Dicionário Da EC - LIvro-280-285

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Dicionário da Educação do Campo

Educação popular
Conceição Paludo

A concepção de educação popular educação crítica, desnaturalizadora da


tem uma gênese, uma trajetória e uma ordem social, que eduque homens e
atualidade. É nesse movimento de es- mulheres para que atuem na direção da
crita que procuramos apresentar a edu- construção de outro projeto para a so-
cação popular. ciedade (Freitas, 2003).
Na modernidade, o ser humano é No que diz respeito ao Brasil e à
considerado livre e igual; antes, ele era América Latina, Capitalismo dependente
tido como escravo e, depois, servo, o e classes sociais na América Latina, obra
que era compreendido como sendo de Florestan Fernandes (2009), permite
natural. Essa liberdade e igualdade, en- compreender o bloqueamento histórico
tretanto, não se concretizaram. A bru- para um desenvolvimento autônomo
talização do trabalho pelo capital, no e autossustentado. Ao analisar o de-
processo de constituição do modo de senvolvimento dos países, Fernandes
produção capitalista, desde cedo foi o explicita como o desenvolvimento so-
que impulsionou as críticas radicais ao ciocultural, político e econômico foi
novo modo de produção, à visão social sendo feito de modo “dependente” e
de mundo e ao poder político que iam “subordinado”. De acordo com o au-
se firmando. Também desencadeou a tor, nossas sociedades passaram do
luta pelos direitos, por condições dig- colonialismo para o neocolonialismo
nas de vida, e pela possibilidade de e para o capitalismo dependente sem
afirmação das identidades, enfim, as que se alterassem as condições que as
lutas dos movimentos reivindicatórios, tornam dependentes.
de contestação e de busca pelo poder
político do século XX. Essa dependência e subordinação
decorrem da articulação, que ainda se
Nesse processo é que vão deli- mantém, dos agentes econômicos in-
neando-se concepções diferenciadas ternos e externos na superexploração
de educação. Embora de modo sim- e na superexpropriação das riquezas/
plificado, é possível dizer que, de um força de trabalho, condenando os tra-
lado, temos as teorias da educação, balhadores do campo e da cidade às
e suas diversas vertentes, nomeadas condições de dependência necessárias
de liberais, cujo centro é transmissão de à reprodução desses mesmos agentes
conhecimentos, atitudes, valores e econômicos e de seus vínculos de domi-
comportamentos para a socialização nação. É por isso que, para Fernandes
submissa, para o mercado de trabalho (1981), em nossas sociedades, há uma
e para a naturalização, a aceitação e a convivência orgânica entre o arcaico e
reprodução da sociedade dividida em o moderno, no interior do “desenvol-
classes. De outro lado, temos as teorias vimento desigual e combinado”.
socialistas (críticas), também em suas
diversas vertentes, que propõem uma Fernandes (1981), entretanto, ad-
verte que a questão da dominação deve

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Educação Popular

ser pensada amplamente. Os níveis são, trabalhadores mais empobrecidos na


de acordo com o autor, o ideológico, defesa de seus direitos; dependendo da
o societário e o político. Quer dizer, a organização na qual se congregam, os
produção e a reprodução da socieda-
de capitalista se dão na sociedade e em
trabalhadores chegam inclusive a de-
fender e a lutar pela construção de uma E
suas instituições como um todo. É na nova ordem social.
esteira dessa forma de entendimento As raízes da educação popular são
que deve ser analisada a importância as experiências históricas de enfrenta-
e o papel da educação. Na sociedade mento do capital pelos trabalhadores
capitalista, como já se disse, o seu pa- na Europa, as experiências socialistas
pel é a formação de uma visão social do Leste Europeu, o pensamento pe-
de mundo que aceite a ordem, natura- dagógico socialista, as lutas pela inde-
lizando o modo de vida produzido pela pendência na América Latina, a teoria
sociedade (Frigotto, 1995) de Paulo Freire, a teologia da libertação
Em conexão com o contexto mais e as elaborações do novo sindicalismo e
amplo, na América Latina, as classes dos Centros de Educação e Promoção
populares ou os trabalhadores empo- Popular. Enfim, são as múltiplas expe-
brecidos, sem condições de reproduzir riências concretas ocorridas no con-
dignamente a sua vida material e espi- tinente latino-americano e o avanço
ritual, também desenvolveram articu- obtido pelas ciências humanas e sociais
lações, movimentos e lutas em defesa na formulação teórica para o entendi-
dos seus direitos. Especialmente entre mento da sociedade latino-americana.
os anos 1960 e 1990 foi se gestando A educação popular vai se firmando
uma concepção diferenciada de edu- como teoria e prática educativas alter-
cação, a da educação popular, que nativas às pedagogias e às práticas tra-
se tornou mundialmente conhecida dicionais e liberais, que estavam a ser-
(Brandão, 1994). viço da manutenção das estruturas de
Assim, é importante diferenciar poder político, de exploração da força
a educação dos populares ou dos tra- de trabalho e de domínio cultural. Por
balhadores empobrecidos que se faz isso mesmo, nasce e constitui-se como
com base nas das concepções liberais “Pedagogia do oprimido”, vinculada
de educação, em qualquer uma de suas ao processo de organização e prota-
vertentes, e a educação desses sujeitos gonismo dos trabalhadores do campo
que se faz a partir da concepção de e da cidade, visando à transformação
educação popular, cujo direcionamen- social.
to central do processo educativo é o No Brasil, é possível identificar
de estar a serviço dos interesses e das três momentos fortes de constituição
necessidades das classes populares, dos da educação popular anteriores aos
trabalhadores (Paludo, 2001). anos 1990. Esses momentos acompa-
A origem da concepção de educa- nham o processo de desenvolvimen-
ção popular, dessa forma, decorre do to brasileiro.
modo de produção da vida em socieda- O primeiro pode ser identificado
de no capitalismo, na América Latina em meados da Proclamação da Repú-
e também no Brasil, e emerge a partir blica (1889), estendendo-se até 1930.
da luta das classes populares ou dos Ele acontece no bojo das disputas pelo

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Dicionário da Educação do Campo

controle do direcionamento do desen- que se estende até meados de 1990, a


volvimento, e representa o processo de educação popular firma-se como uma
transição da passagem de um mode- das concepções de educação do povo e
lo agrário-exportador para um modelo avança na elaboração pedagógica e nas
urbano-industrial. Naquele tempo, as práticas educativas, principalmente nos
primeiras teorizações e práticas educa- espaços não formais (Singer e Brant,
tivas alternativas foram as dos socialis- 1981). Nesse processo, há o reconhe-
tas, anarquistas e comunistas,1 e reme- cimento de que a educação formal é
tiam a processos formais e não formais um direito, e a escola deixa de ser in-
de educação, a partir de uma concep- terpretada somente como reprodutora.
ção educativa que tinha elementos de Ela passa a ser considerada um espaço
diferenciação tanto da pedagogia tradi- importante de disputa de hegemonia
cional quanto da pedagogia da Escola e de resistência. Diversas concepções
Nova que ia emergindo. educativas estão presentes nas suas
Com a Revolução de 1930, o Brasil práticas: concepção de educação po-
passa pela ditadura do Estado Novo pular, teorias não diretivas, pedagogia
(1937-1945) e pelo chamado “breve pe- da Escola Nova, pedagogia tradicional,
ríodo democrático” (1945-1964). É nes- pedagogia tecnicista (Saviani, 2007).
se último período, no confronto entre A educação popular que se firma
projetos para o Brasil, que mais uma vez nesse período acumula praticamente e
emerge a concepção de educação popu- teoricamente uma concepção de edu-
lar, com a criação dos movimentos de cação. Esse projeto educativo é simbo-
educação popular.2 Três orientações pe- lizado pela educação dos e por meio
dagógicas, estreitamente ligadas às for- dos movimentos sociais populares. As
ças políticas e às disputas pela direção expressões “povo sujeito de sua histó-
do desenvolvimento, confrontavam-se: ria” (marco ontológico); “conscientiza-
a pedagogia tradicional, a pedagogia da ção”,4 “organização”, “protagonismo
Escola Nova e a concepção de educação popular” e “transformação” (marco
popular, com forte influência da teoria político e da finalidade da educação);
de Paulo Freire. Nesse momento do e os métodos prática-teoria-prática,
processo histórico brasileiro, a educação
ver-julgar-agir e ação-reflexão-ação
popular toma a forma do que ficou sen-
(marco epistemológico e pedagógico),
do conhecido como “a cultura popular
representam a orientação das práticas
dos anos 1960” (Fávero, 1983).
educativas desde a concepção de edu-
O Golpe de 1964 representa a op- cação popular. Estabelece-se, desse
ção por um projeto de desenvolvimento modo, o vínculo entre educação e polí-
cada vez mais associado e subordinado tica, educação e classe social, educação
ao capital internacional. No contexto e conhecimento, educação e cultura,
da ditadura, sob a influência das teo- educação e ética, e entre educação e
rias crítico-reprodutivistas e de deses- projeto de sociedade. A educação defi-
colarização, ampliam-se as análises do nitivamente deixa de ser prática neutra
Estado e da escola como aparelhos de e ganha o significado de ato político
reprodução da ordem do capital. (Freire, 1985), realizando a formação
A partir de 1978, há a (re)emergên- política e a conscientização para a ação
cia das lutas populares.3 Nesse período, e relacionando a formação com os

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Educação Popular

processos de luta e de organização das dronização educacional que ocorre em


classes populares. nível mundial. Se a educação é funda-
Na atualidade, na América Latina mental para que uma sociedade perdu-
e também no Brasil, não há mais uma
identidade forte, de origem, na forma
re, é igualmente importante a reprodu-
ção de valores, de forma bem-sucedida, E
de compreender a educação popular em cada pessoa (Mészáros, 2002). Essa
(Holliday, 2005). A crise que se aba- colocação possibilita compreender as
teu sobre a esquerda mundial, dadas dificuldades de se instituir a concep-
as novas formas de hegemonia do ca- ção de educação popular na escola e
pitalismo no mundo, não possibilita, como política pública no Brasil e na
igualmente, que as respostas à hegemo- América Latina.
nia do capital sejam tratadas de forma Na atualidade brasileira, a Educa-
homogênea pelos diferentes países. ção do Campo pode ser identificada
As sim, as estratégias adotadas são di- como uma das propostas educativas
ferenciadas (Sader, 2009). que resgata elementos importantes da
No Brasil, entre muitos outros as- concepção de educação popular e, ao
pectos, é possível dizer que há uma mesmo tempo, os ressignifica, atuali-
fraca menção à classe social como ca- za e avança nas formulações e práticas
tegoria importante para a análise da direcionadas a um público específico.
realidade; a inclusão social, como ho- Essa é uma importante experiência
rizonte utópico, toma o lugar do so- existente no Brasil, protagonizada pe-
cialismo, e muito pouco se discute um los próprios sujeitos populares, apesar
projeto civilizatório. Movimento social de alguns “transformismos”, realizados
passa a ser um grande “guarda-chuva”, pelo próprio Estado e por outras insti-
sob o qual se abrigam diferentes con- tuições. Seus impulsionadores são os
cepções cujas discussões não explicitam movimentos populares do campo. Me-
seus pressupostos; deixa-se de realizar rece destaque o protagonismo do
a formação política: a importância da Movimento dos Trabalhadores Rurais
conscientização política é praticamen- Sem Terra (MST). No atual momento
te negada. A via eleitoral e o terceiro histórico brasileiro, é esse movimento,
setor são assumidos como estratégia: sem dúvida, o que mais tem contribuí-
espaço das lutas e da possibilidade de do na discussão e efetivação de expe-
inclusão social. Tudo se faz em nome riências de processos não formais, a
dos e para os pobres, que já não são chamada formação política, e de uma
sujeitos de seu processo de libertação. nova educação e uma nova escola,
O pensamento crítico parece ter cedi- que resgatam os lineamentos centrais
do lugar à naturalização de tudo o que da educação popular (Caldart, 2010;
existe e acontece (Leher, 2007). Munarim et al., 2010).
No âmbito da educação, que não A educação popular na escola pú-
pode ser analisada de modo descolado blica continuará a ser um projeto em
do contexto mais amplo, há a retoma- construção. O que se pode e se deve
da da concepção de educação popular, fazer é retomar o seu sentido de ori-
na ideia de sua construção como polí- gem e construir projetos e propostas
tica pública, sem maiores discussões da de resistência, com esperança, mas sem
implicação disso – por exemplo, a pa- ilusões, porque, sob o capital, a esco-

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Dicionário da Educação do Campo

la pública e popular sempre será algo repensar a nova sociedade, a nova edu-
pelo qual vale lutar, dada a importância cação e a nova escola.
da educação dos trabalhadores, e para A educação popular, em sua origem,
os processos transformadores (Vale, indica a necessidade de reconhecer o
2001). Como resistência e, portanto, movimento do povo em busca de direi-
como contra-hegemonia, ela demanda tos como formador, e também de voltar
que, além da atuação no interior das a reconhecer que a vivência organizativa
escolas, a inserção dos educadores seja e de luta é formadora. Para a educação
também ativa nas lutas dos trabalhado- popular, o trabalho educativo, tanto na
res, ou seja, há uma opção política de escola quanto nos espaços não formais,
“fazer com”. A resistência exige “um visa formar sujeitos que interfiram para
pé na escola e um pé na sociedade”, transformar a realidade. Ela se consti-
nos espaços de organização dos tra- tuiu, ao mesmo tempo, como uma ação
balhadores. É a resistência à lógica do cultural, um movimento de educação
capital que amplia as possibilidades de popular e uma teoria da educação.

Notas
1
Os libertários, no início do século XX, não lutavam pelo ensino público e gratuito. Inspira-
dos em Ferrer, desenvolveram a chamada educação racionalista e fundaram a Universidade
Popular e dezenas de escolas modernas, que eram autossustentadas (ver Ghiraldelli, 1987).
2
Por exemplo, o Movimento de Cultura Popular (MCP), criado em 1960, no Recife, por
Paulo Freire; o Movimento de Educação de Base (MEB), criado em março de 1961 pela
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); o Centro de Popular de Cultura (CPC),
criado em 1961 pela União Nacional dos Estudantes (UNE); e o Plano Nacional de Alfabe-
tização (PNA), criado em 1963 por Paulo Freire, no Governo João Goulart.
3
Nesse período, surgem ou ressurgem, entre outros, as comunidades eclesiais de base
(CEBs), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e
diversas outras pastorais populares e movimentos de bairros, além da Articulação dos Mo-
vimentos Populares ou Sindicais (Anampos). Houve também a rearticulação do movimento
sindical – Com a criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Central Geral dos
Trabalhadores (CGT) e da União Sindical Independente (USI); a organização do Movi-
mento Negro Unificado (MNU), do Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua
(MNMMR), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Movimento
das Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR) – hoje Movimento de Mulheres Camponesas
(MMC Brasil) –, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), do Movimento de
Luta pela Moradia (MLM) e do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH).
4
Vale pontuar que a conscientização, hoje, não pode mais ser compreendida somente como
conscientização política, que se traduz na capacidade de leitura da estrutura e dinâmica da so-
ciedade capitalista, na tomada de posição e inserção efetiva nos processos de luta. É preciso que
se trabalhe (e se pratique), nos processos educativos e nos espaços organizativos, com a ideia de
formação de uma consciência ampliada e da formação omnilateral, formação humana.

Para saber mais


Brandão, C. R. Os caminhos cruzados: formas de pensar e realizar a educação
na América Latina. In: Gadotti, M.; Torres, C. A. (org.). Educação popular: utopia
latino-americana. São Paulo: Cortez, 1994. p. 23-49.

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Educação Popular

Caldart, R. (org.). Caminhos para a transformação da escola. São Paulo: Expressão


Popular, 2010.
Fávero, O. (org.). Cultura popular, educação popular, memória dos anos 60. Rio de
Janeiro: Graal, 1983. E
Fernandes, F. A revolução burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica.
Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
______. Capitalismo dependente e classes sociais na América Latina. 4. ed. São Paulo:
Global, 2009.
Freire, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
Freitas, L. C. de. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da didática. 6. ed. São
Paulo: Papirus, 2003.
Frigotto, G. Educação e crise do capitalismo real. São Paulo: Cortez, 1995.
Ghiraldelli, P. Educação e movimento operário. São Paulo: Cortez, 1987.
Holliday, O. J. Ressignifiquemos as propostas e práticas de educação popular
perante os desafios históricos contemporâneos. In: Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Educação popular na
América Latina: diálogos e perspectivas. Brasília: Unesco/MEC/CEAAL, 2005.
p. 233-239.
Leher, R. Educação popular como estratégia política. In: Jezine, E.; Almeida,
M. L. P. de (org). Educação e movimentos sociais: novos olhares. São Paulo: Alínea,
2007. p. 20-32.
Mészáros, I. Para além do capital. São Paulo: Boitempo; Campinas: Editora da
Unicamp, 2002.
Munarim, A. et al. Educação do campo: reflexões e perspectivas. Florianópolis:
Insular, 2010.
Paludo, C. Educação popular em busca de alternativas: uma leitura desde o campo
democrático e popular. Porto Alegre: Tomo, 2001.
Sader, E. Quando novos personagens entram em cena: experiências e lutas dos trabalha-
dores na Grande São Paulo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
______. A nova toupeira: os caminhos da esquerda latino-americana. São Paulo:
Boitempo, 2009.
Saviani, D. História das ideias pedagógicas no Brasil. São Paulo: Autores Associados, 2007.
Singer, P.; Brant, V. C. (org.). O povo em movimento. Rio de Janeiro: Vozes, 1981.
Vale, A. M. Educação popular na escola pública. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

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