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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DO


FORO CENTRAL CÍVEL

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por RONALDO APARECIDO DA COSTA, protocolado em 11/08/2021 às 17:31 , sob o número WJMJ21413160034 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1062781-03.2021.8.26.0100 e código c7oJJA63.
PROCESSO 1062781-03.2021.8.26.0100

LILIANE PESSOA ROCHA, nos autos da Ação


Ordinária para Revisão do Saldo Devedor em face de BANCO GMAC S/A, vem a Vossa
Excelência, apresentar REPLICA quanto a contestação do réu, nos seguintes termos:

DA IMPUGNAÇÃO DA JUSTIÇA GRATUITA

A impugnação é genérica e os documentos trazidos pela


autora fazem boa prova da sua insuficiência de recursos, o que não justifica a
revogação da concessão, além do que a concessão não abrange somente as custas
iniciais como os preparos para os recursos e honorários advocatícios cujas despesas
afetariam o próprio sustento da autora.

A ré não acostou prova que modificasse a situação financeira


comprovada pelo autor, além do que, a condição financeira do autor época da
contratação se modificou.

Outrossim, esclarece o autor que o requerimento da benesse,


se justifica não só pelas custas iniciais, estas em valor mínimo, porém, com os
compromissos financeiros para seu sustento e de sua família, bem como, as pa rcelas
do financiamento, na hipótese de recurso de apelação (o valor será de 4% bem mais
alto que as custas iniciais), além do que a condenação em 10 a 15% de sucumbência
sobre o valor da causa torna muito oneroso e acima das possibilidades financeiras do
autor em custear o processo necessitando para tanto, a concessão da justiça gratuita.

Sendo assim requer a impugnação da justiça gratuita

NO MERITO

Pretende o autor a nulidade e exclusão das cláusulas/tarifas:

Exclusão das tarifas e seguros ilegalmente aderidas.


CUSTO EFETIVO TOTAL

CADASTRO - R$ 660,00
ACESSORIOS - R$ 2.920,00
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DESPESAS – R$ 1.015,00
SEGURO - R$ 1.546,83

TOTAL A MAIS NO CUSTO EFETIVO – R$ 6.141,83

Por serem alegações genéricas sem qualquer prova do

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por RONALDO APARECIDO DA COSTA, protocolado em 11/08/2021 às 17:31 , sob o número WJMJ21413160034 .
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alegado, reporta-se a autora aos termos da inicial.

A ré alega legitimas as cobranças de tarifas/seguros,


entretanto, não são e também não comprovam a contraprestação dos serviços.

A cobrança da Tarifa de Abertura de Crédito (TAC) ainda que


permitida fica resguardado o direito do consumidor em anular abusividade, portanto, o valor
é abusivo, sem fundamento, sendo que uma taxa média de cadastro é em torno de R$
250,00

A cobrança de tarifas nos contratos bancários, conforme


preconizado pela Súmula 297/STJ e ADI 2591-1/DF, deve ser analisada à luz dos
preceitos do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, que estabelece a boa -fé
objetiva e a equidade material como princípios basilares nos contratos de consumo.
Como consequência da submissão dos contratos bancários ao CDC, Antônio Carlos
Efing esclarece que, “qualquer tarifa cuja cobrança não for prévia e
adequadamente informada ao consumidor, que o coloque em desvantagem
exagerada, ou que for incompatível com a boa-fé e a equidade (artigo 51 do CDC)
— ainda que arrolada em resolução do Bacen como lícita — é abusiva”, ante o
caráter de norma de ordem pública e interesse social do CDC (artigo 1°, CDC)

Enquanto os encargos bancários são destinados a


compensar o credor, seja pela concessão do crédito (juros remuneratórios), seja pelo
atraso no pagamento da obrigação (encargos de mora), as tarifas bancárias
correspondem ao preço que deve ser pago pelo devedor, em razão de outros serviços
ofertados e prestados pelo fornecedor. Portanto, as tarifas decorrem de serviços
adicionais prestados ao tomador do crédito, serviços estes que não se confundem com
os custos inerentes à concessão de crédito, que já são repassados nos encargos
remuneratórios.

Pois bem.

A respeito das tarifas em contratos bancários, o Superior


Tribunal de Justiça já decidiu, no julgamento do REsp 1.251.331/RS, que a condição
de validade prévia para admitir a cobrança de tarifas é a previsão em norma do Banco
Central do Brasil.

A ausência de previsão expressa em Resolução do Bacen


é um dos fundamentos que tem sido adotados para afastar a cobrança das tarifas
de serviços de terceiros, inserção de gravame e registro de contratos

Além de não preenchido o requisito de validade formal, para


legitimar a cobrança (previsão expressa em Resolução do Bacen), pode-se reconhecer
a abusividade material da cobrança da tarifa de serviços de terceiros que, como visto,
corresponde à remuneração do correspondente que intermedia o financiamento
bancário.
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A ilicitude no repasse de tal custo aos consumidores já foi


apontada pela associação de defesa do consumidor Proteste, eis que “não pode ser
cobrado do consumidor tarifa, comissão, valores referentes a ressarcimento de serviços
prestados por terceiros, ou qualquer outra forma de remuneração, pelo fornecimento
de produtos ou serviços de responsabilidade da referida instituição”. Ou seja, mesmo a
despeito da utilização dos correspondentes bancários, “o consumidor não deve pagar

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por RONALDO APARECIDO DA COSTA, protocolado em 11/08/2021 às 17:31 , sob o número WJMJ21413160034 .
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nada além do que seria cobrado se usasse a agência bancária”.

Neste sentido, temos os seguintes julgados:

A tarifa de serviços de terceiros, além de não estar


prevista em resolução do BACEN, não remunera
nenhum serviço prestado em benefício do
consumidor. Ao revés, a beneficiária é a própria instituição
financeira, a qual deve arcar com os custos, sob pena de
violação do disposto no artigo 39, V e artigo 51, IV, XII e §1°,
todos do Código de Defesa do Consumidor”. TJDF, 5 Turma
Cível, Apelação Cível n. 20130110610895, Rel. Des.
Sebastião Coelho, j. 22.04.2015, unânime. (destaquei)

“A remuneração da instituição financeira advém do


pagamento dos juros remuneratórios e demais encargos
contratuais, de modo que é abusiva a cobrança da tarifa de
serviço correspondente prestado à financeira, consoante o
art.51, inc. IV, do CDC”. TJDF, 6 Turma Cível, Apelação Cível
n. 20130110411256, Rel. Desa. Vera Andrighi, j. 16.09.2015,
unânime.

“Apesar de a cobrança da tarifa de avaliação estar


especificada na Resolução CMN 3.919/2010, sua exigência
apenas tem cabimento se comprovada a realização do
serviço mediante laudo de vistoria e de avaliação do veículo
ou outro documento apto a demonstrar o dispêndio do valor
respectivo.” TJDF, 1 Turma Cível, Apelação Cível
20130810009783, Rel. Desa. Simone Lucindo, j. 9.9.2015,
unânime.

“Com a entrada em vigor da Resolução CMN 3.518/2007


(30.04.2008), as tarifas passíveis de cobranças ficaram
limitadas às hipóteses taxativamente previstas em normas
padronizadoras expedidas pela autoridade monetária,
devendo ser considerada ilícita a cobrança de encargos não
previstos na Resolução CMN 3.919/2010 como serviços
bancários passíveis de tarifação. É o caso, por exemplo, das
tarifas de inserção de gravame, de registro de contrato e de
serviços de terceiros”. TJDF, 1 Turma Cível, Apelação Cível
20130810009783, Rel. Desa. Simone Lucindo, j. 9.9.2015,
unânime.

Na verdade, percebe-se que a prática de cobrança de tarifas


funciona como uma elevação do próprio custo efetivo do contrato, que pode ser
qualificada como conduta contrária à boa-fé objetiva, elevando o valor da parcela.
O seguro caracteriza VENDA CASADA, é produto casado
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com o financiamento e não de livre contratação.

As questões trazidas pela inicial tratam-se exclusivamente de


matéria de direito as quais foram fundamentadas com base na lei e na jurisprudência
em que pese o determinado no RESP 1578553/SP E RESP 1639320/SP.

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Tendo em vista o Julgamento (dezembro/2018) dos Recursos
Repetitivos que ensejaram a suspensão das ações, cujo resultado,

REsp 1.639.320 - DJE 17/12/2018 (DESPESA DE PRÉ-


GRAVAME ATÉ 25/02/2011. SEGURO DE PROTEÇÃO
FINANCEIRA. VENDA CASADA. RESTRIÇÃO À ESCOLHA
DA SEGURADORA.DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA.
NÃO OCORRÊNCIA).

REsp 1578553 - DJE 06/12/2018 (SERVIÇOS DE


TERCEIROS, REGISTRO DO CONTRATO E AVALIAÇÃO
DO BEM. COMISSÃO DO CORRESPONDENTE
BANCÁRIO. SERVIÇOS NÃO EFETIVAMENTE
PRESTADOS. ABUSIVIDADE DE TARIFAS E DESPESAS
EM CADA CASO CONCRETO),

A matéria que se pretende ser revista objeto da ação JÁ FOI


APRECIADA EM RECURSO REPETITIVO, uma vez que houve assentamento
jurisprudencial da matéria, afetando no direito básico do consumidor em ter revista ou
modificada as cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais,
bem como práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos ou
serviços, nos termos dos incisos IV e V do artigo 6º do Código de Direito do Consumidor.

As diversas cobranças são lançadas no contrato sem


qualquer demonstração de ocorrência e por adesão, sem espontânea vontade de
contratação, constituindo venda casada, principalmente nos casos de seguros e
serviços de terceiros, SEM A COMPROVAÇÃO DA REALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS.

Em contestação, a ré apenas reitera o que foi cobrado em


contrato, não comprovando a REALIZAÇÃO dos serviços (tarifas) cobrados
conforme o que determina as teses para os temas cadastrados com os nºs 958 e
972, a ré não apresentou os comprovantes (documentos idôneos) que
demonstrem a REALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS E DESPESAS LANÇADAS NO
CONTRATO, bem como, no tocante ao seguro restou claro tratar-se de adesão e
não contratação.

Aliás, tem sido comum verificar nas diversas cobranças


judiciais (cadastro, acessórios, despesas e seguro), que os valores variam muito, de
banco para banco e de devedor para devedor. Tudo sem qualquer lógica econômica,
fiscalização ou supervisão do Banco Central do Brasil.

Desta forma, não há alternativa senão confirmar todos os


termos da inicial, especialmente pela procedência da exclusão das tarifas, declarar
como ilegal a venda casada de produtos e serviços como seguros e outros,
determinando o recalculo das prestações a partir da exclusão, diminuindo o custo
efetivo total, cuja diferença entre as parcelas seja devolvida ao autor, juntamente com
as tarifas e seguros, abatendo-se ou compensando-se do saldo devedor do contrato.
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Pelo exposto, requer a procedência total da ação para


exclusão das tarifas e sua devolução corrigidas a partir do desembolso e
recálculo das parcelas a partir de sua exclusão, com devolução ou compensação
do valor pago a mais no financiamento.

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DA ELEVACÃO DO CUSTO EFETIVO
DO RECALCULO DAS PARCELAS

O Custo Efetivo Total contém todos os encargos, tributos, taxas


e despesas de um empréstimo ou financiamento, ou seja, os juros são apenas uma parte
que compõe o valor da contratação de um serviço, sendo que o CET corresponde então ao
valor total da negociação.

Com a exclusão das tarifas se faz necessário novo cálculo de


financiamento diante da redução do CET total e consequentemente há redução no valor da
parcela.

Impõe-se, igualmente, o recálculo do valor financiado


mediante a subtração dos reflexos dos encargos repelidos sobre os juros e
quaisquer outros itens que tenham sofrido a sua influência, o que pode ser elaborado
em liquidação de sentença, requerendo, para tanto seja declarada em sentença o
recalculo do custo efetivo.

DAS PROVAS A PRODUZIR

As questões de que tratam o objeto da presente ação


(TARIFAS/SEGUROS) são puramente de Direito, e a sua solução não depende de
prova pericial, conforme decide reiteradamente o Superior Tribunal de Justiça (AgRg
no REsp nº 1.049.012/MG, 4ª Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha) e esta C.
Câmara (Apelação nº 0027343- 94.2009.8.26.0344, Rel. Des. José Reynaldo; e
Apelação nº 991.07.053477-3, Rel. Des. Jacob Valente.

Para tanto, requer seja designada a inversão do ônus da


prova, nos termos dos artigos 359 e na forma do art. 6º, VIII, do Código de Defesa do
Consumidor, tendo em vista tratar-se de contrato bancário de financiamento e crédito
onde está configurada a relação de consumo, conforme previsão do artigo 3º,
parágrafo segundo daquele Código. Além da relação de consumo também é evidenciada
a hipossuficiência do autor perante a instituição financeira que se utiliza de contrato
de adesão para a realização de operações de crédito.

Portanto, imperiosa a aplicação do C.D.C, protestando ainda


provar o alegado por todos os meios de prova em direito permitidas, protestando pela prova
pericial na fase de liquidação de sentença, as custas da ré, em exclusão de qualquer outra
pertinente

CONCLUSÃO

Desta forma, não há alternativa senão confirmar todos os


termos da inicial, especialmente pela nulidade das tarifas/seguros, determinando
sua exclusão e recalculo do custo efetivo.

Nestes Termos
OAB/SP 398.605
Pede Deferimento.

Ronaldo Aparecido da Costa


São Paulo, 11 de agosto de 2021
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