Dissertação de Mestrado - Ciro Campelo
Dissertação de Mestrado - Ciro Campelo
Dissertação de Mestrado - Ciro Campelo
VILA VELHA
AGOSTO / 2016
UNIVERSIDADE VILA VELHA - ES
VILA VELHA
AGOSTO / 2016
Catalogação na publicação elaborada pela Biblioteca Central / UVV-ES
CDD 306.2
Dedico à pessoa mais importante da
minha vida, minha amada esposa,
Rosangela Carlos Pinto; meus pais que
sempre acreditaram em mim; minha avó
Perciliana que, ainda na década de 90,
preveu esse momento.
AGRADECIMENTOS
Após vários anos, afundado numa inércia enorme potencializada por uma
terrível depressão causada pela obesidade mórbida, essa lista de agradecimentos
àqueles que de alguma forma me conduziram a esse momento será enorme.
Aos meus pais, principalmente meu amado pai. Não apenas por ser o
financiador particular desse mestrado, mas por sempre incentivar-me a estudar,
ensinando-me o caminho dos livros e da música popular brasileira. Agradeço à
minha mãe, por ter sofrido comigo em alguns momentos e por sempre encorajar-me
a seguir em frente.
OLIVEIRA, Ciro Campelo, M. Sc, Universidade Vila Velha – ES, Agosto de 2016.
Convergência de interesses: A relação entre a Federação das Indústrias do
Espírito Santo e o Poder Público Capixaba (1958-1971). Orientador: Prof. Dr.
Vitor Amorim de Angelo.
Este estudo analisa a relação de poder e interesse existente entre a Federação das
Indústrias do Espírito Santo e o Poder Executivo capixaba, no recorte temporal entre
1958-1971. No desenvolvimento da pesquisa não traçamos uma linha teórica única,
mas optamos por trabalhar com teorias destintas que dialogam entre si.
Primeiramente, definimos a FINDES como Grupo de Interesse que, segundo nossa
visão, utilizam métodos distintos para influenciar o Poder Público, sendo eles: a
pressão e o lobby. Em seguida, analisamos as eleições do governo capixaba,
ocorridas entre 1947 e 1962, discorremos sobre as disputas que ocorreram entre
duas elites políticas atuantes no Estado. A atuação da FINDES junto ao poder
público oscilava entre um governo e outro, até que o golpe militar em 1964
consolidou o posicionamento da Federação frente ao poder público capixaba. A
partir do governo de Christiano Dias Lopes Filho (1967-1971), a FINDES participou
das ações governamentais de forma muito intensa: primeiro, formulando o
documento que originou o programa de governo; segundo, com representantes
dentro do secretariado; terceiro, participando diretamente da reforma administrativa
realizada pelo governo; quarto, tomando assento nos principais órgãos do governo;
quinto, ajudando na formulação e incentivos fiscais para o Estado; sexto e mais
importante, a FINDES exerceu forte pressão para a implantação do Centro
Industrial. Buscamos nas Atas da Federação, jornais e revistas da época, indícios
que demonstrassem a relação da FINDES com o Poder Público, e como essa
entidade utilizava meios como a pressão e o lobby para ter seus interesses
atendidos.
OLIVEIRA, Ciro Campelo, M. Sc, Universidade Vila Velha – ES, Agosto de 2016.
Convergência de interesses: A relação entre a Federação das Indústrias do
Espírito Santo e o Poder Público Capixaba (1958-1971). Orientador: Prof. Dr.
Vitor Amorim de Angelo.
This study analyzes the relationship of power and interest existing between the
Federation of Industries of the Espírito Santo and the Executive Capixaba, in time
frame between 1958-1971. The development of research do not draw a single
theoretical line, but we chose to work with differents theories that interact with each
other. First, we define the FINDES as “Interest Group” that, in our view, use different
methods to influence the government, namely: the pressure and lobby. Then we
analyze the Capixaba government elections that took place between 1947 and 1962,
commented above on the disputes that occurred between two active political elites in
the state. The performance of FINDES with the government oscillated between a
government and another, until the military coup in 1964 consolidated the position of
the Federation against the Capixaba government. From the government Christiano
Dias Lopes Filho (1967-1971), the FINDES part of government actions in a very
intense: first, formulating the document that originated the government program;
second, with representatives in the secretariat; third, directly participating in the
administrative reform carried out by the government; fourth, taking a seat in the main
organs of government; fifth, helping in the formulation and tax incentives for the state;
sixth and most importantly, FINDES exerted strong pressure for the implementation
of the Industrial Center. We seek the Federation Minutes, newspapers and
magazines of the time, evidence demonstrating the relationship of FINDES with the
government, and how the entity used as a means to pressure and lobby to get their
interests.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15
4.1. O Centro Industrial de Vitória: A pressão da FINDES sobre o governo ........... 125
4.2. Da COPLAN-ES à SUPPIN: Empresa pública ou Sociedade de economia mista?
................................................................................................................................ 139
4.3. A implantação do CIVIT e a perda de espaço político ...................................... 147
15
Durante a década de 1930, em decorrência da “crise de 29”, a economia
cafeeira sofreu uma queda drástica, pressionando os Estados agroexportadores a
fortalecerem a atividade industrial. Todavia, o Espírito Santo obteve altos lucros na
exportação de café - pois exportava um café de baixa qualidade - e as elites
econômicas capixabas, aglutinadas na Associação Comercial de Vitória (ACV), não
identificavam um motivo concreto para fomentar a industrialização no Espírito Santo.
Compreendemos ser esse um dos fatores preponderantes para o atraso da
industrialização do Estado.
16
Essas elites alternaram-se até o fim das eleições diretas para governador,
com o advento do início do regime militar. Encerramos o capítulo dois discorrendo
sobre a implantação do período militar e o caráter industrializante desse regime.
17
da federação, Gutman Uchôa de Mendonça, como maior articulador entre a
instituição e o referido jornal.
18
1 ECONOMIA E ELITES ECONÔMICAS NO ESPÍRITO SANTO
1
Em 1920, o Distrito Federal era o que foi chamado, após 1960, de Estado da Guanabara, hoje
Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro. Nessa tabela, somamos os valores do Distrito
Federal com o restante do Estado do Rio de Janeiro.
19
Segundo Siqueira (2010), a primeira Guerra Mundial atua como um fator
de desestruturação no mercado, pois ela rompe com o comércio exterior
(exportação/importação), deixando alguns países sem entrada de capital
estrangeiro. Nessa conjuntura, foi necessário fortalecer o comércio interno
acelerando automaticamente a industrialização.
Por outro lado, tal processo ocorre de forma diferente em outras partes do
Brasil, especialmente em São Paulo, onde a ascensão da cafeicultura e do trabalho
livre começa “[...] a criar as bases para o deslocamento do sistema produtivo do
campo para a cidade” (Campos Júnior, 1996, p. 42). Essa dinâmica do café
20
baseada no regime de colonato2 fez com que algumas regiões do país –
especialmente São Paulo - começassem a acumular mais capitais que outras.
O colono era livre e dono de sua terra. Seu trabalho era materializado no
café enquanto mercadoria, por conseguinte, o colono não vendia seu trabalho para
ser consumido na produção de mercadorias. Contudo, o dinheiro obtido pelo colono
com a venda do café não era o único meio de sobrevivência, visto que o mesmo
produzia alimentos para subsistência em sua propriedade.
Para Campos Júnior (1996), essa situação dava ao colono uma falsa
sensação de independência, não deixando que este percebesse a situação de
subordinação imposta.
2
Sistema de exploração de grandes propriedades entre diversos colonos ou meeiros, que ficam
incumbidos de cultivar uma determinada área e entregar parte da produção ao proprietário,
conservando outra parte para seu próprio consumo.
21
Nesse período de entressafra, o colono recorria ao vendeiro – dono do
armazém – para a compra de artigos que não eram produzidos em sua propriedade.
Este, que “[...] através de fiados, fornecia-lhe o indispensável às suas necessidades”
(CAMPOS JÚNIOR, 1996, p. 106).
3
Café recém-colhido, não processado.
22
Essa dinâmica da economia cafeeira capixaba foi um dos principais
motivos para a manutenção da tendência agrícola do Estado nos primeiros anos do
século XX marcada pela subordinação dos pequenos e médios cafeicultores às
grandes casas comerciais estabelecidas em Vitória.
Vale lembrar que isso só era possível no Espírito Santo, pois a mão-de-
obra nas unidades produtoras era familiar, com o serviço assalariado sendo
pequeno em relação aos outros Estados.
23
Em 1960, o PIB estadual apresentava a seguinte composição: 41,8%
gerado pela agropecuária e pesca, 5,3% pelo setor industrial e 52,9 % pelo
setor terciário. Neste ano, a cafeicultura empregava 55% da população
economicamente ativa capixaba e gerava 22% da renda estadual. Por outro
lado, o beneficiamento do café representava, aproximadamente, 17 % do
valor da produção industrial e o ICMS café respondia por 62% da receita
pública estadual (ROCHA & MORANDI, 1991, p. 29).
24
como “barões do café”. Essa oligarquia governou o país desde o início do século XX
até 1930.
25
Nessa perspectiva, Leopoldi (2000) descreve o processo de criação da
Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN), importante órgão que visava
defender o interesse dos industriais cariocas:
Desse modo,
26
Todas essas associações de classe, criadas nos Estados brasileiros,
tanto no final do século XIX quanto no início do século XX, convergiram para
objetivos comuns, sendo o principal deles: pressionar o Estado a fim de garantir que
o poder público atendesse seus interesses. Ainda que a conjuntura de cada Estado
fosse diferente, o caráter de tais associações era o mesmo.
4
Disponível em: http://portal.acsp.com.br/quem-somos/historia. Acesso em 07/02/2015.
27
antagonismo tornou-se inconciliável à medida que “se desenvolviam as indústrias e
os interesses de comerciantes importantes iam de encontro com as lutas por política
protecionistas por parte dos industriais” (BARBOSA, 2008, p. 98).
Segundo Diniz & Boschi (2004), tal arranjo tinha um caráter dicotômico,
uma vez que
28
acumulação capitalista; por outro, a centralidade assumida pelo sistema
corporativo nesse período colocou o conjunto da classe empresarial em
uma situação de dependência em face do Estado (DINIZ & BOSCHI, 2004,
p. 48-49).
Para Leopoldi (2000, p. 60) existe uma relação clara entre o crescimento
industrial e o processo de organização dos industriais em associações de classe,
estabelecendo, para a referida autora, uma relação circular, uma vez que essa
classe gera pressão sobre o poder público para que haja novos surtos de
crescimento dos próprios industriais, que, por sua vez, acabam por reforçar o poder
do governo sobre o qual estabeleceu pressão.
29
1.3. Grupo de Interesses
5
No presente trabalho, a FINDES será considerada como grupo de interesse.
30
Para Santos (2002), não existe ainda um consenso entre cientistas
políticos acerca do termo grupo de interesses, uma vez que tal conceito está sempre
permeado por expressões como grupos de pressão e lobby. Esse autor procura
superar a questão definindo os conceitos de grupo de interesse, pressão e lobby.
Almond & Powell Jr (1972) apontam para uma subdivisão nos grupos de
interesses. Dentre as classificações estão: os grupos não associativos de interesses,
grupos institucionais de interesses e grupos associativos de interesses. Apenas esta
terceira definição nos interessa, uma vez que tal expressão se encaixa em nosso
objeto de estudo.
31
O crescimento e a consolidação dos grupos de interesse ocorreram em
especial nos países democráticos, uma vez que a democracia pressupõe fatores
como a independência do poder público, liberdade de imprensa, a livre escolha dos
governantes e a pluralidade partidária e ideológica, sempre reconhecendo que a
sociedade agrupa uma série de interesses divergentes.
32
Sucintamente, o partido político6 é “uma organização que tem como
objetivo colocar seu representante no poder, mesmo em países não democráticos,
ou mesmo em democracias mais frágeis” (MANCUSO, 2010).
Para Almond & Powell Jr. (1972) a articulação de interesses poderia ser
desempenhada por vários grupos diferentes e de várias formas distintas. A
articulação de interesses é colocada como a fronteira entre a sociedade e o sistema
político, e, tanto os grupos de interesse quanto os partidos políticos realizam a
função de articulação.
6
Nas páginas seguintes os partidos políticos serão definidos de forma precisa.
33
A relação de dominação ocorre quando
7
Nesse estudo serão detalhadas apenas as relações de dominação e subordinação, tendo em vista a
relevância destas para o desenvolvimento do tema proposto.
34
grandes produtores rurais que, independentemente dos partidos a qual pertençam,
estarão sempre buscando atender os interesses do agronegócio.
35
industriais que contribuíram para a criação de associações industriais antes de 1930
(LEOPOLDI, 2000).
36
associações industriais eram incipientes, o comércio detinha mais força e a maior
acumulação de capitais.
8
Getúlio Vargas assumiu o poder em 1930, após comandar a Revolução de 1930 que derrubou o
Presidente eleito Washington Luís. Seus quinze anos de governo seguintes caracterizaram-se pelo
nacionalismo e populismo. Sob seu governo foi promulgada a Constituição de 1934. Em 1937, fecha
o Congresso Nacional, instala o Estado Novo e passa a governar com poderes ditatoriais até 1945.
37
O país passava por grandes tensões, fruto da Revolução de 1930, porém,
no Espírito Santo, Aristeu Borges Aguiar governava o Estado desde 1928 e foi
solidário ao governo deposto de Washington Luís. Vários Estados apoiaram Vargas
no decorrer da revolução, inclusive Minas Gerais, mas, ao saber do apoio de Aristeu
Borges ao presidente deposto, noticiou-se uma invasão do Estado pela região
fronteiriça de Manhumirim, deixando o Estado em alerta (ZORZAL E SILVA, 1995).
[...] Getúlio Vargas decidiu-se pelo nome do capitão João Punaro Bley que,
apesar de não ser do Espírito Santo, foi indicado pela Associação Comercial
de Vitória e tivera participação importante na luta revolucionária no Espírito
Santo. Além disto, ele pertencia ao grupo de militares revolucionários [...]
(ZORZAL E SILVA, 1995, p. 115).
38
Contudo, o Espírito Santo manteve-se estagnado em relação à
dependência do café e à industrialização. Destacam-se dois fatores principais:
Sendo assim, para que investir na indústria se, mesmo em meio à crise, o
Estado superava seus recordes na exportação do café?
39
exportou uma média de 1,34 milhões de sacas” (ARAÚJO FILHO apud SANTOS,
2011, p. 116). Em outras palavras, o Estado exportou mais café durante a crise do
que antes dela, tratava-se de uma grande “euforia exportadora”.
Araújo Filho (apud SANTOS, 2011), também explica esse fenômeno. Para
o referido autor, tal movimento econômico relaciona-se ao fato de “os cafés do
Espírito Santo serem de baixo preço, em função da sua inferior qualidade, [...] e por
isso entrarem na formação de “blends” europeus ou norte-americanos, quer para
torrados, quer para solúveis” (ARAÚJO FILHO apud SANTOS, 2011, p. 116).
Criou-se uma grande contradição, pois a área onde era cultivado um dos
piores cafés do Brasil apresentou superação de recordes e toda sua produção foi
comercializada num período de crise econômica, ao contrário dos outros Estados
produtores.
40
No aspecto político, Punaro Bley permanece como interventor do Estado
9
até 1943 , quando é substituído por Jones dos Santos Neves. Com efeito, podemos
dizer que foi Santos Neves quem deu os primeiros passos rumo à industrialização
do Espírito Santo.
9
Punaro Bley saiu da interventoria para assumir a presidência da recém-criada Companhia Vale do
Rio Doce (CVRD).
10
Punaro Bley e Jones dos Santos Neves tinham projetos diferentes para o estado. Enquanto Punaro
Bley concentrava-se em implantar o projeto varguista de desenvolvimento, trazendo dessa forma uma
maior modernização para a agricultura, Jones dos Santos Neves propunha um projeto modernizador
para o estado, procurando dessa forma desenvolver a indústria no Espírito Santo (ZORZAL E SILVA,
1995).
41
A atuação da ACV no cenário político nos direciona para a seguinte
questão: o empresariado é um ator político forte no Brasil?
42
QUADRO 1 – AS CINCO ONDAS DE TRABALHOS SOBRE O EMPRESARIADO
Primeira Onda Segunda Onda Terceira Onda Quarta Onda Quinta Onda
Década de 1950 até Década de 1960 até a Segunda metade da Segunda metade de Primeira Metade da
meados da década década de 1970 década de 1970, 1980 1990 até hoje Década de 2000 até
de 1960 e meados 1990. hoje
ATOR POLÍTICO ATOR POLÍTICO ATOR POLÍTICO ATOR POLÍTICO ATOR POLÍTICO
Hélio Jaguaribe e Fernando Henrique Renato Raul Boschi, Bem Ros Schineider, Amâncio Jorge de
Nelson Werneck Cardoso, Celso Eli Diniz e Maria Kurt Weyland. Oliveira e Wagner
Sodré. Furtado, Caio Prado Antonieta Leopoldi. Pralon Mancuso.
Júnior.
43
O primeiro momento, com o recorte temporal 1930-1945, caracteriza-se
por “um amplo processo de diferenciação do empresariado industrial em face dos
seguimentos agroexportadores”. Esse momento está bem caracterizado no tópico
1.3 dessa pesquisa, quando percebemos a ascensão da indústria através da
formação das associações de classe que buscavam, paralelamente, conquistar seu
espaço político.
O segundo momento refere-se aos anos 1950 que ficam marcados com a
projeção nacional da FIESP – a principal entidade de classe do setor industrial
brasileiro. Nesse segundo momento, observou-se “um amadurecimento das
propostas do empresariado, com a formulação de um projeto industrializante que
veio a integrar a matriz ideológica desenvolvimentista do governo Kubitschek” (DINIZ
& BOSCHI, 2004, p, 49). Nota-se, nessa fase, como o empresariado cria uma
coalizão que acaba dando suporte ao modelo criado por Juscelino Kubitschek,
assumindo, assim, um papel ativo nesse novo modelo de desenvolvimento.
44
A terceira fase, a partir do governo de Ernesto Geisel caracterizou-se
exatamente pelo fechamento desse processo decisório que levou “a uma
progressiva exclusão dos empresários das instâncias estratégicas para a definição
das grandes diretrizes da política econômica” (DINIZ & BOSCHI, 2004, p. 50). Tal
ciclo se fechou a partir do momento em que o governo militar iniciou uma campanha
pela estatização da economia, o que culmina na retirada do apoio das elites
industriais face ao governo (DINIZ & BOSCHI, 2004).
11
O termo elite empresarial “refere-se a um grupo que possui ou controla diversos tipos de capital e,
portanto, possui poder econômico relevante frente à sociedade, mas dentro desse grupo são
considerados apenas aqueles que se destacam no processo de representação política do próprio
grupo. Isso permite que a elite empresarial seja considerada mais do que uma elite econômica, mas
também como uma elite política [...]” ( COSTA, P.R.N.; ENGLER, I.G.F., 2008, p. 493).
45
2 O PROCESSO DE CRIAÇÃO DA FINDES E SUA RELAÇÃO COM O
PODER PÚBLICO CAPIXABA
[...] anistia aos presos políticos e, em maio de 1945 lançou mão do Decreto-
lei nº 7.586, por meio do qual criara um código eleitoral provisório, que
regulamentaria as eleições presidenciais e para a Assembleia Nacional
Constituinte (função que se revestiria o Congresso Nacional). Esta Lei,
também conhecida como Lei Agamenon, introduziu na legislação eleitoral
brasileira a exigência de organização de partidos políticos de bases
nacionais (OLIVEIRA, 2013, p. 66).
“ [...] muito mais por eventos internacionais que por dissensões econômicas
internas graves que estabelecessem sérios conflitos de classes, não
12
O Manifesto dos Mineiros foi uma carta aberta, publicada em 1943, por intelectuais de Minas
Gerais onde defendiam a redemocratização e o fim do Estado Novo.
46
produziu uma substituição radical dos grupos no poder, embora exigisse
uma reformulação político-institucional”. (SOUZA, 1983, p. 65)
Sendo assim, mesmo que a atuação fosse com os mesmos atores, essa
redemocratização representou uma “nova fase no processo de mudanças do Estado
brasileiro, posto que, a partir daí até 1964, o espaço político-institucional foi reaberto
a uma maior participação das forças sociais”. (ZORZAL E SILVA, 1995, p. 155).
47
Citamos como ponto de partida para a definição de partido político
(BURKE apud SARTORI, 1982, p. 29), onde o autor destaca que o partido é
48
Com efeito, os pluralistas surgem como uma opção para remediar as
deficiências que encontraram na teoria democrática de Schumpeter13. Para sanar
esse deficiência os pluralistas partem da existência de várias determinantes da
distribuição de poder, ou seja, seriam vários centros de poder. A essência desses
estudos buscam investigar a distribuição de poder nas democracias ocidentais
(HELD, 1987).
13
Joseph Aloir Schumpeter em sua teoria democrática relata o cidadão como um ator isolado e
vulnerável no mundo político, onde o que ocorre é um embate das elites para ocupar o poder. No
entanto, Schumpeter despreza o papel dos grupos intermediários, tais como: associações, grupos
religiosos, sindicatos, etc.. Os pluralistas procuram sanar essa deficiência através da análise direta da
dinâmica política dos grupos no jogo democrático (HELD, 1987).
49
Figura 1 – Liberalização, inclusividade e democratização.
50
Esses pequenos partidos regionais tinham como lideranças aqui no
Espírito Santo representantes das forças agorfundiárias e mercantis-exportadoras
como já citado. Dessa forma, percebemos que à luz da teoria dalsiana, o Espírito
Santo seguia para uma oligarquia competitiva, onde ele passa para uma maior
contestação pública, se tornando um regime competitivo, mas, não uma poliarquia.
51
Como já citamos, para que ocorressem eleições seria necessário que os
atores políticos se organizassem em partidos políticos.
No Espírito Santo, o PSD despontou como o partido mais forte, tendo sido
necessário que houvesse articulação a nível local com as forças sociais da época.
Essas articulações eram de extrema importância para a definição dos resultados
eleitorais (ZORZAL E SILVA, 1995).
52
Vale ressaltar que, com o novo regime, especialmente no Brasil e em
seus Estados, surgiu ao mesmo tempo, uma nova classe dirigente - os novos
governantes e políticos que assumiram cargos políticos, eleitos pela vontade
popular. Ou seja, os estados passaram agora, depois de quinze anos, a eleger seus
governantes.
O Brasil teve uma situação política específica após 1930, com Vargas no
poder até 1945. No entanto, apoiada no principio representativo, a democracia
emergiu de forma definitiva em vários países ocidentais a partir do final da segunda
guerra mundial (1945), esse foi um dos motivos que fez o Estado Novo perder força.
53
É necessário retomar as bases teóricas das elites para compreender as
disputas que ocorriam dentro do arcabouço político capixaba.
54
É interessante ressaltar que a Assembleia Legislativa nos anos 1950 era
composta em sua maioria por representantes do setor agrofundiário e Santos Neves
sofria resistências inclusive dentro do seu partido, como veremos mais à frente
(ZORZAL E SILVA, 1995).
14
Carlos Fernando Monteiro Lindenberg exerceu, por dois mandatos, o cargo de governador do
estado do Espírito Santo, de 29 de março de 1947 a 31 de janeiro de 1951 e de 31 de janeiro a 10 de
outubro de 1959.
15
Dados disponíveis em: http://www.tre-es.jus.br/eleicoes/eleicoes-anteriores/eleicoes-anteriores-a-
2006. Acesso em 22/01/2015.
55
ocupar as vagas para o Governo e o Senado, o PSD também ficou com 14 das 32
vagas em disputa na Assembleia Legislativa16.
Dessa vez o resultado foi apertado, porém o PSD consegue mais uma
vez a eleição para o Poder Executivo capixaba com Jones Santos Neves no
comando, derrotando o candidato Afonso Schwab, da Coligação Democrática17.
Auxiliado pelo PTB, o PSD consegue grande maioria na Assembleia Legislativa,
somando, juntos, 21 das 32 vagas disputadas. Essas eleições demonstram a força
do PSD à época, pois mesmo contra uma coligação de seis partidos, manteve
hegemonia no Estado.
56
mecanismos institucionais capazes de funcionar como força motriz para um futuro
desenvolvimento industrial” (VASCONCELLOS; PANDOLFI, 2004, p. 132).
Ainda havia a questão que, para se formar uma federação, era necessário
o mínimo de cinco entidades sindicais registradas, ou seja, cinco sindicatos
representantes de atividades ligadas ao setor (RAINHA, 2012).
18
Filho de imigrantes libaneses, criou em 1943 a Buaiz Alimentos, se tornando empresa pioneira na
área alimentícia no Espírito Santo, em 1958 por iniciativa própria cria a FINDES.
57
[...] legitimação política do seu governo e com a formação e constituição de
apoios políticos modernos, mais consistentes, ao projeto modernizante que
ele e Lindemberg estavam tentando implantar, Jones viu na emergência de
um empresariado ativo e bem organizado uma base em que aquele projeto
também poderia se apoiar (SANTOS, 2011, p. 136).
19
Disponível em: http://www.fecomercio-
es.com.br/default_frame.asp#[AbreEmDIV]ajax.asp?link=indep&id=58. Acesso em 09/02/2015.
58
clientelística de favores pessoais, diminuindo a adesão de muitos eleitores e
políticos.
O fato é que o PSD estava dividido e havia um impasse para o nome que
concorreria ao pleito de 195420. Além disso, o partido não conseguiu um leque
significativo de alianças para o referido pleito, diferentemente da oposição, que
lançou seu candidato pela Coligação Democrática (PR, PSP, UDN, PDC, PRP,
PRT). Nesse sentido, as eleições de 1954 foram um marco para a política capixaba,
pois além de retirar o PSD do Poder Executivo, trouxeram à tona um dos mais
emblemáticos políticos do Espírito Santo: Francisco Lacerda de Aguiar, o popular
Chiquinho.
Contudo, esse marco demonstra que a elite política - que estava em torno
do PSD e de seus dois ícones (Jones dos Santos Neves e Carlos Lindemberg) - não
conseguiu se sustentar no poder por mais uma eleição. Concluímos que, apesar de
forte, a elite não estava consolidada no poder. Essa consolidação ocorre de fato
apenas no final da década de 196021.
Pareto (1984) propôs uma teoria que explica essas alternâncias de poder.
Para o referido autor, a sociedade está dividida em dois estratos, um estrato
superior, onde estão os governantes, e um estrato inferior onde estão os
governados.
20
Segundo OLIVEIRA (2013, p.77), o PSD estava dividido entre Ary Viana, este que era o preferido
de Jones dos Santos Neves, e Eurico Salles, que era considerado de maior consenso dentro do
Partido.
21
A Consolidação da elite urbano-industrial no arcabouço político capixaba será um assunto tratado
com mais propriedade adiante.
59
A grande questão debatida é que ocorre uma circulação entre esses dois
estratos. Essa mudança ocorre por meio da “[...] circulação das classes eleitas, a
classe eleita do governo encontra-se em Estado de contínua e lenta transformação,
corre como um rio, e a de hoje é diferente da de ontem” (PARETO, 1984, p. 82).
Essas mudanças também ocorrem “[...] seja pelo afrouxamento da circulação da
classe eleita, seja por outra causa, se acumulam nos estratos superiores elementos
decadentes que não têm mais os resíduos aptos a mantê-los no poder [...]”
(PARETO, 1984, p. 82).
Sendo assim, Chiquinho se elege no pleito de 1954 com 55,2 % dos votos
válidos, derrotando o candidato Eurico Salles do PSD22. Como afirmou Zorzal e Silva
(1995), o governo do Estado estava agora na mão de um típico representante do
setor rural, pois Chiquinho era de uma família aristocrata do sul do Espírito Santo,
altamente ligado à produção de café. Entretanto, as forças políticas que deram
sustentação à campanha e à consequente vitória de Chiquinho eram vinculadas a
elites mercantis-exportadoras.
22
Dados disponíveis em: http://www.tre-es.jus.br/eleicoes/eleicoes-anteriores/eleicoes-anteriores-a-
2006. Acesso em 22/01/2015.
23
Plínio Barreto. O Estado de São Paulo, 26/01/1947.
60
Além da massificação que desvincula os indivíduos de suas verdadeiras
classes, e uma falsa perda de representatividade da classe dirigente, o populismo
tem como marca fundamental a “[...] presença de um líder dotado de carisma de
massas” (WEFFORT, 2003, p. 26).
61
estatal24. Dessa forma, Buaiz precisava organizar os empresários numa entidade
que representasse os reais interesses dos industriais do Estado.
24
Apenas no pós-64 é que se forma um contexto propício para a convergência de interesses entre o
estado e os empresários. O assunto será abordado no capítulo 3.
25
Somados os resultados do Estado da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro.
26
Disponível em http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-
%20RJ/censoindustrial/Censo%20Industrial_1960_BR.pdf. Acesso em 23/09/2015.
27
Somados os resultados do Estado da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro.
62
Entretanto a tabela 4 e o gráfico abaixo demonstram que em quarenta
anos, percentualmente, o Espírito Santo foi o Estado da Região Sudeste que mais
cresceu em relação à industrialização.
1400,00%
1324,00%
1200,00%
1000,00% 891,71%
774,64%
800,00%
% Crescimento
600,00%
390,28%
400,00%
200,00%
0,00%
ES RJ SP MG
30
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE .
28
Tanto na tabela como no gráfico somamos o Estado da Guanabara com o Rio de Janeiro.
29
Disponível em http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-
%20RJ/censoindustrial/Censo%20Industrial_1960_BR.pdf. Acesso em 15/11/2015.
30
Disponível em http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-
%20RJ/censoindustrial/Censo%20Industrial_1960_BR.pdf. Acesso em 15/11/2015.
63
Tabela 5 – Estabelecimentos por Classe e Modalidade Industrial
Classe e Modalidade Estabelecimentos
Produtos Alimentares 584
Madeira 349
Minerais Não Metálicos 243
Mobiliários 172
Vestuário, Calçados e Tecidos 56
Bebidas 43
Editora e Gráfica 40
Couros, Peles e Similares 29
Metalúrgica 27
Diversos 14
Mecânica 09
Material de Transportes 08
Extrativa de Produto Mineral 08
Borracha 07
Perfumaria 07
Papel e Papelão 04
Química 03
Têxtil 03
Farmacêuticos 01
Material Elétrico e Comunicações 01
Fumo -
Plástico -
Total 1608
31
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE .
Tabela 6 – Participação em % dos três setores econômicos na renda Líquida do Espírito Santo
ANO Agricultura Indústria Serviço
1960 49,9 % 5,9% 44,2 %
Fonte: Elaboração própria a partir de Siqueira (2011).
31
Disponível em http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-
%20RJ/censoindustrial/Censo%20Industrial_1960_BR.pdf.
64
Para mudar a questão da representatividade, surge a figura de Américo
Buaiz. Após a conclusão do Moinho Vitória, suas empresas faziam parte de um
empreendimento industrial. Destaca-se que, a Fecomércio não desenvolveu a
representação industrial no Estado e não possuía o apoio do poder público.
65
nasceu “de alguns gatos pingados, mas homens de muita fibra, muito bem
intencionados”. (BUAIZ, 1988, p. 8)
Essa situação é lembrada pelo próprio Américo Buaiz, quando diz que
“nós fomos governo durante algum tempo com Carlos Lindemberg” (BUAIZ apud
GURGEL, 1998, p. 23). Nessa conjuntura, é necessário analisar os motivos que
fizeram com que a FINDES fosse tão ativa no segundo governo de Lindemberg.
66
agromercantil, cuja base fundamental de interesses era expressa pela
economia cafeeira (ZORZAL E SILVA, 1995, p. 355).
33
A crise do café se agravou no início da década de 1960 quando o governo federal, por meio do
Instituto Brasileiro do Café (IBC), iniciou uma política de erradicação dos cafezais ditos
antieconômicos. Entre 1962 e 1967 essa crise se agrava no Espírito Santo, onde 53,8% dos cafezais
capixabas são erradicados, eliminando 60 mil empregos e provocando a migração de 200 mil
pessoas para a região metropolitana no Estado, além da saída de 80 mil pessoas do Espírito Santo.
(ROCHA & MORANDI, 2012; OLIVEIRA, 2013)
67
O mais importante jornal do Estado na época, A Gazeta34, era
diretamente ligado ao governo. O referido jornal realizou uma cobertura laudatória à
criação do conselho técnico, citando os conselheiros do grupo como: “os mais
representativos elementos da classe especializada e com o objetivo de apreciar os
mais sérios problemas regionais [...]”35.
Esse conselho técnico foi formado em maio de 1959, apenas três meses
após a posse de Lindemberg, e era composto por:
34
Fundado em 11 de setembro de 1928. A partir de 1948 foi adquirido pelo grupo Lindemberg,
tornando-se assim um veículo de Imprensa que apoiava abertamente o PSD.
35
Findes cria Conselho Técnico. A Gazeta, Vitória, p. 6, 22 mai. 1959.
68
Ora, Cariê, além de filho de Lindemberg, era também secretário de
Estado à época. Percebe-se, dessa forma, como o próprio governo estava no
conselho técnico da FINDES e, como essa ligação era estreita.
Zorzal e Silva (1995) defende que, o estreitamento dessa relação foi além
de uma simples paridade ideológica. Tal vínculo não se configurava apenas na
presença de Cairê nas reuniões do Conselho técnico, pois os vínculos entre,
[...] o governo estadual e o empresariado eram tão fortes que, naquele fim
de década, que o Governador Carlos Lindemberg participava ativamente
das discussões do Conselho técnico da FINDES, que era um auxiliar do
governo nas suas propostas de desenvolvimento do Estado (RIBEIRO,
2010, p. 46).
69
projeto de industrialização acelerada, a nível nacional, as quais passaram a
buscar formas de inserir o Espírito Santo em tal processo. Essas forças se
agregavam em torno da recém-criada Federação das Indústrias do Espírito
Santo (ZORZAL E SILVA, 1995, p. 359).
36
Jornalista, advogado, cronista e poeta. Exerceu várias funções públicas e privadas, entre elas a de
Assessor Jurídico do DER, Diretor Administrativo da CONDUSA, membro do Conselho diretor do
SENAI, na Federação das Indústrias, Secretário de Administração, no governo Christiano Dias Lopes,
Secretário da Casa Civil, no Governo de Rubens Rangel. Criou o Conselho do Desenvolvimento
70
resolvemos fazer uma experiência interessante. Nós resolvemos fazer um
levantamento socioeconômico do Espírito Santo (SANTOS, 2004, p. 43).
Industrial à industrialização;
71
O Organograma abaixo esquematiza a atuação do Conselho técnico da
FINDES durante o segundo governo Lindemberg.
FINDES
Conselho
Técnico
Resultado GT
Conclusões CODEC
72
b) Objetivos setoriais de infraestrutura: Energia Elétrica e Fomento à
Industrialização, pavimentação de estradas pioneiras e indústria siderúrgica;
c) Diversificação da economia;
d) Interesses Sociais: Programa de casas populares, educação formal e
educação industrial.
73
deveria incentivar a industrialização, amparar a agricultura e institucionalizar
o planejamento como prática de governo (GURGEL, 1998, p. 39).
37
Abordaremos eleição adiante.
74
Presidida pelo governador, o Codec teve como tarefa estudar o
desenvolvimento econômico e elaborar projetos sobre economia e finanças.
Era integrado também pelos secretários estaduais e representantes da
FINDES, da Federação do Comércio e de associações rurais (GURGEL,
1998, p. 40).
75
A partir da decisão do então presidente Jânio Quadros em transferir a
sede da CVRD para Vitória, a empresa adquire maior dinamismo e passou a “investir
mais intensamente no Espírito Santo, rumo à criação de condições para a instalação
da indústria siderúrgica acoplada ao Porto de Vitória” (ZORZAL E SILVA, 1995, p.
363).
38
A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, criada pela Lei no 3.692, de 15 de dezembro
de 1959, foi uma forma de intervenção do Estado no Nordeste, com o objetivo de promover e
coordenar o desenvolvimento da região. Sua instituição envolveu a definição do espaço que seria
compreendido como Nordeste e passaria a ser objeto da ação governamental: os estados do
Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e
parte de Minas Gerais. Esse conjunto, equivalente a 18,4% do território nacional, abrigava, em 1980,
cerca de 35 milhões de habitantes, o que correspondia a 30% da população brasileira.
76
Toda essa influência que a FINDES conquistara em quatro anos de
governo Lindemberg, bem como, a forte atuação no aparelho estatal, através do
CODEC, teve um enorme retrocesso após o pleito de 1962 com a vitória novamente
de Francisco Lacerda de Aguiar, que, como apresentado, não tinha preocupação em
desenvolver a industrialização no Espírito Santo (ZORZAL E SILVA, 1995).
A FINDES, por outro lado, não conseguiu ver realizado seu plano de criar,
através do CODEC, uma secretaria de planejamento constituída, especificamente,
para atuar executando o planejamento do Estado em todos os setores, incluindo
saúde, educação, assistência social e diversificação da agricultura. Era o plano
ideológico da entidade de seguir a via da industrialização para alcançar o
desenvolvimento.
77
2.4 1964: O golpe no Espírito Santo e o caráter industrializante do regime
militar
78
pela sua indecisão e falta de apoio imediato ao golpe, sua imagem junto aos
militares não tenha sido a de um político alinhado com o novo regime (OLIVEIRA,
2013).
39
Existem versões de que “Chiquinho” tenha apoiado o Golpe Militar, inclusive fazendo um acordo
com o governador de Minas Gerais na época, Magalhães Pinto, caso o mesmo precisasse utilizar o
Porto de Vitória.
79
Segundo a análise de Siqueira (2010), o país ingressava num contexto do
Capitalismo Monopolista, onde os setores capitalistas seriam beneficiados. E como
expandir esse projeto industrializante para o país?
40
No próximo capítulo, vamos falar sobre o implementação do Ato Institucional 2 e do Ato
Complementar 4, que implementaram as eleições indiretas e extinguiram o pluripartidarismo, criando
no Brasil um sistema Bipartidário.
80
uma estrutura de classe subordinada às frações superiores de uma burguesia
altamente oligopolizada e internacionalizada” (O´DONNELL, 1986, p. 21).
81
Cardoso (1975) buscando analisar a organização política da sociedade
brasileira e o papel desempenhado pelo Estado no processo de industrialização,
formula a teoria dos anéis burocráticos, quando preconiza que a burocracia
funcionava
82
Numa ditadura isso não é possível, pois o governo ditatorial age
repressivamente e alija do meio político qualquer indivíduo ou instituição que não
estiver alinhada com seu projeto de governo.
83
3 A FINDES E O GOVERNO DE CHRISTIANO DIAS LOPES (1967-
1971)
84
A promessa de uma transição legítima afim de “manter a ordem” fez com
que os partidos começassem a se movimentar para disputar as prováveis eleições
presidenciais que iriam ocorrer em 1966. A UDN (partido que foi a base civil para o
golpe) estava convicta de que lançaria Carlos Lacerda como candidato, pois nunca
havia chegado à Presidência através do voto.
Dessa forma, o apoio dado aos militares seria retribuído nas eleições
seguintes. A UDN viu no apoio ao golpe
“[...] uma forma de derrotar a forte aliança eleitoral PSD-PTB, e assim via na
“Revolução” de 1964 a sua vitória definitiva. Portanto, o movimento
“revolucionário” destinava-se a possibilitar a esse partido, que havia Estado
na oposição durante grande parte do período desde 1945, chegar ao poder”
(KINZO, 1988, p. 18).
41
Abordar tais tensões e manobras realizadas por Castelo Branco foge ao escopo desse trabalho.
Para uma leitura mais apurada ver KINZO, 1988, p. 15-27.
85
públicos, cassar mandatos e suspender direitos políticos, e aumentava
significativamente o controle do Poder Executivo sobre os gastos do
governo. O novo ato também facilitava a aprovação de emendas
constitucionais, tornava indireta a eleição para a Presidência da República
e, finalmente, extinguia os partidos políticos existentes (KINZO, 1988, p.
27).
Mesmo com todas essas dificuldades, o MDB foi formado, assim como a
Arena, sendo reconhecidos legalmente como organizações partidárias pelo Tribunal
Superior Eleitoral em março de 1966 (KINZO, 1988).
86
No Espírito Santo, os políticos conservadores que atuavam em partidos
como PSD, UDN, PRP foram em sua grande maioria para a Arena, ao passo que os
políticos do PTB em sua maioria foram para o MDB, conforme demonstra a tabela 7:
42
Segundo Zorzal e Silva (1995), a saída de Chiquinho do governo se deu mais pela pressão dos
setores urbano-industriais que estavam alocados no PSD, Findes e jornal A Gazeta. A elite política
em torno do PSD ainda se ressentia da derrota da eleição de 1962. Dessa forma os líderes do PSD
como Jones dos Santos Neves, Carlos Linemberg (dono da Gazeta) e Christiano Dias Lopes (líder do
PSD na Assembleia Legislativa), fizeram forte pressão para a saída do então governador.
43
Dentro do regime militar, o período 1968-1973 é conhecido como “milagre” econômico brasileiro,
em função das extraordinárias taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) então verificadas,
11,1% ao ano (a.a.). Uma característica notável do “milagre” é que o rápido crescimento veio
acompanhado de inflação declinante e relativamente baixa para os padrões brasileiros, além de
superávits no balanço de pagamentos. Atrelado ao “milagre econômico”, os militares também criaram
o discurso na época de que os responsáveis pela economia, planejamento e desenvolvimento do país
deveriam ser tecnocratas e não políticos, pois o cerne da corrupção estava no meio político. Esse
discurso foi propagado pelos Estados, governadores e veículos de imprensa da época.
87
dos tecnocratas, na ciência política é denominado “tecnocracia” (FERREIRA
JÚNIOR; BITTAR, 2008). Já Bresser Pereira (1981), usa o conceito de
“tecnoburocracia”, que em sua visão decorre de técnico.
88
conhecidíssimo, muito sério e muito competente na Secretaria da Fazenda,
foi ser secretário da Fazenda e por aí foi. Sobrou para mim a Secretaria de
Viação e Obras Públicas e a Secretaria de Planejamento (SANTOS, 2000,
p. 47-48).
44
Rubens Rangel assume Gôverno hoje (10h) com secretariado inteiramente técnico. A Gazeta,
Vitória, p. 01, 01 fev. 1966.
45
Conseguimos, através de pesquisas na internet, jornais e revistas localizar a profissão de alguns
secretários à época. Os que se encontram em branco não foram identificados.
89
3.1.1 As atas da FINDES no governo de Rubens Rangel e as leis ordinárias de
autoria do Poder Executivo (1966-1967)
46
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – Livro 1 – Pg. 18.
90
A presença do secretário de governo, Alvino Gatti, na reunião de
conselheiros de uma entidade industrial é um fato digno de nota. Ora, politicamente
esse não era o papel dele, mas havia um interesse em comum entre a FINDES e o
governo do Estado.
47
No próximo tópico, abordaremos o assunto de forma mais detalhada no próximo tópico.
48
Até 1970, a Findes permaneceu apenas com os cinco sindicatos de sua fundação: Sindicato da
Indústria da Mecânica do Estado Espírito Santo; Sindicato da Indústria de Torrefação e Moagem do
Café de Vitória; Sindicato das Indústrias da Marcenaria, Serrarias, Carpintarias e Tanoarias do
Estado do Espírito Santo; Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Espírito Santo e o
Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de Gêneros Alimentícios e Biscoitos de Vitória.
49
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – Livro 1 – Pg. 19.
91
A discrepância entre sua representatividade dentro do Poder Executivo
estadual e sua fragilidade organizacional, pode ser demonstrada também com outro
fragmento da referida ata:
50
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – Livro 1 – Pg. 19.
51
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – Livro 1 – Pg. 20-21.
52
Como veremos no próximo tópico, Dias Lopes, na data da referida reunião, já fora eleito
indiretamente como governador do Espírito Santo.
92
Nessa mesma reunião foi debatido o tema do financiamento para a
construção civil. Os industriais do ramo reclamavam da falta de crédito na “praça” de
Vitória e consequente limitação das atividades da construção civil.
[...] foi aprovado para que se desse publicidade pela imprensa, a solicitação
que a Federação ia fazer ao Banco Central sobre a questão de crédito na
praça de Vitória. O Sr. José Maria Bivaque dos Santos sugere que o ofício
fosse feito pelo Governador Rubens Rangel, no sentido de ser criada uma
55
carteira de crédito industrial [...] .
Essa citação deixava claro que a relação da FINDES não era apenas com
o Poder Executivo, mas que também possuía amplos contatos na imprensa, como
será apresentado adiante.
53
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 21.
54
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 21.
55
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 21-22.
56
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 22.
57
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 22.
93
A reunião de 15 de julho de 1966, realizada pelos Conselheiros da
Federação das Indústrias do Espírito Santo, evidenciou a forma como a instituição
estava alinhada como poder público, como os industriais capixabas possuíam o
apoio da imprensa e, como se articulavam para atender seus interesses.
58
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 22-23.
59
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 23.
94
Tendo em vista a fragilidade que a instituição demonstrou em suas
reuniões, compreendemos que, ainda que, com uma estrutura pequena, este órgão
era a única saída para o governo e para essa elite urbano-industrial que defendiam o
projeto de industrializar o Estado, pois após passar décadas, dependente do café, o
Estado não conseguiu formar uma burguesia industrial forte o suficiente para
desenvolver esse projeto. Entretanto, mesmo que a entidade apresentasse essas
limitações, ela se uniu ao Poder Executivo estadual para realizar o projeto
industrializante para o Estado.
60
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 25.
61
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 25.
95
Tabela 9 – Leis Relevantes para a Indústria – Rubens Rangel
Lei Texto Objetivo / Resultado Esperado
02231/1966 Os recursos provenientes da Lei Federal nº Desenvolver a industrialização
4425, de 08/10/64, ficam destinados ao através da ampliação da malha
Departamento de Estradas e Rodagem para rodoviária.
aplicação e desenvolvimento do Plano
Rodoviário Estadual.
02237/1966 Autoriza o Poder Executivo a extinguir a Venda da estrada de ferro para
Estrada de Ferro Itapemirim aplicar recursos na malha rodoviária
da região
02240/1966 Autoriza o Poder Executivo a alienar o Com a receita da venda, o governo
"Radium Hotel", de propriedade do Estado, vai tentar resolver o problema da
situado em Guarapari. * Os artigos 8º e 9º água em Guarapari.
foram revogados pela Lei nº 2345/68.
02248/1966 Autoriza o Poder Executivo a alienar à Com os 5 milhões de cruzeiros
Central das Cooperativas do Espírito Santo a arrecadados com a alienação,
área de terra desmembrada de maior porção construir armazéns e fábricas da
da Fazenda Santana, no município de propriedade citada, fomentando a
Cariacica. industrialização.
02255/1966 Abre crédito especial para atender as Atender o interesse dos
despesas de conclusão das instalações para empresários do ramo da
os serviços de retransmissão de televisão - comunicação.
canal 2.
02275/1966 Autoriza o Poder Executivo a doar à Fomentar a industrialização na
Cooperativa Agro Industrial de Pedra Azul Região de Pedra Azul, através da
(CAIPA) área de terras situada em Pedreiras, doação de terras, beneficiando a
Domingos Martins. referida cooperativa.
Fonte: http://www.conslegis.es.gov.br/ - acesso em 04/03/2016.
96
a legislação federal, as atividades econômicas nos setores primário e
secundário; III – promover a execução de estudos e pesquisas, programas
de assistência técnica e pré-inversões em geral, com ou sem ressarcimento;
IV – promover a formação e treinamento do pessoal como diretriz para a
criação de novas condições de trabalho e produtividade, tanto no setor
público como no privado com ou sem ressarcimento; V – adotar medidas
que estimulem o artesanato e a pequena indústria, promovendo no setor as
pesquisas e investimentos necessários; VI – incentivar iniciativas de capital
privado que visem à criação, instalação ou reaparelhamento de empresas
agrícolas e industriais; VII – contratar, com entidades públicas ou privadas,
nacionais, internacionais ou estrangeiras, empréstimos ou gestão de
recursos oriundos de programas de ajuda ou cooperação ou de qualquer
outra natureza, celebrando os ajustes, acordos, contratos e convênios
62
necessários .
62
Disponível em http://www.conslegis.es.gov.br/. Acesso: 30/06/2016.
63
Revista Espírito Santo Agora, Vitória, p. 20-33. Ano I, n. 19, out 1977. Entrevista de Christiano Dias
Lopes concedida a Oswaldo Oleair, Rogério Medeiros, Joaquim Neri e Vitor Martins.
97
Estavam lançadas as bases da CODES, pois era necessário que o
governo requeresse alguma compensação pelas perdas econômicas ocasionadas
pela erradicação dos cafezais. O interessante nesse caso, não é a articulação do
governo, mas o espaço que o governador tinha, ainda que não empossado, pois foi
ele mesmo quem tomou cabo das negociações com o IBC.
64
Revista Espírito Santo Agora, Vitória, p. 20-33. Ano I, n. 19, out 1977. Entrevista de Christiano Dias
Lopes concedida a Oswaldo Oleair, Rogério Medeiros, Joaquim Neri e Vitor Martins.
65
Governador eleito de forma indireta.
98
da sua preferência; 3º) em seguida, o nome era remetido à Assembleia
Legislativa do Estado para ser aprovado. (OLIVEIRA, 2013, p. 25)
Após ter forjado toda sua vida pública ao lado de Santos Neves, podemos
dizer que Dias Lopes estava alinhado com os objetivos modernizantes e
industrializantes do ex-governador. Além de acompanhar toda a trajetória de Santos
Neves – de 1943 a 1945 como interventor e de 1951 a 1955 como governador –,
Dias Lopes também participou ativamente da elaboração do plano de governo do
candidato Jones, derrotado no pleito de 1962 por Chiquinho. Sobre essa
aproximação e admiração, o próprio Dias Lopes relatou que:
66
ESCOLHA do candidato a Governador do estado movimenta a Assembleia. A Gazeta, Vitória, p.
01, 20 mai. 1966.
99
República e o governador do Estado nem, de modo geral, com a orientação
política e administrativa de cada um deles; d) Não ser elemento de posições
radicalizadas, nem ter comprometimento com erros e vícios do passado,
notadamente com a corrupção e a subversão; e) Poder reunir em torno do
seu nome a maioria dos representantes da ARENA na Assembleia
Legislativa; f) Permitir, por sua formação moral, plena confiança quanto à
manutenção dos compromissos com o atual esquema político da Arena ou
do partido em que ela se transformar e bem assim com o presidente da
República a ser eleito pela ARENA. (MAGALHÃES apud ABREU, 1972, p.
410).
[...] além de possuir ótimo trânsito entre as diversas forças políticas locais,
especialmente nos setores industriais emergentes, representava uma
renovação política, uma vez que também fazia parte da antiga Ala Moça do
PSD, o que naquele momento pesava de forma muito favorável. (OLIVEIRA,
2013, p. 145)
67
Revista Espírito Santo Agora, Vitória, p. 20-33. Ano I, n. 19, out 1977. Entrevista de Christiano Dias
Lopes concedida a Oswaldo Oleair, Rogério Medeiros, Joaquim Neri e Vitor Martins.
100
Aguiar. Dias Lopes fora o mais votado na convenção da Arena com 43 votos dos 81
membros da arena regional (OLIVEIRA, 2013).
101
“[...] governo pelo sentido da mudança: mudança nos métodos de
administração pública; mudança nas atitudes diante dos problemas do
Estado; mudança no comportamento diante das nossas potencialidades
adormecidas; mudança nas perspectivas de desenvolvimento do nosso
68
Estado” .
68
Espírito Santo tem novo Governador: discurso. Revista Capixaba, Nº 1. Ano I, Vitória, mar. 1967, p.
13.
69
Espírito Santo tem novo Governador: discurso. Revista Capixaba, Nº 1. Ano I, Vitória, mar. 1967, p.
13.
70
Espírito Santo tem novo Governador: discurso. Revista Capixaba, Nº 1. Ano I, Vitória, mar. 1967, p.
13.
102
companhia Vale do Rio Doce dos terminais de minério e de carvão do Porto
de Tubarão e a montagem da usina de “Pellets”, possibilitando a empresa
uma política agressiva de exportação de minérios; o projeto de uma Usina
Siderúrgica Integrada por que vem lutando a Ferro e Aço, a ser construída
em área de que é proprietária em Ponta de Tubarão; os audaciosos
Projetos do Grupo Antunes já aprovados pelo Governo Federal que vão
desde os entendimentos com a Vale do Rio Doce para a exportação de
Minério do Vale do Paraopeba através do Porto de Tubarão até a
construção de uma Usina de Peletização de uma Siderúrgica, criam
perspectivas extraordinárias para um grande complexo industrial na região
71
de Vitória .
71
Espírito Santo tem novo Governador: discurso. Revista Capixaba, Nº 1. Ano I, Vitória, mar. 1967, p.
13.
72
Espírito Santo tem novo Governador: discurso. Revista Capixaba, Nº 1. Ano I, Vitória, mar. 1967, p.
15-16.
103
se concentre na tarefa de coordenação sem pensar em investimentos próprios”
(SILVA, 1993, p. 111). Dessa forma,
104
governador eleito tinha que estar alinhado com as propostas do militares – que
tinham uma agenda desenvolvimentista para o Brasil.
105
dessa reforma para identificarmos a alocação dos membros da FINDES dentro do
governo Dias Lopes.
106
Para Vasconcellos (2010), a máquina administrativa necessitava de uma
reforma urgente, pois não havia
[...] sequer unicidade das leis que regiam órgãos estatais, faziam-se
modificações aleatórias, que ora levavam ao conflito de atribuições das
diversas secretarias e órgãos públicos, ora engessavam ações devido à
sobrecarga burocrática e à falta de zelo com a coisa pública por parte dos
funcionários. A balburdia era tanta que, para se ter uma ideia, a Secretaria
de Educação não sabia quantas unidades escolares primárias,
funcionavam em prédio próprio (VASCONCELLOS, 2010, p. 170).
73
Procuramos as profissões de todos os secretários no arquivo público, diário oficial, revistas e
jornais. Os que estão em branco não foram encontrados.
74
Nesse período a direção do DER (Departamento de Estradas e Rodagem), respondia pela
Secretaria de Serviços Públicos Especiais.
107
conceitos da legislação federal e implementou a Lei 2296, de 17 de julho de 1967,
juntamente com 26 leis delegadas75 (VASCONCELLOS, 2005).
Analisar toda a Lei 2296 foge ao escopo desse trabalho. Sendo assim,
nos ateremos aos quatro primeiros artigos da Lei, que seguem no quadro abaixo:
Administração Estadual
a) – autarquias;
b) – empresas públicas;
c) – sociedade de economia mista;
d) – fundações;
e) – outras entidades instituídas por lei estadual.
75
A Lei Delegada era uma prerrogativa legal, na qual o Legislativo concedia ao executivo o poder de
elaborar leis.
108
Quadro 4 – Sistema de Administração Indireta.
Administração Indireta
109
Tabela 11 – Leis Delegadas – 1967.
Leis Delegadas Texto da Lei
Lei Delegada nº 4 Estabelece a estrutura e define a competência básica dos órgãos da
Secretaria de Saúde e Assistência.
Lei Delegada nº 9 Estabelece a estrutura e define a competência básica da Secretaria de
Indústria e Comércio (SIC) do Estado do Espírito Santo.
Lei Delegada nº 10 Estabelece a estrutura e define a competência básica dos órgãos da
Secretaria de Serviços Públicos Especiais.
Lei Delegada nº 12 Estabelece a estrutura e define a competência básica dos órgãos da
Secretaria de Serviços Sociais (SSS).
Lei Delegada nº 13 Estabelece a estrutura e define a competência básica dos órgãos da
Secretaria da Fazenda (SF) do Estado do Espírito Santo.
Lei Delegada nº 20 Estabelece a estrutura e define a competência básica dos órgãos da
Secretaria de Educação e Cultura.
Lei Delegada nº 24 Estabelece a estrutura e define a competência básica dos órgãos da
Secretaria de Segurança Pública.
Lei Delegada nº 26 Estabelece a estrutura e define a competência básica dos órgãos da
Secretaria do Interior e Assuntos da Justiça. (SIAJ)
Lei Delegada nº 23 Estabelece a estrutura, define a competência básica dos órgãos
integrativos da Governadoria do Estado.
Fonte: http://www.conslegis.es.gov.br/. Acesso em 03/05/2016.
110
práticas da racionalidade da empresa privada preconizada pelo governador, uma
vez que era oriundo dos quadros técnicos da Federação das Indústrias do Espírito
Santo”.
111
76
Tabela 12 – Equipe Administrativa – após Reforma Administrativa .
Secretário Secretaria Profissão
77
Guilherme Pimentel Filho Agricultura Médico Veterinário
78
Darcy Werther Vervloet Educação e Cultura Professor
Paulo Augusto Costa Alves Interior e Assuntos da Justiça Advogado
Alvino Gatti Assuntos Reforma Adm. Advogado – Ligado à FINDES
Hamilton Machado de Carvalho Saúde e Assistência Médico
Luiz Paulo de Souza Indústria e Comércio Economista
79
Adyr Maya Fazenda General da Reserva
80
Henrique Del Caro Serviços Sociais Médico
José Carlos da Fonseca Assuntos de Gabinete Civil Advogado
81
José Carlos Pereira Netto Serviços Públicos Especiais Engenheiro
Gutman Uchôa de Mendonça Secretário Particular Jornalista – Ligado à FINDES
82
Arthur Carlos Gerhardt Santos Presidente CODES Engenheiro – Ligado à FINDES
83
José Dias Lopes Segurança Pública Delegado/irmão do Gov.
Fonte: Governo Christiano Dias Lopes. Relatório de governo. Vol. 2. 1969.
76
A Reforma Administrativa empreendida pelo Governo de Dias Lopes alterou boa parte da estrutura
administrativa do Espírito Santo, tal reforma será tratada no próximo tópico.
77
Foi Vice-Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo. Também foi Prefeito
de São Matheus e Deputado Estadual.
78
Formação em técnico de contabilidade aprovado no concurso para auditor da Receita Federal.
79
Diretor Técnico da Confederação Nacional da Agricultura.
80
Também foi deputado estadual entre 1962 e 1966.
81
Continuou como Diretor do DER.
82
A CODES tinha status de Secretaria nesse período.
83
Também acumulou a função de Superintendente da Polícia Civil à época.
112
Entretanto, também ganharam influência os setores das Forças Armadas e
da tecnocracia que - por serem anti-populistas – estavam excluídos do
sistema anterior, mas que em função de suas afinidades ideológicas e
programáticas com o novo eixo de ordenação política e econômica
constituíram-se em peça importante do regime atual: assumiram tanto
funções repressivas no plano social, como modernizadoras, no plano
administrativo (CARDOSO, 1978, p. 54-55).
113
Tabela 13 – Representação da FINDES nos órgãos colegiado.
Órgão FINDES TOTAL PERCENTUAL %
COPESA 1 5 20 %
DER 1 10 10 %
SUPPIN 1 5 20 %
CODES 1 7 12 %
MOCCA 1 17 33 %
APV 1 10 10 %
PREMEM 1 5 20%
CSS 12 67 25%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de SILVA (1993).
114
lavratura das atas das reuniões do Conselho de Representantes da federação. São
cento e cinquenta páginas que compreendem o registro de reuniões que ocorreram
entre 1958 e 1972.
84
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 31.
85
Sobre as atribuições do MOCCA: “Art. 9º - A MOCCA, órgão em regime especial de administração
(art. 5º – 2.296, de 17/07/67), dirigida por um coordenador estadual, tem por finalidade: executar um
programa especial de escolarização intensiva, de alfabetização de adolescentes e adultos, de
construção e equipamento de prédios escolares e de aperfeiçoamento das técnicas de educação
primária. Parágrafo único - Para a execução de suas atribuições, a MOCCA organizará serviços
especializados de contabilidade, de estudos e levantamentos, de aperfeiçoamentos das técnicas de
educação de alfabetização de adolescentes e adultos e educação de base, de reajustamento e
ampliação da rede escolar. Disponível em: http://www.conslegis.es.gov.br/. Acesso 28/05/2016.
115
lembraram vários nomes de industriais do Estado, sendo por fim escolhido o
nome do industrial Antônio de Oliveira Santos, que foi aprovado por
86
unanimidade .
86
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 31.
87
Para maiores detalhes sobre o assunto ver: CAMPOS, Dulcineia. ALFABETIZAÇÃO DE
CRIANÇAS NO ESPÍRITO SANTO EM TEMPOS DE DITADURA MILITAR. Tese (Doutorado em
Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal do Espírito Santo.
2013.
88
Após a reforma tributária adotada pelo Governo Militar em 1966, o Espírito Santo, passou a sofrer
perdas com a arrecadação do ICM, pois os estados produtores angariavam mais recursos que os
estados consumidores, por isso o ano de 1967 foi de grandes perdas para o Espírito Santo. A queda
na arrecadação do estado está vinculada a produção de café, que a partir da década de 1960 entra
em crise e tem sua produção comprometida. No entanto, cabia aos governadores a arrecadação do
ICM.
89
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – Livro 1 – Pg. 31.
116
Indústria, Federação do Comércio, Federação da Agricultura, Secretaria da
90
Fazenda e Secretaria da Agricultura, Terras e Colonização .
O ano de 1968 foi mais movimentado para a FINDES, não apenas no que
diz respeito à participação da entidade no governo do Estado, mas também, por que
foi o ano em que a Federação pela primeira vez mudou seu presidente.
É importante ressaltar que o ano de 1968 foi marcado por dois momentos
importantes, no que diz respeito à federação: primeiro, a realização do Simpósio
sobre os Problemas do Espírito Santo; segundo, a mudança de presidente na
Federação das Indústrias.
90
Disponível em: http://www.conslegis.es.gov.br/. Acesso em 28 de maio de 2016.
91
Jones dos Santos Neves Filho assume a FINDES com uma postura arrojada e inovadora. Dentre
suas principais metas como Presidente da Federação, podemos destacar a filiação de novos
sindicatos, aquisição de uma sede própria e a criação de um centro industrial.
117
Fazenda e Hélio Beltrão como Ministro do Planejamento. Tal período é marcado
pela retomada de crescimento92, em comparação ao governo de Castelo Branco
(MACARINI, 2006).
92
Não é nosso objetivo discorrer sobre a política implantada por Delfim Neto, basta compreender a
direção que o Governo Federal havia tomado à época.
93
A COMLESTE tinha uma abrangência geográfica que cobriria todo território do Espírito Santo, norte
do Estado do Rio de Janeiro e leste mineiro. As reinvindicações contidas na COMLESTE consistiam
em: 1% da renda tributária, da União; 0,5% da renda tributária da União para a constituição do Fundo
de Desenvolvimento do Médio Leste – FIDEMLESTE; dotação orçamentária de 800 milhões de
cruzeiros e dotação orçamentária para cobrir riscos de câmbio. Além desses incentivos o projeto
também requeria algumas isenções de impostos (SILVA, 1993, p. 153-154).
118
organização do Simpósio foi excelente e o governo alcançava seu objetivo de
chamar a atenção do Presidente para os problemas do Estado, pois além do
Presidente Costa e Silva - que permaneceu dois dos três dias do Simpósio no
Espírito Santo - vieram também seus dois principais Ministros, Delfim Neto e Hélio
Beltrão.
Nos dois dias em que Costa e Silva esteve no Espírito Santo, Dias Lopes
entregou ao presidente um “[...] memorial em que relatava a realidade do Espírito
Santo e reivindicava, dentre outros assuntos, a concessão de incentivos fiscais
federais para o Estado” (SILVA, 1993, p. 155-156). O presidente prometeu criar
grupos de trabalho para encontrar uma solução viável para o Espírito Santo.
94
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 36-37.
95
O Presidente Costa e Silva prometeu, após o encerramento do Simpósio, criar um grupo de
trabalho para analisar a situação capixaba (SILVA, 1993).
96
Decreto de 10 de fevereiro de 1967, concede estímulos fiscais à capitalização das empresas;
reforça os incentivos à compra de ações; facilita o pagamento de débitos fiscais.
119
para preparar um memorial a ser apresentado na reunião da CNI, com
97
cópias para os diversos órgãos interessados .
O saldo do Simpósio foi muito bom para o Estado. Nas palavras do então
governador, o ano de 1968 foi decisivo para o desenvolvimento do Espírito Santo,
após a realização do Simpósio, o governo federal mudou seu foco para o Espírito
Santo, tendo Hélio Beltrão, se tornado o “padrinho” do Estado, pois foi através do
então Ministro, que foi viabilizado o Decreto-Lei 88098, que permitia usar recursos do
Imposto de Renda, fortalecia o BANDES e autorizava a utilização de recursos do
Fundo de Recuperação do Espírito Santo - FUNRES (LOPES FILHO, 1968).
97
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 36-37.
98
Tal medida legal estabelecia que o contribuinte do imposto de renda, física ou jurídica, domiciliado
no Espírito Santo, poderia aplicar deduções do imposto relativo aos Decretos-lei 221 (pesca), 55
(turismo) e 157 (compra de ações) em empreendimentos agrícolas e industriais. O mesmo Decreto
criou o Fundo de Recuperação Econômica do Espírito Santo – FUNRES – constituído de orçamentos
oriundos do estado, União e de outras fontes. O Grupo Executivo de Recuperação Econômica do
Espírito Santo – Geres – foi criado para administrar os recursos e as políticas fiscais do FUNRES. Ao
Decreto, associou-se a Lei n.24 de 1969, que permitia ao contribuinte deduzir 5% do ICM. Essa
massa de recursos propiciou ao Geres, entre 1970 e 1977, a aprovação de 123 projetos,
concentrados, sobretudo, na Indústria de transformação.
99
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 38.
120
Presidente continuou a reunião “[...] com o sindicato da Construção Civil, juntamente
com o Dr. Arthur Carlos Gerhardt Santos, Presidente da CODES”100.
“[...] sôbre o novo Código Tributário, esclareceu o Sr. Presidente já ter sido
composta uma comissão integrada pelos senhores Alvino Gatti, Orestes
Sonegheth e Assessores Jurídicos da FINDES e da Federação do Comércio
que se encarregará de um estudo minucioso do problema. Pediu a palavra o
conselheiro Ennio Edmyr Modenesi Pereira que sugeriu que, no estudo a
ser feito pela mencionada comissão, fôsse inserido um artigo,
101
responsabilizando o Fiscal do Estado pela aplicação errônea da Lei ”.
Nesse caso específico, não é possível saber qual papel Gatti assumiria na
referida comissão. Estaria nessa comissão como um representante do governo,
intermediando as negociações e alterações no código tributário capixaba, ou como
assessor da FINDES, para defender os interesses da entidade. Vale lembrar que,
até então, os interesses da Federação e do Estado eram complementares.
121
compreender o momento que o Brasil vivia em relação à vida política, pois a FINDES
articulava seus interesses diretamente com o Executivo. Isso se torna uma realidade
mais evidente a partir dos governos militares, pois o sistema político era autoritário, o
chefe do Poder Executivo era eleito de forma indireta e o Poder Legislativo vai se
tornando cada vez mais frágil, sem poder de decisão.
102
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – Livro 1 – Pg. 48.
103
A Junta Comercial do Estado do Espírito Santo (JUCEES) foi criada pela Lei Estadual número
537, de 10 de novembro de 1908, durante o Governo de Jerônimo Monteiro. Durante 59 anos
pertenceu a Administração Direta, quando no Governo de Christiano Dias Lopes Filho (1967-1961),
122
(JUCEES), além da leitura de um ofício enviado por Dias Lopes, tratando sobre a
criação da Coordenação do Planejamento Industrial do Espírito Santo104 (COPLAN –
ES):
“Em seguida, foi discutido o item segundo, que trata da indicação da lista
tríplice, do Representante da FINDES junto à CODES. Debatido o item, foi
mantida a indicação do nome do doutor José Maria Miguel Feu Rosa [...].
[...] referente a indicação [...], de representante da Federação à Junta
105
Comercial, foi indicado o nome do Sr. Oswaldo Vieira Marques” .
123
desenvolvimento. 12 – Maior representatividade da Federação nas
Diretorias e Conselhos relacionados com o setor de Planejamento e
Desenvolvimento Industriais Regionais incluindo-se a Secretaria de Estado
específica da Indústria. 16 – Elaboração de documentos amplo e
minunciosamente estudado, que deverá ser encaminhando ao Governo do
Estado, situando a posição e as reivindicações da indústria em face a todos
os problemas de projeção ou conjunturais. 21- Articulação mais direta da
Federação com os órgãos Diretores da Companhia Vale do Rio Doce,
objetivando colaborar e sob certos aspectos até, patrocinar o
desenvolvimento do parque industrial siderúrgico e metalúrgico que
fatalmente, se desenvolverá em decorrência da implantação das usinas de
106
transformação já em andamento na Ponta de Tuabarão ”.
106
Revista Indústria Capixaba. A palavra do Presidente. Ano I, Vol. I, 1968.
124
4 A ATUAÇÃO DA FINDES NA IMPLANTAÇÃO DO CIVIT
107
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 59.
125
Para Silva (1993), a criação da COPLAN-ES é fruto de um entendimento
entre a CODES, CVRD e FINDES. No entanto, podemos questionar a ideia de Silva
(1993), a partir da citação dessa ata, pois segundo a mesma, o projeto da COPLAN
foi idealizado pela FINDES, tendo Dias Lopes tomado a medida de criar tal órgão a
partir da pressão da Federação. A entrevista de Manfred Walter Düenk108, também é
esclarecedora nesse sentido:
[...] Em 1969 a pedido do Dr. Jones Santos Neves Filho (FINDES), foi feito
um pedido ao Governador Christiano Dias Lopes Filho, para criar uma
comissão com o objetivo de estudar, naquela época, a viabilidade da
implantação de uma área industrial [...]. Então, o Christiano Dias Lopes
criou, por meio da legislação, uma comissão que se denominou COPLAN-
ES. (DÜENK Apud SUPPIN, 2006, p. 26).
108
Manfred Walter Düenk foi Superintendente Geral da SUPPIN no período de 12/02/1971 a
05/05/1983. Entrevista concedida à SUPPIN. IN: livro SUPPIN 35 anos Apoio ao Desenvolvimento do
Espirito Santo
109
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 63.
126
A partir dessa informação, compreende-se a pressa da FINDES em alugar
uma sala e iniciar os trabalhos da COPLAN-ES. Na área da atuação técnica a
COPLAN-ES contava com Arthur Gherhardt (CODES), Marcus Viana (CVRD) e
Jones dos Santos Neves Filho (FINDES).
110
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 65.
111
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 69.
112
Revista Indústria Capixaba. A palavra do Presidente. Ano II, Vol. 6, maio,1969.
127
planejamento e implantação do CIVIT, em seus aspectos físico, social e
econômico; recomendar e promover a aquisição de áreas destinadas ao
CIVIT ou a outro Centro Industrial; orientar empresários quanto ao
funcionamento do CIVIT. (grifo nosso)
113
Revista Indústria Capixaba. COPLAN-ES já tem regimento interno. Ano II, Vol. 6, maio,1969.
114
Revista Indústria Capixaba. Governador vai presidir próxima reunião da COPLAN-ES. Ano III, Vol.
14, jan.,1970.
128
Após o estudo realizado pela CLAN S/A, o presidente da instituição,
Jones dos Santos Neves Filho, enviou um ofício ao Governador Dias Lopes. Na
respectiva ata, o presidente ordenava ao secretário que transcrevesse os ofícios em
ata (tanto o ofício da federação quanto a resposta e o despacho enviado pelo
govenador) “para que os pósteros tenham conhecimento dos esforços da FINDES,
para conseguir o seu objetivo115”.
115
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 89.
116
Revista Indústria Capixaba. Christiano determina elaboração do Plano Diretor do CIVIT. Ano III,
Vol. 18, maio,1970.
117
Revista Indústria Capixaba. A palavra do Presidente. Ano III, Vol.18, maio,1970.
129
É evidente que a FINDES era parceira do Estado, mas essa relação era
fundamentada em interesse mútuo. Afinal, a instituição patrocinou o plano de
governo de Dias Lopes, deu suporte à realização do Simpósio sobre os problemas
do Espírito Santo, além possuir três de seus conselheiros diretos como secretários
de Estado. Conforme apresentado anteriormente, a entidade possuía interesse em
industrializar o Estado, desenvolvendo a indústria local, o que aumentaria o número
de sindicatos e, consequentemente, aumentaria o campo de influência e a receita da
federação.
130
resposta cristalina e indebatível da sábia e corajosa decisão que tomar em
favor do futuro industrial de nossa terra – que a nós nos cabe também
construir e defender – valemo-nos da oportunidade para renovar-lhe os
votos sinceros de estima e consideração. Atenciosamente Jones dos
118
Santos Neves – Presidente . (grifo nosso)
118
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 90.
119
Revista Espírito Santo Agora, Vitória, p. 20-33. Ano I, n. 19, out 1977. Entrevista de Christiano Dias
Lopes concedida a Oswaldo Oleair, Rogério Medeiros, Joaquim Neri e Vitor Martins.
131
Figura 3 – Esquematização das Elites Capixabas.
Elites
Capixabas
Jones Dias
"Cariê" FINDES
Filho Lopes
Governo Arthur
Alvino Gutman
FINDES do FINDES Carlos
Gatti Uchôa de
Estado Gerhardt
Mendonça
Secretaria
de Governo/
Governo CODES/ Gazeta/
Coplan- Governo/
ES
Coplan-
ES
Governo
do
Estado
Dessa forma, Dias Lopes responde a Jones dos Santos Neves Filho:
120
Entrevista feita pelo autor da dissertação com Carlos Fernando Monteiro Lindemberg Filho (Cariê),
o mesmo citou a intimidade que havia entre Jones dos Santos Neves, Carlos Lindemberg e Américo
Buaiz. Em certo trecho o entrevistado diz: “Américo não saía lá de casa!”. Outro fato interessante
citado pelo entrevistado foi a indicação de Arthur Gerhardt para o DER, ainda no governo do seu pai.
Segundo Cariê, com a saída do Dr. Dido Fontes da direção o DER, ele indicou diretamente Arthur
Gerhardt para o a cargo ainda no governo do seu pai. Entrevista realizada em 09/12/2015.
132
“(Estado do Espírito Santo – OF. N. G./ 0806 – Vitória, 12 de Maio de 1970
– Do: Senhor Governador do Estado do Espírito Santo – Ao: Ilmo. Senhor
Dr. Jones dos Santos Neves Filho – Presidente da Federação das Indústrias
do Estado do Espírito Santo. Senhor Presidente: Tenho o prazer de
transmitir-lhe, por cópia, o despacho que exarei no processo nº 2.183,
constante do expediente que me dirigiu tratando de assunto relacionado
com o estudo de viabilidade do Centro Industrial de Vitória. Com protestos
de alto aprêço, Cordialmente – Christiano Dias Lopes Filho – Governador do
121
Estado)” .
121
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 90.
122
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 91.
133
enfrentem todos os azares da localização desordenada, ou oferece aos investidores
as vantagens da localização em núcleo industrial”123.
123
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 91.
124
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 91.
125
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 91-92.
126
O Plano Diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento do Município. Sua principal
finalidade é orientar a atuação do poder público e da iniciativa privada na construção dos espaços
urbano e rural na oferta dos serviços públicos essenciais, visando assegurar melhores condições de
vida para a população.
134
plano diretor para a COPLAN-ES, e, ainda que Jones Filho fosse do Conselho da
referida entidade, ela contava com um membro do governo e outro CVRD. Isso quer
dizer que, dependendo da decisão dos outros dois conselheiros, Jones Filho poderia
ser voto vencido.
[...] disse mais o Senhor Presidente, que iria inverter a ordem da Pauta dos
Trabalhos para que se ouvisse, em primeiro lugar a palestra informal que
iria fazer o engenheiro Arthur Carlos Gerhardt Santos candidato ao Govêrno
do Estado sôbre o CIVIT e que o Doutor Arthur Carlos não necessitava de
apresentações por ser êle por demais conhecido em nosso meio. O
auditório da FINDES estava inteiramente lotado de convidados para a
127
aludida palestra [...] .
[...] sobre o Centro Industrial de que tanto falam os jornais e que até agora
nada de positivo aconteceu, apenas dos esforços que tem feito o Doutor
Jones dos Santos Neves para o êxito da sua criação. O Doutor Arthur
Carlos Gerhardt Santos faz então uma explanação do assunto, contando a
história da criação da Coplan-ES pelo Governador do Estado. A seguir, com
127
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 98.
135
a palavra o Doutor Jones dos Santos Neves, Presidente da FINDES, e lê a
cópia do ofício dirigido ao Senhor Governador do Estado e a resposta do
128
Governo .
“Desejo confirmar meu acordo, em que sejam deferidas para após 30/09 as
medidas efetivas destinadas à institucionalização do CIVIT e demarcação
de sua área, porquanto se há de reconhecer que os resultados dos
entendimentos que se processam com vistas à instalação da Siderúrgica de
Vitória haverão de influir decisivamente na condução do problema [...].
Por outro lado, no caso de vencido êsse prazo, resultarem infrutíferas as
conversações sobre a implantação da Siderúrgica, entendo que devemos
encontrar uma solução para que Vitória tenha um Distrito Industrial,
concebido e institucionalizado dentro dos condicionamentos decorrentes de
nossas reais perspectivas: desenvolvimento industrial estimulado pelo
129
sistema de incentivos [...] ”.
Segundo Almond & Powell (1972, p. 57), não basta apenas analisar as
estruturas dos grupos de interesse, mas é necessário também “[...] levar em conta o
128
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 98.
129
Revista Indústria Capixaba. Christiano determina elaboração do Plano Diretor do CIVIT. Ano III,
Vol. 18, maio,1970.
130
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – Livro 1 – Pg. 101.
136
grau em que os grupos têm acesso às elites políticas engajadas na tomada de
decisões apropriadas”. No entanto, para os autores, a questão dos canais de acesso
dos grupos de interesse às elites políticas que estão no bojo das decisões é uma
questão de comunicação política.
137
A ata de 15 de outubro de 1970 registrava a reunião que o Conselho de
Representante da FINDES teria no mesmo dia com o governador. O jornal A gazeta
do dia 16 do mesmo mês, em sua capa, noticiava:
[...] fêz questão de ressaltar o entusiasmo com que tem tratado do problema
o Governador Dias Lopes, pugnando na mesma linha de pensamento o
Governador eleito do Estado, Arthur Carlos Gerhardt Santos, a quem
também será levado uma cópia do documento para que êle o examine em
133
todos os seus aspectos .
131
Empresariado vai ao Governador para fazer apelo: Urgência para o Centro Industrial. A Gazeta,
Vitória, Capa, 16 out. 1970.
132
Empresariado oferece apoio a Christiano pedindo a criação do Centro Industrial. A Gazeta, Vitória,
p. 5, 16 out. 1970.
133
Empresariado oferece apoio a Christiano pedindo a criação do Centro Industrial. A Gazeta, Vitória,
p. 5, 16 out. 1970.
138
Logo após ouvir do Presidente da Federação das Indústrias do Espírito
Santo o apêlo do empresariado para que fosse dada urgência à implantação
do Centro Industrial, o Governador Dias Lopes garantiu que o primeiro
núcleo do CIVIT é medida urgente e que não pode esperar que se implante
primeiro a siderúrgica programada para o Planalto de Carapina. Acha Dias
Lopes que uma medida necessariamente, não depende da outra e que
quando a siderurgia vier o Centro Industrial já estará então, confirmado. Os
industriais pretendem agora, um encontro com o Governador eleito Arthur
134
Carlos Gerhardt Santos, para tratar do mesmo assunto .
134
Governador comunga da opinião do empresariado: Centro Industrial Prometido para já. A Gazeta,
Vitória, Capa, 17 out. 1970.
139
Sobre a institucionalização do CIVIT, desde 1969, existiam arranjos para
que a COPLAN-ES se constituísse como fundação entre janeiro e fevereiro de 1970,
posteriormente tornando-se uma sociedade de economia mista. Entretanto, os
debates sobre esse assunto
135
Jones deixa conselho da COPLAN-ES. A Gazeta, Vitória, p. 05, 05 dez. 1970.
140
A notícia veiculada no periódico da FINDES era idêntica à notícia
veiculada pelo jornal A Gazeta. Vejamos a ata da FINDES de 10 de dezembro de
1970, onde a pauta dois da reunião era o “Relatório sobre a Situação da COPLAN-
ES”. Após a leitura do relatório, o Presidente
136
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – livro 1 – pg. 113-114.
141
um parceiro em todas as suas convicções (nossas pesquisas demonstraram que
não houve divergência entre as ações da FINDES e o seu programa de governo).
A FINDES evidencia que sua ideia para a constituição do CIVIT era uma
sociedade de economia mista, pois a entidade queria ter participação direta no
centro industrial, enquanto o governo seguinte propunha uma empresa pública.
Nesse caso, qual postura assumida por Dias Lopes sobre o assunto?
137
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo – Livro 1 – Pg. 114-115.
142
relacionamento com Dias Lopes. No entanto, Dias Lopes ainda era governador do
Estado no período da saída de Jones Filho da COPLAN-ES.
138
SUPPIN vai substituir COPLAN-ES. A Gazeta, Vitória, p. 05, 17 dez. 1970.
139
Presidente da Federação das Indústria considerou um “passo admirável” a futura criação da
SUPPIN. A Gazeta, Vitória, p. 11, 24 dez. 1970.
143
“[...] sempre encontramos no Governador Dias Lopes um defensor
entusiasta e vibrante da implantação da área industrial”. E aduziu: - Agora
mesmo, acaba o Chefe do Poder Executivo Estadual, de dar prova
irrefutável disto, ao encaminhar à Assembleia Legislativa mensagem
propondo a criação de uma entidade que, malgrado contrarie a forma
flexível e dinâmica de empresa pública que a Federação sugeriu e
defendeu, tem também corolário importante à implementação prioritária do
140
Centro Industrial da Grande Vitória
Pelas datas das atas e da entrevista, podemos concluir que esse bilhete
foi destinado para o pagamento da entrevista de Jones Filho veiculada dia 24 de
dezembro de 1970.
140
Presidente da Federação das Indústria considerou um “passo admirável” a futura criação da
SUPPIN. A Gazeta, Vitória, p. 11, 24 dez. 1970.
141
Ver anexo II.
142
Do Suppin ao Civit. A Gazeta, Vitória, p. 05, 12 jan. 1971; Centro Industrial da hora decisiva. A
Gazeta, Vitória, Capa, 22 jan. 1971; Assembleia aprova hoje a criação da Suppin. A Gazeta, Vitória,
p. 05, 22 jan. 1971; Tudo pronto para o Centro Industrial. A Gazeta, Vitória, Capa, 26 jan. 1971;
Assembleia (por unanimidade) cria o Suppin. A Gazeta, Vitória, p. 05, 26 jan. 1971; O
Desenvolvimento Industrial. A Gazeta, Vitória, p. 05, 28 jan. 1971; Suppin é o Projeto mais Importante
do Governo. A Gazeta, Vitória, p. 05, 29 jan. 1971; Governo sancionou a criação da Suppin. A
Gazeta, Vitória, p. 05, 11 fev. 1971.
144
Em termos legais, a SUPPIN ainda não estava em pleno funcionamento.
Mesmo assim, Jones Filho argumenta: “[...] a autarquia SUPPIN somente terá
sentido prático e objetivo na medida em que consiga implantar, na realidade da área
física adequada, o Núcleo Indústria Preliminar do Centro Industrial de Vitória”143.
A situação ficou tão tensa que Jones Filho recebeu uma ligação do
próprio governador: “[...] ele telefonou dizendo: “ Puxa, eu quero fazer o negócio e
você fica botando terra”. Eu respondi: “ Você vai sair do governo daqui dois meses e,
depois, ninguém sabe quem vai entrar. Podemos perder o trabalho todo” (NEVES
FILHO apud GURGEL, 1998, p. 57-58).
143
Revista Indústria Capixaba. A Palavra do Presidente. Ano IV, Vol. 26, jan.1971
145
da SUPPIN um passo admirável, por que terá como consequência lógica a
145
imediata implantação do Centro Industrial da Grande Vitória (CIVIT) .
Após ampla divulgação no jornal A Gazeta, a SUPPIN foi criada pela Lei
2572 de 10 de fevereiro de 1971. O que chama atenção é a semelhança do texto da
lei com a matéria proposta pela FINDES em outubro de 1970. Vejamos alguns
pontos da lei:
Art. 1º - Fica criada a Superintendência dos Projetos de Polarização
Industrial (SUPPIN), com personalidade jurídica e autonomia técnica,
financeira e administrativa, vinculada à Secretaria de Indústria e Comércio.
Art. 3º - A Superintendência dos Projetos de Polarização Industrial tem por
finalidade: I – promover e/ou executar a elaboração de estudos, visando
à implantação de núcleos destinados à localização de indústrias com
especificação de seu objetivo e da política fiscal e jurídica necessária à
consecução desse objetivo; II – executar, fiscalizar e atualizar planos
diretores que forem estabelecidos para implantação de núcleos ou centros
industriais; III – promover, direta ou indiretamente, a execução de todas as
obras de infra estrutura necessárias à instalação de indústrias; IV – prestar
assistência aos empreendimentos adequados aos planos diretores; V –
promover estudos tendo em vista o desenvolvimento equilibrado das áreas
adjacentes aos núcleos e centros industriais e sugerir as medidas
necessárias à obtenção desses resultados; VI – prover as áreas
selecionadas para nucleação industrial de base habitacional de baixo custo,
atendendo ao problema social e evitando especulação sobre o custo dos
terrenos e benfeitorias beneficiadas pelas obras de urbanização; VII –
participar, inclusive mediante subscrição de capital de entidades públicas e
privadas cujos programas se ajustem às finalidades da entidade; VIII –
promover a obtenção de financiamento interno ou externo inclusive através
de convênios, acordos ou contratos, obedecidas as formalidades legais; IX
– promover providências junto a órgãos ou entidades públicas ou privadas
no interesse da execução de medidas, especialmente no que diz respeito à
elaboração de projetos de natureza rodoviária, ferroviária, hidroviária ou
portuária, de saneamento, comunicação e urbanismo que tenham por
objetivo o aproveitamento de recursos hidrológicos, energéticos, e outros
relacionados com a implantação de indústrias; Art. 5º - O Conselho
Deliberativo será integrado por representantes dos seguintes órgãos: I –
Secretaria da Indústria e do Comércio; II – Secretaria Executiva do
Conselho de Desenvolvimento Econômico; III – Banco de Desenvolvimento
do Espírito Santo; IV – Federação das Indústrias do Estado do Espirito
146
Santo; V – Superintendência dos Projetos de Polarização Industrial .
145
Revista Indústria Capixaba. Federação das Indústrias considerou como “passo admirável” a
criação da SUPPIN. Ano IV, Vol. 26, jan.1971
146
Texto completo disponível em: http://www.conslegis.es.gov.br/. Acesso em 23/06/2016.
146
desenvolver projetos de industrialização, implantação de centros industriais,
captação de novas indústrias, estudos de viabilidade, infraestrutura e
desapropriações para todo Estado do Espírito Santo.
147
superintendente da Suppin foi Walter Manfred Düenk (SUPPIN, 2006, p.
30).
148
nossos companheiros da diretoria da Federação e do Centro da Indústria do
Espírito Santo. É a primeira coroação de uma luta que se iniciava mesmo
147
instante em que 13 de setembro de 1971 , assumíamos pela primeira vez
a Presidência da FINDES, e na qual, entre outras metas, situávamos a da
elaboração imediata e urgente, através dos órgãos existentes de
desenvolvimento estadual do Plano Diretor da Implantação do nosso Centro
Industrial, fixando sua localização, delimitando a sua área, ocupando-a e
dando-lhe as condições tecno-econômicas e tecno-estruturais de
desenvolvimento”. Luta que teve prosseguimento ao se conseguir do então
Governador do Estado, Christiano Dias Lopes Filho, ao final de 1969, a
criação da COPLAN [...], e ao apagar do seu governo a SUPPIN [...]. E que
prosseguiu persistente e teimosamente, ao lado dos demais companheiros
da entidade e Conselho da SUPPIN, até serem vencidas as fases de
aquisição do terreno, de elaboração do Plano Diretor de Implantação, e da
execução das obras de infraestrutura de água, esgoto, pavimentação,
sistema viário, iluminação e energia, que então agora, a 27 de novembro,
148
foram inauguradas para o primeiro setor .
147
Entendemos que houve um erro na edição da revista, pois o primeiro mandato de Jones dos
Santos Neves Filho como Presidente da Findes foi em 1968.
148
Revista Indústria Capixaba. A palavra do Presidente. Ano V, Vol. 73, dez.1974.
149
Revista Indústria Capixaba. CIVIT (Centro Industrial de Vitória) FANTASIA E IDEALISMO DE
ONTEM, REALIDADE CONCRETA DE HOJE. Ano V, Vol. 73, dez.1974
149
[...] Continuidade de apoio à Suppin [...], no sentido de complementação,
dentro do mais curto prazo viável, das obras de implantação física do CIVIT
[...], nas duas etapas iniciais, e na sua área de expansão, bem como na
implementação e implantação de novas áreas indústrias planificadas, nos
150
principais municípios do Estado .
150
Revista Indústria Capixaba. CIVIT (Centro Industrial de Vitória) FANTASIA E IDEALISMO DE
ONTEM, REALIDADE CONCRETA DE HOJE. Ano V, Vol. 73, dez.1974
151
Para maior esclarecimento sobre a indicação e governo de Élcio Álvares, ler SILVA (1993);
OLIVEIRA (2013).
150
Secretaria de Indústria e Comércio, onde o mesmo foi considerado bizarro e de um
teor altamente ofensivo. A revista definiu tal resposta como “antológica”. Vejamos
trechos do expediente:
152
Revista Indústria Capixaba. CIVIT (Centro Industrial de Vitória) FANTASIA E IDEALISMO DE
ONTEM, REALIDADE CONCRETA DE HOJE. Ano V, Vol. 73, dez.1974
151
implementação de uma política industrial de âmbito estadual em três fases, das
quais apenas as duas primeiras nos interessa apresentar. Segundo ao autor:
“[...] reforcei ainda mais a minha posição com referência aos investimentos
externos, quando definimos que o Espírito Santo só poderia ter um
processo de demarragem econômica com a execução de um projeto igual
152
ou maior envergadura que a companhia Vale do Rio Doce” (SANTOS, 2004,
p.20).
Dessa forma,
A partir de meados dos anos 70, tem início outra etapa do processo
econômico quando se concretizam as decisões de se implantarem no
Estado os “Grandes Projetos Industriais”, orientados basicamente para
mercados externos, que vão proporcionar uma nova dimensão à economia
do Espírito Santo e transformar radicalmente a estrutura produtiva estadual
(SIQUEIRA, 2010, p. 80).
153
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
154
alcançava recordes na exportação de café, contribuindo para a inércia industrial do
Estado.
155
A mudança política, nesse caso, tornou-se uma mudança de mentalidade
e de projeto para o Estado. Enquanto Santos Neves almejava transformar o Espírito
Santo num Estado industrial, “Chiquinho” via a agricultura como carro-chefe da
economia capixaba.
153
Vale lembrar que a Findes nasce no governo Kubistchek, e que esse período (década de 1950) foi
caracterizado pela ascensão da FIESP, bem como do destaque do empresariado industrial no que diz
respeito a estruturação e evolução da política econômica nacional. Ou seja, do ponto de vista
histórico-sociológico, a Findes nasce num período de grande proeminência do empresariado indústria
junto ao governo federal.
156
eleito um candidato que estava alinhado com o seu projeto, caso contrário ela
perderia espaço no espectro político.
157
“Diagnóstico para o Planejamento do Econômico do Espírito Santo”, que seria o
plano de governo de Dias Lopes e estava direcionado no binômio: racionalização
administrativa e desenvolvimento; segundo, a Lei que criava a CODES já havia sido
desenvolvida no governo de Rangel, sendo aprovada no primeiro mês da gestão
Dias Lopes. Isso quer dizer que, as bases para um banco de desenvolvimento foram
criadas no governo anterior; terceiro, Dias Lopes imprime uma arrojada reforma
administrativa no Estado, inclusive concedendo acesso à FINDES em várias
autarquias e órgãos do Estado.
158
evidenciada nas ações de cima para baixo, ou seja, o regime militar possuía um
projeto para o país e endossava a indicação do candidato ao governo estadual. O
Poder Executivo estadual possuía um programa de governo e precisava articular
seus interesses dentro do Estado para colocá-lo em prática, daí a aliança com a
FINDES. A federação, da mesma forma, necessitava do governo para a realização
do seu projeto desenvolvimentista para o Estado.
159
entanto, Dias Lopes logo que percebeu a insatisfação da FINDES, contorna a
situação criando a criando a SUPPIN.
Não deveria ser o contrário, visto que Gerhardt era consultor da federação
desde o final da década de 1950?
160
último, o patrocínio da FINDES para diversas questões estaduais, além da
participação direta nos órgãos do governo.
161
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMPOS JÚNIOR, Carlos Teixeira de. O Novo Arrabalde. Vitória: PMV, Secretaria
Municipal de Cultura e Turismo, 1996, p. 132
162
DAHL, Robert. Poliarquia: participação e oposição. São Paulo: Edusp, 2005.
HOLLANDA, Cristina Buarque de. Teoria das Elites. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
163
MANCUSO, Wagner Pralon. O empresariado como ator político no Brasil:
balanço da literatura e agenda de pesquisa. Revista Sociologia e Política, Curitiba, n.
28, junho 2007.
NEVES, Jones dos Santos. Cartas selecionadas. 1. Ed.. Vitória: Cultural – ES,
1988.
164
ROCHA, Haroldo Corrêa; MORANDI, Ângela Maria. Cafeicultura e grande
indústria: a transição do Espírito Santo (1955-1985). Vitória, ES: FCAA, 1991.
165
WEFFORT, Francisco C.. O populismo na política brasileira. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 2003.
WEBER, Max. A Política como Vocação. In: WEBER, Max. Ciência e Política, Duas
Vocações. São Paulo: Editora Cultrix, 1996. p. 53-124.
166
ANEXOS
ANEXO I
167
ANEXO II
168