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Abieiro

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 Nota: Não confundir com Pouteria torta.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaAbieiro
Abiu maduro (Pouteria caimito)
Abiu maduro (Pouteria caimito)
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Ericales
Família: Sapotaceae
Género: Pouteria
Espécie: P. caimito
Nome binomial
Pouteria caimito
(Ruiz & Pav.) Radlk. 1882

O abieiro (Pouteria caimito) é uma árvore frutífera tropical originária da região amazônica, na América do Sul.[2] Sua altura média é de 10 metros[2] e pode chegar a 35 metros em boas condições. O formato de seus frutos varia de redondo a oval, pontudo na extremidade distal. Quando maduros, têm casca lisa e amarela brilhante e de uma a quatro sementes ovais. O interior da fruta é translúcido e branco. Possui uma textura cremosa e gelatinosa e seu sabor é semelhante ao do sapotizeiro. A árvore do abieiro faz parte da família Sapotaceae[3] e é muito semelhante em aparência ao canistel.

Distribuição

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O Pouteria caimito é comumente considerado nativo das cabeceiras da Amazônia.[4][5] Cresce em estado selvagem na parte leste inferior dos Andes, do sudoeste da Venezuela ao Peru. Também cresce em torno de Tingo María e Iquitos, no Peru, e pode ser comumente encontrado na província de Guaias, no Equador. O abieiro foi cultivado pelos ameríndios e se difundiu na Amazônia, mas as origens da distribuição da fruta fora da Amazônia são incertas. Na Bacia do rio Amazonas, é encontrado em grande quantidade no estado do Pará, no norte do Brasil, mas também está presente de forma esparsa em trechos da Mata Atlântica, perto do Rio de Janeiro e da Bahia.[6] Sua presença também foi confirmada nos estados de Mato Grosso e Santa Catarina.[7]

O abieiro cresce melhor em áreas com clima quente e úmido durante todo o ano. Atualmente, pode ser encontrado na maior parte da bacia amazônica. É uma árvore comum em quintais e pomares domésticos em cidades brasileiras.[2][8] Também foi introduzido fora das Américas; por exemplo, é cultivado na ilha do Taiti, no Pacífico, desde 1993.[9] De todo modo, os habitats do abieiro são quase todos tropicais. Foi encontrado crescendo a uma altitude de até 1.800 metros.[5]

O abieiro é conhecido por diferentes nomes regionais nos países em que é produzido. No Brasil, é denominado de abiurana, abi, abieiro, caimito, caimo, dentre outros.[10] No Equador, é chamada de luma ou cauje; na Venezuela, de temare; em Gana, de alasa; no Japão, de abiu; e, em Trinidad e Tobago, de caimitt.[11] Também é conhecido como abio e abiu.[12] O termo "abiu" tem origem do nheengatu abiú,[13] este do tupi antigo amyîu.[14]

Árvore jovem de P. caimito, na Flórida

As folhas do P. caimito variam de oblongas a elípticas. Podem ter de 10 a 20 centímetros de comprimento e de 3,5 a 6,5 centímetros de largura. Suas flores podem ocorrer individualmente ou em grupos de duas a cinco. As flores são pequenas, com quatro a cinco pétalas, que são cilíndricas e de cor branca a esverdeada.[32][33] As flores são hermafroditas, o que significa que são de ambos os sexos. As flores abrem pela manhã e podem permanecer abertas por cerca de dois dias.[34]

As árvores de abiu maduras produzem de 100 a 1.000 frutos por ano.[35] O fruto possui formato de baga. Contam com uma pele lisa e coriácea, com 3 a 5 milímetros de espessura. Quando está verde, produz um látex e, ao ficar maduro, passa a ser amarelo brilhante. O formato varia de elipsoidal a esférico, podendo ter uma extremidade pontiaguda.[33] A polpa é macia e gelatinosa, de cor branca translúcida.[33] A polpa do fruto é comestível.[34] Pode ter até 4 sementes grandes, as quais são de marrom-escuras a pretas.[33][36]

Foi constatada grande variação na forma,[36] tamanho e qualidade dos frutos; alguns possuem polpa firme, enquanto outros são macios. As mesmas diferenças foram observadas em relação ao sabor, já que alguns são insípidos e outros possuem sabor agradável.[32]

O abiu pode ter vários períodos de floração por ano, com potencial para ter flores e frutos na árvore ao mesmo tempo. O tempo de desenvolvimento da flor ao fruto maduro é de cerca de 3 meses.[37]

No Equador, a temporada dos frutos ocorre durante março e abril, mas também podem ser produzidas em outras épocas do ano. Em alguns mercados brasileiros, são vendidas de setembro a abril, mas, nessa época, são escassas. A Bahia tem uma curta temporada em fevereiro e março. Na Flórida, as frutas amadurecem de agosto a outubro. No norte de Queensland, na Austrália, a safra principal amadurece de janeiro a março.[38]

Informações nutricionais

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A polpa possui um valor energético baixo. Em uma porção com 100 gramas, há 95 calorias, 2,1 gramas de proteínas, 1,1 gramas de lipídios, 27 gramas de carboidratos, 3 gramas de fibras. Possui boa proporção de cálcio, vitamina A, vitamina C e açúcar.[36]

Nas regiões em que está presente, é vendido nos mercados.[34] Em 1997, foi considerado uma das cinco espécies exóticas com maior potencial econômico na Austrália.[34]

A madeira do abieiro é utilizada para a construção, assim como para a fabricação de móveis e artigos domésticos.[39]

No Brasil, a polpa, por conta de seu teor mucilaginoso, é consumida para aliviar a tosse, a bronquite e outros problemas pulmonares. O látex é utilizado como vermífugo e purgante, sendo aplicado em abscessos.[40][41]

As folhas podem ser utilizadas para fazer chá, contribuindo para combater inflamações na garganta.[42]

A árvore cresce melhor em áreas tropicais e em locais com clima quente e úmido durante todo o ano, e é um pouco menos resistente do que os sapotis relacionados, como o canistel e a sapodilla (nispero).[35] Nos Estados Unidos, cresce bem no sul da Flórida, até o norte do condado de Palm Beach, sobrevivendo a breves congelamentos.[43]

O valor comercial da fruta em sua área nativa é limitado pois é frequentemente danificada por pequenos insetos. No Brasil, acredita-se que a principal praga que a destrói seja a moscas-das-frutas. Sabe-se que os tripes atacam brotos, folhas e frutos jovens, mas em locais exóticos, o abiu pode ser relativamente livre de pragas, especialmente se o fruto for colhido na maturidade e amadurecido na árvore.[44][38]

Referências

  1. Botanic Gardens Conservation International (BGCI) & IUCN SSC Global Tree Specialist Group (2019). Pouteria caimito (em inglês). IUCN 2019. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2019​: 3.1. doi:https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2019-2.RLTS.T149891727A150005593.en Página visitada em 07 de abril de 2023.
  2. a b c «ABIU». Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. 2023. Consultado em 2 de maio de 2023. Cópia arquivada em 2 de maio de 2023 
  3. SiBBr. «Species: Pouteria caimito (Abio)». ala-bie.sibbr.gov.br (em inglês). Consultado em 7 de maio de 2023 
  4. (2007). "CUSTO DE PRODUÇÃO DE ABIU (Pouteria caimito) NO MUNICÍPIO DE MIRANDÓPOLIS-SP" (português). Universidade Estadual Paulista. Acessado em 3 de maio de 2023.
  5. a b Love, Ken; Paull, Robert E. (Junho de 2011). «Abiu» (PDF). University of Hawaiʻi at Mānoa. Consultado em 3 de maio de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2023 
  6. Wilson Popenoe (2023). «The Abiu». Manual Of Tropical And Subtropical Fruits. Growables. Consultado em 3 de maio de 2023. Cópia arquivada em 3 de maio de 2023 
  7. «Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk.». Reflora. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023. Cópia arquivada em 3 de maio de 2023 
  8. «ÁRVORE DO MÊS: ABIU – Pouteria caimito». Serviço Autônomo de Água e Esgoto. 4 de março de 2022. Consultado em 3 de maio de 2023. Cópia arquivada em 3 de maio de 2023 
  9. «Abiu, à déguster à la coque». Tahiti Heritage. 2021. Consultado em 3 de maio de 2023. Cópia arquivada em 3 de maio de 2023 
  10. «Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk. - ABIU». Plantamed. 2023. Consultado em 6 de maio de 2023. Cópia arquivada em 6 de maio de 2023 
  11. «Abiu». Philippine Medicinal Plants. 2023. Consultado em 6 de maio de 2023 
  12. «Abio». Coordenadoria de Assistência Técnica Integral. 2023. Consultado em 6 de maio de 2023. Cópia arquivada em 6 de maio de 2023 
  13. Avila, Marcel Twardowsky Avila (2021). Proposta de dicionário nheengatu-português (Tese de Doutorado em Estudos da Tradução). São Paulo: USP. p. 34. 930 páginas. doi:10.11606/T.8.2021.tde-10012022-201925 
  14. Navarro, Eduardo de Almeida (2013). Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo: Global. p. 34. ISBN 9788526019331 
  15. «Achras guapeda Casar.». Reflora. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023 
  16. «Guapeba caimito (Ruiz & Pav.) Pierre». Reflora. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023 
  17. «Guapeba lasiocarpa (Mart.) Pierre». Reflora. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023 
  18. «Guapeba laurifolia Gomes». Reflora. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023 
  19. «Labatia caimito (Ruiz & Pav.) Mart.». Reflora. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023 
  20. «Labatia lasiocarpa Mart.». Reflora. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023 
  21. «Labatia reticulata Mart.». Reflora. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023 
  22. «Lucuma caimito (Ruiz & Pav.) Roem. & Schult.». Reflora. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023 
  23. «Lucuma lasiocarpa (Mart.) A.DC.». Reflora. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023 
  24. «Lucuma laurifolia (Gomes) A.DC.». Reflora. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023 
  25. «Lucuma temare Kunth». Reflora. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023 
  26. «Pouteria caimito var. laurifolia (Gomes) Baehni». Reflora. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023 
  27. «Pouteria lasiocarpa (Mart.) Radlk.». Reflora. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023 
  28. «Pouteria laurifolia (Gomes) Radlk.». Reflora. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023 
  29. «Pouteria leucophaea Baehni». Reflora. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023 
  30. «Pouteria temare (Kunth) Aubrév.». Reflora. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023 
  31. «Richardella temare (Kunth) Pierre». Reflora. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023 
  32. a b Julia F. Morton (2023). «Abiu». Fruits of Warm Climates. Growables. Consultado em 6 de maio de 2023. Cópia arquivada em 6 de maio de 2023 
  33. a b c d «Pouteria cainito». Some Magnetic Island Plants. 2023. Consultado em 6 de maio de 2023. Cópia arquivada em 6 de maio de 2023 
  34. a b c d Martha de Aguiar Falcão e Charles Roland Clement (14 de outubro de 1998). "FENOLOGIA E PRODUTIVIDADE DO ABIU (Pouteria caimito) NA AMAZÔNIA CENTRAL" (português). Acta Amazonica. Acessado em 2 de maio de 2023.
  35. a b «ABIU». Plant Informational Database. 2023. Consultado em 6 de maio de 2023. Cópia arquivada em 6 de maio de 2023 
  36. a b c «Abiu». Toda Fruta. 1 de setembro de 2016. Consultado em 6 de maio de 2023. Cópia arquivada em 6 de maio de 2023 
  37. «About abiu». Queensland Government Primary Industries and Fisheries. 2023. Consultado em 6 de maio de 2023 
  38. a b «Crop management of abiu». Queensland Government Primary Industries and Fisheries. 2023. Consultado em 6 de maio de 2023 
  39. «ABIURANA». Laboratório de Produtos Florestais. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023. Cópia arquivada em 3 de maio de 2023 
  40. «Abiu - Pouteria caimito». Grownables. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023. Cópia arquivada em 3 de maio de 2023 
  41. «ABIU». Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. 2023. Consultado em 3 de maio de 2023. Cópia arquivada em 3 de maio de 2023 
  42. Nathália Lopes (22 de junho de 2020). «Abiu: Propriedades e benefícios do fruto brasileiro». Vitat. Consultado em 6 de maio de 2023. Cópia arquivada em 6 de maio de 2023 
  43. Boning, Charles (2006). Florida's Best Fruiting Plants: Native and Exotic Trees, Shrubs, and Vines. Sarasota, Florida: Pineapple Press, Inc. pp. 20–21 
  44. «ABIU GROWING IN THE FLORIDA HOME LANDSCAPE». Institute of Food and Agricultural Sciences. Horticultural Sciences. 2020. Consultado em 6 de maio de 2023. Cópia arquivada em 6 de maio de 2023 

Ligações externas

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