Texto 02
Texto 02
Texto 02
social; a construção de uma sociedade justa, livre, solidária e fraterna, sem
preconceitos, sem pobreza e sem desigualdades sociais. A criação de um
direito justo, com efetivo poder transformador da sociedade, entretanto,
não é obra apenas do legislador, mas também, e principalmente, de todos
os operadores do direito, de sorte que se ainda não temos uma sociedade
justa é porque temos falhado nessa sagrada missão de bem interpretar e
aplicar o direito.
O que o legislador faz, repetimos, é apenas criar a lei mas esta, por
mais ampla que seja, não passa de um capítulo do Direito. “É apenas uma
parte do direito, um singelo esqueleto”, na feliz imagem do Prof. Antônio
Junqueira de Azevedo, sendo que a “vida a este esqueleto vai ser dada pela
doutrina, pela jurisprudência e, principalmente, pelo próprio espírito do
povo, fonte última da própria lei, da doutrina e da jurisprudência”. Antônio
Hermam Benjamim, com sua genialidade, completa o quadro dizendo: “O
intérprete não pode sentir a lei sem que, ao mesmo tempo, sinta o mundo
que a cerca... Por conseguinte, compete ao intérprete a árdua tarefa de pro-
ceder à intelecção da lei em sintonia com as exigências atuais do espírito
do povo, mesmo que ao fazê-lo tenha que abandonar princípios e conceitos
arraigados” (Com. ao CDC, Saraiva, 1991, p. 23). O que faz a diferença,
em última instância, não é tanto a lei mas sim a cultura jurídica.
o de nos empenharmos nessa perene tarefa de ajustar o Direito à Justiça
descendentes. Lembremo-nos que o nosso compromisso é com o Direito e a
Justiça e não apenas com a lei, e que sem operadores competentes o Direito
não passará de uma estrutura formal e a justiça de uma mera utopia.