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Origem lusitana
Eu lrico feminino
DE Amor real / concreto
AMIGO Ambiente popular
Estr. Paralelismo e refro
LRICAS
Origem provenal
DE Eu lrico masculino
AMOR Coita / amor corts
Ambiente palaciano
Estrutura de mestria
CANTIGAS
Crtica indirecta
DE ESCRNIO Ironia e ambiguidade
SATRICAS
Crtica directa
DE MALDIZER Temtica e/ou linguagem
fescenina
A par das cantigas de amigo e das cantigas de amor, as cantigas de escrnio e
maldizer constituem um dos trs grandes gneros em que se divide a lrica galego-
portuguesa.
A inteno destas cantigas satirizar certos aspectos da vida da corte, visando com
frequncia certas personagens como jograis, soldadeiras, clrigos, fidalgos, plebeus
nobilitados.
Cantigas de Escrnio
Cantigas de Maldizer
Afonso III;
as disputas entre jograis;
o desconcerto do mundo;
as mentiras do amor.
A Stira Trovadoresca visa ainda outras entidades, como:
- os fidalgos prepotentes; os reis e outros nobres que viajam muito; os
peregrinos e as suas gabarolices de aventura; os fidalgos pelintras; os membros
do clero, as abadessas e freiras e os cavaleiros das ordens militares; os
trovadores e os jograis; os mdicos, os juzes e os juristas; os ladres, os
linguareiros, os avarentos
Assim, na stira do primeiro perodo medieval podemos ver duas espcies de crtica:
Comicidade Comicidade
Apresentam crticas subtis e bem-humoradas sobre uma pessoa que, sem ter
nome citado, facilmente reconhecvel pelos demais elementos da sociedade.
Ai, dona fea, fostes-vos queixar / que vos nunca louv' en [o] meu cantar; / mais
ora quero fazer um cantar / en que vos loarei toda via; / e vedes como vos quero
loar; / dona fea, velha e sandia!
Cantigas de Maldizer
Neste tipo de cantiga feita uma crtica pesada, com inteno de ofender a
pessoa ridicularizada. H o uso de palavras grosseiras (palavres, inclusive) e cita-
se o nome ou o cargo da pessoa sobre quem se faz a stira:
"Martim
Gil, um omen vil
se quer de vs querelar;
que o mandaste atar
cruamente a um esteo
dando-lhe aoutes bem mil;
aquesto, Martim Gil,
parece a todos mui feo."
Um exemplo de cantiga de escrnio bastante citado
Essa cantiga no fornece o nome do criticado (cantiga de escrnio), mas faz uma
referncia directa e sem ambiguidade ao que deseja criticar: velhice e feiura da
destinatria da mensagem, por isso, no podemos classific-la como uma cantiga
de escrnio ou de maldizer.
"Tem uma dona, eu no vou dizer qual
que queria ouvir a missa, pelas oitavas de natal
mas veio um corvo carnaal (que gosta de carne)
e ela no pde de casa sair.
Bem que ela queria ouvir o sermo
mas veio um corvo acaron (que nem caro, carrapato, que gruda e no larga)
e ela no pde de casa sair.
Bem que ela queria ir rezar
mas o corvo disse: 'Qu, vem c!
e ela no pde de casa sair.
Bem que ela queria sua missa ouvir
mas o corvo veio sobre si
e ela no pde de casa sair."
Trata-se de uma tpica cantiga de escrnio, em que alm de no mencionar o nome da pessoa
criticada, o poeta tambm ambguo sobre o assunto criticado.
Ao que tudo indica, a indirecta do compositor sugere que certa mulher daquele tempo andou
dando desculpas que teria ido missa, mas faltou porque apareceu um corvo preto, sinal de
azar, e ela ficou em casa. No entanto, ao mesmo tempo, ele vai pontuando as aces do corvo
de tal maneira que chegamos concluso de que se trata de um padre (corvo = batina preta)
que, aproveitando-se de estar outro padre ocupado com a missa, foi casa da beata e teve com
ela um caso (veio sobre si).
Ai dona fea! Foste-vos queixar Ai, dona feia, foste-vos queixar
Que vos nunca louv'en meu trobar que nunca vos louvo em meu cantar;
Mais ora quero fazer un cantar mas agora quero fazer um cantar
En que vos loarei toda via; em que vos louvares de qualquer modo;
E vedes como vos quero loar: e vede como quero vos louvar
Dona fea, velha e sandia! dona feia, velha e maluca!