Angela Verdenius - Love, Heart & Soul 02 - Alma de Uma Mercenária
Angela Verdenius - Love, Heart & Soul 02 - Alma de Uma Mercenária
Angela Verdenius - Love, Heart & Soul 02 - Alma de Uma Mercenária
ALMA
DE UMA
MERCENÁRIA
SOUL OF A MERCENARY
ANGELA VERDENIUS
Envio: Bia
Tradução: Márcia Oliveira
Revisão Inicial: Ady Miranda
Revisão Final: Raquel
Leitura Final: Mary
Formatação: Ady Miranda
Informações sobre a série
1. Coração de uma fora da lei (Distribuído)
2. Alma de uma mercenária (Distribuído)
3. The Heart of the Betrayed (Revisão)
4. Love's Sweet Assassin (Na lista)
5. Soul of a Hunter (Na lista)
6. Love's Bewitching Thief (Na lista)
7. The Heart of the Forsaken (Na lista)
8. Soul of a Witch (Na lista)
9. The Heart of a Traitor (Na lista)
10. Soul of the Forgotten (Na lista)
11. Love's Beguiling Healer (Na lista)
12. Heart of a Peacekeeper (Na lista)
13. Soul Of a Predator (Na lista)
14. Love's Winsome Warrior (Na lista)
15. Heart of a Smuggler (Na lista)
16. Soul Of a Guardian (Na lista)
17 - Love, Heart And Soul Moments (Na lista)
18 - Shattered Soul (Na lista)
Resumo
Dedicatória
Para meu irmão André, minha cunhada Sue e minha doce
sobrinha Chloe. Continuem a viver os seus sonhos.
Para Leslie Hodges, editor chefe, meu coração sentiu-se
agradecido, por tudo o que você fez.
Para Richard Stroud — extraordinário artista!
E como sempre, para minha mãe, Doreen. Amo-te.
Introdução
Encostada à parede, Dana aliviou a dor de seu tornozelo ferido.
—É um daqueles sacos que selam a saída do cheiro?
—Sim. — Reya lançou um olhar sem graça para o grupo de
comerciantes. —Você não terá que se preocupar com a carcaça fétida
em sua nave.
—Que alívio. — Maverk voltou-se suavemente, embora por
dentro ele não estivesse nada calmo. Ele queria sacudi-la, porque
sabia que ela estava deliberadamente tentando deixá-lo doente.
—As larvas não vão cair no chão.
Esquecendo a sua agitação, agora ele queria bater nela.
—Eu tenho a imagem.
—Você? — Endireitando-se, ela olhou-o firmemente. —Você
realmente tem bonitão? Você já viu um corpo morto?
—Sim.
—Depois de alguns dias?
—Sim.
—Depois de cozinhar no sol quente e os animais selvagens
terem se banqueteado sobre ele?
Sua garganta travou, mas ele se recusou a permitir a ela a
satisfação de sabê-lo.
—Sim.
Duvidosamente, ela olhou para ele.
—Vermes, insetos e tudo?
Não. O cadáver que tinha visto estava congelado.
—Um homem morto foi o que vi Reya. Você quer começar uma
descrição gráfica sobre isso?
—Basta saber que você está preparado.
—Obrigado pela preocupação.
—Não me agradeça. Eu não quero ninguém vomitando em
minhas botas.
—Você está querendo uma luta, moça?
—Não iria perder o fôlego, bonitão.
Capitulo 1
A fortaleza estava sob ataque, mas não por armamentos
sofisticados e aviões de caça; correntes elétricas na atmosfera faziam
qualquer coisa eletrônica queimar rapidamente. Não, o líder dos
invasores pensava consigo mesmo severamente, naves espaciais e
lasers estavam fora de questão neste planeta abandonado.
Espadas, lanças, flechas e aríetes1 não estavam. Zormar podia
ouvir os cavalos batendo os cascos e bufando no abrigo das árvores
que estavam amarrados. Eles estavam nervosos pelos gritos e pelo
cheiro de sangue.
O baque contínuo do aríete soou ritmicamente no ar, uma vez
que bateu nos enormes portões de madeira e a voz áspera de seu
comandante soou conforme ele dava incentivo.
Ele conhecia as muralhas da fortaleza e não demoraria muito
para que os invasores rompessem a sua resistência.
1
Um aríete é uma antiga máquina de guerra constituída por um forte tronco de freixo ou árvore de madeira
resistente, com uma testa de ferro ou de bronze a que se dava em geral a forma da cabeça de carneiro. Os aríetes eram
utilizados para romper portas e muralhas de castelos ou fortalezas.
soldados pressionava por trás deles. Para baixo no portão o baque do
aríete ainda podia ser ouvido e a maioria de seus soldados estava lá,
prontos para enfrentar os invasores quando o portão finalmente
cedesse.
Era um ardil inteligente.
—As paredes! As paredes! — ele gritou enquanto corria até os
degraus de pedra que levava à passarela que circundava o interior da
muralha. —Soldados para as paredes! Nosso perigo vem de lá!
Suas palavras sufocaram quando ele fez uma parada abrupta
no topo. Quatro arqueiros cambalearam para trás, flechas saiam de
seus peitos e caíram para trás ao longo da passarela, despencando
para a morte abaixo, no pátio.
O primeiro dos invasores veio por cima do muro e Vanc
encontrou-se olhando para olhos verdes gelados, tão frios que
congelou seus ossos. Eles eram as últimas coisas que veria, antes da
morte reclamá-lo, por um golpe de espada no coração.
Ele caiu morto aos pés da bonita guerreira.
Seus soldados dispararam para frente, mas já era tarde
demais. Invasores fervilhavam por cima do muro, liderados por outra
mulher guerreira.
Suas espadas flamejavam impiedosamente conforme elas
seguiram adiante para levar os invasores à vitória, as duas jovens
guerreiras lutavam mais ferozmente que seus companheiros do sexo
masculino.
2
Fora da lei
Maverk riu.
—Relaxe, eu não estou procurando por recompensas!
—Não. — Garret acrescentou. —O que buscamos é uma
informação sobre duas moças.
—Moças? — o rosto de Simet se desanuviou. —Há um par no
andar de cima.
—Não são estas. — Maverk sorriu. —Nós procuramos por duas
Reekas.
—Ah, eu os reconheço agora. Vocês são uma parte da
tripulação Daamen que limpou o nome das guerreiras Reekas dois
anos atrás?
—Nós somos. Agora, sobre as...
—Ainda me lembro da luta entre as Reekas e os soldados Inka
aí na frente e como vocês, gigantes, entraram na briga. Que noite foi
aquela!
—Er... sim. As duas que procuramos...
—Não pode ser Tenia, aquela dos cabelos dourados. — Simet
informou-lhes com conhecimento de causa. —Ela se casou com seu
capitão. Então deve ser a irmã mais velha dela, Reya.
Com alívio, Maverk agarrou a oportunidade.
—Exatamente!
—E uma loira, — Garret acrescentou. —um pouco impetuosa.
—Um pouco? — Simet ergueu as sobrancelhas. —Não sei sobre
ser pouco. Elas são quase tão altas quanto vocês dois são. Mas de
fogo, sim, Dana é de fogo, tudo bem. Não como Reya, ela pode
congelar um homem com um olhar a menos de vinte passos!
—Você, obviamente, as conhece, então?
—Certamente que sim. — Ele descansou os cotovelos
confortavelmente no bar. —Elas chegaram aqui cobertas de sangue e
sujeira de uma batalha com um senhor de distrito, estavam
procurando um lugar para descansar.
Os olhos de Garret se iluminaram de repente.
—Qual é o quarto em que estão?
—Oh, não estão mais aqui. Isso foi há duas semanas.
—Onde estão agora? — Maverk perguntou, exasperado.
Simet bateu no queixo pensativo e seu rosto se iluminou.
—Elas estavam indo para outro emprego.
—Onde?
—Agora eu não sei. Aquelas guerreiras não são de dizer nada.
—Então, como você sabe que elas estavam indo para outro
emprego?
—Porque elas são mercenárias, com espadas sob contrato. — O
barman olhou para ele com nojo. —Elas estão procurando por
senhores da guerra do distrito, você sabe!
Maverk coçou a cabeça.
—Tudo bem, quais são os senhores do distrito que estão
lutando agora?
—Você está brincando!
—Não.
—Deixe-me ver. — O sarcasmo banhava a resposta. —Onde
você gostaria que eu começasse?
Maverk esfregou o rosto cansado.
—Basta anotá-los e nós vamos verificar o mais próximo
assentamento deles.
—Você não fala sério.
—Estou falando sério.
Vinte minutos depois, os comerciantes deixaram a taverna com
um pequeno pedaço de papel na mão de Maverk. O barman soube de
seis batalhas diferentes e estavam na lista. Duas em Ulon, uma em
Lanta e duas em Vendor.
Maverk sabia que eles iriam levar cerca de uma semana para
cobrir os três planetas. Esperava que não tomasse tanto tempo para
encontrar as guerreiras Reeka.
Capitulo 2
Reya acordou com o coração batendo forte e o suor
encharcando-a. Olhando através das brasas frias da fogueira, ela
ficou aliviada ao ver que Dana ainda dormia pacificamente.
Silenciosamente se levantou e caminhou para o rio próximo, onde
lavou o rosto na água fria.
Por que não podia esquecer? Ela olhou para seu reflexo nas
águas calmas. Os gritos, a agonia, a descrença atordoada, o horror
que assombrava os seus sonhos.
—Esqueça isso. — ela sussurrou asperamente. —O que
aconteceu está feito. Nada pode mudar isso.
—Está tudo certo, irmã?
Olhando por cima do ombro, ela viu sua prima olhando para ela
com preocupação.
—Tudo bem. Acordei você?
—Você não iria pedir desculpas se tivesse. — Dana bocejou.
Uma sobrancelha escura arqueou zombeteiramente.
—Você me conhece tão bem. Agora vigie enquanto eu tomo
banho.
—Vou trazer os cavalos para beber enquanto estiver lá, e vou
também trazer a nossa roupa suja. Você pode lavá-las enquanto você
estiver na água.
—Eu disse que estaria me banhando, não lavando a roupa suja.
— retorquiu Reya, tirando a roupa e entrando no rio.
Estava frio, claro e refrescante. Dana voltou logo levando os
cavalos de guerra e um pacote de roupas, juntamente com um
pedaço de sabão, que ela jogou para sua irmã guerreira.
Elas passaram a manhã se banhando, nadando, lavando e
secando a roupa e relaxando antes de avançar para Mathos. Uma vez
lá, elas parariam os cavalos, poriam as mochilas nos ombros com os
discos de viagens conectados, em seguida, procurariam uma taverna.
Reya sentiu os fora da lei e os marginais de toda espécie,
observá-las com olhares gananciosos e hostis, mas sabia que
ninguém se aproximaria. Elas eram bem conhecidas no Setor Outlaw
e eram um enigma. Duas bandidas perdoadas escolhendo viver no
Setor Outlaw e trabalhar para os senhores da guerra dos distritos era
algo inédito, mas havia um código tácito no Setor— não faça
perguntas. Portanto, ninguém fez.
Ao entrar na taberna ocupada, as Reekas empurraram o seu
caminho através da multidão barulhenta e aqueles que se voltaram
para reclamar, encontravam um olhar glacial e afastavam-se com um
frio na espinha.
—Posso ajudá-las, guerreiras? — Suando o barman limpou a
cerveja derramada sobre a áspera madeira da barra.
—Um quarto. — respondeu Dana. —Duas camas.
—Cinco dinnos. Acima das escadas, quinta porta à direita.
Ele entregou a chave ao longo da barra para elas. Reya subiu
as escadas, Dana seguiu atrás dela e encontraram o quarto. Era
pequeno e simples. A porta era na parede lateral.
—Bem, veja aqui. — Dana girou a cabeça em torno dele. —
Nosso banheiro privado.
Reya espiou pela janela.
—A varanda, tal como ela é. Há um beco abaixo, para que
possamos sair por uma ou outra extremidade. Bom.
—O que mais uma guerreira pode pedir? — Deixando cair à
mochila, Dana caiu para trás na cama. —Colchão encaroçado,
banheiro privado e uma fuga rápida, se necessária. É o céu!
—Frango assado soa como o céu para mim.
—Agora que você está falando. Vamos.
Encontraram a taverna ainda mais lotada, e procuraram a
tranquilidade relativa de uma mesa de canto distante. Sentada de
costas para a parede, Reya chamou a atenção de uma garota da
taverna, que correu para servi-las.
—O que vai ser guerreiras? Cerveja?
—Galinha assada e água.
—Não temos frango. Temos carne.
—Certo. — Ela encolheu os ombros. —Rosbife e legumes.
—Volto logo. —A moça da taverna se virou, evitando por pouco
ter seu amplo bumbum apertado.
Dana viu com desgosto quando ela deu um sorriso malicioso
para o homem antes de correr para longe.
—Mas que porco!
—Hmm? A mulher?
—Não. Ela é dissimulada. Ele não gostaria de tentar apalpar-
me.
Reya estudou os ocupantes da sala.
—Procurando uma luta já?
—Não. — Dana tamborilava a ponta dos dedos sobre a mesa. —
Então, novamente, já tem quase uma semana desde que saímos de
Zormar. Acho que estou ficando entediada. E você? — Ela não
recebeu nenhuma resposta e olhou para sua prima, notando seu
olhar. —O que há de errado?
Reya não respondeu imediatamente. Seus olhos estavam fixos
no gigante abrindo caminho através da multidão em direção a sua
mesa. Seus olhos castanhos olhavam diretamente para ela, com um
tênue sorriso curvando os lábios firmes.
—Bem, o inferno. — ela murmurou.
—O que é isso? — Dana começou a levantar, quando ela pegou
o laser, o seu olhar varrendo a sala.
Reya segurou-a pelo braço.
—Não se alarme irmã. Não há perigo, mas o seu tédio está
prestes a ter um fim.
Seu olhar caiu sobre Maverk, então ela gemeu quando deslizou
passando para seu companheiro, que sorria.
—Merda! O que eles estão fazendo aqui? — Ela caiu na cadeira
com uma carranca.
Aproximando-se da mesa, Maverk estudou o rosto da mulher
que ele tinha visto pela última vez há um ano. Sentada na taverna
lotada, sua frieza era como um manto invisível, separando-a do
esmagamento da humanidade. Olhos frígidos olhavam para ele em
um rosto inexpressivo.
—Olá, Reya. — Ele sorriu para ela.
—Você está muito longe de casa, bonitão.
—Como você está?
Ela não respondeu e ele sentou-se na cadeira em frente.
Sentado ao lado dela, Garret sorriu para a loira carrancuda.
—Então, meu doce, você sentiu minha falta?
—Como um buraco na cabeça. — Dana retornou com mau
humor.
—Eu vejo que você sentiu. O meu coração se alegra ao saber
disso.
—Continue falando bobagem e eu vou cortar a sua língua fora.
—Você me fere profundamente. — Felizmente, ele apoiava o
queixo em um punho.
—Não tanto quanto eu gostaria. Que diabos você está fazendo
aqui?
Olhando para Maverk, que ainda estava estudando Reya em
silêncio, ele cutucou:
— Você ou eu?
—O quê?
—Diga-lhes por que estamos aqui.
—Oh, sim. — Maverk coçou o queixo.
—Negócios? — Reya perguntou com tédio gelado.
Maverk deu-lhe um sorriso devastador que parecia não ter
qualquer efeito sobre ela.
Ele tinha, só que ela não demonstrava, recusando-se a
reconhecer o leve saltitar de seu batimento cardíaco, quando olhou
para o arrojado comerciante bonito.
—Não, moça, nós fomos enviados para buscá-las.
Dana ficou ereta na cadeira.
—O quê? Quem diabos quer isso?
—Você vai ter que baixar o tom das maldições quando nossos
filhos chegarem. — Garret sorriu para ela.
—Eu não vou ter filhos com você! E fique fora disto.
—Vamos ter filhos. — Ele piscou sugestivamente. —E eu vou
ser uma parte significativa disso.
Incapaz de parar o rubor avermelhado rastejando em suas
bochechas com as suas palavras, ela se virou e nitidamente o
ignorou. Porco arrogante com os seus olhos risonhos e palavras
sugestivas!
Reya não retirou o seu olhar de Maverk quando a moça da
taverna colocou os pratos de comida fumegante diante dela e Dana.
—Os senhores desejam o mesmo? — A moça falou com um
sorriso para os comerciantes.
—Sim, moça, estaria bem. — Maverk deu-lhe um breve aceno.
—Qualquer outra coisa... — Ela parou quando o olhar frio da
guerreira cortou para ela. —Acho que não.
Quando ficaram a sós, mais uma vez, Reya pegou o garfo e
espetou um pedaço de batata.
—Então, bonitão, você foi enviado para nos buscar. Correto?
Ele viu os vermelhos lábios macios perto do garfo.
—De certa forma. — O garfo foi retirado lentamente de sua
boca e seus rins apertaram. —É mais como um pedido.
—Eu vejo. — Uma sobrancelha escura arqueou com curiosidade
leve. —Você vai me dizer de quem é esse pedido que você traz?
—Sua irmã.
Ela espetou mais alimentos.
—Tenia. — Ela balançou a cabeça, pensativa.
—Sim. — Quando ela não disse mais nada, ele perguntou: —
Você não quer saber o que ela pede?
—Eu estou esperando você me dizer.
Ele socou para baixo o ligeiro aumento de aborrecimento.
—Você sabia que ela está grávida?
As sobrancelhas de Dana quase bateram com a linha fina.
—Tenia? Grávida?
—Sim. Seis meses. — Garret respondeu. —Seis e meio, agora.
Reya olhou para Maverk.
—Ela está bem? — Ele balançou a cabeça. —Bom.
Ele não podia acreditar quando ela voltou para a refeição.
—Você não quer saber o seu pedido?
—Eu estou esperando você me dizer. — Seus ombros delgados
encolheram. —Você me procurou. Diga-me ou não.
Seu temperamento normalmente calmo começou a incendiar.
Não eram muitos que eram capazes de despertar sua ira, sua
natureza feliz fazia isso difícil de fazer, mas esta bruxa de cabelos de
fogo nunca deixou de fazê-lo com suas respostas geladas.
—Sua irmã pediu que você estivesse lá para o nascimento de
seu primeiro filho.
—Eu vejo.
A moça da taberna voltou com as refeições dos comerciantes,
mas não se demorou. A tensão na mesa era fácil de sentir.
Os comerciantes trocaram olhares quando Reya continuou a
comer. Dana lançou-lhe um olhar perplexo, mas manteve silêncio.
Finalmente, Maverk disse:
— Vamos embora de manhã.
—Adeus.
Incerto que ele tinha ouvido corretamente, ele piscou.
—O quê?
Seu olhar sobre o rosto acendeu despachando-o.
—Adeus.
—Você não vem? — Garret estava incrédulo.
Ela tomou um gole da caneca de água fria.
—Não agora.
—Quando? — Maverk perguntou, desconfiado.
—Quando eu estiver pronta.
—E quando, exatamente, será isso?
Engolindo o último pouco da água, ela pôs a caneca de volta na
mesa.
—Você não precisa saber disso.
—Então o que eu digo a Tenia? Que você vai voltar quando
estiver pronta?
—Sim. Já acabou, Dana?
Ela encolheu os ombros e empurrou o prato.
—Claro.
—Você não terminou de comer, Dana. — Garret protestou.
—Não tenho fome. Você me fez perder o apetite.
Quando Reya se levantou o olhar de Maverk caiu sobre o laser
no coldre da cintura. Ela estava pronta, como um aviso para entregar
a morte a quem ousasse atacá-la.
Passando por ele, ela foi levemente surpreendida pelo repentino
aperto em seu pulso. Com qualquer outra pessoa ela teria atacado,
mas com ele, ela apenas olhou com desdém gelado.
—Há mais alguma outra coisa?
—Sim. — Ele enfrentou o seu olhar. —A sua resposta não é boa
o suficiente.
—Isso é tudo o que você vai conseguir, bonitão.
Liberando a mão, ele deu um sorriso apertado.
—Então nós vamos ficar por aqui até me dar uma resposta
melhor.
Sem outra palavra que ela foi embora, seguida por Dana.
—Eu nunca pensei que ela fosse agir assim. — disse Maverk
sobriamente.
—Nem eu. Reya sempre foi muito chegada a Tenia e pensei que
ela fosse aproveitar a oportunidade para voltar para o nascimento.
—Acho que vou ter que esperar até que elas estejam prontas
para ir. — De repente, ele sorriu. —O que você diria sobre isso, meu
amigo?
Garret levantou o garfo em saudação.
—Eu vou comer a isso!
Urion não tinha mudado nada em dois anos, desde a última vez
que ele tinha visto, Maverk observou. O assentamento continuava
grande, espalhado e sujo. Tabernas abundantes pelas ruas e os olhos
duros das prostitutas vigiavam ao redor das portas e nas varandas.
Pessoas com roupas ásperas de todos os estilos passavam
apressados aqui e ali, do outro lado da larga e empoeirada rua,
homens com olhos gelados e feições duras, caminhavam pelas
calçadas. Risos bêbados saíam das tabernas, juntamente com os sons
de vidro quebrado e canto. Soou um grito estranho e um choro, que
ninguém tomou conhecimento. Isso nunca iria mudar.
Mais de um par de olhos seguiram o comerciante gigante e a
guerreira alta quando eles caminharam no meio da rua quente, jatos
de poeira fugiam sob suas botas.
—Lugar legal, — Maverk disse secamente, quando uma janela
da taberna quebrou e um homem bateu na calçada.
Reya o viu cambaleando sobre seus pés e correr de volta para
dentro, mas seus sentidos estavam sintonizados para pegar o mais
leve movimento que poderia ser uma ameaça.
—Ei, Reya, tem um guarda-costas? — uma prostituta gritou
para baixo, da varanda de uma taverna próxima. —Como consigo
para mim um pedaço grande como esse que você tem?
Seu passo nunca vacilou, nem seus olhos saíram da estrada.
—Se você o quer, ele está à disponível, você pode tê-lo, Valra.
—Whooee! Ei, musculoso, venha cá! Eu tenho algo que você
pode ter de graça!
Maverk sorriu para a prostituta. Sua oferta era apenas uma das
muitas que ele recebeu de mulheres durante toda a sua vida.
— Meu doce temo que só possa lidar com uma moça de cada
vez e agora, — ele piscou, — eu tenho uma mulher selvagem
puxando a minha corrente!
Ela soltou um grito de riso.
—Maldição, mas você é encantador!
—Ela está certa — murmurou Reya com desgosto sob sua
respiração.
—Você disse alguma coisa, minha pequena moça selvagem?
—Nada que valha a pena ouvir. Vire à esquerda aqui.
Pararam diante de um beco estreito, que só era grande o
suficiente para permitir-lhes irem em fila.
—Depois de você. — Ele fez um gesto expansivo. —Moças,
primeiro.
—Saia da galhardia, bonitão, que é um desperdício comigo.
Ele acertou o passo atrás dela.
—Eu não penso assim. Para mim você sempre será uma moça
de classe.
—Então você terá uma grande decepção em breve.
Maverk riu e ela olhou por cima do ombro. Ele era tão alto que
bloqueava qualquer visão da rua, seus ombros enormes eram tão
amplos que quase roçavam a parede em cada lado do beco estreito.
—Como o que você vê?
—Se o seu ego fosse maior, nós nunca conseguiríamos colocar
você de volta na nave.
—Eu tenho algo muito maior do que o meu ego, — respondeu
ele alegremente. —Cresce cada vez que vejo você...
—Nós estamos aqui.
Na parede do beco estreito, havia uma porta de metal pesada.
Levando a pistola laser, ela usou a coronha para bater
acentuadamente sobre ela. Um minuto inteiro se passou sem
reconhecimento.
—Talvez ele não esteja em casa, — sugeriu Maverk.
—Ele está.
Um pedaço de aço na porta bateu para trás para revelar uma
pequena abertura. Olhos cinzentos lacrimejantes olharam para eles.
—É você, guerreira.
—Temos negócios com você.
Os olhos lacrimejantes cinza mudaram para Maverk e se
estreitaram suspeitosamente.
—Desde quando os comerciantes Daamen lidam com armas de
morte?
—Não é o seu negócio fazer perguntas, Deathman. — Reya
disse friamente. —Você nos recebe ou não?
—Muito bem.
A abertura de aço fechou e a porta se abriu sem ruído.
Entrando rapidamente, Reya deu sobre o quarto nu e frio um olhar
arrebatador. Além dos armários de aço, estava vazio.
Seguindo-a, o olhar curioso de Maverk tomou a única mesa e a
lâmpada sobre suas cabeças. Não havia nada que sugerisse que o
estranho homem magro com a cabeça careca e barba irregular, era
um fabricante de armas.
—Então, o que você deseja neste momento, guerreira? —
Deathman esfregou as mãos. —Nova atribuição? Ouço que os
senhores da guerra em Vulya estão à procura de combatentes.
—Busco informações.
—Eu não lido com isso.
—Você pode fazer agora. — Retirando o objeto pequeno e
redondo da bolsa em seu cinto, ela o segurou na palma da mão. —
Isso tem a sua marca nele. A quem você vendeu?
Tomando o objeto da mão dela, sua expressão suavizou-se,
olhos franziram nos cantos quando ele acariciou a pequena arma
mortal, amorosamente.
—Este é um mini-cortador.
—O que exatamente é isso? — Maverk perguntou.
—Olhe. — Ele atirou o objeto pequeno na mesa de madeira.
Várias lâminas afiadas piscaram para fora, girando pelo ar e
incorporando em si mesmo profundamente na madeira da mesa.
—Corta através de um homem e sai do outro lado em questão
de segundos — Deathman informou-o com orgulho.
Maverk podia acreditar. De repente, o idoso já não parecia
inofensivo. Agora ele podia ver o brilho maníaco nos olhos cinza
lacrimejantes, e o puxar cruel no canto da boca fina.
—Para quem você vendeu? — Reya perguntou.
Deathman fez uma careta.
—Você, de todas as pessoas, sabe que eu não revelo meus
clientes.
—Quem?
Ele gesticulou para os armários de aço em toda a sala. Tenso,
Maverk intensificou ao lado dela, estendendo uma mão para ela e a
outra mão no laser em seu quadril. Reya apenas observava, de
braços cruzados, quando Deathman abriu as portas dos armários,
para revelar uma variedade espantosa de arsenal, de todas as formas
e tamanhos.
—Diga-me o que você quer e pode tê-lo.
—Informações.
—O que a minha vida valeria se eu informasse sobre os meus
clientes?
—Mais do que vale agora.
—Não.
O olhar mortal nunca vacilou.
—Para quem você vendeu?
—Eu não sei.
Sua luz pisou no chão de cimento, ela começou a avançar.
—Eu sugiro que você lembre-se, Deathman. Rápido.
—Você sabe que eu não...
—Você pode fazer agora.
—Discutir não faz nenhum sentido para sua amiga,
comerciante. Ela... — Sua voz foi sufocada por seu antebraço contra
a sua garganta empurrando-o de volta contra os armários de aço.
O brilho prata e fosco de uma lâmina apareceram debaixo de
seu nariz.
—O nome.
—Reya...
—Isso tem a ver com um conhecido meu. Se você não me
disser o nome do seu cliente, poderá ser uma correspondência certa
para o seu nome, entendeu?
Um filete de suor escorregou ao lado do seu rosto.
—Nós sempre lidamos bem, juntos. Você sabe do meu padrão.
Minha honra.
—Eu não tenho honra e meus padrões são suspeitos. Eu nunca
fingi o contrário. Agora, o nome.
Um arrepio de inquietação escorria na coluna de Maverk, com
as palavras que ela disse o amortecimento em sua voz.
—Reya...
—Cale a boca, bonitão. Você tem cinco segundos, Deathman.
—Eu não posso dizer-lhe!
—Um.
—Reya!
—Dois.
—Você conhece o meu código de honra!
—Você não tem código. Três.
Maverk estava tenso. Certamente ela ia se afastar?
—Eu não posso dizer-lhe!
—É melhor dizer ou vou dar-lhe algo para se lembrar de mim e
não vai ser agradável. Quatro.
—Por piedade!
—Cinco. Tempo esgotado.
Pulando para frente, Maverk agarrou o seu pulso.
—Pare!
Seus olhos nunca deixaram o rosto de Deathman, mas havia
uma selvageria tranquila em sua voz.
—Solte-me.
—Matá-lo não nos dará a resposta.
—Não interfira no que você não sabe.
Os olhos de Deathman piscavam desesperadamente da
guerreira para o comerciante.
—Eu não posso deixá-la matá-lo. — os dedos de Maverk
apertaram uma fração. —Deixe-o ir.
Lentamente, ela virou a cabeça e seus olhos se encontraram.
Um par deu um aviso, o outro uma inclemência fria, congelada.
—Não me empurre ou você poderia muito bem acabar deitado
ao lado dele.
As palavras tiveram o impacto de um punho batendo-lhe no
estômago. Choque veio primeiro, depois a raiva.
—A menos que você tenha mudado de idéia — ela pressionou
deliberadamente. —Se você não está mais interessado em encontrar
seu amiguinho... bem, então. — Recuando, ela liberou seu prisioneiro
e embainhou o punhal. —Não vamos mais perder tempo, vamos
embora.
A bruxa selvagem o tinha sobre um barril. Pelas estrelas,
quando ele voltasse para a nave...
Deathman começou a andar de lado se afastando e enfureceu
Maverk ver Reya de pé, braços cruzados e olhos desinteressados,
sem intenção de parar a sua única fonte de informação, deixando-a
escapar.
Mas havia melhores maneiras de obter respostas que não tem
que envolver derramamento de sangue.
—Você é fã de suas armas — ele falou lentamente.
As palavras pararam Deathman em seu caminho e ele se virou
para olhar cautelosamente para o gigante loiro.
—Dá pena vê-las todas destruídas — continuou Maverk.
Os lacrimejantes olhos cinzentos arregalaram.
Pegando seu laser, Maverk abriu um armário próximo.
—Não seria preciso muito para causar uma pequena explosão
entre suas armas. Percebo que você tem explosivos entre elas. — Ele
balançou a cabeça. —Não é inteligente. Tudo o que se tem a fazer é
acender um explosivo e tudo se vai. Cada uma de suas preciosas
armas seria destruída.
O rosto de Deathman ficou mais pálido do que já era.
—Você não!
Ele levantou o laser.
—Eu não...?
Surpresa, Reya assistiu Deathman jogar-se entre o armário de
aço e o laser.
—O que você quer saber?
Virando a cabeça, Maverk enviou-lhe um olhar firme.
—Pergunte a ele.
—Não olhe para mim. É a sua visita.
Quando voltassem para a nave, ele iria estrangulá-la.
A fúria em seus olhos fez Deathman tremer. Ele não tinha idéia
de que essa fúria não era dirigida a ele. Tudo o que sabia era que ele
temia este gigante de aparência perigosa.
—Eu vendi a um homem chamado Royce.
—Onde ele pode ser encontrado?
—Na taberna.
—Qual?
—O Cão Selvagem.
Maverk olhou para Reya.
—Você conhece?
Ela assentiu desinteressadamente.
Guardando o laser, ele recuou.
—Suas armas estão seguras por agora. Ninguém sabe que
viemos buscar informações e você não nos disse nada. Certo?
—Certo, — Deathman resmungou.
Então, o bonitão não era tão estúpido depois de tudo. Surpresa,
surpresa.
Maverk passou por ela e o olhar dele queimou-a com a
retribuição prometida.
Legal. Deixe-o tentar. Ela iria estripá-lo como um peixe que
pegou no rio.
—Foi um prazer negociar com você novamente. — Ela sorriu
friamente para Deathman, virou e saiu.
Ele correu atrás deles para trancar a porta fechada de forma
segura, então caiu de joelhos.
Reya esperou até Ewin e seus bebês dormissem, antes que ela
entrasse no banheiro e vomitasse violentamente. Ela estava doente
do seu estômago, doente da morte e doente de fazer viúvas e órfãos.
Encostada à parede, ela limpou o suor de sua testa e enxaguou
o gosto azedo da boca com um copo de água.
Se fosse tão fácil enxaguar o azedume de sua alma.
Ela viu o vermelho de seus olhos no reflexo do espelho, ela
olhou-se, vendo o sangue seco misturado com sujeira em sua pele e
roupas. Sujeira e dinheiro de sangue foram a recompensa para os
dias de matança.
Espontaneamente, os sons de espadas em choque e explosão
lasers tocaram em seus ouvidos, os gritos dos moribundos, a dura
respiração dos lutadores. Sua imagem desbotada, uma névoa escura
que vinha sobre os olhos, outra cena tomando seu lugar.
O quente e seco vento do deserto, gritos de agonia, um rosto
queimado e enegrecido implorando, sem palavras, pela
misericordiosa morte. O riso das crianças e o medo nos olhos dos
homens, horror e descrença, negação...
—Atirem para matar — ela sussurrou.
Pega no mais negro dos pesadelos, revivendo um passado
tortuoso, escorregou para o chão. Enrolando em seu lado, Reya
abraçou os joelhos contra o peito, tentando mentalmente afastar os
horrores que a perseguiam.