AULA 2 APEXII
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A sociedade na era digital
Figura 1. Planeta digital
Fonte:https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/close-businessman-
holding-digital-globe-palm-307525307. Acesso em: 25/05/22.
Como você já estudou, milhões de pessoas podem obter rapidamente
informações pela internet sobre vários assuntos. O mundo digital, como
superestrutura universal de comunicação e troca de dados, é uma fonte
inesgotável, sem começo ou fim.
O espaço cibernético permite a leitura de notícias, a realização de
operações bancárias, as interações sociais entre sujeitos distantes, o
compartilhamento de informações das mais variadas naturezas. Então,
começamos a nos perguntar:
a) Podemos confiar em todas as informações extraídas da internet?
b) Como saber e checar se a fonte de informação é confiável ou não?
c) É fácil distinguir a liberdade de expressão dos discursos ofensivos?
d) Qual é a diferença entre fato e opinião?
Tais questionamentos nos obrigam a aprofundar algumas temáticas e refletir
como podemos buscar soluções para os problemas atuais.
2.1 Liberdade de expressão, desordem informacional e discursos de
ódio
Vale observar que a Constituição Federal assegura a liberdade de expressão,
que por sua vez engloba diversas espécies de manifestações, como a
liberdade de pensamento, de expressão artística, de ensino e pesquisa, de
comunicação e de informação e liberdade religiosa.
Ocorre que muitas pessoas acreditam que podem expressar seus
pensamentos sobre qualquer assunto, inclusive incitando a violência e a
discriminação.
No Brasil, após sugerir a criação de um partido nazista, o influenciador e
apresentador Monark, do Flow Podcast, perdeu todos os seus
patrocinadores, foi desligado do programa e banido do YouTube, chegando a
dizer em suas redes sociais que estaria: "sofrendo perseguição política do
YouTube Brasil. Eles me proibiram de criar um novo canal para poder
continuar minha vida, pessoas poderosas querem me destruir. Liberdade de
expressão morreu".
Então, vale pensar que os discursos de ódio ou hate speech são
manifestações que avaliam negativamente uma pessoa ou grupo de
pessoas, a fim de diminuir direitos, oportunidades ou recursos, e,
consequentemente, legitimar a prática de discriminação ou violência.
São considerados discursos de ódio, por exemplo, tentativas de
desumanizar pessoas que historicamente são discriminadas, comparando-as
com outras pessoas indignas ou animais. Eles são capazes de gerar danos
físicos e psicológicos naqueles que sofrem a violência, podendo, inclusive,
provocar depressão e, em situações extremas, levar a vítima ao suicídio.
O discurso de ódio é qualquer manifestação que inferiorize ou incite ódio
contra um indivíduo por conta de suas características pessoais, como raça,
gênero, etnia, nacionalidade, religião ou orientação sexual.
Como você já sabe, a Constituição Federal de 1988 assegura a liberdade de
manifestação de pensamento, mas veda o anonimato (art. 5º, IV e V) e não
protege o discurso de ódio. Do ponto de vista educacional, é importante que
você saiba que a liberdade de expressão engloba diversas espécies de
manifestações, como:
» A liberdade de pensamento (arts. 5º, IV e V, e 220).
» A liberdade de expressão artística (art. 5º, IX, e 215).
» A liberdade de ensino e pesquisa (art. 206, II).
» A liberdade de comunicação e de informação (art. 5º, XIV).
» A liberdade religiosa (art. 5º, VI).
Diante do exposto, é necessário compreender que é a própria Constituição
Federal que:
» no art. 3º, IV, define que o objetivo da República Federativa do Brasil
consiste em: “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”;
» no art. 5º, inciso XLI, prevê que: “a lei punirá qualquer discriminação
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais”;
» o art. 5º, inciso XLII, expressamente proíbe toda forma de racismo: “XLII -
a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à
pena de reclusão, nos termos da lei”.
Podemos, por exemplo, apontar a Lei n. 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que
define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. A proibição
explícita de discursos de ódio está garantida pela Lei, que prevê:
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça,
cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei n.
9.459, de 15/5/1997).
Pena: reclusão de um a três anos e multa. (Redação dada pela Lei n. 9.459,
de 15/5/1997).
Você sabe distinguir o que é um discurso de ódio e o que é uma
manifestação da liberdade de expressão? Vamos fazer uma atividade
relacionada a isso?
Marque as respostas que julgar corretas e depois confira o gabarito:
Agora que você já sabe que discurso de ódio não é opinião, acobertada pela
liberdade de expressão, vamos estudar alguns mecanismos que procuram
promover a desinformação.
Você sabia que é possível criar, a partir de inteligência artificial, vídeos que
reproduzem a aparência e A voz de pessoas? Essa técnica é conhecida
por deepfake e tem o enorme potencial de causar danos.
O desenvolvimento do pensamento crítico é uma habilidade poderosa que
pode combater o uso maléfico da inteligência artificial.
2.2 Diferença entre fatos e opiniões
Uma das questões a ser abordada na educação midiática é a habilidade de
saber distinguir o que é fato e o que é opinião. Segundo o dicionário
eletrônico Michaelis, as palavras fato e opinião não se confundem:
Fato sm (lat factum) 1 Evento de cuja ocorrência se tem conhecimento,
ou coisa cuja existência não se põe em dúvida. 2 Tudo aquilo que acontece
por ação do homem ou em decorrência de eventos exteriores ou naturais,
que independem da vontade humana; acontecido, acontecimento,
ocorrência, sucedido, sucesso. 3 Algo cuja existência é inquestionável;
realidade, verdade. 4 FILOS Aquilo que é ou acontece, e que, portanto, pode
ser tomado como um dado real da experiência, ocupando um lugar limitado
no tempo e/ou no espaço. 5 FILOS Aquilo que, por ser dotado de
possibilidade objetiva de verificação, independe de opiniões, juízos e
valorizações que não sejam aqueles intrínsecos aos meios e instrumentos
capazes de proceder a tal verificação. 6 Algo sobre cuja existência há
consenso geral, por ter sido confirmado reiteradamente e por muitos
observadores independentes e de competência inquestionável.
(Disponível em:
Acessar o site
. Acesso em: 4 jul. 2021).
Opinião sf (lat opinio, -onis) 1 Modo de pensar, de julgar, de ver. 2 Ponto de
vista ou posição tomada sobre assunto em particular (social, político,
religioso etc.). 3 Parecer emitido sobre determinado assunto em que muito
se refletiu e deliberou. 4 Juízo de valor que se faz sobre alguém ou alguma
coisa. 5 Consenso partilhado por um grupo de pessoas sobre um ou mais
assuntos.
(Disponível em:
Acessar o site
Acesso em: 4 jul. 2021).
De acordo com estas definições percebemos que fato está relacionado a
algo que aconteceu, que é verdadeiro, enquanto opinião diz respeito àquilo
que alguma pessoa pensa sobre um fato.
Quando falamos, por exemplo, que a “Argentina é um país”, estamos diante
de um fato. Todos nós sabemos que a Argentina é um Estado soberano,
situado na América do Sul. Por outro lado, quando dissemos que “os homens
na Argentina são bonitos, inteligentes e elegantes”, estamos diante de
uma opinião. Afinal, esta afirmação pode ser um entendimento de uma
pessoa, não todas.
É claro que fato e opinião podem estar juntos em uma mesma notícia ou
informação. É o que mais acontece.
2.3 Pós-verdade e fake news
Em 2016, a palavra pós-verdade foi eleita palavra do ano pelo Dicionário
Oxford. Nesse mesmo ano, fatos surpreendentes ocorreram no mundo,
como a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados
Unidos, o impeachment de Dilma Rousseff no Brasil, o resultado do
referendo que rejeitou o acordo de paz entre a Colômbia e as FARC, a
decisão dos britânicos de deixarem a União Europeia.
Todos esses acontecimentos tiveram um ponto em comum: a racionalidade
perdeu espaço para a emotividade e as crenças pessoais passaram a ter
mais relevância do que os fatos objetivos. Tudo isso ocorreu em um
ambiente recheado de desordem informacional no qual a credibilidade no
jornalismo profissional cedeu diante das opiniões.
Embora não seja um fenômeno novo, o conceito de pós-verdade foi
restaurado diante da circulação de notícias e informações reproduzidas na
rede. Você deve ter em mente que pós-verdade não equivale à mentira,
mas significa que os fatos objetivos têm menos importância do que os
apelos emocionais. Em outras palavras, pós-verdade relativiza os fatos,
dando lugar ao discurso emocional, e pode ser considerada uma arma
política a serviço da desinformação.
Na visão de Francisco Rosales (2017, p. 49), quando os fatos objetivos dão
lugar às crenças pessoais, “isto significa que as sociedades, deslumbradas
com o discurso e com a propaganda, deixam de lado a verificação e a
análise dos fatos, para, mansamente, aceitar como válidas as mensagens
de líderes, políticos e aventureiros”.
No ensaio “Armas silenciosas para guerras tranquilas”, atribuído a Noam
Chomsky (1979), são apresentadas as 10 estratégias de manipulação das
massas, que assim podem ser resumidas:
2.Criar problemas e Por esse método procura-se criar um problema a fim de causar uma reação
depois oferecer no público, que necessariamente exigirá respostas, possibilitando que as
soluções elites apresentem as suas soluções. Por exemplo: deixar que se intensifique
a violência urbana, para depois apresentar uma medida que autorize o
porte de armas para todos.
4.A Estratégia de Trata-se de outra forma de fazer com que o público aceite uma medida
diferir impopular. Apresenta a decisão como “dolorosa e necessária”, aceita agora
para ser aplicada no futuro. Ordinariamente, é mais fácil aceitar um
sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Por exemplo: o governante
diz que será preciso aumentar os impostos para garantir a continuidade dos
serviços públicos. Quando o aumento ocorrer, o público já estará resignado
com a medida.
5.Dirigir-se ao público Procura-se utilizar publicidade com narrativa infantil, uma vez que se uma
como crianças pessoa se dirige a outra como se fosse uma criança, em razão da sugestão,
ela provavelmente responderá ou reagirá como se criança fosse, isto é, com
pouco discernimento e sem senso crítico apurado.
6.Utilizar o aspecto É uma técnica que se vale do discurso emocional a fim de causar confusão
emocional muito mais e embaralhamento na análise racional. Tal estratégia possibilita quebrar as
que a reflexão barreiras do consciente e o acesso ao inconsciente das pessoas, facilitando
a manipulação, provocando desejos, medos, temores e compulsões.
8.Estimular o público a Promove-se a ideia que é moda ser estúpido, inculto e vulgar. Podem ser
ser complacente com a oferecidos alguns elementos, como pseudocelebridades, para que o público
mediocridade imite os comportamentos e atitudes e se estabeleça na mediocridade.
Endereço:Acessar o site
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/fake-news-on-tv-
correspondent-doll-1260841675. Acesso em: 25/05/22.
Quando o assunto se refere à política, o uso do termo fake news é criticado
por especialistas, por ser ambíguo, ou por ser utilizado por maus políticos
para desacreditar os meios de comunicação ou quem apresente
discordância sobre seus posicionamentos. Assim prefere-se o
termo desinformação.
Antes de prosseguir, que tal um novo desafio? Marque somente as
opções que revelam os cuidados que deveremos ter para identificar
uma fake news ou uma deepfake.
a) Avaliar a fonte, o site e o autor do conteúdo e comparar com outros sites.
d) Checar se não se trata de site de piadas, pois alguns sites de humor
usam da ironia para fazer piada.
f) Identificar as palavras que resumem a informação ou o boato e fazer a
busca por elas na internet.
g) Utilizar plataformas ou sites que realizem checagens de notícias falsas.