PRAGAS-SUGADORAS-ALGODOEIRO
PRAGAS-SUGADORAS-ALGODOEIRO
PRAGAS-SUGADORAS-ALGODOEIRO
Outubro/2023
DOCUMENTOS
291
DOCUMENTOS 291
Embrapa Algodão
Campina Grande, PB
2023
Embrapa Algodão Comitê Local de Publicações
Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário
58428-095, Campina Grande, PB Presidente
Fone: (83) 3182 4300 Daniel da Silva Ferreira
www.embrapa.br/algodao
www.embrapa.br/fale-conosco/sac Secretária-Executiva
Magna Maria Macedo Nunes Costa
Membros
Francisco José Correia Farias, Geraldo Fernandes
de Sousa Filho, Luiz Paulo de Carvalho, Nair
Helena Castro Arriel, Rita de Cássia Cunha
Saboya
Supervisão editorial
Geraldo Fernandes de Sousa Filho
Revisão de texto
Marcela Bravo Esteves
Normalização bibliográfica
Enyomara Lourenço Silva
Editoração eletrônica
Geraldo Fernandes de Sousa Filho
Fotos da capa
Valéria L. Jardim e Gyovanna de Paula
1ª edição
CDD 632.7
Manejo da mosca-branca......................................................................... 12
Manejo de pulgões................................................................................... 16
Manejo de tripes....................................................................................... 19
Manejo de cochonilhas............................................................................. 23
Manejo de percevejos-castanhos............................................................. 25
Manejo de percevejos.............................................................................. 30
Considerações finais..................................................................................... 32
Referências................................................................................................... 33
Pragas sugadoras na cultura do algodoeiro 9
Introdução
Desde a introdução da cultura do algodoeiro no sistema de produção agrícola
do Cerrado, o algodão se tornou uma das principais commodities do Brasil,
que passou de importador para exportador de pluma.
Apesar de uma alta rentabilidade potencial — que pode chegar a US$2 mil
por hectare —, a atividade da cotonicultura apresenta custo elevado e sérios
riscos de comprometimento da produção. Um desses riscos está relacionado
à ocorrência de pragas na cultura.
Com custo de produção de algodão superior a US$3 mil/ha, cerca de US$ 830
(28%) são destinados ao controle fitossanitário (IMEA, 2022). Destes, em torno
de US$ 700 se referem ao custo de controle de pragas, sendo que aproximada-
mente 40% das pulverizações contêm inseticidas para controle de sugadores
na cultura do algodão (Bélot et al., 2016).
Figura 2. Mosca-branca, Bemisia tabaci biótipo B. Close do inseto adulto (A); Colônia
de indivíduos adultos em folhas de algodoeiro (B).
12 DOCUMENTOS 291
Manejo da mosca-branca
A
Fotos: Valéria L. Jardim (A), Bruna D. M. Tripode (B)
Nas folhas inferiores, pode ser notada uma mancha brilhante (mela) formada
de material adocicado. A mela atrai diversas formigas que vivem em simbiose
com os pulgões, protegendo-os do ataque de inimigos naturais, como joa-
ninhas (Fernandes et al., 2018). Além disso, a mela favorece o desenvolvi-
mento de fumagina, a qual dificulta a absorção da radiação solar pelas folhas
da planta. No final do ciclo da cultura, a excreção da mela causa o chamado
“algodão doce” ou o “algodão caramelizado”, fazendo com que a pluma fique
manchada e perca a qualidade (Pereira et al., 2020).
Manejo de pulgões
B A
De forma geral, o uso de inseticidas deve ser restringido tanto quanto possível
a fim de preservar os inimigos naturais (Silva et al., 2013). Alternativamente, o
Fotos: Cherre S. B. da Silva (A), José E. 18 DOCUMENTOS 291
Miranda (B)
A B
A fase ninfal é dividida em quatro ínstares, sendo o inseto ativo nos dois
primeiros e inativo nos dois últimos ínstares. Esse tipo de desenvolvimento
é denominado remetabolia. O ciclo de vida do tripes dura em média 13 dias
(Sosa-Gómez et al., 2010).
Pragas sugadoras na cultura do algodoeiro 19
Esses insetos vivem nas folhas, causando ataques que promovem a altera-
ção da consistência das folhas, que ficam coriáceas e quebradiças; atacam
também as brotações e plantas jovens, provocando o encarquilhamento e es-
pessamento das folhas do ponteiro, que adquirem coloração verde-brilhante
e manchas prateadas (Figura 7B). O crescimento é prejudicado em plantas
novas, com dois a quatro pares de folhas, ocasionando, também, o super-
brotamento devido à quebra da dominância apical (morte da gema apical).
Adultos e ninfas de tripes têm preferência por folhas novas, mas podem se
alimentar também de pólen ou sugar pétalas de flores (Carvalho et al., 2021).
Manejo de tripes
Cochonilha-do-algodoeiro, Phenacoccus
solenopsis (Hemiptera: Pseudococcidae)
A cochonilha-do-algodoeiro é originaria da América Central. Essa espécie
possui ampla distribuição geográfica e é extremamente polífaga, sendo cita-
da como praga de mais de 150 plantas. Além de P. solenopsis, várias espé-
cies de cochonilhas, como Planococcus minor e Ferrisia virgata, são citadas
na cultura do algodoeiro em diversas partes do mundo. P. solenopsis tem sido
descrita como praga-chave do algodoeiro na Índia, no Paquistão e na China
(Hodgson et al., 2008; Wang et al., 2009).
No Brasil, até pouco tempo essa praga era considerada secundária na cultu-
ra do algodoeiro. Contudo, cada vez mais essa espécie tem preocupado os
cotonicultores devido aos surtos populacionais, que vêm ocorrendo nos últi-
mos anos em áreas de cultivo de algodoeiro em Goiás, Mato Grosso, Ceará,
Paraíba e Pernambuco (Bastos et al., 2007b; Silva, 2012; Silva-Torres et al.,
2013).
A B
Manejo de cochonilhas
Parece haver uma influência direta da camada de caulim na proteção dos ovos
do inseto contra choques térmicos, pela redução da umidade no microclima
da região das plantas onde a cochonilha se desenvolve, aumentando assim
sua viabilidade. Dessa forma, os autores recomendam cautela com o uso do
caulim em áreas com histórico de ocorrência de cochonilhas-do-algodoeiro.
Essas espécies são polífagas, podendo atacar várias culturas, como soja,
milho, sorgo e pastagens e são facilmente identificadas no momento da aber-
tura dos sulcos de plantio, pelo cheiro desagradável que exalam (Miranda et
al., 2015b).
Adultos e ninfas ficam protegidos por uma câmara ovalada no interior do solo.
As ninfas passam por cinco ínstares, sendo a duração total do período ninfal
de aproximadamente 150 dias (Oliveira et al., 2000).
A B
Manejo de percevejos-castanhos
Nos botões florais, as injúrias provocadas por esses insetos são deforma-
ções, atrofiamento e abscisão. As maçãs têm o desenvolvimento compro-
metido, verificando-se pontuações internas e deformações que adquirem for-
mato característico denominado “maçãs bico-de-papagaio”, as quais não se
abrem normalmente (Miranda et al., 2015a).
Pragas sugadoras na cultura do algodoeiro 29
Manejo de percevejos
Considerações finais
O rápido crescimento populacional de pragas sugadoras exige levantamen-
tos frequentes. Muitas vezes a detecção tardia encontra as populações de
sugadores em níveis já elevados, exigindo estratégias de controle químico
em área total e, mesmo assim, ocorrendo perdas de produção ou compro-
metimento da qualidade da pluma do algodão. Além disso extensas áreas de
cultivo dificultam a detecção dessas pragas, quando a amostragem é visual.
Referências
ABRAPA. Relatório de Gestão - Biênio 2017-2018. 1. ed. Brasília, DF, 2018. 480 p.
ARAÚJO, L. H. A.; BLEICHER, E.; SOUSA, S. L.; QUEIROZ, J. C. Manejo de mosca branca
Bemisia argentifolii Bellows & Perring no algodoeiro. Campina Grande: Embrapa Algodão,
2000. 12 p. (Embrapa Algodão. Circular Técnica, 40).
BASTOS, C. S.; ALMEIDA, R. P. de; VIDAL NETO, F. DAS C.; ARAÚJO, G. P. de. Ocorrência
de Planococcus minor Maskell (Hemiptera: Pseudococcidae) em algodoeiro no Nordeste do
Brasil. Neotropical Entomology, v. 36, p. 625-628, 2007b.
BRAENDLE, C.; DAVIS, G. K.; BRISSON, J. A.; STERND, D. L. Wing dimorphism in aphids.
Heredity, v. 97, p. 192-199, 2006.
CROSARIOL NETTO, J.; ROLIM, G. G.; PAPA, G. Manejo integrado de pragas no algodoeiro.
In: BÉLOT, J. L. R.; VILELA, P. M. C. A. Manual de boas práticas de manejo do algodoeiro
em Mato Grosso. Cuiabá: Instituto Mato-Grossense do Algodão, 2020. p. 262-291.
FERNANDES, F. S.; GODOY, W. A. C.; RAMALHO, F. S.; GARCIA, A. G.; SANTOS, B. D. B.;
MALAQUIAS, J. B. Population dynamics of Aphis gossypii Glover and in sole and intercropping
systems of cotton and cowpea. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 90, p. 311-323, 2018.
FERREIRA, A. C. B.; BORIN, A. L. C. D.; LAMAS, F. M.; ASMUS, G. L.; MIRANDA, J. E.;
BOGIANI, J. C.; SUASSUNA, N. D. Plantas que minimizam problemas do sistema de
produção do algodoeiro no Cerrado. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2012. 4 p.
(Embrapa Algodão. Comunicado Técnico, 371).
GABRIEL, D. Pulgão do algodoeiro: um sério problema. São Paulo: Instituto Biológico, 2009.
5 p. (Instituto Biológico. Comunicado Técnico, 122).
GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; BAPTISTA, G. C.; BERTI
FILHO, E.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B.; VENDRAMIM, J. D.; MARCHINI,
L. C.; LOPES, J. R. P.; OMOTO, C. Entomologia agrícola. Piracicaba: Fundação de Estudos
Agrários Luiz de Queiroz, 2002. 902 p.
HODGSON, C. J.; ABBAS, G.; ARIF, M. J.; SAEED, S.; KARAR, H. Phenacoccus solenopsis
Tinsley (Sternorrhyncha: Coccoidea: Pseudococcidae), an invasive mealybug damaging cotton
in Pakistan and India, with a discussion on seasonal morphological variation. Zootaxa, v. 1913,
p. 1-35, 2008.
MASCARIN, G. M.; LOPES, R. B.; DELALIBERA JÚNIOR, I.; FERNADES, E. K. K.; LUZ, C.;
RARIA, M. Current status and perspectives of fungal entomophathogens used for microbial
control of arthropod pests in Brazil. Journal of Invertebrate Pathology, v. 165, p. 46-53, 2019.
MIRANDA, J. E.; MALAQUIAS, J. B.; NETO, O. G.; VIVAN, L. M. Castanho amargo. Revista
Cultivar, v. 207, p. 12-14, 2016.
MIRANDA, J. E.; FERREIRA, A. C. B.; BORIN, A. L. C. D.; SILVA FILHO, J. L.; TRIPODE,
B. M. D.; BARBIERI, A. L.; NASCIMENTO NETO, O. G. Impact of cover crops and rainfall
distribution on Scaptocoris castanea (Hemiptera: Cydnidae). Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v. 57, p. 1-6, 2022.
Pragas sugadoras na cultura do algodoeiro 37
OLIVEIRA, L. J.; MALAGUIDO, A. B.; NUNES JÚNIOR, J.; CORSO, I. C.; DE ANGELIS, S.;
FARIA, L. C.; HOFFMANN-CAMPO, C. B.; LANTMANN, A. F. Percevejo-castanho-da-raiz em
sistema de produção de soja. Londrina: Embrapa Soja, 2000. 44 p. (Embrapa Soja. Circular
Técnica, 28).
OLIVEIRA, J. E. M.; DE BORTOLI, S. A.; DANTOS, R. F.; BRITO, J.; MIRANDA, J. E. Capacidade
predatória de Orius insidiosus predando Aphis gossypii sob o efeito da temperatura e variação da
temperatura e fotoperíodo. Boletín de Sanidad Vegetal – Plagas, v. 34, p. 319-328, 2008.
PANIZZI, A. R.; BUENO, A. F.; SILVA, F. A. C. Insetos que atacam vagens e grãos. In:
HOFMANN-CAMPO, C. B.; CÔRREA-FERREIRA, B. S.; MOSCARDI, F. (ed.). Soja: manejo
integrado de insetos e outros artrópodes-praga. Brasília, DF: Embrapa, 2012. p. 335-420.
PEREIRA, R. R. C.; BARBOSA, R. D.; FERREIRA, L. D.; SILVA, D. M. P.; ZACHÉ, R. R. C.;
PEREIRA, C. E. Biological aspects and feeding behavior of cotton aphid in watermelon cultivars
submitted to silicon application. Arquivos do Instituto Biológico, v. 87, p. 1-6, 2020.
QUINTELA, E. D.; ABREU, A. G.; LIMA, J. F. S.; MASCARIN, G. M.; SANTOS, J. B.; BROWN,
J. K. Reproduction of the whitefly Bemisia tabaci (Hemiptera: Aleyrodidae) B biotype in maize
fields (Zea mays L.) in Brazil. Pest Management Science, v. 72, p. 2181–2187, 2016.
RANGEL, L. E. P.; BOTTON, M.; PAPA, G.; YAMAMOTO, P. T.; ROGGIA, S. Uso de
neonicotinoides no Brasil – Situação atual dos produtos registrados. Botton 2014 – Relação
Agricultura-Apicultura. In: WORKSHOP RELAÇÃO PRODUTIVA ENTRE AGRICULTURA
E APICULTURA, 1., 2014, Belo Horizonte. Anais… Belo Horizonte: SBDA, 2014. p. 47-53.
Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/127056/1/Botton2014-
Relacao-Agricultura-Apicultura.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2023.
RODRIGUES, S. M. M.; SILVA, A. F. Weeds associated with cotton crop and hosting whitefly.
Arquivos do Instituto Biológico, v. 85, p. 1-5, 2018.
38 DOCUMENTOS 291
ROGIA, S.; BUENO, A. F.; OLIVEIRA, M. C. N.; GREGO, C. R.; VICENTE, A. K. VICENTE, L.
E. Controle localizado. Revista Cultivar, v. 263, p. 24-28, 2021.
SANTOS, W. J. Manejo das pragas do algodão com destaque para o Cerrado brasileiro. In:
CIA, E.; FREIRE, E. C. Algodão no Cerrado do Brasil. Aparecida de Goiânia: Mundial, 2011.
p. 507-510.
SANTOS, C. A. M.; AZEVENDO, F. R.; ALBUQUERQUE, F. A.; ARAÚJO, G. P.; SILVA, W. I. D.;
MESQUITA, F. O. Azamax® application interval on cotton sucking pests and their natural enemies.
Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável. v. 14, p. 389-396, 2019.
SILVA, C. A. D. Occurrence of new species of mealybug on cotton fields in the states of Bahia
and Paraíba, Brazil. Plant Protection, v. 71, p. 467-470, 2012.
SILVA, R. A.; DEGRANDE, P. E.; GOMES, C. E. C.; SOUZA, E. P.; LEAL, M. F. Phytophagous
insects in cotton crop residues during the fallow period in the state of Mato Grosso do Sul,
Brazil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 53, p. 875-884, 2018.
SILVIE, J. P.; BÉLOT, J. L. R.; MICHEL, B. Manual de identificação das pragas e seus danos
no cultivo do algodão. Cascavel, PR: COODETEC/CIRAD-CA, 2007. 120 p. (COODETEC.
Boletim Técnico, 34).
VENNILA, S.; DESHMUKH, A. J.; PINJARAR, D.; AGARWAL, M.; RAMAMURTHY, V. V.;
HOSHI, S.; KRANTHI, K. R.; BAMBAWALE, O. M. Biology of the mealybug, Phenacoccus
solenopsis on cotton in the laboratory. Journal of Insect Science, v. 10, p. 1-9, 2010.
VIVAN, L. M.; NARDI, C.; GRAZIA, J.; BENTO, J. M. S. Description of the immature stages of
Scaptocoris carvalhoi Becker (Hemiptera: Cydnidae). Neotropical Entomology, v. 42, p. 1-5, 2013.
WAQAS, M. S.; SHI, Z.; YI, T. C.; XIAO, R.; SHOAIB, A. A. Z.; ELABASY, A. S. S.; JIN, D.
C. Biology, ecology, and management of cotton mealybug Phenacoccus solenopsis Tinsley
(Hemiptera: Pseudococcidae). Pest Management, v. 77, p. 5321-5333, 2021.
WANG, Y.; WU, S.; ZHANG, R. Pest risk analysis of a new invasive pest, Phenacoccus
solenopsis, to China. Chinese Bulletin of Entomology, v. 46, p. 101-106, 2009.
CGPE 18313