Penal 5

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AO JUÍZO DA 1ª VARA CRIMINAL DE SÃO PAULO – ESTADO DE SÃO

PAULO

Processo nº ...

JOÃO DA COUVES, já qualificado nos autos que lhe move o


Ministério Público, por intermédio de seu advogado que no final assina,
(procuração anexo), vem, respeitosamente, à presença deste juízo, irresignado
com a sentença condenatória, tempestivamente, interpor

RECURSO DE APELAÇÃO

contra a r. sentença, com fundamentos no artigo 593, inciso I, do Código de


Processo Penal, requerendo desde já, que o recurso seja conhecido por este
Juízo e, após o recebimento destas, com as razões inclusas, ouvida a parte
contrária, sejam os autos remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo,
para que dele conheça, seja provido e processado o presente recurso.

Nestes termos,

Pede deferimento.

São Paulo, 06 de junho de 2023. (último dia para interpor o


Recurso de Apelação)

Advogado
Assinatura/OAB/UF
À PRESIDÊNCIA DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO.

Processo nº...
Origem: 1ª Vara Criminal de São Paulo – SP
Ação Criminal
Apelante: João das Couves
Apelado: Ministério Público de São Paulo

RAZÕES DE APELAÇÃO

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara,

Ínclitos Desembargadores.

I – DOS FATOS

Conforme narrado, o membro do Ministério Público processou


o acusado pelo crime de estupro do vulnerável, na forma seguinte:
“Trata-se de denúncia criminal ofertada em razão de o acusado
ter praticado o tipo penal previsto no artigo 217-A, Código
Penal, uma vez que realizou atos libidinosos e conjunção
carnal com a vítima Luluzinha de apenas 13 anos de idade,
sendo que a existência de consentimento não afasta o tipo
penal em epígrafe, na forma do artigo 217-A, parágrafo 5º, CP.
A materialidade está estampada pelo depoimento pessoal da
vítima de que realizou os citados atos sexuais, sendo
dispensável o exame de corpo de delito. Por fim, de acordo
com o inquérito policial, foram realizados três atos libidinosos,
consistentes em sexo oral, sexo anal e apalpadelas nos seios,
além da própria conjunção carnal, havendo, assim, a
ocorrência de 4 crimes de estupro de vulnerável em concurso
material, na forma do artigo 69, CP, pelo que pede o Ministério
Público a sua condenação”.

Assim, o réu fora denunciado na forma transcrita acima, tendo


a defesa requerido a rejeição da peça acusatória, uma vez que não fora atestada
a materialidade do crime narrado por ausência de laudo pericial.

Além disso, foi requerido pelo regular enquadramento dos fatos


num único crime de estupro de vulnerável, forte na ideia de ser um tipo misto
alternativo. Todavia, o magistrado decidiu pelo prosseguimento do feito,
concordando integralmente com a peça acusatória do Ministério Público,
destacando que os fatos seriam mais bem apurados por ocasião da instrução
processual em audiência específica.
Na audiência de instrução e julgamento, nessa ordem,
interrogou-se o acusado, não foi ouvido perito e nem juntado exame de corpo de
delito. Ouviram-se as testemunhas de acusação e as de defesa.
As testemunhas, de modo geral, disseram que não viram
nenhum ato sexual, mas ouviram dizer que o acusado e a vítima mantinham
relações sexuais há bastante tempo. A vítima, ouvida ao final, disse que praticou
os atos sexuais narrados na denúncia, mas fez de forma livre e espontânea,
tendo acrescentado que sempre mentira sobre a sua idade real de 13 anos e dizia
para o seu namorado, ora acusado, que tinha 17 anos de idade.
Ao final da audiência, foi aberta vista para a acusação e defesa
apresentarem as suas considerações finais, no prazo de cinco dias. O Ministério
Público ofertou suas considerações, requerendo a condenação na forma proposta
pela denúncia criminal.
A defesa, por sua vez, requereu a nulidade absoluta do feito,
em razão da inversão do rito processual, com prejuízo presumido para o acusado,
anulando-se o feito desde a audiência de instrução e julgamento, bem como pela
ausência de laudo pericial nos casos em que ele é necessário, na forma do artigo
564, III, b, CPP.
Não reconhecendo a nulidade absoluta, requereu a absolvição
do acusado, com base na teoria do erro de tipo invencível, bem como pela
ausência de provas testemunhais e pericial hábeis a formar autoria e
materialidade do feito, aplicando-se o artigo 386, VI e VII, CPP.
Todavia, por ocasião da sentença, o magistrado condenou o
acusado nos exatos termos da denúncia ministerial, entendendo o seguinte:
1) A inversão do rito processual é mera irregularidade, não
sendo cabível a anulação do feito, não havendo prejuízo para o acusado;
2) A ausência de laudo pericial não impede a condenação, uma
vez que o juiz não está adstrito à prova pericial, podendo fundamentar a sua
decisão com base exclusivamente na palavra da vítima;
3) Os depoimentos por “ouvir dizer” são plenamente válidos e
merecem guarida, podendo eles serem considerados testemunhos dignos de
condenação;
4) Quanto ao erro de tipo invencível, entende-se que o autor
tem a obrigação de saber a idade da vítima e foi imprudente ao praticar o aludido
ato sexual;
5) Assim, condeno o acusado a uma pena de oito anos de
reclusão, a ser cumprida no regime inicialmente fechado;
6) Recolha-se o acusado para o cumprimento da pena, tão
somente pelo efeito automático da condenação.
II – DA TEMPESTIVIDADE
O presente recurso é tempestivo, visto que o prazo para
Apelação, conforme legislação processual vigente (Art. 593, I, CPP), é de 5
(cinco) dias, contados a partir da data da intimação da sentença, que se deu no
dia 01/06/2023. Quanto à contagem do prazo recursal, deve ser excluído o dia do
início e incluído o dia final, nos termos do artigo 798, CPP, in verbis:

Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão


contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias,
domingo ou dia feriado.
§ 1º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se,
porém, o do vencimento.
§ 2º A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo
escrivão; será, porém, considerado findo o prazo, ainda que
omitida aquela formalidade, se feita a prova do dia em que
começou a correr.
§ 3º O prazo que terminar em domingo ou dia feriado
considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato

Lembrando que é preciso atentar-se para o dia do início do


prazo processual, que é sempre no dia seguinte à intimação, sendo que, se o
início ocorrer em dia não útil, prorroga-se para o primeiro dia útil seguinte e, da
mesma forma, se finalizar em dia não útil, se prorrogará para o primeiro dia útil
subsequente como sendo o último dia para protocolar a peça cabível.

III – DOS DIREITOS

A) DO DUPLO GRAU DE JURISIDIÇÃO, DO CONTRADITÓRIO, DA AMPLA


DEFESA E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL.

Dentro da sistemática da Constituição Federal, ilustra-se o


princípio do duplo grau de jurisdição que deve ser observado, a seguir transcrito:
Art. 5º
[...]
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

Trata-se de direito à revisão das decisões judiciais, sendo


impostergável o direito de o acusado ter a sua causa revista por julgadores
diversos, in casu, os Desembargadores do Tribunal de Justiça.

Nesse sentido, toda pessoa poderá defender-se de qualquer


imputação que lhe seja feita, pois a Constituição Federal ilustra que o
contraditório e a ampla defesa e consequentemente o devido processo legal, são
pertinentes a qualquer tipo de acusação e através dos meios e recursos
pertinentes.

Na legislação infraconstitucional, a apelação está prevista no


artigo 593, CPP, podendo ser interposta quando a sentença absolver ou condenar
o acusado, destacando-se que o prazo legal para a sua interposição é de 05 dias,
in verbis:

Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:


I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição
proferidas por juiz singular;
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas,
proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo
anterior
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: a) ocorrer
nulidade posterior à pronúncia; b) for a sentença do juiz-
presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; c)
houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da
medida de segurança; d) for a decisão dos jurados
manifestamente contrária à prova dos autos.
O doutrinador Renato Brasileiro tem conceituação clara acerca
da apelação, in verbis:

Funciona como eficaz instrumento processual para a


concretização do princípio do duplo grau de jurisdição, visto que, em face do
extenso âmbito cognitivo do julgado recorrido, permite que o juízo ad quem
reaprecie questões de fato e de direito. (BRASILEIRO, 2020, p. 1816)

Assim esclarece os direitos do apelante em recorrer ao


segundo grau de jurisdição para se valer seus plenos direitos constitucionais do
contraditório e da ampla defesa.

B) DOS EFEITOS DA APELAÇÃO

Quanto aos efeitos da apelação, ela pode ser plena ou parcial,


caso seja devolvido ao Tribunal toda a matéria julgada ou apenas parte dela, na
forma do artigo 599 do CPP, nestes termos:

Art. 599. As apelações poderão ser interpostas quer em


relação a todo o julgado, quer em relação a parte dele.

Nesse diapasão, se a parte optar por impugnar parte do


julgado, o efeito devolutivo será consistente em enviar ao juízo superior
exatamente o que for fundamentado nessa peça recursal. Diante disso, é
importante que fique claro no recurso de apelação o que será questionado para
fins de mudança da sentença do juiz de 1º grau.
Outro efeito relevante, em casos de sentença condenatória, é o
suspensivo em que se impõe que o recurso em testilha suspende o julgamento do
fato contestado, na forma do artigo 597, CPP, nestes termos:

Art. 597. A apelação de sentença condenatória terá efeito


suspensivo, salvo o disposto no art. 393, a aplicação provisória
de interdições de direitos e de medidas de segurança (arts. 374
e 378), e o caso de suspensão condicional de pena

C) COMBATER TODOS OS TÓPICOS DA SENTANÇA PROLATADA (NA


SUA CONTESTAÇÃO VOCÊ JÁ FEZ ISSO)

1) A inversão do rito processual é mera irregularidade, não


sendo cabível a anulação do feito, não havendo prejuízo para o acusado;
2) A ausência de laudo pericial não impede a condenação, uma
vez que o juiz não está adstrito à prova pericial, podendo fundamentar a sua
decisão com base exclusivamente na palavra da vítima;
3) Os depoimentos por “ouvir dizer” são plenamente válidos e
merecem guarida, podendo eles serem considerados testemunhos dignos de
condenação;
4) Quanto ao erro de tipo invencível, entende-se que o autor
tem a obrigação de saber a idade da vítima e foi imprudente ao praticar o aludido
ato sexual;
5) Assim, condeno o acusado a uma pena de oito anos de
reclusão, a ser cumprida no regime inicialmente fechado;
6) Recolha-se o acusado para o cumprimento da pena, tão
somente pelo efeito automático da condenação.

IV – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

A) Que o presente Recurso de Apelação seja conhecido e


provido pelo Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo.

B) requerer todas as teses defensivas cabíveis


trabalhadas na contestação e alegações.

Nestes termos,
Pede deferimento.

São Paulo - SP, 06 de junho de 2023. (último dia para interpor


recurso)

Assinatura

Advogado

OAB/UF

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