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Um olhar sobre o abstracionismo

Um olhar sobre o Abstracionismo A arte abstrata pelo próprio nome já diz a que tenta buscar como ideal plástico em seu cerne de movimento e vanguarda artística. É o ideal de que a representação de o mundo externo é relativa e advém da analise pessoal de cada ser ao se propor a observação do objeto artístico. Vai então se conjecturando o rompimento com a estética-formal gerada com o abandono da representação e da via de se retratar as coisas tal como são no mundo real. No principio estabelece-se outra tratativa de enxergar as nuances do mundo e da vida, fugir do conservadorismo e dos conceitos estabelecidos na Bélle Époque sobre o que poderia ser tratado como arte bela e idealizada em formas e rótulos engessados na construção de que a arte tinha o compromisso tácito com a representação nas teorias clássicas. A arte abstrata de fato é um universo peculiar expansivo e refletem os pensamentos individuais de cada pessoa e suas impressões sobre o que se está vendo, o espectador tem total liberdade para enxergar dentro do quadro sua própria visão da essência das coisas. O abstracionismo não segue nenhum modelo a priori muito menos qualquer principio fundamentalmente central, a expressão abstrata é alicerceada pela subjetividade do artista e do sentimento individual do mesmo. Negando de certa feita os aspectos do mundo externo real, o artista no movimento abstrato ser volta ao seu interior, ao seu próprio universo, o inconsciente emanado pela subjetivação de suas emoções, pensamentos e sentimentos será o determinante em suas criações. Não existe o objetivo de representar as aparências ou imitar a realidade segundo as leis da pintura figurativa. Até mesmo a ideia de se tentar encontrar uma terceira dimensão no abstracionismo torna-se empresa fadada ao fracasso, pois o espectador tem total independência para buscar suas impressões sobre o espaço enquadrado e exposto pela obra, à arte abstrata está sob o julgo na interpretação da vontade do espectador. (A ideia do abstrato está na natureza, como nesta foto de uma geleira na Antártida) Esta ideia da abstração não é algo exclusivo de uma corrente moderna do século XX, é mais profundo e nos leva até a pré-história humana e todas suas características temporais e espaciais. Boa parte das pinturas rupestres e de cerâmicas de períodos dos primórdios da humanidade apresentam traços evidentes de abstracionismo. O que levou estes seres humanos a representar uma concepção e visão das coisas nesta forma nos volta ao ponto essencial do movimento abstrato: a liberdade da representação que o artista tem e sua busca em mostrar suas impressões voltadas ao seu interior e subjetividade de sua carga emocional. Outras sociedades que não a contemporânea tem em suas expressões artísticas traços abstratos, como a tribo Marajoara, evidenciando ainda mais como o abstracionismo para ser algo recorrente ao subconsciente humano, uma necessidade de buscar uma fuga da figuração da realidade ou seus traços pré-determinados. Ou seja: para se abstrair, basta existir. O abstracionismo se diverte com a ambiguidade e o jogo de dúbias interpretações, brincando com a imaginação do espectador através das tonalidades e do contexto espacial da obra. Cores e vernizes de uma pintura abstrata são irreconhecíveis aos moldes dos conceitos figurativos, pois sua junção não é construída pelo artista, mas sim ligada pela observação individual de quem está observando a obra, indo ao encontro do que o artista fez: a expressão dos sentimentos particulares a ele correspondentes. O surgimento da fotografia contribui de forma visceral para as ideias sobre o abstracionismo. Com o advento desta nova tecnologia, o artista perdeu o mercado do retrato, a concorrência perante o fotografo e a imagem fotográfica é batalha perdida. A fidelidade da realidade inserida numa foto acaba derivando no fim da necessidade de se retratar o mundo pela pintura. Arte então vai se desprendendo da necessidade de retratar o mundo e o universo tal como o é fazendo com que o artista abstrato não precise de coisa alguma o formato como base de sua técnica. Mesmo que algumas correntes do abstracionismo pensem em toda uma concepção geométrica e tenham influenciado muitas obras na arquitetura moderna e contemporânea, até mesmo estas correntes tem a primazia de libertar e deixar livre a criação do artista, a regra no frigir dos ovos é a independência na produção artística e o desprendimento com a figuração. Nem linhas nem cores tem a intenção no abstracionismo de sugerir o reproduzir qualquer coisa, serão os olhos do observador que irão determinar tais efeitos, não é papel da obra leva-lo a essa indução. Isso nos leva então a relação do abstracionismo com a música, poesia e a psicologia. A arte abstrata deve atuar sobre os olhos e visão como a musica age sobre os ouvidos e a audição humana, confluindo com as vias do instinto e na necessidade interna de exprimir algo intrínseco a própria noção da essência da vida. O som é abstrato, não é possível toca-lo ou o ver, apenas sentimos e temos a noção de que ele existe, é uma concepção totalmente subjetiva e extremamente complexa de se entender. A música exprime o nosso interior, é a expressão máxima ao exterior de desejos e vontades individuais e o que sentem. Estas ideias acerca da musica vão de encontro aos anseios da corrente do abstracionismo e o que seus artistas através de manifestos, obras e noções norteadores queriam abranger no movimento. A música abstrata procura exprimir puras ideias musicais, eliminando qualquer relação extramusical, o importante é o que a própria música exprime o que ela quer dizer. (Pintura de Kandinsky a relação de notas musicais e ondas sonoras) A poesia deve ser neste contexto uma experiência afetiva, para não se tornar mera ilustração ou figuração. O poeta em si deve inovar dinamizar a palavra no todo fazendo com que toda a carga da subjetividade expandindo sua criatividade. É a livre interpretação inserida no contexto literário deixando a analise da obra ao leitor, assim como a visão da pintura a encargo do espectador. Nisso é o que concebe certa ideia da poesia: Maximizar totalmente a expressão com o mínimo de palavras. Não existe um objeto retratado na poesia, a poesia é o objeto em si. Nestes outros campos da arte, podemos fazer esta analise e espelho das influencias do conceito abstrato em outras áreas, e vai ser na psicologia e psiquiatria onde o abstracionismo é trabalhado de maneira contraditória pelo olhar cientifico, onde a percepção sobre a subjetividade abstrata é mais clara. Na psicologia todo o pensar e metodologia de pesquisa, investigação e analise cientifica vai beber muito da essência do subconsciente e subjetividade da mente humana. Estudos psicológicos como o de pinturas desenvolvidas por macacos levam a percepções de abstrações até mesmo numa mente de um a i al dito irracio al . A questão de uma estética buscada pelo homem então vira embate cientifico, indo além das nuances limitas aos campos acadêmicos de escolas de arte. A uniformidade de um pensamento ou determinação de uma regra para o comportamento e agir humano para a psicologia é relativo e se refere as peculiaridades internas de cada individuo e toda sua interpretação e visão pessoal das coisas, assim como a arte abstrata busca a explicação de uma obra no interior da subjetividade do artista. A arte abstrata é um fazer especifico a nossa internalidade, assim como na psicologia o comportamento humano é acarretado por desejos, vontades e sensações internas. O objetivo da arte é nos comunicar e passar alguma sensação que está além de um retrato ou âmbito físico. Indo na busca de explicações dentro de si mesmo, a abstração vai a encontro com teorias modernas da psicanalise que tentam esmiuçar os fatores determinantes do comportamento psicológico e de todas as facetas escondidas pelo véu da subjetividade do inconsciente humano. O inicio do movimento abstracionista cronologicamente está no mesmo período histórico do (Pintura utilizada no teste de Rorschach) Nascimento de estudos e teorias da psicanalise do século XX. Estas relações de inconsciente e a arte abstrata são gritantemente perceptíveis em alguns casos. A busca que a psicanalise e a psicologia fazem em curar enfermidades mentais e físicas através da compreensão dos distúrbios internos do individuo convergem com as metas do movimento abstrato: a exploração das sensações internas e pessoais. As teorias de Carl Gustav Jung são concomitantes temporalmente com os primeiros estudos de não figuração do grande expoente do abstracionismo Wassily Kandinsky. Mas de todos os estudos da psicanalise, o que mais vai ao encontro da abstração é a do Teste de Rorschach, desenvolvido pelo psiquiatra suíço Hermann Rorschach. Este teste consiste na interpretação de quadros de manchas e a partir das interpretações dadas pelo individuo traçar sua personalidade psicológica. É na interpretação interna de uma pintura totalmente abstrata que se traça características comportamentais, a essência humana. A arte abstrata vai ser no fundo todo um pano para traçar os sentimentos internos da alma humana. Nestes princípios de o nada acabar dando vazão a criação e formas enxergadas por um prisma todo internalizado em si mesmo define o objetivo dos abstracionistas: é a partir do nada, do vácuo, de algo intrínseco e inexplicável, ou o excesso de cores e formatos, uma confusão generalizada e caos total, toda uma liberdade da arte sem atrelar a ela a obrigação de representar ou ser o espelho da realidade ou de uma visão que reflete apenas o externo. O abstracionismo para mim reside numa ideia central: fugir da futilidade do mundo aparente. Bibliografia: DE MICLHELI, Mario. As Vanguardas artísticas. 3. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004. TIRAPELI, Percival. Arte brasileira: arte moderna e contemporânea figuração, abstração e novos meios: século 20 e 21. São Paulo: Nacional, 2006. VALLIER, Dora. A arte abstrata. São Paulo (SP): Martins Fontes, 1980. COCCHIARALE, Fernando; GEIGER, Anna Bella. Abstracionismo geométrico, e informal: a vanguarda brasileira nos anos cinquenta. Rio de Janeiro (RJ): FUNARTE, 2004. KANDINSKY, Wassily. Ponto e linha sobre plano: contribuição a analise dos elementos da pintura. São Paulo (SP): Martins Fontes, 1997. http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=term os_texto&cd_verbete=346 http://www.historiadaarte.com.br/linha/abstracionismo.html http://prezi.com/gcfrtewol_eu/abstracionismo-geometrico/
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