Orlando Momente
Orlando Momente | |
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Nome completo | Orlando Momente |
Conhecido(a) por | Landinho, Landim, Landin |
Nascimento | 10 de outubro de 1933 Rio Claro, Brasil |
Morte | Paxiba, Brasil |
Nacionalidade | brasileira |
Ocupação | operário, militante, guerrilheiro |
Orlando "Landinho" Momente (Rio Claro - São Paulo, 10 de abril de 1933 – Paxiba, ? de 197?) foi um operário e militante político do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que lutou contra a ditadura civil-militar brasileira. Atuou na Guerrilha do Araguaia e foi visto pela última vez no dia 30 de dezembro de 1973 em Paxiba, região sul do Pará. É um dos casos investigados pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), que apura mortes e desaparecimentos na ditadura militar brasileira, regime instaurado em 1 de abril de 1964 e que durou até 15 de março de 1985.
Juventude
[editar | editar código-fonte]Orlando Momente nasceu no dia 10 de outubro de 1933, na cidade de Rio Claro, em São Paulo. Filho de Álvaro Momente e Antônia Rivelino [1], fez curso primário e de desenho industrial em sua cidade natal, concluindo os estudos no ano de 1950[2]. Aos, 20 anos, mudou-se para Campinas (SP), onde trabalhou como operário entre os anos de 1951 e 1959 [3] na Companhia Antárctica Paulista[2].
Em abril de 1961, aos 22 anos, casou-se com Maria José de Moura Momente, com quem teve uma filha, Rosana de Moura Momente[4][2].
Nos anos 1950, militou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e, posteriormente, no Partido Comunista do Brasil (PCdoB)[4].
Regime Militar
[editar | editar código-fonte]Após o golpe militar em 1º de abril de 1964, Orlando e a família se mudaram para a cidade de Fernandópolis, em São Paulo, numa fazenda. Em pouco tempo, por medo da família sofrer represálias, deixou-os vivendo no local e passou a atuar clandestinamente na capital paulista, visitando seus familiares esporadicamente. A última vez que se viram foi em 1969 [5]. Uma vez que vivia em constante perseguição política, Orlando mudou-se para a região norte de Goiás, futuramente mudando-se para a região sul do Pará, em Paxiba, nas proximidades da BR-230 conhecida também como Transamazônica[2].
Guerrilha do Araguaia
[editar | editar código-fonte]Ao longo dos anos, mudou-se para o norte de Goiás e, em sequência, para a região do Araguaia, onde participou da Guerrilha do Araguaia. O movimento guerrilheiro acontecia na região da amazônica brasileira, isto é, em meio a floresta. Orlando, no entanto, tinha facilidade em lidar com as situações de sobrevivência na mata.
Dentro da guerrilha, pertencia ao Destacamento A, comandado por Helenira Resende [6]. Ardiloso, Orlando passou por situações onde chegou a estar frente a frente com agentes da repressão, e nessa circunstância passou-se por camponês, dando informações erradas sobre os guerrilheiros [3]. Contando ainda, com a ajuda de locais que, protegendo-o, fingiam que Orlando fazia parte de sua família ou círculo próximo[2].
Dentro do Movimento, era conhecido como Landinho, Landim e também Landin[7].
Desaparecimento
[editar | editar código-fonte]Foi visto pela última vez no dia 30 de dezembro de 1973. [8] Dias antes, no natal, os guerrilheiros do Araguaia atacaram a Comissão Militar. No dia 30 de dezembro, decidiram se dividir em cinco grupos – um liderado por Orlando – que seguiram para caminhos diferentes [5]. Segundo relatos, às 15h do mesmo dia, ouviu-se um ruído de metralhadora na direção em que havia seguido o grupo de Landinho. Até hoje, não se sabe ao certo o que aconteceu.[7]
No ano seguinte, em 1974, Joana de Almeida, moradora da região cujo marido também havia desaparecido, encontrou um fêmur e crânio semi-enterrados em seu antigo sítio em Paxiba. A ossada parecia ter sido enterrada recentemente, porque ainda havia pedaços de carne junto a ela [5]. Ao lado dessa ossada, achou um chapéu feito de couro de quati curtido, o que imediatamente lhe assegurou que os restos eram de Orlando Momente [5].
Segundo o Dossiê Araguaia, produzido por militares que participaram diretamente da repressão à guerrilha, a morte de Orlando aconteceu em dezembro de 1973 [9].
Em 2004, o historiador e jornalista Hugo Studart, em sua tese de doutorado Em Algum Lugar das Selvas Amazônicas: As Memórias dos Guerrilheiros do Araguaia (1966-1974), classificou o nome de Landinho na categoria de casos a serem apurados, e ressaltou que o guerrilheiro já estava morto no dia 25 de janeiro de 1974, não conseguindo estipular uma data precisa.[10]
O nome de Orlando Momente é mencionado na lista de desaparecidos políticos da lei 9.14095, anexo I.
Presente
[editar | editar código-fonte]Em uma audiência pública realizada pela Comissão Nacional da Verdade em São Paulo no dia 12 de abril de 2013, a única filha de Orlando Momente, Rosana Momente, contou que não teve acesso à pensão pelo falecimento do pai[2]. Segundo ela, uma vez que não se tem registro preciso da data de morte de Landinho em sua certidão de óbito expedida pelo Estado, não existia a possibilidade usufruto da pensão[2].
Homenagens
[editar | editar código-fonte]Após o fim do período de ditadura militar, o nome de Orlando Momente foi utilizado para batizar ruas em grandes capitais do Brasil [11] como forma de homenagem.
Na cidade de São Paulo, a Rua Orlando Momente se localiza no bairro de Jardim São João, na Zona Norte[12]. Já na cidade do Rio de Janeiro, o endereço se encontra no bairro de Paciência, na Zona Oeste do município fluminense. [13] A cidade de Campinas, no interior do Estado de São Paulo também possui um logradouro fazendo referência à Landinho. A rua localiza-se no Loteamento Vila Esperança[2].
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Lista de mortos e de desaparecidos políticos na ditadura brasileira
- Lista de guerrilheiros do Araguaia
Referências
- ↑ [1], página 362
- ↑ a b c d e f g h «ORLANDO MOMENTE - Comissão da Verdade». comissaodaverdade.al.sp.gov.br. Consultado em 18 de outubro de 2019
- ↑ a b Secretaria dos Direitos Humanos | Morto ou desaparecido político
- ↑ a b Comissão da Verdade - Rubens Paiva Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
- ↑ a b c d Orlando Momente: Audiências Abertas da Comissão da Verdade, São Paulo, 12/04/2013
- ↑ ANOS DE CHUMBO: morto por militares no Araguaia, corpo de Landin nunca foi encontrado : Jornal Cidade - Rio Claro
- ↑ a b «Relatório Arroyo (1974)(Principais Documentos)». Consultado em 14 de junho de 2014. Arquivado do original em 14 de julho de 2014
- ↑ «ORLANDO MOMENTE - Comissão da Verdade». comissaodaverdade.al.sp.gov.br. Consultado em 5 de outubro de 2019
- ↑ PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de ORLANDO MOMENTE -CLXXXIX
- ↑ A lista dos camponeses que foram mortos na Guerrilha do Araguaia | Jornal Opção
- ↑ Mortos e Desaparecidos Políticos
- ↑ «Rua Orlando Momente, Jardim São João (Zona Norte) - São Paulo SP - CEP 02365-050». www.consultarcep.com.br. Consultado em 15 de outubro de 2019
- ↑ «Rua Orlando Momente, Paciência - Rio de Janeiro RJ - CEP 23570-440». www.consultarcep.com.br. Consultado em 15 de outubro de 2019