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Número 789 Brasília, 3 de outubro de 2023.

Este periódico destaca teses jurisprudenciais e não consiste em repositório oficial de jurisprudência.

PRIMEIRA SEÇÃO

PROCESSO Pet 12.329-DF, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira


Seção, por unanimidade, julgado em 27/9/2023,
publicado em 2/10/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO

TEMA Servidor público. Greve. Desconto dos dias não


trabalhados. Legalidade. A impossibilidade de obtenção
dos registros acerca dos dias não trabalhados ou das
horas compensadas. Irrelevância.

DESTAQUE

A impossibilidade de obtenção dos registros acerca dos dias não trabalhados ou das horas
compensadas não pode se tornar um óbice para descontar os dias não trabalhados pelos servidores
públicos em decorrência de greve.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 693.456/RJ, sob o regime da


repercussão geral, firmou a tese de que "a administração pública deve proceder ao desconto dos
dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em
virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de
acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 1/45
conduta ilícita do Poder Público".

Nesse mesmo sentido, destacam-se os precedentes desta Corte: Pet n. 10.556/RJ, relator
Ministro Paulo Sérgio Domingues, Primeira Seção, julgado em 12/4/2023, DJe de 2/5/2023 e Pet n.
7.920/DF, relator Ministro Gurgel de Faria, Primeira Seção, julgado em 9/10/2019, DJe de
4/11/2019.

Vale ressaltar que a impossibilidade de obtenção dos registros acerca dos dias não
trabalhados ou das horas compensadas não pode tornar-se um óbice para reconhecer o direito da
parte autora em descontar os dias não trabalhados pelos servidores públicos, em decorrência da
suspensão temporária do contrato de trabalho. Até porque o referido desconto somente será
implantado após prévio procedimento administrativo em que será assegurado ao servidor o
exercício do contraditório e da ampla defesa.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

PRECEDENTES QUALIFICADOS

RE 693.456/RJ

SAIBA MAIS
Informativo de Jurisprudência n. 592

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 2/45
SEGUNDA SEÇÃO

PROCESSO EREsp 1.866.844-SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Rel.


para acórdão Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva,
Segunda Seção, por maioria, julgado em 27/9/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL

TEMA Compra e venda de imóvel. Alienação fiduciária em


garantia. Registro do contrato em cartório. Ausência.
Efeitos entre os contratante. Validade. Alienação
extrajudicial. Registro. Imprescindibilidade.

DESTAQUE

A ausência de registro do contrato que serve de título à propriedade fiduciária no Registro


de Imóveis não retira a validade do ajuste entre os contratantes, bem como não impede o credor
fiduciário de, após a efetivação do registro, promover a alienação extrajudicial do bem.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

Ainda que o registro do contrato no competente Registro de Imóveis seja imprescindível à


constituição da propriedade fiduciária de coisa imóvel, nos termos do art. 23 da Lei n. 9.514/1997,
sua ausência não retira a validade e a eficácia dos termos livre e previamente ajustados entre os
contratantes, inclusive da cláusula que autoriza a alienação extrajudicial do imóvel em caso de
inadimplência.

O reconhecimento da validade e da eficácia do contrato de alienação fiduciária, mesmo


sem o registro no Ofício de Registro de Imóveis, opera-se em favor de ambas as partes da relação
contratual.

Com efeito, constituída a propriedade fiduciária, com o consequente desdobramento da


posse, o credor fiduciário perde o direito de livre disposição do bem. Nessa hipótese, somente se
houver inadimplência do devedor fiduciante, e após a consolidação da propriedade, observado o

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 3/45
procedimento previsto no art. 26 da Lei n. 9.514/1997, poderá o credor fiduciário alienar o objeto
da garantia.

Assim, mesmo na ausência de registro, ao devedor fiduciante deve ser assegurado o


direito de não ter o imóvel objeto da garantia alienado fora das hipóteses legalmente admitidas e de
obter o termo de quitação após o pagamento integral da dívida e de seus encargos, com vistas à
consolidação da propriedade definitiva do imóvel.

Se assim não fosse, o credor fiduciário poderia requerer o distrato mesmo sem o
inadimplemento do devedor fiduciário, gerando enorme insegurança jurídica para este último.

Em contrapartida, por se tratar de contrato bilateral, com a assunção de obrigações


recíprocas, também deve ser reconhecido o direito de o credor fiduciário utilizar os meios
contratuais de execução da garantia em caso de inadimplência do devedor fiduciante, mesmo na
hipótese em que a avença não é levada a registro.

Ressalta-se que o registro, conquanto despiciendo para conferir eficácia ao contrato de


alienação fiduciária entre devedor fiduciante e credor fiduciário, é, sim, imprescindível para dar
início à alienação extrajudicial do imóvel, tendo em vista que a constituição do devedor em mora e a
eventual purgação desta se processa perante o Oficial de Registro de Imóveis, nos moldes do art. 26
da Lei n. 9.514/1997.

Assim, admitir a rescisão do contrato de alienação fiduciária de bem imóvel com base nas
normas de proteção ao direito do consumidor, ou seja, com a devolução da maior parte dos valores
pagos e a retenção de um pequeno percentual a título de ressarcimento de eventuais despesas, seria
desvirtuar por completo o instituto, que certamente cairia em desuso, em prejuízo dos próprios
consumidores de imóveis, que teriam maior dificuldade de acesso ao crédito e juros mais elevados.

Entende-se, desse modo, que a ausência de registro do contrato que serve de título à
propriedade fiduciária no competente Registro de Imóveis não confere ao devedor fiduciante o
direito de promover a rescisão da avença por meio diverso daquele contratualmente previsto,
tampouco impede o credor fiduciário de, após a efetivação do registro, promover a alienação do bem
em leilão para só então entregar eventual saldo remanescente ao adquirente do imóvel, descontados
os valores da dívida e das demais despesas efetivamente comprovadas.

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 4/45
INFORMAÇÕES ADICIONAIS

LEGISLAÇÃO

Lei n. 9.514/1997, arts. 23 e 26

SAIBA MAIS
Informativo de Jurisprudência n. 746

PROCESSO CC 183.402-MG, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda


Seção, por unanimidade, julgado em 27/9/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO PROCESSUAL CIVIL, DIREITO FALIMENTAR

TEMA Tramitação de falências envolvendo empresas


pertencentes a um mesmo grupo econômico. Lei n.
11.101/2005. Necessidade de reunião das ações
falimentares perante o juízo do local do principal
estabelecimento do devedor.

DESTAQUE

A existência de grupo econômico entre as empresas envolvidas impõe que as falências


devem ser reunidas perante o juízo onde fica localizado o principal estabelecimento do devedor
conforme estabelecido no art. 3º da Lei 11.101/2005.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

A prolação de atos judiciais envolvendo ativos relativos às empresas integrantes do


mesmo grupo econômico configura a existência de conflito de competência entre os juízos.

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 5/45
Considerando a existência de grupo econômico entre as empresas envolvidas e a
configuração do conflito de competência, é impositivo que as falências devam ser reunidas perante o
juiz onde fica localizado o "principal estabelecimento do devedor", conforme estabelecido no art. 3º
da Lei 11.101/2005, que dispõe: "É competente para homologar o plano de recuperação
extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal
estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil".

A Lei de Recuperação de Empresas e Falências, norma especial, previu, inicialmente, a


necessidade de se definir o local do "principal estabelecimento do devedor" como referência para a
definição da competência (art. 3º), para só depois estabelecer a prevenção daquele juízo que
recebeu a primeira distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial (art. 6º, § 8º).

Levando em consideração essa premissa, conforme se depreende dos autos, o local do


"principal estabelecimento do devedor" é o situado na Comarca do Rio de Janeiro (RJ), local onde
funcionava o "centro de inteligência" ou o "núcleo de comando" do grupo.

Nessa linha, compete ao Juízo estadual processar e julgar conjuntamente as ações


falimentares relativas às empresas integrantes do mesmo grupo econômico.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

LEGISLAÇÃO

Lei 11.101/2005, art. 3º

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 6/45
TERCEIRA SEÇÃO

PROCESSO AgRg no AREsp 2.119.185-RS, Rel. Ministra Laurita Vaz,


Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 13/9/2023,
DJe 19/9/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO PENAL

TEMA Latrocínio. Subtração de um só patrimônio. Pluralidade


de vítimas da violência. Concurso formal impróprio.
Descabimento. Overruling. Adequação à jurisprudência
do STF.

DESTAQUE

Subtraído um só patrimônio, a pluralidade de vítimas da violência não impede o


reconhecimento de crime único de latrocínio.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

Na origem, houve a condenação por três crimes de latrocínio tentado, em concurso formal
impróprio, quando, na verdade, foram atingidos apenas dois patrimônios.

É certo que o entendimento adotado pelas instâncias ordinárias encontra respaldo na


jurisprudência do STJ, no sentido de que há concurso formal impróprio no crime de latrocínio
quando, não obstante houver a subtração de um só patrimônio, o animus necandi seja direcionado a
mais de um indivíduo, ou seja, a quantidade de latrocínios será aferida a partir do número de
vítimas em relação às quais foi dirigida a violência, e não pela quantidade de patrimônios atingidos.

No entanto, essa posição destoa da orientação do Supremo Tribunal Federal, que têm
afastado o concurso formal impróprio, e reconhecido a ocorrência de crime único de latrocínio, nas
situações em que, embora o animus necandi seja dirigido a mais de uma pessoa, apenas um
patrimônio tenha sido atingido. Por essa razão, mostra-se prudente proceder ao overruling da
jurisprudência deste Tribunal Superior, adequando-a à firme compreensão do STF acerca do tema.

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 7/45
No caso, as instâncias ordinárias afirmaram que houve desígnios autônomos em relação
ao animus necandi, motivo pelo qual entenderam pelo concurso formal impróprio, o qual deve ser
afastado, nos termos do entendimento do STF. No entanto, é inviável o reconhecimento de crime
único, porque foram atingidos dois patrimônios distintos. Nesse contexto, deve ser reconhecida a
prática de dois delitos de latrocínio, na forma tentada, em concurso formal próprio, pois não foi
mencionado pela Corte de origem que também teria havido autonomia de desígnios em relação às
subtrações patrimoniais, mas tão somente no tocante ao animus necandi.

SAIBA MAIS
Informativo de Jurisprudência n. 494

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 8/45
PRIMEIRA TURMA

PROCESSO RMS 68.490-RS, Rel. Ministra Regina Helena Costa,


Primeira Turma, por unanimidade, julgado em
26/09/2023, DJe 29/9/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO

TEMA Juiz federal. Averbação de férias adquiridas no exercício


da magistratura estadual. Ausência de disposição
expressa na Lei Complementar n. 35/1979. Aplicação
subsidiária da Lei n. 8.112/1993. Resoluções n.
130/2010 e 764/2022 do Conselho da Justiça Federal.
Exigência de vacância por posse em cargo inacumulável.
Descabimento. Tratamento distinto a juízes vinculados a
ramos diversos do Poder Judiciário. Inteligência do art.
93 da CF.

DESTAQUE

Ao juiz substituto de tribunal de justiça estadual que na mesma data, a um só tempo, é


exonerado do cargo anterior e empossado na qualidade de juiz federal substituto, autoriza-se o
direito à averbação dos períodos de férias adquiridas e não gozadas, vedada, tão somente, sua
posterior conversão em pecúnia ou indenização.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

Conquanto o art. 66 da Lei Complementar n. 35/1979 (Lei Orgânica da Magistratura


Nacional - LOMAN) prescreva que os Juízes fazem jus a férias anuais de 60 (sessenta) dias, ausente
disposição legal acerca do direito à averbação de repouso anual obtido em cargos públicos
anteriores, aplicando-se, por conseguinte, os regramentos da Lei n. 8.112/1990 a título subsidiário.

Em consonância com a Lei n. 8.112/1990, as Resoluções ns. 130/2010 e 764/2022 do


Conselho da Justiça Federal-CJF condicionam o direito à transposição de férias adquiridas
previamente ao ingresso na Magistratura Federal à vacância do cargo primitivo por posse em outro

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 9/45
inacumulável, pressupondo, portanto, a continuidade do vínculo jurídico com a Administração
Pública.

À vista do caráter nacional atribuído ao Poder Judiciário pelo art. 93 da Constituição da


República, inviável prevalecer tal condicionante em hipótese na qual, sem solução de continuidade,
exercido o cargo de Juiz Substituto em Tribunal de Justiça anteriormente ao início das funções
judicantes no âmbito da Magistratura Federal, sob pena de instituir-se tratamento distinto entre
Juízes submetidos a regime jurídico disciplinado de maneira uniforme pela ordem constitucional,
desfigurando-se a respectiva unidade sistêmica, sobretudo quando ausente previsão a respeito do
instituto da vacância por posse em cargo inacumulável na legislação estadual.

Essa conclusão não se modifica em razão de o desligamento do cargo primitivo decorrer


de exoneração, uma vez que tal exigência somente se aplica quando viável ao Magistrado postular
pelo término do liame anterior por motivo semelhante, circunstância ausente na hipótese em tela,
porquanto a legislação do Estado de Goiás somente passou a prever a vacância por assunção de
cargo inacumulável com a vigência da Lei n. 19.156/2015, posteriormente ao desligamento do cargo
de Juiz Substituto.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

LEGISLAÇÃO

Lei n. 8.112/1993
Lei Orgânica da Magistratura Nacional - LOMAN, art. 66
Constituição Federal, art. 93.

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 10/45
SEGUNDA TURMA

PROCESSO REsp 1.913.122-DF, Rel. Ministro Francisco Falcão,


Segunda Turma, por unanimidade, julgado em
12/9/2023, DJe 15/9/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO CIVIL

TEMA Contrato administrativo. Aplicação supletiva das normas


de direito privado. Art. 54 da Lei n. 8.666/1993.
Compensação. Possibilidade. Autorização do particular.
Prescindibilidade.

DESTAQUE

É possível a compensação de créditos decorrentes da aquisição de imóveis em contrato


administrativo firmado entre empresa pública e particular, mesmo sem autorização deste.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

No caso, o particular ajuizou ação ordinária com pedido de tutela de urgência,


pretendendo reaver valores pagos no contrato de compra e venda do imóvel, considerando que,
após a rescisão unilateral do contrato, a empresa pública compensou valores devidos por ele.
Sustenta que não requereu nem deu anuência com essa compensação, razão pela qual ela não
poderia ocorrer.

Quanto à possibilidade de compensação, o art. 54 da Lei n. 8.666/1993 estabelece que as


regras do Direito Privado podem ser utilizadas supletivamente no âmbito dos contratos
admirativos.

À luz dessa previsão legal, é possível que o instituto da compensação, modalidade de


extinção das obrigações, seja aplicado ao caso concreto, permitindo-se que a recorrente compense
seus débitos com os créditos do particular, na forma prevista no art. 368 do Código Civil.

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 11/45
A compensação ocorre quando duas pessoas forem, ao mesmo tempo, credoras e
devedoras uma da outra, de modo que as respectivas obrigações se extinguem até onde se
compensarem.

Nesse contexto, a norma civilista exclui a possibilidade da compensação, somente no caso


de mútuo acordo ou quando ocorrer renúncia prévia de uma das partes, na forma prevista no art.
375 do CC.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

LEGISLAÇÃO

Lei n. 8.666/1993, art. 54


Código Civil (CC/2002), arts. 368 e 375

PROCESSO REsp 1.377.298-RJ, Rel. Ministro Francisco Falcão,


Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 5/9/2023,
DJe 8/9/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO TRIBUTÁRIO

TEMA Ganho de capital. Contrato de alienação de participação


societária. Remessa do pagamento do Imposto de Renda
ao exterior. Alíquota atrelada à data da ocorrência do
fato gerador. Tributação favorecida.

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 12/45
DESTAQUE

A alíquota do Imposto de Renda sobre a remessa ao exterior do ganho de capital


decorrente da alienação das quotas de sociedade de responsabilidade limitada é atrelada à data da
ocorrência do fato gerador do imposto, mesmo que a remessa tenha sido realizada posteriormente.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

A discussão gravita em torno da identificação do fato gerador do Imposto de Renda


relacionado ao ganho de capital decorrente da alienação das quotas de sociedade de
responsabilidade limitada, tendo por consequência a definição da alíquota aplicável à remessa ao
exterior a título de pagamento às empresas alienantes.

Ressalta-se de início, que o art. 26 da Lei n. 10.833/2003 não estabeleceu um marco


distinto para o fato gerador do Imposto de Renda sobre ganho de capital na hipótese de alienação
por pessoa residente no exterior.

Com efeito, a norma em questão apenas instituiu a regra de sujeição passiva tributária,
atribuindo ao alienante ou ao procurador no país a responsabilidade pela retenção e recolhimento
do Imposto de Renda.

Acerca da incidência do Imposto de Renda sobre ganho de capital auferido por não
residente, o art. 18 da Lei n. 9.249/1995 determina expressamente a observância das regras
aplicáveis aos residentes no país.

Em se tratando de Imposto de Renda, o art. 43 do CTN adota como fato gerador a


aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda ou de proventos de qualquer natureza,
dentre os quais se inclui o ganho de capital, consubstanciado na diferença positiva entre o valor da
alienação de bens e direitos e o respectivo custo de aquisição.

As pessoas jurídicas, em regra, são submetidas ao regime de competência, de modo que os


efeitos financeiros das transações são reconhecidos no período em que ocorrem
independentemente do pagamento ou recebimento dos valores.

No caso, o fato gerador do Imposto de Renda sobre o ganho de capital auferido pelas
empresas recorrentes não foi o momento da remessa do pagamento ao exterior, mas a alienação da
participação societária, quando houve a efetiva incorporação de direitos ao patrimônio da

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 13/45
adquirente.

Nesse diapasão, a retenção do Imposto de Renda sobre a remessa ao exterior, ainda que
esta tenha sido realizada posteriormente, deve estar atrelada à data da ocorrência do fato gerador,
tal como preceitua o art. 144 do CTN.

Considerando que o fato gerador ocorreu na celebração do negócio jurídico, época em que
as empresas recorrentes estavam sediadas nas Bahamas, a alíquota de IRRF aplicável é a de 25%
sobre o ganho de capital auferido com a alienação das quotas da sociedade de responsabilidade
limitada, nos termos do art. 47 da Lei n. 10.833/2003.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

LEGISLAÇÃO

Lei n. 10.833/2003, arts. 26 e 47


Lei n. 9.249/1995, art. 18
Código Tributário Nacional (CTN/1966), art. 43 e 144

SAIBA MAIS
Informativo de Jurisprudência n. 678

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 14/45
TERCEIRA TURMA

PROCESSO REsp 1.994.565-MG, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze,


Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
26/9/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL

TEMA Condomínio e sucessão. Ação de cobrança de despesas


condominiais. Bem imóvel objeto de partilha. Regência
pelas regras do condomínio até a partilha. Partilha
realizada na hipótese. Subsistência da copropriedade por
ato voluntário dos coproprietários. Solidariedade quanto
às despesas condominiais. Obrigação de natureza
propter rem.

DESTAQUE

Subsistindo o condomínio sobre determinado bem imóvel após a partilha, por ato
voluntário dos coerdeiros que aceitaram a herança, os sucessores coproprietários do imóvel
respondem solidariamente pelas respectivas despesas condominiais, independentemente da
expedição do formal de partilha, resguardado o direito de regresso constante do art. 283 do CC.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

A controvérsia recursal consiste em definir se a responsabilidade solidária ou divisível é


limitada ao respectivo quinhão de cada herdeiro pelas despesas condominiais relativas ao bem
imóvel herdado, na hipótese em que homologada judicialmente a partilha, mas não expedido o
formal de partilha.

Com efeito, a morte da pessoa natural tem como uma de suas consequências jurídicas a
abertura da sucessão, transferindo-se, de imediato, a posse e a propriedade dos seus bens e direitos
aos respectivos sucessores, à luz do princípio da saisine positivado no art. 1.784 do CC, neste termo.

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 15/45
Na hipótese, depreende-se que a responsabilidade pelos débitos provenientes do falecido
e por aqueles cujo fato gerador se der após a abertura da sucessão, mas antes da partilha, recaem
sobre a massa indivisível e unitária representativa da herança, a qual pertence aos sucessores e é
administrada pelo inventariante até a homologação da partilha (art. 1.991 do CC).

Após a partilha, a responsabilidade recai sobre os herdeiros, na proporção da parte da


herança que lhe toca e limitada ao respectivo quinhão, de modo que a expedição do formal de
partilha constitui, precipuamente, mero procedimento solene destinado à regularização da posse e
propriedade dos bens herdados, procedendo-se à transcrição no Registro de Imóveis, quanto aos
bens imóveis, e serve de fundamento à eventual propositura de execução forçada pelo sucessor.

Como visto, é a morte do de cujus o fato gerador da posse e propriedade dos bens da
herança pelos sucessores, à luz do princípio da saisine, cessando a indivisibilidade sobre esses bens
com a homologação da partilha, em que se define o quinhão cabente a cada herdeiro,
independentemente da expedição do formal.

Além disso, ressalte-se que, na sucessão mortis causa, não se aplica a regra prescrita no
art. 1.227 do CC, segundo a qual a constituição ou transmissão dos direitos reais sobre imóveis só se
efetiva com o registro no Cartório de Registro de Imóveis, porquanto restrita aos atos de
constituição ou transmissão entre vivos

De outro lado, quando na herança houver bem imóvel do qual decorram despesas
condominiais, deve-se atentar para a natureza propter rem dessas obrigações, emanando da própria
coisa, independentemente da manifestação de vontade do seu proprietário de assunção da
respectiva dívida, a possibilitar ao credor voltar-se contra quem quer esteja na sua propriedade,
ante o seu caráter ambulatório.

Infere-se que a solidariedade, neste caso, resulta da própria lei, na medida em que o art.
1.345 do CC admite a responsabilização do atual (ou dos atuais) proprietário(s) do imóvel no que
concerne às despesas condominiais, inclusive pelos débitos pretéritos à aquisição do bem,
afigurando-se decorrência lógica desse dispositivo a possibilidade de cobrança da integralidade da
dívida de quaisquer dos coproprietários de uma mesma unidade individualizada, ressalvando-se o
direito de regresso do condômino que satisfez a dívida por inteiro contra os demais codevedores,
nos termos do art. 283 do CC.

Aliás, dispõe o art. 275 do CC, ao disciplinar a solidariedade passiva, que "o credor tem
direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum;
se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente
pelo resto".

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 16/45
Havendo, nesse contexto, solidariedade entre os coproprietários de unidade
individualizada pelas despesas condominiais após a partilha, revela-se inaplicável o disposto no art.
1.792 do CC, segundo o qual o herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança.

Conclui-se, portanto, que, subsistindo o condomínio sobre determinado bem imóvel após a
partilha, não mais por disposição legal, mas por ato voluntário dos coerdeiros que aceitaram a
herança, respondem solidariamente os sucessores coproprietários do imóvel pelas respectivas
despesas condominiais, independentemente da expedição do formal de partilha, aí não se aplicando
a regra legal de que o herdeiro somente responde pelas forças da herança, resguardado o direito de
regresso constante do art. 283 do CC.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

LEGISLAÇÃO

Código Civil, art. 1.784


Código Civil, art. 1.991
Código Civil, 283
Código Civil, art. 1.345

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 17/45
PROCESSO REsp 1.848.863-SP, Rel. Min. Humberto Martins, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 26/9/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO PROCESSUAL CIVIL

TEMA Liquidação de sentença. Violação de patentes. Apuração


da indenização por danos materiais. Realização de
perícia contábil tão somente. Necessidade de realização
de perícia com conhecimento específico na área técnica
das patentes. Instrução probatória insuficiente. Violação
dos arts. 208 e 210 da Llei n. 9.279/1996 e do art. 373, §
1º, do CPC.

DESTAQUE

A previsão do art. 210 da Lei n. 9.279/1996 de que o cálculo dos lucros cessantes será
realizado pelo critério mais favorável ao prejudicado não pode levar à adoção de métodos
arbitrários para sua aferição, sem ter havido perícia com conhecimento específico na área técnica
das patentes em questão.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

A controvérsia em análise discutiu-se a respeito da (im)possibilidade de utilização de


documento unilateralmente produzido para comprovar o percentual de royalties, bem como a
inexistência de indicação dos critérios técnicos utilizados pelo perito.

No caso, argumenta-se que a perícia teria desconsiderado o fato de que algumas das
brocas e dos punhos por ela comercializados não infringiriam as patentes do recorrido, sustentando,
ainda, que as hastes de perfuração de furo de gusa seriam compostas não apenas pelo punho e pela
broca, mas também pela haste, que estaria fora do escopo de proteção das patentes da recorrida.

Além disso, houve realização somente de perícia meramente contábil, o que gerou debates
sobre não ter havido perícia com conhecimento específico na área técnica das patentes em questão.
Exatamente para apurar tal assertiva da recorrente de que há produtos por ela comercializados que,
apesar de se referirem também a brocas e a punhos utilizados na perfuração de furo de gusa, não

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 18/45
infringiriam as patentes.

Importa, assim, asseverar que a previsão da Lei n. 9.279/1996 de que o cálculo dos lucros
cessantes será realizado pelo critério mais favorável ao prejudicado (art. 210) não pode levar à
adoção de métodos arbitrários para sua aferição, sob pena de enriquecimento sem causa. Portanto, a
distribuição dinâmica do ônus da prova demanda respeito ao contraditório, o que não foi observado
no caso.

Assim, percebe-se objetivamente que está caracterizada a ausência de amplo exercício de


contraditório e ampla defesa, em decorrência da necessidade de realização de perícia técnica com
conhecimento específico na área técnica das patentes, além do importante debate trazido de
utilização de documento unilateralmente produzido pelo recorrido para comprovar o percentual de
royalties.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

LEGISLAÇÃO

Lei n. 9.279/1996, arts. 208 e 210


Código de Processo Civil, art. 373, § 1º

PROCESSO REsp 2.077.205-GO, Rel. Ministro Humberto Martins,


Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
26/9/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO PROCESSUAL CIVIL

TEMA Cumprimento espontâneo de sentença. Ação de


reembolso. Ausência de impugnação tempestiva por
parte do credor. Preclusão. Configuração.

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 19/45
DESTAQUE

No cumprimento de sentença, na hipótese de o credor não manifestar oposição aos termos


do requerimento de cumprimento espontâneo apresentado pelo devedor, cabe ao juiz declarar
satisfeita a obrigação e extinguir o processo em razão da preclusão.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

Trata-se, na origem, de cumprimento de sentença que tem por objeto ação de reembolso
julgada procedente para reembolsar a sócio as ações a que tem direito em decorrência da sua saída
do quadro societário de sociedade anônima, conforme o valor patrimonial destas, a serem avaliadas
por ocasião do pagamento.

A sociedade empresária deu início ao cumprimento espontâneo da sentença, informando


que o seu balanço patrimonial estava negativo, motivo pelo qual nada haveria a ser reembolsado.
Intimado, o sócio retirante nada requereu, mesmo tendo feito carga dos autos.

Nessa linha, apresentados os cálculos pela sociedade anônima, ainda que negativos e
conforme interpretação unilateral da sentença, uma vez que devidamente intimado e silente o
recorrido, somente se apresentava uma solução ao magistrado: a homologação dos cálculos.

Sendo assim, ainda que ausente a declaração de homologação acima descrita, uma vez que
não se poderia chegar a resultado diverso, cumpre reconhecer haver-se operado a preclusão
temporal quanto a eventual direito de impugnação acerca dos cálculos e termos do cumprimento de
sentença apresentados, o que, em última análise, convola-se em coisa julgada, preclusão máxima.

Não por outro motivo, o CPC/2015 deu vida ao art. 526, §§ 1º e 3, do CPC, determinando
que, não havendo oposição aos termos do requerimento de cumprimento espontâneo apresentado
pelo devedor, cabe ao juiz declarar satisfeita a obrigação e extinguir o processo.

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 20/45
INFORMAÇÕES ADICIONAIS

LEGISLAÇÃO

Código de Processo Civil (CPC), art. 526, §§ 1º e 3

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 21/45
QUARTA TURMA

PROCESSO REsp 2.059.278-SC, Rel. Ministro Marco Buzzi, Rel. para


acórdão Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, por
maioria, julgado em 23/5/2023, DJe 12/9/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL

TEMA Contribuições condominiais. Cumprimento de sentença.


Natureza propter rem do débito. Alienação fiduciária em
garantia. Penhora do imóvel. Possibilidade.

DESTAQUE

Em execução por dívida condominial movida pelo condomínio edilício, é possível a


penhora do próprio imóvel que dá origem ao débito, ainda que esteja alienado fiduciariamente,
devendo o condomínio exequente promover a prévia citação também do credor fiduciário, a fim de
que venha integrar a execução, facultando-lhe a oportunidade de quitar o débito condominial.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que entende que não é possível a


penhora do imóvel alienado fiduciariamente em execução de despesas condominiais de
responsabilidade do devedor fiduciante, na forma dos arts. 27, § 8º, da Lei nº 9.514/1997 e 1.368-B,
parágrafo único, do CC/2002, uma vez que o bem não integra o seu patrimônio, mas sim o do credor
fiduciário. Admitindo-se, contudo, a penhora do direito real de aquisição derivado da alienação
fiduciária, de acordo com os arts. 1.368-B, caput, do CC/2002, c/c o art. 835, XII, do CPC (REsp
2.036.289/RS, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 18/4/2023, DJe
20/4/2023). Tal solução se mostra correta para o contexto, para um credor comum, o credor
normal de um condômino, naquela situação. O credor não poderá penhorar o imóvel do devedor,

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 22/45
por estar o bem alienado fiduciariamente ao credor fiduciário, sendo este o titular da propriedade
resolúvel da coisa imóvel.

Porém, quando o credor do condômino devedor é o próprio condomínio a solução não se


ajusta. É que relativamente ao próprio condomínio-credor, dada a natureza propter rem das
despesas condominiais, nos termos do art. 1.345 do Código Civil, haverá necessidade de se
promover a citação, na ação de execução, também do credor fiduciário no aludido contrato para que
venha integrar a lide, possibilitando ao titular do direito previsto no contrato de alienação fiduciária
quitar o débito condominial existente e, em ação regressiva, tentar obter do devedor fiduciante o
retorno desses valores.

A razão para tanto está em que não se pode cobrir o credor fiduciário de imunidade contra
dívida condominial, outorgando-lhe direitos maiores do que aqueles que tem qualquer proprietário.
Quer dizer, o proprietário fiduciário não é um proprietário especial, detentor de maiores direitos do
que o proprietário comum de imóvel em condomínio edilício

A natureza propter rem se sobreleva ao direito do próprio credor fiduciário, dado que não
é justo que se coloque nos ombros dos demais condôminos a obrigação de arcar com o rateio
daquelas despesas, tendo em vista que, de um lado, o devedor fiduciante se sente confortável em
não pagar, porque sabe que o apartamento não poderia ser objeto de nenhuma constrição. E, de
outro lado, o credor fiduciário se sente tranquilo também, porque, recebendo o dinheiro
correspondente ao empréstimo que realizou, não será importunado no seu direito de propriedade,
apesar da existência de débitos condominiais que pairam sem uma definição de pagamento.

Dessa forma, é dever de o condomínio exequente promover a citação do credor fiduciário


a fim de que ele venha integrar a execução, facultando-lhe a oportunidade de quitar o débito
condominial para não ver o imóvel ser arrematado em praça na execução e, assim, se creditar para,
em ação regressiva, buscar o ressarcimento desse valor junto ao devedor fiduciante.

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 23/45
INFORMAÇÕES ADICIONAIS

LEGISLAÇÃO

Código Civil (CC), art. 1.345

SAIBA MAIS
Informativo de Jurisprudência n. 638

PROCESSO REsp 1.847.105-SP, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira,


Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 12/9/2023,
DJe 19/9/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL, DIREITO PROCESSUAL CIVIL

TEMA Averbação premonitória. Processo de conhecimento.


Tutela provisória de urgência cautelar. Poder geral de
cautela. Eficácia do processo de conhecimento.

DESTAQUE

Embora a previsão da averbação premonitória seja ordinariamente reservada à execução,


pode o magistrado, com base no poder geral de cautela e observados os requisitos previstos no art.
300 do CPC, deferir tutela provisória de urgência de natureza cautelar no processo de
conhecimento, com idêntico conteúdo à medida prevista para a demanda executiva (art. 829 do
CPC).

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

A medida executiva prevista no art. 828 do CPC possui duas funções nítidas, a saber: I) de

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 24/45
um lado, tornar pública a existência de demanda executiva em face do devedor, de forma a presumir
de maneira absoluta que a alienação do bem, se o conduzir à insolvência, constituirá fraude à
execução e tornará ineficaz o negócio jurídico praticado; II) ao tornar pública a existência da
demanda executiva, prevenir a dilapidação patrimonial que possa levar o devedor à insolvência e,
assim, orientar outros credores quando negociarem com o devedor.

O caráter preventivo da medida, na forma disciplinada pelo novo estatuto processual,


dispensa até mesmo a deliberação judicial sobre da expedição da certidão premonitória, porquanto
atribui a competência ao escrivão ou diretor de secretaria após a aceitação da ação de execução.

Com isso, tão logo seja admitida a execução pelo magistrado competente - única condição
para a deflagração da posição jurídica -, surge para o credor exequente o direito potestativo de obter
a certidão acerca da existência da demanda executiva para averbá-la no registro competente, não
havendo necessidade de nenhuma cognição judicial acerca da existência ou não do direito do
exequente.

Assim, preenchidos os requisitos legais, a simples aceitação da ação de execução já


autoriza o desencadeamento do procedimento legal para a expedição da certidão premonitória para
averbação na matrícula do imóvel de propriedade do devedor, no registro de veículos ou de outros
bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade.

A questão discutida, contudo, relaciona-se ao deferimento de tutela provisória de urgência


em processo de conhecimento com a finalidade de averbar a existência da demanda na matrícula de
imóvel pertencente aos demandados, de forma semelhante à averbação premonitória prevista no
art. 828 do CPC para as ações de execução.

A decisão foi proferida com base nos requisitos previstos no art. 300 do CPC,
consubstanciados na probabilidade do direito e no perigo de dano ou risco ao resultado útil do
processo.

O CPC prevê de maneira expressa o poder geral de cautela - que já deflui do texto
constitucional -, em seu art. 301, ao prever que a tutela de urgência de natureza cautelar pode ser
efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação
de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito. O poder geral de cautela
assegura ao magistrado o deferimento de todas as medidas que se revelarem adequadas ao
asseguramento da utilidade da tutela principal, ainda que sejam coincidentes com aquelas previstas
especialmente para a execução.

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 25/45
Embora o art. 301 do CPC preveja algumas medidas cautelares (típicas ou nominadas no
sistema processual de 1973), a cláusula geral constante ao final no dispositivo legal qualquer outra
medida idônea para asseguração do direito autoriza que sejam adotadas quaisquer medidas com a
finalidade precípua de garantia da eficácia do processo e da tutela jurisdicional a ser concedida.

Nesse sentido, sobressai o caráter instrumental da providência de natureza cautelar, que


visa à garantia do próprio instrumento, no exato sentido de assegurar a efetividade do processo
judicial.

A abrangência do dispositivo destina-se, pois, a dotar o magistrado de instrumentos


suficientes e adequados a garantir a eficácia do processo e, assim, assegurar a utilidade da tutela de
mérito a ser ao final concedida.

A determinação judicial no presente processo, diferentemente da averbação premonitória


prevista no art. 828 do CPC, foi concedida após deliberação judicial da sua adequação para a
garantia da eficácia do processo de dissolução de sociedade em conta de participação, porquanto o
imóvel em cuja matrícula se averbou a certidão expedida seria o único de propriedade da sócia
ostensiva.

Por fim, a base legal para o deferimento da medida, em verdade, não é o citado art. 828,
senão os arts. 300 e 301 do CPC, embora seja em tudo similar àquela prevista para a execução, é
dizer, a possível extensão da disciplina específica da averbação premonitória aos processos de
conhecimento encontra seu assento no poder geral de cautela.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

LEGISLAÇÃO

Código de Processo Civil (CPC), art. 300 e 301

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 26/45
PROCESSO REsp 1.848.292-MT, Rel. Ministro Antonio Carlos
Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
12/9/2023, DJe 19/9/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO EMPRESARIAL

TEMA Recuperação judicial. Assembleia geral de credores.


Representante legal. Ausência de assinatura na lista de
presença. Exigência legal. Caso concreto. Circunstâncias
particulares que autorizam a participação da credora.
Finalidade da norma. Proporcionalidade.

DESTAQUE

A presença de procurador de instituição financeira em assembleia, comprovada por sua


assinatura, ainda que ocorra apenas no campo relativo aos demais representados, permite sua
participação nas deliberações e votações, considerando-se essa ocorrência mera irregularidade.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

A assembleia geral de credores é órgão deliberativo de capital importância no processo de


recuperação judicial com a atribuição nuclear de aprovar, rejeitar ou modificar o plano de
recuperação judicial. A aprovação do plano de soerguimento da sociedade empresária, por
conseguinte, depende da deliberação assemblear, ao permitir a continuidade de suas atividades
econômicas, ou mesmo a decretação da quebra da sociedade devedora, na hipótese de rejeição do
plano de recuperação judicial (art. 73, III, da Lei n. 11.101/2005).

Na assembleia geral de credores, a deliberação e votação ocorre por classes, com


imposição legal de deliberação dentro de cada grupo, observados os percentuais dos credores
presentes no momento da sessão. Por essa razão, é relevante que seja verificado o comparecimento
de credores ou representantes legais presentes, o que ocorre, por exigência legal, pela assinatura da
lista de presença, que será encerrada no momento da instalação da Assembleia.

Quanto o credor for representado por mandatário ou representante legal, este deverá
entregar ao administrador judicial, até 24 (vinte e quatro) horas antes da data prevista no aviso de

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 27/45
convocação, documento hábil que comprove seus poderes ou a indicação das folhas dos autos do
processo em que se encontre o documento, como determina o art. 37, § 4º, da Lei n. 11.101/2005.

No caso em análise, a procuradora da instituição financeira representava também


credores trabalhistas e assinou a lista nesta qualidade, constando sua presença na ata da assembleia
geral de credores.

Nesse sentido, apesar de vir disposto no art. 37, § 3º, da Lei 11.101/2005 a
obrigatoriedade da assinatura da lista de presença até a instalação da assembleia, consideradas as
circunstâncias particulares do caso, é imperiosa a conclusão no sentido de que estava comprovada à
saciedade a presença da procuradora durante a realização da Assembleia, devendo a aposição da
assinatura somente no campo relativo aos demais representados ser tomada como mera
irregularidade, que não impede sua participação nas deliberações e votações em favor da instituição
financeira representada.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

LEGISLAÇÃO

Lei n. 11.101/2005, art. 73, III


Lei n. 11.101/2005, art. 37, § 4º

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 28/45
PROCESSO REsp 1.864.618-RJ, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira,
Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 12/9/2023,
DJe 19/9/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO EMPRESARIAL

TEMA Sociedade simples. Registro extemporâneo de


transformação societária. Prazo de 30 (trinta dias).
Efeitos a partir do registro. Art. 1.150 e 1.151 do Código
Civil e art. 36 da lei n. 8.934/1994. Natureza declaratória
do registro em relação ao exercício da atividade
econômica. Teoria da empresa. Irrelevância para a
produção de efeitos externos dos atos de alteração do
contrato social.

DESTAQUE

Embora a alteração no contrato social da sociedade empresária possa produzir efeitos


desde logo, antes mesmo de seu registro na Junta Comercial ou no Registro Civil das Pessoas
Jurídicas, a produção de efeitos externos, em relação a terceiros, pressupõe que seja adequadamente
formalizada e publicizada por intermédio de seu registro.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

A transformação do tipo de sociedade para sociedade simples transfere seu registro da


Junta Comercial para o Registro Civil das Pessoas Jurídicas. A partir da transformação societária, os
atos passaram a ser registrados tão somente no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, não tendo sido
registrados na Junta Comercial, continuando a figurar a autora como sócia administradora da pessoa
jurídica

Os atos de alteração no contrato social produzem efeitos a partir da data em que foram
praticados, se levados a registro nos 30 (trinta) dias seguintes, ou da data do registro, no caso de
inobservância deste prazo. Inteligência dos arts. 1.150 e 1.151 do Código Civil e 36 da Lei n.
8.934/1994.

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 29/45
No caso, as alterações que resultaram na transformação foram levadas a registro na Junta
Comercial muito tempo depois, o que ensejou o redirecionamento de execuções fiscais e
atingimento da pessoa da sócia administradora em virtude da desconsideração da personalidade
jurídica da sociedade.

O registro possui, em regra, natureza declaratória, o que permite a caracterização do


empresário individual ou da sociedade empresária e sua submissão ao regime jurídico empresarial,
em virtude do exercício da atividade econômica. No entanto, os atos de modificação societária
exigem publicidade pelo registro para produzirem efeitos contra terceiros.

As modificações nos atos constitutivos da pessoa jurídica produzem efeitos intra-


societários ou externos, em relação a terceiros. Naqueles, ainda é importante distinguir os atos entre
os sócios, que os vinculam, e aquelas relações entre os sócios e a própria sociedade empresária, que
pressupõem a incorporação aos seus atos constitutivos pelo registro.

Nesse sentido, é possível supor que eventual alteração no contrato social possa produzir
efeitos desde logo, antes mesmo de seu registro na Junta Comercial ou no Registro Civil das Pessoas
Jurídicas. No entanto, a produção de efeitos em relação a terceiros pressupõe que seja
adequadamente formalizada e publicizada por intermédio de seu registro.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

LEGISLAÇÃO

Código Civil (CC), arts. 1.150 e 1.151


Lei n. 8.934/1994, art. 36

SAIBA MAIS
Informativo de Jurisprudência n. 734

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 30/45
PROCESSO REsp 1.864.620-SP, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira,
Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 12/9/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO PROCESSUAL CIVIL

TEMA Penhora. Patrimônio. Terceiro. Grupo econômico. Pessoa


jurídica executada. Desconsideração da personalidade
jurídica. Incidente processual. Necessidade de
instauração.

DESTAQUE

Uma empresa do mesmo grupo econômico da parte executada só pode ter seus bens
bloqueados se o incidente de desconsideração da personalidade jurídica for previamente
instaurado, não sendo suficiente mero redirecionamento do cumprimento de sentença contra quem
não integrou a lide na fase de conhecimento.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

A previsão de responsabilidade civil subsidiária, inerente ao direito material, não exclui a


observância das normas processuais, garantidoras do contraditório e da ampla defesa, incluindo,
entre outras, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica.

Nesse aspecto, numa interpretação sistemática do Código de Defesa do Consumidor, é


possível observar que a previsão de responsabilidade civil subsidiária das sociedades integrantes de
um mesmo grupo encontra-se inserida na seção que trata da desconsideração da personalidade
jurídica.

Dessa forma, para que uma empresa, pertencente ao mesmo grupo econômico da
executada, sofra constrição patrimonial, é necessária prévia observância dos procedimentos
específicos da desconsideração da personalidade jurídica, que pode ser instaurada, inclusive, na fase
de cumprimento de sentença ou na execução fundada em título executivo extrajudicial, nos termos
do art. 134 do CPC.

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 31/45
Ressalte-se que a instauração do incidente de desconsideração é norma processual de
observância obrigatória, como forma de garantir o devido processo legal.

Nesse sentido, a Terceira Turma desta Corte manifestou-se quanto à impossibilidade de


mero redirecionamento do cumprimento de sentença àquele que não integrou a lide na fase de
conhecimento: Uma vez formado o título executivo judicial contra uma ou algumas das sociedades,
poderão responder todas as demais componentes do grupo, desde que presentes os requisitos para
a desconsideração da personalidade jurídica, na forma do art. 28, § 2º, do CDC, sendo inviável o
mero redirecionamento da execução contra aquela que não participou da fase de conhecimento.
(AgInt no REsp 1.875.845/SP, relator Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma, julgado em
16/5/2022, DJe 19/5/2022.)

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

LEGISLAÇÃO

Código de Processo Civil (CPC), art. 134

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 32/45
QUINTA TURMA

PROCESSO HC 837.239-RJ, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta


Turma, por unanimidade, julgado em 26/9/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO PROCESSUAL PENAL

TEMA Acordo de não persecução penal. Ausência de remessa


dos autos ao Ministério Público. Inexistência de confissão
formal e circunstanciada nos autos. Obstáculo
inexistente. Possibilidade de a confissão ser registrada
perante o parquet. Relevância e multiforma da confissão
espontânea. Observância do princípio da não
autoincriminação e da ampla defesa.

DESTAQUE

A ausência de confissão formal e circunstanciada no curso da ação penal não impede a


remessa dos autos ao Parquet para avaliar a possibilidade de propositura do acordo de não
persecução penal, uma vez que essa confissão pode ser formalizada perante o Ministério Público, no
ato de assinatura do acordo.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

O acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A do CPP, tem lugar "Não sendo
caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de
infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o
Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente
para reprovação e prevenção do crime".

Sobre o tema, a Quinta Turma do STJ, no julgamento do AgRg no REsp 2.016.905/SP, Rel.
Ministro Messod Azulay Neto, estabeleceu que, em casos de alteração do enquadramento jurídico ou
desclassificação do delito, é possível aplicar o ANPP, desde que preenchidos os requisitos legais.
Esse precedente reconheceu incidir, extensivamente, às hipóteses de ANPP, o Enunciado n. 337 da
Súmula do STJ, que prevê ser cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 33/45
crime e procedência parcial da pretensão punitiva, devendo os autos do processo retornarem à
instância de origem para aplicação desses institutos.

Oportuno lembrar, também, que no julgamento do REsp 1.972.098/SC, Rel. Ministro


Ribeiro Dantas, a Quinta Turma decidiu que "o réu fará jus à atenuante do art. 65, III, 'd', do CP
quando houver admitido a autoria do crime perante a autoridade, independentemente de a
confissão ser utilizada pelo juiz como um dos fundamentos da sentença condenatória, e mesmo que
seja ela parcial, qualificada, extrajudicial ou retratada", o que sobrelevou e desburocratizou o
reconhecimento e a importância da confissão para o deslinde do processo penal.

No caso, o Tribunal de origem asseverou que o óbice ao encaminhamento dos autos ao


Ministério Público para que se manifestasse sobre a proposição do ANPP seria a ausência de
confissão formal e circunstanciada, haja vista o exercício, pelo denunciado, no curso da ação penal,
do direito ao silêncio.

Contudo, é de se destacar que, ao tempo da opção pela não autoincriminação, não estava
no horizonte do acusado a possibilidade de entabulação do acordo de não persecução penal, uma
vez que a denúncia não postulou o reconhecimento da minorante do tráfico de drogas, o que só se
tornou possível com a prolação da sentença penal condenatória que aplicou em seu favor a causa de
diminuição de pena prevista no §4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006.

O direito à não autoincriminação, vocalizado pelo brocardo latino nemo tenetur se


detegere, não pode ser interpretado em desfavor do réu, nos termos do que veicula a norma contida
no inciso LXIII do art. 5º da Constituição da República e no parágrafo único do art. 186 do Código de
Processo Penal. Assim, a invocação do direito ao silêncio durante a persecução penal não pode
impedir a incidência posterior do ANPP, caso a superveniência de sentença condenatória autorize
objetiva e subjetivamente sua proposição.

Lado outro, sequer a negativa de autoria é capaz de impedir a incidência do mencionado


instituto despenalizador, não se podendo olvidar, como afirmado em doutrina, que o acordo de não
persecução penal é medida de natureza negocial, cuja prerrogativa para o oferecimento é do
Ministério Público, cabendo ao Judiciário a homologação ou não dos termos ali contidos.

Deve-se, por conseguinte, diferenciar a postura legítima do réu que nega envolvimento
com crime apurado em ação penal com a posição de parte do ANPP, certamente muito mais
favorável do que aquela que lhe valeria o cumprimento de pena privativa de liberdade nos
estabelecimentos penais à disposição nesse país, devendo lhe ser permitida a confissão, tal qual
àquele que nega a conduta no interrogatório policial e, em juízo, a confessa, contradição que não
impossibilita o reconhecimento da atenuante em seu favor.

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 34/45
A dúvida remanescente residiria sobre o momento a formalização da confissão para fins
do ANPP diferido, ao que se responde prontamente: no ato da assinatura do acordo. O Código de
Processo Penal, em seu art. 28-A, não determinou quando a confissão deve ser colhida, apenas que
ela deve ser formal e circunstanciada. Isso pode ser providenciado pelo próprio órgão ministerial, se
decidir propor o acordo, devendo o beneficiário, no momento de firmá-lo, se assim o quiser,
confessar formal e circunstanciadamente, perante o Parquet, o cometimento do crime.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

LEGISLAÇÃO

Código de Processo Penal (CPP), art. 28-A e art. 186, parágrafo único
Código Penal (CP), art. 65, inciso III, d
Constituição Federal (CF), art. 5º, inciso LXIII

SÚMULAS

Sumula 337 do STJ

SAIBA MAIS
Informativo de Jurisprudência n. 13 - Edição Especial

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 35/45
PROCESSO Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Ribeiro
Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
5/9/2023, DJe 12/9/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO PROCESSUAL PENAL

TEMA Condenação lastreada em fatos não descritos na


denúncia. Hipótese de mutatio libelli. Apelação da defesa.
Nulidade da sentença. Absolvição do réu. Pretensão de
anulação da sentença para que se observe em primeira
instância o rito do art. 384 do CPP. Impossibilidade.

DESTAQUE

Reconhecido, em recurso exclusivo da defesa, que a sentença condenou o réu por fatos que
não estavam descritos na denúncia, cabe ao Tribunal somente anular a sentença e absolver o réu,
mas não determinar o retorno dos autos ao primeiro grau.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

No Tribunal de origem foi reconhecida a ofensa ao princípio da correlação, por ter sido o
réu condenado por fatos diversos daqueles que foram imputados na denúncia.

Nos temos do art. 384 do CPP, "encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova
definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou
circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a
denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o
processo em crime de ação pública", ou seja, o momento para o aditamento da denúncia é o
encerramento da instrução.

Assim, correto o entendimento do Tribunal a quo, pois, em sede de apelação defensiva,


tendo sido reconhecido que a sentença condenou o réu por fatos que não estavam descritos na
denúncia, cabe ao Tribunal, somente, anular a sentença e absolver o réu, mas não determinar o
retorno dos autos ao primeiro grau, como pretende o Parquet.

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 36/45
Nesse sentido, frise-se que, "No julgamento de apelação interposta pela defesa, constatada
a ofensa ao princípio da correlação, não cabe reconhecer a nulidade da sentença e devolver o
processo ao primeiro grau para que então se observe o art. 384 do CPP, uma vez que implicaria
prejuízo para o réu e violaria o princípio da non reformatio in pejus." (AgRg no HC 559.214/SP,
relator Ministro João Otávio de Noronha, Quinta Turma, DJe de 13/5/2022).

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

LEGISLAÇÃO

Código de Processo Penal (CPP), art. 384, caput

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 37/45
SEXTA TURMA

PROCESSO HC 834.126-RS, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta


Turma, julgado em 5/9/2023, DJe 13/9/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO CONSTITUCIONAL, DIREITO PENAL, DIREITO


PROCESSUAL PENAL, DIREITOS HUMANOS

TEMA Tráfico de drogas. "Nemo tenetur se detegere". Direito de


mentir. Inexistência. Suposta mentira do réu
interrogatório. Falsa atribuição de crime a outrem.
Dosimetria. Aumento da pena-base. Valoração como
circunstância judicial negativa. Impossibilidade. Fato não
comprovado e posterior ao delito imputado.

DESTAQUE

O fato de o réu mentir em interrogatório judicial, imputando prática criminosa a terceiro,


não autoriza a majoração da pena-base.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

A questão cinge-se a definir se é possível a majoração da pena-base, pela valoração


negativa da culpabilidade, pelo fato de o réu ter mentido em interrogatório judicial.

Ainda que o falseamento da verdade eventualmente possa, a depender do caso e se


cabalmente comprovado, justificar a responsabilização do réu por crime autônomo, isso não
significa que essa prática, no interrogatório, autorize a exasperação da pena-base do acusado.

O conceito de culpabilidade, como circunstância judicial prevista o artigo 59, do Código


Penal, portanto, está relacionado com a reprovabilidade/censurabilidade da conduta do agente, de
forma que deve o magistrado, quando da aplicação da pena-base, dimensioná-la pelo nível de
intensidade da reprovação penal e expor sempre os fundamentos que lhe formaram o
convencimento. Trata-se de aferir o grau de reprovabilidade do fato criminoso praticado pelo réu.

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No caso, a culpabilidade do acusado foi valorada negativamente sob o argumento de que
tentou se furtar à responsabilização penal, imputando falsamente a um terceiro (vizinho) a
responsabilidade por ter plantado drogas e armas em sua casa na noite anterior ao cumprimento do
mandado de busca e apreensão pela polícia.

Ainda que se pudesse considerar provado que o réu atribuiu falsamente crime a terceiro
no interrogatório, isso não diria respeito à sua culpabilidade, a qual relaciona-se ao grau de
reprovabilidade pessoal da conduta imputada ao acusado. Isso porque o interrogatório constitui
fato posterior à prática da infração penal, de modo que não pode ser usado retroativamente para
incrementar o juízo de reprovabilidade de fato praticado no passado.

Com efeito, o exame da sanção penal cabível deve ser realizado, em regra, com base
somente em elementos existentes até o momento da prática do crime imputado, ressalvados,
naturalmente: a) o exame das consequências do delito, que, embora posteriores, representam mero
desdobramento causal direto dele, e não novas e futuras condutas do acusado retroativamente
valoradas; b) o superveniente trânsito em julgado de condenação por fato praticado no passado,
uma vez que representa a simples declaração jurídica da existência de evento pretérito.

Nem mesmo nas circunstâncias da personalidade ou da conduta social seria possível


considerar desfavoravelmente a mentira do réu em interrogatório judicial. O paralelo feito por
alguns doutrinadores com a confissão (se a confissão revela aspecto favorável da personalidade e
atenua a pena, a mentira supostamente revelaria o oposto e poderia autorizar o seu aumento),
embora interessante, é assimétrico e não permite que dele se extraia tal conclusão.

A confissão e diversos outros institutos que permitem o abrandamento da sanção


(colaboração premiada, arrependimento posterior etc.) integram o chamado Direito penal premial e
se justificam como ferramentas para valorizar e estimular a postura que o réu adota depois da
prática do delito para mitigar seus efeitos ou facilitar a atividade estatal na sua persecução.
Diferente, porém, é a análise sobre o que pode legitimar o incremento da sanção penal, a qual, nos
termos dos mais basilares postulados penais e processuais penais, não pode ficar ao sabor de
eventos futuros, incertos e não decorrentes diretamente, como desdobramento meramente causal,
do fato imputado na denúncia (por exemplo, nos termos acima esclarecidos, as consequências do
crime).

O que deve ser avaliado é se, ao praticar o fato criminoso imputado, a culpabilidade do réu
foi exacerbada ou se, até aquele momento, ele demonstrava personalidade desvirtuada ou conduta
social inadequada, o que não pode ser aferido retroativamente com base em fato diverso que só veio
a ser realizado em tempo futuro, às vezes longos anos depois.

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INFORMAÇÕES ADICIONAIS

LEGISLAÇÃO

Constituição Federal (CF), art. 5º, LXIII e XLVI


Código Penal (CP), art. 59
Código de Processo Penal (CPP), art. 387

PROCESSO REsp 2.036.072-MG, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta


Turma, julgado em 22/8/2023, DJe 30/8/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO PENAL, DIREITO PROCESSUAL PENAL

TEMA Lei Maria da Penha. Medidas protetivas de urgência.


Natureza jurídica inibitória. Inquérito policial ou
processo-crime em curso. Desnecessidade. Validade
enquanto perdurar a situação de perigo. Cláusula rebus
sic stantibus. Modificação ou revogação. Contraditório
prévio. Necessidade.

DESTAQUE

A natureza jurídica das medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha é
de tutela inibitória e não cautelar, inexistindo prazo geral para que ocorra a reavalição de tais
medidas, sendo necessário que, para sua eventual revogação ou modificação, o Juízo se certifique,
mediante contraditório, de que houve alteração do contexto fático e jurídico.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

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Cinge-se a controvérsia a definir a natureza jurídica das medidas protetivas de urgência
previstas na Lei n. 11.340/2006, se de tutela inibitória ou cautelar e o prazo de vigência das
referidas medidas.

Depreende-se que a a Lei n. 11.340/2006 teve o intuito de proteger a mulher da violência


doméstica e familiar que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano
moral ou patrimonial, no âmbito da unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de
afeto. As medidas protetivas de urgência, por conseguinte, foram criadas com a finalidade de
impedir que o referido ilícito (violência doméstica e familiar) ocorra ou se perpetue.

O art. 4.º da Lei Maria da Penha, a propósito, preceitua que, "Na interpretação desta Lei,
serão considerados os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições peculiares das
mulheres em situação de violência doméstica e familiar". A referida regra hermenêutica exige que,
ao interpretar os dispositivos legais previstos na Lei n. 11.340/2006, seja assegurada, em especial, a
tutela efetiva do direito fundamental das mulheres a uma vida livre de violência.

Desse modo, afigura-se inviável sustentar a natureza estritamente acessória do referido


instrumento protetivo. É certo que, na maioria das vezes, o pedido de imposição de medidas
protetivas está vinculado à suposta prática de delito no âmbito doméstico. No entanto, é possível a
existência de violência doméstica sem que se tenha praticado, no caso, eventual ilícito penal.

Não há, na Lei n. 11.340/2006, nenhuma indicação expressa de que as medidas protetivas
de urgência teriam natureza cautelar, e que, desse modo, deveriam estar atreladas a algum processo
principal ou a eventual inquérito policial.

Ademais, ao prever o crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência (art.


24-A da Lei n. 11.340/2006), o Legislador expressamente consignou, no § 1.º do art. 24-A da Lei
Maria da Penha que "A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz
que deferiu as medidas", o que confirma a conclusão de que é desnecessária, para o deferimento das
referidas medidas, a existência de inquérito ou processo criminal.

Assim, deve prevalecer a orientação de que "as medidas protetivas impostas na hipótese
de prática de violência doméstica e familiar contra a mulher possuem natureza satisfativa, motivo
pelo qual podem ser pleiteadas de forma autônoma, independentemente da existência de outras
ações judiciais" (AgRg no REsp 1.783.398/MG, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta
Turma, DJe de 16/4/2019).

Portanto, vê-se que as medidas protetivas de urgência possuem natureza inibitória, pois

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têm como finalidade prevenir que a violência contra a mulher ocorra ou se perpetue. Por
conseguinte, a única conclusão admissível é a de que as medidas protetivas eventualmente impostas
têm validade enquanto perdurar a situação de perigo. Perde sentido, dessa forma, a discussão acerca
da necessidade de fixação de um prazo de vigência, pois é impossível saber, a priori, quando haverá
a cessação daquele cenário de insegurança.

A decisão judicial que impõe as medidas protetivas de urgência submete-se à cláusula


rebus sic stantibus, ou seja, para sua eventual revogação ou modificação, mister se faz que o Juízo se
certifique de que houve a alteração do contexto fático e jurídico.

Nesse cenário, torna-se imperiosa a instauração do contraditório antes de se decidir pela


manutenção ou revogação do referido instrumento protetivo. Em obediência ao princípio do
contraditório, as partes devem ter a oportunidade de influenciar na decisão, ou seja, demonstrar a
permanência (ou não) da violência ou do risco dessa violência, evitando, dessa forma, a utilização de
presunções, como a mera menção ao decurso do tempo, ou mesmo a inexistência de inquérito ou
ação penal em curso.

A fim de evitar a inadequada perenização das medidas, nada impede que o juiz, caso
entenda prudente, revise periodicamente a necessidade de manutenção das medidas protetivas
impostas, garantida, sempre, a prévia manifestação das partes, consoante entendimento
consolidado pela Terceira Seção do STJ, no sentido de que "a revogação de medidas protetivas de
urgência exige a prévia oitiva da vítima para avaliação da cessação efetiva da situação de risco à sua
integridade física, moral, psicológica, sexual e patrimonial" (AgRg no REsp 1.775.341/SP, relator
Ministro Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, DJe de 14/4/2023).

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INFORMAÇÕES ADICIONAIS

LEGISLAÇÃO

Constituição Federal (CF), art. 226, § 8º


Lei n. 11.340/2006, art. 4º, art. 19, §§ 2º e 3º, art. 22 e art. 24-A, § 1º

SAIBA MAIS
Informativo de Jurisprudência n. 786

PROCESSO HC 663.265-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta


Turma, por unanimidade, julgado em 12/9/2023, DJe
20/9/2023.

RAMO DO DIREITO DIREITO PENAL, DIREITO PROCESSUAL PENAL

TEMA Tráfico de drogas. art. 41 da Lei n. 11.343/2006. Causa


de diminuição de pena. Colaboração premiada.
Identificação dos demais coautores e recuperação do
produto do crime. Requisitos alternativos, e não
cumulativos, para a aplicação do benefício.

DESTAQUE

Os requisitos legais previstos no art. 41 da Lei n. 11.343/2006, que trata da causa de


diminuição da pena por colaboração premiada, são alternativos e não cumulativos.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

A controvérsia cinge-se em determinar se os requisitos legais previstos no art. 41 da Lei n.


11.343/2006, que trata da causa de diminuição por colaboração premiada, são alternativos ou

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 43/45
cumulativos.

Diz o art. 41 da Lei n. 11.343/2006 que "O indiciado ou acusado que colaborar
voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais
coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de
condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços".

Naturalmente, não há como negar que a leitura do referido dispositivo legal aponta, ao
menos à primeira vista, para a cumulatividade dos requisitos legais ali estabelecidos, em razão do
emprego da conjunção coordenada aditiva "e" entre eles.

Entretanto, a interpretação gramatical de um dispositivo legal nem sempre reflete a mais


adequada exegese para dele extrair a norma jurídica pertinente. Trata-se de método hermenêutico
que, muitas vezes, acaba por ignorar lição fundamental de Teoria Geral do Direito segundo a qual o
ato normativo não se resume à mera dicção explícita de sua literalidade, pois o texto só se converte
em norma depois de interpretado. Assim, é necessário interpretar os dispositivos legais
principalmente à luz da sistemática em que estão inseridos, a fim de dar coerência e integridade ao
ordenamento.

Nesse passo, cumpre lembrar que o atual art. 41 da Lei de Drogas tem origem no antigo
art. 32, § 2º, da Lei n. 10.409/2002, o qual trazia a conjunção "ou" entre os requisitos para a
colaboração premiada, ao dispor que "O sobrestamento do processo ou a redução da pena podem
ainda decorrer de acordo entre o Ministério Público e o indiciado que, espontaneamente, revelar a
existência de organização criminosa, permitindo a prisão de um ou mais dos seus integrantes, ou a
apreensão do produto, da substância ou da droga ilícita, ou que, de qualquer modo, justificado no
acordo, contribuir para os interesses da Justiça".

Ademais, além de não se identificar nenhuma justificativa para que tal mudança
gramatical decorresse de eventual propósito deliberado do legislador e nada há na Exposição de
Motivos da Lei n. 11.343/2006 que o indique, não se pode desconsiderar o advento da Lei n.
12.850/2013, que cuidou de definir, regular e sistematizar diversos aspectos relativos ao instituto
da colaboração premiada, oportunidade em que, ao estabelecer seus requisitos no art. 4º, fê-lo de
forma alternativa.

Essa consideração ganha dimensão ainda mais significativa se ponderado que os crimes da
Lei de Organizações Criminosas são plurissubjetivos, isto é, de concurso necessário de pessoas e,
mesmo assim, o legislador não impôs obrigatoriamente a identificação dos demais coautores e
partícipes, de modo que não se mostra razoável exigi-lo compulsoriamente nos crimes contidos na
Lei de Drogas, em que o concurso de pessoas é meramente eventual.

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Trata-se de interpretação mais consentânea ao princípio da proporcionalidade, pois não
desconsidera a relevante colaboração do réu com o Estado-acusação, dá maior efetividade a esse
meio de obtenção de prova estabelecido pelo legislador e ainda evita a indevida confusão entre
delação premiada e colaboração premiada, uma vez que a delação de comparsas é apenas uma das
formas pelas quais o indivíduo pode prestar colaboração.

Assim, tanto sob a perspectiva de uma interpretação histórica, quanto à luz de uma
interpretação sistemática - em consonância com o tratamento geral que a Lei n. 12.850/2013
posteriormente conferiu à matéria -, é mais adequado considerar alternativos, e não cumulativos, os
requisitos legais previstos no art. 41 da Lei n. 11.343/2006 para redução da pena.

Isso não significa, frise-se, conceder ao acusado que identifica seus comparsas e ainda
ajuda na recuperação do produto do crime o mesmo tratamento conferido àquele que só realiza uma
dessas duas condutas, pois os distintos graus de colaboração podem (e devem) ser sopesados para
definir a fração de redução da pena de um a dois terços, nos termos da lei.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

LEGISLAÇÃO

Lei n. 11.343/2006, art. 41

processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ 45/45

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