram dele.

So aos vinte anos de jogo encontrou a bola, assim mesmo para dar um passe mal feito. Pouco depois
a sobra na entrada da área, quando descia no apoio. A grande chance na falha do adversário, bola
sobrando na área, oferecida, era só bater de jeito.

Pegou mal com a esquerda e ainda pisou em um buraco com a direita, saindo um chutezinho fraco,
para fora. Caiu meio desengonçado e ouviu as gargalhadas dos torcedores.

Pediu substituição no intervalo e não voltou mais aos treinos. Tirou a poeira das chuteiras e mandou
consertar uma trava amassada. Guardou no armário, onde o pai guardava e de onde jamais deveria
ter saído.

Não daria para ele, era certo. Talvez para o filho dele, um dia, quem sabe.

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Outro exemplo interessante de narrativa é o famoso poema “Quadrilha”, de Carlos Drummond de


Andrade. Veja:

João amava Teresa que amava Raimundo


que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

OUTROS EXEMPLOS DE NARRAÇÃO: crônicas, novelas e romances.

Exemplos de Dissertação

Agora tratemos do texto dissertativo. Primeiro, um exemplo encontrado no Jornal Folha de São Paulo,
de autoria do colunista Bernardo Mello Franco. Trata-se de um texto dissertativo argumentativo:

A Farra Que Nunca Termina

Os tribunais de contas foram criados para evitar a pilhagem dos cofres públicos. Com frequência,
fazem o contrário. Tapam os olhos para os desvios e embolsam parte do dinheiro roubado.

Em março, a Polícia Federal promoveu uma faxina no Tribunal de Contas do Estado do Rio. Dos sete
conselheiros, cinco foram varridos para a cadeia. Um sexto, que delatou os comparsas, passou a
cumprir prisão domiciliar.

De acordo com as investigações, o grupo participou ativamente da quadrilha de Sérgio Cabral. O


governador armava as negociatas e repassava uma comissão aos fiscais corruptos. O propinoduto
operou em diversas áreas, da reurbanização de favelas à partilha de linhas de ônibus.

Todos os presos chegaram ao tribunal de contas por indicação política. Quatro foram deputados
estaduais. Os outros dois prestaram serviços a governos do PMDB. Ao menos um deles esteve na
memorável farra dos guardanapos em Paris.

A Operação Quinto do Ouro deu ao Rio uma chance de começar de novo. O governador Luiz
Fernando Pezão, herdeiro político de Cabral, preferiu ignorá-la. Na semana passada, ele indicou
outro deputado estadual para uma cadeira no TCE.

O escolhido, Edson Albertassi, é ninguém menos que o líder do governo na Assembleia. Está no
quinto mandato e, nas horas vagas, comanda uma rádio evangélica. Para surpresa de ninguém, é
filiado ao PMDB.

A oposição protestou contra a escolha. Pelo que determina a Constituição estadual, o governador
deveria ter indicado um auditor de carreira. Ele driblou a regra e optou por mais um político aliado.

Nesta segunda, o Tribunal de Justiça suspendeu a nomeação de Albertassi. Com isso, Pezão ganhou
outra oportunidade de nomear um fiscal independente. Ao que tudo indica, ele vai arremessá-la pela
janela. Cabral já foi condenado a 72 anos de prisão, mas a farra do PMDB fluminense não terminou.

Para um texto dissertativo expositivo, podemos considerar uma reportagem jornalística. Veja essa da
Agência Brasil:

Corpo De Baleia Encalhada Atrai Curiosidade De Banhistas Em Praia Do Rio

Os frequentadores da Praia do Arpoador, em Ipanema, na zona sul do Rio, foram surpreendidos esta
manhã com uma baleia morta, encalhada, perto da área de arrebentação da praia. Eles acionaram o
Corpo de Bombeiros, que deslocou uma equipe do Grupamento Marítimo de Copacabana (Gmar),
que está no local fazendo o trabalho de prevenção, isolando a área.

O Corpo de Bombeiros informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que já acionou o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para que mande pessoal

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especializado ao local. A assessoria não soube informar qual a espécie de baleia e se ela morreu ao
ficar encalhada ou se já estava morta e foi levada para a área de arrebentação pela correnteza.

Neste momento, a presença do corpo da baleia encalhada atrai a curiosidade de banhistas que se
concentram no Posto 8 da orla da Praia de Ipanema. A Guarda Civil do Rio também ajuda no trabalho
de isolamento. Os bombeiros aguardam a chegada do pessoal do Ibama para saber como o animal
morto será retirado da água.

OUTROS EXEMPLOS DE DISSERTAÇÃO: artigos científicos, reportagens e editoriais.

Exemplo de Descrição

Para a tipologia descritiva, selecionei a descrição de um hotel espanhol, o Condes de Barcelona:

Perfeitamente situado em pleno Paseo de Gracia, principal artéria comercial da cidade e no coração
da parte modernista de Barcelona, em frente a La Pedrera de Gaudí. A escassos minutos
encontram-se a Plaza Catalunya e o centro histórico da cidade, bem como muitos outros pontos de
interesse que fazem de Barcelona uma das cidades mais atractivas e cosmopolitas.

O hotel ocupa um antigo palácio do século XIX – Casa Daurella – ampliado e atualizado com o
máximo rigor arquitectónico para criar um hotel moderno, funcional e de grande categoria no qual
coexistem a arte e a singularidade do passado com o conforto mais actual.

O Hotel é uma referência gastronómica de prestígio a cargo de Martín Berasategui que assessora e
supervisiona toda a Restauração do Hotel.

Exemplo de Injunção

Agora, a tipologia injuntiva, que podemos ter como exemplo uma simples bula de remédio. A seguir,
trechos da bula do Ácido Acetilsalicílico:

O ácido acetilsalicílico é um remédio analgésico e anti-inflamatório, conhecido comercialmente como


Aspirina, que também pode ser usado como antitérmico e antiplaquetário.

O Ácido Acetilsalicílico é indicado como:

• Analgésico e antipirético nos casos de dor de cabeça, nevralgias, pós-operatórios, entorses,


distensões e contusões, cólicas menstruais, dores de dente, resfriados e diversos estados febris;

• Anti-inflamatório na artrite reumática, osteoartrites, entre outras inflamações;

• Anti-agregante plaquetário, tornando o sangue mais fino.

O modo de uso do Ácido Acetilsalicílico pode ser:

Comprimidos de 500 mg:

• Adultos: 1 a 2 comprimidos de 500 mg a cada 4 a 8 horas, não excedendo 8 comprimidos de 500


mg por dia.

• A partir de 12 anos: 1 comprimido de 500 mg, se necessário até 3 vezes por dia a cada 4 a 8 horas.

OUTROS EXEMPLOS DE INJUNÇÃO: manuais, guias, tutoriais, textos publicitários.

Tipologia Textual: Conheça Os 5 Tipos Textuais e as Principais Características e Regras


Gramaticais de Cada Tipo

Sempre cai nas provas o assunto “Tipologia textual” (Tipos textuais) mas muita gente confunde
com “Gêneros Textuais” (gêneros discursivos).

Querem dizer a mesma coisa?

Não.

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Estas são duas classificações que recebem os textos que produzimos a longo de nossa vida, seja na
forma oral ou escrita.

Sendo que a primeira leva em consideração estruturas específicas de cada tipo, ou seja, seguem
regras gramaticais, algo mais formal.

Já a segunda preocupa-se não em classificar um texto por regras, mas sim levando em consideração
a finalidade do texto; o papel dos interlocutores; a situação de comunicação. São inúmeros os
gêneros textuais: Piada, conto, romance, texto de opinião, carta do leitor, noticia, biografia, seminário,
palestras, etc.

O Que É Tipologia Textual?

Como dito anteriormente, são as classificações recebidas por um texto de acordo com as regras
gramaticais, dependendo de suas características. São as classificações mais clássicas de um texto:
A narração, a descrição e a dissertação. Hoje já se admite também a exposição e a injunção. Ao
todo são 5 (cinco) tipos textuais.

Narração

Ao longo de nossa vida estamos sempre relatando algo que nos aconteceu ou aconteceu com outros,
pois nosso dia-a-dia é feito de acontecimentos que necessitamos contar/relatar. Seja na forma escrita
ou na oralidade, esta é a mais antiga das tipologias, vem desde os tempos das cavernas quando o
homem registrava seus momentos através dos desenhos nas paredes.

Regra gramatical para este tipo de texto (NARRAÇÃO):

Narrar é contar uma história que envolve personagens e acontecimentos. São apresentadas ações e
personagens: O que aconteceu, com quem, como, onde e quando.

Segue a seguinte estrutura:

NARRAÇÃO/NARRAR Personagens (com quem/ quem vive a história – reais ou imaginários)


(CONTAR) Enredo (o que/ como – fatos reais ou imaginários)
Espaço (onde? /quando? )

Exemplo:

Minha Vida De Menina

Faço hoje quinze anos. Que aniversário triste! Vovó chamou-me cedo, ansiada como está, coitadinha
e disse: "Sei que você vai ser sempre feliz, minha filhinha, e que nunca se esquecerá de sua
avozinha que lhe quer tanto". As lágrimas lhe correram pelo rosto abaixo e eu larguei dos braços dela
e vim desengasgar-me aqui no meu quarto, chorando escondida.

Como eu sofro de ver que mesmo na cama, penando com está, vovó não se esquece de mim e de
meus deveres e que eu não fui o que deveria ter sido para ela! Mas juro por tudo, aqui nesta hora,
que eu serei um anjo para ela e me dedicarei a esta avozinha tão boa e que me quer tanto.

Vou agora entrar no quarto para vê-la e já sei o que ela vai dizer: "Já estudou suas lições? Então vá
se deitar, mas antes procure alguma coisa para comer. Vá com Deus". Helena Morley

DESCRIÇÃO

a intenção deste tipo de texto é que o interlocutor possa criar em sua mente uma imagem do que está
sendo descrito. Podemos utilizar alguns recursos auxiliares da descrição. São eles:

A-) A enumeração:

Pela enumeração podemos fazer um “retrato do que está sendo descrito, pois dá uma ideia de
ausência de ações dentro do texto.

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B-) A comparação:

Quando não conseguimos encontrar palavras que descrevam com exatidão o que percebemos,
podemos utilizar a comparação, pois este processo de comparação faz com que o leitor associe a
imagem do que estamos descrevendo, já que desperta referências no leitor. Utilizamos comparações
do tipo: o objeto tem a cor de ..., sua forma é como ..., tem um gosto que lembra ..., o cheiro parece
com ..., etc.

C-) Os cinco sentidos:

Percebemos que até mesmo utilizando a comparação para poder descrever, estamos utilizando
também os cinco sentidos: Audição, Visão, Olfato, Paladar, Tato como auxílio para criação desta
imagem, proporcionando que o interlocutor visualize em sua mente o objeto, o local ou a pessoa
descrita.

Por exemplo: Se você fosse descrever um momento de lazer com seus amigos numa praia. O que
você perceberia na praia utilizando a sua visão (a cor do mar neste dia, a beleza das pessoas à sua
volta, o colorido das roupas dos banhistas) e a sua audição (os sons produzidos pelas pessoas ao
redor, por você e pelos seus amigos, pelos ambulantes). Não somente estes dois, você pode utilizar
também os outros sentidos para caracterizar o objeto que você quer descrever.

Regra Gramatical para este tipo de texto (Descrição):

Descrever é apresentar as características principais de um objeto, lugar ou alguém.

Pode ser:

Objetiva: Predomina a descrição real do objeto, lugar ou pessoa descrita. Neste tipo de descrição
não há a interferência da opinião de quem descreve, há a tendência de se privilegiar o que é visto,
em detrimento do sujeito que vê.

Subjetiva: aparecem, neste tipo de descrição, as opiniões, sensações e sentimentos de quem


descreve pressupondo que haja uma relação emocional de quem descreve com o que foi descrito.

Características do texto descritivo

• - É um retrato verbal

• - Ausência de ação e relação de anterioridade ou posterioridade entre as frases

• - As classes gramaticais mais utilizadas são: substantivos, adjetivos e locuções adjetivas

• - Como na narração há a utilização da enumeração e comparação

• - Presença de verbos de ligação

• - Os verbos são flexionados no presente ou no pretérito (passado)

• - Emprego de orações coordenadas justapostas

A estrutura do texto descritivo

A descrição apresenta três passos básicos:

1. 1- Introdução: apresentação do que se pretende descrever.

2. 2- Desenvolvimento: caracterização subjetiva ou objetiva da descrição.

3. 3- Conclusão: finalização da apresentação e caracterização de algo.

Exemplo:

Alguns dados sobre Rudy Steiner

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“Ele era oito meses mais velho do que Liesel e tinha pernas ossudas, dentes afiado, olhos azuis
esbugalhados e cabelos cor de limão. Como um dos seis filhos dos Steiner, estava sempre com
fome. Na rua Himmel, era considerado meio maluco ...”

DISSERTAÇÃO

Podemos dizer que dissertar é falar sobre algo, sobre determinado assunto; é expor; é debater. Este
tipo de texto apresenta a defesa de uma opinião, de um ponto de vista, predomina a apresentação
detalhada de determinados temas e conhecimentos.

Para construção deste tipo de texto há a necessidade de conhecimentos prévios do assunto/tema


tratado.

Regra gramatical para esse tipo de texto (Dissertação):

Dissertar é expor os conhecimentos que se tem sobre um assunto ou defender um ponto de vista
sobre um tema, por meio de argumentos.

Estrutura da dissertação

EXPOSITIVA ARGUMENTATIVA
Predomínio da exposição, Predomínio do uso de argumentos,
explicação visando o convencimento, à adesão do
leitor.

Introdução Apresentação do assunto sobre o Apresentação do assunto sobre o qual se


qual se escreve (Apresentação da escreve (apresentação da tese) e do
tese). ponto de vista assumido em relação a ele.

Desenvolvimento Exposição das informações e A fundamentação do ponto de vista e sua


conhecimentos a respeito do defesa com argumentos. (Defende-se a
assunto (é o momento da tese proposta)
discussão da tese)

Conclusão Finalização do texto, com o Retomada do ponto de vista para fechar o


encerramento do que foi dito texto de modo mais persuasivo

Exemplo:

Redução da maioridade penal, grande falácia

O advogado criminalista Dalio Zippin Filho explica por que é contrário à mudança na maioridade
penal.

Diuturnamente o Brasil é abalado com a notícia de que um crime bárbaro foi praticado por um
adolescente, penalmente irresponsável nos termos do que dispõe os artigos 27 do CP, 104 do ECA e
228 da CF. A sociedade clama por maior segurança. Pede pela redução da maioridade penal, mas
logo descobrirá que a criminalidade continuará a existir, e haverá mais discussão, para reduzir para
14 ou 12 anos. Analisando a legislação de 57 países, constatou-se que apenas 17% adotam idade
menor de 18 anos como definição legal de adulto.

Se aceitarmos punir os adolescentes da mesma forma como fazemos com os adultos, estamos
admitindo que eles devem pagar pela ineficácia do Estado, que não cumpriu a lei e não lhes deu a
proteção constitucional que é seu direito. A prisão é hipócrita, afirmando que retira o indivíduo infrator
da sociedade com a intenção de ressocializá-lo, segregando-o, para depois reintegrá-lo. Com a
redução da menoridade penal, o nosso sistema penitenciário entrará em colapso.

Cerca de 85% dos menores em conflito com a lei praticam delitos contra o patrimônio ou por atuarem
no tráfico de drogas, e somente 15% estão internados por atentarem contra a vida. Afirmar que os
adolescentes não são punidos ou responsabilizados é permitir que a mentira, tantas vezes dita,
transforme-se em verdade, pois não é o ECA que provoca a impunidade, mas a falta de ação do

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Estado. Ao contrário do que muitos pensam, hoje em dia os adolescentes infratores são punidos com
muito mais rigor do que os adultos.

Apresentar propostas legislativas visando à redução da menoridade penal com a modificação do


disposto no artigo 228 da Constituição Federal constitui uma grande falácia, pois o artigo 60, § 4º,
inciso IV de nossa Carta Magna não admite que sejam objeto de deliberação de emenda à
Constituição os direitos e garantias individuais, pois se trata de cláusula pétrea.

A prevenção à criminalidade está diretamente associada à existência de políticas sociais básicas e


não à repressão, pois não é a severidade da pena que previne a criminalidade, mas sim a certeza de
sua aplicação e sua capacidade de inclusão social.
Dalio Zippin Filho é advogado criminalista. 10/06/2013
Texto publicado na edição impressa de 10 de junho de 2013

Exposição

Aqueles textos que nos levam a uma explicação sobre determinado assunto, informa e esclarece sem
a emissão de qualquer opinião a respeito, é um texto expositivo.

Regras gramaticas para este tipo textual (Exposição):

Neste tipo de texto são apresentadas informações sobre assuntos e fatos específicos; expõe ideias;
explica; avalia; reflete. Tudo isso sem que haja interferência do autor, sem que haja sua opinião a
respeito. Faz uso de linguagem clara, objetiva e impessoal. A maioria dos verbos está no presente do
indicativo.

Exemplos: Notícias Jornalísticas

Injunção

Os textos injuntivos estão presentes em nossa vida nas mais variadas situações, como por exemplo
quando adquirimos um aparelho eletrônico e temos que verificar manual de instruções para o
funcionamento, ou quando vamos fazer um bolo utilizando uma receita, ou ainda quando lemos a
bula de um remédio ou a receita médica que nos foi prescrita. Os textos injuntivos são aqueles textos
que nos orientam, nos ditam normas, nos instruem.

Regras gramaticais para este tipo de texto (Injunção):

Como são textos que expressão ordem, normas, instruções tem como característica principal a
utilização de verbos no imperativo. Pode ser classificado de duas formas:

-Instrucional: O texto apresenta apenas um conselho, uma indicação e não uma ordem.

-Prescrição: O texto apresenta uma ordem, a orientação dada no texto é uma imposição.

Exemplo:

Bolo De Cenoura

Ingredientes
Massa
3 unidades de cenoura picadas
3 unidades de ovo
1 xícaras (chá) de óleo de soja
3 xícaras (chá) de farinha de trigo
2 xícaras (chá) de açúcar
1 colheres (sopa) de fermento químico em pó
Cobertura
1/2 xícara (chá) de leite
5 colheres (sopa) de achocolatado em pó
4 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sopa) de Margarina

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Como fazer
Massa
Coloque os ingredientes no liquidificador, e acrescente aos poucos a farinha.
Leve para assar em uma forma untada.
Depois de assado cubra com a cobertura.
Cobertura
Misture todos os ingredientes e leve ao fogo e deixe ferver até engrossar.

Breve Resumo Para Fixação

Narração: Personagens, Enredo, Espaço...

Descrição: Enumeração, Comparação, Retrato Verbal...

Dissertação: Expositiva, Argumentativa, Debater...

Injunção: Instrucional (Manuais, Receitas, Bulas...)

Exposição: Fatos, Impessoal (Notícias Jornalísticas)

Intertextualidade

A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou seja, é a influência e relação que um


estabelece sobre o outro. Assim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção de
textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos existentes em outro texto, seja a nível
de conteúdo, forma ou de ambos: forma e conteúdo.

Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de forma que essa relação pode ser
estabelecida entre as produções textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva,
escrita), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, dança, cinema),
propagandas publicitárias, programas televisivos, provérbios, charges, dentre outros.

Tipos de Intertextualidade

Há muitas maneiras de realizar a intertextualidade sendo que os tipos de intertextualidade mais


comuns são:

• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmente, em forma de crítica irônica de caráter
humorístico. Do grego (parodès) a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (semelhante) e
“odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante à outra”. Esse recurso é muito utilizado pelos
programas humorísticos.

• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a mesma ideia contida no texto original,
entretanto, com a utilização de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis),
significa a “repetição de uma sentença”.

• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras, textos científicos, desde artigos, resenhas,
monografias, uma vez que consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma
relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos
“epi” (posição superior) e “graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre Patrimônio
Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): "A cultura é o melhor conforto para a
velhice".

• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção textual, de forma que dialoga com
ele; geralmente vem expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor.
Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem relacionar a fonte utilizada é
considerado “plágio”. Do Latim, o termo “citação” (citare) significa convocar.

• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros textos. Do Latim, o vocábulo “alusão”
(alludere) é formado por dois termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).

Outras formas de intertextualidade são o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem.

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TIPOLOGIA TEXTUAL

Entenda mais sobre as diferenças entre a Parodia e a Paráfrase.

Exemplos

Segue abaixo alguns exemplos de intertextualidade na literatura e na música:

Intertextualidade na Literatura

Fenômeno recorrente nas produções literárias, segue alguns exemplos de intertextualidade.

O poema de Casimiro de Abreu (1839-1860), “Meus oito anos”, escrito no século XIX, é um dos
textos que gerou inúmeros exemplos de intertextualidade, como é o caso da paródia de Oswald de
Andrade “Meus oito anos”, escrito no século XX:

Texto Original

“Oh! que saudades que tenho


Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!”

(Casimiro de Abreu, “Meus oito anos”)

Paródia

“Oh que saudades que eu tenho


Da aurora de minha vida
Das horas
De minha infância
Que os anos não trazem mais
Naquele quintal de terra!
Da rua de Santo Antônio
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais”

(Oswald de Andrade)

Outro exemplo é o poema de Gonçalves Dias (1823-1864) intitulado Canção do Exílio o qual já
rendeu inúmeras versões. Dessa forma, segue um dos exemplos de paródia, o poema de Oswald de
Andrade (1890-1954), e de paráfrase com o poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987):

Texto Original

“Minha terra tem palmeiras


Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.”

(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”)

Paródia

“Minha terra tem palmares


onde gorjeia o mar
os passarinhos daqui
não cantam como os de lá.”

(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”)

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Paráfrase

“Meus olhos brasileiros se fecham saudosos


Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!”

(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”)

Intertextualidade na Música

Há muitos casos de intertextualidade nas produções musicais, veja alguns exemplos:

A música “Monte Castelo” da banda legião urbana cita os versículos bíblicos 1 e 4, encontrados no
livro de Coríntios, no capítulo 13: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não
tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine” e “O amor é sofredor, é benigno;
o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece”. Além disso, nessa
mesma canção, ele cita os versos do escritor português Luís Vaz de Camões (1524-1580),
encontradas na obra “Sonetos” (soneto 11):

“Amor é um fogo que arde sem se ver;


É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se e contente;
É um cuidar que ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”

Coesão E Coerência

A Coesão e a Coerência são mecanismos fundamentais na construção textual.

Para que um texto seja eficaz na transmissão da sua mensagem é essencial que faça sentido para o
leitor.

Além disso, deve ser harmonioso, de forma a que a mensagem flua de forma segura, natural e
agradável aos ouvidos.

Coesão Textual

A coesão é resultado da disposição e da correta utilização das palavras que propiciam a ligação entre
frases, períodos e parágrafos de um texto. Ela colabora com sua organização e ocorre por meio de
palavras chamadas de conectivos.

Mecanismos De Coesão

A coesão pode ser obtida através de alguns mecanismos: anáfora e catáfora.

A anáfora e a catáfora se referem à informação expressa no texto e, por esse motivo, são
qualificadas como endofóricas.

Enquanto a anáfora retoma um componente, a catáfora o antecipa, contribuindo com a ligação e a


harmonia textual.

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TIPOLOGIA TEXTUAL

Algumas Regras

Confira abaixo algumas regras que garantem a coesão textual:

Referência

• Pessoal: utilização de pronomes pessoais e possessivos. Exemplo: João e Maria


casaram. Eles são pais de Ana e Beto. (Referência pessoal anafórica)

• Demonstrativa: utilização de pronomes demonstrativos e advérbios. Exemplo: Fiz todas as


tarefas, com exceção desta: arquivar a correspondência. (Referência demonstrativa catafórica)

• Comparativa: utilização de comparações através de semelhanças. Exemplo: Mais um


dia igual aos outros… (Referência comparativa endofórica)

Substituição

Substituir um elemento (nominal, verbal, frasal) por outro é uma forma de evitar as repetições.

Exemplo: Vamos à prefeitura amanhã, eles irão na próxima semana.

Observe que a diferença entre a referência e a substituição está expressa especialmente no fato de
que a substituição acrescenta uma informação nova ao texto.

No caso de “João e Maria casaram. Eles são pais de Ana e Beto”, o pronome pessoal referencia as
pessoas João e Maria, não acrescentando informação adicional ao texto.

Elipse

Um componente textual, quer seja um nome, um verbo ou uma frase, pode ser omitido através da
elipse.

Exemplo: Temos ingressos a mais para o concerto. Você os quer?

(A segunda oração é perceptível mediante o contexto. Assim, sabemos que o que está sendo
oferecido são ingressos para o concerto.)

Conjunção

A conjunção liga orações estabelecendo relação entre elas.

Exemplo: Nós não sabemos quem é o culpado, mas ele sabe. (adversativa)

Coesão Lexical

A coesão lexical consiste na utilização de palavras que possuem sentido aproximado ou que
pertencem a um mesmo campo lexical. São elas: sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos, entre
outros.

Exemplo: Aquela escola não oferece as condições mínimas de trabalho. A instituiçãoestá


literalmente caindo aos pedaços.

Coerência Textual

A Coerência é a relação lógica das ideias de um texto que decorre da sua argumentação - resultado
especialmente dos conhecimentos do transmissor da mensagem.

Um texto contraditório e redundante ou cujas ideias iniciadas não são concluídas, é um texto
incoerente. A incoerência compromete a clareza do discurso, a sua fluência e a eficácia da leitura.

Assim a incoerência não é só uma questão de conhecimento, decorre também do uso de tempos
verbais e da emissão de ideias contrárias.

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Exemplos:

• O relatório está pronto, porém o estou finalizando até agora. (processo verbal acabado e inacabado)

• Ele é vegetariano e gosta de um bife muito mal passado. (os vegetarianos são assim classificados
pelo fato de se alimentar apenas de vegetais)

Fatores de Coerência

São inúmeros os fatores que contribuem para a coerência de um texto, tendo em vista a sua
abrangência. Vejamos alguns:

Conhecimento de Mundo

É o conjunto de conhecimento que adquirimos ao longo da vida e que são arquivados na nossa
memória.

São o chamados frames (rótulos), esquemas (planos de funcionamento, como a rotina alimentar: café
da amanhã, almoço e jantar), planos (planejar algo com um objetivo, tal como jogar um
jogo), scripts (roteiros, tal como normas de etiqueta).

Exemplo: Peru, Panetone, frutas e nozes. Tudo a postos para o Carnaval!

Uma questão cultural nos leva a concluir que a oração acima é incoerente. Isso porque “peru,
panetone, frutas e nozes” (frames) são elementos que pertencem à celebração do Natal e não à festa
de carnaval.

Inferências

Através das inferências, as informações podem ser simplificadas se partimos do pressuposto que os
interlocutores partilham do mesmo conhecimento.

Exemplo: Quando os chamar para jantar não esqueça que eles são indianos. (ou seja, em princípio,
esses convidados não comem carne de vaca)

Fatores De Contextualização

Há fatores que inserem o interlocutor na mensagem providenciando a sua clareza, como os títulos de
uma notícia ou a data de uma mensagem.

Exemplo:
— Está marcado para às 10h.
— O que está marcado para às 10h? Não sei sobre o que está falando.

Informatividade

Quanto maior informação não previsível um texto tiver, mais rico e interessante ele será. Assim, dizer
o que é óbvio ou insistir numa informação e não desenvolvê-la, com certeza desvaloriza o texto.

Exemplo: O Brasil foi colonizado por Portugal.

Princípios Básicos

Após termos visto os fatores acima, é essencial ter em atenção os seguintes princípios para se obter
um texto coerente:

• Princípio da Não Contradição - ideias contraditórias

• Princípio da Não Tautologia - ideias redundantes

• Princípio da Relevância - ideias que se relacionam

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TIPOLOGIA TEXTUAL

Diferença Entre Coesão E Coerência

Coesão e coerência são coisas diferentes, de modo que um texto coeso pode ser incoerente. Ambas
têm em comum o fato de estarem relacionadas com as regras essenciais para uma boa produção
textual.

A coesão textual tem como foco a articulação interna, ou seja, as questões gramaticais. Já a
coerência textual trata da articulação externa e mais profunda da mensagem.

Análise Linguística E Produção De Textos: Reflexão Em Busca De Autoria

O processo de elaboração de qualquer texto, seja ele escrito, seja oral ou multimodal, envolve mais
que criação, mais que inspiração. Envolve essencialmente trabalho sobre e com a linguagem. Esse
trabalho se traduz em atividade analítica e reflexiva dos sujeitos, nas múltiplas refações do texto.

Do ponto de vista da mediação pedagógica, tal trabalho se materializa nas práticas de análise
linguística. Diferentemente do trabalho das aulas convencionais de gramática, que privilegiam as
classificações e a correção linguística, a análise linguística se preocupa em auxiliar os alunos a
dominar recursos linguísticos e a refletir sobre em que medida certas palavras, expressões,
construções e estratégias discursivas podem ser mais ou menos adequadas ao seu projeto de dizer,
auxiliando na ampliação das capacidades de leitura e na produção textual dos alunos.

Assim, a reflexão sobre a linguagem tomando como objeto o próprio texto que se está elaborando
exige que o aluno analise possíveis (in)adequações das escolhas linguísticas – ao gênero, ao tema
em foco, à formalidade esperada etc. –, sua força expressiva ou eficácia argumentativa. Trata-se,
portanto, de uma atividade linguageira essencial nas diversas etapas da produção.

A prática de análise linguística pode se converter numa ferramenta importante para auxiliar os alunos
na percepção dos pontos Análise linguística e produção de textos: refl exão em busca de autoria
Márcia Mendonça em que podem melhorar seu texto e na mobilização dos conhecimentos que lhes
permitam fazer as mudanças devidas. Muito comumente, a ação dos alunos se dirige para os
aspectos mais “visíveis” dos textos escritos, para os ajustes mais salientes a serem feitos, quanto a
convenções da escrita e atendimento à norma linguística de prestígio, por exemplo, ortografia,
indicação gráfica de parágrafos, uso de letras maiúsculas, concordância e regência. Sem esquecer a
importância desses cuidados formais, é necessário também que os alunos saibam observar questões
de outra natureza, mais complexas, seja porque se estendem para unidades maiores – parágrafo ou
texto –, seja porque envolvem aspectos do discurso, ultrapassando o domínio daquele texto em
especial.

Uma das capacidades necessárias a quem produz um texto é avaliar a pertinência dos registros de
linguagem para determinado gênero. Por exemplo, o uso do verbo ordenar para fazer uma solicitação
em uma carta formal, dirigida a uma autoridade, parece inadequado. Embora a reflexão se dirija a
uma palavra (ordenar), a avaliação quanto ao seu uso remete à situação comunicativa como um todo:
o gênero Carta de solicitação formal, o interlocutor a quem se dirige, a finalidade dessa carta.

O investimento na ampliação das capacidades reflexivas dos alunos pode se dar antes do momento
de produção, durante ou depois dele, de forma mais ou menos integrada aos momentos de
escrita/elaboração de textos.

Antes da produção, em aulas dedicadas à leitura ou aos conhecimentos linguísticos, ainda que o alvo
imediato não sejam os textos dos alunos, estes ganham ao se apropriarem de recursos e estratégias
discursivas que passam a compor o seu rol de conhecimentos linguísticos e habilidades. Quando o
professor explora, na aula de leitura, os efeitos da ironia para a construção da argumentação, com
análise de exemplos, comparação de ocorrências, pesquisa de outros exemplos em fontes diversas,
criação de paráfrases irônicas, entre outras possíveis atividades, permite aos alunos perceber a
eficácia e os limites desse recurso, os diversos modos como se constroem enunciados irônicos,
conhecimentos que poderão ser estrategicamente usados nas suas produções. Investe-se
em atividades metalinguísticas – sobre a linguagem e seu funcionamento – para auxiliar as atividades
epilinguísticas, aquelas nas quais o aluno reflete sobre os usos que fez ou pretende fazer no texto
que está elaborando.

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TIPOLOGIA TEXTUAL

Benefício semelhante pode trazer um trabalho reflexivo com a constituição morfológica de palavras –
radical e afixos – que saliente a semelhança ortográfica e semântica de palavras, de acordo com a
permanência do radical (as denominadas “palavras da mesma família”, como lesão, lesionar,
lesionado) ou dos afixos (prefixos, sufixos e infixos). Por exemplo, os substantivos abstratos chatice,
meninice e velhice trazem o sufixo ICE, que se escreve com C. Na produção, caso o aluno tenha
dúvida sobre a escrita de gulodice, por exemplo, poderá lembrar do que estudou nas outras aulas
(claro, desde que tenha sido uma abordagem que privilegie o percurso de percepção da regularidade
até a construção mediada da regra). No caso, a regularidade morfológica é a grafia do sufixo ICE,
usado em substantivos abstratos que designam qualidade ou estado de algo.

Durante a produção, espera-se que o aluno seja positivamente tensionado, pondo em xeque
possíveis (in)adequações dos recursos linguísticos e estratégias discursivas que pretende mobilizar,
diante do quadro mais geral da situação comunicativa. Isso significa avaliar se determinado uso
linguístico é mais ou menos adequado e estratégico e que efeitos de sentido pode produzir, tendo em
vista um conjunto de fatores interligados:

1. aquilo que pretende dizer;

2. gênero escolhido/solicitado;

3. os interlocutores, seus papéis sociais e a rede de relações de poder aí envolvidas;

4. as finalidades dessa interação verbal específica;

5. tom que deseja imprimir ao seu discurso (enfático, conciliador, irônico etc.);

6. o investimento estético com a linguagem, entre outros aspectos da produção discursiva.

Para produzir um artigo de divulgação científica, destinado a crianças, o aluno pode se deparar com
dúvidas do tipo qual o grau de aprofundamento do tema a ser tratado? Como “traduzir” para esses
leitores os conceitos mais complexos? Que estratégias de envolvimento do leitor usar? E isso envolve
escolhas linguísticas bem específicas. Um exemplo é o uso das explicações de conceitos. O que
explicaria melhor na situação comunicativa específica: paráfrases, analogias, exemplos, desenhos
esquemáticos etc.? E como inserir essas explicações no texto: entre parênteses, após dois pontos,
em boxes, em citações de falas de especialistas, quando for o caso? Decidir a respeito de o que
explicar, o quanto explicar, como explicar, quando explicar e como textualizar essa explicação no
texto envolve pôr na balança os ganhos e perdas de tais escolhas, tendo em vista os fatores já
mencionados.

A análise linguística pode ter ainda um papel muito importante nas devolutivas dos textos, já lidos e
comentados pelo professor ou por outros avaliadores/revisores (alunos, grupos de alunos, outras
pessoas). Nesse momento, chegam aos estudantes indicações de aspectos para aprimorar seu texto
que lhe escaparam anteriormente por serem, provavelmente, mais opacos, menos perceptíveis a
esses autores. Assim, indicações qualificadas dos pontos a serem ajustados podem detonar
processos reflexivos poderosos e fundamentais na ampliação das capacidades discursivas dos
alunos, desde que contem com a mediação docente adequada.

O ato de tornar saliente para o aluno um problema textual é muito distinto de apenas indicar que há
um problema em determinado trecho. Em se tratando de coesão, por exemplo, mais que destacar um
período e escrever “problema de coesão” na margem da folha (ou da tela), é preciso delimitar
especificamente a sua natureza – por exemplo, uso indevido de pontuação, conjunção, modo/ tempo
verbal, ou falta de paralelismo. Dessa forma, a revisão e a refação do texto podem ser preciosas
oportunidades para aprender, não apenas para higienizar o que foi escrito.

As atividades de análise linguística, seja em caráter prospectivo, quando ocorrem antes da produção;
seja em caráter retrospectivo, após o texto ter sido elaborado e avaliado ou durante a produção,
podem ser de grande importância para ampliar a apropriação, por parte dos alunos, das habilidades e
dos conhecimentos necessários para rever e aprimorar as suas produções, movimento que mesmo
os mais proficientes autores fazem ao longo de toda a vida. Os impactos das práticas de análise
linguística sobre a qualidade dos textos produzidos na escola são proporcionais à natureza reflexiva
de tais atividades: ao induzir os alunos a perceberem os efeitos e/ou as regularidades dos usos
linguísticos, contribui-se para que sintam a sua língua, cada vez mais sua.

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