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Literatura
Anos 60, 70, 80, 90 e 2000
Anos 60 – Canção popular • Contexto: ditadura civil-militar • Festivais de canção na TV (A “Era dos festivais”) • Jovem Guarda • Canções de protesto (inspirações no samba e na música nordestina) • Tropicalismo Pra não dizer que não falei Vencendo o canhão Que esperar não é saber das flores – Geraldo Vandré Vem, vamos embora Quem sabe faz a hora Que esperar não é saber Não espera acontecer Caminhando e cantando Quem sabe faz a hora Nas escolas, nas ruas E seguindo a canção Não espera acontecer Campos, construções Somos todos iguais Vem, vamos embora Somos todos soldados Braços dados ou não Que esperar não é saber Armados ou não Nas escolas, nas ruas Quem sabe faz a hora Caminhando e cantando Campos, construções Não espera acontecer E seguindo a canção Caminhando e cantando Há soldados armados Somos todos iguais E seguindo a canção Amados ou não Braços dados ou não Vem, vamos embora Quase todos perdidos Os amores na mente Que esperar não é saber De armas na mão As flores no chão Quem sabe faz a hora Nos quartéis lhes ensinam A certeza na frente Não espera acontecer Uma antiga lição A história na mão Pelos campos há fome De morrer pela pátria Caminhando e cantando Em grandes plantações E viver sem razão E seguindo a canção Pelas ruas marchando Vem, vamos embora Aprendendo e ensinando Indecisos cordões Que esperar não é saber Uma nova lição Ainda fazem da flor Quem sabe faz a hora Seu mais forte refrão Não espera acontecer E acreditam nas flores Vem, vamos embora Baby – Caetano Veloso Aquela canção do Roberto Você precisa Baby (Baby) Não sei Você Baby (Baby) Leia na minha camisa Precisa saber da piscina Há quanto tempo (Uh...) Baby (Baby) Da margarina Baby (Baby) Baby (Baby) Da Carolina Baby (Baby) I love you (I love you) Da gasolina Há quanto tempo Baby (Baby, baby) Você Você Baby (Baby, baby) Precisa saber de mim Precisa aprender inglês I love you (I love you) Baby (Baby) Precisa aprender o que eu Baby Baby (Baby) sei Baby (Baby) Eu sei que é assim (Uh...) E o que eu não sei mais I love you (I love you) Baby (Baby) E o que eu não sei mais Baby (Baby) Baby (Baby) Não sei Baby (Baby) Eu sei que é assim Comigo vai tudo azul I love you (I love baby) Você Contigo vai tudo em paz Baby Precisa tomar um sorvete Vivemos na melhor cidade Baby Na lanchonete Da América do Sul I love you... (I love you...) Andar com a gente Da América do Sul Me ver de perto Você precisa Ouvir Você precisa Anos 70 – Geração Mimeógrafo • Teor político • Influencia do modernismo, tropicalismo, contracultura, rock, etc • Coloquialidade • Experimentalismo • Humor • Paródia Jogos florais - Cacaso
Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico. Enquanto isso o sabiá vive comendo o meu fubá. Ficou moderno o Brasil ficou moderno o milagre: a água já não vira vinho, vira direto vinagre. Minha terra tem Palmares memória cala-te já. Peço licença poética Belém capital Pará. Bem, meus prezados senhores dado o avançado da hora errata e efeitos do vinho o poeta sai de fininho. (será mesmo com dois esses que se escreve paçarinho?) Reclame - Chacal
se o mundo não vai bem
a seus olhos, use lentes ... ou transforme o mundo. ótica olho vivo agradece a preferência Arpejos – Ana Cristina César
Acordei com coceira no hímen. No bidê com espelhinho
Examinei o local.Não surpreendi indícios de moléstia. Meus olhos leigos na certa não percebem que um rouge a mais tem significado a mais. Passei pomada branca até que a pele (rugosa e murcha) ficasse brilhante. Com essa murcharam igualmente projetos de ir de bicicleta à ponta do Arpoador. O selim poderia reavivar a irritação. Em vez decidi me dedicar à leitura.
Contagem regressiva – Ana Cristina César
Acreditei que se amasse de novo
esqueceria outros pelo menos três ou quatro rostos que amei Num delírio de arquivística organizei a memória em alfabetos como quem conta carneiros e amansa no entanto flanco aberto não esqueço e amo em ti os outros rostos Anos 70 e 80 – Prosa urbana • Principais nomes: Dalton Trevisan e Rubem Fonseca • Características: narrativas curtas -> contos • Predominância da primeira pessoa • Linguagem direta, crua • Violência urbana e violência de gênero Anos 90 - RAP • Rhythm and poetry (ritmo e poesia) • Raízes jamaicanas -> surgimento nos EUA • Neoliberalismo -> retirada da verba para instrumentos das escolas públicas americanas • Consolidação do RAP como um elemento da cultura HIP HOP (envolve outros elementos, como arte de rua, dança, moda, etc) • No Brasil, consolida-se na década de 90, sobretudo a partir do sucesso do grupo Racionais MC’s • Denúncia da exclusão social, racismo e demais mazelas que atingem a população periférica e marginalizada Anos 2000 e 2010 – Tendências contemporâneas • Autoficção (Ex. Bernardo Kucisnki, Julián Fuks, Isabela Figueiredo)
• Literatura periférica e de outros grupos marginalizados
ou minorizados (literatura negra, literatura feminista, literatura lgbtqia+ etc) - Ex: Giovani Martins, Conceição Evaristo, Ana Maria Gonçalves, Jeferson Tenório, Paulo Scott, Angélica Freitas, Natália Borges Polesso, etc) Angélica Freitas • A identidade feminina • O humor/ ironia • Crítica social (feminismo, direitos lgbtqia+, etc) • Brincadeiras com linguagem, experimentalismo porque uma mulher boa
porque uma mulher boa
é uma mulher limpa e se ela é uma mulher limpa ela é uma mulher boa
há milhões, milhões de anos
pôs-se sobre as duas patas a mulher era braba e suja braba e suja e ladrava
porque uma mulher braba
não é uma mulher boa e uma mulher boa é uma mulher limpa
há milhões, milhões de anos
pôs-se sobre as duas patas não ladra mais, é mansa mansa, boa e limpa uma canção popular (séc. XIX – XX)
uma mulher incomoda
é interditada levada para o depósito das mulheres que incomodam
loucas, louquinhas tantãs da cabeça ataduras banhos frios descargas elétricas
são porcas permanentes
mas como descobrem os maridos enriquecidos subitamente as porcas loucas trancafiadas são muito convenientes
interna, enterra uma mulher gorda
uma mulher gorda
incomoda muita gente uma mulher gorda e bêbada incomoda muito mais
uma mulher gorda
é uma mulher suja uma mulher suja incomoda incomoda muito mais
uma mulher limpa
rápido uma mulher limpa mulher de vermelho
o que será que ela quer
essa mulher de vermelho alguma coisa ela quer pra ter posto esse vestido não pode ser apenas uma escolha casual podia ser um amarelo verde ou talvez azul mas ela escolheu vermelho ela sabe o que ela quer e ela escolheu vestido e ela é uma mulher então com base nesses fatos eu já posso afirmar que conheço o seu desejo caro watson, elementar: o que ela quer sou euzinho sou euzinho o que ela quer só pode ser euzinho o que mais podia ser A mulher vai a mulher vai ao cinema a mulher vai apronta a mulher vai ovular a mulher vai sentir prazer a mulher vai implorar por mais a mulher vai ficar louca por você a mulher vai dormir a mulher vai ao médico e se queixa a mulher vai notando o crescimento do seu ventre a mulher vai passar nove meses com uma criança na barriga a mulher vai realizar o primeiro ultrassom a mulher vai para a sala de cirurgia e recebe a anestesia a mulher vai se casar e ter filhos cuidar do marido e das crianças a mulher vai a um curandeiro com um grave problema de hemorroidas a mulher vai se sentindo abandonada a mulher vai gastando seus folículos primários a mulher vai se arrepender até a última lágrima a mulher vai ao canil disposta a comprar um cachorro a mulher vai para o fundo da camioneta e senta-se choramingando a mulher vai colocar ordem na casa a mulher vai ao supermercado comprar o que é necessário a mulher vai para dentro de casa para preparar a mesa a mulher vai desistir de tentar mudar um homem a mulher vai mais cedo para a agência a mulher vai pro trabalho e deixa o homem na cozinha a mulher vai embora e deixa uma penca de filhos a mulher vai no fim sair com outro a mulher vai ganhar um lugar ao sol a mulher vai poder dirigir no afeganistão Conceição Evaristo • Negritude, ancestralidade, feminino, pobreza, sexualidade • Conceito: escrevivência • Linguagem lírica, apesar da violência e da pobreza dos ambientes