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Fisioterapia na

Saúde do Idoso
Atenção Fisioterapêutica na Terceira Idade

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Danilo Cândido Bulgo

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Atenção Fisioterapêutica na
Terceira Idade

• Avaliação Fisioterapêutica e Atuação


da Fisioterapia na Saúde do Idoso.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Abordar as principais estratégias de avaliação, reabilitação e tratamento fisioterapêutico;
• Discutir os aspectos preventivos que envolvem ambas as populações;
• Estabelecer os objetivos de treinamento, condutas e demais intervenções.
UNIDADE Atenção Fisioterapêutica na Terceira Idade

Avaliação Fisioterapêutica e Atuação


da Fisioterapia na Saúde do Idoso
Nesta Unidade, vamos identificar a relevância da Fisioterapia, bem como a avaliação e
os recursos utilizados para os mais variados tratamentos para os pacientes da terceira idade.
A fisioterapia voltada para a terceira idade é uma área em plena expansão no cenário
da saúde, atuando na promoção, prevenção, reabilitação e proteção aos aspectos que
cercam a vida da pessoa idosa.
Para prestar tratamento que traga benefícios ao paciente, faz-se necessário que o
profissional compreenda os quesitos que se relacionam às demandas, necessidades e
­especificidades advindas desse grupo populacional, voltando o tratamento para aumen-
tar a qualidade de vida, autonomia e participação social desses indivíduos.
Desse modo, a Fisioterapia Geriátrica tem como objetivo prestar assistência visando
à abordagem integral e humanizada para os indivíduos que estejam com 60 anos ou
mais, enfatizando as particularidades que surgem com o avançar da idade.
É necessário identificar e valorizar a singularidade do idoso, conhecendo os aspectos
que envolvem sua história e considerando seu estado biopsicossocial e espiritual. O fisio­
terapeuta deve embasar seu tratamento na busca por informações baseadas em uma
anamnese completa, ou seja, visando à identificação global do idoso.
Todo esse conjunto de busca por informações auxiliará o fisioterapeuta a identificar,
elaborar, tratar, reabilitar e buscar o melhor nas queixas desse paciente.
O roteiro de uma anamnese é estruturado, geralmente, de maneira a investigar alguns
pontos importantes para compreender o que será proposto como meta fisioterapêutica.
Para a realização de uma boa anamnese, acima de tudo, é necessário saber ouvir o paciente
e, em se tratando de idosos, saber ouvir se torna um item indispensável ao fisioterapeuta.
Ao iniciar a entrevista com uma pergunta aberta, dê tempo para o paciente responder.
A anamnese é composta, geralmente, por um roteiro básico:
1. Identificação;
2. Queixa Principal (QP);
3. História da Moléstia Atual (HMA);
4. História familiar;
5. História social/hábitos de vida.

Vamos identificar a diferença entre geriatria e A gerontologia?


A Geriatria é um campo da Medicina que se integra à área da Gerontologia. Ela tem como
finalidade a promoção da saúde, da prevenção e do tratamento das patologias, da reabilita­
ção funcional e dos cuidados paliativos. Já a Gerontologia é a ciência que estuda de maneira
específica a qualidade de vida no processo de envelhecimento. Analisa esse processo nos
aspectos biológicos, psicológicos, sociais e outros. É uma área multidisciplinar na qual os
profissionais possuem formações diversificadas, interagindo entre si.

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Após investigar o paciente idoso, é necessário estudar a ficha de anamnese, pois,
por meio dos relatos, o profissional poderá identificar as reais necessidades pelas quais
o paciente busca o atendimento fisioterapêutico.

Vale ressaltar que o profissional fará o diagnóstico cinesiológico funcional e não


­patológico, visto que esse fica a cargo do médico. O profissional de fisioterapia, é um
profissional que busca identificar, por meio do diagnóstico cinesiológico funcional a
neces­sidade de fisioterapia, baseado em evidências, visto que essa modalidade de atu-
ação identifica maior precisão diagnóstica e prognóstica, como também é capaz de
propor intervenção fisioterapêutica, que poderá corroborar com um tratamento voltado
a cada indivíduo e com a máxima resolutividade.

Amplie seu conhecimento sobre anamnese em paciente geriátrico. Assista ao vídeo


disponível no link a seguir e perceba o quão importante é a avaliação fisioterapêutica.
Disponível em: https://youtu.be/DK6QUG575FA

Figura 1 – Anamnese Fisioterapêutica


Fonte: Getty Images

O fisioterapeuta conduzirá a ampla avaliação, tornando possível proceder a todo


tipo de decisão fisioterapêutica. As condições fisiológicas e/ou patológicas que
contribuem para as perdas funcionais do idoso devem ser identificadas e apropria­
damente tratadas; porém é necessário afirmar que o profissional fará o diagnós­
tico fisioterapêutico.

Após a anamnese, é realizada a avaliação físico-funcional, na qual poderão ser apli-


cados alguns instrumentos de avaliação específicos para a pessoa idosa.

É indispensável identificar qual a queixa principal e funcional do idoso e quais são as


suas expectativas em relação ao tratamento fisioterapêutico.

Desse modo, será melhor elaborar um plano de tratamento fisioterapêutico com con-
dutas segundo as necessidades de cada caso.

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UNIDADE Atenção Fisioterapêutica na Terceira Idade

Figura 2 – Avaliação Físico Funcional do Idoso


Fonte: Getty Images

É de responsabilidade do fisioterapeuta estabelecer metas, tratamento e alta fisio­


terapêutica. O tratamento, condutas, quais recursos utilizar e quantas sessões fisio­
terapêuticas são necessárias é exclusivamente feito pelo profissional bacharel em
fisioterapia devidamente credenciado no Crefito.

O exame físico é fundamental e pode ser constituído nas seguintes etapas: inspeção
estática, inspeção dinâmica, palpação e monitoramento dos sinais vitais (o que compre-
ende aferição da pressão arterial, ausculta pulmonar, frequência cardíaca, saturação de
oxigênio e temperatura).

Outros aspectos a serem avaliados: força muscular, testes de sensibilidade e de tes­


tes especiais.

O processo de envelhecimento vem acompanhado de diversas mudanças orgânicas, com dimi­


nuição das capacidades funcionais e alterações no funcionamento fisiológico de órgãos e sistemas.

Figura 3 – Avaliação da força muscular


Fonte: Getty Images.

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O fisioterapeuta, ao avaliar alguns aspectos, deve saber interpretar alguns sinais clí-
nicos como:
• A temperatura corpórea média em indivíduos adultos é de aproximadamente 37ºC,
sendo mantida por meio do equilíbrio entre a produção e a perda de calor;
• Na Frequência Cardíaca (FC) é avaliada a frequência, o ritmo e a força do pulso
­periférico. A frequência cardíaca pode ter variação, mas normalmente situa-se entre
60 bpm e 100 bpm em um indivíduo em repouso ou atividades habituais. Quando
ultrapassa 100 bpm é denominada taquicardia e quando inferior a 60 bradicardia;
• A pressão arterial é a força exercida quanto à parede das artérias quando o san-
gue se move por meio delas. A pressão arterial sistólica visa a ser a força máxima
exercida nas principais artérias durante a contração do ventrículo esquerdo. Em um
padrão considerado normal em um indivíduo adulto, ela gira em torno de 90 a
140mmHg. A pressão arterial diastólica é a força nas principais artérias que perma­
necem após o relaxamento dos ventrículos e normalmente é de 60 a 90mmHg
(VASSOLER; SARMENTO, 2007);
• A Saturação Parcial de Oxigênio Arterial (SpO2) é a porcentagem de hemoglobina
saturada com o oxigênio, e seu padrão normal está nos valores acima de 90%.

Figura 4 – Assistência fisioterapêutica em domicílio


Fonte: Getty Images

Importante!
Vale destacar que cada idoso vai demandar um tipo de avaliação: o paciente clínico,
domiciliar, hospitalizado e/ou institucionalizado tem suas especificidades, cabendo ao
fisioterapeuta identificar como esse indivíduo se encontra, pois a partir da avaliação, o
profissional irá elaborar um protocolo fisioterapêutico individualizado para a demanda
do paciente. É importante levar em consideração os relatos, a identificação de sinais e os
sintomas ditos pelo paciente.

O fisioterapeuta deverá investigar junto ao paciente/familiar e/ou cuidador:


• Se o paciente relata dor, quando os sintomas apareceram e qual o fator que possi-
velmente desencadeou o seu aparecimento, bem como a intensidade da dor;

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UNIDADE Atenção Fisioterapêutica na Terceira Idade

• Em relação a dor, faz-se necessário que o fisioterapeuta identifique alguns aspectos


durante a inspeção:
» Localização da dor;
» Irradiação;
» Intensidade;
» Duração dos sintomas;
» Evolução e frequência dos episódios dolorosos;
» Relação com funções fisiológicas;
» Sinais e sintomas concomitantes;
» Fatores de alívio e agravamento;
» Impacto dos sintomas sobre as atividades do dia a dia.

Lembre-se de que grande parcela dos idosos não vai compreender terminologias
puramente técnicas. Desse modo, é necessário ter acessibilidade linguística, ou seja,
tentar ao máximo aproximar a linguagem científica da linguagem popular, a fim de
possibilitar a compreensão acerca dos fatores que fizeram o idoso buscar o serviço
de fisioterapia.

O fisioterapeuta deve verificar traumas anteriores: se houve alguma lesão traumática


e, se houve, qual o mecanismo da lesão e quando ocorreu, bem como se foi realizado o
tratamento. Essas informações poderão auxiliar no tratamento.

Deve, ainda, identificar se o paciente realizou tratamentos prévios e seus efeitos:


uso de analgésicos, narcóticos esteroides, anti-inflamatórios não hormonais e relaxan-
tes musculares, intervenção fisioterapêutica (cinesioterapia, massoterapia, eletroterapia,
crioterapia, termoterapia), intervenções cirúrgicas, diagnósticos passados e resultados.

E quais são os benefícios da Fisioterapia Geriátrica?


• Aumento da sensação de bem-estar físico e mental;
• Melhora da qualidade de vida;
• Melhora do humor, da autoestima e da autoconfiança;
• Melhora do condicionamento físico;
• Manutenção ou ganho de força muscular;
• Manutenção da amplitude de movimento;
• Melhora da flexibilidade;
• Melhora o equilíbrio;
• Diminuição do risco de quedas;
• Manutenção da independência funcional;
• Prevenção ou retardamento das incapacidades relacionadas ao envelhecimento;
• Reabilitação e restauração da função motora comprometida, dentro das suas poten-
cialidades e especificidades.

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Figura 5 – Benefícios fisioterapêuticos
Fonte: Getty Images

Você Sabia?
Você sabia que cerca de 80% a 85% dos indivíduos com mais de 65 anos apresentam,
pelo menos, um problema significativo de saúde que predispõe à dor? Por isso o papel
do fisioterapeuta é indispensável no cenário de saúde.

O envelhecimento é uma etapa do desenvolvimento vital, sendo associado a fatores


externos e internos, como deficiência nutricional e mudanças endócrinas. Ausência
­regular de atividade física e hereditariedade podem levar ao aparecimento de doenças
ocasionando alterações posturais, déficits na marcha, redução da força muscular e da
capacidade de respiratória, dentre outras alterações que, na maioria das vezes, limitam o
movimento corporal e estão associadas a quadros patológicos que levam ao surgimento
do quadro álgico (AGUIAR et al., 2006).

A dor é considerada um fenômeno multidimensional com componentes sensoriais,


emocionais e cognitivos, apresentando dimensões psicológicas acompanhadas de cor-
relatos orgânicos (lesão real ou potencial do tecido) sendo objeto de estudo de diferentes
áreas do conhecimento (FRUTUOSO; CRUZ, 2004).

A dor é, principalmente, um mecanismo de proteção do corpo, ocorrendo sempre


que qualquer tecido esteja sendo lesado fazendo com que o indivíduo reaja para remover
o estímulo doloroso (GUYTON; HALL, 2002).

Pode-se dizer que existem duas classificações para a dor, de acordo com sua duração:
crônica (é vaga e mal delineada, persistindo por meses ou além do tempo razoável para
a cura da lesão causal ou patologia) e aguda (caracterizada por surto repentino de curta
duração, bem delineada).

Ambas as tipologias podem ser classificadas em nociceptiva, neuropática, mista


ou psicogênica.

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UNIDADE Atenção Fisioterapêutica na Terceira Idade

Constantemente, os idosos acreditam que a dor é uma consequência inevitável do


envelhecimento, a qual se deve suportar sem queixas. Com isso, a presença da dor,
muitas vezes, é negada por medo tanto dos procedimentos médicos como de seus
gastos, perda da autonomia e possível institucionalização.

Importante!
A inatividade física associada ao sedentarismo é a principal fonte de incapacidade liga­
da à dor crônica. Shephard (2003) definiu uma classificação dividida em 4 capacidades
funcionais, sendo elas: meia-idade, velhice, velhice avançada e velhice muito avançada­.
Vale destacar que quando se fala na categorização funcional na terceira idade, ela não
depende somente do fator idade, abrangendo, também, sexo, estilo de vida, saúde,
­fatores socioeconômicos e influências constitucionais, estando provado, assim, que não
há homogeneidade na população idosa.

Figura 6 – Alongamento de membros inferiores


Fonte: Getty Images

A osteoartrite é o mesmo que osteoartrose, artrose ou doença articular degenerativa.


No rol das patologias agrupadas sob a designação de “reumatismos”, a osteoartrite
é a mais comum.

Vamos falar sobre a Síndrome da Fragilidade na terceira idade?

Quando se fala em fragilidade, pode-se dizer que é um estado clínico de vulnerabi-


lidade aos fatores estressantes que derivam na redução das reservas fisiológicas, sendo
seguida pela diminuição da eficiência da homeostase.

Na terceira idade, a fragilidade indica uma condição com maior predominância no


público feminino sendo caracterizada por alto risco para consequências adversas, que-
das, incapacidade, hospitalização, institucionalização e até morte.

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A homeostase é caracterizada como uma condição de equilíbrio do ambiente interno
corporal, independentemente das alterações do ambiente externo. Isso garante, por
exemplo, a regulação da temperatura corporal mesmo em ambientes frios.

A fragilidade pode ser observada quando a pessoa idosa atende a no mínimo quatro
das seguintes características: idade igual ou superior a 80 anos, depressão, instabilidade
do equilíbrio e no padrão da marcha, redução da força de preensão palmar, uso de seda-
tivos, diminuição da força nas articulações dos ombros e joelhos, déficits nos membros
inferiores e déficit visual (MACEDO; GAZZOLA; NAJAS, 2008).

Assista o vídeo disponível no link a seguir a fim de conhecer mais sobre a Síndrome da Fragi­
lidade na Terceira Idade. Bom vídeo. Disponível em: https://youtu.be/e9F2qZjb9oQ

Vale ressaltar que três aspectos podem influenciar no processo de envelhecimento,


sendo estas as alterações mais comuns que atingem os idosos:
• Alteração cognitiva: está relacionada ao processo de aquisição de conhecimento
(cognição), sendo englobada por fatores diversos, como o ato de pensar, a percep-
ção, o reconhecimento de objetos, a memória, o raciocínio, a linguagem etc., que
pertencem ao núcleo que envolve o desenvolvimento intelectual;
• Alteração na funcionalidade: está relacionada à execução de tarefa. Essa altera-
ção, por sua vez, não permite ao idoso realizar algumas atividades comuns do dia a
dia, como: vestir-se sem auxílio, cozinhar, utilizar o sanitário, tomar banho e outras
atividades comuns aos seres humanos. Essa perda na capacidade funcional pode
ser mais acentuada em caso de demência;
• Alteração comportamental: está ligada à alteração nos estímulos sociais ou a
sentimentos, ou até mesmo uma combinação de ambos. Por exemplo, isolamento
social (amigos, familiares etc.).

Figura 7 – Fragilidade funcional na terceira idade


Fonte: Getty Images

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UNIDADE Atenção Fisioterapêutica na Terceira Idade

A seguir, você poderá observar o ciclo da fragilidade, em que são evidenciados os


componentes que permeiam essa síndrome: desnutrição crônica, sarcopenia, declínio
da massa e da força muscular e tolerância ao exercício, além do declínio da atividade
física e do gasto energético total. Esse ciclo auxilia na compreensão de identificação do
processo de perda energética que inclui perda de massa e força muscular, redução da
taxa metabólica, declínio do gasto energético e da mobilidade.

Importante!
A sarcopenia está associada à fragilidade e tem com consequências: redução da força
muscular, baixa tolerância ao exercício e redução da velocidade da marcha

Envelhecimento: alterações
Musculoesquelético na senescência

Subnutrição Equilíbrio negativo de energia Perda de peso


crônica
Anorexia
fisiológica Equilíbrio negativo
de nitrogênio
Gasto total de energia Sarcopenia

Atividade
Taxa de
metabolismo
em repouso VO2 máx
Velocidade Força e capacidade
de marcha

Mobilidade
Incapacidade Déficit de equilíbrio
Quedas
e Lesões

Dependência

Figura 8 – Ciclo: Síndrome da fragilidade


Fonte: Adaptado de FRIED; WALSTON, 2001

Importante!
A fragilidade é considerada uma síndrome deletéria da interação de quatro fatores: bioló­
gicos, psicológicos, cognitivos e sociais que, com o avançar da vida, podem ser identifica­
dos para que intervenções e condutas sejam inseridas precocemente. O trabalho baseado
em uma equipe multidisciplinar auxilia no retardo do declínio funcional, desse modo,
ocorre a diminuição do índice de institucionalização e hospitalização, corroborando de
maneira positiva os índices de morbimortalidade no que tange à saúde da pessoa idosa.

Percebendo as necessidades integrais do idoso, a integralidade no cuidado surge tanto


no âmbito individual quanto coletivo, sendo definida como um rol de ações que visam a
integrar medidas curativas e assistenciais, preventivas e no campo da promoção da saú-
de. Em ambos os casos, é necessário visualizar e compreender o idoso como indivíduo
holístico, ou seja, histórico, social e político, articulado ao meio ambiente, à sociedade
na qual se insere e em seu contexto familiar (MACHADO et al., 2007).

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Com ênfase na integralidade, o cuidado comunitário da pessoa idosa pode basear-se,
em particular, no núcleo familiar e na atenção básica de saúde, por meio das unidades
de saúde, sob a estratégia da saúde da família: primeiros níveis de contato com a rede de
serviços, que devem representar, para a pessoa idosa, o vínculo com o sistema de saúde
(SILVESTRE; COSTA NETO, 2003).

Já a qualidade de vida, segundo Marco (2006), é vista como o princípio da autonomia


da pessoa idosa como uma condição de satisfação de necessidades.

No cenário da saúde, deve ser compreendida no sentido mais amplo, como na com-
preensão das necessidades humanas essenciais, materiais e espirituais, e que se interli-
gam na promoção de a saúde ser o foco mais relevante.

Com o avançar da idade, o desgaste do organismo é um processo natural e contínuo.


Apesar de o envelhecimento não ser considerado uma doença, deve-se enxergá-lo como
um ciclo da fase vital, no qual o ser humano fica suscetível a alterações e declínio de
órgãos e sistemas.

É válido evidenciar que o envelhecimento é um processo e, como todo processo, o


ato de envelhecer não acontece de maneira instantânea.

Atuar na saúde do idoso implica e demanda diversos critérios, dentre eles, é asse-
gurar um atendimento: bem avaliado, baseado em evidência científica e humanização,
­assim o cuidado fisioterapêutico, visando ao processo de humanização dos atendimen-
tos em saúde e de promoção do bem-estar, vem a cada dia ocupando maiores espaços
e conquistando maior relevância e reconhecimento social. Nesse contexto, é inegável
que o fisioterapeuta pode desempenhar importantes funções na luta pela preservação
da dignidade da vida humana (SANTANA; BARRETO, 2013).

Diversas estratégias são utilizadas para tratar os idosos nas sessões de fisioterapia,
bem como inserir princípios e abordagens para a prática clínica, implicações do processo
de envelhecimento da população na promoção, prevenção e reabilitação geriátrica.

Os benefícios advindos por meio da prática de exercícios físicos na terceira idade têm
mostrado resultados positivos já descritos na Literatura, sendo que eles, quando orienta-
dos pelo profissional capacitado visam à melhora na manutenção da saúde global, como:
aumento da capacidade funcional, do equilíbrio e da força, coordenação e velocidade
de movimento, corroborando para o aumento do bem-estar, da qualidade de vida e da
busca pelo envelhecimento ativo.

Diversas são os recursos utilizados para auxiliar os idosos nas sessões de fisioterapia.

A seguir, destacamos dois desses recursos.

Treino com dupla tarefa


Essa prática é definida como o ato de realizar uma atividade primária, para a qual
é destinado o maior foco da atenção, incorporada a uma segunda atividade executada
ao mesmo tempo. A dupla tarefa é um excelente recurso para prevenir ou retardar
as mais diversas alterações e incapacidades, consistindo na execução de duas tarefas

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UNIDADE Atenção Fisioterapêutica na Terceira Idade

c­oncomitantes, geralmente, embasada por meio de uma tarefa motora associada ao


estímulo cognitivo (O’SHEA; MORRIS; IANSEK, 2002).

Figura 9 – Dupla tarefa na terceira idade: trabalhando o sistema motor e cognitivo


Fonte: Getty Images

Vamos verificar algumas possibilidades para a prática de atividades que demandam dupla tare­
fa? Assista ao vídeo disponível no link a seguir e observe diversas práticas que propiciam ao idoso
empoderamento para um envelhecimento ativo. Disponível em: https://youtu.be/LUGL-JHe8xI

Hidroterapia
A hidroterapia é a utilização dos meios aquáticos para fins terapêuticos. É uma
­ aneira de terapia física, que é utilizada no tratamento de diversas patologias, lesões e
m
distúrbios. A imersão na água aquecida subsidia benefícios que auxiliam no aumento da
qualidade de vida do idoso, bem como na manutenção de órgãos e sistemas corporais.

Por meio do empuxo aliado ao ambiente aquático aquecido, é possível buscar o alívio
do estresse sobre as articulações, diminuindo as forças gravitacionais relacionadas ao
movimento, possibilitando que alguma atividade antes restrita para realização no solo,
seja realizada com segurança no meio aquático durante a sessão de hidroterapia.

Os principais benefícios da hidroterapia incluem:


• Aumento da circulação vascular;
• Fortalecimento do sistema imunológico;
• Melhora do tônus muscular;
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• Redução de estresse e aumento no humor;
• Aumento do fluxo respiratório;
• Alívio de dores;
• Se for em grupo, proporciona a socialização na terceira idade;

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• Relaxamento muscular;
• Melhora na coordenação motora e amplitude de movimento, dentre outras.

Importante!
Quando falamos da força de empuxo – vale ressaltar que é uma força de sentido con­
trário ao da gravidade (de baixo para cima) com intensidade igual ao peso do volume de
água deslocado. Esse efeito é utilizado como resistência ao movimento dentro da água,
fortalecendo a musculatura sem aumentar o impacto articular. Além disso, o empuxo
estimula a circulação periférica e fortalece a musculatura respiratória.

Assim:
• A flutuação possibilita que o idoso realize movimentos em diversos planos, propor-
cionando atividades que até então poderiam ser impossíveis de serem realizadas
em solo;
• A água reduz o impacto da movimentação das articulações, reduzindo o risco de
causar lesões em idosos com doenças articulares ou degenerativas;
• A água é um recurso utilizado tanto para resistência quanto para o ganho de força
muscular como para auxílio de movimentos para músculos fracos e paralisias;
• A instabilidade dentro do ambiente aquático estimula o treino de equilíbrio
­e propriocepção;
• A água, quando aquecida, proporciona relaxamento muscular, reduzindo quadros
álgicos e facilitando os exercícios de alongamentos, além de auxiliar na adequação
do tônus muscular em pacientes neurológicos;
• No ambiente aquático, o idoso pode realizar mais facilmente treinos de marcha e
equilíbrio se torna mais fácil;
• O meio aquático pode se tornar divertido e estimulante. Assim, o idoso pode ter
mais ânimo em realizar as sessões de fisioterapia;

Como em todo recurso fisioterapêutico, é necessário ficar atento às indicações e con-


traindicações da utilização do meio aquático para fins terapêuticos, como:
• Febre acima de 38º;
• Doenças infecciosas;
• Feridas abertas;
• Erupção cutânea contagiosa;
• Convulsões não controladas;
• Uso de cateter ou bolsa de colostomia;
• Tubos de traqueostomia, gastrostomia ou nasogástricos;
• Hipotensão ou hipertensão grave e epilepsia;
• Incontinência urinária e/ou fecal;
• Baixa capacidade pulmonar total;

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UNIDADE Atenção Fisioterapêutica na Terceira Idade

• Trombose Venosa Profunda;


• Fobia ao meio aquático.

Figura 10 – Idosos em uma sessão de hidroterapia em grupo


Fonte: Getty Images

Aproveite e amplie o seu conhecimento sobre a fisioterapia aquática para terceira idade
assistindo ao vídeo disponível no link a seguir: https://youtu.be/yJD5m7YhLSc

Assim, chegamos ao final da nossa Unidade. Amplie seu conhecimento acessando


os Materiais Complementares. Lembre-se de que o fisioterapeuta é fundamental na
manutenção da qualidade de vida, promoção, prevenção e reabilitação da pessoa idosa.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Sociedade Brasileira de Reumatologia
https://bit.ly/35tCiVy

Vídeos
Fisioterapia em Geriatria e Gerontologia | Dr. Alexandre da Silva (Palestra completa)
https://youtu.be/2Ho1QurVqIM
Especialistas discutem inclusão digital para os idosos
https://bit.ly/3btvj2w

Leitura
Envelhecimento e saúde da pessoa idosa
https://bit.ly/2XwZuxy
Promoção da saúde e prevenção de incapacidades funcionais dos idosos na estratégia de saúde
da família: a contribuição da fisioterapia
https://bit.ly/35uT1rt
A influência da Fisioterapia na cognição de idosos com Doença de Alzheimer
https://bit.ly/3q9AtoB

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UNIDADE Atenção Fisioterapêutica na Terceira Idade

Referências
AGUIAR, C. et al. Acupuntura na reabilitação da terceira idade. Revista Fisioterapia
Brasil, São Paulo. v. 7, n. 6, p.18-22, nov./dez. 2006.

FRIED, L. P. et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol
Scie Med S, EUA, v. 56, n. 3, p. 146-156, 2001.

FRUTUOSO, J. T.; CRUZ, R. M. Relato verbal na avaliação psicológica da dor. Avaliaçao


Psicologica: Interamerican Journal of Psychological Assessment, Florianópolis,
v. 3, n. 2, p. 107-114, 2004.

GUYTON. A. C.; HALL. J. E. Tratado de fisiologia médica. São Paulo: Guanabara


Koogan. 2002. Cap. 48, p. 516

MACEDO, C.; GAZZOLA, J. M.; NAJAS, M. Síndrome da fragilidade no idoso: impor-


tância da fisioterapia. Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde. São Paulo, v. 33, n.
3, p.177-184, 2008. Disponível em: <http://files.bvs.br/upload/S/1983-2451/2008/
v33n3/a177-184.pdf>. Acesso em: 16/08/2020.

MACHADO, M. F. A. S. et al. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde


e as propostas do SUS: uma revisão conceitual. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de
Janeiro, v. 12, n. 2, p. 335-342, fev. 2007.

MARCO, M. S. Desafios e perspectivas do processo de construção da rede de proteção


e defesa da pessoa idosa. In: 40 ENCONTRO NACIONAL DE CONSELHOS DE
IDOSO. Brasília – DF set. 2006. p 34.

O’SHEA, S.; MORRIS, M. E.; IANSEK, R. Dual task interference during gait in people
with Parkinson disease: effects of motor versus cognitive secondary tasks. Physical
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SANTANA, G. O.; BARRETO, M. O. Imaginário de estudantes de graduação do curso


de fisioterapia em relação à dimensão humanística de sua formação. Revista Pesquisa
em Fisioterapia, Bahia, v. 3, n. 2, 2013.

SHEPHARD. R. J. Envelhecimento, atividade física e saúde. São Paulo: Phorte, 2003.

SILVESTRE, J. A.; COSTA NETO, M. M. D Abordagem do idoso em programas de


saúde da família. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, p. 839-847, 2003.

VASSOLER, C. A.; SARMENTO, G. J. V. Avaliação fisioterapêutica em UTI. In:


­SARMENTO, G. J. V. Fisioterapia respiratória no paciente crítico. 2.ed. São Paulo:
Manole, 2007. p. 23-30.

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