30 Dias para Amar - B.J. Miller

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30 Dias Para Amar ©Copyright 2020 — B.J.

MILLER

Todos os direitos reservados.


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sob quaisquer meios existentes sem autorizações por escrito da autora.
Está é uma obra de ficção qualquer semelhança, com nome,
pessoas, locais ou fatos será mera coincidência.

Revisão: Independente
Sumário
PRÓLOGO
CAPÍTULO UM
CAPÍTULO DOIS
CAPÍTULO TRÊS
CAPÍTULO QUATRO
CAPÍTULO CINCO
CAPÍTULO SEIS
CAPÍTULO SETE
CAPÍTULO OITO
CAPÍTULO NOVE
CAPÍTULO DEZ
CAPÍTULO ONZE
CAPÍTULO DOZE
CAPÍTULO TREZE
CAPÍTULO QUATORZE
CAPÍTULO QUINZE
CAPÍTULO DEZESSEIS
CAPÍTULO DEZESSETE
CAPÍTULO DEZOITO
CAPÍTULO DEZENOVE
CAPÍTULO VINTE
CAPÍTULO VINTE E UM
EPÍLOGO
OUTRAS OBRAS
Sinopse

UM CEO DESESPERADO PARA SE CASAR


A OPÇÃO? SUA MELHOR AMIGA, POR QUEM ELE É APAIXONADO HÁ ANOS.

Rico, bonito, um cavalheiro... Qualquer um imaginaria que Alex não teria motivos para precisar
arrumar uma esposa de conveniência. Mas o desespero o fez recorrer à sua melhor amiga, Megan, que
precisa de dinheiro com urgência.
Mas Megan não está disposta a se casar sem amor. Alex, então, apaixonado há anos por sua possível
futura esposa, faz uma proposta ousada: ele quer conquistá-la, e o prazo é um mês. Trinta dias durante
os quais ele está disposto a tratá-la como uma rainha, atender a todos os seus caprichos e mimá-la.
Será que Megan será capaz de resistir?
PRÓLOGO

Nova Iorque havia amanhecido com o céu escuro e com um clima


nada agradável para sair da cama. Estava frio, chuvoso, e eu só queria fingir
que não tinha compromissos na joalheria. Coloquei minha gravata,
observando o ambiente da janela do meu quarto.
Talvez eu pudesse falar que o dia tinha gosto de nostalgia, ou só
preguiça mesmo. Soltei um longo suspiro, terminando em seguida de colocar
a gravata. Peguei meu blazer, que completava o terno caríssimo feito sob
medida para mim, e caminhei até a porta do quarto.
O corredor estava quieto, o que me fez agradecer mentalmente.
Sinceramente, estava de saco cheio das cobranças que vinha recebendo. Eu
era adulto, gerenciava a empresa da minha família como ninguém, mas isso
não era suficiente.
Ainda mais depois que terminei meu noivado de cinco anos com
Cameron. Ela era uma ótima mulher, porém não era o que eu queria, já que a
mulher que desejava de verdade estava longe demais do meu alcance. Então,
para não fazer ninguém sofrer, decidi por bem terminar meu relacionamento.
O que deixou minha mãe enfurecida, e o meu primo, Eric, quase pulou de
felicidade.
Afinal, nem tudo era perfeito. Eu tinha uma data limite para me casar,
ou perderia todo o direito de dirigir a empresa que era minha por direito,
passando assim todas as minhas ações para minha tia, mãe de Eric. Isso me
deixava possesso, e para minha mãe era o fim da picada, já que ela odiava sua
cunhada, que sempre quis tomar a empresa que meus pais construíram.
Quando meu pai morreu, ele nos pegou ainda mais de surpresa, ao
deixar no testamento que se eu não me casasse, até meus trinta e dois anos,
toda a rede de joalherias que possuíamos passaria para Elizabeth, sua irmã.
Então, eu tinha pouco mais de seis meses para cumprir esse acordo,
ou estava tudo acabado.
Deixei meus devaneios para lá e parti para a garagem. Assim que
cheguei, entrei no meu Aston Martin e acelerei. Estava querendo ganhar o
tempo que fosse, já que sabia que o trânsito próximo ao bairro Nolita – onde
ficava a sede da empresa – estaria um pequeno caos, devido à chuva que
continuava a cair.
Depois de quase uma hora – um caminho que normalmente eu levaria
uns quarenta minutos –, consegui chegar ao meu destino. Coloquei o carro na
garagem subterrânea da joalheria, na vaga reservada especialmente para mim,
saí ajeitando meu terno e logo peguei meu sobretudo para me proteger das
gotas de chuva, já que eu nunca dava meu dia por começado sem antes
atravessar a rua e passar no Delicatto, o café da minha melhor amiga,
confidente e, infelizmente, a mulher que eu desejava.
Assim que abri a porta do café, que já estava com a placa de
ABERTO virada, retirei meu sobretudo, colocando-o no cabideiro que ficava
ao lado da porta.
E antes de olhar para o balcão, que era sempre o lugar onde ela ficava,
eu respirei umas quatro vezes. Sabia que o café ficava vazio por uns trinta
minutos ainda, então, eu não tinha medo de observá-la, pois tinha convicção
de que não seria pego no flagra.
Megan ainda não havia percebido que eu tinha entrado, já que estava
de costas para a porta, mexendo na cafeteira de expresso do local, que sempre
fora muito aconchegante, com suas mesinhas vermelhas, que contrastavam
com o piso branco.
Caminhei até o balcão, onde havia bancos de madeira dispostos para
nos sentarmos ali mesmo. Assim que me acomodei, ela se virou em minha
direção, com aqueles olhos de um azul tão radiante que ainda me fascinavam
a cada segundo que os via. Eu a conhecia há exatamente cinco anos, dois
meses depois de ficar noivo, e desde que coloquei meus olhos em Megan,
soube que estava perdido.
— Quem é vivo sempre aparece — brincou assim que me viu. O
sorriso em seus lábios me deixava ainda mais bestificado com a beleza
daquela mulher.
Os cabelos loiros estavam atrás da touca que ela sempre usava para
manter o ambiente o máximo higiênico possível, mas não importava. Ela era
linda de qualquer maneira.
— Como se eu não tivesse vindo aqui ontem — respondi da mesma
forma, oferecendo-lhe o meu melhor sorriso.
Megan desviou os olhos dos meus e por um mísero segundo eu vi
suas bochechas corarem.
— Vai querer o de sempre? — Não deixou que eu respondesse, já que
pegou o copo térmico grande e começou a enchê-lo com um expresso que
sempre salvava minha vida.
— Não sei por que pergunta, já que eu sempre faço o mesmo pedido.
— Vai que hoje queira mudar? Sua vida está cheia de mudanças
ultimamente. — Sabia que ela estava tocando no assunto do meu recente
término.
— Não é só a minha que está mudando — respondi da mesma
maneira, afinal, Megan havia terminado seu namoro de um ano mais ou
menos um mês atrás.
— Sempre com uma resposta pronta, Alex — repreendeu-me, mas
sem perder o sorriso.
Nós havíamos nos tornado amigos assim que assumi o cargo de CEO
da empresa, pois eu sempre frequentava seu café. Não percebi quando
começamos a trocar confidências, mas era para Megan que eu reclamava de
tudo que acontecia em minha vida, era para ela que eu contava também todas
as minhas vitórias. E foi assim que nos unimos ainda mais. Hoje eu não via
minha vida sem ela. Só que foi há exatamente dois anos que percebi que o
sentimento que nutria por ela não era só amizade.
Quando percebi o que sentia, tomei a decisão de terminar o
relacionamento com Cameron, mas Megan começou a namorar e eu desisti
de tomar a iniciativa, então, me prendi ainda mais à outra mulher, chegando a
pedi-la em casamento em um impulso. No entanto tudo foi ficando
complicado demais e mesmo que ela ainda estivesse namorando eu dei um
ponto final em meu noivado. Só que pouco depois ela me surpreendeu ao
falar que não amava o tal Emmet mais.
Com isso vi a minha oportunidade, mas até aquele momento não tinha
tomado a iniciativa de convidá-la para sair. Só que para aproveitar que
estávamos em uma sexta-feira eu iria novamente tentar fazer com que as
palavras saíssem por minha boca.
— Vou aproveitar que ainda não chegou ninguém para abrir essas
correspondências. — sinalizou com o queixo para o monte de cartas que eu já
havia percebido que estavam ali há dias.
— Até que enfim tomou uma atitude.
— Se estava incomodado deveria ter aberto, então. — respondeu,
petulante.
Megan fez um biquinho para mim, com aqueles lábios que eu
desejava demais. Quase, por um milésimo de segundo, eu pulei aquele balcão
e a peguei para mim. Mas não era um homem das cavernas, por isso, fiquei
no mesmo lugar, observando enquanto ela abria um envelope, que parecia ser
da justiça.
Franzi meu cenho e esperei para ver do que se tratava. Ela tirou
alguns papéis de lá, começou a lê-los e, depois de alguns minutos, ouvi um
arfar assustado sair de seus lábios.
Megan olhou em minha direção, com os olhos azuis marejados,
dizendo em seguida:
— Estou ferrada, Alex.
Eu não sabia o que era, mas já estava disposto a lutar8 uma guerra
para que aquela mulher não precisasse sofrer. Nunca permitiria que nada
acontecesse com Megan. Nunca!
CAPÍTULO 1

Era sempre assim. Conversas, cheirinho de café, gargalhadas de


amigos, algumas trocas de beijos entre os casais que visitavam meu lugar
preferido no mundo. Isso me rendia um sentimento quase nostálgico. Eu
amava tudo o que via e sentia durante todos os dias da semana, as
experiências que me proporcionavam alegrias.
E também tinha certeza de que quem visitava o Delicatto – o nome
que meus pais escolheram anos atrás para o café – saía daqui com as mesmas
emoções que passavam por meu corpo e com os bons momentos que eu
também apreciava na memória.
Sempre estava cheio, a minha rotina era agitada, e eu até que gostava
disso tudo, pois era o meu passatempo/trabalho predileto. No entanto, mesmo
com os clientes fiéis e até mesmo os turistas, estava tudo completamente
perdido.
Olhei para a minha mãe que atendia no caixa, suspirando em seguida.
Ainda não havia tomado coragem de contar para ela sobre a carta que recebi
há três meses. Um pedaço de papel que poderia destruir o sorriso que via em
seus lábios enquanto cumprimentava Emilly, uma das clientes mais antigas
da casa. Um pedaço de papel que quase gritava para mim, que meu pai, que
morrera há dois anos, havia nos deixado um problemão.
Eu não era uma expert no assunto, mas desde que completei minha
maioridade – e isso já fazia alguns anos – me foi informado que o nosso
legado era o Delicatto, que a herança que meus pais me deixariam era aquela
cafeteria. Tudo o que eu entendia era que aquele era o nosso bem mais
precioso. Ele e a casa que morávamos, que ficava bem acima dele, em um
pequeno sobradinho no bairro de Nolita.
Então, eu não entendia como um café que tinha todas as suas
pendências quitadas poderia estar com a hipoteca atrasada e com uma ordem
de despejo, caso essa dívida não fosse paga dali a três meses. Claro que eles
tinham dado seis meses ao todo, e eu estava até tentando juntar um pouco de
dinheiro para fazer um acordo, porém, nem tudo na vida era perfeito, e o que
ganhávamos dava para sobreviver, não para pagar uma dívida de anos, com
multas e juros.
— Querida, está tudo bem? — mamãe questionou assim que se
aproximou de mim.
— Claro, mamãe, só amanheci com um pouco de dor de cabeça —
respondi tentando disfarçar a minha expressão de desespero, pois eu sabia
muito bem que estava transparecendo isso.
— Já tem algum tempo que estou te achando estranha, Megan, tem
certeza de que não tem nada acontecendo? — Minha mãe nunca foi boba e
sempre pegou coisas no ar, mas eu não queria lhe dar ainda mais
preocupações.
Ela era uma mulher sofrida, que amou tanto o marido que mesmo
anos depois ainda não havia superado sua morte. Então, para quê sujar a
imagem do homem que ela considerava como o ser mais perfeito do mundo?
Até eu, que sabia que meu pai era o homem mais digno que já conheci, estava
decepcionada, irada, imagina minha mãe se soubesse que ele mentiu para nós
sobre ter quitado as dívidas do café? Não era uma opção contar para ela.
Ia tentar falar novamente que não era nada, só a dor de cabeça me
incomodando, quando escutei a porta do café sendo aberta e senti a leve brisa
do ar gelado de Nova Iorque entrar no ambiente aquecido. Direcionei meus
olhos para a entrada assim que vi o sorriso da minha mãe. Ela amava o
homem que caminhava decidido até nós, e eu o adorava de uma forma quase
inexplicável.
— Bom dia, Megan — cumprimentou com uma leve piscadinha em
minha direção, logo voltou-se para minha mãe e também pronunciou: —
Dona Kristen, linda como sempre, como está?
— Estou ótima, Alex, seu galanteador de meia tigela. — Alex fez uma
leve expressão de choque, mas ele sabia que era tudo brincadeira, por isso,
logo depois abriu um sorriso para a minha mãe.
— Que culpa eu tenho se a senhora roubou o meu coração?
— Ah, claro, fui eu que roubei — minha mãe comentou com ironia.
Percebi quando Alex ficou um pouco sem graça, mas eu não tinha entendido
o motivo. Minha mãe, por outro lado, teve que voltar para o caixa, pois mais
um cliente queria pagar sua conta.
— Não apareceu hoje mais cedo — comentei despretensiosamente, já
que Alex tinha quase um horário marcado no café, e sua ausência não passou
despercebida por mim.
Ele fazia parte da minha rotina e era a parte que eu mais amava do
meu dia.
— Tive uma reunião bem cedo do outro lado da cidade, não deu para
passar aqui antes — respondeu, encarando meus olhos.
Eu o achava lindo demais, com sua barba cerrada, o cabelo alinhado
para trás, sua boca desenhada a dedo, sua expressão máscula, seus olhos
azuis… merda! Eu não podia ficar desejando tanto um dos melhores amigos
que eu tinha. Não podia!
Mas era meio inevitável quando ele me olhava daquele jeito que fazia
até minhas pernas fraquejarem. Nossa, se Alex soubesse o poder que exercia
sobre mim...
— Vai querer o de sempre? — perguntei, tentando tirar os
pensamentos conflituosos da minha mente.
— Não. Já está quase na hora do almoço, eu vim te fazer um convite
— comentou, sorrindo.
— Que convite? — questionei, apoiando minha cabeça na minha
mão, enquanto o observava.
— Quer almoçar comigo?
Olhei para ele por um tempo, tentando entender se aquilo era mesmo
real ou se ele estava brincando com a minha cara, já que em todos os nossos
anos de amizade ele nunca havia me convidado para nada, nem para um
cineminha, que é um programa bobo entre amigos.
— Sério? — tentei confirmar se eu tinha entendido certo.
— Claro, acho que precisamos conversar — percebi que ele estava
nervoso ao falar, mas não sabia dizer o motivo.
— Tenho que ver se minha mãe não vai precisar de mim — murmurei
ainda encarando seus olhos.
— Ah, faz essa forcinha. Por favor, Megan. — Era aquela expressão
que acabava comigo, uma que fazia ele parecer um menino desamparado, e
eu era fraca para isso, meu coração era um bobo.
— Tudo bem, mas você vai ter que esperar dar meio-dia — assim que
respondi, ele abriu um sorriso gigantesco.
— Espero o tempo que for.
Assenti por um momento e logo comecei a atender alguns clientes que
haviam chegado. Faltava meia hora para sairmos para o tal almoço, então,
Alex ficou na sua cadeira habitual, e eu fui fazer o que sabia de melhor:
preparar cafés para alegrar a vida de quem só queria um pouco de cafeína na
veia.
Estava terminando um frappé quando senti um cutucão na minha
cintura. Olhei para o lado e constatei ser minha mãe.
— Deixa que eu termino isso, querida. Você está fazendo o deus
grego te esperar por tempo demais. — Dona Kristen era uma puxa saco de
marca maior de Alex. Ela sempre gostou dele; como alegava ter um bom faro
para pessoas, isso me fez confiar naquele cara rápido demais.
E era engraçado, porque ela odiou Emmet, meu ex-namorado, de
primeira. Mas estava certa. Ele era um babaca, e eu deveria ter escutado
quando disse que não valia nada.
— Mas tenho que terminar de servir os clientes, mãe — respondi,
tentando atrasar ao máximo o meu “encontro” com o deus grego em questão.
— Querida, o café já esvaziou consideravelmente e já passou do
meio-dia. — Olhei assustada para o relógio, constatando que minha mãe
estava certa.
Voltei-me na direção de Alex e vi que ainda esperava no mesmo lugar
com a cabeça baixa. Eu era uma péssima amiga.
— Não vai ter problema mesmo se eu sair? — questionei, tirando o
avental.
— Claro que não, antes de você me ajudar no café, eu dava conta
disso tudo sozinha.
Sorri, assentindo. Depositei meu avental no aparador onde sempre o
deixava, e mamãe pegou a bebida que eu estava quase terminando para
finalizá-la. Entrei na parte interior, onde os clientes não podiam ultrapassar.
Tirei minha touca, soltei o rabo de cavalo, deixando meus fios loiros
ondulados caírem por minhas costas. Peguei meu casaco e minha bolsa,
partindo para perto de Alex.
— Desculpa a demora. — Ele levantou sua cabeça rapidamente assim
que eu falei.
— Tudo bem! — Levantou-se da cadeira e me estendeu o braço. —
Tem alguma preferência de lugar, madame?
Brincou, e eu neguei. Estava nervosa demais, sentia minhas mãos
suarem, no entanto, não deixaria que ele percebesse meu nervosismo. Acenei
para a minha mãe antes de atravessar a porta, com Alex ainda segurando meu
braço no dele. Caminhamos lentamente pela calçada, enquanto
conversávamos sobre amenidades.
— Engraçado como eu nunca tive oportunidade de te chamar para
almoçar — ele comentou, assim que entramos em um dos restaurantes mais
bem conceituados da região.
— Ainda estou estranhando essa sua atitude — respondi, enquanto
tirava meu casaco e colocava sobre o encosto da cadeira, da mesa para a qual
a hostess tinha nos guiado.
— Não era pra estranhar, eu que fui um péssimo amigo esses anos
todos.
— Não era um péssimo amigo, só tinha uma noiva ciumenta a níveis
extremos.
Alex me encarou assim que eu falei, mas ele só assentiu concordando.
Afinal, eu não estava errada. Cameron uma vez foi ao café e só faltou me
fuzilar literalmente, pois com os olhos eu tinha certeza de que ela havia me
matado umas mil vezes.
— Vamos falar de outra coisa, pois quero que Cameron fique onde
está… no passado — Alex murmurou de forma categórica, sem deixar
dúvidas de que realmente queria trocar de tema.
— Você está certo, desculpe ter entrado nesse assunto — pedi,
arrependida, já que eu não queria trazer um passado que eu sabia que tinha
sido um pouco difícil para Alex.
O garçom se aproximou de nós e enquanto ele me entregava o
cardápio, Alex murmurou:
— Não me senti ofendido, então, sem desculpas.
Sorri para ele e voltei meus olhos para o cardápio. Alex aproveitou
para pedir uma taça de vinho, e eu não quis acompanhá-lo, pois bebida
alcoólica era algo que eu evitava quase sempre, por isso, preferi ficar no suco
de laranja.
Assim que o garçom se afastou, percebi que estava sendo observada,
tirei meus olhos do cardápio e encarei aqueles olhos azuis que me
fascinavam.
— O que foi? — questionei, pois pela sua expressão sabia que queria
tocar em algum assunto que seria considerado pesado por mim.
Eu conhecia Alex há cincos anos e sabia ler todas as suas expressões.
Então, sabia que ele ia mencionar o assunto sobre o qual ele sabia que eu não
queria conversar.
— Nem precisa me olhar assim, Megan. Você sabe que eu preciso
perguntar se já conseguiu dar um jeito na hipoteca. — Levantou uma de suas
sobrancelhas grossas para me questionar.
— Não quero falar sobre isso, Alex. Já disse que vou dar meu jeito —
quase esbravejei, mas mantive a classe, pois estávamos em um ambiente
lotado de pessoas. — Foi para isso que me convidou para almoçar, para
interrogar sobre o que vou fazer? — perguntei olhando em seus olhos e por
um momento pensei que ele iria confirmar, porém, me surpreendendo, negou.
— Não! Chamei, pois queria almoçar com você. Adoro sua
companhia, mas adorar tanto e me preocupar faz com que eu sinta
necessidade de saber, Megan. Poxa! É seu ganha pão que está em risco.
Sabia que ele não estava falando por mal. Alex nunca me julgou ou
criticou, ele só queria me ajudar. E eu estava desesperada, pois não sabia o
que fazer. Não tinha dinheiro suficiente, e o meu tempo estava curto.
— Ainda não consegui arrumar o dinheiro — respondi meio
derrotada.
— Eu já te ofereci ajuda, Megan, posso pagar…
— Não! A sua mãe nunca gostou de mim, imagina se ela descobre
que você está me emprestando dinheiro? — Quando minha amizade com
Alex começou, ele levou sua mãe para tomar um café no Delicatto, pois ela
estava de visita na empresa, e ele queria que a mãe fosse apresentada a mim.
Nunca consegui esquecer como ela me olhou e depois ainda teve a coragem
de falar na minha cara que eu não fazia o tipo para ser amiga de seu filho.
Após ouvir o que disse, Alex tentou falar alguma coisa, mas o impedi
com um gesto de mão.
— Nem queira dizer que isso é bobeira da minha parte; eu tenho
orgulho e nunca deixaria que ela me humilhasse se descobrisse algo do tipo.
— Mas faltam poucos meses, Megan, e você nem contou para a sua
mãe.
— Como que eu vou contar? — questionei sem precisar de uma
resposta para isso. Deixei o cardápio de lado, pois já estava sentindo meus
olhos se encherem de água. — Como vou destruir a imagem boa que ela tem
do meu pai?
Alex segurou a minha mão por cima da mesa e começou a fazer um
carinho leve em meus dedos. Sua expressão de compaixão acabava comigo.
Não queria parecer a vítima, mas... porra… eu estava passando por algo que
nunca imaginei que passaria. Nunca imaginei que poderia perder a minha
casa e o meu café.
— Só quero deixar claro, Meg… — Alex soltou um suspiro, após
pronunciar o meu apelido —, que estou aqui por você, não vou te deixar na
mão. Então, se precisar gritar socorro, saiba que venho correndo. Tudo bem?
Voltei meus olhos para os dele novamente. Sentindo-me mais calma,
eu sabia que podia falar sem perder a cabeça.
— Claro, você é meu amigo, eu sei que sempre estará aqui por mim.
Só tenho a agradecer por isso.
Depois do nosso momento piegas, voltamos a olhar o cardápio e logo
após escolher uma salada – já que eu não estava com muita fome – e Alex
escolher um risoto de shiitake, voltamos a falar sobre amenidades.
Era muito bom conversar com Alex, ele me entendia, me fazia rir
mesmo que eu quisesse chorar. Era um homem incrível, que vivia cercado
por uma família intragável.
Após almoçarmos, voltamos para o meu café, e antes que eu pudesse
entrar, Alex começou a falar:
— Foi muito bom o almoço, que tal se estendêssemos para um jantar?
— perguntou novamente, com a expressão de menino abandonado que fazia
com que eu não conseguisse negar nada.
— A que horas você me pega?
Acho que o assustei por ter aceitado sem nenhuma objeção, pois ele
pareceu espantado pelo meu questionamento. Mas, poxa, agora que eu podia
ter o meu amigo todo para mim, eu deveria aproveitar. Só não podia dar
moral para a minha a mente que gritava que não queria que ele fosse somente
meu amigo.
Que droga!
Ele era só meu amigo, e continuaria sendo meu amigo.
— Passo aqui às oito da noite, tudo bem? — perguntou, abrindo um
sorriso radiante.
— Tudo bem!
Assim que ele se afastou eu corri para dentro do café. Estava frio, e o
quanto antes eu entrasse em um ambiente com aquecedor meus dedos
agradeceriam. Vi que estava tudo calmo, já que na hora do almoço sempre
diminuía o movimento. Minha mãe continuava no caixa e sorriu em minha
direção.
— Vou aproveitar que chegou para subir e comer alguma coisa,
querida. — Antes de sair, ela questionou: — O almoço foi bom?
Não entendia o interesse que ela tinha na minha amizade com Alex,
por isso, evitei muitos detalhes e só assenti.
Quando ela saiu, eu peguei meu celular e enviei uma mensagem para
Katherine, minha amiga de longa data, e a única que sabia que eu tinha uma
queda por Alex.
Assim que ela visualizou a mensagem sobre o meu jantar com ele,
respondeu:

Vou para sua casa mais cedo para te ajudar a se arrumar para
esse jantar.

Eu não queria que ninguém tivesse uma imagem errada da minha


amizade, mas se até minha mente gritava sobre eu não querer que Alex fosse
só meu amigo, imagina o que as pessoas de fora iriam pensar sobre isso? Eu
estava completamente ferrada.
CAPÍTULO 2

Estava analisando alguns documentos pela quarta vez, afinal, desde


que vi Megan aceitando o meu convite para o jantar, não consegui mais
pensar com coerência. Droga! Eu estava enfeitiçado por aquela mulher e não
podia negar esse fato.
O nosso almoço já havia me tirado dos eixos, pois nunca tinha tomado
a coragem necessária para chamá-la para sair, então ter tido ao menos um
pouco de tempo sozinho com ela me fez ficar extremamente contente.
Só que não estava preparado para o que ia acontecer na minha tarde,
já que eu estava feliz demais, animado demais. Então, alguma coisa tinha que
estragar o meu humor.
E por isso, quando minha mãe surgiu no meu escritório, eu sabia que
meu dia estava por um fio de perder todo o encanto. Ela entrou sem bater,
sem deixar minha secretária avisar sobre a sua presença, só entrou, sentou-se
na poltrona de frente para minha mesa e me encarou com aqueles olhos de
águia que só ela possuía.
— Pode falar, dona Grace — murmurei, esperando que soltasse logo
o motivo de sua visita.
Eu fazia questão de sair de casa antes de todos acordarem e chegar
enquanto todos não percebiam, para que não viesse nenhuma bomba em
minha direção. No entanto, já estava claro que em algum momento eu teria
que ouvir as reclamações da minha mãe, por isso, ela estava ali. E eu tinha
certeza de que já sabia o motivo.
— Querido filho, sabe quantos meses faltam para o seu aniversário?
— mamãe questionou, fazendo com que eu tivesse certeza de que estava
certo, ela fora me visitar para me lembrar do que eu queria esquecer.
— Dois, mãe. Eu nunca esqueceria a minha data de nascimento, nem
se eu quisesse, já que nos últimos tempos a senhora vem me lembrando dela
constantemente. — Bufei, com raiva de estar em uma situação que não me
agradava.
— E eu estou errada, Alex? — Ela se levantou da poltrona,
começando a andar de um lado para o outro em meu escritório, enquanto
continuava a dizer: — Tenho que me preocupar, é a nossa herança, tudo o
que temos que está em jogo, você quer perder para aquela mulher que nunca
nos ajudou com nada?
— Mãe, mas não tem como eu me casar em dois meses.
— Claro, já que o noivado perfeito que tinha com Cameron você
resolveu jogar fora por não amá-la mais. Me poupe, amor é uma mera
condição de vida. O importante eram nossas empresas. — Ela quase, quase
mesmo, perdeu a sua postura de mulher impecável, mas logo voltou a se
recompor, sem alterar o tom de voz.
— Isso é o que a senhora pensa, eu não ficaria casado com uma
mulher que não amo.
— Então, querido, trate de amar alguém logo. Não quero ver
Elizabeth me humilhando por causa de um capricho seu — dizendo isso, ela
simplesmente pegou sua bolsa e saiu do meu escritório.
Minha mãe tinha uma grande mania de querer mandar em minha vida,
e agora ela achava que estava no direito de esbravejar comigo, só por estar
faltando tão pouco tempo para que eu completasse trinta e dois anos.
Passei as mãos por meus cabelos, que sempre estavam impecáveis,
sem nenhum fio fora do lugar, bagunçando todo ele. Estava cansado de tanta
pressão. Afastei-me da mesa, levantando-me e seguindo para o pequeno bar
que ficava no canto do meu escritório. Coloquei uma dose de uísque no copo
e tomei em um gole só; acho que infelizmente precisava daquele líquido
quente para tentar me acalmar.
Que merda de vida! Eu tinha que ter caído bem no meio da briga por
uma herança? Meu pai só podia ter algum problema para ter deixado a
maldita condição de eu estar casado até o meu próximo aniversário ou
perderíamos tudo, de acordo com seu testamento.
O resto do dia passou como um borrão, mas tentei deixar a minha
infelicidade de lado. Eu ia sair com a mulher que sempre desejei, então, tinha
que melhorar meu humor rapidamente.
Voltei para casa, fazendo sempre o mesmo ato de não deixar nem que
os empregados me vissem. Já estava de saco cheio por um dia, merecia meu
momento de paz.
Depois do banho, vesti um jeans escuro, uma camisa branca e um
casaco preto, algo mais casual, então, saí de casa para encontrar Megan.
Antes ela havia me mandado uma mensagem perguntando se deveria se vestir
formal demais. Eu logo falei para que se colocasse mais à vontade, já que eu
não queria que ficássemos como robôs um com outro. Queria intimidade, até
mesmo com o que vestíamos.
Quando me vi diante da porta do café, mandei uma mensagem para
ela avisando que havia chegado. Saí do carro para esperá-la descer, enquanto
fiquei mexendo em meu celular. Mas quando senti um cheiro característico
levantei meu rosto. Era o perfume mais maravilhoso que eu já havia sentido,
e sempre estava nela, a mulher mais sexy e linda que já conheci.
Parecia que até mesmo o casual ficava magnífico naquela mulher. Ela
estava com o cabelo loiro solto caído em ondas por suas costas, uma calça
jeans que não deixava nada para imaginação, o que contrastava com sua
jaqueta de couro e sua bota que a deixava ainda mais perfeita, uma elegância
infalível.
— Boa noite! — foi a primeira a cumprimentar, já que eu ainda
estava totalmente parado, encarando-a como um belo idiota.
Seus olhos azuis observavam os meus de um forma constrangida, e eu
soube que o motivo era eu. Limpei minha garganta, dizendo em seguida:
— Desculpa, é só que você está linda demais. — Abriu um sorriso,
sem graça em minha direção, e eu me xinguei mentalmente por ser ridículo.
— Esqueça o que eu disse, só vamos começar de novo… Boa noite, Megan!
Estendi minha mão em sua direção, e ela retribuiu o cumprimento.
Beijei-a sendo o mais brega possível, o que arrancou uma gargalhada
daqueles lábios fascinantes.
— Só você para fazer algo do tipo, Alex. Quase um cavalheiro à
moda antiga — comentou assim que abri a porta do carro para que ela
entrasse e saísse da noite fria de Nova Iorque.
— Eu sabia que tinha caído no século errado — comentei antes de
fechar sua porta. Logo dei a volta no carro e entrei, partindo para o lugar
aonde eu queria levá-la há algum tempo.
No caminho fomos comentando coisas triviais só para não ficarmos
em um silêncio mortal. Só que só de imaginar a companhia de Megan, nada
ficava monótono. Ela havia comentado que estava faminta, e eu só pude rir,
pois conhecendo a mulher a meu lado há bastante tempo, sabia que se ela
estava com fome, significava que ela comeria de tudo que colocasse em sua
frente.
Ao chegarmos no restaurante, vi o quanto ela ficou encantada, mas
não era para menos, o lugar era simplesmente maravilhoso, com uma vista
para o Empire State Building, o que tornava o ambiente ainda mais agradável.
Sentamos a uma mesa e antes de começarmos a olhar o cardápio,
Megan comentou:
— Nossa, que lugar incrível. Nem sabia que existia.
Olhei para ela meio encantado, e ao mesmo tempo não concordando
por ela passar tempo de mais no café e não viver uma vida mais baladeira.
— Você é jovem demais para não se permitir viver, Megan — não
pude deixar de comentar, enquanto olhava para ela.
— Você sabe que o café é a minha vida. — Ela suspirou, e perdeu um
pouco do brilho que estava em seus olhos. — Sem ele não sei o que vou
fazer, meu futuro está tão incerto, Alex.
— Já disse que se você quiser…
— Não, eu não quero — Megan me cortou, mas logo sorriu,
demonstrando que não estava com raiva. — Vamos falar de outra coisa,
senão vou acabar chorando aqui, igual a uma criancinha.
— Seu pedido é uma ordem — brinquei, enquanto o garçom
depositava nossa bebida em cima da mesa.
— Como estão indo as coisas na empresa? — ela perguntou toda
atenciosa.
— Do mesmo jeito, cobrança em cima de cobrança. — Pensei por um
momento em falar para ela o que estava passando, com uma contagem
regressiva para me casar, mas desisti. O nosso clima estava gostoso demais
para trazer novos dramas.
Por isso, ignorei meu pensamento e voltamos a falar de coisas triviais.
Desfrutamos do nosso jantar, com algumas piadas, e até mesmo troca de
olhares em alguns momentos oportunos.
Megan era linda, mas quando sorria o mundo até parecia parar por um
segundo só para contemplar sua beleza. Quando finalizamos o jantar, pedi
uma sobremesa para ela, já que eu quase nunca comia doces.
Por outro lado, a mulher à minha frente, era uma viciada neles.
Quando seu cheesecake chegou, ela quase o devorou com os olhos antes de
prová-lo, e, quando o fez, deu um leve gemido que por uma fração de
segundo fez com que eu quase perdesse o controle das minhas ações.
— Isso aqui é muito maravilhoso, você precisa provar. — Ela
estendeu um pedaço para mim, em sua colher, e eu até queria negar, mas...
porra acho que se ela me oferecesse uma bomba eu aceitaria de bom grado.
Levei a minha boca até onde ela estava com a colher estendida e
provei do doce que realmente estava maravilhoso.
— Tenho que concordar que está uma delícia.
Megan voltou a comer seu doce, mas logo depois de um pedaço
generoso, ela começou a dizer:
— Quero te agradecer, de verdade, Alex. Não me lembro quando foi a
última vez que saí, muito menos em uma sexta-feira. Acho que isso não está
na minha lista de afazeres desde que meu pai faleceu.
— Então, que bom que te tirei dessa zona de conforto. O mundo
precisa ver mais dessa beleza na rua — brinquei, e Megan corou. E aquilo
acabava comigo só um pouco. — Eu sempre passo dos limites quando vou
falar da sua beleza.
— Não é que eu não goste de ouvir, é só que não confio muito nessas
palavras — sua confissão me chocou de uma maneira que parei por um
momento para encará-la profundamente.
— Como assim, não acredita? — questionei sem me importar se
estava parecendo um maluco.
— É só que você faz parecer que sou magnífica, e eu sou só uma
pessoa normal.
Quase gargalhei, se o assunto não fosse tão sério. Megan não se
achava a perfeição em pessoa, e eu precisava mudar isso urgentemente, já que
era inadmissível ela não aceitar sua beleza.
— Megan, não falo pra encher sua bola ou só por você ser minha
amiga. Eu falo a verdade, te acho linda, encantadora, inteligente, se não for a
mulher mais maravilhosa que já vi, é uma delas.
— Alex…
— Estou falando sério. — Segurei sua mão que estava disposta sobre
a mesa e a afaguei um pouco. Percebi que ela engoliu em seco, mas eu
precisava ao menos daquele contato. — Acredite em mim, eu nunca mentiria
para você.
— Tudo bem — respondeu, revirando os olhos, não dando a mínima
importância para as minhas palavras.
Garota maravilhosa, mas teimosa, muito teimosa.
Onde já se viu se colocar tão pra baixo, ainda mais na minha frente.
Só podia estar louca.
Depois de conversarmos mais um pouco, pedi a conta e fomos
embora. Megan não podia chegar muito tarde em casa, já que no outro dia ela
abria o café. Ao estacionar na porta, desci para abrir sua porta, mas ela já
havia saído.
— Assim você faz eu falhar como um cavalheiro do século passado
— murmurei quando me aproximei dela.
— Desculpa, força do hábito — respondeu, sorrindo.
— Te perdoo dessa vez.
Megan estava segurando sua bolsa com uma mão e a outra estava
livre, então me atrevi a pegá-la e brincar com meus dedos, roçando em sua
pele.
— Adorei a nossa noite — resolvi quebrar o silêncio que caiu sobre
nós.
— Também gostei, foi… mágico. — Olhou em meus olhos ao falar.
E a atmosfera mudou por completo, o clima que estava frio pareceu
esquentar, eu só conseguia ver aqueles olhos me encarando de uma maneira
quase ansiosa. Como se aquele momento fosse importante para nós. Meus
olhos recaíram por um momento em seus lábios, que estavam tão desejosos.
Caralho! Eu estava louco naquela mulher.
Mal percebi quando me aproximei ainda mais dela. Assim que estava
perto o suficiente do seu corpo, meu braço livre tomou a liberdade de enlaçar
sua cintura. Ela não fez nem um gesto para me impedir, parecia que estava
hipnotizada assim como eu no momento. A palavra que ela usou estava certa,
tudo ali parecia mágico.
Aproximei meu rosto do dela lentamente, e quando faltava alguns
poucos centímetros para nossos lábios se encostarem um maldito alarme de
um carro que estava próximo à casa de Megan disparou, quando uma fruta de
uma das árvores que enfeitavam as ruas caiu bem no capô do automóvel,
fazendo o efeito do momento passar. Ela saiu do transe, eu saí do meu…
estava tudo acabado.
E a mulher que eu tanto desejava afastou-se dos meus braços
parecendo se arrepender do que quase fizemos. Pensei em pedir desculpas,
mas ela logo colocou um sorriso em seus lábios, e murmurou:
— Obrigada pela noite, Alex. Foi maravilhosa. — Ela respirou por
um momento, mas continuou sorrindo. — Boa noite!
— Boa noite! — fui obrigado a responder.
Observei enquanto ela abria a porta ao lado da entrada do café, que
dava a uma escada que levava para o andar superior, onde ficava sua casa.
Antes de fechá-la, Megan sorriu e acenou, depois desapareceu.
E eu só podia voltar para minha casa, com a vontade louca de beijá-la.
CAPÍTULO 3

Ainda estava tentando entender tudo o que havia acontecido. Eu não


era idiota, sabia que se aquela maldita fruta não tivesse nos atrapalhado
teríamos nos beijado. Meu Deus! Eu quase havia beijado Alex. Isso parecia
irreal.
Terminei de subir as escadas ainda sem acreditar. Nunca imaginei que
nós dois chegaríamos a tal ponto. Ele sempre foi algo que eu considerava
distante demais do meu alcance. Um obstáculo que nunca pensei atravessar, e
agora estava ali: chocada, por termos quase nos beijado.
Tentei tirar da minha mente o que havia acontecido, já que não queria
demonstrar para a minha mãe o quanto estava afetada. Coloquei minha
máscara de indiferença e caminhei até a sala. Dona Kristen estava na poltrona
cochilando, enquanto a TV ligada passava um programa de fofocas que ela
amava.
Observei-a por algum tempo, até que tomei a coragem de dar uma
leve sacolejada em seu braço para que acordasse. Ela abriu seus olhos
lentamente e assim que me viu, sorriu.
— Chegou cedo, querida — constatou assim que olhou para o relógio.
— Amanhã temos que abrir o café cedo, então…
— E como foi o jantar com o genro que eu sempre quis ter?
— Mãe, já disse para a senhora não falar assim. Alex e eu não temos
nada, somos somente amigos.
— Podem ser amigos, mas no fundo tem algum sentimento. Não é
mesmo, filha?
— Não, mãe.
Eu havia me sentado para retirar minha bota ali na sala mesmo, mas
desisti. Levantei-me e comecei a caminhar para o meu quarto. Tudo bem, eu
podia até ter uma atração por Alex, mas do jeito que minha mãe fazia parecer
eu morria de amores por ele.
O que era mentira!
Talvez eu o desejasse demais, já que ele era sexy até dizer chega, mas
era só isso. Pura atração, desejo, um tesão enrustido. Nada de amor!
Entrei em meu quarto, mas logo minha mãe surgiu na porta e
comentou:
— Não precisa ficar chateada, querida. — Sorriu gentilmente em
minha direção.
— Mãe, só não quero que a senhora entenda errado. Ele é lindo,
charmoso, o cara mais legal que conheci, mas não o amo.
— Eu sei. Vamos esquecer isso, vou para a cama. Boa noite, querida!
— Boa noite, mamãe!
Ela saiu do quarto fechando a porta atrás de si. Eu tinha tanta coisa
para me preocupar, para ter que focar em explicar para minha mãe, que Alex
e eu nunca seríamos uma combinação perfeita.
Antes de me deitar mandei uma mensagem para Katherine, que havia
ficado aqui em casa até um pouco antes de Alex chegar. E conhecendo bem a
amiga que eu tinha, se não falasse nada sobre a noite, ela estaria aqui antes de
o sol nascer.

Megan: Foi tudo legal, Alex é um cara muito bacana.


Kat: Só isso? E o beijo, sexo e tal?
Megan: Não teve nada disso.

Achei melhor não contar sobre o quase beijo, senão ela ficaria como
minha mãe: já sonhando com um relacionamento que eu nem pensava em ter
com Alex.

Kat: Acho que tudo o que te indiquei para fazer, você ignorou.
Não é possível que saiu com aquele homem e não deu nenhum beijinho.
Você me decepciona, Megan.
Megan: Já disse que ele é só meu amigo.
Kat: Tem amigos que transam.

Nessa parte tive que rir, pois todas as amizades masculinas de


Katherine eram coloridas. Só que nunca fui como ela, talvez fosse por isso
que meus relacionamentos eram sempre fracassados, mesmo o último que
durou consideravelmente. Talvez ainda sonhasse com o tal do príncipe
encantado que estava mais difícil de achar do que nunca. Bom, ao menos era
o que eu dizia para não acreditar que Alex fosse o tal príncipe.
Conversei um pouco mais com Kat, mas acabei caindo no sono com o
celular na mão. Os dias estavam exaustivos, então quando eu me deitava,
apagava quase que imediatamente.
Acordei no outro dia com minha mãe batendo na porta. Olhei o
celular, e Katherine havia me desejado boa noite, assim que parei de
responder suas mensagens. Ela já sabia que se eu sumisse é porque tinha
dormido.
No entanto a mensagem de bom dia de Alex foi o que fez um sorriso
imbecil surgir no meu rosto. Pelo jeito eu ia acabar fantasiando coisas que
não queria.
Respondi com da mesma forma, sem emoji, para não tornar íntimo
demais, e desci para o café. Os dias de sábado eram sempre mais badalados, o
pessoal amava passear pelo bairro Nolita, já que havia muitas lojas e cafés
como o meu para alegrá-los.
Já passava das dez da manhã quando tive tempo de organizar algumas
mercadorias que ficavam embaixo do balcão, por isso, me abaixei e comecei
organizá-las. No entanto alguns minutos depois um perfume característico
chamou a minha atenção.
Eu o conhecia bem demais para saber quem estava ali.
Levantei minha cabeça e lá estava aquele maldito homem,
maravilhoso, com seu cabelo muito bem penteado para trás e os olhos claros
que me encaravam de uma forma que fazia minhas pernas se tornarem
gelatinas. A boca; aquela maldita boca que me fascinava estava com um
sorriso imenso em minha direção.
— Que honra recebê-lo aqui em pleno sábado — tentei soar como
sempre fomos e esquecer o que quase acontecera na noite passada.
— Hoje tive uma reunião que não podia ficar para segunda.
— Entendi — respondi, mas mesmo com o sorriso radiante havia algo
errado: — Aconteceu alguma coisa?
— Problemas familiares. — Preocupei-me imediatamente.
— Posso te ajudar em alguma coisa? — perguntei, já que ele sempre
deixou claro que eu era sua melhor amiga. E... porra! Amigos serviam para
esses momentos.
— Creio que não — comentou, tentando deixar o assunto para lá.
— Tem certeza? — tentei novamente, mas ele já tinha colocado sua
máscara de homem todo poderoso.
— Sim, infelizmente.
Assenti para não forçá-lo a falar mais nada. Fui até a máquina de
expresso e preparei o café que ele amava.
Entreguei-lhe a bebida, e ele agradeceu com um pequeno movimento
de cabeça. Alex tomou um gole do café e olhou ao redor, percebendo a
movimentação do dia.
— Nossa, como quase nunca venho aqui aos sábados nunca tinha
percebido como fica cheio. — Sorri com seu comentário e respondi:
— Hoje está vazio, pequeno padawan. Tem sábados que me
desespero com medo de não dar conta de atender todo mundo.
Depois de bebericar mais um gole da bebida que estava fumegante,
Alex voltou aqueles olhos, que poderiam abalar as estruturas de qualquer ser
humano, para mim. Senti quando engoli em seco só pela forma como me
olhou.
Tentei desviar minha atenção, juro que tentei, mas me vi rendida
naquele olhar. Ele parecia desvendar pedaço por pedaço de mim. Daquele
jeito ficava difícil não pensar coisas extremamente impróprias com ele.
— Queria que estivesse menos cheio para poder ter uma conversa
com você — sua voz sussurrada quase foi a minha perdição, mas me
controlei.
— Pois é, agora não dá, mas do que se trata? — questionei, no
entanto, por seu olhar, eu já imaginava o que seria.
— Sobre ontem…
Pensei em falar algo, mas por um milagre do destino, ou azar, vai
saber, minha amiga abriu a porta do café, e eu consegui desviar minha
atenção do homem à minha frente para ela. Kat aproximou-se de onde
estávamos com um sorriso radiante no rosto. Alex virou-se para ver quem era
e logo abriu outro sorriso.
Os dois haviam se conhecido aqui no café, em um dia em que minha
amiga chorara desesperadamente por ter levado um pé na bunda. Desde então
também se tornaram amigos, usando a desculpa de eu ser a parte comum
entre os dois.
Katherine era completamente fora dos padrões que a família de Alex
aceitava em seu círculo de amigos; com algumas luzes rosa em seu cabelo
loiro, as blusas de banda nunca a largavam, e os coturnos pretos estavam
sempre presentes.
— O homem mais lindo da face da terra está no Delicatto em um dia
de sábado — brincou ao se aproximar de Alex.
— Tinha uma reunião… — Enquanto ele tentava explicar ela já foi
soltando uma de suas pérolas que logo me fizeram corar.
— Com toda certeza foi só por causa da reunião que você veio aqui.
— Deu uma piscadinha em sua direção, fazendo com que Alex abrisse um
sorriso cínico no rosto.
— Nem você aparece aqui aos sábados — tentei mudar de assunto, já
que eu conhecia a amiga que tinha, e ela ia acabar falando do jantar da noite
anterior.
— Mas eu preciso de fatos, e com os dois aqui eu posso ter.
— Kat — repreendi, e pelo meu olhar acho que ela percebeu que não
era mesmo o momento.
— Tudo bem, esqueçam tudo o que eu disse. — Voltando-se para
Alex, ela questionou: — Como você está, tem meses que não te vejo.
— Estou bem, e você?
Os dois começaram a trocar amenidades, e eu dei graças a Deus por
isso. Mais alguns clientes chegaram, então, fui atendê-los.
Minha mãe, que estava com algum tempo vago no caixa, se enturmou
com Alex e Kat, e logo as loucuras da minha amiga estavam matando os dois
de rir.
De longe eu podia ouvir que era relacionado a homem; sempre isso.
Kat arrumava um ficante, se apaixonava em questão de dias e logo estava
chorando, mas minha amiga nunca se contentava e voltava a fazer as piores
loucuras possíveis.
Assim que terminei de entregar um café de avelã para uma senhora
que aparentava no máximo uns quarenta anos e que parecia turista, pelo
sotaque, Alex se aproximou de onde eu estava.
— Preciso ir, tenho outra reunião — comentou assim que me viu
sozinha.
Sua expressão ainda não era das melhores, mas havia melhorado uns
cinquenta por cento.
— Uma pena — murmurei quase para mim mesma, mas ele ouviu.
— É mesmo. — E voltamos para aquela maldita troca de olhares.
Só que Alex parecia mesmo com pressa já que cortou a nossa conexão
rápido demais para dizer:
— Quero mesmo falar sobre ontem a noite.
— Eu não estou chateada por nada que aconteceu — informei para
não parecer que estava com algum receio do momento.
— Ainda bem. — Passou a mão pelo cabelo, voltando a falar: — Já
que não está chateada, posso te levar para jantar hoje de novo?
Pensei em recusar; era perigoso começar a me envolver com alguém
como Alex, já que eu podia sair muito machucada dessa história. Mas ao
olhar de relance para Kat percebi que ela quase gritava para que eu fosse
viver minha vida sem me preocupar com as consequências. E foi por isso que
respondi:
— Tudo bem.
— Passo aqui no mesmo horário de ontem.
Dizendo isso, ele deu um beijo em meu rosto, se despediu de Kat e de
minha mãe e foi embora. Ainda o observei atravessar a rua e voltar para sua
joalheria. Minha amiga, que não perdia tempo, veio para perto de mim e
comentou:
— Você está deixando o homem de quatro por você.
— Acho que é só invenção da sua cabeça.
— Ah, tá! Até a sua mãe percebeu que ele está totalmente caidinho
aos seus pés. — Revirou os olhos ao falar.
— Você sabe que tenho medo de me envolver demais, a família dele
não é muito legal. — Todo o meu conhecimento que tinha da sua família
fazia com que eu tivesse muito receio até de ser amiga de Alex.
— Já disse para parar de se preocupar com isso. O homem te quer,
então, só dá uma chance. — Kat sorriu, e eu não pude deixar de retribuir.
Depois disso contei para ela que iria sair com ele de novo, e aí foi
motivo de Kat até querer fechar o café mais cedo. Claro que não deixei. Além
de Alex, ela também sabia da bomba que eu estava carregando nas mãos,
então, não podia perder nenhum cliente.
Depois de terminar o expediente, aí sim, deixei que fizesse o que
quisesse comigo. Arrumou meu cabelo, deixando-o com alguns cachos que
me agradavam. Fez com que eu vestisse um vestido vermelho com preto, e
saltos que fiquei até com medo de cair, mas tentei não recusar nada, já que
sabia se fizesse isso era como se declarasse a terceira guerra mundial.
Como na outra noite, Katherine terminou de me arrumar alguns
minutos antes de Alex chegar, mas, daquela vez, ela iria ficar na minha casa
me esperando para que eu contasse os detalhes da noite.
Assim que desci as escadas Alex estava me aguardando como da
última vez. Vestido de uma forma mais casual, mas que não o deixava
desleixado. Na verdade ele ficava bem em qualquer roupa.
— Está maravilhosa mais uma vez — sussurrou assim que me
aproximei. Como sempre Alex não iria poupar os elogios. E como na outra
noite pegou minha mão, dando um leve beijo.
— Obrigada! — agradeci, mas daquela vez não ia me portar como a
moça envergonhada, acho que estava na hora de começar agir um pouco. —
Você não está diferente, está lindo como sempre.
Vi quando um sorrisinho surgiu em seus lábios, Alex olhou para mim
de forma misteriosa, e eu já não estava mais sabendo decifrar o que seus
olhos diziam.
Abriu a porta do carro para que eu entrasse, e assim que estava
acomodada no banco, foi para o lado do motorista e partiu para o restaurante.
Daquela vez não fomos conversando muito, meu amigo estava sério como de
manhã. Algo o estava incomodando.
Quando chegamos ao restaurante, percebi que era bem mais elegante
que o outro, da noite passada, mas mesmo assim não me senti mal por estar
naquele ambiente. Parecia que o homem à minha frente, fazia com que
qualquer lugar fosse aceitável.
Fizemos nossos pedidos quando o garçom se aproximou da nossa
mesa. Logo saiu, e eu resolvi romper o silêncio, já que estava ficando
constrangedor.
— Alex, não sei o que aconteceu, mas preciso que você se abra
comigo. Estou te estranhando, está tão calado.
Ele continuou a me olhar, mas, ainda sem dizer uma palavra, pegou
minha mão e começou a fazer pequenos carinhos.
— Não é nada, só alguns problemas.
— Tudo bem, mas então vamos curtir a nossa noite, você queria tanto
conversar sobre o que aconteceu. — Mostrei a ele que estava disposta a falar
sobre tudo o que quisesse.
— Você está certa. — Depois de um longo suspiro, ele começou a
abalar minhas estruturas. — Mas não quero falar disso no momento, acho que
estamos em um lugar um pouco cheio demais para que eu diga o quanto
quero te beijar.
Engoli em seco com sua revelação, mas tentei parecer firme.
Era só uma realidade, eu queria beijá-lo e ele queria me beijar... o que
tinha de mais nisso? O fato de sermos melhores amigos? Talvez!
— E do que vamos falar, então? — questionei, já que não queria
passar a imagem de estar necessitada por seu beijo.
— Que tal da hipoteca? — Fechei meus olhos com o assunto.
— Não quero falar disso, te falei ontem…
— Mas precisamos falar. Hoje, conversando com a sua mãe, percebi
ainda mais o quanto vocês estão a beira de perder a única coisa que as ajuda
financeiramente, sem contar com a casa.
— Alex, eu não sei como pagar a hipoteca. Juntei uma boa grana, mas
ainda falta muito, eu já disse não quero estragar a nossa noite falando disso.
— Tentei tirar minha mão da dele, mas Alex segurou-a com mais força
enquanto dizia:
— Eu vou te ajudar.
— Já disse que não quero o seu dinheiro, sou somente uma amiga que
não precisa que você se preocupe…
— Mas eu me preocupo — cortou-me declarando algo que me
chocou: — Não quero que você aceite o dinheiro como minha amiga, se esse
é seu problema. Quero que aceite como minha esposa.
— O quê? — perguntei, já que parecia que Alex estava pirando.
— Isso mesmo que ouviu, Megan. Você aceita se casar comigo?
CAPÍTULO 4

Um filme estava sendo transmitido em minha mente em um looping


que eu não conseguia evitar. Haviam se passado ao menos uns dez minutos
que eu jogara a pergunta para Megan. Ela me olhava com os olhos
arregalados e a cada segundo que se passava, e ela percebia que eu estava
realmente falando sério, a mulher engolia em seco.
Eu não queria ter ido tão direto ao ponto, mas estava um pouco
ansioso demais, então, quando vi a oportunidade surgir simplesmente falei.
Sabia que Megan precisava de dinheiro e eu precisava me casar. Já que toda a
minha tarde fora permeada por uma pressão psicológica da minha mãe, onde
dizia: Ou você arruma uma mulher rápido ou perderemos todo o nosso
legado; no fundo eu a entendia, mas era complicado.
E foi aí que a realidade bateu, eu tinha uma pessoa, uma em quem eu
confiava demais, admirava demais, desejava demais, era a mulher por quem
eu já nutria sentimentos há bastante tempo.
Era o arranjo perfeito: um casamento desesperado, às pressas, quase
arranjado, mas com a mulher que mexia com meu coração. E com meu corpo,
é claro.
Por isso, quando retornei do seu café para a empresa e minha mãe
voltou a me perturbar com o falatório do casamento, tomei minha decisão. E
agora estava ali, olhando para Megan e morrendo de medo de ter estragado a
única coisa boa que me aconteceu naqueles últimos anos: minha amizade
com a mulher mais maravilhosa que conheci.
— E aí, o que me diz? — indaguei, já que o silêncio sepulcral estava
me matando.
Megan conseguiu dispersar dos pensamentos que provavelmente
estavam gritando em sua mente, sussurrando em seguida:
— Acho que você está maluco, Alex. Não posso me casar com você,
assim do nada…
— Megan... — Segurei sua mão por cima da mesa ao falar. — E se
fizéssemos um acordo, você ficaria casada comigo por um tempo, e eu te
ajudaria na hipoteca da sua casa?
— Eu não quero o seu dinheiro, será que não ficou claro isso? —
exaltou-se. Algumas pessoas que estavam próximas à nossa mesa até olharam
em nossa direção.
— Megan, eu sei, não quero te ofender com isso. Quero somente te
ajudar e essa é a única forma que vi de…
— Alex, quero ir embora — mal terminou de falar e se levantou da
cadeira, indo em direção a saída.
Droga! Mil vezes droga!
Chamei o garçom rapidamente para fechar a conta e assim que
consegui sair Megan já estava acenando para um táxi. Aproximei-me dela, e
segurei seu braço suavemente.
— Megan, por favor, me deixa explicar. Eu não queria te ofender,
tenho um motivo...
— Mas acabou ofendendo, Alex. — Ela virou-se em minha direção,
com os olhos lacrimejados, e aquilo foi o meu fim. — Você fez parecer como
se eu fosse uma interesseira. Uma qualquer que aceita tudo por causa de
dinheiro.
— Eu não queria... — tentei terminar de falar, mas o táxi que ela
havia chamado estacionou do nosso lado. Megan soltou seu braço da minha
mão e entrou no carro sem nem se despedir.
Fiquei olhando o veículo partir, e sentindo que tinha estragado tudo.
A imagem dela com os olhos rasos de água não saiu da minha mente pelo
resto da noite.
E eu até tentei mandar uma mensagem perguntando se havia chegado
bem, mas ela ignorou perfeitamente. Depois do meu surto provavelmente eu
não tinha mais uma amiga. Como pude magoar a única pessoa que me
entendia?
Estava deitado em minha cama, olhando para o teto, ainda me
lembrando da minha noite fracassada, quando escutei meu celular vibrar.
Olhei na direção do aparelho e não queria pegá-lo, mas a pessoa continuou
insistindo.
Assim que vi quem era, pelo visor, eu quis morrer. Kat não ia deixar
aquilo barato, tinha certeza de que ela arrancaria meu coro muito antes de eu
pensar em falar alô.
Assim que atendi, parecia que realmente a terceira guerra mundial
havia começado:
— Você pirou? Ficou maluco? Usou algum tipo de droga? Como do
nada resolve tratar a Megan como uma qualquer, Alex? — esbravejou do
outro lado.
— Não foi minha intenção passar essa imagem para ela, Kat.
— Como não? Vocês nunca nem se beijaram para você fazer uma
proposta dessas para ela.
E foi aí que eu perdi o fio de paciência que me restava naquele dia.
— Katherine, você sabe muito bem que eu posso até nunca ter beijado
a sua amiga, mas que sinto algo por ela há muito tempo. Acho que já está
cansada de ouvir minhas lamúrias a respeito do assunto. Eu tentei fazer algo
bom, já que ela vem recusando a minha ajuda financeira há algum tempo. Eu
quero ajudá-la a não perder o café e a casa, mas Megan não aceita nada. Ela é
cabeça dura, então, eu pensei que, talvez, nos casando fosse uma forma de ela
aceitar na boa a minha ajuda. Porra! Eu só pensei nela.
No fundo havia um pingo de mentira. Não estava pensando somente
nela, também pensava na minha empresa. Só que a parte sobre eu ter
sentimentos por aquela mulher era verdade. Eu a desejava demais, admirava
demais para ser só amizade. E talvez a palavra apaixonado não fosse tão
invenção da minha mente.
Katherine ficou calada por um momento, e com um sussurro disse:
— Desculpa, me exaltei. Vou conversar com ela e ver como podemos
resolver essa situação.
— Obrigado — foi a única coisa que respondi, antes de ela se
despedir e desligar o telefone.
Voltei para a posição em que estava minutos atrás até que caí no sono.
Eu esperava que Kat pudesse convencer Megan a me dar mais uma chance
como amigo. Ela nem precisava pensar no meu pedido, já havia desistido de
salvar a minha empresa.
Só não queria perder a minha amizade com Megan. Esperava que ela
me perdoasse.

✽✽✽
Ainda estava possessa com o que aconteceu. Como ele tinha coragem
de me fazer um pedido daqueles? Quem Alex achava que era para me tratar
como uma qualquer?
Quando cheguei em casa, evitando que minha mãe percebesse a
merda toda que tinha acontecido, fui para o meu quarto. E Kat quis saber os
detalhes – o sorriso que estava em seu rosto foi morrendo aos poucos assim
que contei tudo que foi me dito.
Logo ela ligou para ele e ainda colocou no viva-voz, mas esse foi o
problema. Alex abriu literalmente seu coração e deixou bem claro que ele e
Katherine falavam de mim há muito tempo, mesmo que eu não soubesse
dessa informação.
Fiquei observando minha amiga, enquanto a via ficar pálida. Acho
que ela não esperava que essa informação vazasse de tal forma. Assim que
encerrou a ligação me encarou, parecendo arrependida de ter colocado no
viva-voz.
Sentou-se na cama à minha frente, e antes que eu começasse a gritar
para que desembuchasse o que tinha para dizer, ela falou:
— Sim, eu sou uma péssima amiga por nunca ter comentado com
você sobre o que ele me falava, mas Alex confiou em mim. Então eu fiquei
em uma encruzilhada. Não me mata, por favor.
Eu até queria brigar com ela, no entanto, a curiosidade foi muito
maior.
— Quero te matar, sim, mas antes me conta o que ele te falava.
Ela abriu um sorriso tão grande que por um momento pensei que
rasgaria sua boca, só que logo começou a dizer:
— Ele é completamente louco por você amiga, desde quando era
noivo ele já falava que não conseguia ficar mais com a Cameron, porque só
pensava em você. Tenho quase certeza de que isso foi um dos motivos que
fez com que ele decidisse para dar um fim naquele relacionamento de merda
que ele tinha.
— Assim me sinto culpada…
— Para com isso, você não teve culpa de nada. Isso foi uma decisão
do Alex. — Katherine segurou minha mão e, olhando em meus olhos,
declarou: — Amiga, agora que passou um pouco da minha ira, acho que
entendi o motivo do Alex te fazer o pedido. Acho que ele quer te ajudar, e
talvez só não tenha sabido se expressar bem.
— Um casamento não me ajuda — sussurrei.
— Por que você só não tenta conversar com ele mais calma? —
sugeriu, e eu até queria escutá-la, porque já estava achando a minha atitude
com Alex muito exagerada.
— Vou pensar. Agora quero dormir.
E foi isso que fizemos. No outro dia eu já estava mil vezes mais calma
do que na noite passada. Assim que Kat foi embora, fazendo com que eu
prometesse para ela que ia conversar com Alex, mandei uma mensagem para
ele.

Megan: Ainda estou um pouco chateada por ontem, mas acho que
podemos conversar com mais calma hoje. O que acha?

Eu tinha acabado de apertado o botão enviar quando Alex respondeu.


Até parecia que ele estava esperando com o celular na mão.

Alex: Acho ótimo.


Megan: Me pega às três da tarde.

Como era domingo, era muito mais fácil sair na parte da tarde. Assim
que deixei meu quarto, após ler a mensagem de confirmação de Alex, vi
minha mãe sentada no sofá bebericando uma xícara de café.
— Tudo bem, mãe? — indaguei ao me sentar ao seu lado.
— Sim, querida. Katherine já foi embora? — questionou, já que
minha mãe havia acordado bem depois que minha amiga havia partido.
— Sim, ela ia sair com um cara que conheceu esses dias.
— Doidinha demais.
— Ela é.
— Você sabe que não sou boba, não é mesmo?
Eu sabia do que ela estava falando. Lógico que eu não tinha
conseguido esconder a minha ira da noite passada. Abaixei minha cabeça e
encarei minhas mãos. Não queria tocar no assunto com minha mãe, porque se
eu tocasse ia ter que revelar o motivo de Alex querer que eu me casasse com
ele, então resolvi por bem ficar calada.
— Querida, o Alex pode até não perceber, mas eu sei que você gosta
dele, e nem adianta falar o contrário para mim. Então, se você não quiser
contarsobre o que aconteceu ontem, eu vou te entender. Mas só te peço que
me escute uma única vez em relação a esse homem.
Desviei minha atenção para ela, e assenti. Eu ia permitir que falasse o
que quisesse. Sem pestanejar ou tentar fazê-la mudar de assunto.
— Querida, aquele homem te olha como se você fosse algo valioso
para ele, só por isso eu já o admiro de uma maneira inacreditável. Mães
costumam ter sexto sentido para certos sentimentos, e o que Alex sente por
você não é só amizade. Pelo que sabemos a família dele não é lá tão boa, mas
aquele garoto é. Então se algum dia você tiver dúvidas sobre se eu apoiaria
algum envolvimento entre vocês dois, pode ter certeza que a minha resposta
sempre seria: vá em frente, fique com esse garoto. Eu adoro o Alex, e não
podia ser diferente minha resposta para você.
Senti quando meus olhos lacrimejaram e deixei até que algumas
lágrimas escorressem. Depois sussurrei.
— Mas e se ele fizesse uma oferta meio maluca?
— Tenho certeza de que seria uma oferta que te beneficiaria, já que eu
também sei que você e ele estão cheios de segredinhos. E morro de medo de
que algum deles nos envolva diretamente. Algo que você não quer me contar.
Como minha mãe sabia tanto assim das coisas? Minha expressão
devia ter quase gritado a minha pergunta, já que logo ela comentou:
— Filha, você não é de chorar, e vi isso acontecendo demais nos
últimos tempos. Você até tenta disfarçar, mas sempre está pelos cantos com
lágrimas nos olhos, e em um desses momentos vi que Alex estava te
consolando, então, eu não sou idiota. Mas vou esperar que me conte para eu
saber como agir.
Decidi, por fim, me manter calada, pois tinha certeza de que se
contasse realmente o motivo, minha mãe poderia ficar extremamente
decepcionada, e eu morria de medo de quais poderiam ser as consequências
da minha revelação para ela.
Depois disso ficamos caladas, e logo ela foi fazer o que fazia todo
domingo: ir para um pátio que ficava no bairro vizinho dançar. Mamãe e suas
amigas amavam danças de salão e todos os domingos recebiam essas aulas
gratuitas oferecidas pelo estado para a comunidade.
Eu, por outro lado, comi um sanduíche no almoço e esperei que se
aproximasse do horário marcado para me arrumar. O dia estava mais quente,
então, era dia de usar uma bermudinha florida com uma regata branca.
Assim que a mensagem de Alex chegou, avisando que já havia
estacionado na porta, peguei minha bolsa e desci. Ele estava com uma calça
cargo cinza e uma camisa gola polo. Seu rosto estava abaixado, os ombros
caídos, e por um momento fiquei com pena dele. Acho que eu também o
havia decepcionado na noite passada.
— Oi, Alex — cumprimentei ao me aproximar dele.
Ele direcionou aqueles olhos azuis para mim, e o arrependimento
gritava sob eles.
— Oi, Megan — sussurrou, mas logo emendou. — Me perdoa, por
favor. Eu não queria fazer com que você se sentisse mal. Sou um idiota, não
podia ter falado daquela forma com você… — Coloquei meu dedo indicador
nos seus lábios, o que fez com que se calasse.
— Vamos conversar, Alex. Mas já adianto, não tenho que te perdoar,
você não fez nada por maldade, já sei disso. Vamos tentar resolver essa
questão.
Ele assentiu e abriu a porta do carro para mim. Esperava mesmo que
resolvêssemos, pois não estava pronta para perder a amizade de Alex.
CAPÍTULO 5

O caminho silencioso que percorríamos já estava me deixando


nervosa. Alex não fazia nenhum barulho, e muito menos eu. Pelo destino que
havíamos tomado, eu sabia para onde estávamos indo.
Já havia muitos meses que nem me aproximava do Central Park,
então gostei da escolha. Eu adorava aquele lugar, só não tinha tempo para
curti-lo, uma vez que a palavra entretenimento tinha sido excluída do
vocabulário da minha vida adulta, nem sabia mais o que era isso.
Assim que meu amigo estacionou o carro, saltei sem esperar que ele
abrisse a porta para mim.
Entendia seu jeito cavalheiresco, mas estávamos completamente
estranhos, então, eu queria ainda me manter um pouco afastada. Assim que
ele contornou o carro, começamos a andar pelo parque. O ambiente calmo me
deixava contente, já que meus pensamentos giravam na minha cabeça como
se tivessem acabado de entrar em guerra. Pessoas caminhavam, e outras
somente aproveitavam o domingo naquele lugar tão bonito.
Observei alguns casais que não escondiam o quanto se amavam, e até
uns que só se importavam com a selfie perfeita. Caminhamos uma boa parte
do parque em silêncio e aquilo já estava me matando. Afinal, nós tínhamos
percorrido um caminho de vinte e cinco minutos, de carro, em silêncio, já
fazia mais de dez que estávamos aqui e ainda não tínhamos aberto a boca,
estava louca para começar meus questionamentos, principalmente o motivo
de ele falar com Katherine e não comigo sobre os seus sentimentos.
Parei abruptamente em determinada parte, olhando diretamente para
Alex, que estava ao meu lado. Ao perceber o que eu tinha feito ele também
parou e direcionou seus olhos para os meus. Percebi que não ia tomar a frente
da situação, o que achei muito ruim, pois se estávamos ali daquela forma
parecendo dois estranhos era por culpa dele.
— Você não vai me dizer nada? Me trouxe aqui para ficarmos
andando de um lado para o outro como dois estranhos que nunca se viram?
— indaguei, cansada daquela situação.
— Não estava sabendo como puxar o assunto, estou me sentindo meio
retraído e… Porra! Eu sou um idiota.
Até que achei fofinho ver seu desespero; eu nunca tinha visto Alex
tão sem jeito. Ele passou a mão pelos cabelos, e era visível que não sabia
como começar a conversa. Por isso, decidi parar de ser chata, já que nem eu
estava me aguentando. Sorri gentilmente, dizendo em seguida:
— Que tal a gente parar de palhaçada e irmos direto ao ponto?
— Me parece ótimo. — Também abriu um sorriso quando respondeu,
mas esse não chegava nem perto de enviar um brilho sequer para os seus
olhos que me fascinavam.
Voltamos a andar, e eu questionei:
— Você quer me dizer sobre o que conversa com a Kat a meu
respeito? — Vi por minha visão periférica que sua atenção se voltou para
mim, no entanto, ele respondeu:
— Não, essa eu não quero responder agora. — Assenti uma única vez.
Não iria pressioná-lo, mas esperava que até o final daquele dia ele me
dissesse o que eu estava louca para saber. Com isso, continuei:
— De onde você tirou aquela ideia maluca de nos casarmos, Alex? —
Fiquei esperando para ver se esta ele ía responder. Demorou um pouco, mas
soltou em seguida:
— Eu quero te ajudar, não quero deixar você perder o único bem
material que tem. Sabe, Megan, me preocupo demais com você, com dona
Kristen. Vocês não merecem estar passando pelo que estão.
— Mas eu posso conseguir…
— Não pode, você sabe que não — cortou-me. — Se pudesse já teria
pagado a hipoteca, falta pouquíssimo tempo e você ainda teima que pode
conseguir.
Alex se virou para mim, encarando-me como se fosse me contar o
maior segredo do universo. Antes que eu perguntasse o que tinha acontecido
daquela vez, ele pegou minha mão na sua e me conduziu até um dos bancos
que estava vago pelo caminho que andávamos. Poucas pessoas passavam
perto de onde nos sentamos, e eu agradeci mentalmente, já que não sabia o
teor que teria a nossa conversa.
Por alguns minutos Alex ficou encarando o nada à nossa frente. Eu,
por outro lado, o olhava, admirando a beleza que aquele homem tinha. O
queixo quadrado sempre foi algo que me chamou atenção, mas do jeito que
estava retesado me deixava ainda mais admirada. A barba cerrada era um
complemento a mais para a fisionomia máscula. No entanto não foi só isso
que percebi ao admirá-lo, parecia que tinha mais coisas que queria contar,
mas não queria mais pressioná-lo, eu ia esperar o seu tempo.
— Eu não posso deixar você perder a sua casa. Nem que eu tenha que
falar com dona Kristen para aceitar a minha ajuda, mas preciso pagar a sua
hipoteca o quanto antes.
Ainda não tinha me olhado, mas era perceptível que algo o estava
incomodando.
— Alex, eu não quero que minha mãe saiba o que está acontecendo.
Ela tem uma imagem perfeita do meu pai, não quero manchar o que ela pensa
dele.
— Será que você não entende que ficará sem casa?
— Eu entendo, mas você não tem que se meter nisso.
— Eu tenho, sim... — Ele parou de falar por um momento, e voltando
seus olhos para os meus declarou: — Se eu não me importasse tanto com
você eu até poderia concordar em te deixar perder tudo, mas eu me importo
demais — cuspiu como se aquilo o estivesse machucando.
— Você não precisa…
— Você queria saber o que eu falava para Kat, certo? — Assenti, sem
entender como mudamos de assunto tão abruptamente, mas Alex não se
importou e logo prosseguiu: — Então, se você quer saber, precisa entender
que não tem como eu não me importar. Tem algo aqui dentro do meu peito
que grita todas as vezes que te vejo, e quando te pego triste pelos cantos lá no
café, por estar cada vez mais perto de perder seu lugar de trabalho e sua casa,
essa mesma coisa que grita faz com que meu coração se parta um pouco. Não
consigo te ver sofrendo, Meg! É muito difícil entender isso? Eu quero te
ajudar, porque gosto de você, e não é um sentimento de mentira, o que eu
sinto por você é real. Acha que não consegui levar meu noivado adiante por
quê?
— Por quê? — Eu já estava entendo algumas coisas, mas preferia que
ele me contasse para eu não pensar que estava maluca.
— Porque não consegui me imaginar mais um relacionamento de
fachada com Cameron, sendo que gosto demais de você, demais! E se eu
fosse verdadeiro nesse momento poderia dizer que estou completamente
apaixonado por você, Megan.
Fiquei parada por um tempo, tentando assimilar tudo o que Alex
estava dizendo. Ele tinha dito que estava apaixonado por mim? Não! Eu só
podia estar alucinando, já que se ele tivesse falado isso para Kat, ela teria me
contado, certo?
Mas e se ela tentou me alertar todas as vezes que falou que ele estava
de quatro por mim, e eu não dei bola, pensando que estava brincando com a
minha cara? Meu melhor amigo, por quem sempre nutri sentimentos
contraditórios, tinha acabado de assumir que estava gostando de mim… Não!
Ele disse apaixonado, com todas as letras. Puta que pariu! Fiquei estática e
não consegui pronunciar uma palavra sequer.
Ele, percebendo que eu não diria nada, prosseguiu:
— Não precisa me responder. — Parecia que ele estava lendo meus
pensamentos.
Eu até queria revelar que estava sentindo algo por ele também, que ele
não era o único que tinha sentimentos envolvidos naquela relação, mas tinha
medo. Meus relacionamentos anteriores foram fracassados demais, e eu não
queria que o mesmo acontecesse com Alex. Além de tudo ele era meu melhor
amigo, e perdê-lo não era uma opção que me agradasse, caso as coisas não
dessem certo.
— Alex, eu nem sei o que dizer.
— Já disse que não precisa dizer nada. — Desviou sua atenção para a
paisagem do parque.
E o silêncio voltou a nos abraçar, mas por dentro eu quase saltitava
com a revelação que tinha sido submetida a mim. Estava bestificada com
tamanha confissão.
— E, Megan, não é porque eu sinto algo por você que você é obrigada
a sentir o mesmo por mim, está entendendo? — questionou, sem me olhar.
— Sim — consegui responder. Quase abri a boca para dizer que não
era indiferente ao seu sentimento, mas minha covardia me travava.
Parecia que alguma coisa gritava para mim que não era o momento
certo para corresponder àquele sentimento.
— Mas me deixa te ajudar, por favor, eu preciso te ajudar. — Alex
tirou-me dos meus devaneios, enquanto sentava-se de outra forma no banco
onde estávamos, o que fazia sua atenção ficar totalmente voltada para mim.
— Por quê? Você não tem nenhuma dívida comigo.
Seu suspiro meio sofrido mostrava que havia muito mais nessa
história. Então ele revelou, sem nem me preparar, da mesma forma como
fizera tudo até aquele momento.
— Eu vou ficar pobre, Megan. — Seus olhos refletiam uma verdade
que nunca imaginei que seria provável na vida de Alex.
— Como? — Quase não consegui pronunciar a pergunta, estava
abalada demais pela confissão anterior, agora essa vinha para terminar de me
fazer ficar extremamente chocada.
— Vou te contar um segredo, mas preciso que fique só entre nós. —
Assenti, mesmo que ele não tivesse perguntado. — Quando meu pai morreu,
ele deixou em seu testamento que se eu não me casasse até meus trinta e dois
anos, tudo seria passado para Eric e Elizabeth.
— Mas Eric não sabe administrar nada. — Soltei sem nem perceber,
pois estava remoendo tudo o que ele estava me contando. Além também de
conhecer um pouco da história do primo irresponsável de Alex. — E
Elizabeth nunca se deu bem com o seu pai — exaltei-me na última parte.
Algumas pessoas que estavam passando por perto até olharam para ver o que
estava acontecendo, mas quando perceberam que não era nada relevante
voltaram a fazer o que estavam fazendo.
Eu repugnava a tia e o primo de Alex. Tudo o que ele já havia me
contado sobre eles fazia com que um sentimento horrível se instalasse em
meu corpo, e o nojo daquele pessoal se sobressaía sempre. Eu nem os
conhecia pessoalmente, mas já os achava intragáveis.
— Pois é — foi a única coisa que Alex comentou.
Porém ao ligar um ponto no outro tudo começou a fazer sentido para
mim. Alex não queria se casar comigo somente para me ajudar, ele também
precisava que eu o ajudasse.
— Então quer dizer que o casamento também beneficiaria a você? —
questionei, elevando uma das minhas sobrancelhas.
— Seria uma forma de juntar o útil ao agradável. Eu iria te ajudar, e
você, sendo minha esposa, aceitaria o meu dinheiro para pagar a sua hipoteca,
e eu ficaria com a minha empresa. Mas já desisti disso.
— Porquê? — perguntei, pois estava curiosa.
— Ao que parece, você não está disponível para mim — respondeu
com um sorrisinho sexy, enviesado, mas cheio de melancolia.
Eu queria gritar que eu estava sim, mas nutrir sentimentos por alguém
era totalmente diferente de me casar com esta pessoa; isso requeria
sentimentos muito mais profundos do que a paixonite que eu sentia.
Eu sabia que para um casamento a pessoa devia estar completamente
apaixonada, disposta a tudo. Era uma loucura pensar nisso… Por mais que
Alex fosse meu melhor amigo, ainda seria como um casamento arranjado…
Algo do século XVIII. Algo que poderia estar totalmente fadado ao fracasso.
— Casamento é coisa séria, Alex — falei com doçura, esperando que
ele entendesse que estava apenas conversando, que não descartava a hipótese.
Não quando a vida dele também estava em jogo. O fato de precisar de mim
mudava tudo. Não poderia desapontar meu amigo. — Sei que seria uma
alternativa benéfica para nós dois, e eu te conheço há bastante tempo, mas o
mais importante não temos, que é o amor incondicional, irrevogável, para a
vida toda. Não quero ser uma esposa de contrato.
— Mas e se eu te desse o amor incondicional, irrevogável, para a vida
toda? — Segurou minha mão quando terminou a frase.
— Como assim — respondi, mas o meu coração estava batendo tão
forte que eu nem sabia se tinha soado coerente. — O que você quer dizer com
isso?
A atmosfera tinha mudado completamente, nós estávamos discutindo
até minutos atrás, mas agora tudo estava em câmera lenta. Parecia que Alex
entrara em sua forma sedutora, para abalar todas as minhas estruturas, e até o
clima ameno tinha esquentado, enquanto ele me olhava como se quisesse me
devorar, como se conseguisse me ler por completo.
— Me dê uma chance para eu fazer você se apaixonar por mim, só
preciso de trinta dias, Megan. Trinta dias onde você vai ser só minha, e eu
vou cuidar de você e te mimar como uma princesa. Você não vai nem
perceber como se apaixonou por mim.
Sem pensar muito questionei:
— Você acha que pode dar certo?
Alex deu um longo suspiro e disse algo que abalou todas minhas
estruturas.
— Eu vou lutar por isso. Não quero me casar com outra mulher. Não
posso ficar preso por tanto tempo em outro relacionamento e perder a chance
de conquistar quem eu realmente quero. E eu quero você, Megan. — Passou
uma de suas mãos por minha bochecha, acariciando-a como se eu fosse uma
joia rara.
E finalmente tinha conseguido entender o motivo de não revelar que
eu já sentia algo por aquele homem. O destino estava me reservando uma
proposta irrecusável, por isso, eu devia deixar guardado o meu sentimento
por Alex. Ele iria me provar que eu podia amá-lo incondicionalmente.
Provavelmente eu deveria recusar, só que nunca tinha cometido uma
loucura na vida, e talvez esse momento tivesse chegado, estava na hora de
cometer.
— Então você tem trinta dias, Alex, me faça te amar que eu me caso
com você e aceito sua ajuda.
Quando o homem à minha frente abriu aquele maldito sorriso que me
enfeitiçava, que fazia minhas pernas ficarem trêmulas eu soube que dali a
trinta dias eu seria a senhora O'Donnell.
CAPÍTULO 6

Ainda estava sem acreditar que ela tinha aceitado. Olhava para
Megan, tentando ver se estava brincando. Só que refletia somente verdade
nos seus olhos. Ela realmente resolvera embarcar naquela loucura comigo.
Nem em meus maiores sonhos cheguei a vislumbrar o que estava
prestes a acontecer. Eu sempre pensava que Megan seguiria sua vida feliz,
mas sem mim. E agora eu tinha recebido um presente: trinta dias para
conquistá-la e levá-la ao altar, para ser minha, completamente minha.
Foi tudo que sempre pedi, e agora minhas preces foram atendidas.
Não consegui conter o sorriso. Segurei a mão de Megan e acariciei seus
dedos como se eles fossem os mais preciosos do mundo. O que podia ser
verdade, já que aquela mulher era tão valiosa par amim.
— Vou te dar um ultimato para começarmos. — Vi quando ela
engoliu em seco. E mesmo assim continuei acariciando seus dedos.
Era uma estratégia minha, já que ela tinha me dado a liberdade de
conquistá-la, então, eu usaria tudo o que tinha a meu favor para conseguir
isso. Megan se apaixonaria por mim, tanto quanto eu estava por ela.
Voltei meus olhos para os seus e continuei:
— Amanhã passarei bem cedo em sua casa, para… como posso dizer?
— Não queria usar a palavra que ia falar, mas era a única que estava na
minha cabeça no momento. — Sequestrá-la.
— Você o quê? — Megan questionou, meio aturdida. Ela parecia
estar muito concentrada em mim, e assim que ouviu o que eu disse saiu do
transe que se encontrava.
— A partir de amanhã você ficará comigo, em uma ilha particular que
tenho aqui, mas que é afastada de tudo e todos.
Eu mal tinha me lembrado dessa ilha nos últimos tempos, mas não
sabia por qual motivo que ao começar a prometer a Megan que faria com que
se apaixonasse por mim pensei logo no lugar. A ilha era totalmente
paradisíaca, e seria uma grande aliada ao meu plano de conquistar a mulher
que eu tanto desejava.
— Mas, Alex, eu não posso deixar o café por trinta dias, minha
mãe…
— Eu contrato alguém para ajudá-la, se for preciso. — Coloquei meu
indicador sobre seus lábios. — Quero que você me ame, Megan. Eu já sou
completamente apaixonado por você, então, tenho que conquistá-la e não
pouparei meus meios para isso.
A cada hora que revelava sobre o que sentia para ela, via que seus
olhos ganhavam um brilho a mais. Era tão bom poder confessar meus
sentimentos sem medo de ser julgado. Eu podia gritar para o mundo que
estava louco por essa mulher, e quase não acreditava nisso.
— Às vezes penso que você é maluco — comentou, ainda meio boba,
me encarando. Eu sabia que estava mexendo com ela, e era exatamente isso
que eu queria.
— Fico maluco quando tenho alguma meta para atingir.
Vi quando as bochechas de Megan coraram, e ela não disse nada, só
desviou seus olhos para o ambiente, observando o que acontecia ao nosso
redor. Logo voltou sua atenção para mim e comunicou:
— Tudo bem! Vou falar com a minha mãe sobre tudo, menos sobre a
hipoteca. Caso ela diga que precisará de ajuda, eu deixo que você contrate
alguém durante esses dias.
Senti-me vitorioso. Depois disso, resolvemos dar uma volta pelo
parque. Assim que levantei-me do banco, estendi minha mão para ela que
pegou prontamente. Aquele único gesto já era muito para nós dois, por isso,
passamos um tempo em silêncio.
Vi um carrinho de pipoca mais a frente e fui até ele. Sabia que Megan
amava pipoca, então, seria bom para quebrar o nosso clima constrangedor.
Soltei-me de sua mão para pagar ao vendedor, e entreguei o pacotinho para
ela, que me direcionou um dos seus sorrisos que me fascinavam.
Enquanto Megan comia sua pipoca comecei a falar novamente.
— Eu pensei que nunca teria coragem de falar para você sobre meus
sentimentos — revelei.
— Não sou um bicho que sai mordendo quem resolve falar que está
apaixonado por mim — Megan brincou, enquanto comia uma quantidade
generosa de pipoca.
— São muitos os que falam? — Ergui uma sobrancelha, em um tom
brincalhão.
— Hoje, por acaso, só um.
Não pude deixar de sorrir e de suspirar aliviado por ela entrar na
brincadeira.
— Mas é complicado, Meg. Eu nunca fui um cara tímido, mas com
você… as coisas são diferentes.
— Eu entendo.
Continuamos caminhando, em silêncio, por mais alguns metros.
Assim que ela terminou de comer sua pipoca, jogou o saquinho no
lixo e voltamos a caminhar. Chegamos à Bow Bridge, uma das pontes mais
memoráveis do Central Park, que possuía uma arquitetura em estilo vitoriano,
com uma vista incrível para o lago, e os ipês eram um charme a mais para o
local. Já fora palco para diversos filmes e ensaios fotográficos.
Paramos sobre ela, observando o lugar. O dia estava bom, e como não
estávamos no inverno, o lago ficava bem movimentado, com os barquinhos
de um lado para o outro, sempre com um casal, ou até mesmo alguns amigos
que queriam curtir o ponto turístico.
— Tinha muito tempo que eu não parava sobre a Bow Bridge para
observar toda essa beleza. — Megan gesticulou para o lago. — Nem sabia
que sentia tanta falta de dias de preguiça como hoje.
— Você estava como eu, Megan, workaholic total.
— A diferença é que eu necessito trabalhar desde que meu pai
morreu, e depois que recebi aquele comunicado tudo piorou. Além de ter
minha mãe como responsabilidade. Você podia tirar férias, Alex, mas as
poucas viagens que fez nesse tempo que te conheço foi para acompanhar
Cameron aos desfiles dela — ela respondeu, encarando um dos barquinhos
que passavam por ali.
— Nunca achei uma necessidade tirar férias. — Encarei seu rosto que
brilhava com os raios de sol que batiam nele.
Megan voltou seus olhos em minha direção e indagou:
— E agora está querendo passar trinta dias fora do seu mundinho para
me conquistar?
— Eu faria tudo que fosse possível para isso.
Conhecia Megan há bastante tempo para saber quando ela estava
afetada, seu olhar colado no meu gritava isso. Sua mania de morder os lábios
quando algo a deixava desconcertada, seu rosto corado… Ah! Quando Megan
corava era minha perdição.
Aproveitei que ela tinha se virado para ficar de frente para mim para
me aproximar. Talvez fosse um ato impensado, mas já havia revelado tudo a
ela, não estava dando conta de controlar meus instintos. Os poucos
centímetros que nos separavam foram quebrados quando coloquei uma de
minhas mãos em sua cintura. A outra foi parar em uma de suas faces. Passei
meus dedos por ela, acariciando a pele macia da mulher que estava me
deixando completamente rendido.
Ela fechou seus olhos com meu toque, o que me deu total liberdade
para olhar mais profundamente para seu rosto. Suas pintas eram um charme,
no entanto o que estava clamando por minha atenção, quase que implorando,
era a boca delineada que eu sempre sonhei em tocar.
Enquanto olhava para essa parte de seu corpo, Megan abriu
novamente aqueles olhos azuis em minha direção, e seu comentário foi o que
fez com que eu perdesse totalmente o controle por meus atos.
— O que está esperando, Alex? Já cometemos muitas imprudências
hoje, um beijo será só mais uma.
Com um sorrisinho de canto, ainda encarando seus olhos, respondi:
— Seu desejo é uma ordem.
A mão que estava em seu rosto foi parar em sua nuca. Puxei sua
cabeça em direção à minha e colei nossos lábios. Naquele momento tudo
pareceu ficar em silêncio; sentir minha boca na dela, só o contato de pele com
pele, fez algo acontecer. Eu não saberia explicar, mas foi como se o mundo
inteiro parasse só para nós.
Eu já havia beijado mais mulheres do que era possível contar, só que
com Megan era diferente.
No momento que a puxei ainda mais contra mim, a gente se entregou
ao beijo por completo. Minha mão se apertou em sua cintura, sentindo uma
conexão inexplicável. Nossas línguas começaram a se conhecer e puta que
pariu! Aquilo, sim, era um beijo fantástico.
Não consegui me lembrar de que estávamos em um lugar público e
encostei a mulher na mureta da ponte, onde a fiz ficar rendida a mim. Os
braços de Megan foram parar em meu pescoço, e tudo continuou mais
intenso.
Talvez eu fosse muito piegas por afirmar, mas eu a beijaria mais mil
vezes naquele momento se fosse para provar daquela sensação magnífica.
Tínhamos química, tínhamos pegada, tínhamos tudo para que um beijo fosse
bom.
Quando escutei um leve gemido saindo dos seus lábios, soube que
tinha atingido um ponto que já deveria estar sendo considerado como
atentado ao pudor.
Afastei-me dela, não antes de lhe dar um leve selinho na boca que
estava vermelha e inchada. Seu peito subia e descia, parecendo procurar o ar
que lhe faltava, e eu não estava diferente. Realmente tínhamos nos esquecido
de respirar durante o momento que parecera único para nós dois.
Olhar em seus olhos depois do que fizemos não foi fácil. Sentia medo
de ter avançado um sinal muito rápido, mas ao constatar que ela estava com
um leve sorrisinho em seus lábios pude perceber que não era o caso.
— Alex… — sussurrou meu nome, como se quisesse falar mais
alguma coisa, só que não tinha coragem suficiente.
— O quê? — questionei, enquanto ainda segurava sua cintura com
minhas mãos. Não tinha me afastado muito do seu corpo. Acho que ainda não
estava preparado para essa separação.
— Eu não deveria falar isso, para que você não se ache o deus mais
poderoso de todo esse universo. Mas… Porra! Que beijo foi esse?
Não pude conter minha gargalhada, foi mais forte que eu. Comecei a
rir tanto que até virei minha cabeça para trás.
— Este foi só o primeiro, garota linda. Posso fazer melhor do que isso
— respondi, ainda sorrindo.
— Nossa! Se eu soubesse que era assim tão… uau! Eu teria pedido
antes. — Suas bochechas que já estavam coradas ganharam um tom a mais de
vermelho, enquanto ela completava: — Não acredito que falei isso.
Colocou suas mãos no rosto, escondendo-o por causa da vergonha que
estava sentindo. Só que logo tratei de retirá-las, não queria que ela sentisse
vergonha por ser sincera comigo.
— Megan, não quero que sinta vergonha por ser você mesma comigo.
Se realmente nos tornarmos um casal, precisaremos confiar um no outro.
Ela fez uma leve careta, mas preferiu falar.
— Alex, você é meu segundo melhor amigo, mas vai demorar para
que eu tenha essa confiança de casal em você, ok? Além de você ainda
precisar me conquistar. Foi uma promessa, não foi?
Depois do que falou me afastei dela. Sabia que estava certa, mas não
precisava ter me jogado esse balde de água fria. Ou precisava?
— Não fique chateado, Alex, você tem trinta dias. Se continuar me
beijando assim é bem capaz que eu me apaixone muito antes. — E ao dizer
isso, Megan simplesmente começou a caminhar, saindo da ponte.
Ela nem ao menos me esperou, e eu só pude segui-la. Estava achando
que seguiria aquela mulher para onde ela quisesse.
Depois disso voltamos para a casa de Megan. Assim que estacionei o
carro, olhei para ela e informei:
— Amanhã passarei aqui até às nove da manhã. Tudo bem?
— Tudo ótimo!
Megan assentiu, desafivelou o cinto e ia saindo, mas segurei seu braço
antes que estivesse fora do meu alcance. Ela olhou em minha direção sem
entender muito bem o que estava fazendo. Sem esperar que compreendesse,
me aproximei de seus lábios e dei um beijo leve.
Só assim soltei seu braço. Ela ainda ficou parada por alguns instantes
me analisando, mas logo sorriu levemente e murmurou:
— Até amanhã.
— Até!
Vi quando abriu a porta da sua casa, olhou na direção do meu carro
por uma última vez e entrou. Estava feito; eu teria trinta dias para conquistar
a mulher que amava. Trinta dias para ajudá-la a retomar sua casa e seu
negócio. Trinta dias para me tornar um homem casado.
Estava na hora de colocar meu lado sedutor em ação, e eu sabia que
essa batalha já estava ganha. Afinal, eu era muito bom em tudo que fazia.
CAPÍTULO 7

Eu tinha acabado de aceitar a proposta mais maluca que já havia sido


feita para mim. Ainda não acreditava que tinha dito sim para Alex. E ele tinha
me beijado. Puta que pariu! O meu melhor amigo, o cara por quem eu tinha
um quedinha, o homem que deixava as minhas pernas meio bambas,
realmente havia me beijado.
Ele tinha assumido que era apaixonado por mim, e eu simplesmente
omiti descaradamente que nutria um leve sentimento por ele. Eu iria me
casar! Ainda estava sem acreditar que isso poderia ser verdade.
Antes de continuar subindo as escadas que me levavam para minha
casa, parei por um momento, respirei, fechei meus olhos e pensei com
clareza. Eu só iria me casar se estivesse completamente e irrevogavelmente
apaixonada pelo meu melhor amigo. Isso fora o que ele propusera, e eu só me
tornaria a senhora O'Donnell se Alex conseguisse pegar meu coração por
completo para ele.
— O que está fazendo aí, querida? — Mamãe apontou para o alto da
escada, questionando a minha falta de forças de subir os degraus.
— Nada, mãe, estava só pensando em algo. — Tentei evitar fazer
alarde enquanto ainda tinha tempo para pensar em tudo que iria ocorrer a
partir do dia seguinte.
— Tem certeza? Você está meio pálida — Dona Kristen continuou
insistindo, enquanto eu voltava a subir as escadas.
— Mamãe, tenho certeza.
Parei ao seu lado olhando em seus olhos. Como eu iria contar a ela
que eu estava de partida para férias sem aviso? E que talvez, dependendo do
resultado desse um mês afastada, eu voltaria noiva do homem que ela sempre
sonhara que se tornasse seu genro.
— Querida, você saiu com o Alex?
Assenti sem pronunciar outra palavra, estava começando a ficar
amedrontada com o caminho que minha vida estava tomando:
Primeiro eu tive que abruptamente começar a cuidar de uma cafeteria
que eu amava, mas que não estava pronta para tal ato.
Segundo, uma ordem de despejo havia chegado nessa mesma
cafeteria, informando que eu tinha pouco tempo para pagar um valor absurdo
de hipoteca, que meu falecido pai jurava que havia pago.
Terceiro, eu estava quase sendo sequestrada por um amigo por trinta
dias para que ele me fizesse amá-lo, para assim nos casarmos e ele salvar sua
empresa, e eu salvar o futuro da minha mãe. Em que porra de conto de fadas
meio torto eu havia caído?
Tentei tirar todos os meus problemas da minha mente, enquanto
minha mãe ainda me avaliava com seu olhar perspicaz. Vi quando ela
levantou sua sobrancelha, e logo um leve sorrisinho se abriu em seu rosto.
— E aí, vocês se acertaram? — seu questionamento não deveria fazer
com que eu sentisse minhas bochechas esquentando, mas eu senti.
E foi a munição que ela precisava para começar a fazer mais
perguntas. Tudo o que eu queria evitar em um primeiro momento.
— Não me diga que agora meu sonho vai se realizar?
— Mamãe… — fui reclamando enquanto me dirigia ao meu quarto.
Eu não queria falar para ela agora. Queria, na verdade, pensar em como dar a
notícia, mas dona Kristen não estava facilitando em nada as minhas vontades.
— Me conta, querida, sei que você não gosta de se abrir comigo, só
que eu queria tanto saber como anda sua vida amorosa.
Coloquei minha bolsa sobre a cama, sentindo-me culpada por ter
evitado por tanto tempo falar com a minha mãe abertamente sobre os meus
sentimentos por Alex. Não me lembro quando comecei a evitá-la e começar a
contar sobre tudo que acontecia em minha vida somente para Katherine.
Voltei-me em sua direção, e ela ainda estava parada sob a entrada da
porta. Tentei sorrir para que ela tirasse o vinco do meio de sua testa. Estendi
minha mão para ela, que correspondeu ao gesto estendendo a dela e
caminhando em minha direção até que nossa pele se tocasse.
Sentei-me sobre o colchão da cama, e mamãe me olhou, esperando
que eu dissesse o que tanto estava me afligindo.
— Mamãe, você sempre foi a pessoa mais importante no mundo para
mim. Eu só não sei quando eu comecei a me sentir meio retraída, mas
lembro-me bem de que não queria te dar problemas.
— Querida, você não me dá problemas. — Minha mãe pousou uma
de suas mãos em minha bochecha. O que fez com que eu fechasse meus olhos
por um instante para apreciar aquele contato.
Sentiria muita falta dela naqueles trinta dias, então já estava
guardando o seu toque em meus pensamentos.
— Eu gosto do Alex — resolvi abrir o jogo enquanto ainda estava
com os olhos fechados. Porém logo os abri para encarar minha mãe que me
olhava com um sorriso nos lábios.
— Você nem precisava assumir assim, eu já sabia, querida. Sou sua
mãe e sempre sei das coisas. Mas sei também que não é só isso que quer me
contar.
Dona Kristen era esperta demais, e foi essa qualidade que sempre
apreciei nela, fora ser uma mãe que me amava demais, uma mulher dedicada
demais, esposa devota, amiga de todos… Enfim, ela era perfeita para mim.
— Mamãe, hoje o Alex me fez uma proposta que é uma loucura, mas
que estou louca para cometer. Por isso eu aceitei.
— Qual proposta? — questionou, com o cenho franzido, a
preocupação já gritava em sua expressão.
Eu não contaria a verdade sobre o nosso acordo, muito menos que
Alex estava a ponto de perder suas empresas por causa de uma loucura do seu
pai. Foi então que menti mais uma vez para a minha mãe em tão pouco
tempo. Já que ultimamente era só isso que eu fazia.
— Ele me chamou para passar trinta dias de férias com ele em uma
ilha particular que possui.
Pensei por um momento que talvez minha mãe pudesse passar mal,
ou... sei lá, gritar comigo por ter aceitado tamanha loucura. Mas logo vi a
preocupação sumir do seu rosto. E aquele sorriso bobo voltar aos seus lábios.
— Não acredito que você vai tirar férias. Isso parece até mentira —
ela quase gritou ao pronunciar.
— Mas é a mais pura verdade.
— E quando será?
— A partir de amanhã — foi aí que sua animação morreu um
pouquinho.
— Nossa, tão rápido? Pensei que íamos combinar como ficaria o
Delicatto enquanto isso.
Eu sabia que ela não estava daquela maneira somente por causa do
café, afinal, desde que meu pai morreu eu nunca a deixei sozinha. Nunca
passei uma noite fora. Pensando dessa maneira, estava começando a me bater
um desânimo, pois não queria que minha mãe ficasse sozinha, enquanto eu
estava tranquila em uma ilha deserta.
— Eu posso adiar…
— De jeito nenhum, você vai. Acho que você e aquele garoto
precisam desse tempo juntos e sozinhos, sem aquela megera da mãe dele por
perto. Só fico pensando que precisarei arrumar alguém para me ajudar nesse
tempo no café. — Olhou-me de forma amável.
— Não precisa se preocupar, mamãe. Alex vai contratar alguém para
te ajudar — declarei.
— Mas, querida...
— Mamãe, eu só irei se você aceitar esse único pedido — insisti, já
que minha mãe era tão cabeça dura quanto eu.
— Se eu não tenho opção de escolha...
Depois disso a mulher que parecia mais uma adolescente do que uma
senhora com mais de cinquenta anos, resolveu que queria me ajudar a
arrumar a mala que eu levaria para a viagem. Enquanto isso eu digitava uma
mensagem para Katherine contando a ela o que havia acontecido e quais
seriam os planos para os próximos trinta dias. Minha mãe pegou uma das
maiores malas que tínhamos e colocou-a sobre a cama.
Minha amiga, por outro lado, disse que estava indo para minha casa, e
não demorou muito para chegar. Assim que entrou em meu quarto, já gritou.
— Eu não aceito saber dessas coisas somente por mensagem, preciso
ver olho no olho, entender de onde saiu essa ideia maluca que eu já amei.
— Katherine sempre discreta — Mamãe zombou assim que dobrou
uma blusa rosa que eu amava e colocou dentro da mala.
— Mas, tia, o quanto nós torcemos para que isso acontecesse? E
agora, assim, do nada, a Megan joga essa notícia em cima de mim. Não, eu
quero saber detalhes, vários deles.
Minha amiga me puxou para a sala, enquanto minha mãe ficou no
quarto rindo das loucuras de Kat.
— Vamos, me conta tudo. — Olhou em meus olhos cheia de
expectativa.
Para ela eu sabia que podia contar tudo o que estava acontecendo, por
isso, comecei pela parte da qual ela já tinha conhecimento, que era a proposta
de casamento para ajudar que eu quitasse nossas dívidas. Depois de um
tempo que percebi que ela não iria pirar, continuei, contando que Alex
também precisava de ajuda para se salvar. E assim que terminei, minha amiga
questionou:
— Então quer dizer que se você voltar ainda mais apaixonada por
Alex dessa ilha, vocês vão se casar? — questionou, com os olhos arregalados.
— Sim!
— Eu não posso acreditar, alguém me ajuda. Não tenho nem roupa
para esse evento. Acho que estou passando mal.
Katherine sentava e levantava ao mesmo tempo do sofá, fazendo com
que eu começasse uma crise de risos.
— Quem diria que você era tão moderninha, amiga? — disse ela.
— Fala baixo que minha mãe não sabe dessa parte.
— Tudo bem, me exaltei — comentou, sentando-se novamente no
sofá.
— Você acha que fui maluca por aceitar essa proposta? — indaguei,
pois ainda estava insegura.
— Claro que não, acho que você deveria cometer mais loucuras assim
o tempo todo. Eu apoio demais essa sua decisão. Sem contar que sei que os
dois se gostam, mas nunca tiveram tempo para começar algo. Agora vocês
terão e vão poder fazer sexo — ela gritou a última parte, e, do quarto, minha
mãe também berrou.
— Eu ouvi isso.
— Katherine, cala a boca — falei em meu tom normal.
Foi assim que voltamos para o quarto e fomos ajudar minha mãe a
arrumar a minha mala, mas a doida que eu chamava de amiga falou que
estava faltando lingeries. Então, ela pegou todas as que eu tinha dentro do
meu armário e colocou na mala. O que me deixou ainda mais envergonhada
na frente da minha mãe.
Quando anoiteceu, jantamos juntas, e Kat resolveu ficar conosco.
Fizemos uma ótima noite das meninas, com direito a brigadeiro, sorvete e
muita música no karaokê que tinha na minha casa – não que a gente soubesse
cantar.
Antes de dormir, enviei uma mensagem para Alex, informando que eu
precisaria da pessoa para ajudar minha mãe. Para me surpreender ainda mais
disse que já havia organizado tudo, deixado a moça de sobreaviso, mesmo
antes da minha confirmação.
Deitei na minha cama sorrindo, e minha amiga, que estava ao meu
lado, questionou:
— Com esse sorrisinho bobo em seu rosto, vai ser muito fácil o Alex
terminar de ganhar seu coração.
— Eu também acho — respondi a verdade. Já que para Kat eu não
precisava fingir que não estava caidinha por Alex.
Não sei em qual momento caí no sono, mas acordei com o meu
celular tocando. Nem reparei quem era, só atendi, pois aquele barulho
insuportável estava me matando.
— Alô — saudei, com a voz ainda meio grogue.
— Bom dia, bela adormecida. — Quando aquela voz rouca atingiu
meus ouvidos, eu despertei por completo.
— Alex… — sussurrei.
— Estou saindo da minha casa, liguei para te avisar.
Olhei no relógio e era muito antes da hora que ele combinara de
passar aqui em casa.
— Não está cedo demais?
— Nunca é cedo demais quando se trata de você. Quero te ter só para
mim o quanto antes. Então esteja pronta.
— Que mandão — constatei.
— Não é uma ordem, embora eu tenha avisado que é um sequestro —
brincou. — Mas eu só te quero muito para ter que esperar dar nove horas da
manhã.
E foi assim que todo o meu corpo ganhou uma forma gelatinosa.
Aquele homem não estava de brincadeira, ele queria mesmo acabar comigo
em todos os níveis, queria me deixar completamente caída aos seus pés.
E eu tinha certeza que ele conseguiria.
— Vou me arrumar — sussurrei mais uma vez.
— Ok!
Alex desligou o telefone, e meu coração começou a disparar. Estava
quase partindo para o mês mais insano de todos. E esperava que desse tudo
certo.
Levantei-me da cama e fui para o banheiro tomar um belo de um
banho; precisava estar acordada para tudo o que iria acontecer. Quando
estava pronta verifiquei meu celular e há cinco minutos Alex disse que tinha
chegado.
Percebendo que eu estava acordada, minha mãe e Kat surgiram, mais
afobadas do que eu.
— Filha, que seu mês seja incrível. — Mamãe disse, enquanto me
abraçava. Depois de beijar minha testa foi a vez da minha amiga.
— Faça tudo o que eu faria. — E, assim, até a vontade que eu sentia
de chorar passou, pois Katherine não era um belo exemplo a ser seguido.
Quando descemos as escadas, com as mulheres da minha vida me
ajudando a carregar minhas malas – duas, aliás. Se dependesse de mim, eu
levaria somente uma mochila. Lá embaixo, vimos o homem mais gato que eu
já tinha conhecido me esperando na calçada.
Suas mãos estavam nos bolsos da bermuda que usava, o cabelo estava
mais desleixado, e ele em nada parecia o Alex empresário que eu conhecia.
Se eu já era a fim do homem engomadinho, ele todo desleixado fazia eu
sentir ainda mais coisas estranhas dentro de mim, e tudo se resumia a uma
palavra: tesão.
Puta que pariu! Eu estava realmente ferrada.
— Bom dia — ele cumprimentou minha mãe, pegando a mala que
estava com ela.
— Bom dia, querido! — E claro que ela já estava toda derretida pelo
genro que sempre quis.
Depois de guardar a mala que estava com a minha mãe e a que estava
com Kat, minha amiga disse:
— Espero que você seja um fofo com ela, pois se a magoar eu acabo
com você, Alex.
— Recado dado, Katherine — ele respondeu, sorrindo de canto para a
minha amiga.
Depois de abraçar novamente minha mãe e minha amiga, e de Alex se
despedir delas, entramos no carro, e ele deu a partida.
— Preparada para os melhores dias da sua vida? — ele questionou,
colocando um óculos de sol que o deixava ainda mais pecaminoso.
— Não estou, mas quero provar cada um deles — comentei, enquanto
o encarava de soslaio.
— E você vai.
Assim, partimos para os trinta dias que Alex me prometera. E eu
esperava mesmo que fossem os melhores da minha vida. Tinha entrado
naquela loucura, então, só me restava desejar que fosse maravilhosa.
CAPÍTULO 8

Não demoramos muito para chegarmos na North Cove Marina, afinal,


ela ficava muito próxima ao bairro onde eu morava. Mas, mesmo assim, Alex
e eu fomos conversando animadamente, mesmo que eu estivesse nervosa ao
extremo com o que o futuro me reservava.
Olhei de esguelha para ele, assim que questionou:
— Você está bem? — Demorei um pouco para responder, pois estava
encarando o perfil daquele homem; com seu queixo quadrado, aquela barba
cerrada que o deixava ainda mais sexy, a boca desenhada… — Meg?
Percebi que fiquei por tanto tempo olhando para o meu melhor amigo
– que talvez se tornasse meu marido – que até perdi o timing para responder
sua pergunta.
— Sim, estou bem ansiosa, mas tirando isso… tudo perfeito.
Alex afastou os olhos do trânsito e me observou por um momento. Só
que, sem falar nada, voltou a prestar atenção no que fazia, porém, um
sorrisinho sacana estampava seu rosto.
— O que foi? — perguntei, curiosa.
— Tenho planos para você, Megan. Muitos.
Ergui uma sobrancelha, surpresa.
— Que tipos de planos?
— Isso vai depender do que você irá querer. Tenho muitos planos
inocentes, e outros nem tão inocentes assim… — Mais um sorriso de canto.
Já que eu estava no fogo, era melhor me queimar de vez.
— E eu posso saber quais são os não tão inocentes?
Aproveitando que estávamos parados no sinal, Alex inclinou-se para
sussurrar no meu ouvido.
— Se você me der uma chance, prometo me empenhar para você ter
os orgasmos que realmente merece ter, e que eu sei que nenhum outro
homem vai te dar, porque você é minha, foi feita para mim.
Engoli em seco, principalmente quando, ao terminar de falar, ele
deixou um beijo no canto da minha boca, voltando a dirigir como se nada
tivesse acontecido.
Filho da mãe!
Se eu já estava realmente ansiosa com tudo que iria acontecer – ainda
mais porque tinha intimidade com Alex, mas nunca uma que me faria passar
trinta dias com ele em uma ilha, afastada completamente da sociedade –
naquele momento meu coração deu um salto.
Ele estacionou em uma das vagas reservadas da marina e desceu o
mais rápido que pôde, contornou o carro e abriu minha porta. Estendeu sua
mão em seguida para que eu pegasse e saísse do carro. Estava me sentindo
enfeitiçada e nem havia chegado na maldita ilha.
Alex retirou as malas do carro, e logo percebi que eu era a única que
estava com duas, e ele somente com uma bolsa de mão. Talvez Kat e dona
Kristen tivessem exagerado nas peças, mas tudo bem, não dava para voltar
atrás agora.
O homem completamente cavalheiresco puxou a minha mala de
rodinha e com a outra mão levou nossas duas bolsas de mão. Caminhamos
pelo píer do local até que chegamos a um iate branco com o nome Titan
pintado em dourado. Por fora eu já podia perceber que talvez fosse maior do
que minha casa, e aquilo só demonstrava o quanto eu e Alex éramos
diferentes.
Um senhor, que aparentava ter por volta de sessenta anos, saiu do iate,
sorrindo assim que percebeu a nossa presença.
— Quanto tempo, sr. O'Donnell.
— Eu digo o mesmo, Martin. — Alex estendeu a mão para o senhor,
que parecia realmente conhecê-lo há bastante tempo. Eles se
cumprimentaram e assim que o homem ao meu lado, depositou nossas malas
no chão, deu um abraço caloroso no outro de cabelos grisalhos.
— Pensei que ia deixar o Titan apodrecer aqui — Martin comentou,
enquanto se virava para mim. — Muito prazer, querida.
— Prazer, sou Megan. — O homem me olhou com curiosidade, e
Alex logo tratou de saná-la.
— Martin, esta é Megan, uma grande amiga. E, Megan, este é Martin,
ele trabalha aqui na marina e cuida do Titan desde que entendo por gente.
— E eles já tiveram vários Titan’s — o senhor comentou, enquanto
brincava com Alex. — O garoto abandonou este lugar aqui por muitos anos.
Fico feliz de ver que vai dar um passeio com uma garota tão linda quanto
você.
Foi aí que senti minhas bochechas corarem. Abaixei minha cabeça,
enquanto Alex dizia para Martin:
— Pare de envergonhá-la.
— Sou um velho intrometido mesmo.
Soltei uma risada. Martin parecia ser bastante brincalhão. Depois
disso, ainda conversando sobre amenidades, os dois homens levaram as
malas para dentro do iate, e eu subi em seguida, com a ajuda de Alex, que
entrou primeiro e literalmente me tirou do pier, pegando minha cintura e me
erguendo com uma facilidade que até aumentou o frio na barriga que sentia
por nunca ter andado de iate.
O homem entrou também, para nos ajudar, mas antes de nos deixar se
virou para meu amigo, questionando:
— Ainda sabe ligar essa coisa?
— Claro!
— Que bom, não quero receber ligações de que está preso em algum
lugar. — Martin brincou.
— Vai arrumar algo pra fazer, velho chato. — E Alex não deixou
barato.
— Vão com cuidado.
Após isso o homem sumiu pelo píer, e eu me voltei para meu amigo.
Não podia mentir que estava com um pouquinho de medo.
— Você realmente sabe pilotar essa coisa? — Apontei para o iate,
curiosa. Isso era algo que eu não sabia sobre Alex.
— Sim, era um hobby antigo que caiu no esquecimento por um tempo
— brincou, enquanto me encarava.
— Espero que você não tenha esquecido nada. Eu já estou nervosa o
bastante para que você venha com esse tipo de brincadeira.
Sua gargalhada explodiu pelo ambiente, o que me fez rir um pouco
também.
— Estou só curtindo com você, nunca colocaria sua vida em risco.
Está segura, Megan.
O olhar penetrante que me direcionou fez o meu coração perder
algumas batidas, e assim que levou sua mão ao meu rosto, foi incontrolável
fechar meus olhos. Parecia tão certo aquele toque, naquele momento. Quando
os abri, os de Alex ainda me encaravam calorosamente, no entanto ele cortou
o nosso momento para dizer:
— Vamos? — Afastou sua mão do meu rosto e a usou para segurar a
minha.
Caminhamos pelo lugar, e antes de sairmos ele ainda me mostrou o
iate, que realmente era maior que minha casa. Ele possuía: um beach club que
abria para o nível do mar, com uma garagem que dispunha de uma porta
lateral para a movimentação do tender e das motos aquáticas. O interior do
iate era ainda mais luxuoso, com cinco cabines, sendo que uma era uma suíte
vip de andar inferior. Eu estava completamente espantada com quanto o
dinheiro podia realmente te dar tudo o que quisesse.
— Nossa, dá para morar aqui tranquilamente — comentei, enquanto
íamos em direção ao navegador para começarmos nossa aventura.
— Pois é, já teve uma época da minha vida que passei bastante tempo
só curtindo isso tudo. Mas eu tive que crescer. — Senti uma leve tristeza em
sua fala, por isso, perguntei:
— Tem quanto tempo que você não vive um dia de folga, Alex?
Ele organizou algumas coisas para dar início à nossa viagem, e
enquanto eu me sentava em uma poltrona que ficava perto de onde ele estava,
aquele homem lindo começou a me dizer:
— Acho que desde que meu pai ficou doente. Lembro que saía
algumas vezes com meus amigos e até mesmo com Cameron. Só que quando
ele adoeceu tudo ficou mais difícil, e eu precisei cuidar da empresa. Quando
ele morreu aí que tudo piorou, pois nem tempo para respirar eu tive.
Eu conhecia um pouco da sua história, então, sabia o quanto fora
difícil para ele cada momento citado. Levantei-me do meu lugar, quando o
iate ganhou movimento pela água. Observei novamente aquele homem que
ficava ainda mais sexy pilotando-o e parei ao seu lado. Vi o mar ganhando
vida quanto mais nos afastávamos de Nova Iorque.
Pousei minha mão sobre a dele e, por um momento, ele olhou para o
nosso toque, aguardando o que eu queria dizer.
— Espero que esses trinta dias sejam bons para você também. Para
poder se desintoxicar de tanto trabalho e ter um pouco de paz.
Mas como Alex não estava ajudando em nada, pois ele realmente
tinha ativado uma parte sua que eu não conhecia, comentou:
— Só de estar com você ao meu lado eu já sei que serão os melhores
dias da minha vida, garota linda.
Voltei minha atenção para o mar, tentando disfarçar o sorriso. Fiquei
ao lado de Alex todos o momento e em uma determinada hora, quando só
víamos água e mais água à nossa frente, ele ousou depositar uma de suas
mãos em minha cintura.
Forçou levemente para que eu me aproximasse um pouco mais dele. E
assim que nossos corpos estavam colados um no outro, sussurrou em meu
ouvido, fazendo com que um calafrio percorresse a minha espinha.
— Quer tentar pilotar? — a sua fala não tinha nenhuma conotação
sexual, mas eu só conseguia pensar em coisas pecaminosas com aquele
sussurro.
— Não sei nem segurar isso — tentei falar sem gaguejar.
— Vem cá. — Ele voltou a me puxar e me colocou entre o timão –
que parecia mais um volante de carro todo moderno. Colocou minhas mãos
no comando, e as dele logo foram parar em cima das minhas.
Com o corpo todo encostado no meu, o homem depositou seu queixo
em meu ombro e enquanto eu sentia sua respiração tocar em meu ouvido, ele
foi me mostrando como conduzir o iate para o lugar certo.
Mas esse não era o meu martírio; tudo começou a ficar um pouco
difícil de controlar quando Alex começou a beijar meu pescoço. Afastou meu
cabelo para ter melhor acesso, depositando vários beijos e até mesmo
ousando em dar uma leve mordida na minha carne.
— Alex… — sussurrei, mal conseguindo deixar meus olhos abertos.
— Vamos ter os melhores trinta dias.
Depois disso se afastou de mim como se nada tivesse acontecido, mas
continuei entre ele e o leme. Fiquei sem reação por vários minutos, só
engolindo em seco e aproveitando que não estava me olhando para respirar
bem fundo e tentar recuperar o ar.
O que ele estava querendo? Me deixar morta de tesão? Pois se fosse
isso, Alex estava conseguindo. Estava me deixando quase rendida aos seus
pés.
Depois de ficar mais calma, consegui prestar atenção e perceber que
ao longe já dava para ver uma casa, e, como se dizia nos filmes, “terra à
vista”. Quanto mais nos aproximávamos, mais eu ficava em choque, porque
ao longe já era perceptível que não se tratava de uma casinha. Era
literalmente uma mansão no meio de uma ilha particular.
Meu Deus! Aquela família era realmente rica.
— Vocês por acaso sabem o que é não esbanjar muito? — questionei.
— Em minha defesa eu só posso dizer que sempre foi ideia dos meus
pais deixar claro o quanto de grana eles tinham. Mas a minha mãe nem gosta
de vir aqui na ilha, ela não gosta de areia, não gosta de água nem de piscina.
Uma fresca.
Não aguentei, começando a rir da forma como ele falou. A mãe de
Alex tinha cara de quem nem apontava o nariz no sol, imagina sujar seu
sapato caro com areia de praia. Será realmente que eu teria que aguentá-la
como minha sogra? Só que se não fosse por mim ela iria perder toda sua
fortuna.
Naquele momento uma vontade gritante de descobrir como seria sua
reação se apossou do meu corpo. A mulher iria morrer.
Sem pensar muito, assim que descemos, respirei fundo – ali se
iniciaria a maior loucura que já cometi. Só esperava que fosse simplesmente
incrível.
Um casal vestido com um uniforme branco se aproximou de nós, e
um sorriso surgiu no rosto da mulher.
— Senhor O'Donnell, quanto tempo.
— Eva e George, eu que o diga. Como vocês estão? — Alex
novamente cumprimentou as pessoas com um aperto de mão e logo com um
abraço caloroso.
Eu podia jurar que ele era o único da sua família que tratava os
empregados daquela forma. Assim que fez nossas apresentações, eu também
abracei as pessoas que estavam contagiadas por ver movimento na casa que
parecia não receber visitas há anos.
Minhas malas foram levadas para um quarto que possuía vista para o
mar, e pelo que eu tinha visto Alex ficara em outro. O que eu agradecia, as
coisas ainda poderiam ir um pouco devagar, certo?
A casa tinha dois andares, pelo que entendi possuía sete quartos, duas
salas de estar, uma de jantar, e uma cozinha extremamente equipada.
Aproveitei, antes de descer, para trocar de roupa e colocar um biquíni roxo
que ficava lindo no meu corpo. Coloquei também uma saída de banho branca
que parecia mais um vestidinho leve, afinal, Alex dissera que me levaria para
conhecer a ilha, então, caso tivesse oportunidade iria dar um mergulho.
Antes de sair do quarto peguei meu celular constatando que o sinal
era ótimo. Aproveitei para enviar uma mensagem para a minha mãe, avisando
que estava tudo bem e que o lugar era magnífico.
Assim que voltei para a sala ouvi Alex comentando com Eva e
George:
— Obrigada por terem organizado tudo. Como eu havia combinado
com vocês nessa primeira semana quero mais privacidade com Megan, então,
estão dispensados. E qualquer coisa eu entro em contato.
— O senhor tem certeza de que não precisará de ajuda para o preparo
da comida nesta semana?
— Fiquem tranquilos.
Assim que eles saíram, eu me fiz presente na sala. Alex me olhou e
abriu um sorriso.
— Enfim sós.
— Você dispensou seus funcionários só para ficarmos sozinhos? —
indaguei, enquanto me aproximava lentamente.
— Claro, eu te prometi dias de rainha, mimos ao extremo e com eles
aqui eu não poderia cumprir tudo o que disse.
Aquele homem estava me surpreendendo. E naquele momento
estávamos sozinhos em uma ilha particular, onde ninguém poderia impedir o
que ele quisesse fazer comigo. Sentia que a cada hora uma surpresa me
deixava ainda mais ansiosa para descobrir como seriam aqueles dias.
— Está pronta para eu lhe apresentar a ilha? — Alex questionou, me
encarando com os olhos semicerrados, como se estivesse tentando me ler por
completo.
— Estou pronta para todas as aventuras nas quais você está querendo
me meter. — Sorri, enquanto aceitava a mão de Alex.
Realmente estava pronta para encarar as loucuras que viriam a partir
daquele momento, eu só esperava que ninguém saísse machucado daquelas
“férias” inesperadas.
CAPÍTULO 9

Estava sentado sobre uma toalha, embaixo da sombra de um coqueiro,


enquanto observava Megan de perfil. Ela ainda não havia tirado sua saída de
banho e muito menos feito algum comentário a respeito do que via.
Ela só olhava e olhava para o mar sem expressar nada, às vezes
piscava, outras respirava fundo, mas somente isso. Nada mais. Mesmo depois
de eu ter apresentado vários pontos legais para ela na ilha, Megan somente
sorriu com encantamento e murmurou pouquíssimas coisas. Estava calada
desde que paramos para apreciar o mar.
Por isso resolvi fazer algum movimento para ver se ela falava algo.
Eu sabia que tinha potencial para conquistar aquela mulher. Podiam dizer ser
ego, mas eu iria usar de tudo que me fora oferecido pela vida para deixá-la
louca por mim, e com Megan ficava ainda mais intenso, pois eu a amava.
Abri a cesta de frutas e sanduíche natural que Eva e George havia preparado
alguns minutos antes de eu chegar. E nós já até havíamos comido algumas
coisas pelos caminhos que percorremos pela ilha.
— Aceita? — perguntei, direcionando um pote de salada de frutas em
sua direção.
E foi só assim que ela me olhou depois que chegado à praia. Megan
desviou os olhos para o pote que estava em minhas mãos, e seus olhos
brilharam. Eu sabia que ela amava salada de frutas, então, estava usando de
tudo ao meu favor.
— Acho que você nem precisa me perguntar, não é mesmo? — Ela
sorriu ao dizer, e eu não pude deixar de retribuir, satisfeito.
Só de pensar que aquela mulher seria minha por vários dias, que
estávamos sozinhos naquela ilha, fazia com que eu me sentisse extremamente
feliz. Nunca pensei que conseguiria uma chance de fazer por Megan tudo o
que eu sempre sonhei, além, de tentar provar a ela que podia ser tratada como
uma rainha e ainda tentar a sorte de fazê-la se apaixonar por mim.
Ela tentou pegar o pote da minha mão, mas eu não deixei. A mulher
me olhou com a sobrancelha erguida, em um puro questionamento, e eu só
me prestei a dizer:
— Eu te sirvo.
Enquanto me observava, abri o pote, peguei uma colher que estava
dentro da cesta, recolhi um pouco das frutas as levei à boca de Megan. Por
um momento ela ficou me encarando para tentar entender se realmente eu a
iria servir na boca, e quando assenti uma vez, confirmando suas teorias, ela
somente sorriu um pouco sem graça, mas aceitando.
Assim que ela provou os gostos das frutas, fechou seus olhos, e soltou
um leve gemido. Ok! Aquilo era demais para mim, não dava para ficar com a
mulher que eu desejava tão próxima e ter que tentar me controlar ao máximo
por medo de ela se sentir pressionada demais.
Megan ainda saboreava a sobremesa, de olhos fechados, quando
deixei o pote sobre a toalha. Levei uma de minhas mãos ao seu rosto, o que a
fez abrir os olhos imediatamente. Ela me olhou como se estivesse me vendo
pela primeira vez naquele dia. Tinha algo naquelas pedras azuis que eu não
sabia decifrar, mas que me deixava atônito só de observá-las.
Fui me aproximando lentamente, olhando em seus olhos para pedir
permissão para o que pretendia fazer. Ela não negou em nenhum momento,
por isso, toquei nossos lábios de forma casta. Foi só um encostar no início,
mas as coisas começaram a mudar quando Megan levou uma de suas mãos à
minha nuca.
Ela me puxou um pouco mais, quase implorando para que eu
aprofundasse o toque do nosso beijo. Minha língua invadiu sua boca, e a dela
me recebeu de bom grado, travando uma batalha deliciosa. Também levei
minhas mãos à sua nuca, forçando mais nossos lábios juntos. O toque do
nosso beijo parecia único demais, parecia perfeito demais. Beijar aquela
mulher deveria entrar para algum livro de História, pois era maravilhoso.
Para mim Megan parecia um dos melhores vinhos a ser apreciado.
Deveria ter calma para sentir o sabor perfeito que ela tinha.
Mordi seu lábio inferior, o que a fez soltar um leve gemido, e toda vez
que isso acontecia eu me perdia. Não pude me controlar a não ser dar uma
leve forçada em seu corpo para que ela se deitasse sobre a toalha, enquanto
eu ficava por cima.
Suas mãos pararam em minhas costas, as unhas as arranharam por
cima da camiseta que usava. Por mais que tivesse tentado controlar, meu
espírito dominador falou mais alto, então, enquanto ainda a beijava, peguei
suas mãos, que passavam por meu corpo, e as prendi acima de sua cabeça
com uma das minhas. Com isso aproveitei para deslizar a outra, livre, por
suas coxas, subindo delicadamente até sua cintura, que apertei com meus
dedos, enquanto nosso beijo continuava cheio de desejo.
No entanto precisávamos respirar, então, tive que me afastar. Encarei
seus olhos novamente, e neles só havia desejo – puro, cru. Tive vontade de
seduzi-la para que me concedesse tudo o que passava por minha mente –
sexo, louco, quente –, mas eu não queria que acontecesse tudo rápido demais.
Queria ir com calma, provocá-la um pouco até que gritasse a todos os
pulmões que me queria por completo.
Por isso mesmo, vendo que ela queria mais, eu me afastei. Voltei para
a mesma posição que estava há alguns minutos e peguei o pote de salada de
frutas. Levei uma colherada à minha boca para tentar desviar meus
pensamentos.
Megan ainda ficou deitada por um tempo, respirando fundo. Eu podia
sentir que ela estava com vontade de falar algo, mas não disse nada. Depois
de algum tempo, sentou-se e, com um pouco de raiva, arrancou sua saída de
banho, chamando total atenção dos meus olhos para seu corpo.
— Não sabia que você tinha essa pegada dominadora — comentou,
referindo-se ao momento que segurei suas mãos, pois elas gesticulou,
mostrando-as.
— Você sabe poucas coisas sobre mim, Megan. Se eu tiver a sorte de
conseguir te tornar minha esses dias, posso ser o que você quiser, mas
confesso que, na cama, eu costumo gostar de ficar no comando.
— Algemas e tudo o mais? — Ela ergueu uma sobrancelha,
parecendo surpresa, mas um pouco interessada.
— Tudo o mais.
E se eu queria provocá-la ela também estava disposta a mesma coisa.
Pois levantou-se da toalha, sem falar mais nada e começou a caminhar
lentamente para o mar. Sua bunda ficava linda no biquíni roxo que usava, e
aquela foi a visão que tive dela até que ficou com água do mar até sua
cintura.
Fiquei observando-a e sinceramente a perfeição deveria ser pouca
para aquela mulher. Ela era algo inacreditável. Enquanto ela se deliciava com
a água eu me deliciava com a visão dela parecendo uma sereia. Olhei para o
meu relógio e podia não parecer, mas já se aproximava das três da tarde.
Havíamos caminhado pela ilha quase toda, e nem tinha percebido o
tempo correr. Se os dias continuassem passando tão rápido eu teria um
problema, já que ainda não tinha conseguido fazer nem a metade do que
pensei em um único dia.
Megan saiu da água quase em câmera lenta – ao menos era assim que
meus olhos viam ela. Toda linda, sensual, uma delícia de visão. Aproximou-
se de mim com um sorrisinho no rosto até que disse:
— Você vai ficar aí só me olhando? Não vai aproveitar aquela água
deliciosa comigo? — Seu questionamento me pegou de surpresa, mas pela
expressão diabólica que recaia sobre seu rosto eu podia perceber que estava
tentando me seduzir.
Levantei-me da toalha e arranquei a camiseta por minha cabeça.
Assim que voltei meus olhos para Megan, peguei-a no flagra observando meu
corpo. Fiz a cara mais cínica que eu possuía e questionei:
— Gosta do que vê?
— Eu estou é chocada… uau! — E para piorar, a mulher deu uma
leve mordidinha nos lábios, enquanto voltava a passar seus olhos por minha
barriga.
Uma das qualidades que mais amava em Megan era que ela não tinha
filtro, então, tudo o que pensava saía por sua boca. Sem dizer nada,
aproximei-me dela e a peguei no colo, fazendo-a soltar um gritinho surpreso.
— Vamos aproveitar a água, senhorita — sussurrei, enquanto
caminhava para o mar.
Megan entrelaçou os braços em meu pescoço, e eu sorri. A água
estava gelada, mas com a medida que o tempo foi passando nossos corpos
foram se acostumando. Desci ela dos meus braços, mas, mesmo assim,
continuou com o braço entrelaçado em meu pescoço, me olhando
intensamente.
— O que foi? — questionei, enquanto a olhava tão profundamente
quanto ela.
— Você está diferente, Alex — constatou.
— Uma diferença boa ou ruim? — perguntei, já que não queria passar
impressões erradas para ela.
— Em nenhum momento está ruim, você só está mais sexy,
deliciosamente sexy, e esse é um lado seu que eu não conhecia — revelou, e
suas bochechas deram uma leve corada.
— Você não conhecia vários lados meus, mas agora conhecerá todos.
Depois disso curtimos a praia mais um pouco, e teve até a troca de
mais um beijo dentro do mar. A única vontade que quase me tirou do controle
foi a de arrancar aquele biquíni da mulher que estava em meus braços e fazer
amor com ela ali mesmo, mas eu resisti.
Saímos do mar, e logo Megan começou a passar as mãos por seus
braços, dizendo em seguida:
— Como o clima pode ter mudado tanto?
E era uma verdade, estava quente até pouco tempo, mas já se podia
sentir um vento gelado bater em nossos corpos. Mas eu sabia que era normal,
na ilha, sempre quando se aproximava da noite, o clima mudava, e um frio se
espalhava pelo lugar.
— É normal isso acontecer aqui… — Foi aí que tive mais uma ideia.
— Espere aqui.
Sinalizei para que ela parasse ainda onde havia sol e caminhei até
onde estavam nossas roupas. Vesti minha camisa, peguei a sua saída de
banho, e uma outra toalha que eu havia levado para o caso de decidirmos
entrar no mar.
Voltei para ela e estendi sua saída para que vestisse. Ela me agradeceu
com um “obrigada”, só movimentando os lábios, sem emitir som algum.
Assim que se vestiu, abri a toalha e enrolei em seu corpo. Em seguida voltei a
pegá-la em meu colo.
— Alex, o que está fazendo? — a mulher em meus braços me olhava
sem entender.
— Vou te levar para tomar um banho quente, para que não adoeça —
respondi, sem dar muita satisfação.
— Mas eu posso ir andando. — Passamos pelas coisas que havíamos
levado, e Megan voltou a dizer: — Vamos deixar tudo aqui?
— Minha garota linda, primeiro de tudo, eu vou te levar até a casa;
segundo: depois eu busco. Nada é mais importante do que o seu bem estar.
Neste momento você está com frio, e é disso que eu preciso cuidar primeiro.
Você é a minha prioridade.
Eu não saberia decifrar totalmente o olhar que ela me direcionou, mas
parecia admiração, e se fosse mesmo era um ponto a mais para mim. Pois eu
já estava começando a chocá-la com minhas atitudes, e era exatamente isso
que eu queria, que Megan percebesse o quanto eu queria ser perfeito para ela.
Depois de engolir em seco e soltar mais um suspiro, ela simplesmente
se aconchegou em meus braços e foi assim até que entramos na casa. Subi as
escadas com ela no colo, chegando ao quarto que ela estava.
Entrei e caminhei com ela até uma poltrona que ficava perto da janela.
Depositei-a no local, e Megan só me olhava sem dizer nada. Fui até o
banheiro, que não era tão grande quanto o meu, mas ao menos possuía uma
banheira. Coloquei-a para encher, e preparei toda a água com sais de banho
relaxantes.
Voltei para o quarto, e a mulher da minha vida continuava do mesmo
modo. Ainda enrolada na toalha, me olhando como se eu fosse de outro
mundo.
— A banheira está enchendo. — Aproximei da poltrona e ia pegá-la
novamente até que ela disse:
— Alex, espera. Eu vou tomar banho sozinha. — Megan levantou-se
da poltrona e voltou a dizer, enquanto tirava a toalha do seu corpo. —
Obrigada por tudo, mas agora só preciso de um tempinho sozinha. Pode ser?
Eu nunca imaginei que daria banho nela, mas Megan era precipitada
demais. Eu só assenti para não gerar nenhum conflito.
— Depois que eu terminar de me aprontar, faço o jantar. O que acha?
— ela disse, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, mas não era.
Será que aquela mulher não entendia que eu iria servi-la, que faria de
tudo para ela, que não precisava mover nenhum músculo do lugar?
Aproximei-me dela, levei uma das minhas mãos ao seu queixo e o segurei
com meus dedos.
— Minha linda, entenda uma coisa. Quem vai preparar o jantar para
você sou eu. Eu te prometi dias de rainha, e é exatamente isso que você terá.
— Você sabe cozinhar? — foi um dos seus questionamentos.
— Claro!
— Teria como ser menos perfeito? — continuou dizendo.
— Não, para você eu serei a melhor pessoa do mundo. Só você importa.
— Alex…
— Shiu! — sussurrei, aproximando minha boca novamente da sua.
Encostei nossos lábios, e daquela vez não teve nada de calma, tinha
somente euforia, necessidade, desejo, desespero. Puxei seu corpo para o meu
e aprofundei mais o contato. Sua língua brincou com a minha, elas
batalharam, se amaram, fizeram uma dança que somente as duas entendia.
Aquela mulher fora feita para mim, seu corpo pequeno se encaixava
perfeitamente no meu. Minhas mãos pareciam conhecer todos os seus
contornos, suas curvas. Mas novamente eu me afastei, deixando Megan
arfante, e eu não estava muito diferente dela.
Só que eu precisava parar. Não era assim que queria as coisas, elas
tinham que acontecer da maneira que eu havia previsto para dar certo. Para
fazer aquela mulher ser minha pelo resto da eternidade.
— Vá se banhar enquanto preparo o jantar. Se quiser descansar um
pouco, eu te chamo quando ficar pronto. Tudo bem?
Megan não dava conta nem de me responder com coerência, só assentiu.
E eu saí do quarto, fechando a porta atrás de mim. Eu conquistaria aquela
mulher de uma maneira que ela não se lembraria de nenhum outro homem
que havia passado em sua vida. Ela só se lembraria de mim como quem a
enlouquecera até o limite e que a amara mais do que tudo.
CAPÍTULO 10

Ainda sentia o meu coração quase saindo pela boca. O que Alex
estava querendo provar? Que ia me enlouquecer? O que eram aqueles beijos
que me deixavam extremamente louca, e na hora que eu ia pedir por mais, ele
simplesmente se afastava?
Ok! Eu permiti tudo isso, mas não imaginava que seria essa enxurrada
de sentimentos e desejos em tempo recorde. Saí do banheiro vestida em um
roupão. Ainda não acreditava que Alex havia me trazido em seus braços da
praia até aqui.
O pensamento me fez abrir um leve sorrisinho. Realmente, aquele
homem estava usando de tudo para me conquistar. Fui até onde tinha
deixado meu celular e peguei o aparelho.
Mamãe tinha me mandando uma mensagem, falando para eu
aproveitar tudo que tinha direito, e também aproveitar o homem que estava
comigo. Senti minhas bochechas corarem mesmo que não tivesse ninguém no
quarto comigo. Dona Kristen era uma desbocada como eu, que falava tudo o
que podia, sem pensar nas consequências.
Só mandei uma mensagem dizendo que ia fazer o meu máximo, e fui
ver minha outra notificação. Claro que só podia ser Kat, mas a mensagem
dela foi muito pior do que a da minha mãe.

Kat: Já transou com o bonitão?


Megan: Não, a gente tá curtindo tudo aqui, e nem sei se vai rolar
sexo, amiga.

Foi o que respondi, afinal, mesmo que eu quisesse em algum


momento provar do corpo de Alex, não sabia se ia acabar literalmente
acontecendo sexo naquela ilha. Ainda mais que em todos os momentos que
aprofundamos nossos beijos ele se afastava de mim.
Deixei o celular de lado, pois uma exaustão foi me abatatendo, e eu
sabia que foram todos os acontecimentos daquele dia. Mesmo que não tivesse
sido nada muito agitado, viajar cansava e eu sempre sentia um sono sem fim
no primeiro dia. Então deixei que meus olhos se fechassem, uma
cochiladinha não faria mal a ninguém.
Acordei algumas horas depois com meu celular apitando. Abri os
olhos lentamente e pela janela do quarto vi que o céu estava escuro. Devia ter
dormido ao menos umas duas horas. Espreguicei-me, sentindo meus
músculos rígidos, a posição em que eu havia me deitado também não me
ajudou muito também.
Após me sentar, peguei o aparelho e vi que, além de Kat, que estava
brigando comigo por ainda não ter agarrado Alex, este também havia enviado
uma mensagem. Abri seu chat e o que li deixou meu corpo totalmente
agitado.

Alex: O jantar está pronto, desça quando quiser.

Ainda respirei umas quatro vezes profundamente, até levantar da


minha cama e caminhar até onde minhas malas estavam. Eu não tinha
desfeito quase nada, então abri uma delas, tentando procurar algo que fosse
decente para um jantar.
Quando encontrei um vestido preto, que pegava no meio das minhas
coxas, achei que serviria. Depois peguei uma lingerie totalmente sexy, já que
Katherine tinha colocado somente essas na mala. Me arrumei, deixando os
cabelos jogados em ondas perfeitas. Coloquei um salto baixo, afinal, era um
jantar numa casa maravilhosa, com um homem maravilhoso, então, eu tinha
que me arrumar como se fosse para um o meio de uma multidão.
Deixei o celular no quarto, pois não queria ser atrapalhada por nada.
Caminhei pelo corredor iluminado, mas assim que cheguei às escadas, tudo
estava desligado. Somente a luz da lua entrava pelas janelas de vidro, e as
velas espalhadas pelo ambiente completavam a iluminação.
Olhei para todos os lados, e tudo foi pensado com cuidado. Meu
Deus! Eu tinha certeza de que não sairia intacta daquele jantar. Se minhas
estruturas já estavam abaladas elas terminariam de cair por terra depois
daquilo.
Desci as escadas lentamente, e assim que cheguei à sala de jantar,
Alex me esperava lá. Ele estava completamente sexy, com uma calça jeans
preta que marcava muito bem a curva de suas coxas torneadas, e a camisa
preta, com as mangas dobradas até os cotovelos, o deixava com uma pose de
galã de cinema que… Merda! Eu estava louca naquele homem.
E ele ainda estava pegando extremamente pesado; além da iluminação
à luz de velas, eu podia ver que a mesa estava com um banquete completo, e
uma música calma, mas sensual, tocava ao fundo.
Alex me olhou e abriu um sorriso, vindo em minha direção. Pegou
minha mão e deu leve beijo nela.
— Boa noite, Megan! — sussurrou de uma forma rouca, me deixando
estarrecida.
— Boa noite! — respondi, sem saber como, pois minha voz quase não
saiu.
Ele me levou até uma cadeira, puxou-a para mim, e eu mais que
depressa me sentei. Talvez pudesse perder o equilíbrio das minhas pernas e
cair em sua frente com tudo o que estava fazendo.
Serviu uma taça de vinho para mim, e logo foi se sentar do lado
oposto ao meu para me encarar naquela iluminação que deixava o ambiente
muito… quente!
— Gostou? — Alex questionou.
— Amei! Você realmente está se empenhando bastante — comentei,
encarando seus olhos.
— Como estou me empenhando? — Alex se fez de desentendido.
— Quer mesmo que eu responda? — Claro que tive que entrar na
brincadeira.
— Sim, quero saber o que estou fazendo.
A forma como me olhava estava me deixando completamente
estranha. Eu nunca tinha sentindo nada do que estava sentindo. Meu coração
palpitava rápido demais, minhas respiração estava um pouco acelerada e as
minhas pernas estavam friccionando uma na outra. Que porra era aquela? Ele
só estava me olhando.
— Eu já te disse que você está diferente do Alex que conheço. Parece
ter ativado um lado sedutor, intenso e dominador, que eu não conhecia.
— A parte do dominador te agrada? — sua pergunta não foi uma
surpresa para mim.
Eu já tinha sentindo uma leve parte dominante em seu jeito,
principalmente na praia, quando segurou meus braços. E não podia negar que
até gostava disso. Sentir-me completamente à mercê de um homem em quem
conhecia, confiava e desejava, fazia com que eu quisesse me entregar por
completo a ele.
— Muito — sussurrei.
— Então eu queria fazer uma brincadeira com você.
E foi aí que tive que rir, já que estava parecendo muito aqueles livros
de homens dominadores com suas submissas. Alex me olhou como se não
estivesse vendo a graça na situação, por isso, achei melhor deixar claro meu
pensamento.
— Vai me levar para um quarto vermelho?
Ele deu um leve sorrisinho de lado, mas voltou a fechar sua
expressão, ficando com aquele olhar feroz em minha direção. Tomou um gole
do seu vinho e logo levantou-se de sua cadeira, chegando mais perto. Antes
de se aproximar por completo pegou um pano preto, que eu não havia
percebido que estava sobre a mesa, e se colocou às minhas costas.
— Vou vendar seus olhos, e quero que você adivinhe qual comida
está provando. A cada acerto, amanhã você ganhará um mimo.
Ele não pediu permissão, só colocou a venda em meus olhos tirando
minha visão por completo. Meus outros sentidos ganharam vida,
principalmente minha audição, pois escutei quando ele ficou bem próximo do
meu ouvido para sussurrar:
— Se você realmente for seduzida e decidir se entregar a mim, não
preciso de um quarto vermelho para te dominar.
Pronto! Mil pontos para Alex, zero para Megan. Era assim que as
coisas seriam a partir daquele momento. Minhas pernas novamente se
esfregaram uma na outra, e eu até soltei um arfar por meus lábios com sua
declaração.
E minha tortura teve início, Alex começou a servir o que havia
preparado, e eu até que estava indo bem, acertando algumas coisas, e a cada
acerto ele me parabenizava por aquela conquista, mas não dizia qual mimo eu
havia ganhado para o dia seguinte. Eu só esperava que em todos os meus
ganhos ele estivesse incluído, já que a cada segundo o meu desejo por ele
crescia ainda mais.
Quando Alex colocou um pedaço de salmão, com o molho
maravilhoso de maracujá que ele havia preparado, senti um pequeno filete do
suco escorrer pelo canto dos meus lábios, então, levei minha mão ao lugar
onde imaginei estar o guardanapo, já que eu não via nada pela minha frente.
Mas o homem que estava fazendo um ótimo trabalho em me destruir
aquela noite, segurou minha mão, e voltou com ela para o lugar de antes.
Senti quando se aproximou de mim, até que suas respiração atingiu meu
rosto, e sua língua limpou o canto da minha boca, lentamente. Tive que soltar
um gemido de prazer ao sentir aquele toque.
Não era nada grandioso, mas o momento era intenso, e sem um dos
meus sentidos tudo aumentava de nível. Minha calcinha estava molhada, meu
corpo arrepiado, e um tesão enorme gritava por todos os meus poros.
— Você vai acabar comigo — choraminguei.
Uma de suas mãos pararam na barra do meu vestido, e enquanto ele
subia sua mão lentamente por minha coxa, Alex sussurrou novamente em
meu ouvido, com aquela voz completamente sexy, grossa, rouca:
— Eu tenho várias ideias de como quero acabar com você. — Ele fez
uma pausa para terminar de me destruir, já que sua mão havia chegado à
minha calcinha. — Estou louco para ouvir você gemer o meu nome, Megan.
Para gozar na minha mão e na minha boca. Louco para te foder bem forte,
como estou começando a achar que você gosta… Você gosta, garota linda…
de ser pegada com força?
Gemi baixinho, porque enquanto falava, ele deslizava os dedos ao
longo da minha fenda, chegando a tocar meu clitóris, e eu abri minhas pernas
para receber tudo o que ele quisesse me dar.
— Gosto, Alex — arfei.
Ele me tocou apenas mais um pouco, mas o monstro que vivia dentro
daquele homem fez ele retirar sua mão de mim.
— Bom saber.
Com isso, desamarrou a venda dos meus olhos, comigo arfante e
engolindo em seco.
Ele voltou para o seu lado da mesa, e começou a comer como se não
tivesse quase me matado em questão de pouco tempo. Ainda olhei para ele
incrédula, por ter tamanha frieza, mas ele só me direcionava seu olhar cheio
de luxúria, mas não dizia nada.
Peguei a taça de vinho, sentindo um calor insuportável por todo o meu
corpo e a virei completamente. Eu não gostava de beber, mas naquele
momento eu precisava de álcool em meu sangue, já que tinha necessidade de
extravasar todo o tesão que aquele homem me causava, mas que não queria
sanar.
— Está gostando da ilha? — o homem que se dizia meu amigo e
apaixonado por mim questionou. Eu sentia a malícia em sua voz, e eu juro
que se tivesse uma arma o teria matado.
— Estou! Bom em alguns momentos quero jogar uma bomba aqui,
por essas coisas que você tem feito comigo, mas é muito lindo esse lugar —
respondi, quase como um resmungo.
Alex teve a ousadia de sorrir, mas continuou conversando
trivialidades comigo. Até que fui acalmando meu desejo de atacá-lo em cima
da mesa mesmo. E eu até me peguei rindo de uma história que ele me contou
de quando era pequeno.
— E aí, minha mãe odeia praia, então, esta casa sempre foi
abominada por ela. Eu fui lá e enchi sua bolsa da Louis Vuitton com areia. E
como ela estava maluca para ir embora, pegou a bolsa sem reparar. Quando a
abriu em nossa casa de Nova Iorque soltou o maior grito. Parecendo como se
uma guerra tivesse sido decretada.
— Com certeza ela quis te matar — respondi ainda sorrindo.
— Sim, um pouco. Mas hoje entendo que só fiz isso para ter um
pouco de atenção dela. Não durou mais do que alguns minutos, só que foi
bom.
Um pequeno peso caiu sobre a sala de jantar, mas tentei fazer com
que o clima bom voltasse. Alex fora uma pessoa carente que só recebia
atenção quando tinha algo relacionado a etiqueta, e depois de mais velho a
respeito da empresa. Ele merecia carinho. Por isso me levantei da minha
cadeira e fui até ele.
Aproveitando que uma música que eu adorava havia começado a
tocar. Estendi minha mão para ele, que, entendendo o que eu estava fazendo,
aceitou de bom grado. A música era um pouco sensual, e ainda tinha um
toque latino, o que deixava as coisas mais atraentes.
Começamos a dançar, um olhando nos olhos do outro. Minha mãos
passaram por seu tórax e desceram para sua barriga sarada, que eu pude
apreciar naquela tarde. Que abdômen, meu Deus! Suas mãos apertatam minha
cintura, enquanto eu rebolava provocadoramente.
Minhas mãos subiram e pararam de vez em seu pescoço, enquanto
continuávamos a nos movimentar. No entanto assim que o som acabou eu
resolvi me afastar, ou acabaria pirando com aquele homem me provocando
novamente.
— Acho que essa é a minha deixa para ir dormir — comuniquei, me
afastando e indo em direção às escadas, no entanto, ouvi Alex me seguindo.
Subimos em silêncio, e quando a luz do corredor que havia ficado
acesa tocou meus olhos, eu até os fechei pela claridade. Havia me
acostumado com a iluminação das velas, mas logo eles se adaptaram e eu
voltei a enxergar normalmente.
Parei na porta do meu quarto e me voltei para Alex, seus olhos
encontraram os meus e a malícia ainda estava neles.
— Até amanhã com seu dia repleto de mimos que você conquistou no
jantar de hoje — continuou, usando sua voz para me afetar.
— Espero ser surpreendida — brinquei descaradamente. O homem já
estava me surpreendendo a cada segundo, e eu ainda tinha a coragem de dizer
uma barbaridade daquelas. Eu só podia estar querendo morrer.
— Você será.
— Boa noite! — Foi o que eu disse antes de dar as costas para ele,
mas mal abri a porta e Alex me puxou abruptamente puxando-me de encontro
ao seu peito.
Mal tive tempo de entender o que estava acontecendo, até que ele me
imprensou na parede ao lado da porta, e sua boca veio devorar a minha,
afoita, desesperada, necessitada. Sua língua me invadiu, e a minha a recebeu
com desejo.
Logo suas mãos impulsionaram minhas pernas, e eu fiquei com elas
entrelaçadas em sua cintura, onde pude sentir sua ereção roçando em mim, e
aquilo foi minha perdição.
Entreguei-me completamente ao beijo, passando minhas mãos por
seus cabelos, bagunçando-os. Remexi meus quadris para sentir mais a fricção
de sua ereção. Ele me imprensou mais na parede, deixando-me
completamente maluca.
Sua boca desceu para o meu pescoço e chupou a minha carne, mas
quando eu gemi, Alex parou. Ele só podia estar de brincadeira por fazer
tamanha covardia. Não era possível.
— Ainda não é a hora — murmurou, colocando-me no chão.
— Quem sabe se é a hora ou não sou eu — cuspi, quase o mandando
ir à merda.
— Quando eu entender que está na hora certa, você não vai nem
pensar em entrar nesse quarto, Megan, pois vai passar a noite toda comigo, na
minha cama, e não vou deixar que saia de lá tão cedo. Agora você só está
agindo por calor do momento, eu quero que você esteja totalmente entregue a
mim para que eu possa te dar todo o resto que eu desejo. E isso não vai
demorar, porque você vai ser minha, Megan. Não quero só o seu corpo, seu
tesão. Quero você, o pacote inteiro. A mulher inteira.
Engoli em seco com sua declaração e fiquei olhando para ele sem
dizer mais nada, pois sabia que no fundo ele estava certo. Alex colocou uma
de suas mãos em meu rosto, depois beijou minha testa e se afastou, sumindo
pelo corredor.
Ainda fiquei olhando para o mesmo lugar por alguns minutos até que
entrei no quarto. Fechei a porta e me encostei nela, deslizando com as costas
apoiada na madeira até me sentar no chão. Mal Alex sabia que eu já estava
quase gritando para o mundo que pertencia a ele, e nem haviam se passado
mais de vinte e quatro horas.
CAPÍTULO 11

Estava ainda meio sonolenta quando senti um cheiro delicioso de café


adentrar o quarto. Abri meus olhos lentamente e dei uma leve espreguiçada
na cama.
Senti quando o colchão afundou de um lado da cama e foi por esse
movimento que despertei por completo. Abri os olhos e encontrei um Alex de
bermuda, sem camisa e com uma bandeja em suas mãos, repleta de comida.
— Bom dia, dorminhoca!
Talvez eu pudesse esbravejar por ele ter invadido meu quarto
enquanto eu ainda dormia, mas vê-lo daquele jeito: todo sorridente, me
levando café na cama, deveria ser apreciado sem qualquer comentário que
estragasse a manhã.
— Bom dia! — respondi, com a voz meio rouca devido ao sono.
Alex depositou a bandeja sobre a cama e abriu um sorriso ao me
olhar. Não entendia qual era a graça, mas ele logo tratou de sanar minha
curiosidade.
— Juro que acho que nunca vi nada tão lindo quanto você dormindo.
Ele se posicionou de uma maneira que ficava próximo o bastante de
mim. Depois encheu um copo de suco de laranja e me olhou. Se continuasse
fazendo isso eu ficaria mal acostumada.
— Realmente serei mimada — comentei, enquanto ele levava um
morango à minha boca, que mordi de bom grado.
— Prometi vários mimos para este dia se acertasse o que comia
ontem, e você acertou cinco coisas, então terá essa quantidade de mimos.
Passou manteiga em duas torradas e levou uma a minha boca. E mais
uma vez eu só aceitei aquilo que estava sendo oferecido. Não tinha como eu
retrucar, já que estava amando receber aquela atenção toda. Nunca ninguém
havia feito aquilo por mim, então, eu não poderia reclamar.
— Prefere café ou suco?
— Café, ainda mais que estou sentindo esse cheiro maravilhoso desde
a hora em que você entrou aqui.
— Seu desejo é uma ordem.
Ele serviu uma xícara para mim e outra para ele, e começamos a
comer juntos. Em seguida, Alex me deu um momento sozinha para que eu
tomasse um banho.
Depois que nos encontramos, ele me levou para passear novamente
pela ilha e me mostrou um lugar que não havia me mostrado no dia anterior,
com piscinas naturais e tudo. Era extremamente lindo.
E mais mimos vieram durante o decorrer do dia – um almoço
deliciosamente preparado. Pelo jeito Alex levava jeito na cozinha. E depois
ele fez massagem em meus pés, pois disse que eu deveria estar cansada de
andar tanto pela ilha com ele.
Na parte da tarde fomos para a varanda e curtimos o momento,
deitados sobre uma rede, onde Alex afagou meus cabelos até que tirei um
cochilo. Com isso ele completou três do seus mimos no dia.
Eu tentei tomar banho antes do jantar, mas Alex pediu e me vi
obrigada a esperar ele preparar nosso jantar. O quarto mimo ficara com essa
parte, no entanto. Daquela vez o jantar foi menos elaborado que o da noite
anterior, mais calmo, e ele não tentou me seduzir.
Só que assim que anunciei que iria para meu quarto, ele levantou da
sua cadeira e me estendeu a mão.
— Posso te acompanhar?
Aquilo não parecia ser nada bom. Eu sabia que aquele dia estava
calmo demais para um homem que estava disposto a tudo para me conquistar,
e fazer de mim a mulher da vida dele.
Pensei em recusar, mas não podia ser covarde a tal ponto, por isso,
aceitei sua mão. Caminhamos calados até meu quarto, entramos e só por isso
eu soube que algo iria acontecer.
Principalmente quando entrou comigo, sem se despedir.
Ele fechou a porta e caminhou até mim, virando-me de costas para
ele, delicadamente. Senti sua respiração tocar minha nuc, e só tive forças para
fechar meus olhos. Suas mãos foram parar nas alças do vestido leve que eu
usava. Como não entrei no mar, não estava de biquíni, sem sutiã, apenas com
uma das lingeries extremamentes sensuais que levei.
Ele tirou desceu as alças por meus braços em sintonia e por onde seus
dedos passavam por minha pele, meus pelos se arrepiavam. O vestido caiu
aos meus pés. E eu ouvi um arfar vir de Alex. A calcinha minúscula que eu
usava deixava muito pouco para a imaginação.
Suas mãos pararam em minha cintura, e cada uma apertou um lado
meu, fazendo com que o toque queimasse a minha pele. Mas logo uma se
afastou para tirar meus cabelos do caminho, pois ele queria provar meu
pescoço.
Sua boca chupou minha pele, e eu não resisti, soltando um gemido.
Fechei meus olhos com força, pois sabia que essa era a hora que eu deveria
me afastar, mas, daquela vez, Alex me surpreendeu, pois não se afastou.
Continuou beijando meu pescoço, enquanto a mão que havia saído da minha
cintura foi parar em um seio.
Ele o apertou com força, me fazendo arfar, enquanto tentava manter o
mínimo de dignidade possível. Soltando apenas alguns poucos gemidos. Alex
passou sua língua por todo o meu pescoço até que parou no lóbulo da minha
orelha e deu uma leve mordiscada.
— Você não tem noção de tudo o que eu quero fazer com você,
Megan… — ele sussurrou em um tom quase dolorido.
Eu deveria ter ficado calada. Só que eu já estava no fogo, então queria
me queimar.
— O que, Alex? O que você quer fazer comigo?
— O que eu quero? — ele sussurrou, apertando meus dois mamilos
com força, sem piedade. — Eu quero olhar para você deitada na minha cama,
rendida, à minha mercê, para eu te lamber inteira.
Gemi só de ouvir suas palavras. Então ele deslizou a mão até chegar
ao centro do meu corpo, deslizando o dedo por toda a umidade.
— Eu quero me enterrar tão fundo na sua boceta… tão fundo, que eu
vou te fazer gritar o meu nome. Eu quero te foder em cada canto dessa casa,
mas principalmente em cima da mesa de jantar, inclinada sobre ela… —
Parando a doce tortura entre minhas pernas, ele agarrou minhas duas mãos,
levando-as às costas, mantendo meus punhos presos por uma de suas mãos
enormes. — Eu quero te amarrar assim, Megan…
O dedo de sua mão livre apertou meu mamilo, e ele ordenou:
— Abra os olhos, olha o quanto você é maravilhosa.
Fiz o que me foi pedido, e quando olhei para o espelho que estava em
frente a nós, quase perdi as forças em minhas pernas. A imagem era sensual
demais. O homem atrás de mim, com uma expressão predatória, enquanto
uma das mãos brincava com meu corpo e a outra me mantinha cativa.
Encostei minhas costas no seu peito, enquanto ainda observava a
imagem. Alex encarava meus olhos pelo reflexo, e aquilo foi me deixando
cada vez mais molhada.
A mão que me prendia me libertou e foi descendo lentamente, até que
entrou em minha calcinha também, ambas brincando com a parte que estava
gritando por ele. Uma no clitóris e outra quase me penetrando. Não resisti e
fechei meus olhos, era muita coisa para assimilar.
— Abra os olhos Megan, se não eu não irei te tocar. — Fiz o que me
foi ordenado e voltei a olhá-lo pelo reflexo. — Está entendido?
— Sim — respondi, arfando, mal conseguindo ouvir minhas próprias
palavras.
Seus dedos começaram a se movimentar me deixando cada vez mais
lubrificada, Alex aproveitou esse momento para me penetrar finalmente,
enquanto o outro dedo ficou estimulando meu clitóris. E eu não consegui me
conter mais, gemendo mais alto, quase gritando. Que diferença fazia?
Estávamos sozinhos ali.
Comecei a me movimentar a medida que ele estocava seus dedos
dentro de mim. Rocei minha bunda em sua pelve, sentindo sua ereção quase
gritar para ser liberada e me foder.
E quando meu orgasmo estava se aproximando e eu estava pronta
para liberá-lo, fechei meus olhos. E tudo parou, não havia mais toque, não
estava sendo masturbada mais. Nada!
Alex tirou sua mão de dentro da minha calcinha e se afastou do meu
corpo. Abri meus olhos e o vi se dirigir à porta. Girei meu corpo e quase
gritei ao questionar:
— Que merda você tá fazendo, Alex?
E com seu olhar repleto de fogo, desejo, louco para me foder, ele
simplesmente disse:
— Eu falei que não era para você fechar os olhos, Megan. Então
arque com suas consequências.
— Mas…
— Boa noite!
Ele saiu fechando a porta atrás dele. E me deixando completamente
desejosa no quarto. Louca de tesão, quase desesperada para que voltasse.
Senti até meus olhos se encherem de lágrimas por ele ter feito aquilo, mas era
o combinado, certo?
Não fechar os olhos, e eu, idiota, fechei.
Só que Alex não podia fazer aquilo comigo. Eu havia aceitado sua
proposta de ser conquistada por trinta dias, não de ser humilhada e de ser
privada de sexo. Pelo que eu sabia, não tinha combinado nada com um
dominador maluco.
Fiquei algum tempo ainda parada, tentando me conter, mas, com toda
a raiva que eu estava sentindo, abri a porta em um rompante e saí para o
corredor, caminhando em direção ao seu quarto. Eu estava espumando de
raiva, tanto por ter sido privada de um orgasmo delicioso quanto por ele não
pensar em mim em nenhum segundo.
Saí entrando em um rompante, e Alex olhou assustado em minha
direção. Ele estava totalmente nu, e seu membro, completamente duro.
Encarei-o de cima a baixo, pois aquilo era uma visão e tanto. Uau!
Aquelas coxas torneadas, completando com os gominhos da barriga,
os braços fortes e aquela pose de homem poderoso, mesmo sem nada
cobrindo sua nudez.
Ele ficou me olhando sem se movimentar, e eu entrei no quarto, pois
mesmo com aquela visão não tinha esquecido o que havia ido fazer ali. Sem
pudor algum, tirei minha calcinha devagar, com Alex me encarando
profundamente. Depois de jogá-la no chão, puxei a cadeira de uma
escrivaninha que estava perto da porta e me sentei nela, com as pernas
abertas, arreganhadas, cada uma pendurada em um braço do móvel.
Logo levei meus dedos onde eu mais necessitava, encarando-o
enquanto começava a me masturbar. Levei meu dedo bem fundo, do jeito
como eu sabia me dar prazer.
Alex fez menção de se aproximar, mas eu o impedi com um grito que
saiu em meio a um gemido.
— Não. Você só vai assistir. — Outro gemido escapou. — Está tão
gostoso, Alex, mas podia ser você aqui, me tocando, sendo o dono do meu
orgasmo…
— Megan… — ele me repreendeu, repetindo meu nome por entre
dentes, sibilando, sedento.
Estava completamente entregue aquele momento, que a cada segundo
ficava ainda mais erótico quanto o anterior. Alex me devorava com seus
olhos, enquanto suas mãos fechavam e abriam, como se ele estivesse se
controlando para não me tocar.
Masturbei-me com mais vontade, mais rápido e quando gozei soltei
um gemido alto, quase sofrido, por ter conseguido sentir aquela libertação.
Mas pelo visto o homem que ainda estava imóvel não continuaria
assim, pois caminhou decidido em minha direção e me tirou da cadeira pelas
coxas, ainda abertas, agarrando cada uma delas com um braço, entrelaçando-
as em sua cintura e me jogando na cama.
Ele até tentou me beijar, porém eu não deixaria as coisas serem assim
tão fáceis. Por isso o empurrei com toda a força que eu tinha.
Alex me encarou sem entender, enquanto eu disse alto e claro:
— Não quero!
Com uma sobrancelha arqueada ele questionou:
— Tem certeza?
Eu só podia ser idiota, não tinha como, já que era só ele usar aquela
voz sussurrada para eu começar a me perder novamente, pensando em tudo o
que ele poderia fazer. Levantei-me da cama, colocando-me de pé e
encarando-o com o queixo erguido.
— Você não pode achar que vai fazer tudo o que fez na minha frente
e esperar que eu não deseje te foder até de deixar sem sentidos…
— Você não pode esperar me deixar do jeito que deixou, depois de
me masturbar, e achar que não haveria consequências.
Afastei-me, na intenção de seguir para a porta, mas ele agarrou meu
braço e me puxou contra seu corpo.
— Sabe como eu vou tratar essa sua versão rebelde, Megan? — Ainda
com o queixo erguido, balancei a cabeça, negando. — Eu vou te amarrar
inteira na minha cama e só vai sair de lá quando implorar para eu parar de te
fazer gozar, porque não aguenta mais. Depois de eu te foder tanto que você
vai esquecer até o seu nome. É isso que você quer? Ser tratada como a garota
malvada que está se mostrando ser?
— Talvez eu queira — respondi em um ato de total imprudência,
principalmente porque conforme ele falava, todo o tesão que fora liberado
com o meu gozo estava retornando com força total. Só que eu queria brincar
com ele. Sorri de canto, tentando demonstrar toda a malícia que aquele
momento pedia, desvencilhei-me de suas mãos e respondi: — Mas se quer
me domar, garotão, vai ter que me pegar primeiro.
E com isso eu corri, voltando para o corredor, mas nem tinha atingido
metade do caminho quando os braços do homem que eu desejava demais me
enlaçaram.
— Vamos acalmar sua rebeldia, Megan.
Alex me virou para ele, abaixou-se, e o mais rápido que pode me
jogou em seus ombros. O que realmente me pegou de surpresa. Ele me levou
de volta para o seu quarto, que eu nem tinha reparado se era tão bonito
quanto o meu, já que a única coisa que consegui olhar foi para ele todo nu.
Entrou no banheiro e me colou de volta no chão, e mesmo antes de eu
questionar o que estava fazendo, ele me empurrou para o box e ligou o
chuveiro deixando a água cair totalmente em cima de mim.
Alex não parou por aí, parecia que eu havia ativado alguma coisa
dentro dele, pois a parede foi o que senti em minhas costas, enquanto ele me
atacava. Uma hora eram beijos enlouquecidos, outra sua boca parava em meu
pescoço, deslizando até os meus seios, enquanto ele se abaixava e sugava o
mamilo com força, com vontade, com desejo.
Realmente aquele homem estava completamente maluco por mim,
assim como eu estava por ele.
Quando ele se ergueu novamente, voltamos a nos beijar, e eu ousei
passar minhas mãos por suas costas, até chegar no seu bumbum. Era
maravilhoso sentir o corpo daquele homem em minhas mãos. Ele tinha os
músculos nos lugares certos, e isso me deixava com mais vontade de apreciá-
lo lentamente.
Quando ele entrelaçou minhas pernas em sua cintura outra vez, eu
soube que conseguiria vencer aquela batalha. Mas assim que Alex encarou
meus olhos, compreendi que não seria tão fácil como eu pensava.
— Eu te desejo, não posso negar. Minha cabeça estava girando
enquanto você se tocava para mim, e eu poderia tê-la perdido naquele
momento. Mas ainda não é a hora para isso. Quero que, ao menos, você
esteja sentindo mais que apenas tesão por mim, Megan, para depois eu poder
te dar tudo o que você necessita.
Droga! Como falar para ele que talvez eu já estivesse completamente
apaixonada? Talvez pudesse revelar naquele momento, e parar com o
martírio, mas ele poderia pensar que eu estava mentindo, que era uma
maneira de manipulá-lo. E se eu revelasse tudo o que sentia para ele, os trinta
dias de conquista se resumiriam em dois, e eu nem iria conhecê-lo por
completo antes de me casar com ele.
Pensando em tudo isso assenti, concordando com Alex. Seria da
maneira que ele queria. Afinal eu ainda tinha vinte e nove dias para aprender
a amá-lo perdidamente, e não poderia perder essa oportunidade por um tesão
maluco.
Depois disso tomamos banho, Alex me vestiu em um roupão de
banho, e o seu lado carinhoso foi ativado novamente. Não se via mais o Alex
com fogo nos olhos, somente o completamente apaixonado. Ele me levou
para o meu quarto no colo e me depositou na cama. Deu-me um beijo de
despedida e saiu do quarto.
Quando a adrenalina baixou, eu dormi. E assim os dias foram
passando… Cinco… Dez… Treze.
E em cada um deles, eu fui conhecendo um Alex completamente
diferente do que já conhecia em todos os de amizade. Conheci o que amava
bichos, amava saber sobre fauna, flora e tudo o mais. O Alex que adorava ver
programas de sobrevivência na TV. O homem que era fascinado por
fotografia, e nisso eram incluídas as milhares de fotos que ele fez de mim em
nossas pequenas férias.
Todos os dias ele me provava o quanto me amava, o quanto me
admirava e o quanto me respeitava. Alex fazia tudo por mim, me mimava, e
meu coração foi se rendendo por completo por ele. Se eu já me achava
apaixonada, era porque não o tinha conhecido por completo, igual nos
últimos dias.
E naquele momento estava deitada sobre uma espreguiçadeira,
enquanto ele massageava minhas costas. Estávamos na área da piscina da
casa, enquanto ele desamarrava meu biquini para poder aprofundar seus
dedos em minha pele.
Alex desceu suas mãos até chegar na barra da calcinha do biquíni, e
quando pensei que não avançaria mais, ele fez tudo ao contrário. Abaixou a
peça e começou a massagear minha bunda.
Depois da noite repleta de desejo que tínhamos vivido há alguns dias,
nunca mais tivemos contato com o corpo um do outro, por isso, imaginei que
voltaríamos para aquele martírio.
Seus dedos passearam um pouco por minha pele, e com isso eu jurei
que partiríamos para o que eu sabia que nós dois desejávamos, mas Alex
mais uma vez fez o inesperado. Ele se afastou de mim.
Olhei-o por um tempo, para tentar saber se iria ou não voltar a fazer o
que estava fazendo, mas pelo jeito, não. Quando começou a caminhar para
dentro da casa, eu soube que tudo estava acabado, mais uma vez.
Levantei-me revoltada da espreguiçadeira, deixando a parte de cima
do biquíni cair no chão e ficando com os seios à mostra, a calcinha eu
arrumei antes de gritar.
— Vai me evitar até quando? Eu estou louca por você, será que não
percebe?
Ele se voltou em minha direção e me observou. Encarava meus olhos,
mas não demonstrava que daria nenhum passo em minha direção.
— Você não me quer, é isso? Se arrependeu do que estamos fazendo?
— questionei, indignada.
— Nunca me arrependerei do que estamos fazendo. Eu te amo, e você
sabe disso — respondeu de forma rude.
— E eu estou completamente apaixonada por você, não sei ainda se te
amo perdidamente, mas apaixonada eu estou, Alex. Completamente
apaixonada.
Daquela vez eu gritei, pois era uma verdade que eu não dava mais
conta de esconder. Já nutria sentimentos por ele antes de ir parar naquela ilha,
mas todos eles haviam crescido em proporções gigantescas. Senti meus olhos
se encherem de lágrimas, mais uma vez por aquele homem que me olhava
como se eu fosse uma obra de arte completamente rara.
— Você está apaixonada por mim? — foi o que ele perguntou,
aproximando-se de mim.
— Sim!
— Então peça o que você mais deseja que eu te darei.
Abri um sorriso com sua declaração. Tinha vencido a batalha, então, seria
toda de Alex, cada pedacinho seria dele, e eu sabia que depois daquele dia o
que faltava para eu amá-lo por completo seria preenchido.
— Faça amor comigo — sussurrei, com nossos olhos presos um no outro,
muito próximos ao ponto de eu sentir sua respiração contra meu rosto,
ofegante, ao ouvir meu pedido.
— Como? — insistiu.
— Forte, intenso, por horas. Quero que me foda, Alex. Que faça ser
inesquecível.
Bem devagar, ele se inclinou e me pegou nos braços.
— Vai ser, Megan. É uma promessa.
Então começou a caminhar comigo no colo, entrando na casa, eu já
tinha completa convicção de que Alex seria o dono da melhor transa que eu
teria na vida.
CAPÍTULO 12

Ali estava a mulher da minha vida na minha frente, quase nua, dizendo
estar apaixonada e pedindo que eu a fodesse – com essas palavras. Então,
com o meu coração disparado, levei-a para o meu quarto, sentindo como se o
mundo inteiro repousava nos meus braços.
Apesar do amor que sentia, ela queria ser fodida, não queria? Então
não sairia daquela cama, somente quando eu permitisse. Seria ali que ela se
tornaria minha, totalmente minha.
Observando-a de pé, como a coloquei, com os seios à mostra, os
cabelos dourados caídos pelas costas… isso me deixou louco. Sem nem
pensar, comecei a tirar sua calcinha. Não desgrudei meus olhos dos dela em
nenhum momento. Abaixei-me até seu pés e assim que joguei a calcinha para
longe, subi minhas mãos por suas pernas.
A pele clara de Megan estava com uma tonalidade bronzeada devido
aos dias de sol que estávamos pegando na praia.
Continuei subindo minhas mãos, quase ajoelhado aos seus pés, e
quando cheguei entre suas pernas ela se remexeu. Uma das mão eu deixei que
invadisse sua intimidade e tocasse sua parte que estava molhada. A outra mão
foi subindo até chegar em seus seios.
Quando apertei seu mamilo, Megan gemeu, e eu aproveitei para
brincar com seu clitóris. Suas mãos vieram parar em meus cabelos e a
expressão prazerosa em seu rosto me agradou sobremaneira. Eu sempre
imaginei como seria seu rosto repleto de prazer, e agora que eu estava
podendo vivenciar isso nos últimos dias, não podia negar que era uma visão e
tanto.
Ela era tudo para mim!
Estoquei meu dedo com mais força, ficando mais vontade para
masturvá-la sem piedade. Eu queria tentar ir com calma, mas a cada segundo
que sentia o quanto ela estava molhada e entregue a mim ficava maluco.
Ainda agachado, levei minha língua para tocar o ponto que ela
necessitava, enquanto ela ainda me olhava. Assim que a ponta passou por sua
vagina, Megan, fechou os olhos. Sua respiração aumentou a velocidade, e eu
me envaideci por ser o responsável por aquelas reações.
Chupei com vontade sua boceta, impedindo que Megan se afastasse,
pois a estava segurando com força com as mãos em sua cintura. Passei minha
língua por toda sua extensão. Era delicioso seu sabor. Aumentei minha
velocidade, e Megan começou a fazer leves movimentos em minha boca,
enquanto gemia loucamente.
Era esse o som do qual eu sempre queria me lembrar, que queria ouvir
pelo resto da vida: os gemidos de Megan. Era a melodia mais bela já
composta. Enquanto a chupava como um desesperado para lhe dar prazer, ela
começou a sussurrar:
— Alex, eu…
Mas não conseguia terminar de falar, porque eu não iria permitir, não
lhe daria um segundo de descanso enquanto não gozasse em minha boca. Por
isso forçando mais meus lábios em sua vagina, dei uma leve mordidinha em
seu clitóris, e isso pareceu ser o ponto que eu precisava para ver aquela
mulher gozando pela primeira vez em minha boca.
Ela apertou mais suas mãos em meus cabelos, e sem pudor algum
gemeu alto ao se liberar por completa e sem regras nos meus lábios. Afastei
meus lábios de sua vagina, e ela que ainda continuava de olhos fechados os
abriu, encarando-me como se tivesse me vendo pela primeira vez naquele dia.
— Uau! — foi o que disse, enquanto engoliu em seco e cambaleava,
com as pernas moles, obrigando-me a ampará-la.
— Deixe para falar isso quando eu terminar com você.
Mal esperei que ela discernisse sobre o que eu havia dito, levantei-me
do chão e a peguei no colo outra vez, levando-a para a cama. Deitei
delicadamente seu corpo no colchão e me afastei para observá-la. Seus
cabelos loiros sobre a cama, seu corpo nu contrastando com o lençol branco
como a neve.
Tirei minha roupa, ainda encarando aquela mulher perfeita aos meus
olhos. Ela me observava com olhos curiosos e completamente desejosos; eles
passeavam por meu corpo, admirando-o como se também gostasse do que
via.
— Aqueles ternos que você usa realmente escondem tudo que tem de
bom para ver — sussurrou, mordendo os lábios em seguida.
Megan tinha uma certa timidez em alguns momentos, mas isso
mudava quando ela estava cheia de tesão.
Ela abriu um pouco mais suas pernas, enquanto eu também a encarava
intensamente. O sorriso sacana que apareceu em seus lábios mostrava que ela
estava me desafiando e me chamando.
— Não brinca com fogo — avisei, olhando em seus olhos tão azuis
quanto os meus.
— Eu vou me queimar? — Alçou uma de suas sobrancelhas.
— Talvez eu te dê um castigo — comentei, enquanto me colocava por
cima dela na cama, mas sem fazer nada. Só sentindo seu corpo no seu.
— Às vezes gosto de ser uma garota travessa para ser castigada. Onde
estão suas cordas, homem dominador? Estou rendida sobre a sua cama, não
me queria assim? — ronronou, enquanto eu roçava meu pênis em sua vagina,
mas sem penetrá-la.
Suas mãos pararam em minhas costas, e enquanto me olhava dentro
dos olhos passou suas unhas com força em minha pele. Esse toque me
enlouquecia, por isso, sem resistir muito deixei minha cabeça descer até seu
pescoço, onde depositei alguns beijos e chupei sua carne. Depois subi minha
boca para o lóbulo da sua orelha e dei uma leve mordiscada.
— Você quer ser rendida?
— Sim — sussurrou, com a voz quase desaparecendo, enquanto eu
levava uma mão ao seu seio e o apertava com força.
Eles cabiam perfeitamente dentro da minha mão, pareciam terem sido
criados para serem tocados por mim. Afastei-me o suficiente para pegar um
robe estava nos pés da cama, puxei o cordão que o amarrava e em seguida
agarrei as mãos de Megan.
— Você realmente confia em mim para isso? Se eu te prender, você
vai ficar indefesa. Eu jamais te machucaria ou faria algo que te deixasse
desconfortável, mas preciso que saiba disso.
— Eu confio, Alex.
Feliz em saber disso, amarrei suas mãos, e, pelo seu olhar, percebi
que tinha acertado em mais um ponto. Puxei suas mãos amarradas até a
cabeceira da cama, e atei-as ali. Com isso, sem esperar mais, devorei os
lábios daquela mulher.
Eu precisava daquele beijo, precisava sentir a nossa troca naquele
toque, precisava sentir sua língua na minha, seus lábios perfeitos nos meus. O
beijo quente, delicioso, repleto de desejo. Segurei seu rosto entre minhas
mãos e me rendi ainda mais aos seus lábios, mas logo comecei a descer
minha boca por sua pele.
Cheguei a um seio e o suguei com força, mordisquei o mamilo e
realmente aquilo deveria ser considerado o paraíso. Passei para o outro,
fazendo o mesmo processo. Chupar com força, morder, lamber. O único
barulho que podia se ouvir no quarto eram os gemidos de Megan e as nossas
respirações descompassadas.
Lambi sua barriga, e, sem me conter, dei mais algumas mordidas. Sua
pele era deliciosa demais, era impossível me controlar. Assim que cheguei
novamente em sua vagina, peguei suas pernas e coloquei-as em meu pescoço.
Levantei seu quadril da cama e avancei para sua intimidade.
Megan se descontrolou quando comecei a chupá-la, e por isso mesmo
eu fiz com mais intensidade, apertei suas coxas com força e suguei a sua
parte que gritava para receber carinho. Minha língua passeou por toda sua
extensão, penetrando-a, fazendo-a gritar e implorar:
— Alex, eu quero tocar em você, me desamarra — pediu, mas ela
tinha que entender que quem estava no comando era eu.
— Está te machucando?
— Não, mas...
Não deixando-a continuar a falar, chupei com mais intensidade, sem
parar, até que Megan se entregou novamente a um orgasmo alucinante que
fez com que um grito reverberasse pelo quarto. Dei mais uma lambida por
toda sua extensão e voltei suas pernas para a cama. Olhei em seus olhos, e
disse, com a voz um pouco arfante.
— Eu não vou te desamarrar. Você terá mais doses de prazer até que
eu decida soltar suas mãos.
— Você não pode…
— Posso! — afirmei colocando um dedo sobre seus lábios.
E esse mesmo dedo desceu por seu corpo e chegou à sua vagina,
invadindo-a sem dificuldades, pois ela estava completamente lubrificada.
Estoquei fundo dentro dela, enquanto outro estimulava seu clitóris. Estoquei
mais rápido e coloquei mais um dedo dentro de sua boceta, sem parar de
estocá-la. Dois dedos, rápidos e incansáveis.
Megan remexia seus quadris. Para tentar conter os gemidos, mordia
seus lábios. Percebendo isso, parei de fazer meus movimentos e murmurei:
— Não se contenha, eu quero você se entregando por completo, se
não fizer isso eu vou parar.
Ela olhou em meus olhos por um momento para ver se eu realmente
estava falando sério. E provavelmente viu que não era uma brincadeira, por
isso, disse.
— Você tá muito mandão.
— Você queria ser dominada, Megan, então vai ter que obedecer
minhas ordens. Posso te deixar assim, amarrada na minha cama por horas,
ficar te tocando desse jeito… — Penetrei os dois dedos bem fundo
novamente, apenas uma vez, ouvindo-a gritar. — E não te deixar gozar. Você
escolhe.
— Não vou me conter.
— Então fala que é minha, Megan.
— Sou sua, Alex.
E com isso voltei a estocar meus dedos dentro dela o mais rápido que
podia. Logo Megan estava novamente gozando, sem se conter, sem máscaras,
completamente entregue ao momento. Seus olhos reviravam de prazer, sua
boca aberta soltava um grito que me deixava ainda mais maluco, e sua vagina
me mostrava o quanto estava pronta para mim.
Mesmo antes de se recuperar do orgasmo que meus dedos deram a
ela, pois ainda arfava e estava com os olhos fechados, peguei o preservativo
na mesinha ao lado da cama. Coloquei-o em meu pau, e, sem esperar, abri
suas pernas e a penetrei com força.
Surpreendi-a sobremaneira, tanto que abriu seus olhos enquanto eu
começava a mexer meu quadril de forma rápida dentro dela. Nossos olhos se
conectaram e aquele momento era nosso. Eu a estocava com força, segurando
suas pernas em volta de mim.
Aquilo era realmente o paraíso, nem em meus melhores sonhos
imaginei que aquele momento seria tão perfeito. Vê-la ali, rendida a mim,
totalmente entregue a nosso momento, enxergando os sentimentos saírem de
seus olhos.
Sem pensar muito, puxei o laço que prendia suas mãos na cabeceira
da cama. Megan se impulsionou para frente, e mesmo que as mãos ainda
estivessem amarradas uma na outra, ela passou seus braços por meu pescoço.
Eu me sentei na cama, e ela começou a cavalgar em meu colo. Sem conter me
beijou, e eu só pude ajudá-la a subir e a descer.
Nosso beijo continuou. Enquanto ainda nos amávamos, levei uma das
minhas mãos para o meio dos nossos corpos para estimular mais uma vez o
clitóris de Megan naquela tarde. Ela merecia mais orgasmos, e assim que
comecei a fazer os movimentos ela aumentou a intensidade dos que fazia, me
dando o presente de vê-la gozando mais uma vez naquele dia.
Aproveitei enquanto ela gemia de prazer e se comprimia em volta do
meu pau para deitar nossos corpos na cama e voltar a estocá-la. Eu precisava
me libertar, não poderia aguentar mais. Apoiando meus braços ao lado do
corpo da mulher e sentindo suas pernas se entrelaçarem em minha cintura,
estoquei; estoquei; estoquei; olhando em seus olhos.
— Eu te amo — gritei ao mesmo tempo em que me libertava dentro
dela.
Levei meus lábios mais uma vez aos dela e a beijei, com força, com
fome, com desejo, com amor. Eu a amava, e era só isso que eu poderia dizer
naquele momento.
Afastei-me do beijo e olhei em seus olhos. Eles gritavam tanta coisa
que não consegui decifrar com exatidão. Mas tinha muito carinho ali, muito
desejo, e talvez admiração.
— Alex… — Megan começou, mas parou por um momento, no
entanto logo voltou a dizer: — Você acabou comigo.
Abriu um sorriso lindo, contagiante, perfeito.
— A intenção era essa. — Dei um beijo na ponta do seu nariz.
— E você também me surpreendeu. Nunca pensei que você poderia
ser um dominador tão mandão. — Continuou sorrindo.
— Você queria, eu só te dei o que quis.
— Foi maravilhoso, Alex — declarou.
— Fico feliz de ter te agradado, é só isso que importa para mim. —
Parei por um momento observando aquela mulher toda entregue a mim. Sua
expressão de contentamento me fazia feliz e seu cabelo desgrenhado me
deixava completo, Megan era minha por completo. Minha!
— Vamos tomar um banho. — Tirei suas mãos do meu pescoço, e
desatei o nó do cordão que a amarrava, libertando-a.
— Alex, acho que estou sem forças para tomar banho agora.
Não contive a gargalhada, ela parecia mesmo sem forças. Beijei
novamente a ponta do seu nariz, e ela aproveitou para enlaçar meu pescoço
com seus braços livres.
— Vou preparar a banheira, e te levo depois no colo para lá.
— Vou aceitar, pois banheira e Alex parecem ser uma combinação
perfeita.
— E junto com Megan fica ainda melhor.
Beijei seus lábios mais uma vez, e finalmente parecia que eu tinha
conquistado tudo no mundo. Eu estava com a mulher que amava, em uma
casa isolada da sociedade. Ela havia se entregado a mim por completo, e
agora só faltava me amar inteiramente, mas eu tinha certeza de que isso
estava bem próximo de acontecer.
CAPÍTULO 13

Sentia que o sol estava batendo em minha pele pela fresta aberta na
porta que levava à sacada, mas a sensação maravilhosa em meu peito não era
por ter amanhecido com o sol radiante, mas, sim, por estar sentindo a língua
de Alex tomar toda a minha vagina em um oral digno de um Oscar.
Soltei um leve gemido, levando minhas mãos aos seus cabelos, e isso
pareceu deixá-lo mais animado, pois aumentou a velocidade de sua chupada.
Senti quando dois de seus dedos se enterraram dentro de mim, e ele
começou a fazer investidas precisas que estavam literalmente me levando à
loucura.
— Alex… — sussurrei, completamente sem forças.
Ele deu uma leve mordiscada em meu clitóris, e isso era demais para
qualquer uma. Aquela libertação foi se avolumando em meu corpo, até que
senti o orgasmo se aproximando; gozei loucamente, mas mesmo assim o
homem que estava acabando comigo não parou.
Alex continuou me penetrando com seus dedos e chupando meu
clitóris como um profissional.
— Pelo amor de De…
— Shiu! — Ele se afastou de mim, colocando seu indicador sobre
meus lábios para me calar.
Olhou dentro dos meus olhos com aquela expressão faminta, e eu
mais que depressa abri minhas pernas para recebê-lo, mas pelo visto não era
o que ele tinha em mente. Com um sorrisinho sacana, Alex passou um braço
pela minha cintura e me retirou da cama. Entrelacei meus braços em seu
pescoço e minhas pernas em sua cintura, sentindo meu coração disparar. O
que ele faria daquela vez?
Seu rosto estava tão próximo do meu que eu tentei beijá-lo, mas como
o homem mal que vinha me mostrando nesses últimos dias, fez questão de se
afastar. Ele queria me deixar maluca, isso era um fato.
Alex caminhou para a sacada que tinha uma das vistas mais lindas da
ilha. Podíamos ver a imensidão do mar à nossa frente, com alguns coqueiros
fazendo tudo se tornar ainda mais paradisíaco.
Chegamos até o parapeito, e Alex me colocou no chão. Eu não estava
entendendo o que ele queria, mas logo me virou de frente para o mar e ficou
encostado às minhas costas.
Suas mãos passaram por meu corpo, e quando pararam nos seios,
giraram meus mamilos em seus dedos. Não pude evitar o gemido de prazer,
aquilo era bom demais. Enquanto massageava meus seios, me deixando ainda
mais molhada, ele sussurrou em meu ouvido.
— Transar com a mulher que amo e vendo o mar da minha sacada…
só pode ser um sonho. — Uma de suas mãos desceram por minha barriga e
chegou até minha vagina, onde seus dedos começaram a brincar novamente
com meu clitóris. — Então vamos realizar esse meu desejo.
Eu queria gritar “sim”, mas não tinha forças para aquilo. Aquele
homem estava conseguindo me deixar maluca com o tanto de prazer que
estava me dando nas últimas horas.
Retirando suas mãos de mim, ele levou as duas a minha cintura,
empinou minha bunda e mais que depressa, pegou um preservativo que já
tinha deixado na mesinha da sacada, colocando-o, e se enterrou dentro de
mim. Daquela vez não pude conter o grito que veio de dentro do meu peito.
Alex continuou segurando minha cintura, enquanto estocava fundo
dentro de mim, com força, com desejo, com precisão. Eu iria morrer de tanto
prazer. Ouvia gemidos roucos saírem por sua boca, e aquilo era a minha
perdição. Alex era toda a minha perdição.
Sem conseguir continuar olhando para o mar, voltei meus olhos por
cima do ombro e encarei aquele homem delicioso. Ele estava com a boca
aberta, os olhos semicerrados, e algumas gotas de suor escorriam por seu
rosto. Puta que pariu! Aquilo era demais.
Seus olhos voltaram para os meus, e eu quase derreti ali mesmo.
Neles havia adoração, tanto desejo, tanto amor... Alex deveria ter saído de
dentro de um conto de fadas hot, por que era perfeito e ainda transava
maravilhosamente bem.
Ele tirou uma de suas mãos da minha cintura. Pegou meus cabelos, e
os puxou para trás. Levou meu corpo novamente próximo a ele, mas sem
deixar de estocar dentro de mim. Sua outra mão foi parar em meu clitóris,
estimulando, enquanto ele aumentava seus movimentos, fazendo-me senti-lo
ainda mais fundo, enorme dentro de mim.
— Alex eu vou…
Não consegui terminar de falar, pois outro orgasmo chegou, rápido,
insano, desesperado. Aquele homem parecia conhecer meu corpo por
completo, já que nunca havia gozado tanto com outros. Ele colocou sua boca
no meu ombro, me dando uma mordida e também deixou seu prazer ser
liberado com um urro saindo abafado pela minha pele.
Ficamos ofegantes durante longos minutos. Alex se retirou de dentro
de mim, me pegou em seus braços e levou-me até a cama. Depositou-me
delicadamente no colchão, e ainda me deu um beijo carinhoso nos meus
lábios. Depois descartou o preservativo e voltou para o quarto, sentando-se ao
meu lado, completamente nu. Alex não tinha vergonha do seu corpo, mas
também não era para menos, o homem era um deus grego.
— Vou preparar o café da manhã para você. Fique quietinha aqui,
tudo bem? — Uma de suas mãos tocou meu rosto, fazendo um carinho leve.
— Eu poderia te ajudar ao menos um dia — murmurei, pois ele
sempre fazia questão de me preparar o café.
— Não, você é a prioridade aqui. Fiquei quieta, enquanto eu te mimo
— ordenou, mas de forma carinhosa. Só que eu não podia deixar aquilo
barato, então, brinquei:
— Mandão!
Ele se levantou da cama e vestiu uma bermuda, depois virou-se para
mim e declarou:
— Acho que todos esses orgasmos que você teve provam que meu
lado mandão te agrada e muito.
Ainda tentei jogar um travesseiro que estava na cama em sua direção,
mas ele foi mais rápido e saiu do quarto. Abri um sorriso gigante, mas deixei
por isso mesmo. Aconcheguei-me da melhor forma na cama, pensando em
tudo o que havia acontecido.
Eu tinha transado com o homem por quem eu sempre tive uma leve
queda, e aquilo ainda parecia surreal. Alex era maravilhoso demais, e eu
estava completamente apaixonada. Ele me tratava como se eu fosse a pessoa
mais importante na sua vida.
Saí dos meus pensamentos quando ouvi meu celular tocando e estendi
a mão para pegá-lo na mesinha de canto. Assim que vi quem estava me
ligando, soube que seria xingada.
— Fala, amiga, querida, linda... — atendi, tentando fazer com que Kat
não me matasse. Eu a estava deixando sem informação do que estava
acontecendo, e sabia que ela odiava isso.
— Querida e linda? Ah, meu Deus! Você transou, eu nem acredito —
gritou do outro lado da linha quase me deixando surda.
— Sua maluca, fale baixo.
— Como que falo baixo, quando estou há dias sem um “oizinho”? E
agora eu descubro que você transou — continuou gritando.
— Eu não disse que transei. — Tentei mentir.
— Megan, eu te conheço. Você toda melosa de manhã, me chamando
de linda... ou você transou ou bateu a cabeça.
E realmente Katherine me conhecia, até demais para o meu gosto.
— Tá bom, aconteceu… — Eu não gostava de comentar sobre certos
assuntos. Era um pouco tímida, tinha que admitir, e Kat, diferente de mim,
adorava contar suas intimidades.
— Me conta tudo! Como foi? Ele foi carinhoso, bruto, puxou seu
cabelo, te deu uns tapas? — E assim começou a jogar todas as perguntas que
podia pelo telefone. Ainda bem que não estávamos cara a cara, senão ela me
obrigaria a contar.
— Kat, por favor — pedi, tentando mudar o rumo da conversa.
— Você é muito sem graça, Meg. Mas me responde ao menos se foi
bom?
Abaixei meu tom de voz, esperando que Alex não me ouvisse.
— Qual dos meus seis orgasmos de ontem para hoje prova que foi
fantástico?
— SEIS? — ela berrou. — Sua vadia sortuda do caralho! Em uma
noite?
— Não… acabei de ter um agora de manhã, quando ele me pegou de
surpresa na sacada da casa.
— Puta merda! Ainda bem que aquele homem não é só mais um
rostinho bonito no meio da multidão — minha amiga brincou.
— Ele não é, apesar de o rosto não ser a única parte bonita que ele
tem — admiti, só de lembrar de suas coxas torneadas, a barriga com
gominhos, a bunda durinha…
— Ok! Não quero ouvir mais, já que não vou ficar pensando em Alex
pelado.
Caí na gargalhada ao mesmo tempo em que a porta do quarto era
aberta, e Alex entrava com uma bandeja repleta de coisas deliciosas para
comermos. Ele a depositou aos pés da cama e ficou a me observar, até que
declarei para Katherine:
— Amiga, preciso desligar.
— Você vai transar de novo, eu quero um homem tipo o Alex na
minha vida.
— Katherine… — repreendi.
— Tudo bem, vai lá curtir seu gostosão, mas vê se mantém contato,
sua ingrata.
— Pode deixar.
Desliguei o telefone e voltei a minha atenção para o homem que
estava me olhando.
— Acho que estou te monopolizando, não estou? — Sabia que ele
tinha entendido o motivo de Katherine me ligar.
— Katherine pode aguardar por uns dias, enquanto eu sou sua. Não é
como se ela fosse deixar de ser minha melhor amiga por isso.
— Minha? — sussurrou, olhando nos meus olhos e inclinando-se para
um beijo.
— Completamente sua.
Alex me beijou rapidamente e começou a nos servir.
Ele colocou suco em um copo e me entregou, enquanto levava uma
torrada à minha boca. Todos os dias ele dava um jeito de dar ao menos um
pouco do café da manhã em minha boca, e eu achava aquilo extremamente
fofo.
Estava comendo um morango, enquanto ele tomava de seu café, e
meus pensamentos voavam alto:
— Você imaginava que um dia poderíamos estar assim?
— Com você nua, na minha cama, tomando café na minha frente, em
uma ilha deserta?
Senti minhas bochechas corarem, pois eu realmente estava
completamente nua, e ele me olhava com desejo a cada segundo.
Assenti, mas não murmurei nenhuma palavra. Estava um pouco
envergonhada para aquilo.
— Não, eu sentia tudo por você, mas pensei que nunca teria coragem
de revelar. Por mais que as circunstâncias que nos uniram não sejam as
melhores, elas foram as responsáveis por estarmos onde estamos.
Depositou a caneca na bandeja, pegou minhas mãos e deu um leve
beijo em uma delas.
— E você? Imaginou que alguma vez isso poderia acontecer? — foi a
vez de eu ser questionada.
Pensei um pouco sobre a pergunta, já que nunca passara por minha
cabeça que Alex pudesse ter algum interesse em mim. Só quando soube que
ele comentava com Katherine sobre seus sentimentos, percebi que nossos
pensamentos estavam sintonizados.
— Não! Para falar a verdade, eu nunca imaginei que você pudesse se
interessar por uma pessoa tão normal quanto eu. Sempre esteve ao lado de
mulheres famosas, modelos muito bem vistas perante a sociedade.
— Não fala isso, Meg — repreendeu-me. — Se você soubesse o
quanto sou infeliz por ter tido contato somente com pessoas desse tipo
durante quase toda minha vida. Pode ter certeza, garota linda, que você é
muito melhor que qualquer pessoa que tenha estado ao meu lado. E não estou
falando isso para menosprezar nenhuma mulher, mas por você ser totalmente
autêntica, ser essa pessoa que não liga para o que vão falar, que não segue o
que a merda da sociedade pede.
Abri um sorriso e depois dei uma leve mordidinha em meus lábios.
Alex parecia saber o momento certo para dizer as palavras que atingiam
diretamente o meu coração. Ele era simplesmente o homem mais incrível que
eu poderia conhecer.
Terminamos de tomar o nosso café da manhã, e logo tomamos um
banho juntos, o que foi mais um motivo para fazermos sexo. Agora que
estava liberada essa parte em nosso relacionamento na ilha, tinha quase
certeza que faríamos amor durante boa parte dos dias.
Enquanto colocava o biquíni, parei meu pensamento na palavra
“amor”. Era exatamente isso que estávamos vivendo nos últimos dias, e eu
só não queria admitir, mas sabia que era impossível. Em se tratando do
homem que até alguns dias atrás era meu melhor amigo, era perceptível que
amor seria o que restaria dentro do meu coração quando saísse daquela ilha.
Será havia se tornado minha amizade colorida, meu namorado ou meu
noivo…? Ainda não sabia, no entanto de uma coisa eu tinha certeza: Alex me
olhava com completa devoção, suas palavras me encantavam a cada dia mais
e ele sabia me tratar como eu nunca havia sido tratada. Isso realmente era
amor, do mais puro, mais perfeito, mais desejado... Amor em sua forma mais
linda.
Pelo espelho eu podia ver Alex colocando uma bermuda creme,
completando o visual com uma gola polo branca. Ele se voltou em minha
direção e abraçou minha cintura.
— Pegue uma roupa que você queira usar para um passeio em uma
ilha vizinha que tem uma pequena cidadezinha para turistas. Quero te levar
lá, podemos curtir um pouco do mar e depois darmos uma volta. — Ainda
encarando seus olhos pelo reflexo do espelho, questionei:
— Não vamos ficar aqui?
— Não. Hoje vamos curtir um pouco pelo mar, vermos alguns lugares
legais e depois socializar.
— Você só me surpreende, Alex.
— Essa sempre foi a minha intenção, te surpreender o máximo que
posso, para ter seu coração todinho para mim.
Sem querer deixei escapar algo que não devia:
— Só espero que quando estiver com ele não o machuque.
Seu abraço apertou ainda mais em minha cintura, seu cenho deu uma
leve franzida, e logo sussurrou em meu ouvido:
— Eu nunca faria isso, Megan, prefiro morrer antes de te fazer sofrer.
A verdade refletia em seus olhos, e mesmo que eu soubesse ser errado
acreditar tão rapidamente, eu confiava. Já conhecia aquele homem há muito
tempo para saber que ele não estava mentindo.
— Então vamos deixar esse assunto pra lá e vamos curtir tudo o que
você preparou para mim.
Ele abriu mais um daqueles sorrisos de derreter o meu coração e me
deu um leve beijo na bochecha. Terminei de me arrumar, além de preparar as
coisas que eu deveria levar para visitar a tal ilhazinha. Sabia que aquele
passeio seria o último passo que faltava para eu me apaixonar perdidamente
por aquele homem, e logo me tornar sua esposa.
CAPÍTULO 14

O iate estava ancorado em um lugar que eu sempre amei visitar, onde


só tinha a imensidão do mar para enxergar e nada mais à nossa frente. Havia
esquecido essa beleza há muito tempo. Era trabalho demais, uma vida
conturbada demais e estava gostando de viver isso com a minha… Não sabia
mais como nomear Megan, ela ainda era minha amiga, mas nós dois
sabíamos que já éramos algo mais.
Ela estava observando a imensidão do mar diante de nós, enquanto
um vento leve batia em seus cabelos longos e loiros, fazendo com que os fios
se movimentassem e a deixassem ainda mais linda.
Tudo que se relacionava àquela mulher fazia com que eu a elevasse a
um patamar diferente. Acho que o amor fazia isso, nos deixava cegos pela
beleza da pessoa, abismados, completamente rendidos.
Estava sentando em uma cadeira de vime, na popa da parte traseira,
que ficava no exterior do iate, que também possuía uma área gourmet,
enquanto olhava para a mulher da minha vida. O biquíni rosa que usava fazia
um realce maravilhoso com sua pele clara, me deixando um pouco louco.
Ainda mais que Megan estava encostada nas barras do iate só deixando que a
brisa leve tomasse conta do seu corpo.
Peguei mais uma uva que estava sobre a mesa e levei à boca, ainda
olhando para aquela perfeição à minha frente. Ela se voltou para mim, e ao
perceber que eu a estava encarando levantou uma de suas sobrancelhas.
— Estava sentindo seu olhar fuzilar meu corpo — brincou, enquanto
dava uma leve mordidinha nos lábios.
— É meio impossível não te olhar, ainda mais quando você tem tanta
coisa pra mostrar — entrei na brincadeira levando outra uva à boca.
Seus olhos seguiram meus movimentos e pousaram em meus lábios.
Ela veio se aproximando lentamente, chegando próxima o suficiente para se
sentar montada no meu colo, com uma perna de cada lado. Encarou meus
olhos e murmurou em seguida:
— Obrigada por esses dias inesquecíveis.
Segurei sua cintura com um pouco mais de força, para sussurrar:
— Eu que tenho de agradecer por você ter topado essa loucura.
Depois de abrir um sorriso contagiante, Megan se aproximou dos
meus lábios e me deu um beijo lento. Ela mordiscou meu lábio inferior, antes
de pedir permissão para sua língua invadir minha boca. Não avançamos,
fomos calmos, apreciando aquele momento. Toda vez que eu beijava aquela
mulher era um sentimento novo que surgia.
Assim que ela se afastou, não pude deixar de dizer:
— Eu te amo... — Diferente das outras vezes, em que vi surpresa
passar por sua fisionomia, daquela vez os seus olhos brilharam e ela até ficou
um pouco envergonhada.
— E eu estou apaixonada por você. — Deu mais um beijo em meus
lábios, após terminar de falar.
Trocamos mais beijos, naquela mesma posição. E Megan sabia ser
uma diabinha quando necessitava, pois fez questão de ficar rebolando em
meu colo até que eu estivesse completamente maluco por ela.
— Para de fazer isso, garota linda. Você deve estar toda machucada
de ontem e mais cedo — falei da forma mais cavalheiresca que podia, já que
eu não queria que ela pensasse que o único intuito daquela viagem fosse sexo
e mais sexo.
— Não estou não… E não estou fazendo nada. — Mordeu o lóbulo da
minha orelha ao dizer e continuou rebolando em meu colo.
— Se você não aquietar eu vou ser obrigado a te amarrar em algum
lugar e te foder loucamente.
Megan parou de rebolar em meu colo e me encarou para ver se eu
realmente estava falando a verdade. Por um momento pensei que sua falta de
movimentos era porque queria mesmo curtir o momento e não transar, mas eu
estava completamente errado.
Alguns minutos se passaram, enquanto ela ainda me olhava. Eu vi
tudo em câmera lenta, quando ela se levantou do meu colo, desamarrou a
parte de cima do biquíni, deixando que a peça caísse no chão. Logo seus
seios ficaram à mostra, e eu eu tive que engolir em seco, pois aquilo era uma
tortura.
A mulher abriu um sorriso safado em seu rosto e soltou a frase que
terminou de acabar com a minha sanidade.
— Um bom dominador não avisa. Ele pega o que quer. Se me
quisesse mesmo, eu já estaria na sua cama.
Ela foi se afastando, e instintivamente levantei-me da cadeira para
tomar alguma atitude. Quando ela subiu um degrau para o andar de cima do
iate, questionei:
— Está brincando com fogo, garota, ainda não te mostrei nem metade
do que posso e quero fazer com você.
— Então acho que está na hora de mostrar, mas antes você vai ter que
me pegar.
E assim subiu as escadas correndo, tentando fugir de mim como da
vez que foi se masturbar em meu quarto. Corri atrás dela como um louco,
subi as escadas, e eu só conseguia ouvir sua risada reverberar pelo ambiente.
Quando consegui encurralá-la contra a murada do iate, sorri vitorioso.
— Você acha mesmo que consegue fugir de mim, depois de me
provocar tanto?
— Eu ainda tenho uma opção. — Ela subiu em uma das barras que
evitava que caísse na água.
— Não faça isso.
— Eu sei nadar — brincou.
— Sei que sabe, mas se você fazer isso vai ser pior, muito pior pra
você, Megan.
Ela abriu um sorriso, e eu só podia ver que aquela diabinha adorava
um joguinho. O lado maluco para ser dominada, eu não conhecia, então, era
uma novidade deliciosa descobrir sobre suas vontades.
— Alex, você ainda não entendeu que eu gosto do seu lado perverso...
Essas foram suas últimas palavras antes de se jogar do iate e cair
diretamente no mar. Eu não me apressei mais, agora as coisas seriam lentas,
muitos lentas. Na medida que eu ditava as regras. Observei Megan apontar a
cabeça para fora da água, e ela sorriu como se realmente tivesse ganhado o
jogo de cão e gato.
Voltei para o andar de baixo e esperei que voltasse para dentro do
iate. Assim que subiu na popa, toda molhada, sorriu ao me ver em pé, perto
dos degraus que ela havia subido há alguns minutos.
— Oi, garotão — cumprimentou, fazendo gozação com minha cara.
Ela pegou uma uva em cima da mesa e a jogou na boca. Observei
todos os seus movimentos. Tinha calma, nada de pressa, não precisava de
correr. Caminhei até Megan e peguei a parte do seu biquíni que estava no
chão.
Ela abriu um sorriso travesso e quando menos esperava peguei seus
dois punhos e os levei até suas costas. Amarrei suas mãos com a peça que eu
tinha pegado há alguns minutos e seu questionamento veio em seguida:
— O que você está fazendo, Alex?
— Seu castigo — prestei-me a responder.
— Como…
Ela ia fazer mais uma pergunta, mas a joguei em meus ombros sem
deixá-la terminar. Desci as escadas que levavam as cabines e fui exatamente
para aquela que eu sabia que tinha tudo o que eu precisava.
Entrei no quarto e coloquei Megan de pé. Ela estava me olhando com
os olhos arregalados, mas eu não fiz nenhum movimento que pudesse tirar
aquela expressão de espanto do seu rosto. Pelo contrário, fui até sua calcinha
e desatei os laços dos lados. Arranquei a peça e observei sua vagina, ali era
um caminho sem volta. Todo o corpo de Megan era um caminho sem volta.
— Ajoelhe-se na cama, com as costas voltadas para uma das colunas.
A cama tinha quatro colunas de dossel, e eu pretendia usá-las muito bem.
— Alex… Eu não estou entendendo… o que você vai...
— Se você não obedecer e não fizer silêncio eu também irei te
amordaçar.
E pelo visto dessa vez ela acreditou no que eu falava, porque me
obedeceu. No instante em que fez o que eu ordenei, peguei a calcinha do seu
biquini e a atei aos punhos já amarrados, prendendo-os à coluna, deixando-a
ajoelhada ali. Não seria por muito tempo, porque não queria que se
machucasse.
Despi-me rapidamente e coloquei-me na frente dela, de pé na cama,
encostando meu pau em sua boca.
— Seja boazinha comigo que eu te dou mais alguns orgasmos, como
você quase implorou agora há pouco.
Ela abocanhou meu pau, tomando-o inteiro e com vontade. Por ela
estar indefesa, tentei não ir muito longe nem perder o controle, mas agarrei
seus cabelos, deliciado pela cena da minha mulher amarrada daquele jeito,
pagando o boquete mais maravilhoso que já havia provado na vida.
Ficamos assim por mais algum tempo, até que eu estava muito prestes
a gozar.
Então, saí de dentro de sua boca, levantando-me da cama e deixando-
a ali um pouquinho.
— Alex… — deixei-a me chamar, porque queria manter o clima de
mistério.
Abri uma gaveta do armário da cabine e tirei quatro amarras de couro
para colocar em seus tornozelos e braços. Voltei lentamente para perto dela,
enquanto via seus olhos se arregalarem. Tinha quase certeza que Megan não
esperava que eu tivesse algo do tipo.
— Você tem isso guardado aqui no iate? — ela perguntou, e eu temi
que pensasse que já tinha usado com outra mulher.
— Trouxe comigo na nossa vinda para cá. Deixei aqui, apenas para o
caso de ser interessante.
Soltando-a, deitei-a na cama, na posição que eu queria e peguei um
dos seus tornozelos, direcionando um sorriso leve para ela. Seria divertido.
Coloquei uma das amarras em seu pé, puxei o elástico, afastando sua
perna da outra e prendendo a amarra nas colunas. Fiz o mesmo com a outra.
Depois fiz o mesmo com suas mãos, prendi e as amarrei nas colunas de cima.
Ela estava completamente imóvel, braços e pernas muito esticados.
— Sabe, Megan? Você é uma visão e tanto assim… Olha como eu
estou excitado dó de te olhar. — Levei a mão ao meu pau, começando a
acariciá-lo.
— Alex, você não vai fazer isso, vai?
— Isso o quê? A mesma coisa que você fez comigo dias atrás? Dar
prazer a si mesma sem me deixar te tocar?
— Mas você não estava preso assim…
— É a lei do mais forte.
— Não é justo… eu...
— Eu disse que se você não se calar, serei obrigado a te amordaçar.
Daquela vez ela acreditou em todas as palavras que eu pronunciava.
Continuei, então, a me tocar, enquanto encarava aquela mulher, com o corpo
todo aberto e entregue a mim.
Sem conseguir me manter totalmente afastado, me aproximei de
Megan. Ajoelhei-me na cama, entre suas pernas, e não parei nem um segundo
de movimentar meu membro, observando seu corpo lindo. Apoiei-me em um
braço e aproximei meus lábios dos dela, fiz que ia beijá-la, mas só passei a
ponta da minha língua por sua boca.
Megan suspirou, nervosa, quando me afastei dela. Mas não disse
nada, estava gostando de ser obedecido. Soltei um gemido quando aumentei
meus movimentos. E, para atormentá-la ainda mais, rocei a ponta do meu
membro em sua boceta, que estava completamente molhada. Naquele
momento ela simplesmente soltou um gemido.
— Viu como é bom, Megan?
— Deixa eu te tocar.
— Não! — respondi com convicção.
Continuei me masturbando, rápido, forte, comendo-a com os olhos. E
mais uma vez voltei a me aproximar dela. Daquela vez, sem aviso, me
enterrei com força dentro da sua boceta, e ela gritou. Aquilo foi o ápice pra
mim, sem mais nenhum movimento retirei-me de dentro dela.
— Alex, você não pode me deixar assim.
— Posso e vou.
Aumentei ainda mais o meu ritmo. Ter entrado dentro dela, ver seu
corpo tão próximo, estava sendo também um castigo para mim, mas minha
mulher não queria um lado dominador? Então ela teria.
Enquanto me masturbava, Megan voltou a implorar para que eu
fizesse amor com ela. E eu mais uma vez neguei, e ainda fiz pior, ao chupar
seu clitóris duas vezes, mas me afastei novamente.
Quando meu orgasmo estava se aproximando, novamente entrei
dentro dela e comecei a estocá-la rápido. Olhando para o seu rosto, era
perceptível que imaginou que eu continuaria a fodê-la até que gozasse, no
entanto, novamente me afastei.
— Alex — gritou, de forma sofrida.
— O quê? — gemi, voltando minha mão para o meu membro e
aumentando a minha velocidade até que gozei em sua barriga, soltando um
urro de prazer.
Fechei meus olhos e deixei que o meu gozo fosse todo liberado.
Assim que os abri, encarei Megan e os seus olhos refletiam fogo vivo, fúria.
— Você não queria ser dominada?
Observei seu corpo, enquanto questionava. Era quase a visão do
paraíso ver Megan, com todo o meu sêmen espalhado por seu corpo.
— Vai me deixar assim? — sussurrou.
— Assim como, Megan?
— Louca por você, desesperada para gozar?
— Sim.
Claro que não iria, mas ela precisava aprender a não brincar com
fogo. Por isso saí da cama, como se fosse a coisa mais normal do mundo
deixar uma mulher completamente nua, com as pernas e mãos amarradas. Fui
ao banheiro, e ela começou a gritar.
— Alex, volta aqui, por favor. Me perdoa.
Continuei esperando até que novamente ela disse:
— Alex, eu preciso de você.
E continuou:
— Alex, por favor...
Tinha se passado meia hora que saí do quarto. Quando retornei,
aproximei-me dela, com uma toalha na mão e limpei a sujeira que tinha feito.
Seus olhos imploravam por mim, me pediam misericórdia. E aquela
versão de Megan submissa mexeu extremamente comigo. Ia me afastar
novamente, mas ela pediu:
— Por favor.
Rendido, voltei-me em sua direção. Passei uma mão por seu rosto.
Depois desatei as amarras das suas mãos. Mas as pernas continuariam do
mesmo jeito, pois eu tinha planos para ela.
Com as mãos livres ela me olhou, e eu murmurei:
— Eu te amo, garota linda, agora quero que você me chupe de novo,
porque acho que fiquei viciado.
Sem contestar, ela fez o que pediu. Pegou meu membro em suas mãos
e o levou a boca. Aquilo era o paraíso, sentir sua língua passando por toda
minha extensão. Segurei seus cabelos e me enterrei dentro da sua boca,
fazendo Megan soltar alguns gemidos na medida que aumentava a
velocidade.
Aquilo não era um sexo oral normal, era uma dádiva criada. Enterrei-
me mais e mais dentro dos seus lábios até que senti o orgasmo se
aproximando, então, fui obrigado a afastá-la. Pelo seu olhar ela imaginou que
novamente eu a abandonaria, mas quando viu o que fui fazer abriu um
sorriso.
Coloquei o preservativo e voltei para o mesmo lugar que estive há
algum tempo – entre suas pernas –, e sem esperar muito estoquei dentro da
sua boceta. Megan levou as mãos a minhas costas e, deitada na cama, sem
poder movimentar suas pernas, ela só tentava mexer seus quadris.
Cada gemido que saía dos seus lábios era uma dose de prazer a mais
para mim. Fodi minha mulher com força, com desejo, desesperado. Eu estava
viciado nela, completamente viciado. Sua boceta apertada me engolia e a
cada minuto que se passava eu só pensava que Megan seria a única que eu
poderia amar inteiramente, ela me fazia completo.
— Você é minha, Megan — gritei ao me liberar ao mesmo tempo em
que ela.
Beijei seus lábios, ainda ofegante, e assim que me afastei, Megan
segurou meu rosto e revelou:
— Não tem como eu mentir mais para mim mesma, eu te amo. Eu sou
sua, Alex. Completamente sua.
CAPÍTULO 15

Uma coisa ficou clara: eu nunca mais duvidaria do lado dominador de


Alex. Tinha sido maravilhoso, não podia mentir, mas agora eu estava até com
medo de me levantar da cama e perder as forças das minhas pernas, que já
haviam sido desamarradas.
Alex tinha aproveitado para tirar uma soneca depois do nosso sexo
louco, desesperado, maravilhoso. Só de lembrar como fiquei exposta para
ele... aquilo já me deixava excitada. Abri um sorrisinho e voltei meus olhos
em sua direção.
Ele dormia com uma mão sobre a sua barriga e a outra estava
embaixo da minha cabeça. Sem poder esperar mais, me desvencilhei
vagarosamente do seu corpo. Não queria acordá-lo, pois a cena que estava
presenciando era a mais linda que eu já tinha visto.
Alex totalmente nu, com aquele corpo maravilhoso todo para mim,
em uma cama. Infelizmente tive que ir ao banheiro, mas assim que voltei ele
continuava do mesmo jeito. Peguei uma de suas camisas e me vesti com ela,
enquanto ainda o observava.
Ele não precisou de trinta dias para me fazer amá-lo perdidamente,
foram quase vinte, mas era o que importava. Eu amava Alex O'Donnell, e
isso era a única verdade que eu tinha completa convicção em minha vida. Saí
do quarto para pegar um copo de água, parecia que estava até desidratada.
Aproveitei para pegar meu celular e falar com minha mãe. Eu a
amava demais, e aqueles dias afastada dela estavam me matando de saudade,
no entanto foram necessários para eu me apaixonar pelo homem que tanto me
amava.
Depois de conversarmos por alguns minutos, senti minha cintura
sendo abraçada pelo braços de Alex. Ele beijou meu rosto e não disse nada,
enquanto eu ainda estava em minha ligação.
— E como está com o Alex? — mamãe questionou.
E eu não pude deixar de abrir um sorriso e direcionar os olhos para
aquele homem todo lindo.
— Mais perfeito do que poderia imaginar — confessei, e isso foi
motivo para eu ser devorada pelo olhar azul daquele homem através do
espelho.
— Fico tão feliz, estava louca pra isso acontecer algum dia. Eu adoro
esse rapaz, querida.
— Eu sei.
Conversamos um pouco mais e, depois de me despedir dela, desliguei
o telefone. Meu homem lindo, que estava um pouco afastado para me dar
espaço, questionou:
— Mais que perfeito?
— Pode tirar esse sorrisinho vitorioso do rosto, seu metido —
brinquei, indo abraçá-lo.
Não estava conseguindo me manter afastada do seu corpo, dos seus
braços, da sua boca. Por isso levei meus lábios aos dele e lhe dei um beijo
para saciar minha vontade.
Nossos beijos deixaram de ser inocentes há muito tempo, e foi
exatamente o que aconteceu naquele; enquanto nossas línguas se
encontravam em sua dança sensual. Alex me levantou do chão, e eu
aproveitei para entrelaçar minhas pernas em sua cintura.
Ele me colocou sobre a bancada de mármore que tinha no ambiente, e
continuamos nosso beijo afoito. Toda vez que nossas bocas se encontravam,
parecia como se fosse a primeira vez. Uma sensação única, de desejo,
devoção, puro amor.
Ao nos afastar, Alex ainda segurou meu rosto por um momento e
disse:
— Vamos nos arrumar para jantarmos na ilha que comentei com
você.
— Sim, senhor.
Seus olhos brilharam, mas daquela vez ele só me deu um selinho e
fomos nos arrumar.
Terminei de me preparar e olhei a minha imagem no espelho, achando
que estava bem: um vestido colado, azul royal, um salto meia pata preto e
uma clutch. Não me lembrava daquela roupa ser colocada em minha mala,
mas Kat e minha mãe fizeram um trabalho completo mesmo.
Voltei para o lado exterior do iate, e Alex já me esperava para dar a
partida. Ele tinha dito que não queria fazer isso enquanto eu me arrumava,
para eu não perder o pôr do sol. E entendi o seu motivo: assim que me
aproximei de onde ele estava e observei o céu se tornando alaranjado, meu
coração ficou apertado no peito. Era lindo. Mágico… Como tudo o que eu
estava vivendo naqueles dias.
— Vamos? — Alex questionou, e eu só pude assentir.
Partimos para a tal cidadezinha que ele disse, que ficava a mais ou
menos meia hora de onde estávamos. Quando chegamos no local, imaginei
que talvez ali fosse o lugar perfeito para passar uma das nossas noites.
Era bem iluminada e mesmo à distância podia ver sua exuberância,
parecia uma cidade de interior, muito acolhedora. Assim que descemos do
iate, Alex segurou minha mão e começou a caminhar comigo pelo lugar, o
que agradeci. Várias lojinhas ficavam abertas até tarde, e eu me peguei
sorrindo para um pequeno showzinho que estava tendo por uma viela que
passamos.
Passeamos pela cidade e até tiramos algumas fotos com a decoração.
As pessoas pareciam felizes, o que me agradou. Guardei na mente que
voltaria àquele lugar, pois havia amado.
— É muito lindo.
— Vim aqui uma única vez e foi o bastante para me apaixonar pelo
lugar, por isso, quis te trazer.
— Amei, de verdade, mas como você descobriu?
Ele abriu um sorriso como se lembrasse de algo muito bom, e logo
comentou:
— Meu pai me trouxe aqui quando eu tinha uns quinze anos, e é uma
das melhores lembranças que tenho dele até hoje. — Continuamos andando,
enquanto ele me guiava para algum lugar. — Eu estava triste, já que minha
mãe queria obrigar meu pai a me mandar para um colégio interno. Irado, na
verdade, pois dona Grace tinha conseguido estragar o único passeio que eu
amava, que era vir para a ilha. Meu pai, vendo o meu estado, me trouxe aqui.
Nunca perguntei como ele achou esse lugar, mas foi uma das minhas últimas
lembranças boas com ele.
Tinha ficado comovida com sua história, porque eu sabia que sua mãe era
uma mulher intragável, mas nunca imaginei que seria capaz de querer mandar
o filho para um colégio interno.
— Sinto muito — murmurei, pois eu realmente sentia. E ele só
balançou a cabeça.
Não queria vê-lo tão triste, como pareceu ficar ao relatar sobre a sua
lembrança com o pai. Foi aí que algo se acendeu em minha mente.
— Você sabe o motivo de o seu pai ter deixado a cláusula que obriga
você a se casar?
— Eu acho que ele não queria que ficássemos com o dinheiro.
Sinceramente, não sei o motivo, mas penso que seja isso.
— Não concordo, Alex. Seu pai parecia te amar, então não sei por que
queria te obrigar a casar.
Sem resposta, ele somente deu de ombros e acenou com a cabeça para
o lugar onde finalmente tínhamos chegados. Era um restaurante que ficava
em uma parte mais elevada da ilha. E parecia bastante romântico.
Sua iluminação era amena, com velas que faziam tudo ficar ainda
mais encantador. Entramos, e uma hostess nos direcionou um sorriso
completamente simpático.
— No que posso ajudar?
— Fiz uma reserva, em nome de Alex O’Donnell.
A mulher voltou seus olhos para a lista que estava em sua mão,
enquanto eu observava ao redor. O restaurante estava lotado.
— Claro, me acompanhem.
Ela nos levou até uma mesa mais afastada, que tinha vista para o mar.
Eu me encantei ainda mais com o lugar. Quando o garçom se aproximou,
Alex pediu uma taça de vinho e questionou se eu aceitava. Assenti, pois o
momento permitia que eu provasse um pouco de álcool.
Meu amigo segurou minha mão por cima da mesa e encarou meus
olhos por alguns minutos, me deixando constrangida. Eu ficava muito assim
com Alex. Meio boba e envergonhada quando ele me direcionava aquele
olhar completamente encantador e que parecia me devorar. Sentia um fogo
apossar do meu corpo, minha pele queimava, e também fazia com que eu
ficasse completamente absorta a tudo que estava acontecendo ao nosso redor.
Eu só tinha olhos para Alex, só para aquele homem que mexia tanto comigo.
— Posso te fazer uma pergunta? — o homem à minha frente
questionou.
— Até duas, Alex.
Ele abriu um sorriso daqueles que me matavam, e só pude aguardar
ansiosa pelo que ele tinha a dizer.
— Se depois desses dias que passamos na ilha, mesmo que não
tenham se completado os trinta dias... Se eu fizesse aquela mesma pergunta
de algumas semanas atrás, você diria sim?
Nunca imaginei que aquele assunto voltaria tão cedo entre nós, mas,
daquela vez, eu estava com a minha mente completamente encantada por
aquele homem. Não pude responder outra coisa que não fosse:
— Eu responderia… sim. Ainda acho que para um casamento
devemos nos conhecer mais, mas pelo pouco que descobri de você nesses
dias, eu diria sim. Já conhecia uma parte sua e agora a outra que conheci
como homem foi o que precisava para me conquistar.
Ele tomou um gole do seu vinho, que tinha chegado minutos antes de
fazer a pergunta.
— Que bom, mas fique tranquila. Eu não vou fazer o pedido agora,
vou cumprir os trinta dias, só estava curioso.
Assenti, e senti uma leve decepção. Pelo jeito eu era uma caixinha
desordenada, pois em um primeiro momento fiquei assustada com sua
pergunta e depois queria que ele repetisse a pergunta. Totalmente confusa,
era isso.
Fizemos nossos pedidos e conversamos várias amenidades durante
nosso jantar. A todo instante Alex dava um jeito de tocar em mim. Parecia
que ele, assim como eu, não conseguia se manter mais afastado.
Gostava daquilo, pois estávamos no mesmo barco, completamente
loucos um pelo o outro. Foi aí que algo passou por minha cabeça e resolvi
falar abertamente com ele. Já tínhamos intimidade suficiente para isso.
— Podemos não ser noivos ainda, e nem sabemos se vai dar tudo
certo, mas eu posso te considerar meu namorado, Alex? Não estou gostando
mais de me referir a você como um simples amigo.
Com aqueles olhos que me deixavam maluca, ele olhou nos meus, e,
com um sorrisinho sacana, respondeu:
— Pensei que você já me considerasse seu namorado. — Eu podia ver
o tom de brincadeira que usara.
— Não teve nenhum pedido, então…
Deixei subentendido que a culpa era dele por ainda estarmos sem um
rótulo. Que besteira.
Alex não pareceu pegar a deixa, porque apenas se mostrou pensativo,
mas bebeu um pouco de vinho, calou-se e logo voltou a falar sobre qualquer
outra coisa que não fosse meu comentário.
Fiquei um pouco frustrada, confesso, mas imaginei que tinha sido um
pouco invasiva.
Depois disso, comemos uma sobremesa maravilhosa, e decidimos
andar um pouco mais pela cidade. Na saída do restaurante, um homem
esbarrou em Alex, pedindo desculpas efusivas, que foram aceitas, e nós
seguimos.
Foi só quando passamos por uma mulher que vendia rosas na calçada,
mesmo àquela hora, que Alex simplesmente parou e comprou uma. Não me
entregou de imediato, mas me conduziu até próximo ao píer, encostando-me
na murada, cercando-me com seus braços, enquanto o vento chicoteava meus
cabelos.
Gentilmente ele pegou alguns fios que cobriam meus olhos e os
colocou atrás da orelha.
Já era quase dez da noite quando decidimos que era hora de voltar
para a ilha, já que eu estava exausta. E não era para menos, foi uma tarde
regada a sexo, e eu ainda estava em cima de um salto de quinze centímetros
que estava me matando.
— Sabe, Meg… Eu não saberia dizer quando me apaixonei por você,
mas quando me dei conta, fiquei assustado… — ele divagou.
— Como assim, assustado?
Ele deu de ombros.
— Sei lá… Naquela época as coisas não estavam muito bem para
mim. Meu pai tinha morrido, minha mãe nunca foi muito afetuosa, e eu
estava namorando Cameron, a quem não amava. Eu sentia como se estivesse
seguindo um caminho muito errado. Daí você apareceu. — Alex sorriu de
forma terna e acariciou meu rosto com as costas da mão. — Tão sincera, tão
generosa, tão diferente de todas as pessoas que conhecia. Eu queria te ver
todos os dias, por isso comecei a frequentar o Delicatto. Queria saber mais
sobre você, descobrir o que colocava aquele sorriso no seu rosto todos os
dias… o que te fazia brilhar daquele jeito, ao menos aos meus olhos…
— Alex… — sussurrei, com a voz embargada pelo choro que
começava a se manifestar.
— Quando percebi que começava a me apaixonar, fiquei com medo,
pois você era a melhor pessoa que rondava minha vida, e eu não queria ter
perder. Depois veio a negação... eu não podia te amar. Mas era impossível,
Megan. É impossível não te amar. Você é a pessoa mais leal, carinhosa,
meiga, verdadeira, apaixonante que eu conheço. Eu te amo, e qualquer
homem com um pingo de juízo na cabeça ficaria muito honrado em ser seu
namorado. Provavelmente eu nem te mereço, mas queria essa chance. Você
me permite? Ser o cara que vai tentar te fazer feliz?
Rindo como uma boba por entre as lágrimas, perguntei:
— Você está me pedindo em namoro?
Ele ergueu uma sobrancelha, divertido.
— Achei que tinha ficado óbvio… Será que eu sou mesmo assim tão
ruim em fazer pedidos? Posso me ajoelhar aqui se…
Alex foi começando a fazer o que disse, agachando-se, mas eu o
impedi.
— Não… Não! — exclamei alarmada. — Você foi ótimo. Por
favor… não me leva a mal, eu só estou atordoada. Num bom sentido.
— É assim que eu pretendo te deixar pelo resto das nossas vidas. Mas
você aceita ou não, afinal?
Ok! Vamos pontuar algumas coisas aqui. Eu havia brincado com Alex
sobre o pedido, mas só consegui sentir meu choro se intensificar. E só pude
assentir, sem responder nada, pois, se fizesse, deixaria que as lágrimas
escorressem por meu rosto.
Então fui tomada em seus braços de rompante, e seus lábios
assaltaram os meus quase com desespero. Alex me ergueu do chão alguns
centímetros, enquanto me beijava, quase que para demonstrar o quanto estava
feliz.
— Se isso foi um pedido de namoro, imagina quando você fizer o de
casamento. — Sorri, enquanto ele me colocava no chão, dando uma
piscadinha cúmplice.
— Bom, eu fui péssimo no meu primeiro pedido, então, espero que
você não conte com ele e só aceite o que farei daqui alguns dias.
De mãos dadas, fomos caminhando em direção ao exato local onde
estava ancorado o iate.
— Merda! — exclamei quando senti meus pés começando a me matar
de verdade.
— O que foi? — indagou preocupado.
— Meus pés… não foi uma boa escolha de sapato para andar tanto.
— Não seja por isso…
Agachando-se, de supetão, Alex me ergueu em seu colo, começando a
me carregar, como sempre, sem vacilar.
— Alex! Não! Você não precisa… — falei, alarmada.
— 30 dias de rainha, Vossa Majestade. Isso inclui ser carregada
quando seus pezinhos estiverem doendo… Foi o combinado, e eu sou um
homem de palavra — respondeu com toques de cinismo, e eu só pude relaxar
e envolveu seus ombros com meus braços, aproveitando o homem
maravilhoso que era meu.
Chegamos ao iate, e assim que fui colocada no chão, tirei meu salto,
para andar sem ele pelo iate. Alex foi na frente para começar a dar a partida,
pois íamos demorar ao menos uma hora e meia para voltarmos para a ilha,
então, ele queria ser o mais rápido possível para eu poder descansar.
Só que assim que pouco antes de partirmos, ele começou a tatear os
bolsos da calça.
— O que foi? — questionei.
— Deixei meu celular no restaurante, você se importaria de eu ir lá
buscar?
— Claro que não, só não me peça para ir junto, estou muito cansada.
Ele se aproximou e segurou meu rosto, depositando um beijo leve em
meus lábios.
— Não faria isso com você. Me espera na cama, o que acha?
— Pensei que íamos voltar para a ilha — brinquei.
— Vamos voltar, mas podemos fazer uma parada no meio do mar,
para eu te foder do jeito que descobri que você adora.
Só de ouvi-lo sussurrar aquilo perto do meu ouvido fiquei excitada.
— Volta logo, então.
Depois de mais um beijo eu o vi sair do iate e caminhar apressado até
o restaurante. Ele não ficava longe de onde estávamos, no máximo em quinze
minutos estaria de volta. Mas esses quinze minutos poderiam ser uma
eternidade para quem estava correndo perigo; e ao ouvir uma voz abafada
atrás de mim, descobri que não estava segura.
— Fique quietinha.
Escutei uma arma sendo destravada, e logo a senti sendo encostada
em minha cabeça. Deixei a rosa cair da minha mão, sabendo que algo muito
ruim ia acontecer.
CAPÍTULO 16

Estava ansioso para voltar ao iate, imaginando o quanto seria


maravilhoso a nossa noite de amor, sob a luz do luar. Chegue ao restaurante e
o celular já estava na recepção me aguardando. Esta me informou que ele foi
entregue por um homem, que esbarrara em mim na rua e o encontrou caído
no chão. Lembrei-me do episódio e fiquei feliz por ainda haver pessoas
honestas.
Assim que comecei a retornar, passei pela mesma senhora de antes e
ela ainda não havia vendido muitas rosas, por isso, achei uma boa ideia
surpreender ainda mais a minha namorada.
Tudo estava indo bem demais, então, que eu continuasse a
encantando. Depois de comprar todas as rosas da mulher e ainda te passar um
valor a mais do que pediu, fui embora. Ela merecia porque indiretamente
seria a responsável por mais um sorriso maravilhoso de Megan.
Quem sabe eu não enchesse nossa cama de pétalas para fazer amor
com ela da forma mais romântica possível?
Não entendia o motivo, mas conforme fui me aproximando do pier,
algo estava me incomodando e eu não sabia o motivo. Ao avistar o iate
respirei aliviado, provavelmente seria só por ter ficado afastado de Megan por
mais minutos do que eu pensava, já que nos últimos dias nós nos
mantínhamos tão unidos que parecíamos um só.
Subi para o iate, mas mal dei dois passos e estaquei no mesmo lugar.
A rosa que dei para Megan estava jogada no chão, ao lado dos seus sapatos.
Eu poderia ser passional demais, no entanto, aquilo não estava nada bem. Eu
sabia que não estava, já que ela nunca deixaria um presente que dei a ela
jogado daquela maneira.
Pousei o buquê sobre a cadeira de vime do deck saí pelo iate, a
procura de Megan. Fui calmamente, pois estava com medo do que poderia
encontrar. Mas não precisei andar muito para vê-la, com lágrimas escorrendo
por seu rosto e um homem com uma máscara de pano sobre o rosto, que me
permitia ver somente seus olhos e um pouco do nariz, apontando uma arma
para sua cabeça, enquanto a segurava pelo ombro.
— Solte-a — vociferei.
Mas o cara não parecia propenso a obedecer, pois soltou uma leve
gargalhada.
— Quem dita as regras aqui sou eu, riquinho. Então vamos fazer
assim, por que você não coloca essa maravilha aqui para ganhar o mar?
— Eu não vou fazer isso, se for dinheiro que você quer, pode soltá-la
que passarei o valor que quiser. Só a deixe ir, pode me fazer de refém no
lugar dela.
Ele apertou a arma na têmpora de Megan, e meu coração disparou,
senti quando engoli em seco por presenciar a cena.
— Não vou ficar me prolongando, coloca esse barco em movimento
agora, se não vou matar a princesinha aqui mesmo.
Levantei minhas mãos como se pedisse calma e assenti. Sabia que não
podia sair da cidade com Megan de refém, mas o que faria se o cara não
queria barganhar? Eu precisava ir de acordo com o que ele mandava até
conseguir uma brecha para desarmá-lo.
— Tudo bem, eu vou fazer o que pediu.
Ele veio atrás de mim, e eu podia sentir a respiração alterada da
mulher que amava. Ela estava extremamente nervosa. Claro que sim, estava
sendo obrigada a passar por aquele trauma e eu nem podia fazer nada,
enquanto ela ainda era mantida nos braços daquele homem que ainda não
havia entendido o que estava fazendo ali.
Antes de dar a partida tentei novamente falar com o homem, mas ele
fez algo que me deixou irado, puxou o cabelo da minha mulher fazendo com
que gritasse e saíssem mais lágrimas dos seus olhos.
Eu queria matá-lo, isso já era um fato. Não sabia quem era, mas
quando vi a cena de Megan chorando, eu já tinha uma convicção na minha
vida – queria matar aquele homem e quem o estivesse pagando para fazer
aquilo.
— Eu preciso pegar o equipamento — blefei. Esperava que ele não
entendesse de pilotar iates, porque eu não precisava de nada. Só que meu pai
e eu tínhamos porte de armas, e uma delas estava guardada dentro do iate,
porque ele realmente chamava muita atenção e temíamos tentativas de
assalto, como julguei que aquela fosse.
— Seja rápido. Estou de olho.
Fui caminhando com todo o cuidado, enquanto não tirava os olhos
dele. Agachei-me na frente de um armário, aproveitando o fato de ser grande
e de ombros largos para esconder o que estava fazendo. Escondi, então, a
arma no cós da calça, esperando que a blusa que eu usava, pólo, a
escondesse.
Por bem da minha mulher, coloquei o iate em movimento, indo em
direção ao caminho que o homem indicava. Não era nem perto da ilha onde
estávamos ficando, então já imaginava que aquilo era tudo de caso pensado.
— Eu posso te dar o quanto quiser em dinheiro, é só deixá-la em paz
— vociferei.
— Você não entendeu, meu prêmio aqui é essa vadiazinha, então,
nada do seu dinheiro pagará isso.
No momento em que ele disse isso, eu soube que não podíamos
chegar aonde ele estava me levando. Não podia deixar que eles tirassem
Megan de perto de mim, não mesmo. Fechei minhas mãos, sentindo meus
dedos estalarem. Pelo reflexo do vidro à nossa frente eu podia ver o rosto de
Megan. Ela estava calada, mas ainda chorava discretamente, e eu estava me
sentindo a pior pessoa do mundo por tê-la deixado sozinha. Se eu não tivesse
saído, nada disso teria acontecido.
Ao perceber que as coisas estavam bem mais complicadas do que um
assalto, Megan começou a se debater, tentando se soltar para me ajudar, mas
ele a segurou com força e deu uma coronhada nela.
— Seu filho da puta! — vociferei.
— Melhor assim… odeio mulher teimosa.
Ele se colocou sentado ao lado de onde eu estava, puxando Megan
violentamente para sentar-se no colo dele, desmaiada. Mais um motivo para
eu ficar mais irado.
Aquele foi o primeiro erro dele. Deixou-me de pé, em vantagem.
De soslaio, não parei de observá-los. Por uma fração de segundo, vi
quando o homem abaixou a arma para arrumar sua máscara que parecia o
estar incomodando. Este foi seu segundo erro. Sem nem respirar, encostei
uma arma em sua cabeça, tirando seu capuz.
— Solte a arma e a moça.
Ele ainda hesitou, apenas lançou sua arma no chão, mas ele não soltou
Megan. Levantou-se de um rompante, mantendo-a na frente de seu corpo
como escudo.
— Solta a minha mulher, filho da puta! — rosnei como um louco,
olhando em seu rosto, do qual nunca iria me esquecer.
— Sei que você não vai querer machucar sua namoradinha — ele
sussurrou, parecendo nervoso, enquanto se afastava para a borda do iate.
— Se você sonhar em pisar fora desse iate com a minha mulher, eu
vou matar você e todos que estiverem envolvidos.
— Então vai ter que matar pessoas muito próximas a você.
Minha mira era perfeita, devido aos anos que participei dos treinos de
tiro para poder portar uma arma decentemente. Se o cara saísse de trás de
Megan, morreria, e ele sabia disso.
Só que eu não esperava sua atitude a seguir. O homem simplesmente
ergueu Megan do chão, ainda mantendo-a coo escudo.
— Solte a arma ou eu vou jogá-la no mar.
Ele girou por alguns centímetros, ficando um pouco mais vulnerável,
e eu atirei em seu braço, o que o fez gritar. Só que isso o deixou irado, e ele
usou o outro para lançar Megan ao mar.
— Megan! — gritei apavorado. — Filho da puta! — berrei, mas ele se
aproveitou do meu desespero, correndo para o outro lado do iate, também se
lançando no mar.
Eu atirei no desgraçado, e sei que o acertei novamente, porque alguns
respingos de sangue mancharam a tinta branca do iate, do outro lado, mas
minha preocupação naquele momento era a minha mulher.
Em um rompante de lucidez, lancei a escada náutica de corda, como
era uma emergência, para poder subir com ela depois.
Mergulhei na água, começando a buscar por Megan. Desmaiada, ela
não duraria muito tempo submersa.
Busquei-a por alguns minutos e acabei encontrando-a, agarrando-a e
enganchando-a com força, subindo a escada e sustentando o peso inteiro dela,
desacordada, em um braço.
Praticamente joguei-me com ela no chão do iate, assim que pisei nele,
sentindo-me ofegante, mais pelo desespero do que pelo esforço.
Ao longe, enxerguei uma lancha se distanciar, provavelmente depois
de pegar o bandido da água, sumindo na escuridão do mar. Mas eu não podia
esperar que voltassem, por isso fiquei atento e fiz massagem cardíaca no
peito de Megan, em movimentos urgentes, desejando desesperadamente que
voltasse para mim.
Ela foi despertando do desmaio, eu a virei de lado para que tossisse e
expelisse a água que engolira. Então eu a peguei em meus braços, tirando-a
do chão. Coloquei-a na poltrona, ao lado do timão, onde o homem estivera
sentado há minutos, e dei a partida. Chegaríamos à ilha, pegaríamos nossas
coisas e voltaríamos para Nova Iorque, mesmo que nossos dias ainda não
tivessem sido cumpridos.
Quando estávamos bem afastados do local onde o criminoso tinha
encontrado seus parceiros, parei um pouco o iate para ver como Megan
estava. Olhando para ela, podia ver que estava abalada, morrendo de frio.
— Amor, como você está? — Puxei-a para os meus braços e a apertei
firme para ela perceber que estava segura.
— Com medo. Quem era aquele homem? — questionou, meio
chorosa.
— Não conheço ele, meu amor. Mas vou descobrir assim que
chegarmos a Nova Iorque.
Ela se afastou, olhando-me confusa.
— Preciso trocar de roupa, pois estou morrendo de frio, mas antes
quero saber: o que significa voltarmos para Nova Iorque?
Seu questionamento me pegou de surpresa, pois ela parecia estar
realmente chateada com o que falei.
— Megan, não podemos ficar na ilha. Eles querem te sequestrar, e nós
dois sozinhos lá poderia ser uma forma de eles conseguirem fazer mal a você.
Então não vou permitir isso.
— Mas, Alex, nós não precisamos voltar, por favor. Não faz isso,
ainda temos uns onze dias pela frente, podemos curtir muito mais. Estamos
nos dando tão bem, tenho medo de voltar agora e nossa bolha estourar.
Respirei fundo e levantei-me da poltrona, colocando o iate para tomar
vida. Já estava há muito tempo parado, não queria que os homens nos
alcançassem de novo.
— Alex, me escuta, eles não vão voltar. Tentaram pegar a gente
desprevenido, agora não será mais assim. Por favor, vamos voltar para a ilha.
— Megan… — Tirei minha atenção do mar e voltei-me para ela. Seus
olhos estavam marejados, e eu me odiei por fazê-la querer chorar. — Você
não está pensando com coerência. Primeiro que vai ser como se estivéssemos
aqui, mas estaremos com pessoas ao nosso redor. Eu não vou deixar de te
amar e nem você vai deixar de me amar. Segundo, eu não posso voltar para
um lugar onde você não estará inteiramente protegida, me culparia pelo resto
da vida se você se ferisse novamente por minha culpa.
Ela se aproximou de mim e colocou a mão sobre meus lábios. Depois
voltou a dizer:
— Mas eu quero ficar meus trinta dias com você, por favor, me dê o
que me prometeu, Alex. Eu quero meus trinta dias.
Queria poder dizer que iríamos ter tudo o que ela quisesse, mas não
havia acordo nenhum que se sobreporia à sua segurança. Segurei seu rosto, e,
sem conseguir me conter, beijei seus lábios. Calmo, lento, só provando e
sentindo que estava tudo bem. Eu ainda estava cheio de adrenalina pelo que
tinha acontecido, mas iria fazer tudo com calma.
Por isso, achando necessário, afastei-me dela, passei novamente a
mão pelo seu rosto e comentei:
— Vá trocar de roupa. Assim que você voltar, pensaremos se
voltaremos ou não para Nova Iorque. Não quero ficar parado em um lugar
por muito tempo.
Ela assentiu, mas antes de sair puxei seu braço para questionar
novamente:
— Você está bem?
— Sim, eu sou forte, Alex. Isso não vai me desestabilizar.
Engoli em seco, pois suas palavras me pegaram de surpresa. Não por
eu não saber que ela era forte, e, sim, pelo quase sequestro. Eles iriam tirá-la
de mim. E que o diabo me corrigisse, mas algo me dizia que eu sabia o
motivo – aquele maldito casamento.
— Eu sempre te admirei por ser essa pessoa forte, e saiba que nada
mais vai te acontecer. Ninguém mais vai se aproximar de você, está me
ouvindo?
— Claro, meu amor. — Beijou meus lábios e, com um meio sorriso,
disse: — Volto logo. Por favor, vamos ficar na nossa ilha.
Peguei-me sorrindo enquanto a observava entrar no interior do iate;
era realmente nossa ilha, pois ninguém ia lá além de mim. Voltei a andar com
o iate, em direção à ilha, mas antes liguei para Eva e George; eles tinham
voltado há dois dias, mas ficaram reclusos, em uma casinha em anexo, para
não nos atrapalhar em nada.
Quando George atendeu, pedi que revirasse a casa para ver se estava
segura. E enquanto Megan não voltava, acompanhei tudo pela ligação .
Quando ele me garantiu que nada estava fora do lugar, que tudo na ilha
estava normal, desliguei o telefone mais tranquilo.
Megan apareceu minutos depois com um moletom que ela
provavelmente deveria ter achado na cabine, pois era muito maior do que ela.
— Vamos voltar para Nova Iorque? — sussurrou, próximo ao meu
corpo.
— Não. Eu bem queria, para não ficar paranoico com sua segurança,
mas você quer continuar comigo, então, eu só posso atender ao seu pedido,
Megan.
— Obrigada. — Beijou meu braço e abriu um sorriso.
Vê-la sorrindo era melhor do que triste, chorando e assustada como
minutos atrás. Abracei sua cintura e fui assim com ela até chegarmos à ilha.
Quando saímos do iate, Eva e George nos esperavam, preocupados. Ele nos
conduziram para dentro da casa e preparam um leite quente com canela para
nós, mas eu recusei prontamente, no entanto, Megan aceitou.
Fiquei satisfeito que ela estivesse conseguindo se alimentar
tranquilamente depois de tudo.
— Vamos indo para a nossa casa, senhor. Qualquer coisa é só nos
chamar.
Assenti para Eva, enquanto ela e seu marido se afastavam. Amava o
jeito reservado dos dois, sempre foram assim, e eu sempre os adorei.
— Que tal um banho para você relaxar, meu amor? — questionei
quando vi que ela tinha terminado sua caneca de leite.
— Sim, eu aceito.
Estendeu a mão para mim e nós subimos para o meu quarto. Enquanto
Megan foi entrando no quarto, e antes de começar a se despir, pegou seu
celular que ela havia deixado em cima da cômoda do meu quarto. Retirei a
arma que mantive em minha cintura e a coloquei dentro da gaveta ao lado da
cama. Não ficaria desarmado naquela casa.
Ouvi Megan se assustar com algo e me voltei para ela. Seus olhos
tinham voltado a se encherem de lágrimas, e sua mão fora levada à boca,
enquanto ela olhava alguma coisa na tela.
— O que foi, meu amor? — questionei e me aproximei o mais rápido
que pude.
— Alex, realmente teremos que voltar para Nova Iorque
imediatamente.
Ela me mostrou a tela do seu celular e se eu já havia jurado aquelas
pessoas de morte, naquele momento tive total certeza. Dona Kristen estava no
hospital, e a cafeteria tinha pegado fogo misteriosamente. Eu sabia que aquilo
não era só um acidente, então, se queriam fazer mal para as pessoas que eu
amava, teriam que arcar com as consequências.
CAPÍTULO 17

Sentia como se tivessem jogado um balde de água fria sobre meus


sonhos. Eu olhava a para minha mãe, deitada naquela cama hospitalar, e me
dava uma vontade absurda de chorar. Mas eu seria forte. Agora, além da
hipoteca, eu também teria que arcar com as consequências de consertar o meu
café que tinha ido à ruína pelo fogo.
Abaixei minha cabeça e segurei a mão da minha mãe. Os médicos
falaram que ela estava bem, mas teria que ficar em observação por ter inalado
um pouco de fumaça. Senti uma lágrima traiçoeira escorrer por meu rosto,
mas tratei de limpá-la logo. Não deixaria que aquele dia me afetasse tanto.
Minha mãe estava bem e iria ficar ainda melhor.
Ouvi uma batidinha na porta e logo ela foi aberta por Alex, que estava
acompanhado de um homem tão alto quanto ele, mas mais corpulento. Nunca
o havia visto, mas pelo jeito Alex o conhecia. O homem tinha uma expressão
fechada e parecia bem centrado. Franzi meu cenho, no entanto, Alex se
aproximou de mim e colocou a mão em meu ombro.
— Amor, me desculpa te atrapalhar, mas eu tenho pressa. Este é o
Adam, um amigo investigador, e ele queria falar com você para saber se
aquele homem no iate falou algo antes de eu chegar?
Eu realmente não queria ser perturbada naquele momento, com a
minha mãe em uma cama de hospital. Mas também tinha noção de que não
podia deixar aquilo barato e se Alex queria que eu relembrasse aqueles
momentos para tentar fazer seu amigo pegar aquele homem, eu faria.
Assenti e me retirei do quarto. Olhei pelos corredores, percebendo
que Katherine havia ido embora. Ela tinha ficado todo o tempo com minha
mãe, mas precisava voltar para a sua casa. E eu a entendia.
Voltei-me para o homem e para meu namorado, e o desconhecido me
cumprimentou todo cortês, mas sem demonstrar nenhum sorriso. E aí eu
contei o que havia ouvido.
— Bom, prazer. — Respirei fundo para continuar. — Ele fez uma
ligação, enquanto Alex não chegava e falou que já estava com a encomenda,
que já era pra ficarem no lugar combinado. De resto só me xingou e falou que
eu estava me metendo onde não devia.
— Você sabe ao quê ele quis se referir? — o homem tinha uma voz
grossa que combinava perfeitamente com sua pose de sisudo.
Olhei para Alex, pois tinha uma leve impressão de que se tratava
sobre o nosso envolvimento, e ele, entendendo o meu olhar, voltou-se para o
tal amigo.
— Adam, eu acho que é por nós termos nos relacionado.
O homem contraiu sua expressão e assentiu. Depois se voltou para
mim dizendo:
— Se você quiser voltar para o quarto com sua mãe, já finalizei o que
precisava saber. O resto, Alex me conta.
Assenti e, antes de voltar ao quarto, Alex segurou meu rosto
carinhosamente e levou seus lábios até os meus, me dando um selinho de
despedida.
— Vai dar tudo certo.
— Sei que vai. — Tentei sorrir, mas não estava com vontade.
Voltei para a minha mãe, pois no momento só ela me importava.
Assim que abri a porta do quarto, vi que tinha despertado.
— Mamãe — sussurrei e avancei sobre ela, abraçando-a lentamente,
já que não estava cem por cento bem.
— Querida, não queria ter estragado seu passeio — murmurou,
enquanto tentava me abraçar da melhor forma.
— Você nunca estraga nada, mamãe. Sempre foi minha prioridade —
respondi, afastando-me dela e afagando seu rosto.
— O que foi esse corte em sua cabeça? — questionou, e com um
suspiro me sentei na mesma cadeira onde estava minutos atrás.
— Acho que foram as mesmas pessoas que fizeram isso com a
senhora.
Mamãe ficou pensativa, porém voltou a questionar:
— Você acha que isso é por causa do seu envolvimento com o Alex?
Assenti sem dizer nada, pois mesmo tendo completa convicção de que
era por causa do nosso envolvimento, eu não queria acreditar que alguém
seria capaz de machucar a pessoa que eu mais amava por isso. Não queria
pensar que estaria entrando em um ninho de cobras tão peçonhentas.
— Não fica assim, meu amor. — Mamãe segurou a minha mão com
força e completou: — Às vezes amar alguém como Alex nos coloca em risco,
mas uma coisa eu te digo: você nunca deve desistir da sua felicidade por
causa dessas pessoas. Tenho certeza de que aquele homem vai encontrar uma
maneira de te manter a salvo, e eu não quero te ver infeliz. Então prometa-me
que será feliz, e eu sei que sua felicidade é com ele, pois você não tinha esse
brilho nos olhos quando saiu de casa há quase vinte dias.
Tentei não abrir um sorriso, mas foi impossível com ela falando
daquela maneira. Só que ela ainda estava em uma cama de hospital, então,
não dava para ser tão imprudente para aceitar aquilo.
— Mamãe, eles podem fazer o que quiserem comigo, mas com a
senhora... Eu não posso ficar com o Alex, sabendo que vão machucá-la.
— Querida, tenho absoluta certeza de que Alex não irá nos deixar
andar sozinhas. Acho que seria meio impossível alguém nos machucar a
partir de agora. Ele só foi pego de surpresa.
Isso era um fato; ele não esperava que alguém fosse nos surpreender
dessa maneira. E eu realmente não sabia se conseguiria viver sem aquele
homem em minha vida. Não sabia o que fazer, de verdade.
A pedido da minha mãe, contei para ela um pouco sobre o que
aconteceu na ilha, e ela ficou encantada por saber que Alex me tratou tão
bem; como uma princesa mesmo.
— Eu sabia que esse garoto não me decepcionaria.
— Larga de ser team Alex dessa forma — repreendi, mas abri um
sorriso.
— De jeito algum! Adoro aquele rapaz, ainda mais por ter colocado
esse brilho em seus olhos.
Minha mãe não tinha jeito, ela sempre ficaria do lado de Alex, isso já
era um fato. Alguns longos minutos passaram até que ouvi batidinhas na
porta e logo ela foi aberta.
Alex colocou a cabeça para dentro e perguntou:
— Posso entrar? — Antes mesmo de eu responder, minha mãe já foi
falando:
— Querido, você sempre pode entrar.
Ele abriu um sorriso e caminhou até nós. Vendo-o tão sem graça com
minha mãe brincando com ele fez meu coração aquecer um pouquinho.
Realmente não tinha como eu desistir daquele homem; eu o amava e não
podia mais viver sem ele. Os dias na ilha serviram para abrir meus olhos para
o que logo se tornou tão claro: a minha paixão por ele, e seria extremamente
difícil abrir mão daquilo.
— Pelo visto a senhora já está boa. — Alex pegou a mão da minha
mãe, beijando-a.
— Foi um susto que já passou. O café foi destruído, mas tenho fé que
vamos reerguê-lo.
— Claro que vão, eu me empenharei para trazer o café de volta para
vocês o mais rápido possível.
Olhei para ele abruptamente, do que ele estava falando?
— Alex, não precisa se preocupar com isso. Megan e eu depois
damos um jeito…
— Dona Kristen, eu faço questão. Sinto que o que aconteceu é
inteiramente culpa minha, então, nada mais justo do que eu resolver. — Vi
que ele realmente estava se sentindo um pouco culpado e não queria que
ficasse daquela forma.
Ele não tinha culpa de ser perseguido por malucos.
— Depois nós vemos isso, querido — mamãe tentou desviar o
assunto, pois eu sabia que ela não gostava de parecer um problema para
ninguém.
Meu até então namorado, olhou para mim, parecendo querer dizer
algo, mas desistiu. Só que minha mãe nunca deixava nada passar, então,
falou:
— Que tal você tirar essa garota daqui um pouquinho? Ela já está me
sufocando.
— Mamãe — repreendi.
— Vá tomar um café. — Acenou, despedindo-se de mim.
Com um suspiro, levantei-me, pois eu realmente precisava conversar
com Alex. Dei um beijo na testa de mamãe, e senti quando a mão do meu
namorado parou na curva da minhas costas. Ele me conduziu para fora do
quarto, onde vi um homem com um terno preto, que possuía uma logo no
blazer.
Levantei uma sobrancelha em sua direção com um questionamento
mudo.
— É um segurança que deixarei aqui para proteger a sua mãe, é da
empresa de Adam.
— Não sabia que você tinha amigos investigadores — comentei,
enquanto caminhávamos para a área de alimentação do hospital.
— Ele é um antigo conhecido, que foi me apresentado por um outro
amigo em comum. Mark Allen, já ouviu falar?
Estaquei no mesmo lugar, como assim Mark Allen? Um dos homens
mais poderosos de Nova Iorque era amigo do meu namorado, e eu não sabia?
— Você conhece Mark Allen?
— Claro, temos uma parceria de negócios. Todas as joias para a
esposa dele foram compradas em uma das minhas joalherias.
Voltei a caminhar sem acreditar que o mundo ou era pequeno demais,
ou eu realmente não sabia o quanto de dinheiro Alex tinha. Afinal, para
conhecer Mark Allen, você tinha que ser mesmo muito rico. Exatamente por
toda essa fortuna minha mãe estava em uma cama de hospital – ao menos era
o que eu imaginava.
Sentei-me em uma das cadeiras dispostas, enquanto Alex foi buscar
um café e algo para comermos. Segundo ele eu tinha que me manter
alimentada para não passar mal.
Quando ele se sentou, colocou um croissant e um copo de café à
minha frente. Para ele, somente o café. Eu tinha que me alimentar, mas ele,
não. Percebendo minha expressão para sua ousadia, ele deu de ombros.
Homem complicado. Sem fazer muito alarde dei uma mordida no croissant,
que estava muito bom, e tomei um gole da minha bebida.
Enquanto eu mastigava, fiquei olhando para Alex; a todo o momento
seus olhos passeavam pelo lugar. Ele estava um pouquinho paranoico, no
entanto era compreensível. Meu namorado estava preocupado com meu bem
estar, e eu não podia ser mais grata a ele por isso.
Assim que terminei de comer, sussurrei:
— Você não precisa se culpar pelo que aconteceu.
Segurei sua mão por cima da mesa e a afaguei com todo cuidado do
mundo. Eu não queria que ele se sentisse culpado por algo que não tinha
cometido. Seus olhos se voltaram para os meus, e eu tentei sorrir para ele ver
que estava tudo bem.
— Mas mesmo assim sinto que machuquei pessoas importantes para
mim. Quero te pedir desculpas por ter te obrigado a entrar nesse mundo,
Megan.
Meu Deus! O que ele estava querendo dizer com aquilo?
— Alex, para por um momento de se culpar e me escuta. Isso poderia
acontecer de qualquer maneira.. Está tudo bem, ok?
— Não sei se a ideia do casamento é uma boa, Megan, não quero te
prejudicar ainda mais. Vou pagar suas dívidas e o conserto do seu café, mas
acho melhor…
— O que você está querendo dizer? — cortei-o.
— É… eu acho que seria melhor se nos afastássemos…
— Não! — quase gritei em meio ao refeitório.
Ele me olhou assustado. Foi só com suas palavras que percebi que não
poderia ficar sem Alex. Eu realmente o amava, o desejava por completo, ele
era o meu porto seguro. Meu coração estava disparado e quase se cortando ao
meio pelas palavras que ele dissera. Não podia permitir que me deixasse, não
quando a gente tinha encontrado a fórmula perfeita para ficarmos juntos.
— Mas, Megan — sussurrou, fazendo uma expressão de dor —, não
quero machucar vocês, é como se a culpa fosse inteiramente minha.
— Eu já disse que a culpa não é sua, Alex. Não vou desistir de você…
Não posso viver sem você, eu te amo.
— Eu também te amo.
— Você não vai precisar nem fazer um pedido fofo de casamento. —
Abri um sorriso, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. Ele me olhou,
sem entender.
— Como assim?
— Pelo jeito você conseguiu realmente me enfeitiçar nesses dias e
nem precisou de trinta para eu me apaixonar perdidamente e
irrevogavelmente por você, como prometeu. Alex O’Donnel, eu aceito me
casar com você, ser a sua mulher, viver o nosso amor... E isso em menos de
vinte e quatro horas depois de você ter me pedido em namoro.
Deixei que as lágrimas escorressem por meu rosto, pois eu realmente
estava emocionada. Iria me casar com o homem da minha vida.
— Você estragou todo um pedido romântico — ele brincou, enquanto
eu via seus olhos se enchendo de lágrimas, mas ele era mais forte do que eu,
por isso, não deixou que elas deslizassem por seu rosto.
— Não me deixa por causa dessa loucura.
— Não vou te deixar, nunca. Você é minha mulher, e eu
provavelmente não seria forte o suficiente para me afastar.
Levantei-me do meu lugar para abraçá-lo, sem me preocupar se
alguém nos veria. Assim que ele fez o mesmo e me puxou para os seus
braços, soube que ali era o lugar mais seguro onde eu poderia ficar. Assim
que se afastou, Alex grudou seus lábios nos meus em um beijo nada
apropriado para um hospital, mas eu não me importava, estávamos selando o
nosso amor.
Agora eu era noiva do homem da minha vida, e isso era a única coisa
que importava. Eu iria me casar com Alex e seria a dona do seu coração
assim como ele era dono do meu.
CAPÍTULO 18

Dona Kristen tinha recebido alta hospitalar e iria passar alguns dias na
casa de Katherine, até que as coisas estivessem resolvidas com o café e a
casa. O fogo tinha tomado boa parte do lugar, mas ainda bem que só as coisas
materiais foram afetadas.
Tinha passado por minha cabeça terminar tudo com Megan, pois,
querendo ou não, eu sabia que tinha levado o caos à sua vida. Só que quando
ela disse que aceitava se casar comigo foi impossível levar o plano adiante.
Eu amava aquela mulher demais para desistir dela tão fácil. Preferia
lutar contra tudo e todos do que perdê-la, logo quando a tinha conquistado.
Terminei de arrumar a minha gravata e me olhei no espelho; o terno
caía perfeitamente em meu corpo e estava ansioso. Afinal era o grande dia. O
dia de anunciar meu noivado para todos e começar a corrida para me casar
dali a poucos dias.
Não havia tempo, faltava um mês e alguns dias para o meu
aniversário, então tinha que ser tudo muito rápido. No fim, termos voltado
para Nova Iorque mais cedo deu tempo de organizar melhor as coisas. E no
dia em que deveríamos estar voltando da ilha, marquei minha festa de
noivado.
Ouvi uma batida na porta do meu quarto e pensei que talvez pudesse
ser Megan. Eu havia pedido para meu motorista ir buscá-la, mas, para a
minha infelicidade, era a minha mãe, que ainda não havia aceitado muito bem
a minha escolha.
— Eu ainda não estou acreditando que você esteja me obrigando a
receber pessoas de tão baixa categoria em minha linda casa, Alex.
Crispou seus lábios ao finalizar sua fala. Sinceramente, a vontade que
eu tinha de mandá-la caçar outra pessoa pra encher o saco era grande, mas
ainda tentava manter o respeito.
— Mãe, há alguns dias você disse: “arrume uma esposa, pois quero
minha herança”. Arrumei uma esposa, amo aquela mulher e não existe nada
neste mundo que fará eu desistir dela, está me entendendo?
— Eu só imaginei que você arrumaria uma pessoa mais qualificada
para o cargo.
Ela conseguia me irritar muito, diga-se de passagem.
— Quantas vezes vou ter que falar que isso não é um negócio, nem
um emprego? É do meu futuro que estamos falando, eu tinha que escolher
quem me faz feliz e foda-se a sua opinião.
Vi quando dona Grace arregalou os olhos, acho que ela realmente não
esperava essa atitude vinda do filho querido. Mas estava cansado de tanta
chateação para o meu lado. Ela queria a merda do dinheiro, e eu queria a
mulher que amava ao meu lado. Será que seria pedir muito que ela só me
deixasse em paz?
— Como ousa falar comigo dessa forma, Alex? — esbravejou.
— A senhora não me dá escolha, não me deixa ser feliz. Pensei que
ao saber que iria conseguir o seu tão amado dinheiro pararia de encher o meu
saco. Mas, não, continua vindo me atormentar. O que a senhora quer? Perder
toda a herança? Se quiser eu também não me importo, mas continuarei com
Megan.
Saí do quarto, deixando que ela falasse sozinha. Não estava com
paciência para tolerar aquele tipo de atitude da minha mãe. Ela não merecia
nem o meu respeito. Mulher intragável.
Fui até o escritório do meu pai e abri o cofre que ficava em um
compartimento secreto na parede. Tirei de lá a caixinha que eu havia
guardado há alguns dias. Abri e olhei a pedra que tinha em mãos.
Eu tinha mandado fazer aquela peça especialmente para Megan, só
iria existir aquela pedra para ela, pois uma pessoa única merecia algo único e
também por me lembrar da cor dos seus olhos. O anel era de safira – grande o
suficiente para deixar Megan constrangida –, em formato de coração,
acompanhado por duas pedrinhas menores que faziam seu design ser ainda
mais encantador. Fora que a sua circunferência completa era cravejada de
diamantes. Talvez depois de colocar aquele anel em seu dedo eu tivesse que
aumentar a sua segurança, mas não me importava, a minha mulher teria a
pedra mais linda em sua mão.
Fechei a caixinha e coloquei-a dentro do meu bolso. Depois senti meu
celular vibrar, e o que li fez com que um sorriso gigantesco se abrisse em
meus lábios – minha mulher havia chegado. Saí do escritório e fui para a
porta de entrada, onde o carro que havia pedido que a buscasse estacionou.
Desci as escadas e abri a porta traseira, Megan pegou minha mão e saiu do
carro.
Meu coração disparou. O vestido que usava fora um presente meu,
mas nunca imaginei que cairia tão bem em seu corpo. Era longo, na cor
vinho, com detalhes em pedraria abaixo dos seus seios e duas aberturas, uma
entre o seu seio e uma nas costas que faziam meus olhos focarem em seu
corpo maravilhoso, e minha imaginação ganhava uma dose de erotismo que
eu teria que esconder durante toda aquela noite, para poder apreciar o vestido
melhor só quando estivéssemos sozinhos.
— Você está maravilhosa. — Contemplei seu corpo de cima a baixo.
— E você está me deixando envergonhada. — Vi quando olhou para
baixo, e suas bochechas ganharam um leve tom de rosa que me enfeitiçava a
cada dia mais.
Pouco depois, sua mãe surgiu.
— A senhora está linda também — comentei.
— Infelizmente não vou poder ficar muito, querido. Tive uma falta de
ar mais cedo, então, terei que pegar um táxi e...
— Nada disso. Meu motorista irá levá-la para casa em segurança.
— Você é um cavalheiro, meu genro…
Tive que sorrir, porque gostava de como soava.
— Então vamos entrar? Os convidados já estão no salão de festas.
Megan arregalou um pouco seus olhos, respirou fundo e comentou:
— Pelos muros da sua casa eu já tinha percebido que ela era enorme,
mas nunca esperei que você tivesse um salão de festas, isso é surreal.
— Não me culpe, isso é ideia da minha mãe.
— Vamos acabar com esse martírio. Eu queria algo menos
escandaloso, mas tudo bem.
Eu me senti mal com suas palavras, pois sabia como se sentia e nem
eu queria muitas pessoas a nossa volta. Mas o que eu poderia fazer quando
dona Grace colocava algo em sua cabeça? Por mais que não estivesse nem
um pouco satisfeita com o casamento, ela não iria aceitar nada menos do que
algo grandioso para fingir que a escolha de seu único filho fora de seu gosto.
— Desculpa fazer você passar por isso.
— Vou ter que me acostumar, não é mesmo?
— Ah, deixa de ser chata, Megan… O rapaz quer te exibir para todos
— minha querida futura sogra me defendeu, e eu não pude deixar de rir.
Megan me direcionou um sorriso e levou uma de suas mãos ao meu
rosto.
— Ela está certa. Vamos, vai dar tudo certo.
Dei o braço à minha sogra e minha noiva, e nós três caminhamos de
mãos dadas até o salão de festas, que realmente estava cheio de pessoas que
eu nem reconhecia. Quando chegamos no centro do salão fomos recebidos
com uma salva de palmas. Alguns conhecidos me cumprimentaram, e eu
apresentei Megan, que estava indo muito bem.
— Então você resolveu secasar de verdade, O’Donnell, ou vai ficar
enrolando a menina por mais cinco anos? — Mark Allen parou à minha
frente com sua esposa Alicia, que sempre foi um doce de pessoa, diferente de
Mark que só sabia ser um sacana na maioria das vezes.
— O Mark sempre é inconveniente, não dê moral para ele — Alicia
comentou, ao estender a mão para mim e logo dar um abraço inesperado em
Megan. — É um prazer te conhecer, nossa você é tão linda.
— Obrigada — Vi minha noiva corar as bochechas.
Mark estendeu a mão para ela, e Megan correspondeu ao
cumprimento.
— Estava brincando — aquele idiota comentou, voltando-se em
minha direção. — Deu tudo certo com o Adam?
— Tudo, ele já está resolvendo as coisas para mim.
— Sempre profissional.
Conhecia Mark bem antes de ele se interessar por Alicia,
frenquentávamos alguns lugares que seria até complicado mencionar.
Alicia e minha sogra engataram uma conversa sobre o bebezinho do
casal Allen, e eu e Megan as deixamos conversarem.
Como toda felicidade dura pouco, minha mãe se aproximou.
— Finalmente nos reencontramos, Megan.
— Pois é. — Megan fechou a expressão assim que minha mãe se
aproximou dela.
— Mamãe. — Ela olhou para mim e sorriu.
— Vou me comportar, só me aproximei, pois não quero que ninguém
comente que eu estava evitando a noiva do meu filho.
Ela estendeu a mão para Megan, que pegou meio relutante. e eu vi
dona Grace até tentar um sorriso. Talvez fosse um começo, mas eu sabia que
iria demorar para ela aceitar a minha mulher.
— Sempre as aparências não é mesmo, mãe? — comentei, enquanto
me afastava sem deixá-la terminar de responder.
— Estou vendo que passarei por poucas e boas com a sua mãe.
— Ela vai se acostumar com você, principalmente porque te deve
muito, Megan, se não fosse por você perderíamos tudo, então, ela deve beijar
o chão que você pisa.
— Seria engraçado presenciar essa cena. — Megan sorriu ao
comentar.
Cumprimentamos mais pessoas e achei o momento apropriado para
subir no pequeno palco, para oficializar o meu noivado. Assim que Megan se
viu ali com todas aquelas pessoas nos encarando, senti sua mão apertar a
minha. Ao longe pude ver minha tia Elizabeth e Eric nos observando com
ódio chispando por seus olhos.
Peguei o microfone que estava disposto ali e comecei:
— Bom, não é segredo para ninguém que está presente esta noite que
resolvi oficializar meu noivado. Então, sem mais delongas, farei esse pedido
direcionado somente à mulher da minha vida.
Deixei o microfone no lugar, enquanto observava algumas mulheres
olharem para nós com os olhos apaixonados e alguns homens até sorriam em
nossa direção.
Ajoelhei-me em frente a Megan, cujos olhos brilhavam de
consternação e amor.
— Sei que você não esperava por isso, que já tinha até aceitado se
casar comigo, mas prometi um discurso apaixonado, e eu não queria perder a
imagem que estou vendo agora. Você toda linda, com esses olhos
maravilhosos marejados e esse sorriso encantador em seus lábios. Megan,
meu amor, quem diria que chegaríamos nesse dia? Quem diria que você me
daria uma chance de provar o quanto te amo... E pensar que eu jurei que tinha
estragado tudo quando fiz o primeiro pedido de casamento. — Ela riu, e as
lágrimas começaram a escorrer por seu rosto. — Precisei viver muito tempo
para entender o que era amor e como queria viver com alguém pelo resto da
minha vida. Você caiu de paraquedas no meu caminho, e eu só poderia
agradecer ao destino por isso, pois ele me fez o homem mais feliz de todo
esse universo. Talvez você nunca olhasse em minha direção, mas só de saber
que você existia no mesmo mundo que eu, já me bastava. Por que eu te amo,
e o amor é isso, estar contente mesmo que a pessoa não esteja com você. Se
ela estiver bem é o que basta. Mas que bom que você resolveu ficar ao meu
lado.
Algumas pessoas que estavam mais próximas gargalharam com a
minha declaração. E até Megan gargalhou.
— Você aceita ser a dona do meu para sempre? — Primeiro ela
assentiu, enquanto mais uma camada de lágrimas escorria por seu rosto, mas
depois respondeu:
— Sim!
Com isso retirei a caixinha do meu bolso, abri e coloquei o anel em
seu dedo. Assim que levantei, enlacei sua cintura com meus braços e avancei
sobre a sua boca. Não me importava se estávamos fazendo uma cena para os
convidados, a única coisa que valia era beijar Megan naquele momento.
Nossos lábios colidiram um com o outro, e eu só pude agradecer por
ter aquela mulher toda para mim. Assim que nos afastamos, e eu olhei para o
seu rosto, pude ter certeza de que seríamos o casal mais feliz do mundo, pois
estaríamos juntos.
CAPÍTULO 19

Ainda estava olhando para o meu dedo, meio sem acreditar naquele
anel. Era lindo demais, parecia ter sido moldado de uma forma muito
carinhosa. Estava realmente encantada. Um garçom passou ao meu lado me
oferecendo uma taça de champanhe, e eu aceitei prontamente, tinha bebido
somente uma naquela noite, e mais uma não faria tanto efeito assim.
Alex tinha me prometido que nossa noite não terminaria quando todos
fossem embora, que iríamos prolongar por muitas e muitas horas, madrugada
afora, em um hotel. E eu já imaginava que isso tinha a ver com muito sexo,
quente, forte… do jeitinho que Alex sabia que eu gostava.
— Então, Megan, como você conheceu Alex? — uma das convidadas
me questionou. Se eu não estivesse enganada, ela se chama Claire.
Alex, por sua vez, estava com um grupo de amigos, do outro lado do
salão, embora lançasse olhares constantes para mim. Minha mãe já tinha ido
embora, então, tentei me enturmar.
— Nós éramos amigos de longa data, e nos últimos tempos
resolvemos assumir o que sentíamos um pelo outro.
Eu não iria dizer a ninguém que tinha descoberto há pouco mais de
um mês sobre os sentimentos de Alex por mim.
— Então você o conhece desde quando ele ainda era noivo? —
Olhou-me de forma reprovadora.
— Sim, mas não tínhamos nada.
— Eu sou uma grande amiga de Cameron, caso você não saiba —
murmurou com puro desdém, e suas amigas deram um risinho.
— Que bom, quer tirar uma foto para mandar para ela? — questionei,
abrindo o meu sorriso mais falso, e a garota se afastou.
Sinceramente, teria que ter muito discernimento para suportar aquelas
pessoas. Mas se eu quisesse viver meu amor com o homem da minha vida,
precisava ser forte.
Dei mais um gole na bebida da minha taça, e mais alguns até que a
finalizei por completo. Alex continuava conversando com seus convidados,
mas estava demorando sobremaneira. Por isso resolvi me sentar, no entanto,
assim que dei o primeiro passo à frente, me senti zonza.
Tentando não demonstrar que talvez o champanhe tivesse subido
rápido demais, já que eu não tinha conseguido comer nada antes de virar duas
taças, segurei na mesa que estava ao meu lado. Afastei-me de todos, saindo
do salão de festas e partindo para um corredor, esperando que ninguém me
visse quase cair.
Logo senti uma presença ao meu lado, e um homem que não me
parecia estranho sorriu em minha direção.
— Não fui apresentado a você, e isso é um ultraje, já que vamos nos
tornar parentes.
Franzi o meu cenho, pois a minha visão estava começando a ficar
turva. No entanto tentei não demonstrar meu estado.
— Desculpa, você não me parece estranho, mas não estou
conseguindo me recordar do seu nome — tentei soar gentil.
— Não tem problema, querida. Sou Eric O’Donnell, o primo de Alex.
— Ele abriu um sorriso radiante e estendeu sua mão para mim.
Quem o via sendo tão gentil, não imaginaria o monstro que era. Eu
conhecia bem aquele lobo em pele de cordeiro, por isso, recusei pegar em sua
mão.
— Por favor se afaste de mim. — Comecei a sentir uma sonolência
tão grande que eu quase não estava conseguindo deixar meus olhos abertos.
— Tem certeza? Você parece que irá despencar no chão a qualquer
momento.
Ele se aproximou e me colocou de pé, agarrando-me. As pessoas
estavam muito distantes para ver o que estava acontecendo. Apoiando meu
corpo, Eric começou a me afastar das pessoas. Tentei gritar, mas não saía
som algum da minha boca, do tanto que estava me sentindo dopada.
— Fica calma, foi uma dose baixa de boa noite cinderela que coloquei
em seu champanhe. Você vai ficar bem, mas o que vou fazer fará com que eu
não perca a minha herança.
Comecei a perder completamente meus sentidos, não conseguia mais
saber o que era certo ou errado. Só alguns flashes se passavam por minha
mente.
Fui carregada até um quarto, e vi uma mulher, que não conhecia,
acompanhar Eric. Fui colocada em uma cama e senti meu vestido sendo
tirado. As mãos de alguém passeavam por meu corpo, e eu queria gritar, mas
não conseguia.
Alguém precisava me ajudar, senão eu estaria perdida.
Completamente perdida.

✽✽✽

Tinha acabado de me despedir de Edward Thompson III, dono de um


dos maiores bancos que detinha minhas contas, quando voltei meus olhos
para o salão de festas. Não conseguia encontrar Megan em lugar algum, por
isso, achei melhor procurá-la.
Entrei em alguns banheiros e nada de Megan. Comecei a me
desesperar, pois não era do seu feitio sumir sem avisar. Vi minha tia em um
canto do salão, conversando com minha mãe, e provavelmente aquilo não
acabaria bem, mas no momento era somente Megan que me importava.
Liguei para seu telefone e caiu na a caixa postal. No mesmo momento
em que encerrei a ligação, meu telefone começou a tocar com o nome de
Adam brilhando na tela. Atendi.
— Alô!
— Conseguimos capturar o homem que estava em seu iate.
— E agora?
— Vamos levá-lo para um galpão para descobrirmos quem o
contratou. Se você quiser estar presente...
— Claro, me mande o endereço.
— Enviarei por mensagem.
— Ok!
Nós nos despedimos, e eu voltei a procurar Megan. Logo chamei dois dos
seguranças que eu tinha contratado de Adam e pedi para que revirassem a
casa inteira para que achassem a minha mulher.
Alguns convidados ainda estavam no salão, mas não me importei com
eles e percorri toda a mansão. Só que minha mãe e tia Elizabeth resolveram
me seguir, começando com aquela disputa ridícula de quem ficaria com a
herança.
— Sua tia está morrendo de ódio, Alex, por você ter arrumado uma noiva.
— Minha mãe, que até algumas horas atrás odiava Megan, agora queria usá-
la para humilhar minha tia.
— Mãe, eu preferriia não me meter no meio dessa história.
— Alex pode ser muito bondoso por não jogar na sua cara, Elizabeth,
mas ele vai se casar, e vocês não terão um centavo do que pertence a nós.
— Será mesmo que ele vai se casar? — Estaquei no mesmo momento
em que ouvi minha tia falando tal coisa.
— O que a senhora quer dizer com isso? — questionei, com os dentes
cerrados.
Tinha algo em suas palavras que não me cheirava bem, nada bem.
Pelo seu sorrisinho perverso, pude ver que algo estava acontecendo.
— Vi sua noiva toda atirada para cima de Eric, e ele entraram em um
dos quartos desta grande casa.
— O quê? — foi a vez de minha mãe esbravejar.
Mas como ela não conhecia Megan, tinha certeza de que ficaria do
lado da cunhada. O que era burrice, sabendo da índole dela e de seu filho.
Subi as escadas correndo e comecei a abrir todas as portas dos quartos do
segundo andar. E em nenhum deles encontrei nada. Corri para o terceiro
andar e nada também, foi aí que passou pela minha cabeça que eu tinha que ir
ao meu quarto o mais rápido que pude.
Minha mãe e tia Elizabeth vieram atrás de mim e assim que
escancarei a porta do meu quarto, a cena que vi fez meu corpo gelar. Megan
estava nua em minha cama, e meu primo estava se levantando de cima dela.
Minha mãe soltou um grito estrondoso de pavor, e eu só conseguia
observar aquilo tudo como se estivesse passando em câmera lenta na frente
dos meus olhos.
Eric tinha um sorriso em seu rosto, e logo se encaminhou para vestir
sua boxer. Megan estava de olhos fechados, parecendo desmaiada. Ela não
estava bem, alguma coisa estava errada ali.
— Uma delicia a sua noivinha, Alex. Provei ela inteirinha… Ela que
implorou. — Eric sorriu, e eu não fazia ideia do que estava acontecendo:
minha única certeza era de que ele tinha feito algo com Megan.
Tentei aproximar-me dela, mas minha mãe foi mais rápida e passou
por mim.
— Saía da minha casa, garota. Que vexame você fará meu filho
passar. No dia do noivado de vocês. VAGABUNDA! — Grace gritou a
última parte e eu ainda não estava conseguindo raciocinar direito, mas sabia
que a única inocente naquele quarto era a mulher desacordada que estava
sobre a minha cama. — Eu juro que…
Minha mãe ergueu a mão, prestes a bater em Megan.
— Abra os olhos, piranha! Encare a sua vergonha!
Agarrei o punho de minha mãe, segurando-a e impedindo-a.
— Não está vendo que ela mal se mexe? Está dopada. Se encostar
nela, serei capaz de nunca mais olhar em sua cara — cuspi, tirando meu
paletó rapidamente para cobrir seu corpo que estava completamente exposto.
O rosto da minha mãe pareceu transfigurar-se, confuso. Eu, por minha
vez, só queria matar o meu primo, mas primeiro peguei a mão de Megan,
tentando checar sua pulsação.
— Amor, acorda… — Dei alguns tapinhas em seu rosto, mas se ela
tinha mesmo sido dopada, não adiantaria de nada tentar despertá-la.
Quando voltei-me na direção das três pessoas que estavam no quarto,
percebi que meu primo já havia se vestido.
— O que você deu para minha mulher? — esbravejei.
— Não sei do que está falando, priminho. Se você não dá conta de
sanar o desejo dela, não tenho culpa.
— Você vai falar por bem ou por mal.
E com isso parti para cima dele, sem nem pensar nas consequências.
Só queria matá-lo por ter feito mal a Megan. Soquei seu rosto sem dar chance
de revidar. Fomos parar no chão, mas eu não parei de socá-lo em nenhum
momento. Estava com ódio, a ira tomava meu corpo. Nunca iria perdoá-lo
por ter machucado Megan, nunca!
— Você vai matar o meu menino! — Elizabeth gritou
Meus seguranças chegaram e me tiraram de cima do homem. Meus
dedos doíam por tê-lo socado tanto, mas não me importava. Ele tinha tocado
na minha mulher, e isso era imperdoável.
— Tirem esse homem da minha frente. Mas não deixem que ele vá
muito longe, pois dependendo do que eu descobrir ele vai pra cadeia —
esbravejei.
— Sim, senhor.
— Você não vai levar meu filho para lugar nenhum, Alex.
— E se eu descobrir que a senhora também estava envolvida, também
te mando para lá. Tirem-na daqui também — declarei, fazendo Elizabeth
ficar pálida.
Ela empinou o nariz, e os homens a tiraram de lá.
Voltei-me para Megan, e mamãe tentou falar mais alguma coisa, até
que eu disse. Antes que ela pudesse abrir aquela boca imunda para se referir a
minha noiva, ordenei:
— Saía daqui você também.
Sem dizer nada, saiu do quarto e fechou a porta, o que agradeci
mentalmente. Sentei-me na cama ao lado de Megan. Ela estava ainda
apagada, com a cabeça pendendo para o lado contrário a mim.
Tão linda, tão inocente, sofrendo tanto por ter se unido a mim.
Eu precisava levá-la a um hospital para saber o que tinham lhe dado e
o que tinham feito com ela. Se Eric a tivesse tocado, ele morreria.
Pegando o vestido dela que estava no chão, eu a vesti com todo o
cuidado, peguei-a nos braços e a carreguei em meu colo, completamente
desmaiada, saindo pelos fundos para que nenhum dos convidados nos visse.
Lá, ela despertou, parecendo um pouco atordoada quando abriu os
olhos, mas pareceu aliviada ao me ver.
— Me desculpa por ter te deixado sozinha — foi a primeira coisa que
pedi, colocando as mãos em seus rosto. — Como você está se sentindo?
— O que aconteceu, Alex? Onde eu estou? — Olhou para todos os
lados.
— No hospital…
— Como cheguei aqui?
— Eu te trouxe, meu amor. Te encontrei desacordada no meu quarto.
Eric… ele...
— Ah, meu Deus! — ela se exaltou. — Tomei um champanhe e
comecei a ficar tonta, seu primo apareceu e me levou para um quarto... Não
me lembro muito bem do que ele me disse, mas tenho certeza de que foi algo
planejado.
Abaixei meus olhos, envergonhado.
— Você estava nua. Na minha cama, com ele.
Ela arregalou os olhos.
— Alex, eu juro… eu nunca…
Peguei as mãos dela, tentando acalmar seu desespero.
— Não estou duvidando de você. Só que se ele tivesse te violentado,
eu iria matá-lo. Mas já foi verificado, e nada aconteceu. Encontraram drogas
no seu organismo também.
Ela começou a chorar ainda mais, sem conseguir responder, e eu tive
que puxá-la para os meus braços. Sim, eu iria matar Eric, com toda certeza eu
iria.
— Vou cuidar de você, amor. Vai ficar tudo bem.
Megan assentiu, e nós continuamos no hospital até que ela foi
liberada. Por mais que pudesse caminhar, ainda estava fraca e abalada, então,
carreguei-a até o carro e, depois, para um hotel, onde passaríamos a noite,
sempre acompanhado por seguranças.
Quando chegamos, eu preparei um banho para ela, de banheira.
Cuidei dela de todas as formas possíveis, tirando-a da água depois e levando-
a para a cama, deitando-a e sentindo meu coração doer ao vê-la encolher-se.
No mesmo instante mandei uma mensagem para Adam informando o
que tinha acontecido, e como eu não era idiota liguei um ponto no outro,
falando para meu amigo que Eric era a minha suspeita como o mandante do
sequestro de minha mulher.
Adam falou que iria agir para ligá-lo aos fatos e entraria em contato.
Desisti de ir ao galpão interrogar o sequestrador, pois precisava cuidar da
minha garota linda. Ela estava frágil e extremamente machucada
emocionalmente, por isso, decidi me deitar com ela, abraçando-a e
protegendo-a.
Quando ela estivesse se sentindo melhor, saberia como ficaria nosso
futuro, já que depois de passar por tantas provações eu duvidava muito que
fosse querer ficar ao meu lado.
CAPÍTULO 20

Uma semana havia se passado, e todos os meus traumas estavam bem


guardadinhos em uma caixinha que eu faria questão de nunca mais abrir.
Olhei para o anel em meu dedo e senti um aperto em meu coração. Quem
diria que o homem que me dera ele estava há uma semana sem me visitar.
Estava ficando na casa de Katherine, pois a minha estava quase
setenta por cento destruída. Ele disse que queria me deixar pensar, para que
eu não decidisse ficar com ele só por ter aceito o seu pedido de casamento.
O problema era que Alex não entendia que mesmo com o que sua
família tinha feito comigo, não mudavam meus sentimentos por ele. Aquele
homem cabeça dura não compreendia que eu o amava e não desistiria dele
tão cedo.
Escutei uma batidinha na porta e falei que a pessoa podia entrar. Era
minha mãe, que já estava ótima e louca para voltar a trabalhar, mas ainda não
tinha sido feita a reforma no café, então, nada de trabalho por enquanto.
— Oi, meu amorzinho. — Sentou-se na cama e afagou meu rosto em
seguida.
Não respondi seu cumprimento, somente sorri, mas sem ânimo algum.
Só queria que a vida fosse menos complicada e que Alex me escutasse uma
única vez.
— Por que você não vai atrás dele? — mamãe sempre foi direta, e eu
amava isso nela.
— Porque foi ele que resolveu me deixar para eu pensar, como posso
obrigar alguém a querer ficar comigo? — questionei, mas não queria resposta
alguma.
— Você não vai obrigar nada, querida. Vai conversar com ele, é
diferente. Não te ensinei a ser uma pessoa que desiste fácil das coisas que
quer. Então faça o favor de levantar dessa cama, tirar essa expressão de choro
e ir atrás daquele homem. Ele está sendo um cabeça dura, você também já foi
muito com ele. Alguém tem que dar o primeiro passo e dessa vez será você.
— Dona Kristen, a senhora é a pessoa mais mandona que já conheci.
— Não sou mandona, só não quero que você desista do amor da sua
vida por querer esperar que ele venha atrás de você.
Assenti e coloquei os pés para fora da cama. Calcei minha bota, pois
estava um pouco frio, mesmo que um sol radiante brilhasse lá fora. Coloquei
um cardigã por cima da regata que usava e completei com o jeans. Mas antes
de ir atrás daquele homem, que provavelmente estaria na empresa, olhei para
a minha mãe. Eu precisava contar para ela sobre os problemas pelos quais
estávamos passando.
— Mamãe, antes de eu ir resolver minha história com Alex, preciso
conversar com a senhora.
— Pensei que esse momento nunca iria chegar.
Bateu a mão no colchão, e eu me sentei ao seu lado, pronta para
manchar a imagem linda que ela tinha do meu pai.
— Há alguns meses eu descobri que a hipoteca do café e da nossa
casa não haviam sido quitados. — Olhei para ela e vi quando seus olhos se
encheram de lágrimas. — Pelo que entendi o papai mentiu para nós quando
disse que havia pagado, e a dívida era extremamente alta.
Fui contando tudo o que aconteceu no decorrer dos meses e expliquei
o motivo da proposta de Alex. E ela, até por um momento, pensou que Alex e
eu não podíamos fazer aquele sacrifício, mas depois expliquei que o que
prevalecia era o amor, não a herança e muito menos a hipoteca.
— Seu pai soube nos enganar direitinho. Tenho certeza de que gastou
o dinheiro em dívidas de jogos. Ele tinha muitas.
— Não sabia disso — respondi, surpresa.
— Tentei passar a imagem de pai perfeito para você, Megan, mas ele
não era essa perfeição toda. Se eu soubesse que você não me contou sobre o
que estava acontecendo, nunca teria escondido de você a verdadeira face do
seu pai.
Neguei um pouco com a cabeça, sem acreditar que meu pai, centrado,
tão certo, tinha dívidas de jogo. Aquilo foi uma decepção que eu não
esperava, mas que se apossou do meu coração.
Conversamos mais um pouco até que minha mãe, com um arregalar
de olhos, disse:
— Querida, agora que você me falou sobre a hipoteca, há dois dias
chegaram uns documentos aqui na casa da Katherine, direcionados a você,
com um emblema de uma contabilidade.
Levantei-me rapidamente; se fosse a ordem de despejo eu estava
literalmente ferrada. Caminhei atrás de minha mãe, até onde ela tinha deixado
o envelope. Quando abri, quase caí para trás. Levei uma de minhas mãos à
boca, pois não podia acreditar que ele tinha feito aquilo; mesmo que nós
ainda não tivéssemos conversado.
— O que aconteceu? — dona Kristen parecia ansiosa.
— Aconteceu que eu preciso ir atrás de Alex, agradecer por ter
quitado a hipoteca.
— Aquele menino de ouro! Corra atrás do seu amor, querida. Não o
deixe ir embora assim tão fácil... Esse homem faz tudo por você.
Assim que mamãe terminou de falar, a porta do apartamento de
Katherine se abriu e minha amiga se fez presente.
— O que eu perdi? — indagou quando olhou para nós.
— Você precisa me levar em um lugar.
Katherine não morava muito longe da empresa de Alex, mas eu não
podia esperar um táxi e muito menos ir a pé, precisava ser rápida. Por isso ela
assentiu e saímos juntas.
Eu tinha um plano, que Alex nem poderia refutar. Expliquei no
caminho o que iria fazer e dei um telefone para Kat; ela seria quem resolveria
a parte mais burocrática, e eu seria a pessoa que faria Alex entender que nós
dois juntos éramos muito melhores do que separados.
Chegamos à empresa, e eu não consegui tão rápido quanto queria,
pois parei para observar a minha casa e o café. Não me lembrava de ter
autorizado Alex a mandar reformá-los, mas pelo visto aquele cabeça dura
fazia o que bem entendia.
Ainda bem que a pessoa responsável estava na cadeia, e isso era o que
importava. A única pessoa que saiu livre foi Elizabeth, mas, mesmo assim,
achava que ela tinha alguma culpa no meio de tudo aquilo. Lembro-me muito
bem de ver uma mulher no quarto com Eric, no dia que me drogaram, mas
não tinha como provar, então, que o destino a fizesse pagar.
Vi quando o carro com dois seguranças pararam perto de onde estava.
Ainda não entendia o motivo de eles ficarem na minha cola, já que Eric
estava preso, depois de o amigo de Alex conseguir provas suficientes para
incriminá-lo, mas pelo visto meu noivo pensava completamente diferente.
Sem dar muita importância para a presença deles, entrei na sede da
joalheria. Se continuasse observando a minha casa e meu café, não
conseguiria segurar minha emoção e desabaria ali na calçada mesmo.
Aproximei-me da recepcionista, e ela sorriu, completamente simpática.
— No que posso ajudar?
— Eu queria falar com Alex. — Ela franziu o cenho, comentando em
seguida:
— O Senhor O’Donnell só atende com hora marcada.
— Moça, sei que você é paga para dizer isso, mas eu sou a noiva dele.
— Mostrei o anel em meu dedo, e ela me olhou como se eu fosse maluca.
Mas que merda estava acontecendo? Fotos minhas e de Alex tinham
saído em jornais e vários tabloides, não era possível que ela não tivesse visto.
— Como eu disse, só posso autorizar sua entrada se o senhor
O’Donnell permitir.
— Ok! Mas ele está na empresa?
Assim que ela assentiu, nem esperei e corri para os elevadores,
aproveitando que um deles estava com as portas abertas. Ela tentou me
alcançar, mas não foi rápida o suficiente. Assim que cheguei no andar
presidencial, fiquei com medo de algum segurança me barrar, mas não tinha
visto algum.
Caminhei até a maior sala do andar, com uma placa com o nome dele,
e entrei sem bater. Assim que abri a porta, vi que ele não estava lá, e a
decepção me tomou por completo. Abaixei minha cabeça e quis sumir
daquele lugar, pois eu tinha ido ali à toa.
Escutei saltos e olhei para trás, para perceber que era a recepcionista
do térreo com dois seguranças que não expressavam uma imagem boa.
— Retirem essa invasora daqui. O senhor O’Donnell está em reunião,
e essa maluca invadiu a empresa.
Os homens se aproximaram de mim, mas assim que olhei a placa que
indicava que a sala de reuniões era do lado do outro corredor, não pensei
novamente e corri. Abri a porta abruptamente e pelo menos quinze cabeças se
direcionaram para mim. E a de Alex foi uma delas.
Ele estava falando alguma coisa, mas parou no mesmo momento, só
para me observar. Quando iria questionar algo, um dos seguranças puxou
meu braço, fazendo-me sair da sala.
— Desculpa senhor O’Donnell, esta moça invadiu aqui dizendo ser
sua noiva, mas sei que ela está delirando, já estou colocando-a para fora.
— Tirem as mãos dela. — Ouvi a voz de Alex de dentro da sala, e ela
não parecia nada simpática.
O homem da minha vida saiu da sala. Os seguranças me soltaram no
mesmo instante. Ele olhou para a secretária e para os homens.
— Na próxima vez que eu vir vocês tratando minha noiva desta
maneira, serão demitidos. Estamos entendidos?
— Sim, senhor — foi o que a mulher respondeu e logo eles se
afastaram.
Com isso, Alex direcionou seu olhar para mim.
— O que você está fazendo aqui? — não havia repreensão em sua
voz; era só um emaranhado de sentimentos que refletiam os meus.
— Vim atrás do homem da minha vida, que me prometeu um
casamento, mas que me abandonou por uma semana.
— Megan…
— Alex, não adianta relutar. Eu te disse há vários dias que era sua e
você era meu, isso nunca vai mudar. Então faça o favor de não me ignorar
mais.
Sem conseguir se segurar, ele abriu um sorriso e, ali no corredor mesmo,
avançou sobre minha boca. Foi o que eu precisava para voltar a viver, para
sentir meu coração voltar a bater. Alex era a força que eu precisava quando
estava fraca, a luz que iluminava o meu caminho. Aquele homem era o amor
da minha vida; não eram os dias no calendário que importavam, mas, sim, o
meu sentimento.
E esse mesmo sentimento ultrapassaria a barreira de trinta dias; trezentos
e sessenta e cinco, talvez a barreira do infinito, se isso fosse possível. Meu
amor por Alex era para a vida toda, e nada poderia nos abalar.
— Eu te amo — sussurrei, assim que nos afastamos.
— Eu também te amo, meu amor. Me desculpa por ser tão teimoso.
— Sim, mas agora você tem que dispensar essa reunião, pois temos um
compromisso.
Alex me olhou como se eu tivesse criado um chifre de unicórnio na testa,
e eu quase gargalhei por sua expressão.
— Alex O’Donnell, estou te confiscando de Nova Iorque, pois
precisamos ir para uma cerimônia extremamente importante.
— Qual cerimônia? — Confusão pura era o que se via em sua expressão.
— O nosso casamento.
Abri um sorriso gigante, e mesmo que meu noivo não tivesse
compreendido nada, ele simplesmente sorriu. Tinha completa convicção de
que Alex me seguiria para onde eu fosse, mesmo que isso fosse contra todos
os seus princípios, pois eu era o seu norte, assim como ele era o meu.
CAPÍTULO 21

Era uma loucura? Talvez! Mas era a melhor coisa que eu já tinha
cometido. Pensei que os dias que havia passado ao lado de Megan na ilha
onde estávamos naquele momento seriam os melhores da minha vida, mas
ainda teríamos muitos para chamarmos de perfeitos.
Mas ninguém havia me preparado para ser sequestrado da minha própria
empresa em uma plena quarta-feira e estar com o pôr do sol a nos receber, em
frente a um juiz de paz, esperando a mulher da minha vida aparecer.
Eu usava uma bata, que Katherine havia alugado para mim, de cor areia,
para combinar com um casamento realizado em praias, além de uma calça
branca. As ondas batiam, e conforme elas rugiam, eu sentia meu coração
disparar mais.
Eu sabia que aquele casamento não teria validade para o testamento do
meu pai, mas nossa papelada estava quase pronta, já que pedi urgência – e
paguei por isso – desde que retornamos da ilha, porém, ele valeria para
nossos corações, que era o que mais importava. Megan se tornaria minha
esposa naquela noite.
Eva e George sorriam imensamente, e minha sogra também estava da
mesma forma. Martin, que tinha feito parte do plano do meu sequestro,
também estava presente.
O lugar estava repleto de rosas no chão, e eu não sabia como eles tinham
conseguido arrumar aquilo em tão pouco tempo, mas estava encantado.
Realmente eu tinha escolhido a mulher certa, que fazia tudo em menos de um
piscar de olhos.
Se minha mãe soubesse que isso estava acontecendo, com toda certeza
teria um ataque cardíaco. Estava tão irado com ela, por querer que eu
arrumasse outra mulher, que até saí de casa. Estava morando no mesmo hotel
para onde tinha levado Megan no maldito dia em que Eric a dopara. Ainda
bem que meu primo estava preso e que seu julgamento aconteceria logo. Com
a quantidade de provas que Adam havia arrumado, com toda certeza seria
condenado a muitos anos de prisão. E eu não sentia um pingo de remorso.
Por mim, que ele apodrecesse na prisão.
Ouvi uma música começar, vinda do som improvisado que
provavelmente Katherine deveria ter arrumado. Logo entre as palmeiras, a
mulher que tinha mechas rosas no cabelo apareceu, como a dama de honra, e
meu mundo parou quando Megan surgiu.
Ela estava linda. Com os cabelos presos de um lado e completamente
soltos do outro; um penteado simples, mas que deixara minha mulher
completamente perfeita. Seu vestido não tinha muitos detalhes, apenas
pequenas pedras bordadas em sua barra. Era liso, um que provavelmente já
tinha em seu guarda-roupa, e ela vinha descalça, assim como eu também não
tinha nada nos pés. O buquê que usava era de flores simples, compradas em
alguma loja improvisada também, mas tudo estava perfeito.
Katherine ficou ao lado de dona Kristen, enquanto Megan terminava de
se aproximar de mim. Segurei sua mão, ainda encantado com tudo o que via.
Sua maquiagem era leve, o que realçava sua beleza completamente.
Sua mão estava gelada, mas não era de medo, era só ansiedade como eu
estava sentindo. Não desgrudamos os nossos olhos em nenhum momento. O
juiz de paz começou a cerimônia, e eu só conseguia ter olhos para aquela
mulher.
Quando chegou a hora do sim, eu quase gritei para o mundo, mas
consegui me controlar e responder com a voz embargada. Megan levou uma
de suas mãos ao meu rosto para enxugar uma lágrima traiçoeira. Logo ela
também respondeu:
— Sim!
E com aquilo selamos o nosso amor, fizemos o famoso pode beijar a
noiva. Com direito a um beijo quase hollywoodiano, com viradinha para trás
e tudo. Estava muito feliz. Quando as palmas explodiram, eu soube que
aquilo era real, e nós dividimos o momento mais feliz da nossa vida com as
pessoas que se importavam com a gente.
Quando já estávamos dentro da casa da ilha, com os convidados
aproveitando da comida que estava disposta sobre a mesa, enlacei a cintura
de Megan e sussurrei em seu ouvido.
— Quem diria que você, que recusou a se casar comigo, fosse quem iria
me sequestrar para fazer isso.
— Para você ver que me deixou tão viciada em você que não dava conta
mais de ficar afastada.
— Eu te amo, Megan. E eu nunca vou me cansar de falar isso.
— Não precisa cansar, pois eu adoro ouvir.
Ela se voltou para mim, e, enlaçando meu pescoço, me deu um selinho,
mas me olhou com aquela expressão safada no rosto.
— Que tal se deixássemos nossos convidados aproveitando da comida e
fossemos para a suíte master aproveitar a nossa lua de mel?
— Acho que você leu meus pensamentos.
Minha mulher... Sim, minha mulher... sorriu, mordendo o lábio inferior, e
aquilo acabou comigo. Deixamos os convidados conversando e subimos as
escadas da casa. Fomos direto para o quarto que até dias atrás dividi com ela,
entramos e fechamos a porta.
Alguns chocolates, champanhe e até mesmo pétalas de rosas estavam
espalhadas pelo lugar. Ela tinha pensado em tudo. Quando se afastou de mim
e começou a retirar seu vestido de noiva, e eu vi a cinta-liga que usava, sabia
que estaria perdido pelo resto da minha vida.
Caminhei em sua direção e a joguei em minha cama fazendo com que
soltasse uma gargalhada. Isso era música para os meus ouvidos. Nada de
lágrimas, eram sorrisos que eu queria proporcionar àquela mulher.
A minha mulher.

✽✽✽

Passamos uma semana na ilha, que Megan já havia nomeado como ilha
do prazer, pois fiz amor com ela em cada canto daquele lugar. Em cada grão
de areia. Nossos convidados foram embora no dia seguinte ao nosso
casamento, pois eles disseram que não eram obrigados a ficar no mesmo
lugar que dois pombinhos que estavam loucos para transar.
Voltamos para nossa cidade pouco antes do meu aniversário e
oficializamos a cerimônia da forma burocrática que era necessária, com
papelada e tudo o mais.
Tivemos mais uma noite de núpcias – já que tudo era uma boa desculpa
para acabarmos na cama, mas tinha chegado o dia. O dia em que eu
completava meus trinta e dois anos – a data tão temida por todos.
Dali a quatro horas o advogado da minha família passaria todos os
meus bens para minha tia Elizabeth, já que meu casamento fora em segredo, e
eu realmente não permitiria isso.
Peguei o documento que comprovava o meu casamento e me voltei para
minha esposa, que estava linda em um vestidinho soltinho.
— Vamos?
Saímos do hotel onde estávamos ficando, enquanto procurávamos um
apartamento para nós. Eu queria algo grandioso, confortável, um palácio para
a minha princesa, mas ela preferia algo mais aconchegante. Por isso,
estávamos demorando um pouco mais para chegarmos a uma conclusão.

Depois que fizemos esse processo fomos para o escritório do


advogado. Cheguei com alguns minutos de atraso, pois o trânsito estava
horrível. Quando entrei em sua sala, pude ouvir o que dizia.
— Como ficou claro no testamento de Bruce O’Donnell: se seu herdeiro,
Alex O’Donnell, não se casasse até os seus trinta e dois anos, às duas da
tarde, ele seria excluído do seu testamento, e todos os bens da família
O’Donnell passaria para Katherine O’Donnell irmã de Bruce.
— Carl, não tem como reverter essa situação? — minha mãe questionou,
pois ainda não vira que eu estava presente, com Megan ao meu lado.
— Infelizmente não, senhora O’Donnell, só se Alex tiver algo a dizer.
Minha mãe e minha tia – aquela víbora – se viraram em nossa direção. E
eu vi a expressão de vitória de Elizabeth cair por terra quando ela viu Megan
comigo. Sim, você perdeu, sua idiota.
— Boa tarde, Carl — cumprimentei o homem que sempre fora
considerado parte da família.
— Alex, muito bom revê-lo, tem novidades?
— Sim!
Estendi o documento para ele, que verificou nos mínimos detalhes e
depois assentiu com um sorriso leve no rosto.
— Bom, como provado neste documento, a herança continua a pertencer
a esposa e ao filho de Bruce O’Donnell.
— Isso está errado, não pode ser. — Elizabeth tentou esbravejar, mas ao
olhar para mim e ver minha expressão de repulsa, ela se calou.
Sabia que ainda sentia medo de ir presa como o filho, então iria se manter
na linha perto de mim.
— Filho, você se casou sem me avisar? — mamãe questionou.
E eu só pude assentir, pois não queria dar algum motivo para que ela
ofendesse Megan na minha frente. Eu perderia a cabeça, isso já era um fato.
Vi quando abaixou os olhos, mas não disse mais nada. Parecia realmente
sentida, mas não tinha como ter piedade da minha mãe, ela havia tratado
muito mal a minha mulher para que eu ficasse do seu lado.
— Bom, senhor O’Donnell, seu pai deixou uma carta para que lesse,
explicando o motivo de haver essa cláusula no contrato. Aqui está. Irei me
retirar para deixá-los mais à vontade. Senhora Elizabeth, pode me
acompanhar, pois é somente do interesse dos beneficiários da herança.
Peguei o papel e olhei para Megan, que não tinha se manifestado desde
então. Acho que ela não queria causar nenhum atrito com minha mãe. Grace
me olhava ansiosamente para que eu abrisse o papel.
E foi o que fiz. Logo a letra do meu pai apareceu, e eu senti uma saudade
insana de abraçá-lo. Amava aquele homem que havia me deixado cedo
demais.
Comecei a ler em voz alta:

Oi, filho!
Bom, eu provavelmente devo ter morrido se você estiver lendo essa carta.
E com toda a certeza, você deve estar se perguntando por qual motivo deixei
uma cláusula tão difícil para que cumprisse.
Sou um velho muito insolente mesmo, Alex. Eu não queria te obrigar a
casar, mas me preocupava com você, morria de medo de que não fosse feliz.
E você sempre foi um homem tão bom, que não queria que passasse sua vida
toda enfurnado em uma empresa, sem conhecer o real sentido do amor.
Sua mãe pode ser osso duro de roer, mas sempre amei essa mulher. Ela
foi a parte mais importante da minha vida para me dar forças para seguir em
frente. Então eu me sentia na obrigação de te mostrar o quanto o amor
poderia ser mágico. E pensei realmente que você pudesse conhecer alguém
que valesse a pena nesse meio tempo.
Não quero que me odeie agora, mas se você estiver realmente casado,
tenho certeza de que essa mulher é perfeita para você. Pois sei que você
nunca se casaria com alguém que não quisesse manter para sempre.
Então, querida nora, seja bem-vinda à família, Grace é uma chata, mas ela
logo irá se acostumar com você e tenho certeza de que serão amigas. Filho,
parabéns, você é meu orgulho!
Comecei a chorar como uma criança, e foi dona Grace que me abraçou.
Megan continuou parada no mesmo lugar, nos observando, e eu via um
pequeno sorriso se abrir em seus lábios.
Querendo ou não, eu sabia que ela estava feliz por ter sido revelado o
motivo da cláusula mais sem noção que meu pai podia ter inventado. E eu só
pensava que isso não importava em nada, eu continuaria amando Megan da
mesma forma.
— Filho, desculpa ser tão rabugenta com você — mamãe pediu,
chorando. E ver aquela mulher chorando era muito difícil, por isso, eu sabia
que eram reais as suas palavras.
— Vamos tentar esquecer o passado e seguir em frente.
— Vamos, sim. — Ela se voltou na direção de Megan e murmurou: —
Vem aqui, garota, Bruce era um idiota, mas espero que meu filho saiba
mesmo escolher as pessoas que quer à sua volta. — Assim que Megan pegou
a mão de minha mãe, ela sussurrou: — Desculpa ter te tratado tão mal.
— Eu não sou um pessoa que guarda rancor, então, a senhora está
desculpada. Só espero que não se repita.
— Vou fazer o meu melhor.
Assim eu soube que a partir dali minha nova vida tinha começado. Eu
estava casado com a mulher que amava, minha mãe iria tentar se tornar uma
pessoa menos insuportável e eu poderia ser feliz.
Quando saímos da sala de Carl, abracei a cintura de Megan e sussurrei em
seu ouvido:
— Como se sente como uma mulher muito rica, Sra. O’Donnell?
— Não faz diferença nenhuma. Entrei aqui esperando tudo. Não me casei
com você pelo seu dinheiro.
— Sei que não... mas acho que seria interessante tirarmos uns 30 dias
de férias, o que acha?
Megan ergueu uma sobrancelha.
— Um sequestro, como da outra vez?
Inclinei-me ainda mais, falando mais baixinho ainda.
— Desta vez com algemas ao invés de tiras de couro e amarras
improvisadas, o que acha?
Ela suspirou bem alto.
— Quando vamos?
— Suas malas estão no carro. Katherine e sua mãe me ajudaram. —
Sorri como uma criança boba.
— 30 dias? Aí vamos nós.
Virei-me de frente para ela e a abracei.
— Eu te amo, minha linda.
— Eu te amo, meu amigo, namorado, noivo, marido...
Aquilo era uma verdade que nunca poderíamos negar, de amigo o único
rótulo que demorou foi o namorado, pois o resto veio em um piscar de olhos.
E sinceramente, isso foi o melhor acontecimento da minha vida.
EPÍLOGO

O café não parava, tínhamos nos tornado muito famosas quando o meu
nome passara a ser O’Donnell. Eu ia no estabelecimento só para ver se tudo
estava funcionando bem. Havia aberto duas filiais em Nova Iorque, e o
Delicatto se tornara um ponto de encontro para os jovens.
Resolvi visitar o nosso lugar de origem, e depois iria dar uma passadinha
na casa da minha mãe, que mesmo depois de termos boas condições
financeiras quis se manter em sua casa, pois segundo ela ali era sua essência e
ali ela ficaria até o fim da sua vida.
Senti uma pequena pontada em minha barriga e sabia muito bem que era
Abigail me dando um leve chutinho. Minha barriga já estava se tornando
pequena para ela morar, mas faltava muito pouco para ela vir ao mundo.
Exatamente três semanas e quatro dias, e eu juro que não estava contando as
horas. Mentira! Estava, sim.
Só que todos me compreendiam, eu estava maluca para conhecer a minha
filha. O fruto do meu amor com o homem da minha vida. Eu já imaginava o
quanto ela seria linda.
— Oi, bebê da madrinha — Katherine sussurrou perto da minha barriga,
fazendo que eu levasse outro chute.
Abigail adorava ouvir a voz da sua dinda, mas isso fazia que eu sofresse
horrores.
— Você adora massacrar a minha barriga.
— Tenho que cumprimentar a minha afilhada, sua chata.
Ela estava me acompanhando nas visitas aos cafés, pois eu não podia
dirigir mais pela barriga enorme. Não queria ficar dependendo dos
seguranças, eles nunca conversavam comigo sobre qualquer besteira, e Kat,
sim.
— Vamos subir para ver a sua mãe?
Minha amiga questionou, e eu assenti. Depois de visitar dona Kristen, que
estava apaixonada novamente, por um homem bem mais novo que ela, mas
que parecia amá-la muito, dei meu dia por encerrado. Por isso atravessei a rua
para ver o meu marido.
Já estávamos juntos há cinco anos, mas mesmo assim eu ainda morria de
saudades dele a cada cinco minutos que passava longe de mim. Nossa vida
tinha melhorado sobremaneira, as implicâncias de Grace haviam parado
comigo, mas eu não consegui me tornar sua amiga, como Bruce falava na
carta. Isso não vinha ao caso, no entanto, pelo menos a gente se respeitava, e
já valia muito.
Eric havia pegado mais de trinta anos de prisão pelos crimes que
cometera. Adam descobrira tantos podres em sua vida, até assassinato, então,
nunca mais veríamos sua cara, ainda bem. Elizabeth nunca mais nos
incomodou, e a última informação que tivemos era que ela havia se casado e
mudado de país.
Assim que entrei na sala do meu marido, ele abriu um sorriso e saiu de
trás da sua mesa para vir de encontro a mim.
— Como estão os dois amores da minha vida? — questionou, colocando
a mão em minha barriga.
— Estamos bem, só Abigail que está bastante agitada hoje.
— Você sabe que isso é normal.
— Sei, sim. Mas a dor de quando ela resolve me chutar constantemente
sou eu que sinto, então, me deixa reclamar um pouquinho.
— Fique a vontade, meu amor.
Sorri e o abracei da melhor forma que pude e que a barriga permitia.
Beijei seus lábios levemente e declarei:
— Obrigada por ser o melhor marido e pai do mundo.
— Meu amor, eu só faço o que é minha obrigação.
— Eu sei, mas é sempre bom exaltar você um pouquinho.
— Vamos para casa? — Alex questionou.
— Sim, por favor. Preciso de uma massagem em meus pés.
— E eu te darei com todo o carinho do mundo.
— Eu te amo, Alex.
— Eu que te amo, Megan, mais que o infinito.
Eu me sentia a mulher mais realizada do mundo – tinha o melhor homem,
uma filha a caminho, que terminaria de completar minha vida, e havia me
tornado bem sucedida. Não podia pedir mais.
Mas uma coisa eu tinha que reconhecer, se hoje eu me sentia completa
era devido aquele homem que estava vestindo seu sobretudo para irmos
embora. Ele não desistiu de mim e me provou que, para amar, você só precisa
encontrar a pessoa certa, pois em um piscar de olhos ela consegue fazer tudo
o que você sempre sonhou se tornar realidade.
Eu passei a amar aquele homem em menos de trinta dias, e continuaria
amando-o por todos os dias que ainda vivesse.

Fim
OUTRAS OBRAS
O PROTETOR DA MEIA-NOITE
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Sinopse: Ele era o homem misterioso que entrou na minha casa para me salvar de um
sequestro.
O homem que despertou todas as minhas fantasias com sua voz, as coisas que dizia e fazia comigo.

Porém eu não podia vê-lo, não podia tocá-lo. Era o combinado. Manter o suspense e o mistério,
enquanto ele me seduzia e me fazia esquecer o mundo inteiro lá fora.

Dentro daquelas paredes, eu lhe pertencia, mas não fazia ideia de quem era.

Tudo o que importava era que eu estava apaixonada e rendida pelo meu protetor da meia-noite.

AMOR POR ENCOMENDA


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Sinopse: "Para criar meu filho, eu era capaz de tudo. Até de vender o meu corpo"
Mas eu tinha minhas regras: escolhia minhas clientes. Era discreto. E nunca me envolvia
emocionalmente com ninguém. Nem fora nem dentro do trabalho.
Eu era bom no que fazia, e as mulheres vinham a mim em busca de prazer. Menos daquela vez...

Fui contratado não para enlouquecer uma mulher na cama, mas para salvar sua autoestima depois
de um relacionamento abusivo que a destruiu. Sua melhor amiga me pagaria uma quantia indecente
para que a moça se sentisse novamente desejada.
A proposta era simples, tentadora, especialmente porque a cliente era linda. O problema? Eu me
apaixonei...

E a mentira agora pesava nos meus ombros. Será que ela iria me perdoar quando descobrisse a
verdade?

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