Inf0789
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Inf0789
Este periódico destaca teses jurisprudenciais e não consiste em repositório oficial de jurisprudência.
PRIMEIRA SEÇÃO
DESTAQUE
A impossibilidade de obtenção dos registros acerca dos dias não trabalhados ou das horas
compensadas não pode se tornar um óbice para descontar os dias não trabalhados pelos servidores
públicos em decorrência de greve.
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 1/45
conduta ilícita do Poder Público".
Nesse mesmo sentido, destacam-se os precedentes desta Corte: Pet n. 10.556/RJ, relator
Ministro Paulo Sérgio Domingues, Primeira Seção, julgado em 12/4/2023, DJe de 2/5/2023 e Pet n.
7.920/DF, relator Ministro Gurgel de Faria, Primeira Seção, julgado em 9/10/2019, DJe de
4/11/2019.
Vale ressaltar que a impossibilidade de obtenção dos registros acerca dos dias não
trabalhados ou das horas compensadas não pode tornar-se um óbice para reconhecer o direito da
parte autora em descontar os dias não trabalhados pelos servidores públicos, em decorrência da
suspensão temporária do contrato de trabalho. Até porque o referido desconto somente será
implantado após prévio procedimento administrativo em que será assegurado ao servidor o
exercício do contraditório e da ampla defesa.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
PRECEDENTES QUALIFICADOS
RE 693.456/RJ
SAIBA MAIS
Informativo de Jurisprudência n. 592
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 2/45
SEGUNDA SEÇÃO
DESTAQUE
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 3/45
procedimento previsto no art. 26 da Lei n. 9.514/1997, poderá o credor fiduciário alienar o objeto
da garantia.
Se assim não fosse, o credor fiduciário poderia requerer o distrato mesmo sem o
inadimplemento do devedor fiduciário, gerando enorme insegurança jurídica para este último.
Assim, admitir a rescisão do contrato de alienação fiduciária de bem imóvel com base nas
normas de proteção ao direito do consumidor, ou seja, com a devolução da maior parte dos valores
pagos e a retenção de um pequeno percentual a título de ressarcimento de eventuais despesas, seria
desvirtuar por completo o instituto, que certamente cairia em desuso, em prejuízo dos próprios
consumidores de imóveis, que teriam maior dificuldade de acesso ao crédito e juros mais elevados.
Entende-se, desse modo, que a ausência de registro do contrato que serve de título à
propriedade fiduciária no competente Registro de Imóveis não confere ao devedor fiduciante o
direito de promover a rescisão da avença por meio diverso daquele contratualmente previsto,
tampouco impede o credor fiduciário de, após a efetivação do registro, promover a alienação do bem
em leilão para só então entregar eventual saldo remanescente ao adquirente do imóvel, descontados
os valores da dívida e das demais despesas efetivamente comprovadas.
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 4/45
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
SAIBA MAIS
Informativo de Jurisprudência n. 746
DESTAQUE
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 5/45
Considerando a existência de grupo econômico entre as empresas envolvidas e a
configuração do conflito de competência, é impositivo que as falências devam ser reunidas perante o
juiz onde fica localizado o "principal estabelecimento do devedor", conforme estabelecido no art. 3º
da Lei 11.101/2005, que dispõe: "É competente para homologar o plano de recuperação
extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal
estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil".
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 6/45
TERCEIRA SEÇÃO
DESTAQUE
Na origem, houve a condenação por três crimes de latrocínio tentado, em concurso formal
impróprio, quando, na verdade, foram atingidos apenas dois patrimônios.
No entanto, essa posição destoa da orientação do Supremo Tribunal Federal, que têm
afastado o concurso formal impróprio, e reconhecido a ocorrência de crime único de latrocínio, nas
situações em que, embora o animus necandi seja dirigido a mais de uma pessoa, apenas um
patrimônio tenha sido atingido. Por essa razão, mostra-se prudente proceder ao overruling da
jurisprudência deste Tribunal Superior, adequando-a à firme compreensão do STF acerca do tema.
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 7/45
No caso, as instâncias ordinárias afirmaram que houve desígnios autônomos em relação
ao animus necandi, motivo pelo qual entenderam pelo concurso formal impróprio, o qual deve ser
afastado, nos termos do entendimento do STF. No entanto, é inviável o reconhecimento de crime
único, porque foram atingidos dois patrimônios distintos. Nesse contexto, deve ser reconhecida a
prática de dois delitos de latrocínio, na forma tentada, em concurso formal próprio, pois não foi
mencionado pela Corte de origem que também teria havido autonomia de desígnios em relação às
subtrações patrimoniais, mas tão somente no tocante ao animus necandi.
SAIBA MAIS
Informativo de Jurisprudência n. 494
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 8/45
PRIMEIRA TURMA
DESTAQUE
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 9/45
inacumulável, pressupondo, portanto, a continuidade do vínculo jurídico com a Administração
Pública.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Lei n. 8.112/1993
Lei Orgânica da Magistratura Nacional - LOMAN, art. 66
Constituição Federal, art. 93.
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 10/45
SEGUNDA TURMA
DESTAQUE
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 11/45
A compensação ocorre quando duas pessoas forem, ao mesmo tempo, credoras e
devedoras uma da outra, de modo que as respectivas obrigações se extinguem até onde se
compensarem.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 12/45
DESTAQUE
Com efeito, a norma em questão apenas instituiu a regra de sujeição passiva tributária,
atribuindo ao alienante ou ao procurador no país a responsabilidade pela retenção e recolhimento
do Imposto de Renda.
Acerca da incidência do Imposto de Renda sobre ganho de capital auferido por não
residente, o art. 18 da Lei n. 9.249/1995 determina expressamente a observância das regras
aplicáveis aos residentes no país.
No caso, o fato gerador do Imposto de Renda sobre o ganho de capital auferido pelas
empresas recorrentes não foi o momento da remessa do pagamento ao exterior, mas a alienação da
participação societária, quando houve a efetiva incorporação de direitos ao patrimônio da
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 13/45
adquirente.
Nesse diapasão, a retenção do Imposto de Renda sobre a remessa ao exterior, ainda que
esta tenha sido realizada posteriormente, deve estar atrelada à data da ocorrência do fato gerador,
tal como preceitua o art. 144 do CTN.
Considerando que o fato gerador ocorreu na celebração do negócio jurídico, época em que
as empresas recorrentes estavam sediadas nas Bahamas, a alíquota de IRRF aplicável é a de 25%
sobre o ganho de capital auferido com a alienação das quotas da sociedade de responsabilidade
limitada, nos termos do art. 47 da Lei n. 10.833/2003.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
SAIBA MAIS
Informativo de Jurisprudência n. 678
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 14/45
TERCEIRA TURMA
DESTAQUE
Subsistindo o condomínio sobre determinado bem imóvel após a partilha, por ato
voluntário dos coerdeiros que aceitaram a herança, os sucessores coproprietários do imóvel
respondem solidariamente pelas respectivas despesas condominiais, independentemente da
expedição do formal de partilha, resguardado o direito de regresso constante do art. 283 do CC.
Com efeito, a morte da pessoa natural tem como uma de suas consequências jurídicas a
abertura da sucessão, transferindo-se, de imediato, a posse e a propriedade dos seus bens e direitos
aos respectivos sucessores, à luz do princípio da saisine positivado no art. 1.784 do CC, neste termo.
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 15/45
Na hipótese, depreende-se que a responsabilidade pelos débitos provenientes do falecido
e por aqueles cujo fato gerador se der após a abertura da sucessão, mas antes da partilha, recaem
sobre a massa indivisível e unitária representativa da herança, a qual pertence aos sucessores e é
administrada pelo inventariante até a homologação da partilha (art. 1.991 do CC).
Como visto, é a morte do de cujus o fato gerador da posse e propriedade dos bens da
herança pelos sucessores, à luz do princípio da saisine, cessando a indivisibilidade sobre esses bens
com a homologação da partilha, em que se define o quinhão cabente a cada herdeiro,
independentemente da expedição do formal.
Além disso, ressalte-se que, na sucessão mortis causa, não se aplica a regra prescrita no
art. 1.227 do CC, segundo a qual a constituição ou transmissão dos direitos reais sobre imóveis só se
efetiva com o registro no Cartório de Registro de Imóveis, porquanto restrita aos atos de
constituição ou transmissão entre vivos
De outro lado, quando na herança houver bem imóvel do qual decorram despesas
condominiais, deve-se atentar para a natureza propter rem dessas obrigações, emanando da própria
coisa, independentemente da manifestação de vontade do seu proprietário de assunção da
respectiva dívida, a possibilitar ao credor voltar-se contra quem quer esteja na sua propriedade,
ante o seu caráter ambulatório.
Infere-se que a solidariedade, neste caso, resulta da própria lei, na medida em que o art.
1.345 do CC admite a responsabilização do atual (ou dos atuais) proprietário(s) do imóvel no que
concerne às despesas condominiais, inclusive pelos débitos pretéritos à aquisição do bem,
afigurando-se decorrência lógica desse dispositivo a possibilidade de cobrança da integralidade da
dívida de quaisquer dos coproprietários de uma mesma unidade individualizada, ressalvando-se o
direito de regresso do condômino que satisfez a dívida por inteiro contra os demais codevedores,
nos termos do art. 283 do CC.
Aliás, dispõe o art. 275 do CC, ao disciplinar a solidariedade passiva, que "o credor tem
direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum;
se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente
pelo resto".
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 16/45
Havendo, nesse contexto, solidariedade entre os coproprietários de unidade
individualizada pelas despesas condominiais após a partilha, revela-se inaplicável o disposto no art.
1.792 do CC, segundo o qual o herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança.
Conclui-se, portanto, que, subsistindo o condomínio sobre determinado bem imóvel após a
partilha, não mais por disposição legal, mas por ato voluntário dos coerdeiros que aceitaram a
herança, respondem solidariamente os sucessores coproprietários do imóvel pelas respectivas
despesas condominiais, independentemente da expedição do formal de partilha, aí não se aplicando
a regra legal de que o herdeiro somente responde pelas forças da herança, resguardado o direito de
regresso constante do art. 283 do CC.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 17/45
PROCESSO REsp 1.848.863-SP, Rel. Min. Humberto Martins, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 26/9/2023.
DESTAQUE
A previsão do art. 210 da Lei n. 9.279/1996 de que o cálculo dos lucros cessantes será
realizado pelo critério mais favorável ao prejudicado não pode levar à adoção de métodos
arbitrários para sua aferição, sem ter havido perícia com conhecimento específico na área técnica
das patentes em questão.
No caso, argumenta-se que a perícia teria desconsiderado o fato de que algumas das
brocas e dos punhos por ela comercializados não infringiriam as patentes do recorrido, sustentando,
ainda, que as hastes de perfuração de furo de gusa seriam compostas não apenas pelo punho e pela
broca, mas também pela haste, que estaria fora do escopo de proteção das patentes da recorrida.
Além disso, houve realização somente de perícia meramente contábil, o que gerou debates
sobre não ter havido perícia com conhecimento específico na área técnica das patentes em questão.
Exatamente para apurar tal assertiva da recorrente de que há produtos por ela comercializados que,
apesar de se referirem também a brocas e a punhos utilizados na perfuração de furo de gusa, não
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 18/45
infringiriam as patentes.
Importa, assim, asseverar que a previsão da Lei n. 9.279/1996 de que o cálculo dos lucros
cessantes será realizado pelo critério mais favorável ao prejudicado (art. 210) não pode levar à
adoção de métodos arbitrários para sua aferição, sob pena de enriquecimento sem causa. Portanto, a
distribuição dinâmica do ônus da prova demanda respeito ao contraditório, o que não foi observado
no caso.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 19/45
DESTAQUE
Trata-se, na origem, de cumprimento de sentença que tem por objeto ação de reembolso
julgada procedente para reembolsar a sócio as ações a que tem direito em decorrência da sua saída
do quadro societário de sociedade anônima, conforme o valor patrimonial destas, a serem avaliadas
por ocasião do pagamento.
Nessa linha, apresentados os cálculos pela sociedade anônima, ainda que negativos e
conforme interpretação unilateral da sentença, uma vez que devidamente intimado e silente o
recorrido, somente se apresentava uma solução ao magistrado: a homologação dos cálculos.
Sendo assim, ainda que ausente a declaração de homologação acima descrita, uma vez que
não se poderia chegar a resultado diverso, cumpre reconhecer haver-se operado a preclusão
temporal quanto a eventual direito de impugnação acerca dos cálculos e termos do cumprimento de
sentença apresentados, o que, em última análise, convola-se em coisa julgada, preclusão máxima.
Não por outro motivo, o CPC/2015 deu vida ao art. 526, §§ 1º e 3, do CPC, determinando
que, não havendo oposição aos termos do requerimento de cumprimento espontâneo apresentado
pelo devedor, cabe ao juiz declarar satisfeita a obrigação e extinguir o processo.
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 20/45
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 21/45
QUARTA TURMA
DESTAQUE
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 22/45
por estar o bem alienado fiduciariamente ao credor fiduciário, sendo este o titular da propriedade
resolúvel da coisa imóvel.
A razão para tanto está em que não se pode cobrir o credor fiduciário de imunidade contra
dívida condominial, outorgando-lhe direitos maiores do que aqueles que tem qualquer proprietário.
Quer dizer, o proprietário fiduciário não é um proprietário especial, detentor de maiores direitos do
que o proprietário comum de imóvel em condomínio edilício
A natureza propter rem se sobreleva ao direito do próprio credor fiduciário, dado que não
é justo que se coloque nos ombros dos demais condôminos a obrigação de arcar com o rateio
daquelas despesas, tendo em vista que, de um lado, o devedor fiduciante se sente confortável em
não pagar, porque sabe que o apartamento não poderia ser objeto de nenhuma constrição. E, de
outro lado, o credor fiduciário se sente tranquilo também, porque, recebendo o dinheiro
correspondente ao empréstimo que realizou, não será importunado no seu direito de propriedade,
apesar da existência de débitos condominiais que pairam sem uma definição de pagamento.
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 23/45
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
SAIBA MAIS
Informativo de Jurisprudência n. 638
DESTAQUE
A medida executiva prevista no art. 828 do CPC possui duas funções nítidas, a saber: I) de
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 24/45
um lado, tornar pública a existência de demanda executiva em face do devedor, de forma a presumir
de maneira absoluta que a alienação do bem, se o conduzir à insolvência, constituirá fraude à
execução e tornará ineficaz o negócio jurídico praticado; II) ao tornar pública a existência da
demanda executiva, prevenir a dilapidação patrimonial que possa levar o devedor à insolvência e,
assim, orientar outros credores quando negociarem com o devedor.
Com isso, tão logo seja admitida a execução pelo magistrado competente - única condição
para a deflagração da posição jurídica -, surge para o credor exequente o direito potestativo de obter
a certidão acerca da existência da demanda executiva para averbá-la no registro competente, não
havendo necessidade de nenhuma cognição judicial acerca da existência ou não do direito do
exequente.
A decisão foi proferida com base nos requisitos previstos no art. 300 do CPC,
consubstanciados na probabilidade do direito e no perigo de dano ou risco ao resultado útil do
processo.
O CPC prevê de maneira expressa o poder geral de cautela - que já deflui do texto
constitucional -, em seu art. 301, ao prever que a tutela de urgência de natureza cautelar pode ser
efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação
de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito. O poder geral de cautela
assegura ao magistrado o deferimento de todas as medidas que se revelarem adequadas ao
asseguramento da utilidade da tutela principal, ainda que sejam coincidentes com aquelas previstas
especialmente para a execução.
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 25/45
Embora o art. 301 do CPC preveja algumas medidas cautelares (típicas ou nominadas no
sistema processual de 1973), a cláusula geral constante ao final no dispositivo legal qualquer outra
medida idônea para asseguração do direito autoriza que sejam adotadas quaisquer medidas com a
finalidade precípua de garantia da eficácia do processo e da tutela jurisdicional a ser concedida.
Por fim, a base legal para o deferimento da medida, em verdade, não é o citado art. 828,
senão os arts. 300 e 301 do CPC, embora seja em tudo similar àquela prevista para a execução, é
dizer, a possível extensão da disciplina específica da averbação premonitória aos processos de
conhecimento encontra seu assento no poder geral de cautela.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 26/45
PROCESSO REsp 1.848.292-MT, Rel. Ministro Antonio Carlos
Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
12/9/2023, DJe 19/9/2023.
DESTAQUE
Quanto o credor for representado por mandatário ou representante legal, este deverá
entregar ao administrador judicial, até 24 (vinte e quatro) horas antes da data prevista no aviso de
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 27/45
convocação, documento hábil que comprove seus poderes ou a indicação das folhas dos autos do
processo em que se encontre o documento, como determina o art. 37, § 4º, da Lei n. 11.101/2005.
Nesse sentido, apesar de vir disposto no art. 37, § 3º, da Lei 11.101/2005 a
obrigatoriedade da assinatura da lista de presença até a instalação da assembleia, consideradas as
circunstâncias particulares do caso, é imperiosa a conclusão no sentido de que estava comprovada à
saciedade a presença da procuradora durante a realização da Assembleia, devendo a aposição da
assinatura somente no campo relativo aos demais representados ser tomada como mera
irregularidade, que não impede sua participação nas deliberações e votações em favor da instituição
financeira representada.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 28/45
PROCESSO REsp 1.864.618-RJ, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira,
Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 12/9/2023,
DJe 19/9/2023.
DESTAQUE
Os atos de alteração no contrato social produzem efeitos a partir da data em que foram
praticados, se levados a registro nos 30 (trinta) dias seguintes, ou da data do registro, no caso de
inobservância deste prazo. Inteligência dos arts. 1.150 e 1.151 do Código Civil e 36 da Lei n.
8.934/1994.
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 29/45
No caso, as alterações que resultaram na transformação foram levadas a registro na Junta
Comercial muito tempo depois, o que ensejou o redirecionamento de execuções fiscais e
atingimento da pessoa da sócia administradora em virtude da desconsideração da personalidade
jurídica da sociedade.
Nesse sentido, é possível supor que eventual alteração no contrato social possa produzir
efeitos desde logo, antes mesmo de seu registro na Junta Comercial ou no Registro Civil das Pessoas
Jurídicas. No entanto, a produção de efeitos em relação a terceiros pressupõe que seja
adequadamente formalizada e publicizada por intermédio de seu registro.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
SAIBA MAIS
Informativo de Jurisprudência n. 734
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 30/45
PROCESSO REsp 1.864.620-SP, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira,
Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 12/9/2023.
DESTAQUE
Uma empresa do mesmo grupo econômico da parte executada só pode ter seus bens
bloqueados se o incidente de desconsideração da personalidade jurídica for previamente
instaurado, não sendo suficiente mero redirecionamento do cumprimento de sentença contra quem
não integrou a lide na fase de conhecimento.
Dessa forma, para que uma empresa, pertencente ao mesmo grupo econômico da
executada, sofra constrição patrimonial, é necessária prévia observância dos procedimentos
específicos da desconsideração da personalidade jurídica, que pode ser instaurada, inclusive, na fase
de cumprimento de sentença ou na execução fundada em título executivo extrajudicial, nos termos
do art. 134 do CPC.
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 31/45
Ressalte-se que a instauração do incidente de desconsideração é norma processual de
observância obrigatória, como forma de garantir o devido processo legal.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 32/45
QUINTA TURMA
DESTAQUE
O acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A do CPP, tem lugar "Não sendo
caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de
infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o
Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente
para reprovação e prevenção do crime".
Sobre o tema, a Quinta Turma do STJ, no julgamento do AgRg no REsp 2.016.905/SP, Rel.
Ministro Messod Azulay Neto, estabeleceu que, em casos de alteração do enquadramento jurídico ou
desclassificação do delito, é possível aplicar o ANPP, desde que preenchidos os requisitos legais.
Esse precedente reconheceu incidir, extensivamente, às hipóteses de ANPP, o Enunciado n. 337 da
Súmula do STJ, que prevê ser cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 33/45
crime e procedência parcial da pretensão punitiva, devendo os autos do processo retornarem à
instância de origem para aplicação desses institutos.
Contudo, é de se destacar que, ao tempo da opção pela não autoincriminação, não estava
no horizonte do acusado a possibilidade de entabulação do acordo de não persecução penal, uma
vez que a denúncia não postulou o reconhecimento da minorante do tráfico de drogas, o que só se
tornou possível com a prolação da sentença penal condenatória que aplicou em seu favor a causa de
diminuição de pena prevista no §4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006.
Deve-se, por conseguinte, diferenciar a postura legítima do réu que nega envolvimento
com crime apurado em ação penal com a posição de parte do ANPP, certamente muito mais
favorável do que aquela que lhe valeria o cumprimento de pena privativa de liberdade nos
estabelecimentos penais à disposição nesse país, devendo lhe ser permitida a confissão, tal qual
àquele que nega a conduta no interrogatório policial e, em juízo, a confessa, contradição que não
impossibilita o reconhecimento da atenuante em seu favor.
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 34/45
A dúvida remanescente residiria sobre o momento a formalização da confissão para fins
do ANPP diferido, ao que se responde prontamente: no ato da assinatura do acordo. O Código de
Processo Penal, em seu art. 28-A, não determinou quando a confissão deve ser colhida, apenas que
ela deve ser formal e circunstanciada. Isso pode ser providenciado pelo próprio órgão ministerial, se
decidir propor o acordo, devendo o beneficiário, no momento de firmá-lo, se assim o quiser,
confessar formal e circunstanciadamente, perante o Parquet, o cometimento do crime.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Código de Processo Penal (CPP), art. 28-A e art. 186, parágrafo único
Código Penal (CP), art. 65, inciso III, d
Constituição Federal (CF), art. 5º, inciso LXIII
SÚMULAS
SAIBA MAIS
Informativo de Jurisprudência n. 13 - Edição Especial
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 35/45
PROCESSO Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Ribeiro
Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
5/9/2023, DJe 12/9/2023.
DESTAQUE
Reconhecido, em recurso exclusivo da defesa, que a sentença condenou o réu por fatos que
não estavam descritos na denúncia, cabe ao Tribunal somente anular a sentença e absolver o réu,
mas não determinar o retorno dos autos ao primeiro grau.
No Tribunal de origem foi reconhecida a ofensa ao princípio da correlação, por ter sido o
réu condenado por fatos diversos daqueles que foram imputados na denúncia.
Nos temos do art. 384 do CPP, "encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova
definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou
circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a
denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o
processo em crime de ação pública", ou seja, o momento para o aditamento da denúncia é o
encerramento da instrução.
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 36/45
Nesse sentido, frise-se que, "No julgamento de apelação interposta pela defesa, constatada
a ofensa ao princípio da correlação, não cabe reconhecer a nulidade da sentença e devolver o
processo ao primeiro grau para que então se observe o art. 384 do CPP, uma vez que implicaria
prejuízo para o réu e violaria o princípio da non reformatio in pejus." (AgRg no HC 559.214/SP,
relator Ministro João Otávio de Noronha, Quinta Turma, DJe de 13/5/2022).
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 37/45
SEXTA TURMA
DESTAQUE
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 38/45
No caso, a culpabilidade do acusado foi valorada negativamente sob o argumento de que
tentou se furtar à responsabilização penal, imputando falsamente a um terceiro (vizinho) a
responsabilidade por ter plantado drogas e armas em sua casa na noite anterior ao cumprimento do
mandado de busca e apreensão pela polícia.
Ainda que se pudesse considerar provado que o réu atribuiu falsamente crime a terceiro
no interrogatório, isso não diria respeito à sua culpabilidade, a qual relaciona-se ao grau de
reprovabilidade pessoal da conduta imputada ao acusado. Isso porque o interrogatório constitui
fato posterior à prática da infração penal, de modo que não pode ser usado retroativamente para
incrementar o juízo de reprovabilidade de fato praticado no passado.
Com efeito, o exame da sanção penal cabível deve ser realizado, em regra, com base
somente em elementos existentes até o momento da prática do crime imputado, ressalvados,
naturalmente: a) o exame das consequências do delito, que, embora posteriores, representam mero
desdobramento causal direto dele, e não novas e futuras condutas do acusado retroativamente
valoradas; b) o superveniente trânsito em julgado de condenação por fato praticado no passado,
uma vez que representa a simples declaração jurídica da existência de evento pretérito.
O que deve ser avaliado é se, ao praticar o fato criminoso imputado, a culpabilidade do réu
foi exacerbada ou se, até aquele momento, ele demonstrava personalidade desvirtuada ou conduta
social inadequada, o que não pode ser aferido retroativamente com base em fato diverso que só veio
a ser realizado em tempo futuro, às vezes longos anos depois.
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LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
A natureza jurídica das medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha é
de tutela inibitória e não cautelar, inexistindo prazo geral para que ocorra a reavalição de tais
medidas, sendo necessário que, para sua eventual revogação ou modificação, o Juízo se certifique,
mediante contraditório, de que houve alteração do contexto fático e jurídico.
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 40/45
Cinge-se a controvérsia a definir a natureza jurídica das medidas protetivas de urgência
previstas na Lei n. 11.340/2006, se de tutela inibitória ou cautelar e o prazo de vigência das
referidas medidas.
O art. 4.º da Lei Maria da Penha, a propósito, preceitua que, "Na interpretação desta Lei,
serão considerados os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições peculiares das
mulheres em situação de violência doméstica e familiar". A referida regra hermenêutica exige que,
ao interpretar os dispositivos legais previstos na Lei n. 11.340/2006, seja assegurada, em especial, a
tutela efetiva do direito fundamental das mulheres a uma vida livre de violência.
Não há, na Lei n. 11.340/2006, nenhuma indicação expressa de que as medidas protetivas
de urgência teriam natureza cautelar, e que, desse modo, deveriam estar atreladas a algum processo
principal ou a eventual inquérito policial.
Assim, deve prevalecer a orientação de que "as medidas protetivas impostas na hipótese
de prática de violência doméstica e familiar contra a mulher possuem natureza satisfativa, motivo
pelo qual podem ser pleiteadas de forma autônoma, independentemente da existência de outras
ações judiciais" (AgRg no REsp 1.783.398/MG, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta
Turma, DJe de 16/4/2019).
Portanto, vê-se que as medidas protetivas de urgência possuem natureza inibitória, pois
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têm como finalidade prevenir que a violência contra a mulher ocorra ou se perpetue. Por
conseguinte, a única conclusão admissível é a de que as medidas protetivas eventualmente impostas
têm validade enquanto perdurar a situação de perigo. Perde sentido, dessa forma, a discussão acerca
da necessidade de fixação de um prazo de vigência, pois é impossível saber, a priori, quando haverá
a cessação daquele cenário de insegurança.
A fim de evitar a inadequada perenização das medidas, nada impede que o juiz, caso
entenda prudente, revise periodicamente a necessidade de manutenção das medidas protetivas
impostas, garantida, sempre, a prévia manifestação das partes, consoante entendimento
consolidado pela Terceira Seção do STJ, no sentido de que "a revogação de medidas protetivas de
urgência exige a prévia oitiva da vítima para avaliação da cessação efetiva da situação de risco à sua
integridade física, moral, psicológica, sexual e patrimonial" (AgRg no REsp 1.775.341/SP, relator
Ministro Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, DJe de 14/4/2023).
processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 42/45
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SAIBA MAIS
Informativo de Jurisprudência n. 786
DESTAQUE
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cumulativos.
Diz o art. 41 da Lei n. 11.343/2006 que "O indiciado ou acusado que colaborar
voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais
coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de
condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços".
Naturalmente, não há como negar que a leitura do referido dispositivo legal aponta, ao
menos à primeira vista, para a cumulatividade dos requisitos legais ali estabelecidos, em razão do
emprego da conjunção coordenada aditiva "e" entre eles.
Nesse passo, cumpre lembrar que o atual art. 41 da Lei de Drogas tem origem no antigo
art. 32, § 2º, da Lei n. 10.409/2002, o qual trazia a conjunção "ou" entre os requisitos para a
colaboração premiada, ao dispor que "O sobrestamento do processo ou a redução da pena podem
ainda decorrer de acordo entre o Ministério Público e o indiciado que, espontaneamente, revelar a
existência de organização criminosa, permitindo a prisão de um ou mais dos seus integrantes, ou a
apreensão do produto, da substância ou da droga ilícita, ou que, de qualquer modo, justificado no
acordo, contribuir para os interesses da Justiça".
Ademais, além de não se identificar nenhuma justificativa para que tal mudança
gramatical decorresse de eventual propósito deliberado do legislador e nada há na Exposição de
Motivos da Lei n. 11.343/2006 que o indique, não se pode desconsiderar o advento da Lei n.
12.850/2013, que cuidou de definir, regular e sistematizar diversos aspectos relativos ao instituto
da colaboração premiada, oportunidade em que, ao estabelecer seus requisitos no art. 4º, fê-lo de
forma alternativa.
Essa consideração ganha dimensão ainda mais significativa se ponderado que os crimes da
Lei de Organizações Criminosas são plurissubjetivos, isto é, de concurso necessário de pessoas e,
mesmo assim, o legislador não impôs obrigatoriamente a identificação dos demais coautores e
partícipes, de modo que não se mostra razoável exigi-lo compulsoriamente nos crimes contidos na
Lei de Drogas, em que o concurso de pessoas é meramente eventual.
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Trata-se de interpretação mais consentânea ao princípio da proporcionalidade, pois não
desconsidera a relevante colaboração do réu com o Estado-acusação, dá maior efetividade a esse
meio de obtenção de prova estabelecido pelo legislador e ainda evita a indevida confusão entre
delação premiada e colaboração premiada, uma vez que a delação de comparsas é apenas uma das
formas pelas quais o indivíduo pode prestar colaboração.
Assim, tanto sob a perspectiva de uma interpretação histórica, quanto à luz de uma
interpretação sistemática - em consonância com o tratamento geral que a Lei n. 12.850/2013
posteriormente conferiu à matéria -, é mais adequado considerar alternativos, e não cumulativos, os
requisitos legais previstos no art. 41 da Lei n. 11.343/2006 para redução da pena.
Isso não significa, frise-se, conceder ao acusado que identifica seus comparsas e ainda
ajuda na recuperação do produto do crime o mesmo tratamento conferido àquele que só realiza uma
dessas duas condutas, pois os distintos graus de colaboração podem (e devem) ser sopesados para
definir a fração de redução da pena de um a dois terços, nos termos da lei.
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