As contribuições de Teresa de Lauretis (2019) no que diz respeito às concepções culturais de masc... more As contribuições de Teresa de Lauretis (2019) no que diz respeito às concepções culturais de masculino e feminino, que formam um sistema de gênero, produzem um sistema simbólico ou de significações responsável por organizar valores e hierarquias culturais sobre os conteúdos culturais. Dessa maneira, o “sistema sexo-gênero” (Lauretis, 2019) relaciona-se tanto a fatores políticos quanto econômicos nas sociedades, motivo pelo qual, na senda das reflexões de Norma Telles (1992), gênero importa sempre, assim como raça, classe, sexualidade etc. Ao passo que tanto o sistema sexo-gênero quanto o colonial, interferem nos modelos de conhecimento e de relacionamento, os quais estão estruturados de maneira a produzirem vantagens para algumas pessoas e (muitas) desvantagens para outras, este trabalho pretende tomar a literatura brasileira produzida, sobretudo, nos últimos séculos por mulheres – com ênfase à de autoria negra – como campo profícuo para tensionar esses sistemas. Se figuras como Maria Firmina dos Reis e Carolina Maria de Jesus – entre tantas outras escritoras negras obliteradas pela crítica e pelo tempo – são exemplares para o debate ensejado, Conceição Evaristo e, mais recentemente, Marilene Felinto, Cristiane Sobral, Jarid Arraes – para citar alguns nomes – contribuíram e têm contribuído na produção de rupturas, de contranarrativas para uma prática disruptiva do cânone.
A Literatura e seus espaços de sobrevivência, 2024
Recorrer às próprias memórias para (des)montar figurações de si, sobre a própria vida, sempre em ... more Recorrer às próprias memórias para (des)montar figurações de si, sobre a própria vida, sempre em retrospectiva, possibilita compreender, revisitar, reorganizar, perspectivar experiências do passado. Em Pai, pai, João Silvério Trevisan faz da memória matéria literária. Entre lembranças de situações específicas e memórias de práticas cotidianas do seu dia a dia – as quais reverberam práticas e modos heteronormativos – João conta de sua infância, de seu sentimento de solidão, era o filho maricas, o mais velho, que foi para o seminário e deu sentido à própria vida. Por meio da escrita, medos, angústias, violências, desejos, amores são materializados. É um homem de 70 anos, um maricas, que se dedica ao exercício de contar-se. Na tarefa de rememorar, João escritor/narrador ocupa-se de modo consciente ao próprio passado, e no qual vai se “tornando um ser da saudade” (Trevisan, 2017, p. 226), uma vez que a memória resulta de sua própria vida. Nesse sentido, este trabalho objetiva analisar o romance de João Silvério Trevisan a partir das experiências e vidas dissidentes. Ao passo que se narra, ao mobilizar sua memória (pessoal e pública) João também sai, uma vez mais, do armário e conta também sobre o movimento homossexual no Brasil, das lutas e reivindicações que têm sido pauta há muitas décadas no país.
Na medida em que a Revolução dos Cravos demarcou transformações políticas e processos históricos ... more Na medida em que a Revolução dos Cravos demarcou transformações políticas e processos históricos desencadeados pelas lutas de libertação e de independência das ex-colônias, outros modos de narrar a experiência limite daqueles que retornaram, tensionando o projeto colonial português, vieram a público desde a década de 1970 como contranarrativas do discurso oficial. Elegemos analisar três romances: Os cus de Judas, de António Lobo Antunes, que suscita o questionamento de Por que haver guerra?; Cadernos de memórias coloniais, de Isabela Figueiredo, que aprofunda a questão ao apontar para a ruína do império, dessa fratura que se faz pessoal e coletiva, entre memórias, traumas e imagens (fotográficas) partilhadas; A visão das plantas (2021), de Djaimilia Pereira de Almeida, que, mais recentemente, veio para estremecer definitivamente qualquer ideia de que o projeto colonial teria sido “suavezinho” – para retomar Figueiredo. Capitão Celestino habita a casa familiar abandonada para dedicar-se ao cuidado das plantas. No findar dos dias, a ruína de seu corpo, sua dedicação àquele espaço de cultivo, vivendo na antiga casa, aproxima-se, de alguma forma, ao apartamento do narrador-protagonista do romance de Lobo Antunes e à casa da avó onde a narradora de Caderno de memórias coloniais foi viver após partir de Angola. Este trabalho tem o propósito de elaborar algumas reflexões acerca dessas personagens que retornam a Portugal e dos espaços que (não) passam a ocupar, seja no isolamento de um apartamento, em uma casa com a avó e suas galinhas ou na casa por tanto tempo vazia, última morada do velho capitão.
Por fim, registramos aqui que, para celebrarmos os 20 anos da Anuário, organizamos esta edição es... more Por fim, registramos aqui que, para celebrarmos os 20 anos da Anuário, organizamos esta edição especial, lançada durante o evento Anuário de Literatura, memórias em perspectiva, ocorrido no Auditório Elke Hering/BU, da Universidade Federal de Santa Catarina, no dia 28 de novembro de 2012. Compuseram a Mesa-Redonda Andréia Guerini, Marcio Markendorf e Rosana Kamita, professores da UFSC e membros do conselho editorial da Revista.
No cenário da literatura portuguesa do século XIX, Antero de Quental e Eça de Queirós, símbolos d... more No cenário da literatura portuguesa do século XIX, Antero de Quental e Eça de Queirós, símbolos da Geração de 70, idealizaram [re]construir Portugal e deram vida à revolução. Se Quental marca o espírito pedagógico-revolucionário pretendido pelo movimento, Queirós apresenta-nos sua crítica à sociedade portuguesa – relato da decadência na vida moderna. As Conferências marcaram a vida portuguesa, de modo que o ideal revolucionário permanecesse como inerente à sociedade moderna. A chamada Geração de 70 vestiu-se da modernidade “contraditória em si mesma” (Compagnon). Assim, articulam-se os termos [r]evolução, binômio caro às análises de Antoine Compagnon, e decadência, visto como sinônimo de moderno, em seu entrelaçamento ambíguo, como as contradições da vida moderna, ao contexto artístico-literário português desse período.
"Falas, percursos, práticas e modos de (r)ex(s)istir", 2023
Em 2019 nos propusemos a reunir um grupo de pesquisadoras e pesquisadores que realizam trabalho d... more Em 2019 nos propusemos a reunir um grupo de pesquisadoras e pesquisadores que realizam trabalho de campo com foco nas
questões de gênero para abordar diferenças em distintos contextos
transnacionais. Imaginamos que o Seminário Internacional Fazendo
Gênero 12 seria um excelente lugar para mobilizar-nos, viajar e encontrar-nos presencialmente para uma semana cheia de discussões,
debates, aprendizados, afetos e trocas intelectuais, como o Fazendo Gênero sempre foi. Mas a pandemia de covid-19 nos obrigou a
reformular as condições para nosso encontro e adaptar-nos ao distanciamento físico. Decidimos então fazer algumas alterações em relação à programação, decididos a manter o diálogo e todas as suas
possibilidades: ampliação das redes, possibilidade de crescimento,
novas experiências etc. Aceitamos o desafio de construir uma mesa
redonda virtual intitulada Trabalho de campo e questões de gênero:
diálogos entre o norte e o sul global178 no dia 28 de julho de 2021,
utilizando o canal do YouTube do evento.
Zenodo (CERN European Organization for Nuclear Research), 2023
Esta obra é licenciada por uma Licença Creative Commons: Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.... more Esta obra é licenciada por uma Licença Creative Commons: Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional-(CC BY-NC-ND 4.0). Os termos desta licença estão disponíveis em: <https:// creativecommons.org/licenses/>. Direitos para esta edição cedidos à Pimenta Cultural. O conteúdo publicado não representa a posição oficial da Pimenta Cultural.
Fazendo Gênero em tempos de pandemia: debates (im)pertinentes Fazendo Gênero in times of a pandem... more Fazendo Gênero em tempos de pandemia: debates (im)pertinentes Fazendo Gênero in times of a pandemic: (i)relevant debates Fazendo Gênero en tiempos de pandemia: debates (im)pertinentes
ainda que me digam que meu lugar é outro eu bato o pé no ritmo cardíaco e crio raiz neste corpo s... more ainda que me digam que meu lugar é outro eu bato o pé no ritmo cardíaco e crio raiz neste corpo suas fronteiras não podem delimitar aquilo que é território livre (Thalita COELHO, 2018, p. 95) 1 O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-Brasil (CAPES)-Código de Financiamento 001.
Esta leitura se desenvolve a partir do que Beatriz Resende (2008) apresenta acerca da literatura ... more Esta leitura se desenvolve a partir do que Beatriz Resende (2008) apresenta acerca da literatura brasileira na “era da multiplicidade”. A pesquisadora toma como marco os anos de 1990 e a primeira decada do seculo XXI, quando se percebe que modelos, conceitos e espacos antes “familiares” sao agora deslocados e desestabilizados. A recente e recentissima producao literaria – e, portanto, estamos tratando de publicacoes que nao passaram pelo comodo “veredicto das eras” mencionado por Rene Wellek e Austin Warren (2003) em Teoria da literatura e metodologia dos estudos literarios – tem em comum alguns aspectos tais como: a presentificacao, o retorno ao tragico e o excesso de realismo. Nesse “novo” cenario, evidencia-se a heterogeneidade, a pluralidade, o uso de diferentes linguagens. A cultura passa a ser divisada cultura como fenomeno de hibridizacao, alem da manifestacao de discursos contra hegemonicos que tensionam ainda mais o que nos estudos literarios se considera – ou tem sido cons...
De todos os amores de minha vida, de todos os muitos amores que me fizeram a vida; está a minha t... more De todos os amores de minha vida, de todos os muitos amores que me fizeram a vida; está a minha terra, o lugar, os lugares do meu país. De todos esses amores, às vezes dores, elas marcando meu corpo ceivando-o e cevando-o em sangue e carne vigorosos. "De todos os amores... [1990]", Beatriz Nascimento 1 Encontrar na terra um amor a ser narrado é um dos repertórios da poeta que encontra em si um "corpo-território" a ser esculpido em palavras. Beatriz Nascimento tratou de falar dos territórios e quilombos como um propósito quase que inevitável, já que, ao se afirmar "atlântica" 2 , a escritora sergipana cavou territorialmente a sua trajetória narrativa. Aos sete anos, ela e sua família já traçavam o mesmo percurso que a população nordestina percorria
Anais eletrônicosAnais resultante da III Jornadas do LEGH: feminismo e democracia. O evento foi p... more Anais eletrônicosAnais resultante da III Jornadas do LEGH: feminismo e democracia. O evento foi promovido pelo Laboratório de Estudos de Gênero e História da UFSC, realizado nos dias 20 e 21 de março de 2018, na Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC.Capes e Fapes
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressã... more Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós-graduação em LiteraturaPensar a literatura de Mário de Sá-Carneiro é enveredar por um contexto densamente elaborado. Há os arroubos dos modernistas portugueses - tão bem conectados - que ele e Fernando Pessoa exploraram com maestria, seja em seus projetos pessoais, seja na Revista Orpheu, projeto que desenvolveram em comum. Além disso, há o desenvolvimento de um eu-lírico melancólico, à beira de um abismo de sentimentos. Enquanto Pessoa estava em Lisboa e Sá-Carneiro, em Paris, os dois poetas mantiveram intensa correspondência. Dessas cartas, são conhecidas as enviadas por Sá-Carneiro, as quais extrapolam os limites do pessoal e apresentam fruição poética, uma espécie de arcabouço literário, a que se articula Dispersão - conjunto de poemas publicado em 1915. A melancolia é encontrada também nas linhas consideradas como palavras do próprio Sá-Carneiro em diálogo com o a...
Viajar? Para viajar basta existir. [...] A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes... more Viajar? Para viajar basta existir. [...] A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos.
Esta comunicacao oral aborda, atraves de um relato de experiencia, possibilidades de debate da te... more Esta comunicacao oral aborda, atraves de um relato de experiencia, possibilidades de debate da tematica genero e diversidade voltada a disciplina historica escolar. Ela parte de uma oficina organizada pelo PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciacao a Docencia) Historia da UFSC, que ocorreu na E.B.M. Herondina Medeiros Zeferino, em Florianopolis, em novembro de 2016, intitulada "Genero e ensino de historia: perspectivas atuais". Nessa atividade participaram nao apenas bolsistas do PIBID, como tambem funcionarias/os da escola, estudantes e familiares, uma ampla gama de questoes para alem do genero foram abordadas: direitos humanos, diversidade religiosa, questoes etnicoraciais e de classe, assim como sexualidades. Apesar do carater amplo e introdutorio da oficina, tambem foram debatidas as leis referentes a diversidade especificamente voltadas ao ensino de historia, assim como interlocucoes que levaram em conta as percepcoes pessoais das pessoas presentes na oficin...
Resumo: Debruçar-se no projeto poético de Mário de Sá-Carneiro implica reconhecer o eu-lírico com... more Resumo: Debruçar-se no projeto poético de Mário de Sá-Carneiro implica reconhecer o eu-lírico como um sujeito melancólico, envolto pela trama que sua poética elabora. Então, a persona de papel se lança, via linguagem, ao abismo existencial e experimenta diferentes sentidos de morte, num movimento contínuo de autodestruição, e que toma corpo pela grande viagem literária da modernidade. Palavras-chave: Modernismo português, Mário de Sá-Carneiro, Cartografi a do sensível Resúmen: Volcarse para el proyecto poético de Mário de Sá-Carneiro obliga reconocer el sujeto lírico como un sujeto melancólico, envuelto por la trama que su poética elabora. Entonces, la persona de papel se lanza, por medio del lenguaje, al abismo existencial y experimenta diferentes sentidos de muerte, en un movimiento continuo de autodestrucción, y que se amplía por el gran viaje literario de la modernidad.
As contribuições de Teresa de Lauretis (2019) no que diz respeito às concepções culturais de masc... more As contribuições de Teresa de Lauretis (2019) no que diz respeito às concepções culturais de masculino e feminino, que formam um sistema de gênero, produzem um sistema simbólico ou de significações responsável por organizar valores e hierarquias culturais sobre os conteúdos culturais. Dessa maneira, o “sistema sexo-gênero” (Lauretis, 2019) relaciona-se tanto a fatores políticos quanto econômicos nas sociedades, motivo pelo qual, na senda das reflexões de Norma Telles (1992), gênero importa sempre, assim como raça, classe, sexualidade etc. Ao passo que tanto o sistema sexo-gênero quanto o colonial, interferem nos modelos de conhecimento e de relacionamento, os quais estão estruturados de maneira a produzirem vantagens para algumas pessoas e (muitas) desvantagens para outras, este trabalho pretende tomar a literatura brasileira produzida, sobretudo, nos últimos séculos por mulheres – com ênfase à de autoria negra – como campo profícuo para tensionar esses sistemas. Se figuras como Maria Firmina dos Reis e Carolina Maria de Jesus – entre tantas outras escritoras negras obliteradas pela crítica e pelo tempo – são exemplares para o debate ensejado, Conceição Evaristo e, mais recentemente, Marilene Felinto, Cristiane Sobral, Jarid Arraes – para citar alguns nomes – contribuíram e têm contribuído na produção de rupturas, de contranarrativas para uma prática disruptiva do cânone.
A Literatura e seus espaços de sobrevivência, 2024
Recorrer às próprias memórias para (des)montar figurações de si, sobre a própria vida, sempre em ... more Recorrer às próprias memórias para (des)montar figurações de si, sobre a própria vida, sempre em retrospectiva, possibilita compreender, revisitar, reorganizar, perspectivar experiências do passado. Em Pai, pai, João Silvério Trevisan faz da memória matéria literária. Entre lembranças de situações específicas e memórias de práticas cotidianas do seu dia a dia – as quais reverberam práticas e modos heteronormativos – João conta de sua infância, de seu sentimento de solidão, era o filho maricas, o mais velho, que foi para o seminário e deu sentido à própria vida. Por meio da escrita, medos, angústias, violências, desejos, amores são materializados. É um homem de 70 anos, um maricas, que se dedica ao exercício de contar-se. Na tarefa de rememorar, João escritor/narrador ocupa-se de modo consciente ao próprio passado, e no qual vai se “tornando um ser da saudade” (Trevisan, 2017, p. 226), uma vez que a memória resulta de sua própria vida. Nesse sentido, este trabalho objetiva analisar o romance de João Silvério Trevisan a partir das experiências e vidas dissidentes. Ao passo que se narra, ao mobilizar sua memória (pessoal e pública) João também sai, uma vez mais, do armário e conta também sobre o movimento homossexual no Brasil, das lutas e reivindicações que têm sido pauta há muitas décadas no país.
Na medida em que a Revolução dos Cravos demarcou transformações políticas e processos históricos ... more Na medida em que a Revolução dos Cravos demarcou transformações políticas e processos históricos desencadeados pelas lutas de libertação e de independência das ex-colônias, outros modos de narrar a experiência limite daqueles que retornaram, tensionando o projeto colonial português, vieram a público desde a década de 1970 como contranarrativas do discurso oficial. Elegemos analisar três romances: Os cus de Judas, de António Lobo Antunes, que suscita o questionamento de Por que haver guerra?; Cadernos de memórias coloniais, de Isabela Figueiredo, que aprofunda a questão ao apontar para a ruína do império, dessa fratura que se faz pessoal e coletiva, entre memórias, traumas e imagens (fotográficas) partilhadas; A visão das plantas (2021), de Djaimilia Pereira de Almeida, que, mais recentemente, veio para estremecer definitivamente qualquer ideia de que o projeto colonial teria sido “suavezinho” – para retomar Figueiredo. Capitão Celestino habita a casa familiar abandonada para dedicar-se ao cuidado das plantas. No findar dos dias, a ruína de seu corpo, sua dedicação àquele espaço de cultivo, vivendo na antiga casa, aproxima-se, de alguma forma, ao apartamento do narrador-protagonista do romance de Lobo Antunes e à casa da avó onde a narradora de Caderno de memórias coloniais foi viver após partir de Angola. Este trabalho tem o propósito de elaborar algumas reflexões acerca dessas personagens que retornam a Portugal e dos espaços que (não) passam a ocupar, seja no isolamento de um apartamento, em uma casa com a avó e suas galinhas ou na casa por tanto tempo vazia, última morada do velho capitão.
Por fim, registramos aqui que, para celebrarmos os 20 anos da Anuário, organizamos esta edição es... more Por fim, registramos aqui que, para celebrarmos os 20 anos da Anuário, organizamos esta edição especial, lançada durante o evento Anuário de Literatura, memórias em perspectiva, ocorrido no Auditório Elke Hering/BU, da Universidade Federal de Santa Catarina, no dia 28 de novembro de 2012. Compuseram a Mesa-Redonda Andréia Guerini, Marcio Markendorf e Rosana Kamita, professores da UFSC e membros do conselho editorial da Revista.
No cenário da literatura portuguesa do século XIX, Antero de Quental e Eça de Queirós, símbolos d... more No cenário da literatura portuguesa do século XIX, Antero de Quental e Eça de Queirós, símbolos da Geração de 70, idealizaram [re]construir Portugal e deram vida à revolução. Se Quental marca o espírito pedagógico-revolucionário pretendido pelo movimento, Queirós apresenta-nos sua crítica à sociedade portuguesa – relato da decadência na vida moderna. As Conferências marcaram a vida portuguesa, de modo que o ideal revolucionário permanecesse como inerente à sociedade moderna. A chamada Geração de 70 vestiu-se da modernidade “contraditória em si mesma” (Compagnon). Assim, articulam-se os termos [r]evolução, binômio caro às análises de Antoine Compagnon, e decadência, visto como sinônimo de moderno, em seu entrelaçamento ambíguo, como as contradições da vida moderna, ao contexto artístico-literário português desse período.
"Falas, percursos, práticas e modos de (r)ex(s)istir", 2023
Em 2019 nos propusemos a reunir um grupo de pesquisadoras e pesquisadores que realizam trabalho d... more Em 2019 nos propusemos a reunir um grupo de pesquisadoras e pesquisadores que realizam trabalho de campo com foco nas
questões de gênero para abordar diferenças em distintos contextos
transnacionais. Imaginamos que o Seminário Internacional Fazendo
Gênero 12 seria um excelente lugar para mobilizar-nos, viajar e encontrar-nos presencialmente para uma semana cheia de discussões,
debates, aprendizados, afetos e trocas intelectuais, como o Fazendo Gênero sempre foi. Mas a pandemia de covid-19 nos obrigou a
reformular as condições para nosso encontro e adaptar-nos ao distanciamento físico. Decidimos então fazer algumas alterações em relação à programação, decididos a manter o diálogo e todas as suas
possibilidades: ampliação das redes, possibilidade de crescimento,
novas experiências etc. Aceitamos o desafio de construir uma mesa
redonda virtual intitulada Trabalho de campo e questões de gênero:
diálogos entre o norte e o sul global178 no dia 28 de julho de 2021,
utilizando o canal do YouTube do evento.
Zenodo (CERN European Organization for Nuclear Research), 2023
Esta obra é licenciada por uma Licença Creative Commons: Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.... more Esta obra é licenciada por uma Licença Creative Commons: Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional-(CC BY-NC-ND 4.0). Os termos desta licença estão disponíveis em: <https:// creativecommons.org/licenses/>. Direitos para esta edição cedidos à Pimenta Cultural. O conteúdo publicado não representa a posição oficial da Pimenta Cultural.
Fazendo Gênero em tempos de pandemia: debates (im)pertinentes Fazendo Gênero in times of a pandem... more Fazendo Gênero em tempos de pandemia: debates (im)pertinentes Fazendo Gênero in times of a pandemic: (i)relevant debates Fazendo Gênero en tiempos de pandemia: debates (im)pertinentes
ainda que me digam que meu lugar é outro eu bato o pé no ritmo cardíaco e crio raiz neste corpo s... more ainda que me digam que meu lugar é outro eu bato o pé no ritmo cardíaco e crio raiz neste corpo suas fronteiras não podem delimitar aquilo que é território livre (Thalita COELHO, 2018, p. 95) 1 O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-Brasil (CAPES)-Código de Financiamento 001.
Esta leitura se desenvolve a partir do que Beatriz Resende (2008) apresenta acerca da literatura ... more Esta leitura se desenvolve a partir do que Beatriz Resende (2008) apresenta acerca da literatura brasileira na “era da multiplicidade”. A pesquisadora toma como marco os anos de 1990 e a primeira decada do seculo XXI, quando se percebe que modelos, conceitos e espacos antes “familiares” sao agora deslocados e desestabilizados. A recente e recentissima producao literaria – e, portanto, estamos tratando de publicacoes que nao passaram pelo comodo “veredicto das eras” mencionado por Rene Wellek e Austin Warren (2003) em Teoria da literatura e metodologia dos estudos literarios – tem em comum alguns aspectos tais como: a presentificacao, o retorno ao tragico e o excesso de realismo. Nesse “novo” cenario, evidencia-se a heterogeneidade, a pluralidade, o uso de diferentes linguagens. A cultura passa a ser divisada cultura como fenomeno de hibridizacao, alem da manifestacao de discursos contra hegemonicos que tensionam ainda mais o que nos estudos literarios se considera – ou tem sido cons...
De todos os amores de minha vida, de todos os muitos amores que me fizeram a vida; está a minha t... more De todos os amores de minha vida, de todos os muitos amores que me fizeram a vida; está a minha terra, o lugar, os lugares do meu país. De todos esses amores, às vezes dores, elas marcando meu corpo ceivando-o e cevando-o em sangue e carne vigorosos. "De todos os amores... [1990]", Beatriz Nascimento 1 Encontrar na terra um amor a ser narrado é um dos repertórios da poeta que encontra em si um "corpo-território" a ser esculpido em palavras. Beatriz Nascimento tratou de falar dos territórios e quilombos como um propósito quase que inevitável, já que, ao se afirmar "atlântica" 2 , a escritora sergipana cavou territorialmente a sua trajetória narrativa. Aos sete anos, ela e sua família já traçavam o mesmo percurso que a população nordestina percorria
Anais eletrônicosAnais resultante da III Jornadas do LEGH: feminismo e democracia. O evento foi p... more Anais eletrônicosAnais resultante da III Jornadas do LEGH: feminismo e democracia. O evento foi promovido pelo Laboratório de Estudos de Gênero e História da UFSC, realizado nos dias 20 e 21 de março de 2018, na Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC.Capes e Fapes
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressã... more Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós-graduação em LiteraturaPensar a literatura de Mário de Sá-Carneiro é enveredar por um contexto densamente elaborado. Há os arroubos dos modernistas portugueses - tão bem conectados - que ele e Fernando Pessoa exploraram com maestria, seja em seus projetos pessoais, seja na Revista Orpheu, projeto que desenvolveram em comum. Além disso, há o desenvolvimento de um eu-lírico melancólico, à beira de um abismo de sentimentos. Enquanto Pessoa estava em Lisboa e Sá-Carneiro, em Paris, os dois poetas mantiveram intensa correspondência. Dessas cartas, são conhecidas as enviadas por Sá-Carneiro, as quais extrapolam os limites do pessoal e apresentam fruição poética, uma espécie de arcabouço literário, a que se articula Dispersão - conjunto de poemas publicado em 1915. A melancolia é encontrada também nas linhas consideradas como palavras do próprio Sá-Carneiro em diálogo com o a...
Viajar? Para viajar basta existir. [...] A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes... more Viajar? Para viajar basta existir. [...] A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos.
Esta comunicacao oral aborda, atraves de um relato de experiencia, possibilidades de debate da te... more Esta comunicacao oral aborda, atraves de um relato de experiencia, possibilidades de debate da tematica genero e diversidade voltada a disciplina historica escolar. Ela parte de uma oficina organizada pelo PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciacao a Docencia) Historia da UFSC, que ocorreu na E.B.M. Herondina Medeiros Zeferino, em Florianopolis, em novembro de 2016, intitulada "Genero e ensino de historia: perspectivas atuais". Nessa atividade participaram nao apenas bolsistas do PIBID, como tambem funcionarias/os da escola, estudantes e familiares, uma ampla gama de questoes para alem do genero foram abordadas: direitos humanos, diversidade religiosa, questoes etnicoraciais e de classe, assim como sexualidades. Apesar do carater amplo e introdutorio da oficina, tambem foram debatidas as leis referentes a diversidade especificamente voltadas ao ensino de historia, assim como interlocucoes que levaram em conta as percepcoes pessoais das pessoas presentes na oficin...
Resumo: Debruçar-se no projeto poético de Mário de Sá-Carneiro implica reconhecer o eu-lírico com... more Resumo: Debruçar-se no projeto poético de Mário de Sá-Carneiro implica reconhecer o eu-lírico como um sujeito melancólico, envolto pela trama que sua poética elabora. Então, a persona de papel se lança, via linguagem, ao abismo existencial e experimenta diferentes sentidos de morte, num movimento contínuo de autodestruição, e que toma corpo pela grande viagem literária da modernidade. Palavras-chave: Modernismo português, Mário de Sá-Carneiro, Cartografi a do sensível Resúmen: Volcarse para el proyecto poético de Mário de Sá-Carneiro obliga reconocer el sujeto lírico como un sujeto melancólico, envuelto por la trama que su poética elabora. Entonces, la persona de papel se lanza, por medio del lenguaje, al abismo existencial y experimenta diferentes sentidos de muerte, en un movimiento continuo de autodestrucción, y que se amplía por el gran viaje literario de la modernidad.
No cenário da literatura portuguesa do século XIX, Antero de Quental e Eça de Queirós, símbolos d... more No cenário da literatura portuguesa do século XIX, Antero de Quental e Eça de Queirós, símbolos da Geração de 70, idealizaram [re]construir Portugal e deram vida à revolução. Se Quental marca o espírito pedagógico-revolucionário pretendido pelo movimento, Queirós apresenta-nos sua crítica à sociedade portuguesa – relato da decadência na vida moderna. As Conferências marcaram a vida portuguesa, de modo que o ideal revolucionário permanecesse como inerente à sociedade moderna. A chamada Geração de 70 vestiu-se da modernidade “contraditória em si mesma” (Compagnon). Assim, articulam-se os termos [r]evolução, binômio caro às análises de Antoine Compagnon, e decadência, visto como sinônimo de moderno, em seu entrelaçamento ambíguo, como as contradições da vida moderna, ao contexto artístico-literário português desse período.
Este artigo pretende explorar algumas questões relativas ao modo de vida psíquico da vida contemp... more Este artigo pretende explorar algumas questões relativas ao modo de vida psíquico da vida contemporânea ocidental, tomando como suporte para debate o romance Clube da Luta, de Chuck Palahniuk, e o filme homônimo, de David Fincher. Fruto de um contexto pós-moderno, as referidas ficções permitem um olhar crítico sobre os monumentos abstratos da organização social, tais como representados pelo consumismo, hedonismo e calculismo. Esses aspectos são alegorizados por meio da violência física que, em uma análise mais aprofundada, expressa uma violência simbólica contra o mal-estar da civilização.
Mulheres de luta: feminismo e esquerdas no Brasil (1964-1985), 2020
Capítulo publicado no livro do projeto Mulheres de luta: feminismo e esquerdas no Brasil (1964-19... more Capítulo publicado no livro do projeto Mulheres de luta: feminismo e esquerdas no Brasil (1964-1985) do Laboratório de Estudos de Gênero e História (LEGH) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Sabemos o quanto a democracia é frágil e que sua manutenção requer vigilância e atenção. A segund... more Sabemos o quanto a democracia é frágil e que sua manutenção requer vigilância e atenção. A segunda década do século XXI tem mostrado esta fragilidade em diferentes países e, especialmente, no Brasil. Entre as forças que têm resistido às ameaças à democracia estão as mulheres em geral e os feminismos em particular. Estes estão se tornando uma grande trincheira em defesa da democracia, daí, certamente, a razão para tanta desqualificação e ataques. Neste livro os feminismos e a democracia no Brasil estão em debate, afinal esta foi a chave de leitura que permitiu reunir pesquisadoras e pesquisadores de diferentes lugares do país na III Jornadas do LEGH, evento ocorrido entre os dias 20 e 21 de março de 2018 na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Os capítulos publicados foram selecionados entre os apresentados nas mesas-redondas e conferências do evento.
A proposta do volume é reunir textos de escrita mais reflexiva, de voz e linguagem pessoal, sem a... more A proposta do volume é reunir textos de escrita mais reflexiva, de voz e linguagem pessoal, sem a preocupação de fechar as pontas discursivas, tal como é de praxe nos formatos herméticos da academia. O livro foi pensado com foco em um público amplo de interessados em David Lynch - cinéfilos, cineclubistas, estudantes, fãs - mas temos certeza que scholars também encontrarão conteúdos significativos e um conjunto de informações relevantes.
Lynch foi aqui uma ponte, dobra ou contato entre os colaboradores, que possuem diferentes formações acadêmicas, interesses artísticos e atividades de pesquisa, razão para a multiplicidade e riqueza de abordagens.
MELLO, S.C. de; ZANDONÁ, J. . GÊNERO E DIVERSIDADE NO PIBID HISTÓRIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA. In: ... more MELLO, S.C. de; ZANDONÁ, J. . GÊNERO E DIVERSIDADE NO PIBID HISTÓRIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA. In: III Seminário Internacional História do Tempo Presente, 2017, Florianópolis. Anais do III Seminário Internacional História do Tempo Presente (2017). Florianópolis: FAED/UDESC, 2017. p. 1-13.
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Papers by Jair Zandoná
questões de gênero para abordar diferenças em distintos contextos
transnacionais. Imaginamos que o Seminário Internacional Fazendo
Gênero 12 seria um excelente lugar para mobilizar-nos, viajar e encontrar-nos presencialmente para uma semana cheia de discussões,
debates, aprendizados, afetos e trocas intelectuais, como o Fazendo Gênero sempre foi. Mas a pandemia de covid-19 nos obrigou a
reformular as condições para nosso encontro e adaptar-nos ao distanciamento físico. Decidimos então fazer algumas alterações em relação à programação, decididos a manter o diálogo e todas as suas
possibilidades: ampliação das redes, possibilidade de crescimento,
novas experiências etc. Aceitamos o desafio de construir uma mesa
redonda virtual intitulada Trabalho de campo e questões de gênero:
diálogos entre o norte e o sul global178 no dia 28 de julho de 2021,
utilizando o canal do YouTube do evento.
questões de gênero para abordar diferenças em distintos contextos
transnacionais. Imaginamos que o Seminário Internacional Fazendo
Gênero 12 seria um excelente lugar para mobilizar-nos, viajar e encontrar-nos presencialmente para uma semana cheia de discussões,
debates, aprendizados, afetos e trocas intelectuais, como o Fazendo Gênero sempre foi. Mas a pandemia de covid-19 nos obrigou a
reformular as condições para nosso encontro e adaptar-nos ao distanciamento físico. Decidimos então fazer algumas alterações em relação à programação, decididos a manter o diálogo e todas as suas
possibilidades: ampliação das redes, possibilidade de crescimento,
novas experiências etc. Aceitamos o desafio de construir uma mesa
redonda virtual intitulada Trabalho de campo e questões de gênero:
diálogos entre o norte e o sul global178 no dia 28 de julho de 2021,
utilizando o canal do YouTube do evento.
Lynch foi aqui uma ponte, dobra ou contato entre os colaboradores, que possuem diferentes formações acadêmicas, interesses artísticos e atividades de pesquisa, razão para a multiplicidade e riqueza de abordagens.