Trabalho CP

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 17

Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa

Ciência Política

Da reforma do sistema eleitoral português

Professor Regente: Miguel Prata Roque


Docente: Francisco Cordeiro de Araújo
Discente: António Pedro Martins Matos, nº 68031
Turma B/Subturma 10
Ano Letivo 2023/2024
Índice

1. Introdução e Objeto ...................................................................................... 2


2. O Sistema Eleitoral Português ....................................................................... 3
2.1. Origens .................................................................................................. 3
2.2. Propostas de mudança ao longo dos anos .................................................. 4
2.3. Estado atual e críticas ............................................................................. 4
3. O Círculo de Compensação Açoriano ............................................................. 5
3.1. Origens .................................................................................................. 5
3.2. Funcionamento e implementação ............................................................. 6
4. Proposta: Um círculo de compensação nacional .............................................. 7
4.1. Apresentação da proposta e refutação de outras teses ................................ 7
4.2. O Projeto de Lei n.º 940/XV/2ª como exemplo ........................................... 8
4.3. Críticas à solução proposta .................................................................... 10
4.4. Uma luta que continua? ........................................................................ 10
5. Conclusão .................................................................................................. 11
Bibliografia ................................................................................................... 13
Webgrafia...................................................................................................... 15
Legislação...................................................................................................... 16

Faculdade de Direito de Lisboa – Ciência Política Página 1


1. Introdução e Objeto
I. Foi Giovanni Sartori que afirmou que o sistema eleitoral era “o mais específico
instrumento manipulativo da política”1. Refletir sobre esta afirmação é refletir sobre a
natureza do sistema eleitoral, na medida em que a escolha do mesmo envolve diferentes
conceções de democracia2.

II. Porque a economia da presente exposição não permite maiores


desenvolvimentos, definiremos o conceito de sistema eleitoral a adotar na mesma. Sê-lo-
-á no seu sentido restrito: “o conjunto de normas que regulam a transformação dos votos
em mandatos nos processos de eleição de representantes para cargos políticos”3. Os
mesmos dividem-se em diversos tipos4: os sistemas maioritários (winner takes all, como
o do Reino Unido); Os sistemas proporcionais (onde se visa uma maior correlação entre
a percentagem de votos e mandatos, como o português); Os sistemas mistos (que
misturam características dos dois, como o alemão).

III. Desta forma, o sistema eleitoral português para a eleição da Assembleia da


República assenta numa decisão fundamental de escolha dos representantes dos cidadãos
(componente referida no artigo 147.º da Constituição da República Portuguesa, doravante
CRP). Não obstante essa escolha fundamental, a mesma não é isenta de críticas. De facto,
a cada ciclo eleitoral voltam as críticas ao mesmo no meio académico e, especialmente,
da comunicação social e das redes sociais.

IV. O presente trabalho insere-se, portanto, num ambiente ainda eleitoral, com as
eleições legislativas de 10 de março ainda frescas na consciência popular. Terão as críticas
apresentadas ao nosso sistema fundamento? Por que é que o legislador optou por este
sistema e não por outro? Que outras opções são apresentadas?

1
VALENTE, Nélia Vilares, Por um melhor sistema eleitoral, [Relatório de Ciência Política, Mestrado em
Ciências Jurídico-Criminais, Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa], 2005.p. 3 apud SARTORI,
Giovanni, “A influência dos sistemas eleitorais: leis defeituosas ou defeitos metodológicos, in CRUZ,
Guilherme Braga da (org.), Sistemas Eleitorais: o debate científico, Imprensa de Ciências Sociais, 1986,
onde a autora recorda a frase logo no início da sua dissertação, a nosso ver brilhantemente.
2
MORAIS, Carlos Blanco de, O Sistema Político no contexto da erosão da democracia representativa,
Coimbra, Almedina, 2023, p. 237 e 238.
3
GAUDÊNCIO, Carmen Vitória Branco, A Reforma do Sistema Eleitoral Açoriano: contornos e
consequências para a representação política, [Dissertação de mestrado, ISCTE- Instituto Universitário de
Lisboa], 2013, p. 5.
4
A economia do presente trabalho não permite desenvolver esta vertente. Para a análise da mesma, vide,
por exemplo, MORAIS, ob. cit, p. 241 e ss. e PASQUINO, Gianfranco, Curso de Ciência Política, Cascais,
Principia, 2002, p. 123 e ss.

Faculdade de Direito de Lisboa – Ciência Política Página 2


V. Por uma exposição breve dos fundamentos destas questões, esperamos
contribuir para este debate, bem como ter a oportunidade de apresentar aquela que, para
nós, se apresenta como a solução adequada: um círculo de compensação nacional.

2. O Sistema Eleitoral Português


2.1. Origens
I. A origem do sistema eleitoral português remonta ao período revolucionário do
pós-25 de abril. O sistema a ser usado seguiu o trabalho de uma comissão composta para
o efeito, que fez surgir o Decreto-Lei n.º 621-C/74 de 15 de novembro, que consagrou a
utilização do método d’Hondt em círculos eleitorais correspondentes aos distritos. Tal foi
o sistema usado nas eleições para a Assembleia Constituinte, em 1975. De facto, já nas
eleições para a Assembleia Constituinte de 1911 havia sido utilizado o método d’Hondt
nos círculos de Lisboa e do Porto5, um importante precedente.

II. A utilização do sistema e respetiva fórmula eleitoral foi fundada numa


preocupação de traduzir a vontade do corpo eleitoral da melhor forma possível6 e
aproveitando um precedente histórico. De facto, aquela é uma das marcas do sistema
proporcional: a preocupação com a correspondência entre votos expressos e mandatos
obtidos7, preocupação que surge como um “grito de guerra” após anos de opressão.

III. Na Assembleia Constituinte, a discussão sobre o sistema eleitoral a adotar


continuou. Já nessa altura, Adelino Amaro da Costa reconhecia que o sistema favorecia
os maiores partidos8. A discussão focou-se, na sua maioria, na necessidade ou não da CRP
consagrar explicitamente um determinado sistema e fórmula eleitoral.

IV. O resultado, como o conhecemos, é a atual CRP de 1976 que, além de


consagrar um sistema proporcional, também consagra a conversão de votos em mandatos
pelo método d’Hondt (artigo 149.º CRP). Isto significa que os votos de um determinado
círculo eleitoral (22 círculos plurinominais) são apurados por cada lista e divididos
sucessivamente por 1, 2, 3, 4, sucessivamente e os quocientes ordenados por ordem
decrescente numa série de tantos termos quanto os mandatos a atribuir. São atribuídos os

5
NUNES, Filipe de Arede, “O sistema eleitoral português da III República: o método d’Hondt”, in POLIS:
Revista de Estudos Jurídico-Políticos, nº7 (II série) Janeiro/Junho 2023, p. 70.
6
Idem.
7
FREIRE, André e LOPES, Fernando Farelo, Partidos Políticos e Sistemas Eleitorais, Oeiras, Celta
Editora, 2002, p. 93.
8
NUNES, Filipe de Arede, ob. cit., p. 73.
Faculdade de Direito de Lisboa – Ciência Política Página 3
mandatos às listas a que correspondem os termos estabelecidos conforme esta regra até
serem eleitos todos os mandatos a atribuir.

2.2. Propostas de mudança ao longo dos anos


I. A discussão, porém, não morreu com a aprovação da Constituição. Com o
decorrer dos anos, quer em revisões constitucionais quer em revisões da lei eleitoral (Lei
n.º 14/79 de 16 de maio, doravante LEAR), vários partidos e personalidades propuseram
outros caminhos para o nosso sistema eleitoral9. A discussão é, portanto, fundante.

II. Apontamos que, ao longo da nossa pesquisa, foram propostas novas


circunscrições eleitorais por junções de concelhos (Projeto de Lei 127/I) e implementação
de um sistema maioritário a duas voltas com um círculo nacional (Projeto de Revisão
Constitucional 1/VII). Porém, aparenta haver uma preferência por um sistema misto
semelhante ao alemão, preferência que começou com o Projeto de Revisão Constitucional
1/II da ADSI. Desde então, várias personalidades propugnam pelo mesmo, com destaque
para um projeto do PS, a Proposta de Lei n.º 169/VII.

2.3. Estado atual e críticas


I. Caracteriza-se, portanto, o sistema eleitoral português como um sistema
proporcional de lista fechada (vota-se em partidos e não em candidatos) com a utilização
da fórmula d’Hondt10. Essa fórmula é utilizada não só na tradução dos votos em mandatos
mas na própria distribuição de mandatos entre os círculos11.

II. Esses círculos são 22: os 18 distritos, as 2 Regiões Autónomas e 2 círculos para
as comunidades portuguesas.12 O sistema, portanto, assenta na presença de 2 círculos
gigantes (Lisboa, 48, e Porto, 40), 3 círculos grandes (Braga, 19, Setúbal, 19, e Aveiro,
16), 5 médios (Coimbra, 9, Faro, 9, Leiria, 10, Santarém, 9, e Viseu, 8) e dez pequenos
(Açores, 5, Beja, 3, Bragança, 3, Castelo Branco, 4, Évora, 3, Guarda, 3, Madeira, 6,
Portalegre, 2, Viana do Castelo, 5, Vila Real, 5)13.

9
Para uma visão mais alongada sobre essas propostas, vide CRUZ, Manuel Braga da (org.) , Sistema
eleitoral português: debate político e parlamentar, Lisboa, Presidência do Conselho de Ministros, 1998.
10
MONTEIRO, José António e COSTA, Patrício, “A Reforma do Sistema Eleitoral Português”, in Eleições
– Revista de Assuntos Eleitorais, Nº11, Janeiro de 2007, p. 100 e 101.
11
Artigo 13.º/2 LEAR.
12
Artigo 12.º da LEAR.
13
Os números são de acordo com o Mapa Oficial n.º 1-A/2024, publicado no Diário da República n.º
11/2024, 1º Suplemento, Série I, de 16-1-2024.
Faculdade de Direito de Lisboa – Ciência Política Página 4
III. São, portanto, características do sistema eleitoral português: Monopólio
partidário das candidaturas (art.º 151.º da CRP); Proscrição de uma cláusula barreira
(152.º); Círculos plurinominais com possibilidade de círculos uninominais e nacional
(151.º); Sistema proporcional na distribuição de mandatos e na distribuição de Deputados
pelos círculos (149.º).

IV. No entanto, o sistema não existe sem as suas imperfeições. Nomeadamente, é


apontada uma proporcionalidade menor que a média europeia14, o afastamento do
eleitorado face aos seus representantes pelo fecho dos partidos ao exterior, geral
desconfiança da classe política15 e os chamados “votos desperdiçados”, cerca de 13% dos
votos em 202216, ou cerca de 11% nas eleições de 10 de março de 202417.

V. Focar-nos-emos neste último ponto. A nosso ver, é inaceitável que num sistema
proporcional um partido com 41% dos votos obtenha uma maioria absoluta no
Parlamento, como aconteceu em 2022. Muito menos o é que os eleitores em círculos mais
pequenos tenham de votar estrategicamente, num estilo de cláusula barreira informal.
Resolver este problema é apenas mais um passo na credibilização das nossas instituições
democráticas. Porém, entre alterações nas magnitudes dos círculos eleitorais, do sistema
e fórmula escolhida, dimensão da Assembleia, entre outras questões, por que caminho
optar?

3. O Círculo de Compensação Açoriano


3.1. Origens
I. Questões muito semelhantes assolavam a Assembleia Legislativa Regional dos
Açores no início do século XXI. O sistema eleitoral açoriano era em muito semelhante
com o existente a nível nacional: A Assembleia era eleita conforme um sistema
proporcional assente no método d’Hondt em 9 círculos plurinominais (as 9 ilhas).

14
FREIRE, André, “Reformas Eleitorais: Objectivos, Soluções, Efeitos Prováveis e Trade-off necessários”,
in Sistema eleitoral e qualidade da democracia - Debate sobre o estudo: Para uma melhoria da
representação política. A reforma do sistema eleitoral, Eleições, 12, nov. 2009, p. 41.
15
ALVES, Francisco Luís Freire Ribeiro, Reforma do sistema eleitoral português: Passado, presente e
várias medidas para o futuro, [Dissertação de mestrado, FDUL], 2003, p. 36 e ss.
16
Proposta de Lei n.º 940/XV/2ª, p. 2.
17
Mais de 673 mil votos foram “desperdiçados” nas eleições legislativas de 2024: foi um em cada nove”-
https://expresso.pt/politica/eleicoes/legislativas-2024/2024-03-11-Mais-de-673-mil-votos-foram-
desperdicados-nas-eleicoes-legislativas-de-2024-foi-um-em-cada-nove-44876102.
Faculdade de Direito de Lisboa – Ciência Política Página 5
II. Por questões essencialmente assentes no contingente de 2 deputados que a lei
impunha a cada ilha, o sistema apresentava não só uma grave desproporcionalidade bem
como um fenómeno de malapportionment18, onde o voto de certos eleitores valia mais
que de outros. Tais questões faziam o resultado eleitoral divergir dos mandatos
efetivamente auferidos pelas forças partidárias, não assegurava que o partido mais votado
obtinha o maior número de mandatos e desencorajava o voto em forças políticas de menor
dimensão, especialmente em ilhas que elegiam 2 ou 3 deputados.

III. Após um longo debate e vários estudos, como a proposta de um sistema misto
semelhante ao alemão19, a solução adotada foi inovadora no contexto do nosso país. O
sistema proporcional viria a ser mantido, porém, o mesmo passaria a conter dois
segmentos hierarquizados entre si. Das várias razões para a adoção desta solução,
“perhaps the most common of which is that it gets round the problem caused by one of
the most robust findings in electoral systems research, namely the smaller the average
district magnitude, the greater the disproportionality”20. O “círculo regional de
compensação” (doravante CRC) visava fazer exatamente isso: corrigir a
desproporcionalidade provinda de círculos pequenos aproveitando os votos
“desperdiçados”. Tal desígnio culminaria na Lei Orgânica n.º 5/2006 de 31 agosto, que
alterou o Decreto-Lei n.º 267/80 de 8 de agosto.

3.2. Funcionamento e implementação


I. Com esta alteração, além dos 9 círculos de ilha, criou-se um círculo ao nível
regional (art.º 12.º do DL 267/80) que elege 5 deputados (art.º 13.º/2 do DL 267/80)
através da fórmula d’Hondt, apurando-se o número total de votos por cada lista nos
círculos de ilha, organizando os quocientes fruto da aplicação da fórmula (como se faz
para a AR e explicado supra21) por ordem decrescente. Posteriormente, eliminam-se, em
cada lista, os tantos quocientes quanto mandatos já atribuídos a cada lista. São atribuídos
mandatos às listas que correspondem aos maiores termos desta série (art.º 16.º do DL
267/80).

18
Para uma explicação deste conceito, bem como das restantes questões apontadas, vide GAUDÊNCIO,
ob. cit., p. 20.
19
A conclusão a que se chega em FREIRE, André e MORAIS, Carlos Blanco de e ARAÚJO, António de,
Entre a representação desigual e a derrota dos vencedores : estudo sobre a reforma do sistema eleitoral
dos Açores, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais, 2004.
20
GALLAGER, Michael e MITCHELL, Paul, The Politics of Electoral Systems, New York, Oxford
University Press, 2005, p. 12
21
P. 3, 2.1.IV.

Faculdade de Direito de Lisboa – Ciência Política Página 6


II. Este “círculo corretor de desigualdades”22 teve um impacto político inegável.
No que diz respeito à representação parlamentar das várias forças políticas, constata-se
que, se o CRC não existisse, nas legislativas regionais de 2024 o número de partidos com
assento parlamentar seria 3 e não 623.

III. Em termos estatísticos, embora o CRC diminuíra o problema da


desproporcionalidade e do malapportionment, aparenta-se que os resultados ficaram
aquém do desejado24. Porém, é inegável o contributo para a riqueza democrática.

IV. Portanto, a aposta numa reforma que, mantendo a proporcionalidade, optou


por algo que não confunde o eleitor ao mudar radicalmente a forma como se vota, deve
ser exemplo para o país. Desta forma, o sistema eleitoral açoriano aproximou-se do
modelo dinamarquês25.

4. Proposta: Um círculo de compensação nacional

4.1. Apresentação da proposta e refutação de outras teses


I. Desta forma, a proposta que achamos mais sensata para a solução de alguns dos
problemas do sistema eleitoral português passa pela valorização de todos os votos.
Acreditamos que tal seria um fator inequívoco na reconquista da confiança pelas
instituições democráticas, que tem sido tão perdida com o avanço do tempo. Sendo assim,
propõe-se, neste trabalho, a introdução de um círculo de compensação nacional.

II. Acreditamos que a mesma é a melhor opção por várias ordens de razões: O
sistema maioritário, além de violar a Constituição26, distorce, a nosso ver, a democracia27;
Os sistemas mistos, além de serem uma mudança radical que traria confusão aos eleitores,
teria o risco de favorecer, nos seus círculos uninominais, como costuma ser proposto, um
“localismo” e “caciquismo” que iria denegrir ainda mais o espaço político, a nosso ver,
dominados pelos “populares” da terra; A organização do colégio eleitoral num só circulo
nacional, além de ter a oportunidade de pulverizar o sistema partidário, retiraria muita

22
GAUDÊNCIO, ob. cit. p. 34.
23
https://maisliberdade.pt/maisfactos/circulo-eleitoral-de-compensacao-nos-acores/ consultado em maio
de 2024.
24
GAUDÊNCIO, ob. cit. p. 29 e ss.
25
Sobre o sistema eleitoral dinamarquês, vide GALLAGER e MITTCHEL, ob. cit. p. 453 e ss.
26
Conforme o artigo 149.º/1 da CRP.
27
Crítica comum ao sistema e referida, por exemplo, em MORAIS, ob. cit. p. 262 e 263.

Faculdade de Direito de Lisboa – Ciência Política Página 7


autonomia às distritais partidárias, que são mais próximas dos cidadãos, e tornariam os
candidatos ainda menos conhecidos aos cidadãos.

III. A proposta, ademais, não deve passar, a nosso ver, pelo aumento ou diminuição
dos Deputados já existentes no Parlamento, na medida em que, ao contrário do que dizem
certos partidos, Portugal não tem nem Deputados a mais. Estamos a meio da tabela em
termos de cidadãos por Deputado28. Reduzir ou aumentar o número de Deputados, a nosso
ver, não é uma prioridade, mas já o é a forma da sua eleição, num equilíbrio entre os
círculos distritais e o nacional.

4.2. O Projeto de Lei n.º 940/XV/2ª como exemplo


I. Apresentamos, portanto, e porque a economia da presente exposição não permite
mais, o Projeto de Lei n.º 940/XV/2ª29, apresentada pelo partido Iniciativa Liberal como
um modelo a seguir nesta reforma, na medida em que a mesma representa uma solução
inspirada na açoriana. Com um círculo de compensação, procede-se à distribuição dos
mandatos eleitos por votos “desperdiçados” pela fórmula d’Hondt, corrigindo as
desproporcionalidades criadas pela miríade de círculos de pequena dimensão, que
reduzem o leque de opções para a eleição de um deputado30, obviamente beneficiando os
grandes partidos. A escolha do projeto adveio da variedade da discussão dentro da AR,
pareceres disponíveis e foco mediático na altura da sua apresentação.

II. A própria iniciativa demonstra, através de quadros,31 a funcionalidade da sua


solução, com a correção da desproporcionalidade e aproveitamento de votos perdidos em
várias simulações.

III. Assim, a mesma propõe a criação de um círculo de compensação com 40


deputados num método semelhante ao açoriano, já explicado. Além disso, a inspiração no
modelo açoriano continua na medida em que exige, para a candidatura no círculo de

28
MONTEIRO e COSTA, ob. cit. p. 103.
29
https://app.parlamento.pt/webutils/docs/doc.pdf?path=6148523063484d364c793968636d356c6443397a
6158526c63793959566b786c5a79394562324e31625756756447397a5357357059326c6864476c3259533
8324f5755344e575a6d5969316d4f4467794c54526c597a45744f5445784f53316b4d6a517a5a5759774f54
45795a6d4d755a47396a65413d3d&fich=69e85ffb-f882-4ec1-9119-d243ef0912fc.docx&Inline=true
consultado a maio de 2024.
30
P. 1 da Proposta.
31
P. 5 e ss. da Proposta.

Faculdade de Direito de Lisboa – Ciência Política Página 8


compensação, a candidatura simultânea a outro círculo eleitoral, com preferência deste
último no caso de eleição em ambos.32

IV. É óbvio, mesmo para o mais néscio leitor, que o projeto em questão
beneficiaria partidos como o Iniciativa Liberal. No entanto, tal aparenta-se como uma
constante na reforma do sistema eleitoral, dos dois lados. Isto é, o partido do poder não
tem incentivo ou vontade para mudar o sistema e aumentar a representatividade, enquanto
que os partidos da oposição, nomeadamente os mais pequenos, lutam ferozmente por essa
reforma33-34. Porém, tais dinâmicas do poder não devem descurar o real objetivo: dar voz
ao Povo e aprofundar a democracia.

V. Em nosso ver, este modelo salvaguarda a autonomia das distritais partidárias


enquanto garante a eleição dos quadros dos partidos, permitindo um vasto leque de
candidatos e eleitos. Além do mais, aliás demonstrado pela própria proposta, por exemplo,
na página 7, minimiza os votos perdidos, limitando a ocorrência de voto estratégico,
especialmente nos círculos pequenos.

V. Demonstramos dúvidas, porém, ao próprio número de Deputados neste novo


círculo: 40. De onde seriam retirados? A distribuição de lugares pelos vários círculos após
esta redução teria de ser feita de forma cuidada, de forma a evitar a criação de círculos
uninominais (onde não haveria proporcionalidade nenhuma), evitando a redução de certos
círculos à insignificância, como o círculo dos Açores.

VI. Tais dúvidas, porém, poderiam ser mitigadas após um debate alargado do
projeto, que era o que era visado pela mesma e é o natural numa ideia deste campo. Porém,
o anúncio da dissolução da Assembleia da República no final de 2023, bem como a
oposição de vários grupos parlamentares ditaram o falhanço da iniciativa logo na votação
na generalidade35 com a oposição do PS, PSD e PCP.

32
Os artigos 15.º/3 e 17.º/2 do Decreto-Lei n.º 267/80, de 8 de agosto, que inspira a proposta nas suas
páginas 9 e 10.
33
GAUDÊNCIO, ob. cit. p. 23, por exemplo. Embora tenha sido o partido de governo a apresentar a
proposta nos Açores, a mesma veio como reação a uma situação onde o mesmo ficou a perder durante
muitos anos com o sistema eleitoral.
34
Talvez o maior exemplo será os Estados Unidos da América, onde a oposição ao Colégio Eleitoral varia
consoante quem ganhou ou perdeu a eleição.
35
Diário da Assembleia da República, XV Legislatura, II Sessão Legislativa, I série, n.º 30, de 16-12-2023,
p. 66-67.
Faculdade de Direito de Lisboa – Ciência Política Página 9
4.3. Críticas à solução proposta
I. Não obstante o mérito e a nossa concordância com o projeto, a mesma não ficou
isenta de críticas na AR. No parecer da comissão de direitos liberdades e garantias36, bem
como dos restantes pareceres pedidos37, algumas das nossas ressalvas foram expressas38.
Em primeiro lugar, expressou-se preocupação com os círculos onde se retirariam
Deputados, criando uma espécie de “cláusula-barreira” em círculos pequenos (embora já
exista), ou até criando o risco da criação de círculos uninominais que, embora permitidos
pela Constituição, devem ser, a nosso ver, evitados em nome da proporcionalidade (que
não foi equacionado nas simulações da Comissão mas que poderia acontecer). A reforma,
também, diminuiria a representação de círculos marcados por uma elevada
individualidade, como as Regiões Autónomas. A comissão também destaca, e bem, o
facto do círculo de compensação conter 17,4% dos parlamentares, enquanto que nos
Açores limita-se a 10%39.

II. Onde não seguimos a comissão é onde indica uma diminuição da proximidade
entre eleitos e eleitores, na medida em que ao permitir a autonomia das distritais permitiria
candidatos mais próximos do distrito, bem como originaria um voto mais convicto do
eleitor pela desnecessidade de um voto estratégico.

4.4. Uma luta que continua?


I. Como é evidente, o Projeto de lei mencionado foi a principal inspiração para o
trabalho que o leitor tem em mãos. Poderia ter sido uma das muitas mudanças já
propostas, sendo escolhida na medida em que se apresentou com o devido fundamento e
sofreu um posterior chumbo da Assembleia com ricos pareceres, sendo o mais recente
exemplo de um ímpeto de mudança que serviu como impulso para a presente pesquisa.

II. A nova legislatura deve ser vista como horizonte de esperança. São mais
frequentes os partidos que, conseguindo eleger em vários distritos, ou até ganhando em

36
https://app.parlamento.pt/webutils/docs/doc.pdf?path=6148523063484d364c793968636d356c6443397a
6158526c63793959566b786c5a793944543030764d554e425130524d5279394562324e316257567564473
97a5357357059326c6864476c3259554e7662576c7a633246764c325a6b4d7a55355a474a6d4c5755315a5
451744e475130595330344e44466d4c5449794f4459344e574e6c4d6d49344e6935775a47593d&fich=fd3
59dbf-e5e4-4d4a-841f-228685ce2b86.pdf&Inline=true
37
Consultáveis em
https://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/DetalheIniciativa.aspx?BID=243359
38
P. 11 e 12 do parecer da comissão.
39
P. 12 do parecer da comissão.

Faculdade de Direito de Lisboa – Ciência Política Página 10


alguns, reclamam o seu visível descontentamento com o atual sistema eleitoral. Desta
forma, chamamos a atenção do leitor a propostas recentemente discutidas na AR:

• O Projeto de Lei 20/XVI/140, do partido Livre, que propõe um círculo de


compensação de 37 Deputados;
• O Projeto de Lei 40/XVI/141, do partido Iniciativa Liberal, semelhante à iniciativa
anteriormente apresentada, desta vez com um círculo de compensação de 30
Deputados;
• O Projeto de Lei 10/XVI/142, do Bloco de Esquerda, que propõe um círculo de
compensação de 10 deputados;
• O Projeto de Resolução n.º 64/XVI/143, do Partido Socialista, que visa conduzir a
uma codificação da legislação eleitoral.

III. Este novo ímpeto de reforma eleitoral, que se iniciou enquanto se pesquisava
para esta exposição, agora que o país tem tempo para deixar as propostas assentarem e
serem discutidas, deve ser encarado como uma chance prosseguir um trabalho conjunto
a nível nacional na reflexão acerca das questões mais preponderantes do sistema eleitoral.

5. Conclusão

I. Pelo exposto no presente trabalho, esperamos ter tornado mais claro a natureza
do sistema eleitoral português, não só na sua origem, que explica as opções fundamentais
tomadas aquando da sua instituição, mas no seu funcionamento e inserção nas
classificações comumente feitas dos mesmos. Desta forma, é um sistema proporcional
em lista fechada assente na aplicação do método d’Hondt em círculos plurinominais.

II. Por conseguinte, o sistema eleitoral português, não obstante a sua natureza
proporcional, tem dado ao país as devidas condições de governabilidade que se deve,
pensamos, ao comportamento do eleitorado, que durante muitos anos, de forma mais ou
menos consistente, concentrou o seu voto nos dois maiores partidos. Tal contraria, de
certa forma, e pelo menos até agora, as leis de Duverger44, onde o mesmo sistema deveria
propiciar a dispersão das escolhas.

40
Vide https://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/DetalheIniciativa.aspx?BID=263513
41
Vide https://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/DetalheIniciativa.aspx?BID=263540
42
Vide https://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/DetalheIniciativa.aspx?BID=263499
43
Vide https://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/DetalheIniciativa.aspx?BID=263636
44
DUVERGER, Maurice, Les Partis Politiques, Paris, Librairie Armand Colin, 1951, p. 269.

Faculdade de Direito de Lisboa – Ciência Política Página 11


III. Não obstante a (in)comum estabilidade atingida pelo sistema, o mesmo não é
isento de vícios45. Cada vez mais se interpreta que o eleitorado se sente afastado, a
confiança nos políticos só piora e o sistema eleitoral parece descaracterizado às novas
formas de participação. Nestes problemas, a nosso ver, o maior é a quantidade de votos
desperdiçados, na medida em que constrange de uma forma inaceitável as escolhas dos
eleitores de círculos médios e pequenos.

IV. A nosso ver, tal problema era especialmente preocupantel na Região Autónoma
dos Açores no início do século XXI, de tal forma que despertou um ímpeto de reforma do
sistema eleitoral na eleição da Assembleia Legislativa Regional. A solução encontrada
passou por criar um círculo de compensação com âmbito regional, distribuindo os votos
de forma a que os votos “desperdiçados” consigam eleger deputados. Os resultados dessa
reforma têm sido claros e, a nosso ver, positivos.

V. O mérito da decisão, argumentamos, justifica a sua aplicação nas eleições para


a Assembleia da República. Um círculo de compensação a nível nacional devolveria parte
da crença dos eleitores no sistema político, na medida em que garantiria que todos os
votos contam, dando, também, maior autonomia às distritais partidárias, o que, por si,
resultaria em maior participação política.

VI. O Projeto de Lei n.º 940/XV/2ª é um bom exemplo da solução proposta, pelo
que merece um debate mais alargado, bem como uma nova iniciativa que aborde as
dúvidas levantadas ao mesmo, que aparentam estar a surgir.

VII. O aprofundamento da democracia é uma luta constante que cabe a todos os


seus participantes. Para tal, porém, não pode haver votos de primeira e votos de segunda,
sob pena de ser consumido pelos que exploram as suas falhas. O primeiro passo é garantir
que todos conseguem exprimir a sua opinião e que esta seja valorizada na casa da
democracia. Mas o progresso não deve para por aí, pelo contrário. No ano que marca o
cinquentenário da Revolução dos Cravos, cabe-nos assegurar a sua continuidade, limando
as arestas onde esta tem carências de reforma.

VIII. Esperamos, e assim parece, que a nova legislatura traga novo fôlego a esta
tão necessária reforma, contribuindo para o melhoramento da representação política.

45
Vide, supra, nota 14

Faculdade de Direito de Lisboa – Ciência Política Página 12


Bibliografia
ALVES, Francisco Luís Freire Ribeiro, Reforma do sistema eleitoral português: Passado,
presente e várias medidas para o futuro, [Dissertação de mestrado, FDUL], 2003.

CANOTILHO, J. J. Gomes e MOREIRA, Vital, Constituição da República Portuguesa:


anotada, Vol. II, 4º edição, Coimbra, Coimbra Editora, 2014.

CORTÊS, Jorge e ALMEIDA, Vasco (direção), Estudos Vários de Direito Eleitoral,


Lisboa, AAFDL, 1996.

COTTERET, Jean-Marie e EMERI, Claude, Les systems électoraux, Paris, PUF, 1973.

CRUZ, Manuel Braga da (org.) , Sistema eleitoral português: debate político e


parlamentar, Lisboa, Presidência do Conselho de Ministros, 1998.

DIAMOND, Larry, PLATTNER, Marc F., Electoral Systems and Democracy, Baltimore,
The Johns Hopkins University Press, 2006.

Diário da Assembleia da República, XV Legislatura, II Sessão Legislativa, I série, n.º 30,

Diário da República, I série, n.º 11/2024, 1º Suplemento, de 16-1-2024.

DUVERGER, Maurice, Les Partis Politiques, Paris, Librairie Armand Colin, 1951.

FARRELL, David, Comparing Electoral Systems, London, MacMillan Press, 1998.

FREIRE, André (org.), O Sistema político português, séculos XIX-XXI: continuidades e


ruturas, Coimbra, Almedina, 2012.

FREIRE, André e LOPES, Fernando Farelo, Partidos Políticos e Sistemas Eleitorais,


Oeiras, Celta Editora, 2002.

FREIRE, André e MORAIS, Carlos Blanco de e ARAÚJO, António de, Entre a


representação desigual e a derrota dos vencedores : estudo sobre a reforma do sistema
eleitoral dos Açores, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais, 2004.

FREIRE, André et alli, O Parlamento Português: uma reforma necessária, Lisboa,


Imprensa de Ciências Sociais, 2002.

FREIRE, André, “Reformas Eleitorais: Objectivos, Soluções, Efeitos Prováveis e Trade-


off necessários”, in Sistema eleitoral e qualidade da democracia - Debate sobre o estudo:

Faculdade de Direito de Lisboa – Ciência Política Página 13


Para uma melhoria da representação política. A reforma do sistema eleitoral, Eleições,
12, nov. 2009, pp. 25-60.

FREIRE, André, “Sistemas Eleitorais e reformas políticas: Portugal em perspetiva


comparada”, in e-Pública Revista Eletrónica de Direito Público, Vol. II No.1 Janeiro
2015. Disponível em https://e-publica.pt/article/34540 (Consultado em maio de 2024).

GALLAGER, Michael, MITCHELL, Paul, The Politics of Electoral Systems, New York,
Oxford University Press, 2005.

GAUDÊNCIO, Carmen Vitória Branco, A Reforma do Sistema Eleitoral Açoriano:


contornos e consequências para a representação política, [Dissertação de mestrado,
ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa], 2013.

KLINGEMANN, Hans-Dieter, MCALLISTER, Ian, The Comparative Study of Electoral


Systems, New York, Oxford University Press, 2009.

MIRANDA, Jorge e MEDEIROS, Rui, Constituição Portuguesa Anotada, Vol. II, 2ª


edição, Lisboa, UCP Editora, 2018.

MONTEIRO, José António e COSTA, Patrício, “A Reforma do Sistema Eleitoral


Português”, in Eleições – Revista de Assuntos Eleitorais, Nº11, Janeiro de 2007, p. 99-
141.

MORAIS, Carlos Blanco de, O Sistema Político no contexto da erosão da democracia


representativa, Coimbra, Almedina, 2023.

NUNES, Filipe de Arede, “O sistema eleitoral português da III República: o método


d’Hondt”, in POLIS: Revista de Estudos Jurídico-Políticos, nº7 (II série) Janeiro/Junho
2023, p. 69-75.

OTERO, Paulo, “Sistema eleitoral e modelo político constitucional”, in Revista Jurídica


AAFDL, nº16 e 17 Jul. 91/ Jun. 1992, p.107-121.

PASQUINO, Gianfranco, Curso de Ciência Política, Cascais, Principia, 2002.

TAVARES, José A et alli (org.), A Constituição Revista, Fundação Francisco Manuel dos
Santos, Lisboa, 2011. Disponível em https://pedro-magalhaes.org/PDFs/c05527e4-9fb8-
4fe1-97b1-0264e172fe15.pdf (Consultado em maio de 2024).

Faculdade de Direito de Lisboa – Ciência Política Página 14


VALENTE, Nélia Vilares, Por um melhor sistema eleitoral, [Relatório de Ciência
Política, Mestrado em Ciências Jurídico-Criminais, Faculdade de Direito da Universidade
de Lisboa], 2005.

Webgrafia
https://app.parlamento.pt/webutils/docs/doc.pdf?path=6148523063484d364c793968636
d356c6443397a6158526c63793959566b786c5a793944543030764d554e425130524d52
79394562324e31625756756447397a5357357059326c6864476c3259554e7662576c7a6
33246764c325a6b4d7a55355a474a6d4c5755315a5451744e475130595330344e44466d
4c5449794f4459344e574e6c4d6d49344e6935775a47593d&fich=fd359dbf-e5e4-4d4a-
841f-228685ce2b86.pdf&Inline=true (consultado em maio de 2024).

https://app.parlamento.pt/webutils/docs/doc.pdf?path=6148523063484d364c793968636
d356c6443397a6158526c63793959566b786c5a793944543030764d554e425130524d52
79394562324e31625756756447397a5357357059326c6864476c3259554e7662576c7a6
33246764c325a6b4d7a55355a474a6d4c5755315a5451744e475130595330344e44466d
4c5449794f4459344e574e6c4d6d49344e6935775a47593d&fich=fd359dbf-e5e4-4d4a-
841f-228685ce2b86.pdf&Inline=true (consultado em maio de 2024).

https://diariodarepublica.pt/ (consultado em maio de 2024).

https://e-publica.pt/article/34540 - (consultado em maio de 2024).

https://maisliberdade.pt/maisfactos/circulo-eleitoral-de-compensacao-nos-acores/
(consultado em maio de 2024).

https://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/DetalheIniciativa.aspx?BID
=243359 (consultado em maio de 2024).

https://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/DetalheIniciativa.aspx?BID
=263513 (consultado em maio de 2024).

https://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/DetalheIniciativa.aspx?BID
=263540 (consultado em maio de 2024).
https://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/DetalheIniciativa.aspx?BID
=263499 (consultado em maio de 2024).
IPU data base: https://data.ipu.org/parliament/PT/PT-LC01/election/PT-LC01-
E20240310/ (consultado em maio de 2024).

Faculdade de Direito de Lisboa – Ciência Política Página 15


Mais de 673 mil votos foram “desperdiçados” nas eleições legislativas de 2024: foi um
em cada nove”- https://expresso.pt/politica/eleicoes/legislativas-2024/2024-03-11-Mais-
de-673-mil-votos-foram-desperdicados-nas-eleicoes-legislativas-de-2024-foi-um-em-
cada-nove-44876102 (consultado em maio de 2024).

Legislação
Decreto de Aprovação da Constituição, de 10 de abril com a redação dada pela Lei
Constitucional n.º 1/2005. (Constituição da República Portuguesa).

Decreto-Lei n.º 267/80 de 8 de agosto com a redação dada pela Lei Orgânica n.º 1-B/2020
(Lei Eleitoral para a Assembleia Regional dos Açores).

Decreto-Lei n.º 621-C/74 de 15 de novembro (Lei eleitoral para a Assembleia


Constituinte).

Lei n.º 14/79, de 16 de maio , na redação dada pela Lei Orgânica n.º 4/2020 (Lei Eleitoral
da Assembleia da República.

Faculdade de Direito de Lisboa – Ciência Política Página 16

Você também pode gostar

pFad - Phonifier reborn

Pfad - The Proxy pFad of © 2024 Garber Painting. All rights reserved.

Note: This service is not intended for secure transactions such as banking, social media, email, or purchasing. Use at your own risk. We assume no liability whatsoever for broken pages.


Alternative Proxies:

Alternative Proxy

pFad Proxy

pFad v3 Proxy

pFad v4 Proxy