B-UFCD 10379 Intervenção Socioeducativa

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UFCD 10379 Intervenção

Socioeducativa

Formadora: Cláudia Costa


4. Teorias Explicativas do
(in)sucesso escolar

4.1. Teoria dos Dons Naturais


4.1. Teoria dos Dons
Naturais

•A partir da 2ª Guerra
Mundial e até ao final da
década de sessenta, a
responsabilidade do
insucesso escolar esteve
imputada ao aluno.
Cada discente apresentava um
A teoria em causa explicava o
conjunto de “aptidões”, inatas e
rendimento escolar por “dons”
naturais, que influenciavam o
pessoais e naturais do próprio
ritmo da sua aprendizagem.
aluno, ou seja, era a inteligência
de cada um que ditava o sucesso
Um baixo nível intelectual
expresso no Q.I. influenciava
na escola.
negativamente o seu
aproveitamento escolar.
A Teoria dos Dons
argumenta-se então que a inteligência da criança é hereditária e que os fatores
argumenta que:
genéticos têm uma importância fundamental para se compreender a diferença
entre classes sociais;

O fracasso escolar das crianças é atribuído aos seus genes e não ao contexto,
conteúdo e metodologia pedagógica;

Atribui-se assim, à natureza do indivíduo, a responsabilidade pelas desigualdades


intelectuais e considerou-se que as mesmas eram determinadas pela
hereditariedade.
Peixoto aponta igualmente o nível intelectual como um aspeto ligado ao
insucesso escolar, quando nos diz que “à medida que caminhamos do alto
para o baixo nível intelectual diminui a percentagem de sujeitos com zero
reprovações” (cf. 1999:138);

 acrescentando a autoestima e referindo-a como sendo outro aspeto que


funciona como um fator relacionado com o insucesso escolar
Segundo o mesmo estudo, à
medida que caminhamos da
alta para a baixa autoestima
diminui

a percentagem de sujeitos com


zero reprovações

 Também são apontados outros fatores


relativos ao aluno e que poderão
conduzir a situações de fracasso
escolar, nomeadamente…
A preguiça em resposta à
obrigatoriedade de cumprir as tarefas
O aluno como sente que tem
escolares, que provavelmente, muitas
insucesso refugia-se na preguiça,
delas, não fazem parte do leque de
funcionando assim este fator
interesses do aluno, pode ser um
como um efeito do insucesso.
indício de uma atitude de
desmotivação pelo trabalho perante o
embaraço em ultrapassar dificuldades.
A preguiça poderá ser simultaneamente uma causa/efeito de
situações de insucesso escolar.
Elementos que interferem no rendimento escolar:

desinteresse

Falta de
Má participação Falta de
alimentação e de Limitações
confiança cuidados de
congénitas e
saúde e higiene
mentais
(dentes, olhos)

Fraca Ansiedade
assiduidade durante a
escolar avaliação
Outra situação que também pode influenciar a aprendizagem diz respeito às
relações interpessoais que o aluno estabelece.

Se não se criar empatia entre


aluno e professor,
Estes comportamentos
repercutem-se de forma
Se não se formarem laços de
amizade e confiança, negativa, levando à
desconcentração, nervosismo,
Potenciamos
comportamentos como a etc.
timidez, inibição, a falta de
autoconfiança.
4. Teorias Explicativas do
(in)sucesso escolar

4.2. Teoria do handicap sociocultural


4.2. Teoria do handicap social
Para Avanzini (s.d.) o aluno pode apresentar dificuldades na aquisição de
conhecimentos, devido a insuficiência intelectual.

Esta insuficiência pode dever-se a causas de tipo neurológico ou ser uma


consequência de um meio de origem pouco estimulante do ponto de vista
do desenvolvimento cognitivo, tendo assim a insuficiência intelectual um
carácter social.
Considerando que a escola não detém o
monopólio da instrução e da aquisição
de valores, percebe-se que…

A família surge como participante


poderoso e ativo na aquisição dos
saberes e do “saber fazer”
aparentemente mais "escolares", pois
estes são parcialmente construídos fora
da escola, no seio familiar, começando
pelo “saber ler”.
Desta forma,
Quando não proporcionam:
 meios,
O estrato social e familiar;  estímulos,
 motivações,
 condições de estudo e
A falta de estruturas sociais e
escolares; aprendizagem aos seus educandos,

São entraves para o normal


O baixo nível cultural e social das funcionamento do processo de
famílias aprendizagem e estão na base do
insucesso escolar.
Tendo em conta que as crianças são herdeiras da dimensão cultural da sua família,
Bourdieu e Passeron (1985) consideram que se estas são procedentes de meios
sociais desfavorecidos, onde o capital social e económico é baixo, têm menos
possibilidades de êxito na escola e são aquelas que mais insucesso apresentam.

Os alunos das classes sociais baixas, que acedem ao patamar do sucesso, legitimado
pela escola apenas para os alunos das classes ditas socialmente privilegiadas, é
explicado por uma árdua aculturação escolar que pressupõe, em muitos casos, o
enfraquecimento dos laços com o meio social de origem.
 As distintas formas de linguagem são condicionantes responsáveis pela
maior
ou menor dificuldade das crianças em adquirir competências/conhecimentos
que lhes possibilite o
sucesso escolar e profissional.
Assim, a criança desfavorecida ou com
handicap sociocultural e linguístico é  Se a escola não tiver em
aquela:
consideração e respeitar as suas
 que advém de um meio diferente e ideias, opiniões e vivências, então
que ao entrar na educação formal é
a criança deixa de se sentir à
confrontada com a linguagem escolar,
vontade no universo escolar,
diferente da que é usada no meio
parecendo-lhe este,
(habitacional ou familiar) onde até à
altura, esteve imersa. inevitavelmente, como estranho.
A uma dimensão cultural, Martins (1991) acrescenta que a origem
económica das famílias dos alunos e o nível escolar das mesmas constituem
causas dominantes de insucesso escolar.

Menciona aspetos como a distância


entre a casa e a escola e a zona de
residência como elementos que
potenciam o insucesso.
 Uma família, com um nível
socioeconómico baixo terá
provavelmente um acesso
reduzido a uma boa e saudável O rendimento económico

alimentação, vestuário, familiar fraco pode ainda

habitação, bem como, a um conduzir ao abandono escolar

escasso poder de compra de na medida em que se torna

bens de cultura necessário reduzir as despesas


e aumentar o rendimento.
Na óptica de Avanzini (s.d.) a importância do ambiente cultural familiar no aproveitamento
escolar, é mais relevante que o próprio ambiente económico familiar.

 Nas famílias em que a cultura (o saber) não é valorizada, não são estabelecidas as condições
ideais para um bom desempenho escolar dos alunos, já que o económico é mais relevante que o
social.

Porém, as famílias que valorizam a cultura (saber escolar) promovem condições que facilitam aos
seus educandos melhores resultados escolares, independentemente do estatuto económico familiar.
As expectativas das famílias quanto ao nível socioeconómico associado à
futura profissão dos filhos tem, igualmente um peso relevante:

Famílias com baixas expectativas… As classes mais altas, com elevadas

Vêm o ensino como pouco expectativas…

interessante comparando-o com Tendem a encaminhar os filhos


um ensino de carácter preparatório para profissões mais prestigiadas.
para o exercício de uma profissão.
O equilíbrio na afetividade da familia é também um fator de extrema
relevância para um bom aproveitamento escolar. Os problemas familiares
como:

Desentendimento conjugais;

Ciúmes;

Agressividade e infantilidade

…Potenciam quadros de insucesso escolar.


4. Teorias Explicativas do
(in)sucesso escolar

4.3. Teoria socioinstitucional (início dos anos 70)


 Evidencia-se o papel ativo da escola na produção do insucesso;

Torna-se necessário apostar na transformação da própria escola, nas suas


estruturas, conteúdos e práticas, procurando ‘adaptá-la’ às necessidades dos
diversos públicos que as frequentam.
Pires, Fernandes e Formosinho mencionam um conjunto de fatores escolares
que podem estar na base do insucesso escolar, como:

Tipos de cursos e currículos

Estruturas e métodos de avaliação;

Formas de agrupamento dos alunos


Preparação científica e pedagógica dos
professores.
Esta teoria coloca na escola a responsabilidade
pelo insucesso escolar, alegando que as práticas
escolares e pedagógicas têm por base o modelo de
“aluno ideal”, penalizando com maior frequência
os alunos mais desfavorecidos.

O insucesso escolar pode ter origem no próprio


Sistema Escolar, uma vez que a escola tende a
valorizar os saberes académicos em detrimento
dos saberes que se enquadram melhor com a
realidade envolvente dos alunos.
Os saberes académicos obrigam
ainda a uma abstração que não De igual forma, a não transição
está de acordo com os códigos parece apresentar desvantagens para o
linguísticos e posturas das classes
aluno…
mais baixas ou marginais ao
sistema de valores dominante.

A incapacidade e a não
compreensão das mensagens por já que este poderá desenvolver
parte dos alunos vão, desta forma, comportamentos específicos negativos
criar barreiras à aprendizagem e
conduzir os alunos ao insucesso. interiorizando o fracasso, condicionando
o bom aproveitamento escola
O insucesso escolar encontra-se também relacionado com a utilização do
método tradicional de ensino. Segundo Avanzini (s.d.), este método não tem
em consideração a realidade específica de cada criança.

Baseia unicamente em interesses extrínsecos aos


alunos, não permitindo que estes se envolvam na
construção do saber.

O próprio professor no início das aulas faz uma


classificação das crianças em bons e maus alunos,
condicionando, desta forma, as expectativas que
mantém face a estes.
Também os programas e manuais
condicionam as práticas
pedagógicas:
As planificações
Concebidas a partir
são meramente
do programa
formais e

E não das reais


necessidades do
aluno.
A escola tem, então, uma tripla ação:

Seleciona os alunos originários dos estratos dominantes, garantindo-lhes


o acesso aos níveis superiores da educação escolar e abrindo-lhes, no
A)
termo final da educação escolar, o acesso aos trabalhos mais
prestigiados e melhor pagos;

Distribui através dos mecanismos de seleção e orientação escolares os


restantes alunos originários dos estratos subordinados para educações
B) escolares mais curtas e menos prestigiadas, ou afasta-os pura e
simplesmente da educação escolar (normalmente após a escolaridade
obrigatória) para ocupar os lugares subordinados que requerem mão-
de-obra menos qualificada e mesmo não qualificada;
Finalmente, interioriza nos alunos a convicção de que o seu
C) fracasso escolar não deriva de mecanismos de seleção escolar e de
reprodução social, mas de incapacidades naturais.

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