O Poético e o Factual Na Letra Da Canção "O Bêbado e A Equilibrista"
O Poético e o Factual Na Letra Da Canção "O Bêbado e A Equilibrista"
O Poético e o Factual Na Letra Da Canção "O Bêbado e A Equilibrista"
ISSN: 2448-1548
© Centro Universitário de Patos de Minas
Introdução
Desde a composição por João Bosco e Aldir Blanc da canção “O bêbado e a
equilibrista” no ano de 1978, até os dias atuais, observa-se que o contexto político brasi-
leiro, as práticas culturais e comunicacionais experimentaram profundas transforma-
ções. O Ato Institucional nº 5, AI-5, de 13 de dezembro de 1968, deu início ao período
mais rigoroso do regime militar em que censores governamentais monitoravam a li-
berdade de imprensa, as manifestações artísticas e sociais.
Em decorrência do período ditatorial, vários jovens intensificaram os protestos
contra a cassação das liberdades civis, somando esforços aos intelectuais que clamavam
a impossibilidade de expressar seu pensamento tanto na imprensa como nas produções
culturais. Para coibir estes movimentos, os militares, por sua vez, censuravam ainda
mais a população, cassavam os direitos políticos dos manifestantes, prendiam, tortura-
vam, exilavam e assassinavam aqueles que infringissem o poder institucionalizado.
Segundo Ventura (1988), vários artistas e intelectuais sofreram as consequências
do AI-5, entre eles, Caetano Veloso e Gilberto Gil, que foram presos no dia 27 de de-
zembro de 1968, por desrespeitarem a bandeira e o hino nacional. A pressão política foi
tão grande que nos dias 20 e 21 de julho de 1969, os cantores fizeram dois shows de
despedida para arrecadar fundos, já que seriam exilados para outro país por determi-
nação do governo militar. Betinho, irmão do cartunista Henfil, também teve que deixar
o país em 1971. O jornalista Vladimir Herzog morreu em outubro de 1975 nas depen-
dências do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Opera-
ções de Defesa Interna) e mobilizou inúmeras pessoas sobre a violência dos militares.
O AI-5 vigorou até o ano de 1978. No mesmo ano, a parceria entre João Bosco e
Aldir Blanc presenteia o público com a canção “O Bêbado e a equilibrista” que, na voz
de Elis Regina, tornou-se o hino da Anistia, conforme elucida Melito (2014). O movi-
mento para sancionar a Lei da Anistia sensibilizou a população para pedir que os pre-
sos políticos pudessem viver em liberdade e as pessoas exiladas em outros países pu-
dessem retornar ao solo brasileiro.
Em 1979, quando a canção “O bêbado e a equilibrista” foi lançada na voz de Elis
Regina, a cantora disse que a Lei da Anistia era um sonho de todos e parecia “mais
próxima do que se imaginaria dois meses atrás quando a música foi gravada” (Regina,
1979). Após ouvir a gravação da canção em uma fita cassete, o cartunista Henfil logo
percebeu que a anistia iria de fato acontecer, porque eles tinham um hino, fundamental
para fazer uma revolução popular, segundo informações do jornalista Anderson Falcão
(2014). De acordo com o jornalista, após o lançamento da canção, os comícios que reu-
niam 500 pessoas, passaram a reunir cinco mil manifestantes.
Com atenção ao contexto em que a canção “O bêbado e a equilibrista” foi com-
posta e lançada, este artigo tem por objetivo abordar o modo como foram elencados,
nesta narrativa, elementos jornalísticos que tratavam o factual e, ao mesmo tempo, re-
cursos poéticos, por vezes analogias e metáforas. Ao mesmo tempo em que esta canção
analisada contém relevantes fragmentos da história, ela também revela a consciência
de quem a compôs e significados para quem a entoou. A relevância desta proposta
encontra respaldo no fato de que esta música foi considerada o hino de um momento
político importante do país, a aprovação da Lei da Anistia, e ao mesmo tempo revela a
produção dos músicos, dramaturgos, escritores e outros artistas que foram influencia-
dos historicamente pelo momento político e cultural.
Embora nosso objeto de análise seja “O bêbado e a equilibrista”, outras canções
também abordaram a política no regime militar e, por vezes, nem eram identificadas
pelos censores da ditadura. A composição “Debaixo dos caracóis dos teus cabelos”,
lançada em 1971 por Roberto Carlos, com uma roupagem romântica, embalou vários
casais deixando passar despercebido o protesto referente ao exílio de Caetano Veloso.
Chico Buarque também compôs a canção “Apesar de você”, em 1970, que tratava im-
plicitamente sobre a ditadura militar e a falta de liberdade.
Produções como estas lançam uma reflexão em dois vieses que inquietam as in-
vestigações neste artigo. De um lado, a produção cultural, suas fontes de inspirações e
inquietações. Por vezes, conforme salienta Eco (2015), a realidade é mais fantástica que
a ficção, na medida em que ao “mergulhar na história [um autor] pode encontrar epi-
sódios mais dramáticos, mais cômicos, e também mais verdadeiros do que os que
qualquer romancista pode inventar” (ECO, 2015). Esta observação feita sobre o roman-
ce por Eco é facilmente percebida na linguagem literária. Por outro lado, fica o convite
para refletir sobre a arte e a percepção de quem aprecia uma música, uma poesia, uma
pintura, etc. A produção de sentidos ocorre livremente, vai além da racionalidade ou
explicitação imediata das coisas pela linguagem, possibilitando significados mediados
pela consciência histórica e cultural. Para Carey, a comunicação vai além da transmis-
são de uma mensagem, por se tratar de “um processo simbólico através do qual a rea-
lidade é produzida, mantida, reformulada e transformada” (CAREY, 1975, p. 22 apud
LIMA, 1981, p. 122). Essa reciprocidade dialética é fundamental para que ocorra o diálo-
go entre os compositores da canção e as pessoas que se identificam com os versos.
A convergência entre o factual e o poético na canção “O bêbado e a equilibrista”
será abordada metodologicamente por meio de apontamentos contidos nos depoimen-
tos de seus compositores e intérpretes. Compõem as fontes bibliográficas para a análise
das relações de convergência dos elementos factuais e literários os autores Sodré
(2014), Medina (2003), Chalhub (2006), Bourdieu (1989), Bissoto (2012), Paz (1984), entre
outros.
A análise também será respaldada por publicações em periódicos com o objeti-
vo de documentar os acontecimentos mencionados e compreender o momento socio-
cultural em que a feita a composição. Na medida em que a letra da música de João Bos-
co e Aldir Blanc é analisada, observamos que esta narrativa nos convida para a percep-
ção de outras realidades e sentidos experimentados na apreciação dos seus versos, evi-
denciando as possibilidades de construções simbólicas da linguagem para além da ra-
cionalidade ou explicitação dos sentidos das coisas.
Meu primeiro disco gravado, que eu dividi um lado com o Tom Jobim, foi uma ideia do
Pasquim, com produção do Sérgio Ricardo. Então, como o Aldir também colaborava
com o jornal, nós frequentávamos a redação e era comum estarmos com Henfil, Sérgio
Cabral, Ziraldo, Millôr... Depois, estreitei mais ainda as relações com o Henfil em fun-
ção da aproximação dele com a Elis Regina, que era uma grande intérprete das nossas
canções. E isso tudo gerou “O Bêbado e a Equilibrista”. É uma canção que celebra toda
essa amizade: a minha, do Aldir, da Elis e do Henfil, com o Brasil ( BOSCO, 2013).
Segundo Bosco (2013), ao compor "O bêbado e a equilibrista", ele e Blanc dese-
javam compor uma canção para homenagear Charles Chaplin que havia falecido no
natal de 1977. O personagem escolhido para homenagem era Carlitos, do filme Tempos
Modernos (CHAPLIN, 1936). Chaplin interpretava na obra, com humor peculiar, as trapa-
lhadas de um operário que foi preso injustamente por não se adequar à sociedade in-
dustrial. No tumulto das manifestações de greve, Carlitos apaixona-se por uma jovem
e eles fogem das perseguições policiais. No Brasil, as greves também eram censuradas
pelos militares e seus participantes eram presos.
Nos versos da canção de Bosco e Blanc (1979), “o bêbado trajando luto”, implici-
tamente devido à queda do viaduto, fazia os compositores lembrarem a tragicomédia
a arte de narrar acrescentou sentidos mais sutis à arte de tecer o presente. Uma defini-
ção simples é aquela que entende a narrativa como uma das respostas humanas ao caos.
(...) O que se diz da realidade constitui outra realidade, a simbólica. Sem essa produção
cultural – a narrativa – o humano ser não se expressa, não se afirma perante a desorga-
nização e inviabilidades da vida (MEDINA, 2003, p.47- 48).
O ser das coisas não está em sua presença no espaço-tempo determinante nem na sua
pura e simples instrumentalidade, mas na possibilidade de abrir o mundo, o que acon-
tece na linguagem, ou melhor, na poiesis criativa que originariamente nomeou as coisas.
Isso não decorre de nenhuma atração ou “tração” etimológica na direção da origem das
palavras, e sim da recusa de uma explicitação total do sentido das coisas, da pulsão poé-
tica de impedir que elas se sedimentem no principio da razão suficiente (a vontade de
poder da tecnologia) a fim de que, junto com os mortais (a existência humana, o estar
aí), se abram para alteridade (SODRÉ, 2014, p. 243).
É somente com a linguagem que o símbolo comporta interpretação, que ela revela seu
sentido escondido, que se estabelece uma relação profunda de duplo sentido entre o
que ele significa imediatamente e a que ele se remete. A faculdade simbólica inerente à
condição humana atinge na linguagem a sua realização mais elaborada ( CAUNE, 2014,
p. 24).
O que é bacana nessa música é que ela não nasceu ligada ao tema. Quando o Chaplin
morreu, o João me chamou na casa dele e disse que havia feito um samba, cuja harmo-
nia tinha passagens melódicas parecidas com “Smile”, propositalmente construídas pa-
ra que homenageássemos o cineasta. Só que, casualmente, encontrei o Henfil e o Chico
Mário, que só falavam do mano (Betinho) que estava no exílio. O papo com o Chico e o
Henfil me deu um estalo. Cheguei em casa, liguei para o João e sugeri que criássemos
um personagem chapliniano, que, no fundo, deplorasse a condição dos exilados. Não
era a ideia original, mas ele não criou caso e disse: “Manda bala, o problema é seu”
(BLANC, 2007).
Ao tratar na letra da canção que o Brasil sonhava “com a volta do irmão Henfil
com tanta gente que partiu num rabo de foguete” (BOSCO, BLANC, 1979), os composito-
res não abordaram somente o factual do exílio do Betinho, mas também a esperança da
O artista não é um inspirado pela arte que, tomado pela mágica da emoção vai expres-
sar seus ocultos pensamentos. Fernando Pessoa disse “o que em mim sente está pen-
sando”. Seu gênio está no trabalho competente da organização do código, no desenho
de uma linguagem do inédito – seja ela música, poesia, pintura etc. (CHALHUB, 2006, p.
19).
Tão logo a canção caiu no gosto popular e ficou conhecida como o hino da anis-
tia, foi decretada a lei em agosto de 1979 que declarava anistiados todos “aqueles que
cometeram crimes políticos ou conexos entre a data de 02 de setembro de 1961 a 15 de
agosto de 1979” (BISSOTO, 2012).
Se por um lado, a lei trouxe vários engajados políticos de volta ao solo brasileiro
e permitiu a libertação de muitos presos da ditadura, por outro, em seu segundo pará-
grafo, a lei assinalava “que os condenados pelos crimes de terrorismo, sequestro, assal-
to e atentado pessoal não seriam anistiados” (BISSOTO, 2012), o que fez com que muitos
permanecessem vítimas e reféns da ditadura.
Após assinalar neste artigo as produções de sentidos por meio da linguagem,
suas possibilidades de representar a realidade por meio do simbólico, as inquietações
que nortearam a composição, o que inspira a produção do artista, vamos abordar a
narrativa mediante um contexto político e histórico. Para a canção se tornar um hino da
Anistia, por certo havia um apelo para quem ouvia os seus versos em favor de uma
causa compartilhada.
A esperança equilibrista sabe que o show de todo artista tem que continuar
A gente se cruzou numa ida ao banheiro. Ele olhou para mim e falou, sorrindo: “É você,
não é? Eu pretendia terminar os meus dias lá fora e voltei por causa dessa música, seu
f.d.p.” E assim essa amizade se solidificou, a ponto de nos transformarmos, Betinho,
Henfil, Chico Mário e eu, quatro irmãos (BLANC, 2007).
a cultura do protesto não desapareceu. Permaneceu nas margens e tornou a aflorar nos
últimos anos de ditadura, sobretudo com o fim da censura, mas sem a relevância que
fora a sua logo depois da vitória do golpe. Mudara o país, e radicalmente ensejando no
mesmo movimento a mudança dos padrões culturais (REIS, ROLLEMBERG).
a distribuição das opiniões numa população determinada depende do estado dos ins-
trumentos de percepção e expressão disponíveis e do acesso que os diferentes grupos
têm a esses instrumentos. Quer isto dizer que o campo político exerce de facto um efeito
de censura ao limitar o universo do discurso político e, por este modo, o universo da-
quilo que é pensável politicamente, ao espaço finito dos discursos susceptíveis de serem
produzidos ou reproduzidos nos limites da problemática política como espaço das to-
madas de posição efetivamente realizadas no campo, quer dizer, sociologicamente pos-
síveis dadas as leis que regem a entrada no campo.
Deste modo, ao limitar com a censura o que era dizível no regime militar, o Go-
Se quisermos compreender como a arte enquanto fato social e expressão singular, in-
forma e orienta as percepções, constrói o imaginário, sublima as emoções, estabelece as
relações, convém examinar em que condições teóricas e metodológicas a prática e o ob-
jeto artístico podem ser analisados do ponto de vista dos fenômenos de comunicação
que eles operam. O objeto artístico e a forma serão, portanto, evocados como suporte de
informação, frente de significação e produção de sentidos ( CAUNE, 2014, p. 111).
Considerações finais
Neste artigo foi possível assinalar elementos poéticos e factuais na composição
da canção “O bêbado e a equilibrista”. A percepção desta obra musical na voz de Elis
Regina, uma das intérpretes mais respeitadas da denominada Música Popular Brasilei-
ra (MPB), emociona na mesma medida em que sua análise possibilita a leitura dos fatos
que contextualizaram historicamente a Anistia e narraram acontecimentos factuais que
tiveram grande repercussão, como a queda do viaduto Paulo Frontim e a morte de
Charles Chaplin.
Assim como no filme Tempos Modernos (1936), o personagem Carlitos segue em
uma estrada de esperança na companhia da jovem dançarina e revolucionária, vivendo
as mais diferentes emoções, na canção, o bêbado trajando luto é amparado pela espe-
rança equilibrista. Observamos por meio do depoimento dos seus compositores Blanc
(2007) e Bosco (2009) que o apelo político foi posterior à intenção de homenagear Cha-
plin, denotando as diferentes fontes de inquietações dos seus compositores.
Importante também ressaltar o valor que esta canção tinha para quem entoava
os seus versos. A relevância é constatada no contexto político em que a produção está
inserida e no modo como ela contribuiu e encorajou os passos arriscados e a esperança
de dias melhores. Deste modo, vale ressaltar mais uma vez o pensamento de Tom Zé
mencionado por Chalhub (2006) de que os compositores brasileiros sofrem do comple-
xo de épico. E nesse contexto épico surge uma produção de relevância não só para a
música brasileira, mas para a tradução de importantes momentos históricos, como, no
caso dessa canção, a Anistia.
Não eram poucos os motivos dos artistas e intelectuais para temer produções
que abordavam política como “O bêbado e a equilibrista”, dada a censura que as pro-
duções culturais naquele período sofriam, levando seus produtores a serem presos,
torturados e exilados. A metáfora e as analogias, utilizadas nos versos da canção por
Bosco e Aldir, nos levaram à reflexão para além dos elementos explícitos na narrativa
da composição, elencando os valores da linguagem simbólica com suas possibilidades
de interpretação e revelando a consciência dos compositores.
A percepção da letra da canção analisada requer, além da percepção dos ele-
mentos simbólicos nos versos da canção, o trabalho do artista que, segundo contribui-
ções de Losada (2011), interage com o meio que habita por meio do trabalho artístico
concreto. Neste aspecto, ressaltamos que a poesia contida na composição da canção e
na organização dos códigos tece uma narrativa que expressa toda angústia vivenciada
pelos compositores e por quem cantarolava a canção por conta da ditadura.
Todas estas elucidações abordadas neste artigo nos fazem compreender a di-
mensão comunicacional e artística que norteia a análise da canção, promovendo a re-
flexão sobre a importância que “O bêbado e a equilibrista” teve em um contexto histó-
rico-temporal e igualmente sobre o valor artístico revelando o simbólico, o poético e as
possibilidades de produções de sentidos. Ainda que a canção não tenha conseguido,
isoladamente, resolver todas as angústias, como questionara Elis Regina (1979), em
entrevista ao lançar a música, percebe-se o valor que a canção teve em traduzir a espe-
rança equilibrista de dias melhores e, a partir de então, contagiar os bêbados embria-
gados pelo sonho de viver em um país democrático.
Referências
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VENTURA, Zuenir. 1968: O ano que não terminou. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.
ABSTRACT: This article aims to analyze the narrative of the song “O bêbado e a equilibrista”
composed by João Bosco and Aldir Blanc, casting in its composition the factual and poetic ele-
ments, and as a result, the historical relevance of this song that became the hymn of the Brazili-
an Amnesty in 1979 in Elis Regina’s voice. The narrative analysis is based on the use of lan-
guage, the elements of symbolism and of production of senses, mediated by the perception of
reality and awareness both from he who composed the song, as well as from he who sang his
verses from a political and cultural context. Artistic and communicative dimensions of the arti-
cle theoretically come by Eco (2015), Sodre (2014), Medina (20 03), Bourdieu (1989), Paz (1984)
and other theorists, besides the testimony of composers and performers of the song.
KEYWORDS: Poetic, factual, song, MPB