TCC - Engenharia de Segurança Do Trabalho.

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Aldy Marcos de Andrade Lima Júnior

O USO DOS EPI’S NA CONSTRUÇÃO CIVIL: DESAFIOS E


SOLUÇÕES

Campina Grande-PB
2024
Aldy Marcos de Andrade Lima Júnior

O uso dos EPI’s na construção civil: desafios e soluções

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Digital Descomplica, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do grau de
pós-graduação em Engenharia de Segurança do
Trabalho.

Campina Grande-PB
2024
AGRADECIMENTOS

Aos professores participantes dos módulos do curso de Pós-Graduação em


Engenharia de Segurança do Trabalho, pelos ensinamentos que me ajudaram durante
toda minha formação
À minha família, Aldy, Rejane, Lilian e Livia, que sempre estiveram me apoiando, ao
meu lado, me dando força e incentivo para continuar nessa jornada da vida.
À minha esposa Larissa pela parceria, paciência e por acreditar no meu potencial.
RESUMO

Com o passar do tempo, técnicos e engenheiros vêm procurando o avanço e a


melhoria em técnicas construtivas e de segurança no setor da Construção Civil, ou
seja, o melhor uso dos recursos e equipamentos que temos disponíveis, resultando
na diminuição de acidentes e incidentes no ambiente de trabalho, consequentemente
causando o aumento da produtividade, na diminuição de custos e melhorando o local
de trabalho. O objetivo do estudo em questão, é mostrar as barreiras que se encontra
entre o trabalhador e o uso de EPI’s e encontrar soluções para o uso continuo e
adequado desses equipamentos. O principal método utilizado para a pesquisa desse
estudo foi uma análise de questionários realizados entre trabalhadores de duas áreas
diferentes, um canteiro de obras e de uma distribuidora de materiais. Foi realizado
também uma análise de normas e de artigos em que se abordar esse assunto. Em
seguida foi realizado o estudo de caso de natureza descritiva com o questionário
relatado anteriormente e os dados e informações obtidas com a pesquisa. Conclui-se
que, uma grande parte dos trabalhadores de ambos os setores tendem a ter uma
resistência no uso dos EPI’s, relatando desconforto, a falta de hábito, o esquecimento,
o estado de conservação dos equipamentos, entre outros. Foi encontrado algumas
soluções possíveis para o aumento do uso de EPI’s, como por exemplo, treinamento
e cursos sobre a importação do uso e o correto manejo, compra de equipamentos com
mais qualidade, avisos visuais do uso do equipamento, entre outras.

Palavras-chave: EPI’s, Acidente, Mal uso, Trabalhadores, Segurança.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Capacete Tipo 2 com aba frontal...............................................................12


Figura 2 - Óculos de segurança incolor......................................................................13
Figura 3 - Bota de segurança.....................................................................................13
Figura 4 - Luva de segurança vaqueta.......................................................................20
Figura 5 - Luva com 2 dedos vazados.......................................................................20
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Quantidade de funcionários......................................................................17


Tabela 2 – Quantitativo das respostas.......................................................................17
Tabela 3 – Porcentagem das respostas.....................................................................17
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 7

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA ............................................. 7

1.2. OBJETIVOS GERAL E ESPECÍFICOS .................................................. 9

1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................ 9

2. METODOLOGIA ................................................................................... 10

3. DESENVOLVIMENTO .......................................................................... 11

3.1. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO ...................................................... 11

3.2. RISCOS E ACIDENTES NA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................. 14

4. CONCLUSÃO ....................................................................................... 21

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 22


7

1. INTRODUÇÃO

Esse estudo tem como principal diretriz um questionário acerca do uso de EPI’s
na área da construção civil, mais precisamente o uso pelos trabalhadores mais braçais
de obra, como pedreiros, serventes, encarregados e terceirizados.

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA

Equipamentos e dispositivos de segurança são manobras de muita valia para


garantir a segurança dos trabalhadores no ambiente da construção civil. Eles podem
ser divididos em dois grupos: os EPI’s e o os EPC’s.
Os equipamentos de proteção coletiva, conhecidos como EPC, são dispositivos
empregados nos locais de trabalho para garantir a segurança dos trabalhadores
perante os riscos presentes nos processos. Podem incluir medidas como isolamento
de fontes de ruído, ventilação das áreas laborais, proteção de partes móveis de
máquinas, sinalização de segurança, entre outras ações.
O EPI é todo dispositivo ou equipamento, que é usado individualmente pelo
trabalhador, responsável pela proteção contra riscos e perigos capazes de ameaçar a
saúde e segurança do mesmo.
Dado que o EPC não requer a iniciativa do trabalhador para cumprir seus
objetivos, ele é mais inclinado a utilizar o EPI, uma vez que auxilia no processo
reduzindo os impactos adversos de um local de trabalho que oferece vários riscos ao
trabalhador.
De acordo com o que está previsto na Norma Regulamentadora 6, é dever da
empresa disponibilizar gratuitamente aos seus funcionários Equipamentos de
Proteção Individual (EPI) apropriados para os riscos existentes, em ótimo estado de
conservação e funcionamento, em determinadas situações:
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção
contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e
c) para atender a situações de emergência.
8

A escolha dos equipamentos de proteção individual (EPIs) pode variar


conforme a atividade realizada e os possíveis riscos à segurança e à saúde dos
trabalhadores, assim como a região do corpo a ser protegida, incluindo:
• Proteção auditiva: abafadores de ruídos ou protetores auriculares;
Proteção respiratória: máscaras e filtro;
• Proteção visual e facial: óculos e viseiras;
• Proteção da cabeça: capacetes;
• Proteção de mãos e braços: luvas e mangotes;
• Proteção de pernas e pés: sapatos, botas e botinas;
• Proteção contra quedas: cintos de segurança e cinturões.
Uma das principais causas para o aumento de acidentes na área da construção
civil é o não uso dos EPI’s, seja por desconforto, falta de treinamento, maus hábitos
ou falta da consciência da importância do uso desses equipamentos (SILVA, 2020).
Neste sentido, é de extrema importância que os trabalhadores da indústria da
construção compreendam os riscos que irão enfrentar e como evitá-los. Além disso,
recebem equipamentos de proteção que não interferem no desempenho de suas
atividades para que possam desempenhar suas tarefas de forma segura, confortável
e mais protegida.
Vários fatores contribuem para que os trabalhadores da construção civil não
utilizem equipamentos de proteção. Porque acham o aparelho desconfortável, difícil
de usar e/ou muito quente. Os hábitos reais podem prejudicar a produtividade,
aumentando assim o risco de acidentes no local de trabalho.
Alguns dos motivos de resistência ao uso de EPI são a insatisfação por
desconfortos como capacetes que aquecem a cabeça, restrição de movimentos
devido ao uso do cinto, falta de sensibilidade nas mãos devido às luvas e outros
motivos que levam à retirada do EPI durante a performance de equipamentos de
atividades. Esses hábitos práticos podem prejudicar a produtividade, aumentando
assim o risco de acidentes no local de trabalho.
9

1.2. OBJETIVOS GERAL E ESPECÍFICOS


Esse estudo tem como objetivo principal o levantamento de causas e desafios
para o baixo e precário uso dos EPI’s na área da construção civil.
De forma mais específica, deve-se:
Aplicar um questionário a diferentes tipos de profissionais que atuam na
construção civil, tendo como base os motivos e complicações no uso dos EPI’s.
Analisar os resultados dos questionários e fazer um levantamento das maiores
causas e reclamações acerca do uso dos equipamentos de proteção individuais.
Apresentar soluções para sanar essa falta de uso dos equipamentos de
segurança, tanto para os trabalhadores que usam, tanto para os gestores e
profissionais de segurança do trabalho que precisam aumentar a cultura da segurança
nos canteiros de obras.

1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO


O presente trabalho é composto por quatro capítulos que se resumem nesta
seção.
No primeiro capítulo, há uma introdução sobre o tema em questão e a
justificativa de sua relevância.
Já no capítulo 2 é apresentado os procedimentos metodológicos e as
estratégias utilizadas durante todo o levantamento e o desenvolvimento da pesquisa .
No terceiro capítulo, são expostos os fundamentos teóricos deste estudo,
juntamente com a descrição dos procedimentos e recursos de pesquisa empregados
para atingir os propósitos deste estudo. Nesse mesmo capitulo contém as conclusões
em relação aos desafios identificados no uso dos Equipamentos de Proteção
Individual nos locais de trabalho, além da análise e sugestão de aprimoramento do
uso dos EPI’s com base na investigação realizada.
No capítulo 4, encontra-se a conclusão do trabalho.
10

2. METODOLOGIA

Essa seção apresenta os procedimentos metodológicos e as estratégias


utilizadas durante todo o levantamento e o desenvolvimento da pesquisa. A análise
de dados foi realizada de acordo em critérios de práticas para a produção de conteúdo
intelectual e normas de acordo com cada tópico.

O propósito deste estudo é realizar análises sobre a natureza dos dados a partir
de um questionário, utilizando os resultados obtidos como base. É possível dizer que
a pesquisa foi conduzida através de um levantamento quantitativo, conforme descrito
por Collis e Hussey (2005, p.24), no qual a pesquisa quantitativa se caracteriza pelo
uso da quantificação tanto na coleta quanto no tratamento de dados, empregando
técnicas estatísticas.

Quanto à abordagem estratégica, o estudo foi conduzido por meio de uma


pesquisa SURVEY, que é um método que emprega técnicas estatísticas com base
em dados coletados por meio de questionário. Foi distribuído um questionário para
profissionais da área da construção civil em geral que atuam e lidam com os
problemas abordados na pesquisa.
Os dados foram coletados por questionários que foram distribuídos para
profissionais que atuam em 2 diferentes empresas, que vão ser nomeadas de
Empresa A e Empresa B.
O questionário foi respondido por trabalhadores de diferentes cargos e níveis
de cada empresa, ou seja, de servente de pedreiro até o Engenheiro civil responsável
pela obra.
Os trabalhadores que participaram dessa pesquisa não tiveram seus nomes
inseridos nos questionários, para manter maior fidelidade e honestidade nas
respostas.
O estudo foi conduzido com base em pesquisas previamente realizadas,
procurando-se artigos científicos, trabalhos acadêmicos e publicações sobre o
assunto.
Após coletar todos os dados e informações provenientes da revisão
bibliográfica e dos resultados dos questionários, realizou-se uma análise e reflexão,
resultando nas observações do autor juntamente com as conclusões e soluções
adequadas.
11

3. DESENVOLVIMENTO

O referencial teórico desse trabalho se baseou em artigos científicos, trabalhos


acadêmicos, cartilhas de fornecedores de EPI’s, entre outros documentos.
Primeiro, tratou-se de realizar uma abordagem geral sobre os equipamentos de
proteção que estão presentes na construção civil.
Em seguida, procurou-se apresentar e exemplificar cada tipo de EPI,
mostrando os benefícios e vantagens que cada um traz.

3.1. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

A história da segurança no trabalho vem sendo construída desde os tempos


antigos. De acordo com Fernandes (2018), a sigla original para Equipamentos de
Proteção Individual era EIP, conforme estabelecido pela Portaria do MTIC, nº 319, de
30 de dezembro de 1960. Esse foi o primeiro documento oficial que determinou a
necessidade de um Certificado de Aprovação para os EPIs. Com o passar do tempo
e o avanço dos equipamentos de proteção individual, houve também um progresso na
segurança no ambiente de trabalho, especialmente a partir da Revolução Industrial,
seguida pelo destaque nas Normas Regulamentadoras, em particular na NR 06.
De acordo com a NR 06 os EPI’s possuem as seguintes classificações, em
relação a área a ser protegida:

- EPI para proteção da cabeça


- EPI para proteção dos olhos e face
- EPI para proteção auditiva
- EPI para proteção respiratória
- EPI para proteção do tronco
- EPI para proteção dos membros superiores
- EPI para proteção dos membros inferiores
- EPI para proteção do corpo inteiro
- EPI para proteção contra quedas com diferença de nível
12

O capacete é um dos principais EPIs utilizados na indústria da construção civil,


uma vez que este equipamento é essencial para garantir a segurança dos
trabalhadores nesse setor. Portanto, a seguir abordaremos alguns tipos de capacetes
e suas respectivas funções.
O capacete de proteção é um dispositivo rígido composto por copa, também
chamada casco, aba frontal, suspensão e jugular. O casco é feito de material plástico
rígido, de alta resistência ao e impacto. É desenhado para rebater o material em queda
para o lado, evitando lesões no pescoço do trabalhador.

Figura 1 – Capacete Tipo 2 com aba frontal

Fonte: Star distribuidora, 2024

Outro equipamento de proteção individual muito importante são os óculos de


proteção, que atua contra partículas volantes, iluminação intensa, radiação ultravioleta
e infravermelha.
Com a combinação da inovação tecnológica e padrões de segurança rigorosos
é essencial para proteção dos olhos de profissionais em atividades potencialmente
perigosas.
13

Figura 2 – Óculos de segurança incolor

Fonte: MRE Ferramentas, 2024

Um equipamento essencial na área da construção civil é a bota, usada como


EPI de proteção de membros inferiores.
Como em um canteiro de obras a presença de materiais diversos e perigosos
é muito frequente, as botas dos profissionais devem ser de boa qualidade e materiais
suficientes para a proteção contra pregos e outros materiais cortantes e perfurantes.
Outra característica indispensável é a biqueira resistente sendo de plástico ou ferro
para a proteção devida contra quedas de objetos nos pés.

Figura 3 – Bota de segurança

Fonte: Marluvas, 2024


14

3.2. RISCOS E ACIDENTES NA CONSTRUÇÃO CIVIL

No setor da construção civil no Brasil, é fundamental dedicar uma atenção


especial à segurança, qualidade de gestão e bem-estar dos trabalhadores e do
ambiente de trabalho. Atualmente, a legislação que direciona os direitos sociais e
constitucionais relacionados às atividades da CIPA foi estabelecida em torno de 1944.
Desse modo, as normas regulamentadoras que determinam a proteção dos
funcionários são baseadas na NR 18, a qual define orientações administrativas,
planejamento e medidas preventivas de segurança no ambiente laboral (SILVA,
2020).
Dentro do ambiente de trabalho, a proteção dos trabalhadores é crucial para
garantir o bem-estar dos funcionários e a reputação da empresa. Isso contribui para
melhorar a rotina, a segurança e o desenvolvimento do serviço dos colaboradores.
Assim, torna-se essencial implementar atividades de segurança no local de trabalho
(ALMEIDA, SILVA e BERTEQUINI, 2018).
A não utilização de equipamentos de proteção individual pode ocasionar muitos
acidentes de trabalho, podendo ser leves, graves ou até causando a morte,
considerando as diferentes atividades de cada trabalhador e função.
Os acidentes mais comuns estão os cortes profundos durante o manuseio de
máquinas, acidentes com veículos e quedas provocadas pela altura elevada.
Quando a ausência de Equipamentos de Proteção Individual não resulta em
tragédias graves, acaba prejudicando o corpo, especialmente em atividades que
demandam muito esforço físico e movimento. Nessas circunstâncias, lesões nos
músculos, no sistema ósseo, na visão e na audição podem levar ao afastamento e à
rotatividade dos funcionários.
É crucial assegurar que os EPIs estejam sendo utilizados em todas as
situações obrigatórias; do contrário, prejuízos financeiros como queda na
produtividade e afastamentos irão impactar nas finanças da empresa.
Portanto, toda empresa interessada em evitar despesas desnecessárias deve
se manter atenta a esse tema. Independentemente do porte da organização, é sabido
que todo afastamento requer a contratação de mais funcionários, o que aumenta os
custos com encargos trabalhistas a longo prazo.
15

Um acidente que ocorreu no ano de 2023 na cidade Manhuaçu no estado de


Minas Gerais, promoveu um alerta em empresas de construção civil e em órgãos
fiscalizadores. Um trabalhador caiu em um buraco de fundação em um canteiro de
obra de um edifício. O local do acidente possui aproximadamente 4 metros de
profundidade e tinha 5 estacas de concreto dentro.
Conforme as autoridades, a vítima apresentou somente escoriações leves e
lesão na coluna cervical. O incidente foi possível pela falta de equipamentos de
proteção no local, tanto equipamentos individuais como coletivos. O buraco onde
ocorreu o acontecido devia ter sido isolado e sinalizado adequadamente. Os
funcionários que ali estiverem trabalhando ao redor tinham que estar com os EPI’s
devidos, como capacetes, botas de segurança e cinto de segurança.
Outro grave acidente que ocorreu na cidade de Mangaratiba, na região
metropolitana do Rio de Janeiro no ano de 2024 foi motivo de choque aos moradores
da região. Um trabalhador da construção civil teve seu crânio perfurado cerca de 6
centímetros por um pedaço de madeira que se desprendeu do telhado.
A vítima sofreu danos físicos graves e que iram trazer muitos danos para ambas
as partes, o próprio e a empresa que ele trabalhava. Isso poderia ter sido evitado ou
amenizado com o uso apropriado de capacete de segurança, um item indispensável
na construção civil.
Para Silva (2020), como base em um questionário aplicado a cerca de 32
funcionários de duas empresas distintas e consequentemente dois canteiros
diferentes que atuam na construção civil no estado da Paraíba. Com sua pesquisa foi
capaz de afirmar que os principais EPI’s que geram algum desconforto pelo uso dos
trabalhadores são, o capacete, as luvas e os cintos de segurança. Também foi
possível concluir que mais da metade, cerca de 62,5% dos operários usam os EPI’s
com frequência, mesmo sendo incomodo para os mesmos. Como consequência do
mal uso ou da ausência dos EPI’s cerca de 40,63% dos trabalhadores que estiveram
na pesquisa de Silva (2020), já sofreram acidentes de trabalho.
De acordo com Montenegro e Santana (2012), em um estudo envolvendo 70
operários que trabalham em canteiros de obras em Salvador, foi observado que todos
os entrevistados utilizam os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) fornecidos,
mas os removem em momentos inadequados, devido a desconforto, falta de
conscientização inicial ou ausência de fiscalização constante durante o trabalho. Os
operários entrevistados apontaram diversas causas para o desconforto, como luvas
16

escorregadias, capacetes que aquecem a cabeça, cintos que limitam os movimentos


e botas que causam odores e feridas nos pés, levando à retirada dos EPIs em algumas
situações.
Segundo o Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho cerca de 15,9 mil pessoas
morreram no Brasil em acidentes do trabalho de 2016 a 2022, com um aumento de
25,4% durante esse período.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesse capítulo foram apresentados os resultados obtidos nas entrevistas
realizadas em 2 duas empresas distintas, contendo 19 profissionais ao total, que
trabalham na construção civil e necessitam do uso de equipamentos de proteção.
A partir das pesquisas sobre a NR 06 e outros princípios vinculados à segurança
no trabalho em canteiros de obras, foi viável identificar diversos problemas
relacionados ao uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), os quais precisam
ser resolvidos para assegurar um ambiente de trabalho que ofereça maior proteção
ao trabalhador.
Para a realização desse trabalho, visitou-se dois canteiros de obras de duas
empresas distintas, situadas na cidade de Campina Grande – PB. Tanto a Empresa A
como a Empresa B, consistiu-se de um canteiro de uma residência unifamiliar de dois
pavimentos, no momento que o questionário foi realizado a obra da Empresa A
encontrava-se na fase levantamento de alvenaria de vedação, além do início
execução das instalações hidros-sanitárias, já na Empresa B a etapa construtiva que
estava sendo realizada era o concretagem de laje do segundo piso e também a
compactação do solo da área externa da casa. Para a realização desta etapa da
construção, as duas empresas contavam com 19 profissionais, 8 da Empresa A e 11
da Empresa B.
Para a realização do presente estudo foi empregado um total de 19 questionários
para 19 trabalhadores de duas empresas distintas, conforme a Tabela 1, os mesmos
respondendo questões acerca do uso de EPI’s nas obras que atuam.
17

Tabela 1 – Quantidade de funcionários


Empresa Quantidade de funcionários
A 8
B 11
Total 19

Com o levantamento dos questionários foi possível perceber os principais


dados acerca das respostas e suas porcentagens, conforme a tabela 2 e 3.

Tabela 2 – Quantitativo das respostas


SIM NÃO

O seu cargo requer uso de EPI’s constantemente? 17 2

A empresa disponibiliza os EPI’s necessários? 19 0


A empresa realiza cursos e treinamentos acerca do uso de Equipamentos
13 6
de proteção individual com frequência?
Você está ciente da importância do uso de EPI’s? 19 0
Você utiliza os EPI’s necessários para sua proteção em seu ambiente de
12 7
trabalho?
Já sofreu algum acidente de trabalho? Se sim, qual? 7 12
Existe alguma fiscalização frequente dos seus superiores acerca do uso do
10 9
EPI?

Tabela 3 – Porcentagem das respostas


SIM NÃO

O seu cargo requer uso de EPI’s constantemente? 89,47% 10,53%

A empresa disponibiliza os EPI’s necessários? 100,00% 0,00%


A empresa realiza cursos e treinamentos acerca do uso de Equipamentos
68,42% 31,58%
de proteção individual com frequência?
Você está ciente da importância do uso de EPI’s? 100,00% 0,00%
Você utiliza os EPI’s necessários para sua proteção em seu ambiente de
63,16% 36,84%
trabalho?
Já sofreu algum acidente de trabalho? Se sim, qual? 36,84% 63,16%
Existe alguma fiscalização frequente dos seus superiores acerca do uso do
52,63% 47,37%
EPI?
18

Com esses dados adquiridos e colocados nas duas tabelas acima pode-se montar
um cenário que resume o canteiro de obras, em relação ao uso dos EPI’s.
Pode-se concluir que a maioria, cerca de 89,47%, dos funcionários necessitam do
uso constante dos equipamentos de proteção individuais. Os trabalhadores que não
usam os equipamentos constantemente são geralmente os que exercem cargos de
chefia e coordenação, que permanecem alguns momentos em salas de escritório ou
ausentes do canteiro.
Já a disponibilização dos EPI’s aos funcionários pela empresa é unânime nas
respostas dos funcionários das duas empresas.
Outro cenário que podemos analisar é a boa cultura de treinamentos e cursos que
as duas empresas proporcionam aos seus funcionários. Dos profissionais que
responderam ao questionário 68,42% já tiveram algum tipo de treinamento sobre a
importância dos equipamentos de proteção individual, contra 31,58% que não tiveram.
Outro fato importante que podemos observar é que 100% dos trabalhadores estão
cientes que o uso dos EPI’s é de suma importância para a segurança deles, mesmo
o uso não ser tão frequente.
Mesmo com a consciência da importância do uso dos EPI’s cerca de 36,84% dos
trabalhadores não usam de nenhuma forma ou de forma inadequada o equipamento
devido, somente 63,16% usam adequadamente.
Em relação aos acidentes que ocorrem no canteiro de obras, felizmente, os
funcionários participantes do questionário relataram em sua maioria que não tiveram
experiências com esse tipo de acidente, ou seja cerca de 63,16%. Já 36,84% dos
funcionários já se envolveram com algum incidente em local de trabalho.
Outro dado não menos importante que podemos perceber nesse trabalho é quanto
a fiscalização, por meio dos diretores ou encarregados, do uso dos EPI’s no local de
trabalho, cerca de 47,37% dos profissionais presentes nesse estudo não recebem tal
fiscalização. Somente 52,63% dos trabalhadores são submetidos a fiscalização do
uso dos EPI’s. mesmo sendo a maioria, ainda é um número baixo.
Com conversas informais e relatos dos funcionários presentes no estudo, podemos
concluir alguns problemas ou desconfortos ao uso dos EPI’s. Um dos casos mais
relatados foi o desconforto do uso do capacete de segurança, devido a não encaixar
direito na cabeça e cair com frequência.
Outro equipamento que o uso é problemático entres os trabalhadores da
construção civil são as luvas de proteção. Os trabalhadores que preencheram o
19

questionário expressaram, de maneira predominante, suas insatisfações em relação


às luvas, especialmente durante atividades como a colocação de pregos e o manuseio
de vergalhões de aço. Segundo eles, as luvas prejudicam a capacidade de segurar
pequenos itens e, além disso, tendem a rasgar com facilidade, principalmente devido
ao calor intenso dos vergalhões em dias ensolarados.
Com menos reclamações, mais não menos importante, os óculos de segurança se
tiveram presente nos relatos negativos dos trabalhadores. Seja devido a qualidade
inferior ou o uso errôneo do equipamento, o mesmo fica folgado no rosto e também
com arranhões na lente que dificultam ou impossibilitam a atividade do trabalhador.

4.1. SUGESTÕES DE MELHORIAS AO USO DO EPI


O capacete é um item essencial de segurança nos canteiros de obra, servindo para
proteger a cabeça contra impactos e penetrações. Ele deve possuir fendas laterais
para a instalação de protetores auriculares e faciais, além de garantir alta resistência
à penetração e boa ventilação, proporcionando conforto ao usuário (GOUVÊA, 2018).
Esses capacetes precisam ter um Selo de Identificação de Conformidade, com
características estabelecidas pelo INMETRO, conforme a Portaria INMETRO nº
73/2006.
De acordo com os trabalhadores que responderam ao questionário, os principais
desafios relacionados ao uso do capacete de proteção estão ligados à sua queda
frequente durante o trabalho. Uma sugestão seria procurar capacetes de obra com
mais qualidade e não deixar o equipamento ficar muito desgastado ou danificado, ou
seja, trocar com mais frequência.
Outra ação que poderia melhorar o uso do capacete seria o aumento dos
treinamentos para o uso adequado do mesmo, assim, os funcionários tirariam um
maior proveito do equipamento.
As luvas são dispositivos essenciais para a proteção das mãos contra cortes e
perfurações, desempenhando um papel fundamental na segurança dos funcionários
da construção civil. Elas têm a função de salvaguardar a saúde de serralheiros,
carpinteiros, pedreiros e outros profissionais que trabalham em ambientes perigosos.
É crucial selecionar o tipo adequado de luva para cada situação; ignorar essa
orientação pode resultar em ferimentos, reações alérgicas simples ou até
queimaduras sérias. A seleção das luvas, portanto, deve levar em conta o nível de
risco que cada trabalhador enfrenta (SILVA, 2020).
20

De acordo com as queixas dos funcionários presentes nesse estudo, uma melhoria
plausível seria o planejamento e a compra correta da luva para cada função ou para
cada etapa construtiva. Para trabalhadores que exigem uma proteção maior, que
lidam com materiais e serviços mais pesados, usa-se um tipo de luva mais robusta,
como a luva de proteção vaqueta, conforme a Figura 4.

Figura 4 – Luva de segurança vaqueta

Fonte: Teknoluvas, 2024


Já para funcionários que necessitam de um tato maior para a realização de suas
funções, uma luva mais adequada seria a luva com 2 dedos vazados, conforme a
Figura 5.
Figura 5 – Luva com 2 dedos vazados

Fonte: Albatroz, 2024

Já acerca dos óculos de proteção, uma possibilidade para a melhoria do uso seria
a procura de óculos de qualidade superior para a diminuição dos arranhões. Assim
também como a instrução e treinamentos para o uso e manuseio adequado do EPI.
21

5. CONCLUSÃO

Neste estudo, foi realizada uma análise com o objetivo de sugerir melhorias na
utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), visando reduzir os riscos
de acidentes que são comuns nos canteiros de obras e oferecer aos trabalhadores
um maior conforto ao usá-los. Isso se justifica pelo fato de que a indústria da
construção civil é responsável por um número significativo de acidentes laborais, já
que as características de sua atuação expõem os operários a diversos fatores de risco,
como calor, trabalho em altura, ruídos e esforços repetitivos.
Através de uma análise do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI),
acompanhada pela aplicação de um questionário, pretendemos identificar os
principais desconfortos associados ao uso desses equipamentos. Os resultados
obtidos são essenciais para um diagnóstico que possibilitará a implementação de
melhorias, adequando-os às necessidades dos trabalhadores.
Com os resultados obtidos podemos apresentar os principais EPI’s que mais
causam desconforto e que são menos usados nos canteiros de obras, eles são:
capacete de segurança, luvas de segurança e óculos de proteção.
Em diversas análises, é possível observar que os trabalhadores nem sempre
fazem uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) disponibilizados. Quando
os utilizam, frequentemente acabam retirando-os durante a atividade, devido a fatores
como desconforto, costume, falta de conscientização inicial ou ausência de
fiscalização.
Diante desse cenário, foram propostas melhorias nos EPI’s com o objetivo de
reduzir ou até eliminar os problemas observados. Com base nos resultados obtidos,
é possível concluir que as sugestões apresentadas para a adequação dos EPI’s, como
a do capacete de proteção, além das medidas administrativas relativas às luvas e aos
óculos de proteção, são viáveis, desde que estejam em conformidade com as normas
regulamentadoras, mostrando-se, portanto, satisfatórias no contexto deste trabalho.
Como sugestão para trabalhos futuros, recomendamos a realização de um estudo
mais detalhado, utilizando uma quantidade maior de dados e informações.
22

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

SILVA, A. PESSOA, A. M. DRUCK, G. Saúde e segurança do trabalho no Brasil.


Gráfica movimento, Recife, 2017.

ALMEIDA, G. A.; SILVA, L. A.; BERTEQUINI, A. B. T.; A segurança do trabalho na


construção civil. Centro universitário toledo araçatuba, São Paulo, 2018.

MONTENEGRO, D. S.; SANTANA, M. J. A. Resistência do operário ao uso do


equipamento de proteção individual. 2012. Trabalho de conclusão decurso.
Engenharia Católica do Salvador –UCSAL. Salvador. 2012

GOUVÊA, S. A. A importância do uso correto do capacete de segurança na


construção civil. Monografia (Especialização). São Paulo: UNITAU 2018.

MERCADO LIVRE. Luva com 2 dedos vazados. 2024. Disponível em:


https://www.magazinevoce.com.br/magazineescorrega/luva-de-pesca-bike-tiro-
esportivo-2-dedos-antiderrapante-albatroz-fishing/p/jf5f3538b7/es/luve/. Acesso em:
09 de setembro de 2024.

TEKNOLUVAS. Luva de segurança vaqueta. 2024. Disponível em:


https://teknoluvas.com.br/produto/luva-de-vaqueta-petroleira-teknoluvas/. Acesso em:
05 de setembro de 2024.

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