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BOLETIM DE Outubro/2018
PESQUISA E
DESENVOLVIMENTO
172
BOLETIM DE PESQUISA
E DESENVOLVIMENTO
172
Diva Correia
Evaldo Heber Silva do Nascimento
Louise Guarany Santiago
Antônio Abelardo Herculano Gomes Filho
João Paulo Saraiva Morais
Membros
Marlos Alves Bezerra, Ana Cristina Portugal
Pinto de Carvalho, Deborah dos Santos Garruti,
Dheyne Silva Melo, Ana Iraidy Santa Brígida,
Eliana Sousa Ximendes
Supervisão editorial
Ana Elisa Galvão Sidrim
Revisão de texto
José Cesamildo Cruz Magalhães
Normalização bibliográfica
Rita de Cassia Costa Cid
Editoração eletrônica
Arilo Nobre de Oliveira
Foto da capa
Diva Correia
1ª edição
On-line (2018)
1. Correia, Diva. 2. Nascimento, Evaldo Heber Silva do. 3. Santiago, Louise Guarany. 4.
Gomes Filho, Antônio Abelardo Herculano. 5. Morais, João Paulo Saraiva. I. Melocactus
ernestii. II. Melocactus oreas. III. Melocactus violaceus. IV. Cactaceae. V. Propagação
sexual. VI. Germinação. VII. Série
CDD 631.52
© Embrapa, 2018
Sumário
Resumo.......................................................................................4
Abstract.......................................................................................5
Introdução...................................................................................6
Material e Métodos......................................................................8
Resultados e Discussão............................................................11
Conclusões................................................................................16
Agradecimentos........................................................................16
Referências...............................................................................16
4 GERMINAÇÃO IN VITRO DE SEMENTES DE COROA-DE-FRADE (MELOCACTUS SP.)
Diva Correia1
Evaldo Heber Silva do Nascimento2
Louise Guarany Santiago3
Antônio Abelardo Herculano Gomes Filho4
João Paulo Saraiva Morais5
1
Bióloga, doutora em Ciências Florestais, pesquisadora da Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, CE,
diva.correia@embrapa.br
2
Engenheiro-agrônomo, mestre em Agronomia/Fitotecnia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE,
e.heber.sn@gmail.com
3
Bióloga, graduada em Ciências Biológicas, bolsista da Embrapa Agroindústria, Tropical, Fortaleza, CE,
louiseguarany@hotmail.com
4
Engenheiro-agrônomo, bolsista na Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, CE, Brasil.
5
Farmacêutico, mestre em Bioquímica, pesquisador da Embrapa Algodão, Campina Grande, PB, joao.
morais@embrapa.br
GERMINAÇÃO IN VITRO DE SEMENTES DE COROA-DE-FRADE (MELOCACTUS SP.) 5
Introdução
O gênero Melocactus (L.) Link e Otto pertence à família Cactaceae e é
composto por 38 espécies (Machado, 2009; Taylor et al., 2014). As espécies
encontram-se distribuídas em países da América Central, no Caribe, nos
Andes e no Brasil, com destaque na região Nordeste e nos estados de
Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Amazonas, Roraima, Espírito Santo e Rio de
Janeiro (Taylor, 1991; Taylor et al., 2015; International Union for Conservation,
2016). O maior centro de diversidade do gênero é o Brasil, que conta
com 23 espécies, sendo 21 endêmicas (Taylor et al., 2015). No estado da
Bahia, encontra-se a maior diversidade de coroas-de-frade do país, com 18
espécies, sendo 10 endêmicas. No Ceará, foram registradas quatro espécies
do gênero M. zehntneri (Menezes et al., 2011; 2013; Taylor; Zappi, 2004), M.
oreas (Menezes et al., 2011; 2013), M. violaceus (Menezes et al., 2011; 2013)
e M. ernestii (Souza et al., 2016). Entre essas, o M. zehntneri é a espécie de
maior distribuição no estado (Menezes et al., 2011; 2013).
As cactáceas do gênero Melocactus, conhecidas como coroas-de-frade,
apresentam formato globoso, aréolas com número variado de espinhos
(Taylor; Zappi, 2004) e na fase adulta há o desenvolvimento de uma estrutura
discoide no ápice da planta, chamada cefálio, responsável pela proteção de
flores e frutos em desenvolvimento (Machado, 2009). A formação do cefálio
representa a transição da fase juvenil para a fase reprodutiva da planta
(Wyka, 2007). Em sistema de cultivo comercial a pleno sol, com irrigação
e adubação controladas, a formação do cefálio em M. matanzanus ocorre
em até três anos após o plantio (Mauseth, 2006). No viveiro de mudas da
Embrapa Agroindústria Tropical, em Fortaleza, Ceará, em plantas de M.
zehntneri obtidas a partir da germinação in vitro de sementes, cultivadas
em vasos e mantidas em telado com adubação e irrigação frequentes, foi
observado o início da formação do cefálio a partir de quatro anos após o
plantio. Verifica-se que o crescimento das plantas de Melocactus cessa com
a formação do cefálio; entretanto, há alongamento do cefálio, formação de
flores e frutos (Machado, 2009; Wyka, 2007).
O Melocactus ernestii é endêmico do Leste do Brasil e encontra-se em
inselbergs gnáissicos e rochas cristalinas e areníticas circundadas por
caatinga arbórea predominantemente xerófila (Taylor; Zappi, 2004). Essa
espécie, que foi recentemente descoberta e registrada no Ceará, sendo
GERMINAÇÃO IN VITRO DE SEMENTES DE COROA-DE-FRADE (MELOCACTUS SP.) 7
Material e Métodos
O estudo foi realizado no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais da
Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, Ceará. As plantas de Melocactus
foram coletadas na Bahia, no Ceará e Rio Grande do Norte e mantidas na
Coleção de Cactáceas da Embrapa Agroindústria Tropical. Foram utilizadas
quatro espécies de coroa-de-frade: Melocactus ernestii (Figuras 1A e 1B),
M. oreas (Figuras 1C e 1D), M. zehntneri (Figuras 1E e 1F) e M. violaceus
(Figuras 1G e 1H). As sementes de cada espécie foram armazenadas por ano
de coleta dos frutos (2008, 2009, 2011, 2013, 2014 e 2015). As semeaduras
in vitro foram realizadas em 2014 e 2015.
As sementes foram extraídas dos frutos e secadas à sombra sobre papel
filtro. Após a secagem, as sementes foram transferidas para tubos de ensaio
contendo uma camada de sílica gel, seguida de uma camada de algodão e
papel filtro, sobre o qual as sementes foram alojadas (Figura 2). Os tubos de
ensaio foram vedados e guardados em armários fechados, na ausência de
luz e em temperatura ambiente.
A desinfestação e a semeadura in vitro das sementes foram realizadas
de acordo com a metodologia descrita por Correia et al. (2011b). Em câmara
de fluxo laminar, as sementes foram dispostas sobre um tecido permeável
(± 10 cm2) esterilizado. As pontas do tecido foram amarradas com o auxílio
de um barbante a fim de impedir a saída das sementes. A embalagem obtida
foi imersa em solução de etanol 70% (v/v) durante 1 minuto. Em seguida,
foi transferida para um frasco contendo solução de hipoclorito de sódio
com 2% (v/v) de cloro ativo, acrescida de duas gotas de Tween® 20 para
cada 100 mL de solução desinfestante, ficando sob agitação constante
GERMINAÇÃO IN VITRO DE SEMENTES DE COROA-DE-FRADE (MELOCACTUS SP.) 9
C D
E F
G H
Figura 2. Armazenamento de
sementes de Melocactus em
tubo de ensaio fechado contendo
camada de sílica gel, algodão e
papel filtro.
Resultados e Discussão
Na Tabela 1, pode-se observar que a porcentagem de sementes
germinadas variou entre as espécies, entre as plantas da mesma espécie
e para os diferentes anos de coletas, o que corresponde ao tempo de
armazenamento das sementes até o momento da semeadura. Entre as
espécies, o maior percentual de germinação foi verificado para as sementes
de Melocactus oreas, seguida por M. ernestii, M. zehntneri e M. violaceus.
Resultados semelhantes foram obtidos por Souza et al. (2012) ao analisarem
sementes de M. oreas, obtendo 60% de germinação. Em Silva et al. (2011),
a germinação máxima das sementes de M. ernestii foi de 78%, enquanto nos
trabalhos conduzidos com sementes de M. zehntneri os resultados variaram,
sendo 90% em Silva et al. (2011) e 14% em Correia et al. (2011b).
De acordo com os resultados observados na literatura, o comportamento
germinativo de sementes de Melocactus altera também em função das
condições de germinação, como tipo de substrato e temperatura, além
de variar dentro da mesma espécie e da região de origem das sementes
(Lone et al., 2007; Silva et al., 2011; Dias et al., 2013). Outro fator que pode
influenciar na germinação dessas sementes é a embebição prévia em solução
de giberelina. O uso desse hormônio vegetal pode aumentar a porcentagem
de sementes germinadas, como observado em Silva et al. (2011), em que a
germinação de sementes de M. zehntneri foi de 74% após o uso da solução
de giberelina contra 13% das sementes não tratadas. Ressalta-se que no
presente estudo a germinação de sementes de M. zehntneri chegou a 67%
sem o tratamento com giberelina (Tabela 1).
12
Tabela 1. Porcentagem de germinação, índice de velocidade de germinação (IVG) e tempo médio de germinação in vitro (TMG)
de sementes de Melocactus ernestii, M. oreas, M. violaceus e M. zehntneri. Fortaleza, CE, 2015.
A B
C D
E F
G H
A B
Fotos: Diva Correia
C D
Conclusões
A porcentagem de sementes germinadas in vitro varia em função da
espécie de Melocactus, e para a espécie M. zehntneri varia também em
função da origem das plantas.
A germinação das sementes de uma mesma espécie de Melocactus pode
variar entre plantas e período de armazenamento das sementes.
Sementes de Melocactus submetidas a maior período de armazenamento
apresentam menor percentual germinativo, menor índice velocidade de
germinação e maior tempo médio de germinação.
Agradecimentos
Ao Banco do Nordeste do Brasil/FUNDECI e MCT/FINEP/SEBRAE pelo
financiamento da pesquisa; ao CNPq pela concessão de bolsas de fomento
tecnológico.
Referências
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MINISTÉRIO DA
AGRICULTURA, PECUÁRIA
E ABASTECIMENTO