Inicial Revisional - Sem Contrato

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DO

FORO DA COMARCA DA CIDADE /ESTADO.

........, brasileiro, casado, motorista


de aplicativo, portador da cédula de identidade RG
nº ...... e inscrito no Cadastro De Pessoas Físicas sob
nº ....., residente e domiciliado na de Rua ....,nº .
CIDADE – CEP: ... - ESTADO, vem, respeitosamente a
presença de V.EXA., por seu advogado que esta subscreve,
com fulcro na sumula 297 e 427 do STJ e nos artigos 890
e seguintes do Código de Processo Civil, e na lei
8078/90, ajuizar a presente

AÇÃO REVISIONAL CONTRATUAL com PEDIDO DE LIMINAR

em face de BANCO SANTANDER S/A, inscrito no


CNPJ/MF n.º 07.707.650/0001-10 com sede na Rua Dr. Braulio
Gomes, 36 – 16 cep 01047-020 andar- São Paulo - SP, devendo
ser citado na pessoa de seu representante legal, expondo e
requerendo o que segue:

PRELIMINARMENTE

ESCLARECE O AUTOR QUE DEIXA DE JUNTAR O


CONTRATO DE EMPRESTIMO, POIS ATÉ A PRESENTE DATA, APESAR DE
INUMERAS SOLICICITAÇÕES CONFORME DEMOSNTRA O PROTOCOLO DE
ATENDIMENTO Nº 26064574, 26859867, 26935842 JUNTO AO BANCO
RÉU, O MESMO NÃO FORNECEU A 2º VIA DO CONTRATO DE
FINANCIAMENTO, AFRONTANDO OS DIREITOS DO CONSUMIDOR,
REQUERENDO ASSIM QUE O RÉU SEJA INTIMADO A APRESENTA-LO NOS
1
TERMOS DO ARTIGO 355 e 396 DO CPC e 6º inciso VIII do CDC, NO
MOMENTO DE SUA CONTESTAÇÃO.

DOS FATOS

O autor celebrou contrato de financiamento


com o banco réu, a ser liquidado em .... prestações mensais
no valor de R$ .... tendo até o momento pago ... parcelas.

Não é necessário ser nenhum “expert” em


cálculos ou perícias para perceber que tal empréstimo está
rechaçado de juros abusivos e cobranças ilegais, estando
claro o abuso e aproveitamento praticado pelo banco réu,
havendo assim ao longo dos 60 meses uma taxa de juros
capitalizados que alcança o absurdo de 274,88%, sob um regime
de juros compostos, ou seja, percentual muito superior ao
valor captado.

Sendo assim, caso o autor procure, a


instituição credora, ora ré, para realizar o acerto de tais
prestações atrasadas, a requerida irá aplicar taxas de juros
sobre juros altíssimos e ilegais, fora outras cominações,
como multas e encargos não permitidos em lei, as quais são
aplicadas na instituições bancárias na clandestinidade.

Diante disso é mister que se reconheça que


os juros praticados pela instituição financeira são no mínimo
surreais, correspondendo a valores extremamente abusivos,
conforme demonstra-se através dos cálculos, que ora junta-se,
onde percebe-se a capitalização da taxa de juros e expõe os
valores pagos a maior dando ao final o valor devido pelo
requerente.

DO DIREITO

Com base na Sumula 297 e 427 do STJ, cabe


ação revisional visando afastar a cobrança de encargos
imputados como ilegais e abusiva, inclusive com base no
Código de Defesa do Consumidor.

Neste sentido;

“ Ementa: Contrato bancário - Ação revisional visando afastar a


cobrança de encargos reputados como ilegais e abusivos - Revisão admissível
em face, inclusive, da incidência do Código de Defesa do Consumidor (Súmula n.
297 do E. STJ) - Requerimento, na inicial da ação, para exibição dos contratos,
além dos extratos da conta corrente do autor - Requerimento não integralmente
atendido pelo réu - Contratos que teriam sido firmados entre as partes não
juntados nos autos - Insuficiência da proposta de abertura de conta juntada nos
autos - Exibição dos contratos que seria indispensável no caso vertente, para
demonstrar que teria havido a efetiva pactuação dos encargos financeiros
2
incidentes sobre toda movimentação da conta corrente - Renegociação da dívida
alegada pelo réu também não exibida - Inadmissibilidade, por isso, da cobrança
destes encargos, à míngua de comprovação da respectiva pactuação - Ação que
deve ser julgada procedente - Recurso da autora provido para tanto”. Apel.
9085353-11.2007.8.26.0000 – Relator Thiago de Siqueira – Comarca; São Paulo;
Órgão Julgador; 14 Camara de Direito Privado; Data do julgamento:
01/06/2011; Data de registro: 10/06/2011”.

DAS TARIFAS ILEGAIS

A despeito das ponderações aduzidas pela


parte passiva, a cobrança dessas tarifas durante a relação
contratual vai de encontro ao Código de Defesa do Consumidor.
Note-se que quanto às tarifas cobradas a questão é facilmente
solucionada à luz do disposto no art. 51, XII, do Código de
Defesa do Consumidor, de acordo com o qual são nulas de pleno
direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que obriguem o consumidor
a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que
igual direito lhe seja garantido contra o fornecedor. Diante
disso, a cobrança, ainda que ínfima, afigura-se abusiva e vai
de encontro ao sistema consumerista imposto pela Lei nº
8.078/90. Além disso, no tocante às tarifas de cadastro e de
serviços de terceiros, não logrou a instituição financeira,
de maneira inequívoca e esclarecedora, seja na contestação ou
no próprio contrato demonstrar qual a sua real finalidade,
até porque, em princípio, não correspondem à prestação de
qualquer serviço que guarde relação com aquele contratado
pelo autor. Nesse passo, cumpre-se ressaltar que o art. 46,
do Código de Defesa do Consumidor, em sua parte final, exige
que os contratos que regulam as relações de consumo não
obrigarão os consumidores se os respectivos instrumentos
forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu
sentido e alcance. Não havendo demonstração, portanto, de
qual serviço foi prestado para a cobrança de algumas tarifas
e não sendo lícito o banco repassar ao consumidor a cobrança
de outras, inequívoca a irregularidade das cobranças.

Neste sentido:

REPETIÇÃO DE INDÉBITO: Financiamento


bancário de veículos – Insurgência contra a cobrança de taxa
de retorno – Comissão paga ao lojista para indicação da
instituição que fará o financiamento do veículo,
caracterizada como mecanismo de fidelização – Taxa que visa o
interesse do credor e não pode ser repassada ao cliente –
Cláusula que deve ser afastada – Determinada a devolução dos
valores cobrados a esse título – Recurso Parcialmente
provido. (Apelação nº. 0000169-28.2010.8.26.0457 – Relator
Desembargador Heraldo de Oliveira, Julgado em 09/02/2011)”.
3
DO CONTRATO CLASSICO AO CONTEMPORANEO

Em excelente texto sobre a reconstrução do


conceito de contrato, Roxana Cardoso Brasileiro Borges,
professora adjunta de Direito Civil da UFBA e UNEB,
professora da UCSal, Doutora em Direito das Relação Sócias
pela PUC/SP e Mestre em Instituições Jurídico-Políticas pela
UFSC, fez síntese comparativa e extremamente objetiva sobre o
conceito clássico de contrato e o conceito contemporâneo.

No antigo conceito de contrato, enquanto


acordo de vontade entre interesses opostos, em antagonismo,
imperavam os princípios da intangibilidade e do “pacta sunt
servanda” e o papel do Estado era simplesmente garantir seu
cumprimento, pois que necessariamente justo.

Contemporaneamente, no entanto, no novo


conceito, prevalece a noção de contrato como vínculo de
cooperação e a percepção da necessidade de atuação
cooperativa entre os pólos da relação contratual.

Pois bem, desse novo conceito algumas


conseqüências jurídicas decorrem de imediato: a proteção da
confiança no ambiente contratual, a exigência da boa-fé e a
observância da função social do contrato.

Nesse novo conceito, o papel do estado será


sempre no sentido de superar, também, a noção de igualdade
formal pela igualdade substancial, permitindo aos juízes
interferir no contrato e relativizar o “pacta sunt servanda,”
aplicando os princípios consagrados na Constituição Federal e
no Código Civil.

Completamente fora de moda,


conseqüentemente, o discurso de que a intervenção judicial
nos contratos é fator de insegurança jurídica e de um suposto
“custo Brasil”, como alardeiam os porta-vozes do empresariado
nacional e estrangeiro, pois sobre a suposta segurança
jurídica deve prevalecer, sobretudo, a justiça contratual.

A revisão contratual, portanto, não tem o


objetivo de ultrapassar a vontade das partes e gerar
insegurança ao vínculo contratual, mas re-equilibrar o
contrato com a finalidade de preservá-lo, com a possibilidade
de satisfação dos interesses legítimos em jogo, buscando, por
assim dizer, o cumprimento re-equilibrado.

DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR

4
O artigo 4º, I, do Código de Defesa do
Consumidor, que trata da Política Nacional de Relações de
Consumo, reconhece, expressamente, a condição de
vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo. Segundo
a doutrina, esta vulnerabilidade pode ser classificada da
seguinte forma:

a) Técnica – quando o consumidor não possui


conhecimentos específicos sobre o objeto que está adquirindo
ou sobre o serviço que lhe está sendo prestado;

b) Científica – a falta de conhecimentos


jurídicos específicos, contabilidade ou economia;

c) Fática ou sócio-econômica – quando o


prestador do bem ou serviço impõe sua superioridade a todos
que com ele contrata, fazendo valer sua posição de monopólio
fático ou jurídico, por seu grande poder econômico ou em
razão da essencialidade do serviço.
Além disso, sabe-se que atualmente a maioria
dos contratos de consumo é de “adesão”, onde o banco ou
financeira já possui um contrato padrão previamente
elaborado, cabendo ao consumidor apenas aceitá-lo em bloco
sem discussão, seja em face da sua vulnerabilidade técnica,
seja em face da falta de alternativa.

Por fim, o princípio da vulnerabilidade do


consumidor não pode ser visto como mera intenção, ou norma
programática sem eficácia. Ao contrário, “revela-se como
princípio justificador da própria existência de uma lei
protetiva destinada a efetivar, também no plano
infraconstitucional, os princípios e valores constitucionais,
em especial o princípio da dignidade da pessoa humana (art.
1º, III), da isonomia substancial (art. 5º, caput) e da
defesa do consumidor (art. 5º, XXXII).”

DA ONEROSIDADE EXCESSIVA

O Código de Defesa do Consumidor, ao definir


os direitos básicos do consumidor, artigo 6º, V, permite a
modificação de cláusula contratual que estabelece prestação
desproporcional ou sua revisão em razão de fato superveniente
que a torne excessivamente onerosa.

A interpretação da norma não remete para o


antigo conceito da teoria da imprevisão no sentido da
exigência da previsibilidade inequívoca do acontecimento, ou
seja, basta agora a ocorrência, mesmo na origem, da lesão ou
onerosidade excessiva.
5
“O Código de Defesa do Consumidor assumiu
uma postura mais objetiva no que diz
respeito à revisão contratual por
circunstâncias supervenientes. Basta uma
breve análise do artigo que postula tal
possibilidade, para perceber que este não
menciona qualquer requisito além da
excessiva onerosidade presente: não se fala
em previsibilidade ou imprevisibilidade, não
há questionamentos acerca das intenções
subjetivas das partes no momento da
contratação.”

Vê-se, portanto, que a onerosidade excessiva


pode ser originária, ou seja, desde a formação do contrato,
pois a condição de vulnerabilidade do consumidor não lhe
permite a compreensão da vantagem manifestamente excessiva em
favor do fornecedor do crédito.
Este princípio tem por fundamento,
principalmente, a igualdade substancial nas relações
contratuais e, por conseqüência, o equilíbrio entre as
posições econômicas dos contratantes. Ao contrário do
equilíbrio meramente formal, busca-se agora que as prestações
em favor de um contratante não lhe acarretem um lucro
exagerado em detrimento do empobrecimento do outro
contratante.

Assim, “em face da disparidade do poder


negocial entre os contratantes, a disciplina contratual
procura criar mecanismos de proteção da parte mais fraca,
como é o caso do balanceamento das prestações.”

DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO

A nova compreensão do Direito Privado


sobrepõe a perspectiva funcional dos institutos jurídicos à
análise meramente conceitual e estrutural. Não se indaga
mais, simplesmente, à cerca dos elementos estruturais com
compõem o conceito do contrato, por exemplo, mas se a sua
finalidade está sendo cumprida, pois “na perspectiva
funcional, os institutos jurídicos são sempre analisados como
instrumentos para a consecução de finalidades consideradas
úteis e justas.”

As transformações sofridas pelo Direito


Privado em face da aplicação dos princípios constitucionais,
de caráter normativo, bem como dos princípios estabelecidos
no Novo Código Civil, principalmente a “função social do
contrato” prevista no artigo 421, do CC, permitem ao
6
Judiciário a intervenção no contrato para restabelecimento do
seu equilíbrio.

O antigo princípio do “pacta sunt servanda”,


portanto, precisa sofrer as adaptações da principiologia
axiológica da CF de 1988 e do CC de 2002, ou seja, os
contratos devem visar uma função social e a satisfação dos
interesses das partes contratantes, em cooperação.

Assim, quando o contrato satisfaz apenas um


lado, prejudicando o outro, o pacto não cumpre sua função
social, devendo o Judiciário promover o re-equilíbrio
contratual através da revisão das cláusulas prejudiciais a
uma das partes.

Na teoria contemporânea do Direito das


Obrigações, impõe-se uma mudança radical na leitura da
disciplina das obrigações, que não pode mais ser considerada
apenas como garantia do credor:
“a obrigação não se identifica no direito ou
nos direitos do credor; ela configura-se
cada vez mais como uma relação de
cooperação.... A cooperação, e um
determinado modo de ser, substitui a
subordinação e o credor se torna titular de
obrigações genéricas ou específicas de
cooperação ao adimplemento do devedor.”

Mais que isso, o contato não pode mais ser


concebido como uma relação jurídica isolada da comunidade
social e que só interessa às partes contratantes, como se
impermeável às condições sociais que o cerca e que lhe
afetam.
A BOA FÉ OBJETIVA

A boa-fé, entendida como elemento meramente


subjetivo, situação ou fato psicológico, deu lugar ao
princípio da boa-fé objetiva.

Agora, “o princípio da boa-fé impõe um


padrão de conduta a ambos os contratantes,
no sentido da recíproca cooperação, com
consideração dos interesses um do outro, em
vista de se alcançar o efeito prático que
justifica a existência jurídica do contrato
celebrado.”

Neste sentido, o artigo 51, IV, do CDC,


considera nulas as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que sejam incompatíveis
com a boa-fé.
7
Ainda em termos de legislação, o artigo 422,
do Código Civil Brasileiro, estabelece que os contraentes são
obrigados a guardar os princípios da probidade e da boa-fé.

Em conseqüência, distanciando-se da
subjetividade do antigo conceito, a boa-fé objetiva exige um
dever de conduta, de ética, lealdade e de colaboração na
execução do contrato.

Não se pode dizer, portanto, que está


presente a boa-fé objetiva em um contrato que permite
vantagens e lucros exorbitantes a um dos contratantes,
resultantes de estipulação de taxas de juros em muito
superiores ao razoável de uma economia estabilizada e com
baixos índices de inflação.

Por fim, o Juiz não pode se esquivar do seu


papel de criação do Direito, pois “a boa fé opera uma
delegação ao juiz para, à luz das circunstâncias concretas
que qualificam a relação intersubjetiva sub judice, verificar
a correspondência do regulamento contratual, expressão da
autonomia privada, aos princípios aos quais esta última deve
ser funcionalizada. Tal delegação, prevista legislativamente,
faz com que determinadas concepções acerca do papel do juiz
ainda hoje sustentadas se tornem anacronismos com um sentido
claramente retrógrado.”

DO JUROS

A Emenda Constitucional nº 40, de fato,


revogou o § 3º, artigo 192, da Constituição Federal, que
limitava a taxa de juros a 12% ao ano. Aliás, antes mesmo da
revogação através de Emenda Constitucional, o STF já havia
decidido pela necessidade de regulamentação do artigo. Dessa
forma, pode se dizer que o dito § 3º “foi sem nunca ter
sido.”
Pois bem, o Código de 1916 estabelecia que a
taxa de juros moratórios seria de 6% ao ano quando não
convencionada de outra forma pelos contratantes. (cf art.
1.062, do CC de 1916).

Já o novo Código Civil, em seu artigo 406,


estabelece que se tais juros serão fixados segundo a taxa que
estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos
à Fazenda Nacional.

A discussão pretoriana e doutrinária atual


diverge em relação à aplicação da SELIC ou do Código
Tributário Nacional, artigo 161, § 1º:
.
8
“Se a Lei não dispuser de modo diverso, os
juros de mora são calculados à taxa de 1% (um por cento) ao
mês.”
O Min. DOMINGOS FRANCIULLI NETTO, do
Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 215.881-
PR, assim se posicionou:

“A Taxa Selic para ser aplicada tanto para


fins tributários como para fins de direito
privado, deveria ter sido criada por lei,
entendendo-se como tal os critérios para a
sua exteriorização. Atenta contra o
comezinho princípio da segurança jurídica a
realização de um negócio jurídico em que o
devedor não fica sabendo na data da avença
quanto vai pagar a título de juros, pois,
não terá bola de cristal para saber o que se
passará no mercado de capitais, em períodos
subseqüentes ao da realização do negócio, se
repisado o aspecto de que os juros são
entidades aditivas ao principal e não mera
cláusula de readaptação do valor da moeda”.

Arrematou seu voto o ilustre Ministro


defendendo a aplicação do CTN:

“a mora referida na segunda parte do art.


406 do CC/2002 somente pode ser composta com
os juros previstos no art. 161, §1º, do
Código Tributário Nacional (Lei n. 5.172, de
25/10/66), isto é, 1% ao mês ou 12% ao ano”.

Na mesma linha, o Enunciado nº 20, aprovado


na Jornada de Direito Civil promovida pelo Centro de Estudos
Judiciários do Conselho da Justiça Federal, sob a coordenação
científica do então Ministro Ruy Rosado, do STJ, nos
seguintes termos:

20 - Art. 406: a taxa de juros moratórios a


que se refere o art. 406 é a do art. 161, §
1º, do Código Tributário Nacional, ou seja,
1% (um por cento) ao mês.

Por fim, os juros legais e moratórios sobre


obrigações inadimplidas depois da vigência do Código Civil de
2002, segundo entendimento deste juízo, é a de 1% ao mês,
excluída a aplicação da taxa SELIC, mesmo que momentaneamente
estipulada abaixo desse patamar.

9
Com relação aos juros convencionais, o
limite tem sido regulado pelo dos juros legais, uma vez que o
Dec. n. 22.626, de 7 de abril de 1933, ainda em vigor,
estabelece:

"Art. 1º. É vedado, e será punido nos termos


desta lei, estipular em quaisquer contratos
taxas de juros superiores ao dobro da taxa
legal (Código Civil, art. n. 1.062)."

De outro lado, permitir taxas de juros no


patamar do dobro da taxa legal, considerando a estabilidade
da economia brasileira e as baixas taxas de inflação,
estaríamos permitindo que o capital se transfira da esfera
produtiva para a especulativa, tornando mais interessante
auferir juros do capital do que investir e produzir,
contrariando a função social do instituto de mútuo bancário,
bem como indo de encontro aos objetivos constitucionais de
"garantir o desenvolvimento nacional" (art. 3°, II, CF) e
"erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais" (art. 3°, III, CF).

Esta prática tem permitido, por fim, que os


bancos apresentem lucros cada vez maiores, disputando
recordes de lucratividade e subvertendo a lógica de uma
economia que urge desenvolver-se e permitir que a República
alcance seu objetivo: “construir uma sociedade livre, justa e
solidária,” conforme previsto no artigo 3º, I, da
Constituição Federal.

Depreende-se, portanto, que os juros


convencionais não podem superar, no caso de uma economia
estabilizada e baixos índices de inflação, sob pena de
onerosidade excessiva e desequilíbrio contratual, também o
patamar de 12% ao ano, sob pena de abusividade por parte do
agente financeiro.

DA JURISPRUDENCIA

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul,


apreciando os pontos em discussão na presente lide, inclusive
com relação à capitalização de juros e comissão de
permanência, decidiu recentemente:

APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. AÇÃO


REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO
GARANTIDO COM CLÁUSULA DE ALIENAÇÃO
FIDUCIÁRIA. INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR. Sendo o crédito fornecido ao
consumidor pessoa física para a sua
10
utilização na aquisição de bens no mercado
como destinatário final, o dinheiro funciona
como produto, implicando o reconhecimento da
instituição bancária/financeira como
fornecedora para fins de aplicação do CDC,
nos termos do art. 3º, parágrafo 2º, da Lei
nº 8.078/90. Entendimento referendado pela
Súmula 297 do STJ, de 12 de maio de 2004.
DIREITO DO CONSUMIDOR À REVISÃO CONTRATUAL.
O art. 6º, inciso V, da Lei nº 8.078/90
consagrou de forma pioneira o princípio da
função social dos contratos, relativizando o
rigor do “Pacta Sunt Servanda” e permitindo
ao consumidor a revisão do contrato em duas
hipóteses: por abuso contemporâneo à
contratação ou por onerosidade excessiva
derivada de fato superveniente (Teoria da
Imprevisão). Hipótese dos autos em que o
desequilíbrio contratual já existia à época
da contratação uma vez que o fornecedor
inseriu unilateralmente nas cláusulas gerais
do contrato de adesão obrigações claramente
excessivas, a serem suportadas
exclusivamente pelo consumidor. TAXA DE
JUROS REMUNERATÓRIOS. Ausente qualquer
justificativa por parte do fornecedor para a
imposição ao consumidor de taxa de juros
excessiva como obrigação acessória em
contrato de consumo, o restabelecimento do
equilíbrio das obrigações exige a redução da
taxa de juros remuneratórios fixada em
contrato de adesão. Juros reduzidos para 12%
(doze por cento) ao ano, com fundamento
exclusivamente no disposto no art. 52,
inciso II c/c os arts. 39, inciso V e 51,
inciso IV, todos da Lei nº 8.078/90.
Desnecessário examinar argumentos
constitucionais sobre o tema. CAPITALIZAÇÃO
DE JUROS. No caso concreto trata-se de
contrato de financiamento firmado já na
vigência do Novo Código Civil. Assim,
havendo autorização expressa em lei, a
incidência da capitalização dos juros
remuneratórios contratados não vai afastada,
sendo, entretanto, permitida apenas em
periodicidade anual. COMISSÃO DE
PERMANÊNCIA. Obrigação acessória que vai
afastada, na esteira de jurisprudência
consolidada. A correção monetária é
suficiente, e mais confiável, para servir
como fator de recomposição da perda do valor
11
real da moeda, corroída pela inflação.
ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. Fixado o IGP-M/FGV
como índice de correção monetária, eis que a
jurisprudência indica ser o que melhor
reflete a real perda inflacionária. JUROS
MORATÓRIOS. Mantidos em 1% (um por cento) ao
mês. MULTA MORATÓRIA. Mantida em 2% (dois
por cento), porém, sobre o valor da parcela
em atraso, nos termos do art. 52, parágrafo
1º, da Lei nº 8.078/90. COBRANÇA DE TARIFA
E/OU TAXA NA CONCESSÃO DO FINANCIAMENTO.
ABUSIVIDADE. Encargo contratual abusivo,
porque evidencia vantagem exagerada da
instituição financeira, visando acobertar as
despesas de financiamento inerentes à
operação de outorga de crédito. Inteligência
do art. 51, IV do CDC. IOF. ABUSIVIDADE
QUANTO À FORMA DE COBRANÇA. A cobrança do
tributo diluído nas prestações do
financiamento se afigura como condição
iníqua e desvantajosa ao consumidor (CDC,
art. 51, IV). DIREITO À COMPENSAÇÃO DE
CRÉDITOS E À REPETIÇÃO DE INDÉBITO. Sendo
apurado a existência de saldo devedor, devem
ser compensados os pagamentos a maior feitos
no curso da contratualidade. Caso, porém, se
verifique que o débito já está quitado,
devem ser devolvidos os valores
eventualmente pagos a maior, na forma
simples, corrigidos pelo IGP-M desde o
desembolso e com juros legais desde a
citação. APELO DO BANCO PROVIDO EM PARTE E
RECURSO ADESIVO DO AUTOR PROVIDO. (Apelação
Cível Nº 70020790275, Décima Terceira Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Angela Terezinha de Oliveira Brito, Julgado
em 29/08/2007)

DAS CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS DE ADESÃO


REALIZADOS PELAS AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS.

Destarte, como já dito acima, esses tipos de


contratos bancários são padronizados para todos os clientes,
utilizando-se o réu de formulários previamente impressos,
nulos (art. 423 e 424 CC), o que configura claramente os
chamados contratos de adesão, não permitindo desta forma que
os contratantes possam discuti-lo, sob pena de o mesmo não se
efetivar.

Neste sentido, podemos afirmar que além das


taxas de juros serem elevadas, as metodologias utilizadas
12
pelo réu para o cálculo do devido não está clara, o que
mister se faz, que os contratos sejam todos assinados em
brancos e posteriormente preenchidos a revelia do banco
contando com taxas variáveis.

Demonstra-se a necessidade e
imprescindibilidade de se realizar uma perícia “contábil para
que seja apurado o real valor a ser pago pelo autor, pois se
presume que o autor já tenha pagado toda a obrigação sem
saber, requerendo, assim, que seja processada a ação pelo
rito ordinário, eis que o rito sumário é incompatível com o
pedido de realização de perícia, aguardando se dê o fiel e
bom andamento do pedido”.

Como detentores do poder monetário ainda


lança mão do argumento SERASA E SPC, como forma de coação
ilegal, os quais viraram órgãos de agiotagem, forçando às
sucessivas renovações de contrato, sendo desnecessário tecer
monografias demonstrando as práticas tão usuais dos bancos,
que por simples exemplo se vê o judiciário abalroado de ações
de indenizações impostas a práticas abusivas.

As ilegalidades que a seguir estão apontadas


e levadas a cabo pela instituição financeira, propiciaram uma
situação insustentável ao autor, onerando demasiadamente o
contrato, induzindo assim ao inadimplemento pré-meditado e à
negativa de pagamento do injusto e o TJ/SP elucida que: ao
juiz compete revelar o Direito latente, quando o escrito é
obscuro. A jurisprudência é o campo experimental, no qual se
reproduz a vida do Direito e, não raro, nele se estabelece a
clínica deste último, e se estabelecem, outrossim, normas que
guiam o legislador para as novas necessidades jurídicas." (in
RT, 131/154).

É assim, com os olhos voltados para essa


realidade que pessoas que se encontram na situação do autor,
se dirigem ao Poder Judiciário com esperança de que seu caso
- cada um de per si - seja examinado à luz de uma realidade
que a exclua do monturo em que são jogados os que perderam a
capacidade de reagir e de contrapor-se ao injusto e ao
ilegal.

DA ILEGALIDADE DA CAPITALIZAÇÃO MENSAL DOS


JUROS DO CONTRATO

Todos sabemos que as taxas de juros


praticadas pelas instituições financeiras integrantes do
Sistema Financeiro Nacional são capitalizadas mensalmente
(juros sobre juros), o que eleva as taxas a padrões muito
mais altos do que aqueles pactuados.

13
No entanto, essa malsinada capitalização é
vedada pelo entendimento jurisprudencial de nossos Colendos
Tribunais, inclusive dos nossos Tribunais Superiores, como o
STJ e o STF que tem aceitado a tese da impossibilidade de
capitalização mensal dos juros para os casos de contratos de
abertura de crédito, como é o caso do presente.

Nesse sentido, pede-se vênia para


transcrever a Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,
no Recurso Especial n.º 402.200 – RS.

COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO


REVISIONAL DE CONTRATO ABERTURA DE CRÉDITO.
ACÓRDÃO EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EFEITO
INFRINGENTE. NULIDADE NÃO VERIFICADA.
APLICAÇÃO DAS NORMAS DO CDC. APLICAÇÃO DA
LEI N.º 4595/64. SÚMULA N.º 596 STF.
CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS. VEDAÇÃO. LEI
DE USURA (DECRETO N.º 22626/33). APLICAÇÃO
DA SÚMULA N.º 121 STF. COMISSÃO DE
PERMANÊNCIA. INACUMULAÇÃO. INSCRIÇÃO NO
SERASA. PREVISÃO LEGAL. VEDAÇÃO DO REGISTRO
PELO TRIBUNAL ESTADUAL. CABIMENTO. LEI N.º
8.038/90, ART. 43, § 4º,CC, ART. 160, I
I - ....
II - .........
III – Nos contratos de abertura de crédito
firmado com instituições financeiras, ainda que expressamente
acordada, é vedada a capitalização mensal dos juros, somente
admitida nos casos previstos em lei, hipótese diversa dos
autos. Incidência do artigo 4º do Decreto n.º 22.626/33 e da
Súmula n.º 121 STF.
VI - .....

Esse hábito de há muito arraigado no costume


de nossas instituições financeiras tem sido rechaçado por
nossos Tribunais Superiores.

O réu vem violando além do entendimento de


nossas Cortes Superiores, o esforço conjunto de toda a
sociedade em recuperar decênios perdidos em inflação
desvalorização monetária e estagnação econômica.

No entanto, tais abusos devem de uma vez por


todas ser coibido, e não é outra a orientação jurisprudencial
do Supremo Tribunal Federal, que inclusive já sumulou a
matéria. Vejamos:

Sumula 121 – STF: É vedada a capitalização


de juros, ainda que expressamente convencionada.

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Destarte, sobre esse ponto, nada mais temos
a argumentar que a palavra final do Pretório Excelso, que
inclusive sumulou a questão.

DA ILEGALIDADE DA COBRANÇA DE COMISSÃO DE


PERMANÊNCIA CUMULADA COM MULTA DE MORA

O requerente a vem buscar aqui a reparação


de seu direito para trazer à legalidade a relação contratual
quando já se acha em inadimplência pela impossibilidade de
prosseguir pagando. As cláusulas contratuais que estabelecem
os encargos financeiros, desafiam os dispositivos legais que
regem a matéria, especialmente o Decreto Lei 413/69 e a Carta
Magna. É pacífico na doutrina e na jurisprudência que todas
as cláusulas contra legem, devem ser reputadas não escritas
até mesmo de ofício (artigo 146, parágrafo único, Código
Civil).

O Dec. Lei 413 não autoriza a elevação dos


encargos de inadimplência a patamares superiores a 1% ao ano,
não podendo BACEN invadir a seara do Poder Legislativo nem
alterar substancialmente as leis em vigor. Preleciona o
ilustre e emérito jurista. Rui Barbosa:

"Entre os textos constitucionais executáveis


sem o concurso da legislação aplicativa sobressaem as de
caráter proibi tório. É que a norma proibitiva encerra em si
mesma quanto se há mister, para que desde logo se torne
obrigatória à proibição embora a sanção contra o ato, que a
violar, ainda não esteja definida. Se a Constituição proíbe
formalmente certos e determinados atos, a prática de qualquer
deles transgride ipso facto, o preceito constitucional;
porquanto a interdição, como interdição, na medida traçada
pêlos scub termos, é cabal quanto à obrigação, que
juridicamente. estabelece erga omnes de ser respeitada ..."

A taxa de juros reais é o resultado da taxa


nominal de juros, menos a taxa de inflação: taxa de juros
reais é taxa deflacionada. Há a possibilidade judicial de
redução do débito que haja incorporado efeitos da mora, isto
porque não há mora quando ocorre inexecução de obrigação
nula. Inexecução de obrigação pode resultar, como na hipótese
de que se trata de inequívocos direto do devedor em reter o
pagamento até ver expurgado da obrigação a ser solvida, as
ilegalidades que carrega. Como decorrência das ilegalidades
supra, evidencia-se que decorre da exigência, por parte dos
agentes financeiros, de encargos ilegais com o aumento
artificial e abusivo do débito.

A recusa de pagamento dos valores exigidos e


contratualmente dispostos de forma unilateral é justa (não se
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olvide o caráter adesivo do contrato) e, uma vez
caracterizadas as práticas ilegais que resultaram no indevido
aumento da dívida, os valores exigidos pelo agente financeiro
passam a não serem devidos (ao menos, na sua integridade) e
sua cobrança descaracteriza a mora debikoris (artigo 394 do
Código Civil):

"Considera-se em mora o devedor que não


efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebe-lo no
tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer."

A mora não decorre, exclusivamente, do não


pagamento, porquanto a obrigação do devedor é a de pagar o
devido. Se o credor está a exigir o que não é devido, por
óbvio, não surge para o devedor o dever jurídico de pagar. Os
direitos subjetivos de natureza material, de regra, armam o
seu titular de duplo instrumento, qual seja: a ação e a
exceção. A ação é a faculdade que tem o titular de um direito
subjetivo de exigir em juízo; já as exceções de direito
material correspondem à forma reativa do direito subjetivo.

Tanto pode o devedor, de quem se exige mais


do que o devido, acionar o credor para obter a devida
quitação (consignação em pagamento), como pode reter o
pagamento, até que o credor se disponha a fornecer a quitação
regular (duplicatas pagas resgatadas). Esta segunda
faculdade, que se constitui em exceção de direito material,
pode ser oposta como matéria de defesa na ação em que se lhe
exige o pagamento, conforme dispõe o artigo 939 do Código
Civil:

"O devedor, que paga, tem o direito de


exigir a quitação regular (art. 319 Código Civil) e pode
reter o pagamento, enquanto não lhe for dada."

Por esta razão o direito de reter o


pagamento se verifica, também, nas hipóteses em que o credor
insiste na cobrança de encargos indevidos ou ilegais, como é
o caso.

Não se caracteriza a mora quando o credor


exige do devedor o indevido, não surgindo para este, nem o
dever jurídico de pagar o indébito, nem o dever jurídico de
ajuizar consignatória, posto que ação é faculdade.

Aliás, a recusa ao pagamento, como é


conseqüência irrefutável, resta amplamente justificada,
consoante o comando do art. 396 do Código Civil.

Excluindo-se da pretensão de crédito do réu


parcelas ilegais e abusivas, reduz-se substancialmente o
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valor originariamente pretendido no vencimento, é evidente
que estava ele a cobrar mais do que o mutuário devia, sendo
injusto debitar ou entender em mora quando a mesma estava
coberta pela exceção de não saber o quanto deve e, como acima
explicitado, quem é protegido por uma exceção não entra em
mora até que haja decisão sobre o que alega. Neste sentido
temos:

Mora. Culpa do Devedor. Não há mora ao


devedor quando inexistente culpa sua, elemento exigido pelo
artigo 963 do CC para sua caracterização. Inexistindo mora,
descabe condenar em juros moratórios e em multa.(STJ – 4ª
Turma, REsp. n° 82.560-SP, rel. Min. Ruy Rosado, DJU
20/05/1996, Seção l, p. 16.717).

Não existe aqui, justificativa para imputar


mora a quem está ao abrigo de uma exceção, eis que, pela
simples análise dos contratos em questão já se permitirá
divisar uma fieira de ilegalidades, que não conduz à
conclusão de existir mora. É o que dispõe o artigo 367 do
Código Civil, quando proíbe a novação de obrigações nulas.
Contamos ainda com o reforço do artigo 476 e 477 do Código
Civil:

Artigo 476 - “Nos contratos bilaterais,


nenhum dos contraentes, antes de cumprida a sua obrigação,
pode exigir o implemento da do outro.

Artigo 477 - Se, depois de concluído o


contrato sobrevier a vitima das partes contratantes
diminuição em seu patrimônio, capaz de comprometer ou tornar
duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a parte, a
quem incumbe fazer prestação em primeiro lugar, recusar-se a
esta, até que a outra satisfaça a que lhe compete ou dê
garantias bastante de satisfazê-la."

Consolidado também o entendimento do


Superior Tribunal de Justiça que não admite a cobrança de
multa de mora cumulada com a comissão de permanência.
DIREITO CIVIL. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.
MULTA. INACUMULABILIDADE. PRECENDENTES. RECURSO IMPROVIDO.

Multa e comissão de permanência não podem


ser exigidas conjuntamente em razão do veto
contido na resolução 1.129 do Banco Central,
que editou decisão do Conselho Monetário
Nacional, proferida nos termos do artigo 4º,
VI e IX da Lei 4.595, de 31.12.64.(4ª T,
Resp n.º 174.181/MG, Rel. Min. Sálvio de
Figueiredo Teixeira, unânime, DJU de
15/03/99).
17
A distinção entre contratos bilaterais e
unilaterais apresenta capital importância, por isso que da
reciprocidade de prestações, que é da essência do contrato
bilateral, resulta a equivalência entre elas, de forma a
justificar o preceito, segundo o qual, nenhum dos
contraentes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o
implemento da do outro. Querem alguns tratadistas que se
trata de uma medida de equidade, que se impõe, por isso
mesmo, sem necessidade de maiores explicações: "frusta sibi
fidem servait ab e o quis postulai cui fidem a se praestitam
servare recusam"

Dúvidas não há, do procedimento temerário


perpetrado pelo réu, coagindo o autor a adimplir o contrato
em sua totalidade, negando a devida quitação das parcelas
vencidas e adimplidas, (entrega de quitação regular dos
contratos).

DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DE LIMINAR

Verifica-se o periculum in mora pelo simples


fato do Autor encontrar-se na iminência de ver seu nome
inscrito nos órgão de Proteção ao crédito, durante a
discussão do contrato e questão.

O Autor é uma pessoa honesta, possuidor de bom


nome na praça, incapaz de inadimplir com suas contas.

Ainda o fummus boni iuris decorre de algo que


o Requerente faz somente para ver garantido os seus direitos
resguardados pelo nosso ordenamento jurídico, bem como é
flagrante o abuso da Ré no contrato em questão.

Assim, o que se pretende é que a situação não


se prorrogue por mais tempo, o que acarretaria mais prejuízos
e dissabores ao Autor.

Destarte, resta provado documentalmente o


quanto alegado, devendo, data maxima venia, ser deferida a
liminar pleiteada pelo Requerente, com a devida urgência, com
a finalidade de impedir que o nome do Autor seja inscrito nos
órgão de proteção ao crédito.

Deferida a presente medida por Vossa


Excelência, deverá ser expedido imediatamente ofício ao SCPS
e SERASA, sob pena de multa diária a ser arbitrada por Vossa
Excelencia, conforme disposto no artigo 84 do Código de
Defesa do Consumidor

18
DO PEDIDO DE APLICAÇÃO DA LEI Nº 1.060/50 –
JUSTIÇA GRATUITA

O Requerente, desde já, requer Vossa


Excelência se digne determinar a concessão dos benefícios da
isenção de custas e despesas processuais, previstos no inciso
LXXIV, do artigo 5º da CF/88, combinado com a Lei Federal nº
1.060, de 05 de fevereiro de 1950, declarando tratar-se de
pessoa pobre, nos termos do parágrafo único, do artigo 2º, da
citada Lei, pois sua atual situação econômica não lhe permite
pagar as custas e os honorários advocatícios do processo sem
prejuízo do seu próprio sustento.

DO PEDIDO

Diante de todo exposto, e na melhor forma de


direito, REQUER o AUTOR se digne V.EXA., de determinar:

I – DEFERIR/ CONCEDER a liminar para expedição


imediata de ofício ao SCPC / SERASA para impedir a inscrição
do nome do Autor nos referidos órgãos, sob pena de multa
diária, conforme disposto no artigo 84 do Código de Defesa do
Consumidor;

II - aplicar o Código de Defesa do Consumidor


e, conseqüentemente, a inversão do ônus probante, nos termos
do artigo 6º, inciso VIII;

III – determinar a citação da Ré no endereço


mencionado no preâmbulo desta, via-postal, para que,
querendo, apresentem contestação aos termos da presente, sob
pena de sofrer os efeitos da revelia;

IV - O reconhecimento da pratica do
anatocismo, e da aplicação do Código de Defesa do Consumidor
na presente demanda, por ser o contrato em comento um
contrato de adesão, em especial o preceito exposto pelo seu
artigo 42, parágrafo único e a inversão do ônus da prova.

VI – julgar TOTALMENTE PROCEDENTE a presente


demanda, para:

a) revisar as clausulas do contrato em


questão e a aplicação dos juros e demais cobranças, bem como
a parcela questionada na presente ação e a anulação das
tarifas cobradas ilegalmente e sua devolução em dobro, por
serem inerentes a atividade da ré.

19
b) DETERMINAR QUE O BANCO RÉU APRESENTE A 2º
VIA DO CONTRATO NOS TERMOS DO ARTIGO 355 e 396 DO CPC e 6º
inciso VIII do CDC, NO MOMENTO DE SUA CONTESTAÇÃO .

c) CONDENAR o Réu, as custas e demais despesas


que vier a sofrer no curso da demanda, bem como os honorários
advocatícios nos termos da lei.

d)determinar que seja feita pericia contábil


no contrato em questão.

VII - Protesta provar o alegado por todos os


meios de provas em direito admitidas, especialmente pelo
perícias, juntada de novos documentos e todas as demais que
esse Juízo entender cabíveis.

VIII - que sejam concedidos os benefícios da


Justiça Gratuita, por não ter a Requerente, condições de
arcar com as despesas processuais.

Dá-se á presente o valor de R$ 545,00


(quinhentos e quarenta e cinco reais).

Termos em que,
Pede Deferimento.

São Paulo, 02 de Abril de 2023.

ADVOGADO
OAB/SP

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