(arts. 1º a 32 da CIDH-OAS)

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 15

15/01/2025, 15:29 TEC Concursos - Imprimir Capítulo de Deveres dos Estados e Direitos Protegidos (arts.

1º a 32 da CIDH-OAS)

Proibida a reprodução e comercialização sem autorização


Usuário: GUILHERME ENRIQUE, guilherme.eenrique@gmail.com, CPF: 03758860105
Deveres dos Estados e Direitos Protegidos (arts. 1º a 32 da CIDH-OAS)

Introdução
Sendo a Declaração Universal dos Direitos Humanos a pedra fundamental para a construção do sistema de direitos
humanos das Nações Unidas, constitui-se no ponto de referência para todos os outros tratados e convenções
internacionais que a sucederam.

Houve necessidade, portanto, de elaborar tratados internacionais específicos para dar juridicidade à proteção dos
direitos consignados Declaração Universal. Ocorreu, portanto, o fenômeno da transnacionalização dos direitos
humanos, com a multiplicação de tratados e convenções que conferiram a tutela assecuratória desses direitos.

Quando a Comissão de Direitos Humanos da ONU tomou as primeiras iniciativas, a partir de 1949, para estabelecer
esses tratados, encontrou sérias dificuldades, em virtude tanto dos conflitos da polarização entre os dois grandes
blocos (capitalista e socialista), os conflitos oriente-ocidente e outras fissuras ideológicas que tornavam complicado
tratar de temas com forte conteúdo ideológico como é o dos Direitos Humanos. No cerne dessa questão, está a
diversidade jurídica dos direitos humanos de natureza política e civil (direitos de primeira dimensão) e os direitos
sociais, econômicos e culturais (direitos de segunda dimensão).

Isso porque a proibição de tortura ou tratamento degradante pode ser efetivada por decreto ou ato legislativo. Já o
direito universal à educação, consagrado no artigo 26 da Declaração Universal, deve ser alcançado não só por atos
legislativos mas depende de ações positivas e econômicas por parte do Estado. Essa divergência suscitou a
necessidade de unificação desses direitos.

A Comissão de Direitos Humanos da ONU decidiu, inicialmente, elaborar duas Convenções distintas, que são o Pacto
Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (Pacto Civil) e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais (Pacto Social). A unidade desses instrumentos é simbolizada na adoção simultânea de ambos os pactos
em 19/12/1966, e sua entrada em vigor, também simultaneamente em 1976, após a ratificação pelo 35º Estado
membro. O Brasil adotou ambos os pactos em 24/1/1992, por meio dos Decretos Presidenciais 591 e 592,
respectivamente, ambos de 6/6/1992.

Além desses, outros inúmeros tratados foram sendo firmados, seja de caráter universal, seja de feição regional. Os
principais, que serão estudados em capítulos específicos, conforme as exigências de cada edital, são:

Convenção Americana sobre direitos humanos ou Pacto de San José da Costa Rica

Convenção sobre eliminação de todas as formas de discriminação racial

Convenção sobre Eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher

Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher

https://www.tecconcursos.com.br/aulas/capitulos/12840/imprimir-capitulo 1/15
15/01/2025, 15:29 TEC Concursos - Imprimir Capítulo de Deveres dos Estados e Direitos Protegidos (arts. 1º a 32 da CIDH-OAS)

Convenção contra a tortura e tratamentos degradantes

Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura

Convenção sobre os direitos das crianças

Convenção sobre a proteção de migrantes trabalhadores e suas famílias

Regras Mínimas da ONU para o Tratamento de Prisioneiros

Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas contra os Desaparecimentos Forçados

Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência

Convenção Interamericana contra a Corrupção

Deveres dos Estados e Direitos Protegidos

O Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos deu início aso seus propósitos na Conferência
Interamericana sobre Problemas de Guerra e da Paz, realizada em 1945. Após isto, várias Conferências foram
realizadas para a exposição da matéria e, em Bogotá (1948), foram aprovados dois importantes instrumentos
jurídicos: a Carta da OEA e a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem.

No entanto, com características de declaração , a DADDH não criou obrigações contratuais jurídicas e carecia de
caráter de direito positivo substantivo, para que sua aplicação pudesse ser juridicamente exigível . Desse modo,
devido à ausência de um órgão encarregado da promoção e proteção dos direitos humanos, a Conferência
Especializada em Direitos Humanos, realizada em San José da Costa Rica (1969), aprovou a Convenção Americana
sobre Direitos Humanos, que estabeleceu dois Órgãos para assegurar o cumprimento efetivo de suas próprias
diretrizes: a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos,
estudadas no capítulo do Sistema Interamericano de Direitos Humanos.

Muito resumidamente, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos possui duplo tratamento normativo:
combina poderes auferidos pela Convenção Americana e pela Carta da OEA, podendo iniciar estudos geográficos,
elaborar relatórios apontando violações aos direitos humanos e consequente violação da obrigação de respeitá-los,
responsabilizando os Estados partes da OEA, e inclusive encaminhar denúncias à Assembléia Geral e até à Corte
Interamericana.

A comissão tem ainda poderes para investigar todas as comunicações sobre violações, conforme garantem os arts. 44
e 45 da Convenção Americana, pode processar petições individuais e interestatais contendo alegações de violação
dos direitos humanos.

Bem, o Pacto de San José da Costa Rica, como é mais conhecida a Convenção Americana dos Direitos Humanos,
promulgada em 1969, introduz em seu conteúdo as disposições da Declaração Americana dos Direitos e Deveres do
Homem (1948) e o catálogo dos direitos civis e políticos assegurados no Pacto de Direitos Civis e Políticos (1966).

https://www.tecconcursos.com.br/aulas/capitulos/12840/imprimir-capitulo 2/15
15/01/2025, 15:29 TEC Concursos - Imprimir Capítulo de Deveres dos Estados e Direitos Protegidos (arts. 1º a 32 da CIDH-OAS)

Mas Jean, e os direitos sociais, culturais e econômicos? A Convenção não os definiu ou especificou, não obstante
tenha previsto a necessidade e mesmo a obrigatoriedade de sua implementação. Faz referência a esses direitos nos
considerandos de seu preâmbulo, bem como no artigo 26 e no artigo 42. Os direitos sociais propriamente ditos vão
estar especificados em um Protocolo Adicional à Convenção, denominado Protocolo de San Salvador. Vamos
começar dando uma olhada nesses dispositivos da Convenção Americana:

Preâmbulo
Os Estados Americanos signatários da presente Convenção,

Reafirmando seu propósito de consolidar neste Continente, dentro do quadro das instituições democráticas,
um regime de liberdade pessoal e de justiça social, fundado no respeito dos direitos humanos essenciais;

Reconhecendo que os direitos essenciais da pessoa humana não derivam do fato de ser ela nacional de
determinado Estado, mas sim do fato de Ter como fundamento os atributos da pessoa humana, razão por que
justificam uma proteção internacional, de natureza convencional, coadjuvante ou complementar da que
oferece o direito interno dos Estados Americanos.

Considerando que esses princípios foram consagrados na Carta da Organização dos Estados Americanos, na
Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e na Declaração Universal dos Direitos do Homem, e
que foram reafirmados e desenvolvidos em outros instrumentos internacionais, tanto de âmbito mundial
como regional.

Reiterando que, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, só pode ser realizado o ideal do
ser humano livre, isento do temor e da miséria, se forem criadas condições que permitam a cada pessoa
gozar dos seus direitos econômicos, sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos; e

Considerando que a Terceira Conferência Interamericana Extraordinária (Buenos Aires, 1967) aprovou a
incorporação à própria Carta da Organização de normas mais amplas sobre os direitos econômicos, sociais
e educacionais e resolveu que uma Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos determinasse a
estrutura, competência e processo dos órgãos encarregados dessa matéria;
Artigo 26: Desenvolvimento progressivo - Os Estados partes comprometem-se a adotar as providências,
tanto no âmbito interno, como mediante cooperação internacional, especialmente econômica e técnica, a fim
de conseguir progressivamente a plena efetividade dos direitos que decorrem das normas econômicas,
sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da Organização dos Estados Americanos,
reformada pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida dos recursos disponíveis, por via legislativa ou por
outros meios apropriados.
Artigo 42: Os Estados partes devem submeter à Comissão cópia dos relatórios e estudos que, em seus
respectivos campos, submetem anualmente às Comissões Executivas do Conselho Interamericano Econômico
e Social e do Conselho Interamericano de Educação, Ciência e Cultura, a fim de que aquela zele para que se
promovam os direitos decorrentes das normas econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura,
constantes da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires.

https://www.tecconcursos.com.br/aulas/capitulos/12840/imprimir-capitulo 3/15
15/01/2025, 15:29 TEC Concursos - Imprimir Capítulo de Deveres dos Estados e Direitos Protegidos (arts. 1º a 32 da CIDH-OAS)

Portanto, com seus 82 artigos, a Convenção Americana (Pacto de San José) é a mais abrangente e garante
principalmente, dentre outros, o direito à vida, à integridade social, à liberdade da pessoa, ao processo judicial justo,
à privacidade, a um nome, à nacionalidade, à participação em tomada de decisão estatal, à igualdade e à proteção
legal (os chamados direitos de primeira geração ou dimensão). Além disso, pugnou pela abolição completa do
trabalho escravo e assegurou a liberdade de consciência, de religião, de pensamentos e de expressão, bem como a
liberdade de associação.

Foi pactuada por 25 dos 35 Estados membros da OEA, destacando-se que apenas países latino americanos aderiram
ao Pacto. Estados Unidos e Canadá não manifestaram adesão. O Brasil aderiu à Convenção em 1992, por meio do
Decreto Presidencial 678/1992, 14 anos após a entrada em vigor, em 1978.

Foi complementada por dois Protocolos Adicionais: um sobre Direitos Humanos em Matéria de Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais (Protocolo de San Salvador), de 1988 e outro sobre a Abolição da Pena de Morte, de 1990.
Falaremos deles mais ao final deste Capítulo.

Guarde para a sua prova que os protocolos adicionais representam tratados


internacionais autônomos e, desse modo, necessitam da ratificação expressa pelos Estados antes de se
tornarem instrumentos vinculantes. Veremos os dois protocolos adicionais à Convenção Americana, ao final
deste Capítulo.

A Parte I da Convenção estabelece um catálogo de deveres e direitos a serem observados pelos Estados partícipes.
Vamos estudá-los, aproveitando para fazer algumas considerações, todas importantes para a sua prova:

PARTE I DEVERES
DOS ESTADOS E DIREITOS PROTEGIDOS
Capítulo I ENUMERAÇÃO DOS DEVERES
Artigo 1º Obrigação de respeitar os direitos
1. Os Estados partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos
e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação
alguma, por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza,
origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição social.
2. Para efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano.
Cuidado! Não é todo cidadão ou todo nacional, é toda pessoa, todo ser humano.

Artigo 2º Dever de adotar disposições de direito interno


Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1 ainda não estiver garantido por disposições
legislativas ou de outra natureza, os Estados partes comprometem-se a adotar, de acordo com as suas

https://www.tecconcursos.com.br/aulas/capitulos/12840/imprimir-capitulo 4/15
15/01/2025, 15:29 TEC Concursos - Imprimir Capítulo de Deveres dos Estados e Direitos Protegidos (arts. 1º a 32 da CIDH-OAS)

normas constitucionais e com as disposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra


natureza que forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades.

Importante: a Convenção faz uma ressalva no sentido de observância das disposições constitucionais do Estado
membro, ao tempo em que estimula a adequação do arcabouço legislativo dos Estados às disposições da
Convenção.

Capítulo II - Direitos Civis e Políticos


Artigo 3º Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica
Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua personalidade jurídica.

Artigo 4º Direito à vida


1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral,
desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente.

2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais
graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com a lei que
estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação
a delitos aos quais não se aplique atualmente.

3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido.

4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada a delitos políticos, nem a delitos comuns conexos
com delitos políticos.

5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetração do delito, for menor de
dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez.

6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou comutação da pena, os quais
podem ser concedidos em todos os casos. Não se pode executar a pena de morte enquanto o pedido estiver
pendente de decisão ante a autoridade competente.

Veja que interessante: o direito à vida é assegurado desde a concepção, e não desde o nascimento. Já a pena de
morte não é proibida pela convenção, mas condicionada. Nesse sentido, há limitações de cunho material (delitos
mais graves), processual (sentença final de tribunal competente), temporal ou consumativa (não se estende a
novos delitos), motivacional (crimes políticos e crimes comuns conexos com crimes políticos não se sujeitam)
e subjetiva (menores de 18 anos ou maiores de 70 ou grávidas não podem sofrer a pena capital).

Artigo 5º - Direito à integridade pessoal


1. Toda pessoa tem direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral.
2. Ninguém deve ser submetido a torturas nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.
Toda pessoa privada da liberdade deve ser tratada com respeito devido à dignidade inerente ao ser humano.
3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente.

https://www.tecconcursos.com.br/aulas/capitulos/12840/imprimir-capitulo 5/15
15/01/2025, 15:29 TEC Concursos - Imprimir Capítulo de Deveres dos Estados e Direitos Protegidos (arts. 1º a 32 da CIDH-OAS)

4. Os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias excepcionais, e ser
submetidos a tratamento adequado à sua condição de pessoas não condenadas.
5. Os menores, quando puderem ser processados, devem ser separados dos adultos e conduzidos a tribunal
especializado, com a maior rapidez possível, para seu tratamento.
6. As penas privativas da liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a readaptação social dos
condenados.

O artigo 5º refere-se ao respeito devido à integridade pessoal e à dignidade humana. Interessante notar que o artigo
5º, XLV, da nossa Constituição repete o disposto no art. 5º.3 da Convenção, com a ressalva de que a obrigação de
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, podem ser estendidas aos sucessores do
condenado e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido:

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação
do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
do valor do patrimônio transferido;

Já o parágrafo 4 do artigo 5º estabelece a separação entre presos preventivos ou provisórios e aqueles condenados
definitivamente.

O parágrafo 5 estabelece a necessidade de segregação dos menores de idade dos adultos, ainda que aqueles tenham
sido criminalmente processados, e o julgamento por tribunal especializado.

Artigo 6º Proibição da escravidão e da servidão


1. Ninguém poderá ser submetido a escravidão ou servidão e tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico
de mulheres são proibidos em todas as suas formas.

2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos países em que se prescreve,
para certos delitos, pena privativa de liberdade acompanhada de trabalhos forçados, esta disposição não pode
ser interpretada no sentido de proibir o cumprimento da dita pena, imposta por um juiz ou tribunal
competente. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade, nem a capacidade
física e intelectual do recluso.

3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos deste artigo:


a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa em cumprimento de sentença ou
resolução formal expedida pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos ou serviços devem ser
executados sob a vigilância e controle das autoridades públicas, e os indivíduos que os executarem
não devem ser postos à disposição de particulares, companhias ou pessoas jurídicas de caráter privado;
b) serviço militar e, nos países em que se admite a isenção por motivo de consciência, qualquer serviço
nacional que a lei estabelecer em lugar daquele;
c) o serviço exigido em casos de perigo ou de calamidade que ameacem a existência ou o bem-estar da
comunidade;
d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais.

https://www.tecconcursos.com.br/aulas/capitulos/12840/imprimir-capitulo 6/15
15/01/2025, 15:29 TEC Concursos - Imprimir Capítulo de Deveres dos Estados e Direitos Protegidos (arts. 1º a 32 da CIDH-OAS)

O artigo 6º.2, portanto, admite a pena de trabalhos forçados, proibida pela nossa Constituição Federal, em seu
artigo 5º, XLVII, “c”.

Artigo 7º Direito à liberdade pessoal


1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais.

2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo pelas causas e nas condições previamente fixadas
pelas Constituições políticas dos Estados partes ou pelas leis de acordo com elas promulgadas.

3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramento arbitrários.

4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões da detenção e notificada, sem demora, da
acusação ou das acusações formuladas contra ela.

5. Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra
autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem o direito de ser julgada em prazo razoável ou de
ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a
garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo.

6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este
decida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e ordene sua soltura, se a prisão ou a
detenção forem ilegais. Nos Estados partes cujas leis prevejam que toda pessoa que se vir ameaçada de ser
privada de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida
sobre a legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode ser restringido nem abolido. O recurso pode ser
interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa.

7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária
competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.

O art. 7º.5 tem sido objeto de violações reiteradas pelos Estados membros, a exemplo do Caso TIBI vs Equador,
sentença proferida em 7/9/2004, Caso Acosta Calderón vs. Equador, sentença proferida em 24/06/2005; Caso López
Álvarez vs. Honduras, sentença proferida em 01/02/2006; Caso Palamara Iribarne vs. Chile, sentença proferida em
22/11/2005), tendo em vista a jurisprudência da Corte Interamericana de que a apresentação imediata ao juiz “é
essencial para a proteção do direito à liberdade pessoal e para outorgar proteção a outros direitos, como a vida e a
integridade pessoal”, advertindo que “o simples conhecimento por parte de um juiz de que uma pessoa está detida
não satisfaz essa garantia, já que o detido deve comparecer pessoalmente e apresentar sua declaração ante o juiz ou
autoridade competente".

O artigo 7º.7 foi tomado como base pelo Supremo Tribunal Federal para revogar dispositivos legais que autorizavam
a prisão do depositário infiel. Atribuindo caráter supralegal aos Tratados Internacionais de Direitos Humanos, o STF
considerou que o Pacto de San José da Costa Rica prevalece sobre a legislação ordinária nacional, não obstante
sujeite-se, ainda, às normas da Constituição da República.

https://www.tecconcursos.com.br/aulas/capitulos/12840/imprimir-capitulo 7/15
15/01/2025, 15:29 TEC Concursos - Imprimir Capítulo de Deveres dos Estados e Direitos Protegidos (arts. 1º a 32 da CIDH-OAS)

Continua vigente, entretanto, o artigo 5º, LXVII, da CF, segundo o qual não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel. Isso
porque o Tratado não tem força constitucional, mas poderia tê-la, caso fosse incorporado ao ordenamento nacional
pelo mesmo quórum de aprovação das Emendas à Constituição (art. 5º, § 3º, CF).

Artigo 8º Garantias judiciais


1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um
juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de
qualquer acusação penal formulada contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter
civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.

2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente
comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes
garantias mínimas:
a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por um tradutor ou intérprete, caso não compreenda ou
não fale a língua do juízo ou tribunal;
b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada;
c) concessão ao acusado do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa;
d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de sua escolha e de
comunicar-se, livremente e em particular, com seu defensor;
e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo Estado, remunerado ou não,
segundo a legislação interna, se o acusado não se defender ele próprio, nem nomear defensor dentro do prazo
estabelecido pela lei;
f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no Tribunal e de obter o comparecimento, como
testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar luz sobre os fatos;
g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada; e
h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior.

3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de nenhuma natureza.

4. O acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser submetido a novo processo pelos
mesmos fatos.

5. O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os interesses da justiça.

O artigo 8º versa sobre o Princípio do Juiz Natural, o da proibição de tribunal de exceção, e da presunção de
inocência.

Os artigos seguintes, do 9º ao 25, cuidam dos demais direitos individuais e coletivos, assegurados inclusive pela
nossa Constituição Federal, ainda no campo dos direitos civis e políticos (de primeira geração ou dimensão):
Artigo 9º - Princípio da legalidade e da retroatividade

https://www.tecconcursos.com.br/aulas/capitulos/12840/imprimir-capitulo 8/15
15/01/2025, 15:29 TEC Concursos - Imprimir Capítulo de Deveres dos Estados e Direitos Protegidos (arts. 1º a 32 da CIDH-OAS)

Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no momento em que foram cometidos, não
constituam delito, de acordo com o direito aplicável. Tampouco poder-se-á impor pena mais grave do que a
aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição de
pena mais leve, o delinquente deverá dela beneficiar-se.

Artigo 10 – Direito à indenização


Toda pessoa tem direito a ser indenizada conforme a lei, no caso de haver sido condenada em sentença
transitada em julgado, por erro judiciário.

Artigo 11 – Proteção da honra e da dignidade


1. Toda pessoa tem direito ao respeito da sua honra e ao reconhecimento de sua dignidade.
2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou abusivas em sua vida privada, em sua família, em seu
domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ilegais à sua honra ou reputação.
3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais ingerências ou tais ofensas.

Artigo 12 – Liberdade de consciência e de religião


1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito implica a liberdade de
conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem como a liberdade de
professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto em público como em
privado.
2. Ninguém pode ser submetido a medidas restritivas que possam limitar sua liberdade de conservar sua
religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças.
3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias crenças está sujeita apenas às limitações previstas
em lei e que se façam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os
direitos e as liberdades das demais pessoas.
4. Os pais e, quando for o caso, os tutores, têm direito a que seus filhos e pupilos recebam a educação religiosa
e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.

Artigo 13 – Liberdade de pensamento e de expressão


1. Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse direito inclui a liberdade de
procurar, receber e difundir informações e idéias de qualquer natureza, sem considerações de fronteiras,
verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por qualquer meio de sua escolha.
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeita à censura prévia, mas a
responsabilidades ulteriores, que devem ser expressamente previstas em lei e que se façam necessárias para
assegurar:
3. o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas;
4. a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral públicas.
5. Não se pode restringir o direito de expressão por vias e meios indiretos, tais como o abuso de controles
oficiais ou particulares de papel de imprensa, de freqüências radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos
usados na difusão de informação, nem por quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e a
circulação de idéias e opiniões.

https://www.tecconcursos.com.br/aulas/capitulos/12840/imprimir-capitulo 9/15
15/01/2025, 15:29 TEC Concursos - Imprimir Capítulo de Deveres dos Estados e Direitos Protegidos (arts. 1º a 32 da CIDH-OAS)

6. A lei pode submeter os espetáculos a censura prévia, com o objetivo exclusivo de regular o acesso a eles,
para proteção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo do disposto no inciso 2.
7. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao ódio nacional, racial ou
religioso que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência.

Artigo 14 – Direito de retificação ou resposta


1. Toda pessoa, atingida por informações inexatas ou ofensivas emitidas em seu prejuízo, por meios de difusão
legalmente regulamentados e que se dirijam ao público em geral, tem direito a fazer, pelo mesmo órgão de
difusão, sua retificação ou resposta, nas condições que estabeleça a lei.
2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximirão das outras responsabilidades legais em que se houver
incorrido.
3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, toda publicação ou empresa jornalística, cinematográfica,
de rádio ou televisão, deve ter uma pessoa responsável, que não seja protegida por imunidades, nem goze de
foro especial.

Artigo 15 – Direito de reunião


É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem armas. O exercício desse direito só pode estar sujeito às
restrições previstas em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade democrática, ao interesse da
segurança nacional, da segurança ou ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os
direitos e as liberdades das demais pessoas.

Artigo 16 – Liberdade de associação


1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente com fins ideológicos, religiosos, políticos,
econômicos, trabalhistas, sociais, culturais, desportivos ou de qualquer outra natureza.
2. O exercício desse direito só pode estar sujeito às restrições previstas em lei e que se façam necessárias, em
uma sociedade democrática, ao interesse da segurança nacional, da segurança e da ordem públicas, ou para
proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas.
3. O presente artigo não impede a imposição de restrições legais, e mesmo a privação do exercício do direito
de associação, aos membros das forças armadas e da polícia.

Artigo 17 – Proteção da família


1. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado.
2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de contraírem casamento e de constituírem uma família, se
tiverem a idade e as condições para isso exigidas pelas leis internas, na medida em que não afetem estas o
princípio da não-discriminação estabelecido nesta Convenção.
3. O casamento não pode ser celebrado sem o consentimento livre e pleno dos contraentes.
4. Os Estados-partes devem adotar as medidas apropriadas para assegurar a igualdade de direitos e a
adequada equivalência de responsabilidades dos cônjuges quanto ao casamento, durante o mesmo e por
ocasião de sua dissolução. Em caso de dissolução, serão adotadas as disposições que assegurem a proteção
necessária aos filhos, com base unicamente no interesse e conveniência dos mesmos.

https://www.tecconcursos.com.br/aulas/capitulos/12840/imprimir-capitulo 10/15
15/01/2025, 15:29 TEC Concursos - Imprimir Capítulo de Deveres dos Estados e Direitos Protegidos (arts. 1º a 32 da CIDH-OAS)

5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos nascidos fora do casamento, como aos nascidos dentro
do casamento.

Artigo 18 – Direito ao nome


Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de seus pais ou ao de um destes. A lei deve regular a
forma de assegurar a todos esse direito, mediante nomes fictícios, se for necessário. (Uma das formas de
despersonalizar ou de descaracterizar uma etnia, é a substituição do nome de prisioneiros por números, tática
utilizada pelos nazistas durante o extermínio judeu)

Artigo 19 – Direitos da criança


Toda criança terá direito às medidas de proteção que a sua condição de menor requer, por parte da sua
família, da sociedade e do Estado.

Artigo 20 – Direito à nacionalidade


1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território houver nascido, se não tiver direito a
outra.
3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua nacionalidade, nem do direito de mudá-la.

Artigo 21 – Direito à propriedade privada


1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo de seus bens. A lei pode subordinar esse uso e gozo ao interesse
social.
2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens, salvo mediante o pagamento de indenização justa, por
motivo de utilidade pública ou de interesse social e nos casos e na forma estabelecidos pela lei.
3. Tanto a usura, como qualquer outra forma de exploração do homem pelo homem, devem ser reprimidas
pela lei.

Artigo 22 – Direito de circulação e de residência


1. Toda pessoa que se encontre legalmente no território de um Estado tem o direito de nele livremente circular
e de nele residir, em conformidade com as disposições legais.
2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer país, inclusive de seu próprio país.
3. O exercício dos direitos supracitados não pode ser restringido, senão em virtude de lei, na medida
indispensável, em uma sociedade democrática, para prevenir infrações penais ou para proteger a segurança
nacional, a segurança ou a ordem públicas, a moral ou a saúde públicas, ou os direitos e liberdades das
demais pessoas.
4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode também ser restringido pela lei, em zonas
determinadas, por motivo de interesse público.
5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do qual for nacional e nem ser privado do direito de nele
entrar.
6. O estrangeiro que se encontre legalmente no território de um Estado-parte na presente Convenção só
poderá dele ser expulso em decorrência de decisão adotada em conformidade com a lei.

https://www.tecconcursos.com.br/aulas/capitulos/12840/imprimir-capitulo 11/15
15/01/2025, 15:29 TEC Concursos - Imprimir Capítulo de Deveres dos Estados e Direitos Protegidos (arts. 1º a 32 da CIDH-OAS)

7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em território estrangeiro, em caso de perseguição por
delitos políticos ou comuns conexos com delitos políticos, de acordo com a legislação de cada Estado e com as
Convenções internacionais.
8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou entregue a outro país, seja ou não de origem, onde seu
direito à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco de violação em virtude de sua raça, nacionalidade,
religião, condição social ou de suas opiniões políticas.
9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.

Artigo 23 – Direitos políticos


1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e oportunidades:
2. de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ou por meio de representantes livremente
eleitos;
3. de votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitário e por
voto secreto, que garantam a livre expressão da vontade dos eleitores; e
4. de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país.
5. A lei pode regular o exercício dos direitos e oportunidades, a que se refere o inciso anterior, exclusivamente
por motivo de idade, nacionalidade, residência, idioma, instrução, capacidade civil ou mental, ou condenação,
por juiz competentes, em processo penal.

Artigo 24 – Igualdade perante a lei


Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm direito, sem discriminação alguma, à igual
proteção da lei.

Artigo 25 – Proteção judicial


1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a qualquer outro recurso efetivo, perante os juízes
ou tribunais competentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos fundamentais reconhecidos pela
Constituição, pela lei ou pela presente Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas que
estejam atuando no exercício de suas funções oficiais.
2. Os Estados-partes comprometem-se:
3. a assegurar que a autoridade competente prevista pelo sistema legal do Estado decida sobre os direitos de
toda pessoa que interpuser tal recurso;
4. a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e
5. a assegurar o cumprimento, pelas autoridades competentes, de toda decisão em que se tenha considerado
procedente o recurso.
O artigo 26 (Capítulo III), conforme vimos acima, é um dos poucos que faz referência aos direitos econômicos, sociais
e culturais.

A partir do artigo 27, adentramos no Capítulo IV, que versa sobre as condições e circunstâncias em que poderá
ocorrer a suspensão das garantias, bem como versa sobre a interpretação e aplicação dos dispositivos da
Convenção.

https://www.tecconcursos.com.br/aulas/capitulos/12840/imprimir-capitulo 12/15
15/01/2025, 15:29 TEC Concursos - Imprimir Capítulo de Deveres dos Estados e Direitos Protegidos (arts. 1º a 32 da CIDH-OAS)

Destaque para as situações em que o Estado membro que aderiu à Convenção Americana pode eximir-se de sua
responsabilidade internacional pela suspensão temporária das obrigações e garantias asseguradas pela Convenção:

Hipóteses de suspensão
Limitações a essa Suspensão
de garantias (art. 27)
I) Não podem contrariar as demais obrigações do Direito Internacional
I) Guerra II) Não podem encerrar discriminação fundada em raça, cor, sexo, idioma ou origem
II) Perigo Público social
III) Emergência que III) Não autoriza suspensão dos direitos à personalidade jurídica, à vida, à integridade
ameace a independência pessoal, proibição da escravidão ou servidão, legalidade e irretroatividade, liberdade
ou segurança do Estado de consciência e credo, proteção da família, direito ao nome, direitos da criança,
nacionalidade e direitos políticos, ou das garantias para proteção desses direitos

Capítulo IV
Suspensão de Garantias, Interpretação e Aplicação
Artigo 27 – Suspensão de garantias
1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emergência que ameace a independência ou segurança
do Estado-parte, este poderá adotar as disposições que, na medida e pelo tempo estritamente limitados às
exigências da situação, suspendam as obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais
disposições não sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o Direito Internacional e não
encerrem discriminação alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou origem social.
2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos direitos determinados nos seguintes artigos: 3º
(direito ao reconhecimento da personalidade jurídica), 4º (direito à vida), 5º (direito à integridade pessoal), 6º
(proibição da escravidão e da servidão), 9º (princípio da legalidade e da retroatividade), 12 (liberdade de
consciência e religião), 17 (proteção da família), 18 (direito ao nome), 19 (direitos da criança), 20 (direito à
nacionalidade) e 23 (direitos políticos), nem das garantias indispensáveis para a proteção de tais direitos.
3. Todo Estado-parte no presente Pacto que fizer uso do direito de suspensão deverá comunicar
imediatamente aos outros Estados-partes na presente Convenção, por intermédio do Secretário Geral da
Organização dos Estados Americanos, as disposições cuja aplicação haja suspendido, os motivos
determinantes da suspensão e a data em que haja dado por determinada tal suspensão.

Artigo 28 – Cláusula federal


1. Quando se tratar de um Estado-parte constituído como Estado federal, o governo nacional do aludido
Estado-parte cumprirá todas as disposições da presente Convenção, relacionadas com as matérias sobre as
quais exerce competência legislativa e judicial.
2. No tocante às disposições relativas às matérias que correspondem à competência das entidades
competentes da federação, o governo nacional deve tomar imediatamente as medidas pertinentes, em
conformidade com sua Constituição e com suas leis, a fim de que as autoridades competentes das referidas
entidades possam adotar as disposições cabíveis para o cumprimento desta Convenção.

https://www.tecconcursos.com.br/aulas/capitulos/12840/imprimir-capitulo 13/15
15/01/2025, 15:29 TEC Concursos - Imprimir Capítulo de Deveres dos Estados e Direitos Protegidos (arts. 1º a 32 da CIDH-OAS)

3. Quando dois ou mais Estados-partes decidirem constituir entre eles uma federação ou outro tipo de
associação, diligenciarão no sentido de que o pacto comunitário respectivo contenha as disposições
necessárias para que continuem sendo efetivas no novo Estado, assim organizado, as normas da presente
Convenção.

Artigo 29 – Normas de interpretação


Nenhuma disposição da presente Convenção pode ser interpretada no sentido de:
1. permitir a qualquer dos Estados-partes, grupo ou indivíduo, suprimir o gozo e o exercício dos direitos e
liberdades reconhecidos na Convenção ou limitá-los em maior medida do que a nela prevista;
2. limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reconhecidos em virtude de leis
de qualquer dos Estados-partes ou em virtude de Convenções em que seja parte um dos referidos Estados;
3. excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser humano ou que decorrem da forma democrática
representativa de governo;
4. excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e
outros atos internacionais da mesma natureza.

Artigo 30 – Alcance das restrições


As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao gozo e exercício dos direitos e liberdades nela
reconhecidos, não podem ser aplicadas senão de acordo com leis que forem promulgadas por motivo de
interesse geral e com o propósito para o qual houverem sido estabelecidas.

Artigo 31 – Reconhecimento de outros direitos


Poderão ser incluídos, no regime de proteção desta Convenção, outros direitos e liberdades que forem
reconhecidos de acordo com os processos estabelecidos nos artigos 69 e 70.
O curto, mas significativo Capítulo V, refere-se aos deveres das pessoas, que também representam limites ao
exercício dos direitos individuais, limites esses que cessam quando os direitos de terceiros e da coletividade jazem
ameaçados ou atacados:

Capítulo V
Deveres das Pessoas
Artigo 32 – Correlação entre deveres e direitos
1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a comunidade e a humanidade.
2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos dos demais, pela segurança de todos e pelas justas
exigências do bem comum, em uma sociedade democrática.

A Parte II da Convenção trata do Sistema Interamericano de proteção dos Direitos Humanos, o que inclui as
disposições sobre o funcionamento, a composição e o processo da Comissão Interamericana e da Corte
Interamericana de Direitos Humanos.

Essas instituições são estudadas em detalhe no Capítulo relativo ao Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos
Humanos. Adicionalmente aos artigos seguintes da Convenção Americana, é importante que você leia também o
Regulamento e o Estatuto da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e o Regulamento da Corte
https://www.tecconcursos.com.br/aulas/capitulos/12840/imprimir-capitulo 14/15
15/01/2025, 15:29 TEC Concursos - Imprimir Capítulo de Deveres dos Estados e Direitos Protegidos (arts. 1º a 32 da CIDH-OAS)

Interamericana de Direitos Humanos, cujos dispositivos reproduzem, em grande medida, o disposto aqui na
Convenção Americana, e acrescentam mais alguns detalhes, o que acaba facilitando o seu estudo e fixação do
conteúdo.

Texto: Professor(a) Jean Claude O'Donnell Braz Pereira

Proibida a reprodução e comercialização sem autorização


Usuário: GUILHERME ENRIQUE, guilherme.eenrique@gmail.com, CPF: 03758860105

https://www.tecconcursos.com.br/aulas/capitulos/12840/imprimir-capitulo 15/15

Você também pode gostar

pFad - Phonifier reborn

Pfad - The Proxy pFad of © 2024 Garber Painting. All rights reserved.

Note: This service is not intended for secure transactions such as banking, social media, email, or purchasing. Use at your own risk. We assume no liability whatsoever for broken pages.


Alternative Proxies:

Alternative Proxy

pFad Proxy

pFad v3 Proxy

pFad v4 Proxy