Artigo Da Tese - Enviado Enanpad
Artigo Da Tese - Enviado Enanpad
Artigo Da Tese - Enviado Enanpad
Resumo
1. Introdução
1
2. Teoria da decisão
5
Já o envolvimento responsivo foi definido por Houston e Rothschild (1977: p4) como
“a complexidade dos processos cognitivos e comportamentais que caracterizam o processo de
decisão do consumidor em geral”. Neste sentido o envolvimento responsivo não é um
moderador de comportamentos e sim o próprio comportamento em si.
Outros autores, como Zaichkowsky (1985,1994) e Park e Mittal (1985), sugerem outra
forma de compreensão dos tipos de envolvimento. Tais autores consideram que o interesse do
indivíduo por um produto pode advir de motivações cognitivas e afetivas. Os motivos
cognitivos envolvem aspectos funcionais do produto, bem como a avaliação de custo x
benefício. Já os motivos afetivos envolvem os aspectos simbólicos e emocionais do produto.
Apesar da tentativa de diversos autores em definir conceitos e tipos de envolvimento,
Rothchild (1984) afirma que não são necessárias mais definições e sim esforços de pesquisa
que visem a aplicação de escalas e coleta de dados empíricos sobre envolvimento. Neste
sentido, vários autores buscaram desenvolver escalas para medir o envolvimento, dos quais
destacam-se Zaichkowsky (1985,1994;) e Kapferer e Laurent (1985).
Laurent e Kapferer (1985) consideram que o envolvimento é uma variável complexa,
que não pode ser compreendida por meio de apenas um fator. Tais autores sugerem quatro
fatores ou antecedentes para o envolvimento: (1) A importância percebida do produto; (2) O
risco percebido associado à compra do produto; (3) A probabilidade do risco; (4) O valor
simbólico atribuído pelo consumidor ao produto, sua compra ou seu consumo e (5) O valor
hedônico do produto, seu apelo emocional e sua habilidade em fornecer prazer e afeto.
Baseados em tais fatores, os autores propuseram uma escala de 15 itens para a medição do
construto envolvimento, a CPI- Consumer Involvement Profile (Perfil de Envolvimento do
Consumidor).
Sob uma outra perspectiva, Zaichkowsky (1985) desenvolveu uma escala para medir o
que considera ser o fator central do envolvimento: a relevância pessoal. Sua escala foi
denominada PII - Personal Involvement Inventary (Inventário de Envolvimento Pessoal), e
em sua primeira versão era composta por vinte pares de adjetivos, que resultavam em um
fator único geral de envolvimento. A simplicidade da escala, e a possibilidade de aplicação
em diversos objetos, a tornou bastante atraente, e ela foi utilizada em muitos estudos.
Entretanto, alguns autores criticaram a redundância de alguns itens da escala, o que levou a
autora (Zaichkowsky, 1994) a realizar uma revisão da escala e propor uma versão reduzindo o
número de itens para dez pares de adjetivos, mantendo a consistência e confiabilidade do
instrumento.
A partir destas duas principais escalas (PII e CPI), Jain e Srinivasan (1990)
propuseram uma outra escala para medir o envolvimento: NIP- New Involvement Profile
(Novo Perfil de Envolvimento). A escala NIP é composta por 15 itens de diferencial
semântico, divididos em cinco fatores: relevância, prazer, valor simbólico, importância do
risco e probabilidade do risco.
6
Na atualidade, com a universalização do acesso às mídias tradicionais de massa, o
surgimento da internet, a diminuição das diferenças entre marcas e a globalização dos
mercados e consequente aumento de competidores nos diversos setores, verifica-se um
aumento cada vez maior na quantidade de informações relevantes e irrelevantes para a decisão
dos consumidores em seus ambientes de compra. O número crescente de produtos, bem como
a quantidade de informação transmitida por cada tipo promove uma sobrecarga que pode
confundir os consumidores e pode resultar em frustração, estresse e decisões sub-ótimas.
Conforme indicado por Schwartz (2004), uma série de estudos intitulados "Quando a
escolha é desmotivadora” apresentam resultados interessantes. Em dos estudos ficou
evidenciado que a exposição dos indivíduos a um grande número de opções reduz o índice de
compras do mesmo. Ainda em situações com um grande número de opções, o nível de
satisfação é menor que em situações com um número menor de opções.
Os autores do estudo especulam sobre várias explicações para esses resultados. Uma
grande variedade de opções pode desencorajar os consumidores porque força um aumento no
esforço para tomar uma decisão. Portanto, o consumidor acaba por decidir não decidir e acaba
não comprando o produto. Ou se o fizerem, o esforço que a decisão exige diminui o prazer
derivado dos resultados.
Segundo Schwartz (2004), um enigma se coloca em pauta: por que as pessoas não
podem simplesmente ignorar muitas ou algumas das opções, e tratar uma matriz com 30
opções como se fosse uma matriz de 6 opções?
Segundo o autor, existem várias respostas possíveis. Em primeiro lugar, uma indústria
de profissionais de marketing e anunciantes faz produtos difíceis ou impossíveis de ignorar.
Eles estão em exposição o tempo todo.
Em segundo lugar, os indivíduos têm uma tendência em olhar ao redor para o que os
outros estão fazendo e usá-los como padrão de comparação. Se a pessoa sentada ao lado em
um avião está usando um computador portátil compacto, extremamente leve, com uma tela
grande, cristalina, as opções de escolha para esse consumidor acabam de ser ampliadas.
Em terceiro lugar, parece fácil de adicionar apenas mais um item para a matriz das
opções que já estão sendo consideradas. Na verdade, o mais importante é que as pessoas não
vão ignorar alternativas se elas não percebem que muitas alternativas podem criar um
problema.
De fato, o qual seria então uma definição possível para esse fenômeno de confusão do
cosumidor? Do ponto de vista lingüístico, a confusão tem suas origens na literatura psico-
médica, aonde é usado para descrever uma perturbação da consciência, que pode deixar um
indivíduo inquieto e dispersivo para julgar o ambiente e agir erroneamente. A definição de
confusão do consumidor utilizada nesse estudo é a criada por Mitchell (1999): “Confusão do
consumidor é um estado mental que afeta o processamento de informações e o processo
decisório. O consumidor pode estar consciente ou não de tal processo”.
Para Turnbull et al. (2000), a confusão está ligada a um erro de interpretação de todas
as características do produto/serviço no processamento de informação gerando um não
entendimento e uma interpretação falha do mercado.
As definições se concentram em aspectos como similaridade e sobrecarga de
estímulos. O trabalho de Walsh et al (2007) inseriu a dimensão ambiguidade, indicando que
esses três elementos afetam negativamente a capacidade de decidir dos consumidores.
Segundo Turnbull et al. (2000), a confusão pode ocasionar insatisfação e consequentemente
menor índice de lealdade do consumidor, podendo inclusive afetar a imagem do produto.
Tais aspectos podem ser especialmente críticos em compras de alto envolvimento e
compras complexas onde existe uma tendência dos consumidores dedicarem mais tempo e
esforço na busca e processamento de informações existindo nesse sentido uma maior
possibilidade de tornarem-se sobrecarregados.
7
Isto porque o consumidor confuso tem maior probabilidade de abandonar, adiar a
compra, ou mudar para outras categorias de produtos nos quais ele se sente mais confortável
na escolha. Uma implicação final é que o consumidor confuso é ineficiente, não só na
escolha, mas também ao dar conselhos aos amigos. Ele pode transmitir informações negativas
através do boca-a-boca ou confundir outros consumidores com informações imprecisa e até
mesmo enganosa. (MITCHELL, 1999).
Portanto, é vital que as empresas tenham uma idéia clara não só do que causa a
confusão, mas também como poderiam ajudar os consumidores a simplificarem suas escolhas.
Nesse sentido, serão apresentados os conceitos de similaridade, sobrecarga de estímulos e
ambiguidade.
A confusão por similaridade é definida por Mitchell et al., (2005), como a falta de
entendimento e potencial alteração de uma escolha do consumidor ou uma incorreta
avaliação da marca causada pela similaridade física percebida de produtos ou serviços.
Nesse sentido, a similaridade da marca só causa confusão se os consumidores tiverem
conhecimento das duas ou mais marcas em questão. Já Walsh et al., (2007) definem a
propensão à confusão por similaridade como a propensão do consumidor para pensar que
produtos diferentes numa determinada categoria são visualmente e funcionalmente
similares.
A confusão por similaridade, no entanto, pode acontecer tanto em termos de marcas
que imitam quanto em termos de categorias de produtos de mesma marca. Algumas marcas
apresentam tantas categorias que causam um pouco de confusão quanto às diferenças
substanciais entre as alternativas de produtos. Além disso, quando não existe uma notória
diferenciação entre o significado das marcas e não existe uma evidente diferenciação nos
atributos do produto, também existe a geração de conflito na decisão.
As estratégias de imitação recorrem a diversos instrumentos que poderão ir desde a
cópia da aparência física do produto, até à imitação de outras variáveis do mix de marketing
tais como preço, distribuição e promoção, com vista a criarem confusão no consumidor. As
similaridades na mensagem sobre os produtos e mensagens promocionais, a utilização dos
mesmos canais de distribuição, estratégias de preços similares podem potencialmente causar
confusão na mente do consumidor.
Foxman et al., (1992) referem que, para os produtos de grande consumo, as
estratégias mais comuns, fonte de confusão da marca envolvem:
a ) a similaridade da identidade física da marca;
b ) a similaridade na mensagem comercial, dado que as mensagens sobre o produto e as
mensagens promocionais são estímulos frequentemente usados pelos consumidores
para diferenciarem marcas, logo têm probabilidade de desempenhar um papel
importante no processo de confusão da marca pelo consumidor;
c) similaridade ao nível dos canais de distribuição, uma vez que os produtos vendidos
através dos mesmos canais de distribuição estão mais sujeitos à confusão;
d) a estratégia de preço também afeta a confusão da marca, uma vez que produtos com
preço similar são percebidos como mais similares do que produtos com níveis diferentes
de preços.
Nas situações que envolvem similaridade, não existe uma alternativa clara, sendo uma
superior a outra. Tais situações promovem a postergação da decisão. Situações de conflito
podem causar demora na decisão ou acionamento de heurísticas como estratégias para redução
do fenômeno (TVERSKY E SHAFIR, 1992).
8
2.4.2 Confusão do Consumidor – Excesso de informações
3. Métodos e técnicas
12
Uma limitação para avaliar o perfil demográfico como moderador do relacionamento
entre envolvimento com o produto e grau de confusão do consumidor é o fato de tal perfil ser
composto por variávies que não estão em escala quantitativa e portanto têm sua utilização
limitada no âmbito das equações estruturais.
Como forma de permitir tal avaliação, o perfil do indivíduo foi obtido através da
técnica intitulada GoM (Grade of Membership) onde foi criada uma tipologia dos indivíduos.
Tal tipologia criada em duas etapas: a construção dos perfis extremos e o cálculo dos escores
de pertencimento de todos os indivíduos de cada perfil gerado.
O delineamento de perfis considera a associação não observada entre as categorias das
variáveis no modelo. São delineados dois ou mais perfis, denominados perfis extremos, que
correspondem a conjuntos fechados, clássicos, com todas as suas propriedades. A cada
indivíduo são atribuídos graus de pertencimento de cada elemento, denotados por gik, aos
perfis extremos. Valores entre 0 e 1 indicam que o indivíduo é um membro parcial do perfil
extremo. Não foi intuito desse estudo encontrar a força do perfil demográfico como moderador
mas tão somente atestar a sua existência como impactante na relação entre envolvimento com
o produto e confusão do consumidor. Diante disso, foram determinados dois perfis extremos
com as variáveis gênero, faixa etária, grau de escolaridade e faixa de renda e foi escolhido um
deles indistintamente como representante do perfil demográfico. Tal perfil pôde ser utilizada
diretamente com as equações estruturais por se tratar de uma variável contínua já que indica o
grau de pertencimento ao perfil extremos associado.
A significância dos coeficientes foi atestada através de um teste bootstrap com o
mesmo número de casos da amostra. Retirados os coeficientes não significativos, obteve-se
como resultado final o modelo apresentado na Figura 2.
13
5. Apresentação e análise dos resultados
6. Conclusão
Bazerman, Max H. Processo Decisório. 5. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004. 228 p
Bernoulli, D. (1738 [1954]). Specimen theoriae novae de mensura sortis. Commentari
Academiae Scientiarum Imperialis Petropolitanae 5, 175-192. Versão traduzida: Expositions
of a new theory on the measurement of risk. Econometrica, 22, 1954, 23-36.
Boudon, R. 1991. Individualisme et holisme dans les Sciences Sociales. In : BIRNBAUM, P.
& Leca, J. (dirs.). Sur l’individualisme. Paris: Fondation Nationale des Sciences Politiques.
Cosmides, L. & Tooby, J. (1992) "Cognitive adaptations for social exchange," in Barkow, J.,
Cosmides, L. & Tooby, J., (eds) (1992) The adapted mind: Evolutionary psychology and the
generation of culture (New York: Oxford University Press
Darwin, C. (1859). The origin of species. New York: Penguin Books.
Fonseca, M.; Rossi, C. O estudo do envolvimento com o produto em comportamento do
consumidor: fundamentos teóricos e proposição de uma escala para aplicação no Brasil. IN:
Anais do XXII Encontro da Associação Nacional de Pós-graduação em Administração –
ENANPAD, Foz do Iguaçu, 1998.
Foxman, Ellen R., Phil W. Berger, and Joseph A. Cole (1992), “Consumer Brand Confusion:
A Conceptual Framework” Psychology and Marketing , 9 (March/April), 123-141.
Gaad, G. . The evolutionary bases of consumption. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum. 2007
Hair, J. F.; Anderson, R. E.; Tathan, R.L. e Black, W.C.Análise Multivariada de Dados. Porto
Alegre: editora Bookman, 2005.
Hammond, J. S.; Keeney, R.; Raiffa, H. Decisões Inteligentes: somos movidos a decisões –
como avaliar alternativas e tomar a melhor decisão. Rio de Janeiro: Campus, 2004
Houston,M.; Rothschild,M.L. A Paradigm for Research on Consumer Involvement. Graduate
School of Business, University of Winscondsin-Madison, 1977.
Jain, K.; Srinivasan, N. An Empirical Assessment of Multiple Operationalizations of
Involvement. In: Goldeberg, M.E; Gorn, G.J; Pollay, R. (eds). Advances in Consumer
Research, v17, 1990, p 594-602.
Kahneman D.; Tversky, A. Prospect Theory: A analysis of decisions under risk.
Econometrika, 47, p. 263-291, 1979.
Kahneman, D. P.; Slovic, P.; Tversky, A. Judgment under Uncertainty: Heuristics and Biases.
Cambridge: Cambridge University Press, 1988.
Kapferer, J.N; Laurent, G. Consumer´s Involvement Profile: New Empirical Results. In:
Hirschman,E.C.; Holbrook, M.B. Advances in Consumer Research, v12, 1985, p290-295.
Lipovetsky, Gilles. A felicidade paradoxal: ensaio sobre uma sociedade de hiperconsumo. São
Paulo: Companhia das Letras, 2007.
MacDonald, A. Revised Scale for Ambiguity Tolerance. Reliability and Validity.
Psycological Reports, v. 26, Junho, 1970.
Malhotra, N. Information Load and Consumer Decision Making. Journal of Consumer
Research, Vol. 8, No.March, pp.419-30, 1982.
15
Michaelidou, N.; Dibb, S. Consumer involvement: a new perspective. Marketing Review, n8
(1), p 83-89. Westburn Publishers, 2008.
Mitchell, V. Walsh, G. and Yamin , M. (2005). Toward a Conceptual Model of Consumer
Confusion". Advance in Consumer Research, 32, 143-150, 2005
Mitchell, V., Marketing causes and implication of consumer confusion. Journal of Product ;
Brand Management, 8, 4, p. 319-339, 1999
Motta, P. R. Gestão Contemporânea: a ciência e a arte de ser dirigente. 11. ed. Rio de Janeiro:
Record, 2000
Nord, W. R., & Peter, J. P. (1980). A behavior modification perspective on marketing. Journal
of Marketing, 44, 36–47.
Parikh, J.; Neubauer, F.; Lank, A.G. Intuição: a nova fronteira da administração. 12. ed. São
Paulo: Cultrix, 2008.
Park,C.W.;Mittal,B. A Theory of Involvement in Consumer Behavior: Problems and Issues.
In: Sheth,J.N. (ed). Research in Consumer Behavior. Greenwich: JAI Press, 1985, p201-231.
Payne, J. W., "Heuristic Search Processes in Decision Making", Advances in Consumer
Research Volume 03, eds. Beverlee B. Anderson, Cincinnati, Association for Consumer
Research, Pages: 321-327, 1976
Ramos, A. G. A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das nações. 2
ed. Rio de Janeiro: FGV, 1989.
Rothschild, M. L. Adversing Strategies for High and Low Involvement Situations. In:
Maloney, J.C.;Silverman, B.(eds), Attitude Research Plays for High Stakes. 1979, p74-93
Russo, J. E., Schoemaker, J. H, “A Pyramid of Decision Approaches,” , California
Management Review, Vol. 36 (1), Fall 1993, pp. 9-31
Schrage, L. Otimization Modeling With Lingo. Lindo Systems Inc., Chicago, 1998
Schwartz, B. The Paradox of choice: Why more is less. Nova Iorque: Harper Collins, 2004.
Simon, H.A. A behavioral model of rational choice. Quarterly Journal of Economics, 59,p.
99- 118, 1957.
Sternberg, R.J. A component process in analogical reasoning. Psychological Review, n. 84, p.
353-378, 1977.
Turnbull, Peter W., Sheena Leek, and Grace Ying,“ Customer Confusion: The Mobile Phone
Market, ” Journal of Marketing Management, 16 (January-April), 143-163, 2000
Walsh, G.; Hennig-Thurau, T.; Mitchell, V.W.. Consumer Confusion Proneness: scale
development, validation and application. Journal Of Marketing Management, v. 23, n. 7-8, p.
697-721, 2007.
Zaichkowsky, J. L. Measuring The Involvement Construct. Journal of Consumer Research,
12, 1985, p 341-352.
16