As Dificuldades de Aprendizagem e A Neuropsicopedagogia
As Dificuldades de Aprendizagem e A Neuropsicopedagogia
As Dificuldades de Aprendizagem e A Neuropsicopedagogia
Indaiatuba, 2024
RESUMO: O presente trabalho visa contribuir com as discussões existentes a
respeito das dificuldades de aprendizagem e a atuação do
neuropsicopedagogo, é preciso criar meios eficazes e inovadores na
construção do saber, porque o problema de dificuldade de aprendizagem
dentro do espaço escolar é uma das problemáticas com a qual o
neuropsicopedagogo e o educador deparam-se constantemente nos dias
atuais.
O profissional nessa área deve procurar promover a melhor maneira possível
de utilizar a intervenção neuropsicopedagógica como transformação pessoal e
social na dinâmica da construção do conhecimento, quanto a uma
aprendizagem qualitativa e significativa nas dificuldades de aprendizagem.
Portanto, o neuropsicopedagogo terá o caráter preventivo por isso o mesmo
precisa ter um olhar e escuta de forma inovadora numa ação reflexiva com o
sujeito visando o aperfeiçoamento do mesmo ante das dificuldades de ensina
aprendizagem.
Palavras chave:
Dificuldades de aprendizagem. Aprendizagem. Intervenção
neuropsicopedagógica.
Key words:
Learning disabilities. Learning. Neuropsychopedagogical intervencione.
INTRODUÇÃO
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CONCEPÇÃO DE APRENDIZAGEM
A aprendizagem pode ser definida como uma modificação do comportamento
do indivíduo em função da experiência. E pode ser caracterizada pelo estilo
sistemático e intencional e pela organização das atividades que a desencadeiam,
atividades que se implantam em um quadro de finalidades e exigências
determinadas pela instituição escolar, (ALVES, 2007).
O processo de aprendizagem traduz a maneira como os seres adquirem novos
conhecimentos, desenvolvem competências e mudam o comportamento. Trata-se
de um processo complexo que, dificilmente, pode ser explicado apenas através de
recortes do todo (ALVES 2007, p. 18).
A busca pela de definição, causas e tipos de Dificuldade de Aprendizagem
fizeram com que surgissem novas concepções e mecanismos para o diagnóstico e a
intervenção, visando possibilitar a superação do déficit na aprendizagem mas para
isso é importante que de início se tente compreender o que é e como se dá a
aprendizagem.
Entende – se por dificuldade de aprendizagem não só por problemas cognitivos
e/ ou emocionais, mas também por situações geradas pela variável escola e pelos
ambientes educacionais. Já o termo distúrbios de aprendizagem se refere mais a
questões intrínsecas do aluno, como disfunções neurológicas.
A necessidade de compreensão sobre a conceitualização e os modelos de
aprendizagem vem determinando ações no meio escolar, nas pesquisas científicas e
nas vidas das pessoas, principalmente quando apresentam dificuldades em suas
habilidades básicas da vida acadêmica e social.
Temos diversas causas se tratando de dificuldade de aprendizagem e um
diagnóstico pouco criterioso pode ter para o individuo consequências sérias, como
rotular, gerar preconceitos, e um longo período de tratamento. Isso sem considerar
os problemas de natureza afetivo-emocional. Fica muito difícil diagnosticar uma
criança como tendo dificuldades de aprendizagem sem ter domínio sobre as
múltiplas causas que podem provocar causar esse déficit.
Dificilmente, consegue – se diagnosticar as dificuldades de aprendizagem com
segurança antes do fim da pré-escola ou no início do ensino fundamental. Esta é
uma variante muito sensível ao fator desenvolvimento.
A cognição é a capacidade para armazenar, transformar e aplicar o
conhecimento, sendo um amplo leque de processos mentais. Através da natureza
da cognição que o sujeito compreende os processos mentais superiores. A palavra
cognição vem do latim cognitione, quer dizer ação de obter, absorver conhecimento.
O intelecto ligado à capacidade humana de conhecer, de acumular o
conhecimento e processar as informações apresenta a cognição como o processo
mental em si, caracterizado por suas funções, denominadas funções cognitivas, são
elas: memória, atenção, percepção, juízo, imaginação, pensamento e linguagem,
representação de conhecimento, raciocínio, criatividade e resolução de problemas.
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É este processo mental que possibilita o intelecto entender as situações desde
as mais simples até aquelas que requerem atividades cerebrais elaboradas.
Os fatores das dificuldades de aprendizagem por fator químico estão ligados às
irregularidades nos cérebros, mais precisamente nos neurotransmissores, quando
há uma falha nas conexões há a prescrição de medicações para que o desequilíbrio
químico seja reorganizado.
A cada estímulo que chega ao cérebro, novas conexões são formadas neste
complexo sistema de informações e são armazenadas uma a uma. Durante a
aprendizagem os sujeitos passam por uma transformação e se tornam um novo
sujeito. Sendo que a aprendizagem é um processo pelo qual as competências,
habilidades, conhecimentos, comportamento ou valores do sujeito são adquiridos ou
modificados de acordo com as experiências vividas por ele, sejam resultadas do seu
estudo, formação, do raciocínio ou da observação de uma situação.
O processo de aquisição de novas informações que ficam arquivados na
memória, chamado de aprendizagem, em que o cérebro reage aos estímulos do
ambiente ativando as sinapses, é caracterizado por ser um processo no qual se
adquire novos conhecimentos. Porém, quando há falha nas intensidades das
sinapses ou há alterações de circuitos que processam informações com capacidade
de armazenamento molecular tem-se uma disfunção da rede neuronal, que leva o
sujeito aprendiz a apresentar dificuldades específicas no funcionamento cognitivo.
Se o sujeito apresenta alterações desde a infância, isso significa que ele passa
por um processo de disfunção no neurônio, que pode ocorrer de forma localizada, ou
difusa e ainda causada por conexões anormais. As alterações são observadas
exteriormente a partir das dificuldades que o sujeito irá apresentar nas situações que
requerem o seu raciocínio lógico, na resolução de problemas, em atividades ligadas
à memória, atenção, atividades sensoriais, perceptivas, uso das funções executivas,
do pensamento, da linguagem, da interpretação etc.
Segundo o cientista japonês Hideaki Koizumi, o aprendizado é “um processo
pela qual o cérebro reage aos estímulos ao fazer conexões neurais, que agem como
um circuito para o processamento e armazenamento das informações” (BARROS,
2012, p. 10).
Para Piaget (1998) a aprendizagem provém de “equilibrarão progressiva, uma
passagem contínua de um estado de menos equilíbrio para um estado de equilíbrio
superior”. Diante dessa afirmação nota-se que a aprendizagem parte do equilíbrio e
a sequência da evolução da mente, sendo assim um processo que não acontece
isoladamente, tanto podem partir das experiências que o indivíduo acumula no
decorrer da sua vida, como também por meio da interação social.
Segundo Antunes ( 2008, p. 32).
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Na perspectiva de Vygotsky (1991) “a aprendizagem é a interação dinâmica
entre a criança com o meio social”, sendo que o pensamento e a linguagem
recebem influencias do meio em que convivem. O funcionamento cognitivo da mente
está relacionado à reflexão, planejamento e à organização das estruturas lógicas e
vai adequando-se a mediação simbólica e social.
Segundo Vygotsky (1991) a aprendizagem acontece por meio de uma zona de
desenvolvimento proximal que pode ser definida da seguinte forma (VYGOTSKY,
1991, p. 97):
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
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e estes, deverão procurar ajuda a um profissional da área de saúde mental para
realizar o diagnóstico. Quanto mais cedo for diagnosticado o TDAH, menores serão
os prejuízos no desenvolvimento da criança e consequentemente, na sua vida
adulta.
Quando se fala em alunos com dificuldades especiais é sempre bom lembrar o
termo inclusão. O aluno com TDAH, assim como aqueles com deficiências
necessitam de um cuidado pedagógico especial. Visto que a LDB (Lei 9394/96 de 20
de Dezembro de 1996) como também o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei
8.069) asseguram o direito aos alunos especiais e com deficiências receber
educação preferencialmente na rede regular de ensino, com direito a currículos e
métodos educativos diferenciados que venham atender suas necessidades.
As Salas de Recursos Multifuncionais são espaços para a ação do educador
especializado no atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais.
Nelas são desenvolvidas atividades que se diferenciam daquelas realizadas nas
salas de aula comuns, oferecendo a esses estudantes múltiplas possibilidades de
aprendizagem, em articulação com as ações desenvolvidas no ensino regular.
Sendo assim a inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais
é uma questão a ser tratada com cuidado, pois constitui preparação prévia de
profissionais a fim de qualificá-los para trabalhar com competência e conhecimento
nessa área do ensino que requer atenção. Sabe-se que o aluno com alguma
deficiência seja física, auditiva, visual, mental dentre outras, não possui o mesmo
grau de aprendizagem dos “ditos normais”, dos que não apresentam necessidades
educacionais especiais, são necessários utilizar de materiais e metodologias
diversificadas para se atingir o objetivo que se espera alcançar com esses alunos, e
a formação dos profissionais que atuam na educação, a concretização das leis e a
garantia de recursos (materiais, físicos e acessibilidade) é importante para superar
as desigualdades educacionais existentes.
No entanto, é necessário que o educador respeite as limitações específicas
não apenas das crianças com TDAH, mas também de todos os alunos que
necessitam de ajuda mais elaborada para que tenham uma aprendizagem
significativa.
O PAPEL DO NEUROPSICOPEDAGOGO
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CONSIDERANDO a finalidade social da Sociedade Brasileira de
Neuropsicopedagogia – SBNPp;
CONSIDERANDO que um país mais justo e democrático passa pela adoção da
ética na promoção das atividades profissionais;
CONSIDERANDO a função educacional dos associados institucionais integrantes da
Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia – SBNPp, responsáveis pela
normatização e codificação das relações entre beneficiários e destinatários;
CONSIDERANDO a necessidade de mobilização dos integrantes profissionais para
assumirem seu papel social e se comprometerem, além do plano das realizações
individuais, com a realização social e coletiva;
CONSIDERANDO a necessidade de definição, adaptação e aperfeiçoamento do
Profissional de Neuropsicopedagogia, para adequar-se à proposta contida na
idealização e constituição da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia –
SBNPp que propõe o conceito de profissão e levará as instâncias políticas o
reconhecimento dos avanços da Neuropsicopedagogia;
CONSIDERANDO as contribuições encaminhadas a Sociedade Brasileira de
Neuropsicopedagogia – SBNPp, de docentes, consultores educacionais e demais
interessados;
CONSIDERANDO ser o Código de Ética Técnico Profissional da
Neuropsicopedagogia, sobretudo, um código de ética humano, que contém normas,
princípios e diretrizes que devem ser seguidos, e se aplicam às pessoas físicas e
jurídicas devidamente associadas à Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia –
SBNPp, por adesão, demonstrando, portanto, a total aceitação aos princípios nele
contidos.
CONSIDERANDO o que decidiu em Assembleia extraordinária, com mais de 2/3 dos
membros do Conselho de Ética e Técnico Profissional da SBNPp, realizada em 30
de julho de 2014;
CONSIDERANDO o reconhecimento, pela CBO – Classificação Brasileira de
Ocupação–das duas profissões distintas em seus contextos de atuação:
Neuropsicopedagogo Clínico - NPC: código 2394-40 e Neuropsicopedagogo
Institucional - NPI: código 2394-45;
CONSIDERANDO o estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto
Legislativo n. 06, de 20 de março de 2020, e da emergência de saúde pública de
importância internacional decorrente do coronavírus (covid-19);
CONSIDERANDO os novos contextos profissionais, trabalhistas, estruturais,
econômicos, financeiros, e, principalmente de saúde pública coletiva em decorrência
do novo coronavírus (covid-19).
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apresentando sempre uma postura de assessoramento e parceria, compreendendo
e conhecendo os espaços onde ocorre a aprendizagem.
Uma das características principais do papel do neuropsicopedagogo é o
preventivo, quer seja clínico ou educacional. Ajudar, orientar e principalmente
diagnosticar corretamente os problemas relacionados à aprendizagem, evitando
assim o fracasso escolar e erros na intervenção ou diagnóstico
neuropsicopedagógico. Levar em consideração que a vida do sujeito deve se dar de
forma harmoniosa e equilibrada tanto orgânica, emocional, cognitiva e socialmente.
O papel do neuropsicopedagogo cada vez mais vem sendo difundido no
mundo, cada país, porém com a sua realidade própria sendo levada em conta. Em
se tratando de países ao entorno do Brasil, podemos destacar que na Argentina,
segundo Souza, et al.(2015), o processo de investigação inicia-se a partir de
entrevistas com os pais, com o intuito de conhecer o histórico da vida do seu aluno,
a partir daí então, são realizadas entrevistas com os docentes para colher
informações sobre o processo ensino-aprendizagem, a proposta da instituição,
metodologia, avaliação, material didático, as relações entre professor e aluno e entre
alunos.
A parte final da entrevista é com o aluno e o neuropsicopedagogo pode utilizar
instrumentos de avaliação que o psicólogo também utiliza. Enquanto que no Brasil o
processo investigativo inicia-se com o aprendente e o neuropsicopedagogo não
pode utilizar os mesmos instrumentos utilizados pelo psicólogo.
Ainda, segundo Souza, et al. (2015), quando se observa os diferentes tipos de
recursos disponíveis e utilizados na Argentina em comparação com a realidade
neuropsicopedagógica disponível no Brasil, é possível perceber que ainda há muito
que avançar por aqui.
Segundo Visca (1991), o processo diagnóstico se dá por intermédio do
reconhecimento, do prognóstico e das indicações, através das cinco fases:
anamnese, testes, provas piagetianas, conceitualização do caso, devolução aos pais
e em alguns casos à criança.
O neuropsicopedagogo pode atuar na área clínica, institucional, hospitalar e
empresarial.
Na área clínica, o neuropsicopedagogo trabalha individualmente em um
consultório. Agenda a primeira entrevista com os pais e a própria criança, se houver
essa possibilidade. Esse momento é importante para que se observe a dinâmica
psicológica familiar, as atividades espontâneas desenvolvidas pelo indivíduo.
Utiliza instrumentos que caracterizam a avaliação neuropsicopedagógica, tais
como: jogos, brinquedos, desenhos, provas cognitivas, provas piagetianas.
. Faz anotações do que é falado e do comportamento dos envolvidos. Muitas
vezes detecta que as queixas se relacionam ao contexto familiar ou ao escolar e não
diretamente ao indivíduo que aparentemente apresenta algum transtorno e, em
havendo algum transtorno deve encaminhar o sujeito à área da saúde adequada,
psicólogo, fonoaudiólogo etc.
Nesse momento aplica a anamnese, instrumento utilizado com o objetivo de
relembrar todos os fatos que se relacionam à dificuldade do sujeito. Na anamnese
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são colhidos dados desde a gestação, parto, ambiente em que o indivíduo vive,
sexualidade, histórico escolar, saúde, dados familiares etc.
Na clínica também são atendidos adolescentes e adultos com intuito de
recuperar a autoestima perdida nos primeiros anos da vida escolar, fazendo-os
perceber que possuem potencialidades e são capazes de realizar atividades
acadêmicas.
Para Weiss (1997) todo o diagnóstico é um processo de investigação, uma
pesquisa do que não vai bem com o sujeito em relação a uma conduta esperada.
Será, portanto, o esclarecimento de uma queixa, do próprio sujeito, da família e, na
maioria das vezes, da escola.
Vários profissionais da área, como BOSSA (2011), também indicam o uso do
desenho e de gravuras que tratem do cotidiano familiar, de brincadeiras, passeios
etc., que servem de dados para compreender a dinâmica interna do indivíduo, assim
como de sua dinâmica familiar.
O acompanhamento neuropsicopedagógico (diagnóstico, intervenção e
encaminhamento, quando necessário), deve ser cuidadoso para não patologizar ou
culpabilizar o aprendente e sua família.
A instituição escolar, por sua vez, deve possibilitar a esses alunos um espaço
de aprendizagem, de conhecimento, por exemplo, com variados tipos de livros, sala
de vídeos, computadores etc. A falta desses recursos e a falta de estímulo tem como
consequência o atraso escolar e, encaminhamentos a psicólogos, neurologistas,
entre outros, muitas vezes desnecessários, que se vistos adequadamente através
dos olhos do neuropsicopedagogo poderão ser resolvidos com certa rapidez e
autonomia.
Conhecer o que o professor desenvolve em sala de aula, a sua dinâmica,
como os alunos produzem seu conhecimento, como é empregada a didática e a
metodologia, qual a relação de autoridade exercida pelo professor e outros aspectos
dessa relação, permitem ao neuropsicopedagogo propor algum tipo de intervenção,
não atuando de forma individual e sim ampla, interagindo com o professor e com a
equipe multidisciplinar, adequando a metodologia caso necessário.
O europsicopedagogo também poderá atuar na área hospitalar, cujo
atendimento refere-se à educação especial, em que há o acompanhamento
neuropsicopedagógico a crianças em situações e condições especiais, tanto por
fatores patológicos como por acidentes que a faz se afastar da sala de aula. Utiliza
atividades lúdicas onde o enfermo e pais possam participar juntos. Isto possibilita ao
indivíduo e à sua família uma vivência menos traumática e tensa.
Oneuropsicopedagogo que atua nas empresas também deve trabalhar em
parceria, ajudar na solução dos conflitos, desenvolver ações que buscam a
motivação dos funcionários, além de realizar treinamentos personalizados e
avaliação de aprendizagens da própria empresa, trazendo equilíbrio emocional aos
funcionários e melhor rendimento profissional.
Segundo (FERNÁNDEZ, 2012, p. 24):
O nosso papel é oferecer uma superfície para que a pessoa atendida, desde o
primeiro momento do diagnóstico, possa ir encontrando-se, para além do sintoma
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que o traz à consulta e para além do alcance de nosso próprio olhar. Oferecer um
tempo para que aquele que atendemos descubra algo novo sobre si mesmo.
O neuropsicopedagogo, antes de tudo, deve conhecer como ocorre o processo
de construção da língua escrita e dos números. Após a compreensão desses
conhecimentos, deve se aprofundar nos tipos de transtornos de aprendizagem, deve
conhecer o seu campo de atuação, seja clínica, educacional, hospitalar e
empresarial.
É importante que ele conheça também o Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM/V). Deve ter a experiência e a sensibilidade de perceber
o ser humano e sua relação com o ensino-aprendizagem, não esquecendo que o
que define uma determinada intervenção é o nível de sofrimento do sujeito e as
barreiras e dificuldades que encontra no seu dia-a-dia, para somente, então, fazer o
acompanhamento e os devidos encaminhamentos.
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Para o neuropsicopedagogo é fundamental compreender o processo de
aprendizagem, onde as manifestações mais frequentes são: dificuldade de
raciocínio, lentidão, dificuldades com situações problemas e nas partes gramaticais.
Na área perceptiva motora, como conhecer os processos de desenvolvimento
da coordenação motora fina, auditiva, visual, espacial, na sua interação com o objeto
de conhecimento, como também na escrita e na leitura.
Na atuação neuropsicopedagógica, deve ser considerado a gênese do
processo da escrita e leitura, as transformações e diferenciações sobre o desenho e
escrita, passando por todo processo das hipóteses – o ponto de partida se constitui
na maneira de compreender o mundo.
O planejamento neuropsicopedagógico deve levar em consideração esse
dinamismo, essa evolução/processo.
O neuropsicopedagogo deve considerar que é a ação do ser aprendente sobre
o objeto, o ponto de partida pra construção do conhecimento, ocorrendo através da
estruturação do vivido onde o sujeito formula os seus conceitos e com a integração
das áreas de conhecimento, dentro das possibilidades evolutivas. É na
interdisciplinaridade que o neuropsicopedagogo busca desvendar o complexo que é
a aprendizagem humana.
O trabalho neuropsicopedagógico aceita como desafio, procurar auxiliar aquele
com dificuldades de aprendizagem, traduzidas como falhas no processo da
construção do conhecimento. Do ponto de vista neuropsicopedagógico, o
desenvolvimento é uma construção que se faz por trocas entre o indivíduo e o meio,
buscando um equilíbrio no decorrer do processo de aprendizagem, trazendo
implicações importantes para a prática, seja do ponto de vista de nível do
desenvolvimento intelectual ou da linguagem, como até mesmo na afetividade.
A pratica neuropsicopedagógica tem como base procurar entender esse
processo evolutivo, procurando detectar certos níveis de funcionamento das
áreas ou intervir na aprendizagem (psicomotor, perceptivo e cognitivo).
O processo diagnóstico é um processo participativo aonde o
neuropsicopedagogo vai fornecendo ao indivíduo meios de revelar sua relação com
a aprendizagem. Esse processo diagnóstico é percebido apenas como a etapa
inicial da intervenção.
Segundo Bossa (2000, p. 105-111), na prática pedagógica verifica-se se há
necessidade de vivenciar, novamente, de forma lúdica, a linguagem escrita para
refazer e reconstruir, prazerosamente, a relação inicial que se encontra bloqueada.
No planejamento neuropsicopedagógico a participação do aluno é tão decisiva
quanto sua participação no desenvolvimento do processo terapêutico, no qual é
proposto e sugerido prioridades e técnicas de trabalho, ouvindo suas necessidades,
interesses e sugestões.
Quanto maior for à faixa etária de um aluno (adolescente), maior será o
conhecimento específico dos elementos estruturais de nossa língua, com uma
compreensão dinâmica que pertence ao domínio da Linguística e da
Psicolinguística.
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É preciso uma reorganização dos padrões de comunicação, de linguagem e de
aprendizagem, com uma terapia psicopedagógica, observando sempre as
modificações que refletem na personalidade do indivíduo.
Agora, tomando como base a instrumentação do profissional, para um
diagnóstico, exigem-se vários questionamentos e maior reflexão para uma avaliação
clínica.
O motivo desta avaliação clínica está ligado ao não aprender algo, ou tudo
relativo à aprendizagem (não aprende, bem como, o aprender num ritmo muito a
desejar, são os déficits específicos da aprendizagem).
Os obstáculos relativos à aprendizagem refere-se a um campo que deve ser
melhor explorado pelos Neuropsicopedagogos, assim como, as dificuldades de
aprendizagem na área de trabalho. Acredita-se ser impossível realizar um
diagnóstico neuropsicopedagógico sem levar em conta essa questão de
aprendizagem, pois envolve uma conceituação de o que se aprende enquanto
linguagem escrita e de quem se aprende, sendo que por trás disso a um sujeito que
pensa, constrói interpretações e que age sobre a realidade que o cerca, fazendo-lhe
sentido; relacionado à alfabetização como um todo.
Com base teórica, ao se construir um Diagnostico Neurosicopedagógico, há
pontos que nortearão o profissional para optar por uma conceituação de
personalidade, aprendizagem e do que se entende pelo processo de aprendizagem.
Para entender o processo de aprendizagem e suas dificuldades, segundo o Visca
(1991, p.68), é necessário integrar os conceitos de 3 grandes escola: estruturalista
(realidade é uma rede de relações que produzem estruturas que possuem suas
próprias leis); construtivista (desenvolvimento é uma construção realizada entre o
sujeito e o meio); e interacionista (é na interação dialética que se constrói o sujeito e
o objeto).
É apresentado um esquema conceitual que se configura numa função de
realização e de assimilação recíproca das contribuições da Psicanálise, em relação
ao processo de aprendizagem – a teoria e a prática, numa perspectiva
Interacionista, Construtivista e Estruturalista, conforme conceituamos acima.
Há uma busca por uma visão histórica desses obstáculos, encontrando a
possibilidade das causas terem origem afetiva e/ou orgânicas, para ao final apontar-
se uma única causa para certas dificuldades de aprendizagem.
Na técnica diagnostica estão propostos uma analise com base epistemológica
convergente que são (WEISS, 2002, p. 36):
• Entrevista operativa na aprendizagem – EOCA
• Testagem - segundo linhas definidas de investigação
• Anamnese - aberta, situacional e segundo linhas definidas de investigação.
• Elaboração do relatório – num primeiro momento visando organizar a imagem
do sujeito, pra posteriormente formular por escrito as hipóteses e comprovar.
• Devolução da informação aos pais e/ou ao paciente
Na proposta, apresentam-se diferenças básicas em relação a um esquema
sequencial clássico, pois primeiramente não se utilizam as provas pedagógicas de
leitura e escrita ou calculo que indicariam o nível de conhecimento do aluno.
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É uma entrevista focalizada no modelo de aprendizagem do sujeito – como ela
aprende ou aprende a aprender (VISCA, 1991, p. 70 e 71).
Pede-se ao aluno que “mostre” o que já sabe, o que aprendeu, a fazer alguma
coisa como ler, escrever, etc. Pode-se também, continuando a entrevista, o
examinador fazer algumas intervenções, para observar modificações da conduta
geral, nas possibilidades de organização e desorganização do aluno.
Ao final da entrevista, conheceremos como é o indivíduo, vinculando suas
defesas, em relação à situação escolar. Esta testagem – EOCA – precisa ser
encarada como meio de avaliar hipóteses levantadas e não como fim em si mesmo.
Também é preciso uma entrevista com a família, com a equipe escolar e outros
profissionais que lidem com o examinado.
A profundidade com que é visto este diagnóstico psicopedagógico leva-nos à
reflexão final de que todo o percurso feito no diagnóstico não deve ser visto como a
localização do problema e, sim, como possibilidade de investigação do processo
anterior de ensino-aprendizagem que o sujeito passou.
Todo neuropsicopedagogo deve lutar por um espaço dentro da escola e da
sociedade, no geral, em prol de melhores condições de ensino-aprendizagem,
realizando não só ações terapêuticas, mas, principalmente, uma intervenção
profilática, almejando que todo o ser aprende-te possa construir uma relação
saudável com o conhecimento. O neuropsicopedagogo deve estabelecer-se como
um profissional competente e necessário, para não ser considerado apenas um
“professor particular de luxo”, e, sim, tornar-se indispensável a toda instituição de
ensino interessada realmente na construção do processo de aprendizagem de uma
criança.
Apesar de o neuropsicopedagogo trabalhar especificamente com problemas de
aprendizagem, este pode ter vários campos de atuação neuropsicopedagogia, além
da escola, como: clínica, instituição de saúde ou mesmo em empresas.
A atuação do neuropsicopedagogo não se refere apenas ao espaço físico
onde vai atuar, mas também ao modo que este pensa a Neuropsicopedagogia e do
conhecimento que tenha da área de atuação neuropsicopedagógico.
A Neuropsicopedagogia Educacional tem como objetivo repensar o papel da
escola frente às dificuldades de aprendizagem da criança conjuntamente com toda
equipe escolar (professores, diretores, coordenadores, etc.). Mesmo tendo essa
preocupação com as dificuldades de aprendizagem, a escola não consegue abarcar
todos esses “problemas” em sua totalidade, então, necessita-se de diferentes
modalidades de atuação neuropsicopedagógica: uma mais Preventiva, com o
objetivo de estar atuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola; e outra, Clínico-Terapêutica, que seria responsável pelo Tratamento
Neuropsicopedqgógico de crianças com maiores comprometimentos, que não
pudessem ser resolvidos na própria escola.
A atuação Clínico-Terapêutica é praticada fora das paredes escolares, em
locais especiais de atendimento, o Consultório Neuropsicopedagógico. A prática
neuropsicopedagógica clínica, também, é frequentemente desenvolvida em
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instituições de saúde, que mantém atendimento Neuropsicopedagógico a criança
proveniente de comunidades carentes.
Outra função do neuropsicopedagogo é auxiliar as empresas no setor de
Recursos Humanos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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que se refere as dificuldades de aprendizagem e o que se espera a partir dessa
percepção é que esse estudo possa ser inserido dentre aqueles que de alguma
maneira apresentam contribuições para o tema.
Não há também a pretensão de se esgotar o assunto com esse trabalho e
como sugestão para futuros pesquisadores e que seja dada uma atenção as
questões metodológicas.
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Problemas de Aprendizagem Escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.
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