A Civilizações Pre Colombianas No Continente Americano
A Civilizações Pre Colombianas No Continente Americano
A Civilizações Pre Colombianas No Continente Americano
REGERT, Rodrigo 1
BAADE, Joel Haroldo 2
RIBEIRO, Ar Paraguassu 3
ZIEDE, Mariangela Kraemer Lenz 4
RESUMO: O estudo das civilizaes pr-colombianas no continente americano um
imperati-vo, de modo a contribuir para a dissipao da ideia de que a histria do continente
tenha iniciado com a chegada dos europeus a partir do final do sculo XVI. O presente artigo tem
como objetivo descrever as principais caractersticas das civilizaes pr-colombianas, com
ateno especial ao tema da cultura. Trata-se de uma pesquisa descritiva com base bibliogrfica. O
fato de inicialmente se concluir que as principais civilizaes pr-colombianas so aquelas que
existiam no continente americano no momento da chegada do europeu, tais como: os Maias,
os Astecas e os Incas, no desconsidera as demais. Ao contrrio, so ressaltadas algumas delas,
a saber: as do Norte Chico, os Olmecas e a dos Chavn. Conclui-se que as civilizaes
pr-colombianas formavam sistemas sociais complexos e possuam riqueza cultura comparveis
a outras sociedades antigas, como as da frica e Antigo Oriente, e o resgate da sua histria
constitui tarefa inalienvel para que se possa pensar na construo de uma identidade no
eurocntrica no continente americano.
Palavras-chave: Civilizaes pr-colombianas. Cultura. Maias. Astecas. Incas.
ABSTRACT: The study of pre-Colombian civilizations on the American continent is an
impera-tive in order to contribute to dissipating the idea that the history of the continent
began with the arrival of the Europeans as of the end of the 16th century. The goal of this article is
to describe the main characteristics of the pre-Colombian civilizations, with special attention on
the theme of the culture. It is a descriptive research with a bibliographic base. The fact that initially
the conclusion is that the main pre-Colombian civilizations are those which existed on the
American continent at the time of the European arrival, such as the Mayas, the Aztecs and the Incas,
not disregarding the others. On the contrary, some of them are highlighted namely: the North
Chico, the Olmecas and Chavin. The conclusion is that the pre-Colombian civilizations formed
complex social systems and possessed a cultural wealth comparable to other ancient societies, such
as those of Africa and the Ancient East, and the recovery of their history constitutes an
inalienable task in order to be able to think of constructing a non-Eurocentric identity on the
American continent.
REVISTA DA UNIFEBE
Keywords: Pre-Colombian Civilizations. Culture. Mayas. Aztecs. Incas.
1 INTRODUO
O homo sapiens habita a face da terra h pelo menos 20 mil anos, desenvolvendo-se inicial-
mente em pequenos grupos humanos. A organizao social foi uma condio essencial para a sua
sobrevivncia e prosperidade, at o advento das grandes civilizaes da antiguidade. Em geral, a
literatura concorda que as primeiras civilizaes podem ser situadas na Mesopotmia, por volta dos
sculos VI e VII a.C. (CAMPOS; CLARO, 2013).
comum, entretanto, encontrarem-se no mesmo perodo outras civilizaes, o que pode ser
comprovado com formas rudimentares de escrita. De acordo com Azevedo e Seriacopi (2013, p.
39), a Sumria foi talvez a primeira delas, embora os chineses j tivessem rudimentos de escrita
por volta de 7000 a.C..
No continente americano, pode-se encontrar rudimentos de escrita que remontam aproxi-
madamente ao ano 900 a.C., relativos civilizao Olmeca. As imagens, mesmo sendo extrema-
mente abstratas, passaram a representar slabas (AZEVEDO; SERIACOPI, 2013). Devido a isso,
torna-se um tanto sem sentido afirmar que o continente americano passou a se desenvolver somente
aps a chegada de Cristvo Colombo, em 12 de outubro de 1492. Da mesma forma, relativa a
presena de Pedro lvares Cabral no continente por volta de 1500 com a finalidade de averiguar o
que ali havia de importante.
REVISTA DA UNIFEBE Colombo chegou a Lisboa em torno de 1479. Leitor de narrativas de viagens, princi-
palmente as do veneziano Marco Polo, Colombo acreditava, como outros navegadores e
cartgrafos da poca, na possibilidade de alcanar o Oriente a partir do oceano Atlntico.
Entre os mais influentes estava o cosmgrafo Paulo Toscanelli, que enviara carta ao rei
portugus, em 1474, tratando da viabilidade da navegao do Atlntico, da circularidade
da Terra e de seus planos para alcanar as riquezas das ndias de maneira mais fcil que
contornando o continente africano. Em 1484, Cristovo Colombo submeteu um plano ba-
seado nas reflexes de Toscanelli ao rei d. Joo II, que o recusou em funo da explorao
da costa africana, que quela altura mostrava-se bem adiantada. No ano seguinte, seguiu
para a Espanha, onde, seis anos depois, conseguiu apoio para empreender sua viagem pelo
Atlntico. curioso que o monarca portugus, mesmo recusando a proposta de Colombo,
tenha autorizado entre 1486 e 1487 uma expedio a Oeste e concedido o direito de ex-
plorao das terras que viesse a descobrir. No sculo XV, j era conhecida em Portugal a
obra do Cardeal dAilly, intitulada Imago Mundi, que sustentava ser pequena a distncia
pelo Atlntico entre a Espanha e as ndias. Alm disso, acreditava-se, pela circulao de
narrativas das viagens de So Brando, que o Atlntico Norte contivesse ilhas afortuna-
das. Mesmo assim, os esforos portugueses concentravam-se na rota africana, e os con-
selheiros de d. Joo II, cartgrafos e conhecedores das artes nuticas, desaconselharam a
aventura de Colombo (CAMPOS; CLARO, 2013, p. 195).
A expedio de Pedro lvares Cabral acreditava, portanto, estar se dirigindo ndia, por
isso se deu o nome de ndios aos nativos encontrados no continente. Nessas condies, a viagem
de Cristvo Colombo ficou sendo o ponto de referncia para o suposto descobrimento do con-
tinente americano no final do sculo XV. preciso enfatizar a relatividade do termo descoberta
em relao chegada do europeu s Amricas. Segundo o dicionrio MICHAELIS (2009, p. 272),
descoberta o mesmo que [] descobrimento. Ato ou efeito de achar ou passar a conhecer algo
cuja existncia era desconhecida. Assim, a Amrica descoberta somente na perspectiva das
populaes europeias dos sculos XV e XVI, pois estas desconheciam at ento a existncia do
continente, bem como as sociedades que o habitavam.
Os povos ou civilizaes existentes no continente americano antes de sua descoberta
passaram, ento, a se tornar conhecidos pelos desbravadores e, consequentemente, em todo o con-
tinente europeu.
H alguns milnios, a partir de formas inicialmente rudimentares de vida social, o ser hu-
mano comeou a se organizar e a viver em comunidade, inclusive no continente americano. Essas
comunidades, das quais restam apenas vestgios, provavelmente viviam no continente americano
por volta do sexto milnio a.C. Corroboram essa cronologia Azevedo e Seriacopi (2005, p. 167),
ao afirmarem que
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mento.
Inicialmente essa presena se limitava a pequenos grupos que viviam de pequenas plantaes e do
que a prpria natureza lhes oferecia.
Com o tempo, alguns desses povoados cresceram e assumiram uma estrutura mais com-
plexa, comercializando produtos e constituindo formas de poder centralizadas em torno
de um lder comunitrio ou religioso. Surgiram, assim, centros cerimoniais que, em alguns
casos, se transformaram em cidades-Estados. Nesse processo, desenvolveram-se algumas
civilizaes, como as dos Norte Chico, a dos Chavn e a dos Olmecas (AZEVEDO; SE-
RIACOPI, 2005, p. 167).
Corroborando com a afirmao acima, Japiass e Marcondes (2008) entendem por povo-
ado um conjunto de indivduos que habitavam ou habitam uma mesma regio e que possuam ou
possuem caractersticas semelhantes. A partir do momento em que esses povoados passam a ter
caractersticas mais complexas de organizao, comeam a surgir as civilizaes, que, de acordo
com Johnson (1997), possuem essas caractersticas complexas para auxiliar no bom convvio
entre as pessoas.
Dessa forma, medida que os povoados foram se estruturando, desenvolveram formas
especficas de cultura e organizao social, tornando-se, portanto, civilizaes. As civilizaes con-
hecidas nesse primeiro momento no continente americano foram a dos Norte Chico, Olmecas e
Chavn.
Segundo Azevedo e Seriacopi (2005), a civilizao que vivia no Norte Chico, regio do
atual Peru, fundou a cidade de Caral por volta de 2.627 a.C., que se localizava a aproximadamente
200 quilmetros da atual capital, Lima. Seu povo cultivava algodo, frutas e legumes, e construiu
enormes pirmides. No se tem muitas informaes sobre a provvel forma de vida dos seus ha-
bitantes, no entanto se sabe que foi o primeiro centro urbano do continente (CAMPOS; CLARO,
2013). Essa civilizao entrou em decadncia por volta do ano 1.800 a.C. Alm disso, Haas et al.
(2013, p. 4945) demonstraram em seu estudo o amplo cultivo de milho por esta civilizao:
For more than 40 y, there has been an active discussion over the presence and economic
importance of maize (Zeamays) during the Late Archaic period (30001800 B.C.) in an-
cient Peru. [] New data drawn from coprolites, pollen records, and stone tool residues,
combined with 126 radiocarbon dates, demonstrate that maize was widely grown, inten-
sively processed, and constituted a primary component of the diet throughout the period
from 3000 to 1800 B.C.
REVISTA DA UNIFEBE
As fontes sobre essa civilizao so escassas; e o contexto arqueolgico quase que exclu-
sivamente o meio para se conhec-la. Conforme afirma Casellas Caellas (2004, p. 15):
Hay muchas lagunas en el conocimiento de los olmecas. No se dispone de textos, ni im-
genes histricas, ni tradicin oral que se pueda recuperar a partir de documentos otros
pueblos. El contexto arqueolgico es el documento ms extenso al que acogernos para
conocerlos.
Os olmecas se dividiam em diferentes classes sociais. Quem nascia em uma delas jamais
podia ascender a outra. A classe superior era composta pelos sacerdotes. (OLMECA, 2016, WEB).
Igualmente, outra civilizao importante, segundo tambm Azevedo e Seriacopi (2005, p.
38), foi a dos Chavn, que comeou a se desenvolver na regio dos Andes, na Amrica do Sul, a
partir de 1.200 a.C. Seu apogeu ocorreu entre 1.000 e 800 a.C. Claro est, portanto, que a Amrica
do Sul teve tambm a sua forma de civilizao, e a que melhor representa essa ideia foi exatamente
a cidade de Chavn Hunter, onde surgiram as primeiras formas do Estado Teocrtico. A civilizao
dos Chavn teve o incio do seu declnio por volta do ano 400 a.C. (AZEVEDO; SERIACOPI,
2005).
Os estudos em relao a essa civilizao ainda so relativamente escassos. Entre os poucos
encontrados se pode citar Montenegro (2014), que se ocupou com as festividades e relaes de
poder existentes entre os Chavn. Segundo o autor:
Durante el perodo Formativo de los Andes Centrales (1.800-200 a.C.) se dio una
gran profusin de centros ceremoniales en la costa y sierra norte, y la costa y sierra
central, en donde los sistemas religiosos regularon, entre varios otros aspectos, los usos y
costum-bres del poblador de estas regiones. En algunos casos estos centros cumplieron
el rol de satisfacer las necesidades religiosas de una poblacin, a cambio de la fuerza
de trabajo necesaria para que el sistema religioso representado en el centro pueda
supervivir y prev- alecer entre otros (MONTENEGRO, 2014, p. 313).
Por volta do sculo XV, estima-se que perto de 100 milhes de indgenas, pertencentes a
diversos grupos tnicos, ocupavam a Amrica. Vrias civilizaes se desenvolveram no continente
(VICENTINO; DORIGO, 2013, p. 100), contudo, as principais e mais conhecidas que se consti-
turam antes da colonizao europeia na Amrica foram as Maias, Astecas e Incas.
A civilizao Maia j havia entrado em colapso no sculo XIII, porm, quando da chegada
de Colombo Amrica, ainda havia alguns grupos remanescentes dessa civilizao (AZEVEDO;
SERIACOPI, 2005). Cada civilizao possua um territrio bem especificado e tinham a sua cultu-
ra e forma de vida bem peculiar.
Os Maias habitavam a regio sul do atual Mxico, que foi ocupada por diversos povos por
volta de 7.000 a.C. Eram agricultores que transformaram suas aldeias em grandes cidades a partir
de 1.000 a.C. Passaram a existir com essa nomenclatura por volta do ano de 1.800 a.C.
REVISTA DA UNIFEBE Em torno de 200 d.C., os maias conseguiram submeter toda a regio controlada ante-
riormente por olmecas, zapotecas, mixtecas e teotihuacanos. Nesse momento, a socie-
dade maia era formada por cerca de 200 cidades na regio hoje ocupada pelo Mxico
(na Amrica do Norte), Guatemala, Belize, Honduras e El Salvador (todos na Amrica
Central) (CAMPOS; CLARO, 2013, p. 197).
Por volta do sculo XIII, os astecas combateram os maias e conquistaram a parte central do
Imprio Maia no Vale do Mxico e, em seguida, no sculo XV, desenvolveram um grande imprio
em parte do Mxico e da Amrica Central.
Quando os espanhis desembarcaram na Amrica, seu imprio era comandado por Mont-
ezuma II, estendia-se por uma superfcie de mais de 200 mil quilmetros quadrados e pos-
sua uma populao de 5 a 6 milhes de habitantes. A capital, Tenochtitln, atual Cidade
do Mxico, foi fundada, segundo as tradies mexicanas, em 1325. Na poca, era uma das
maiores cidades do mundo (CAMPOS; CLARO, 2013, 198).
Os astecas tambm eram conhecidos como mexicas, ou seja, aqueles que vinham de Astln,
um lugar no qual existiam muitas garas (AZEVEDO; SERIACOPI, 2005).
J o Imprio Inca, cujo nome significa o Filho do Sol, via no Sol a fora do poder que seu
governo exercia. Esse nome foi estendido a toda a dinastia, designando as sociedades indgenas
que viviam nos Andes. De acordo com Campos e Claro (2013), o Imprio Inca era chamado de
Tahuantinsuyu, ou seja, o mundo dos quatro cantos. Em sua capital viviam os governantes de cada
canto do Imprio.
O nome da capital do antigo imprio tem um significado interessante para os Incas: Cuzco,
o umbigo do mundo. Ou seja, o meio, o centro do universo um nome bem ambicioso, mas que fez
jus por um longo perodo.
O perodo pr-clssico dos Maias teve incio quando povos vindos do Oeste (atual Estados
Unidos) se concentraram nas regies do Mxico e da Amrica Central. Foi nesse lugar que surgi-
ram os primeiros povoados, cujos habitantes viviam basicamente da pesca e da agricultura, sendo
seu principal cultivo o milho (HAAS et al., 2013).
importante perceber que a agricultura sempre esteve ligada formao dos povoados,
pois, como estavam deixando de ser nmades, tinham de encontrar outra forma para a sua sub-
sistncia. De acordo com Campos e Claro (2013, p. 197):
REVISTA DA UNIFEBE Os agricultores e trabalhadores braais, submetidos ao Estado, moravam na zona rural e s
se deslocavam at as cidades para celebrar rituais religiosos e fazer negcios. [] os prin-
cipais produtos cultivados eram, em primeiro lugar, o milho, e tambm o feijo, abbora,
vrios tubrculos, cacau, mamo, abacate, algodo e tabaco.
medida que foram se familiarizando com traos que a herana olmeca havia deixado na
regio e desenvolvendo estudos sobre essa civilizao, passaram a construir pirmides, centros
religiosos e outras obras de envergadura em grande quantidade.
Segundo Campos e Claro (2013), as cidades possuam uma organizao poltico-religiosa,
existindo a famlia real, os governantes, os servidores, os cobradores de impostos e um centro
cerimonial independente dos demais. No entanto, foi no perodo seguinte que a civilizao maia
atingiu o seu apogeu. Houve grandes avanos cientficos, tecnolgicos, sociais e artsticos, aliados
ao grande crescimento das populaes. Algumas cidades, como Tikal, chegaram a ter aproximada-
mente 60 mil habitantes.
Diante disso, elas passaram a ser cada vez mais slidas e autnomas para zelar pela sua
prpria subsistncia, desenvolvendo, por exemplo, o prprio comrcio (CAMPOS; CLARO, 2013),
ao passo que seus sacerdotes, poderosos, controlavam todo o saber referente s mudanas do ano,
agricultura e vida econmica na sociedade. Desenvolveram nesse perodo dois calendrios, o
seu zodaco, alm de estabelecerem a escrita e um sistema numrico (AZEVEDO; SERIACOPI,
2013).
No perodo ps-clssico, por volta do ano 900, a pennsula de Yucatn passou a sofrer in-
vases de outros povos, dentre eles os toltecas. Com a chegada dos espanhis no final do sculo
XV, os Maias entraram em processo de assimilao (AZEVEDO; SERIACOPI, 2005).
A civilizao maia foi importante, pois nela se encontra basicamente o incio de toda a civi-
lizao do continente americano. A juno de diversos povos, muitos deles desconhecidos, permiti-
ram uma nova forma de vida. Essa civilizao contribuiu para o desenvolvimento do continente,
uma vez que, embora extinta por volta do sculo XV, foi pioneira em desenvolver grandes avanos
na rea do comrcio, das cincias sociais e tecnolgicas.
As atividades comerciais eram relativamente intensas. Usando sementes de cacau como
moeda, os maias comercializavam com outros povos produtos como obsidiana, jade, pe-
les, baunilha, tecidos, sal, etc. A observao dos astros tornou-se atividade significativa.
Como resultado de seus estudos, os astrnomos maias mediram com preciso o ciclo do
Sol, da Lua e de Vnus e desenvolveram dois calendrios: um ritual, de 260 dias, e outro
civil, de 365 dias. Alm disso, criaram seu prprio zodaco, de 13 signos (AZEVEDO;
SERIACOPI, 2013, p. 11).
De acordo com Campos e Claro (2013), a civilizao maia criou tambm o conceito
matemtico baseado num nmero equivalente a zero com base 20, simbolizado por pontos e barras.
importante ressaltar que essa civilizao era muito bem instruda e tinha na pesquisa um dos seus
pontos fortes, mas ia alm, criando uma forma de pensar distinta, manifesta pela arte. Conforme
Azevedo e Seriacopi (2013, p. 11, grifo nosso), os Maias
[] inventaram o mais avanado sistema de escrita da Amrica pr-colombiana. Essa
escrita, de caracteres hieroglficos, encontrada em cdices, monumentos e estelas. A arte
ganhou impulso, destacando-se os objetos de cermica, as esculturas de barro ou de jade e
as pinturas murais que retratam diversos aspectos da vida religiosa da populao.
Com o processo de colonizao europeu, boa parte das tecnologias e da cultura maia foram
suplantados, embora possa ter havido alguns traos culturais que tenham sofrido assimilao pelo
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colonizador, tais como: a cultura do milho e outros produtos.
Se, de acordo com o dicionrio Michaelis (2009, p. 823), subjugar entregar-se esponta-
neamente ao jugo ou governo de outrem; seguir algum em todos os caprichos ou devaneios,
medida que os Astecas faziam os caprichos dos tepanecas, iam aprendendo tcnicas, conhecimen-
tos militares, polticos. A sujeio dos mexicas durou aproximadamente 100 anos, enquanto foi
se constituindo uma sociedade mais complexa, dotada de uma monarquia hierrquica. Em 1428,
liderados por Itzcatl, eles se rebelaram contra os tepanecas, libertando-se do jugo (AZEVEDO;
SERIACOPI, 2013, p. 12).
Assim tambm foram aos poucos dominando as demais civilizaes vizinhas existentes ao
redor do planalto central do Mxico, ampliando consideravelmente a regio e sua populao.
[] o Imprio Asteca, que era comandado por Montezuma II, estendia-se por uma super-
fcie de mais de 200 mil quilmetros quadrados e possua uma populao de 5 a 6 milhes
de habitantes. A capital, Tenochtitln, atual Cidade do Mxico, foi fundada, segundo as
tradies mexicas, em 1325. Na poca era uma das maiores cidades do mundo (CAMPOS;
CLARO, 2013, p. 198).
A capital do imprio dos mexicas, quando os espanhis chegaram ao continente, era ex-
tremamente grande, pois Londres, considerada a maior cidade europeia, tinha aproximadamente
um quinto do seu nmero de habitantes (AZEVEDO; SERIACOPI, 2005).
O governo asteca era exercido por um monarca eleito pela nobreza, que tinha poder ab-
soluto, orientado sempre pelo conselho dos chefes militares. Compunham ainda a nobreza os
funcionrios pblicos que possuam privilgios e os religiosos que tinham um importante papel
na organizao social. Logo abaixo vinham os negociantes, que tambm eram conhecidos como
Pochtecas e faziam negcios por todo o imprio, utilizando, como os maias, sementes de cacau
como moeda de troca (CAMPOS; CLARO, 2013).
Em seguida, vinham os artesos, muito respeitados pela hierarquia asteca, e os camponeses,
que cultivavam as terras plantando milho, feijo, tomate, etc. De acordo com Azevedo e Seriacopi
(2005, p. 169), o ltimo degrau da pirmide social era ocupado pelos escravos, geralmente indi-
gentes, prisioneiros de guerra ou pessoas que no haviam conseguido quitar suas dvidas.
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A civilizao inca reconhecia no Sol o poder de toda a sua forma de governo e acreditava
tambm que ele era o elemento primordial e vital de toda e qualquer forma de vida existente.
De acordo com Campos e Claro (2013), provavelmente a partir do sculo XII, os Incas
fundaram um imprio muito poderoso, abrangendo o Peru, o Equador, a Bolvia e parte do Chile e
da Colmbia.
Sua origem remonta aos Andes bolivianos, numa regio ao sul do lago Titicaca, a aprox-
imadamente 3.800 metros acima do nvel do mar, e migraram inicialmente para o Peru em busca
de terras frteis e melhores condies de vida (CAMPOS; CLARO, 2013). Ao chegarem ao Peru,
encontraram outras tribos nativas, o que fez que se estabelecessem no chamado Vale do Cuzco,
regio na qual h uma depresso na cordilheira andina.
Ali os incas viveram inicialmente subordinados a grupos falantes da lngua quchua. No
incio do sculo XIV, no entanto, j haviam se tornado o mais importante povo de uma
federao de tribos andinas. Com um exrcito bem organizado, apoiado na prestao de
servio militar obrigatrio, eles conquistaram pouco a pouco novos territrios. Em menos
de cem anos, seus antigos aliados da federao haviam sido subjugados. Era o incio do
Imprio Inca (AZEVEDO; SERIACOPI, 2005, p. 170).
O Imprio Inca viveu seu apogeu no sculo XVI, compreendendo uma rea de mais de um
milho de quilmetros quadrados, chegando at o incio da Argentina. Conforme j mencionado de
forma breve, de acordo com Campos e Claro (2013, p. 199):
O Imprio Inca era chamado de Tahuantinsuyu, que quer dizer o mundo dos quatro can-
tos, pois era dividido em quatro partes. Sua capital, Cuzco, significa o umbigo do mun-
do. Cada um dos cantos do Imprio era dividido em provncias de diversos tamanhos,
com uma capital ou centro em cada uma delas. Os governantes de cada canto do Imprio
viviam em Cuzco.
Os Incas chegaram a governar em torno de 100 povos distintos, por isso essa forma de
governo. Todos eles adoram um nico soberano, o Sapa Inca, entendido como o filho do Sol, e o
viam como um verdadeiro deus. Assim, a civilizao inca era composta, basicamente, no topo, pelo
soberano e seus descendentes, que formavam a aristocracia; pela nobreza, formada pelos chefes
regionais e funcionrios mais qualificados; em seguida, os agricultores e artesos; e por ltimo os
escravos (CAMPO; CLARO, 2013).
A maioria da populao era formada por lavradores, pois a produo agrcola era a base
da vida econmica. Ao casar-se, cada lavrador recebia um lote de terra no qual cultivava
principalmente milho, batata-doce, abacate, quinoa, amendoim e batata. Os camponeses
eram obrigados a trabalhar nas obras pblicas e nas terras do Inca e prestar servio militar
(AZEVEDO; SERIACOPI, 2013, p.16).
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ma de gua encanada e de esgoto um exemplo disso a cidade de Machu Piccchu, conhecida no
mundo todo e de grande fluxo de turistas (CAMPOS; CLARO, 2013).
Algumas obras resistiram ao do tempo, ao vandalismo e aos terremotos e ainda esto
de p. Um dos exemplos mais significativos Machu Picchu, cidade encravada no alto de
uma montanha no Peru e considerada o principal conjunto arquitetnico pr-colombiano
do continente americano (AZEVDO; SERIACOPI, 2013, p. 16).
No se sabe ao certo o que havia em Machu Picchu. Alguns estudiosos acreditam que se
tratava de um templo religioso, outros que era uma espcie de universidade. O que se tem con-
senso que poucos incas sabiam da sua existncia (CAMPOS; CLARO, 2013). Talvez seja esse o
fator que fez com que ela passasse despercebida, sendo descoberta apenas no ano de 1911 por um
norte-americano, Ahrom Bingham (AZEVEDO; SERIACOPI, 2005).
3 CONSIDERAES FINAIS
5 Segundo o dicionrio Michaelis (2009), alpaca um animal mamfero com muita l, enquanto a lhama um animal
da famlia do camelo, com porte bem menor.
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Desenvolveram tambm uma engenharia de ponta que procura dar toda estrutura possvel s suas
cidades.
Talvez sejam os Incas, sem desmerecer outras civilizaes desse perodo, que mais con-
triburam para o desenvolvimento do continente. Eles foram os primeiros a implantar uma forma de
correios, interligada e eficiente. Criaram tambm uma escrita no formal, mas muito eficiente para
a sua contabilidade. Os tcnicos dessa civilizao tambm tinham um papel importantssimo, pois
eles iam s colnias ensinar formas de plantio e cultivo de terras, alm de tcnicas para o cuidado
com os animais, bem como, ainda, a desidratao dos alimentos para o inverno.
Por fim, conclui-se que os estudos sobre as civilizaes pr-colombianas merecem mais
destaque, pois ainda no h clareza quanto s contribuies que tais culturas deixaram para as civi-
lizaes que se desenvolveram aps os processos de colonizao desencadeados pelos europeus. O
estudo das formas de agricultura, organizao dos estados e relaes sociais existentes nessas civ-
ilizaes pode contribuir ainda hoje para uma melhor compreenso dos sistemas atuais e tambm
para a sua ressignificao.
REFERNCIAS
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