Cartilha de Comunicação LGBT PDF
Cartilha de Comunicação LGBT PDF
Cartilha de Comunicação LGBT PDF
DIVERSIDADE
SEXUAL
CARTILHA DE
COMUNICAÇÃO E
LINGUAGEM LGBT
www.oabms.org.br
MATO GROSSO DO SUL
Tesoureiro
ELVIO GUSSON
Conselheiros Federais Titulares Conselheiros Estaduais Suplentes
Afeife Mohamad Hajj Alexandre Sivolella Peixoto
Samia Roges Jordy Barbieri Ana Cristina Abdo Ferreira
Alexandre Mantovani Antônio Carlos de Novaes Filho
Antonio Edilson Ribeiro
Conselheiros Federais Suplentes Breno de Oliveira Rodrigues
Luiz Guilherme Pinheiro de Lacerda
Carla Guedes Kafure
Maria Lúcia Borges Gomes
Carlos Beno Goellner
Oton José Nasser de Mello
Carlos Henrique Santana
Conselheiros Estaduais Titulares Carlos Romanini Bernardo
Carlos Eduardo Arantes da Silva Caroline Penteado Santana
Carlos Magno Couto Glauco Leite Mascarenhas
Claudio de Rosa Guimarães Jeyancarlo Xavier Bernardino da Luz
Danilo Gordin Freire João Bosco de Barros Wanderley Neto
Diego Neno Rosa Marcondes José Luiz da Silva Neto
Fabio Nogueira Costa Juliane Penteado Santana
Gustawo Adolpho de Lima Tolentino Julio Cesar de Moraes
Horêncio Serrou Camy Filho Luiz Alberto Moura Fernandes Rojas
João Rodrigues Leite Luiz Augusto Pinheiro de Lacerda
Jordelino Garcia de Oliveira Luiz Carlos Barros Rojas
José Belga Assis Trad
Mario Márcio Borges
Juliano Tannus
Mario Márcio de Araújo Ferreira
Luiz Carlos Saldanha Rodrigues Junior
Mauricio Sarto
Luiz Eduardo Ferreira Rocha
Luiz Fernando Rodrigues Villanueva Nelson Luiz de Carvalho
Luiz Rafael de Melo Alves Omar Zakaria Suleiman
Luiz Renê Gonçalves do Amaral Orlando Ducci Neto
Marcio Fortini Patrícia Rocha
Paulo Henrique Paixão Paulo Marcos Ferriol Fossati
Rafael Coimbra Jacon Ramona Gomes Jara
Regis Jorge Junior Rodrigo Otano Simoes
Renato da Rocha Ferreira Stéphani Maidana De Oliveira
Rodolfo Souza Bertin Valdeci Moraes Rocha
Rodrigo Nascimento da Silva Washington Rodrigues Dias
Tatiana Azambuja Ujacow
Wander Medeiros Arena da Costa
Wendell Lima Lopes de Medeiros
PALAVra dO pRESIDENTE
I N T R O D U Ç Ã O
Há alguns anos, as pessoas lésbicas, gays, inaugurou a campanha “MS contra a Discriminação
bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) vêm da População LGBT”, que é parte das políticas
ganhando espaço na mídia brasileira como públicas de promoção de cidadania e igualdade
também destaque em vários segmentos e para essa parcela substancial da sociedade.
setores da sociedade. Diariamente são publicadas
reportagens que tratam, direta ou indiretamente, No entanto, as abordagens, processos,
de orientações sexuais e identidades de gênero procedimentos e inquéritos não são politicamente
nas mais diferentes mídias. Juridicamente não é corretos, sendo comum deparar-se com a utilização
diferente, tanto que temas como união/casamento de termos, expressões e formas de tratamento que
entre pessoas do mesmo sexo, adoção por casais reforçam preconceitos, estigmas e discriminação.
homoafetivos, as novas possibilidades de ser O papel da Ordem dos Advogados está justamente
família, o direito previdenciário e sucessório e em promover a superação dos preconceitos pelo
as retificações de registro pelo reconhecimento acesso à informação e que pensemos numa cultura
da transexualidade são temas frequentes da alteridade, que é a capacidade de colocarmo-
submetidos à prestação jurisdicional, à doutrina nos, ainda que por poucos instantes, no lugar de
e, conseguintemente, criando precedentes e sujeitos que, historicamente, estão privados da
jurisprudência. plenitude da cidadania.
Fatos relevantes como a realização da I Conferência Nesse sentido, criamos esse material, com uma
Brasileira LGBT, convocada pela Presidência da linguagem de fácil acesso e entedimento, de forma
República, em 2008, incentivam o aumento do objetiva para contribuir não somente na disseminação
volume de informação produzida, com qual a lógica de informações para a classe advocatícia, mas de
do preconceito vem sendo pouco a pouco superada. toda a sociedade. A OAB faz isso porque a verdadeira
E a II Conferência Nacional de Políticas Públicas e democracia mora na informação
Direitos Humanos LGBT, ocorrida de 15 a 18 de que possa ser compartilhada
dezembro de 2011, em Brasília, e convocada pela por todos nós.
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República, serviu para aprimorar ainda mais o rol Júlio Cesar Souza
de definições e informações.
Rodrigues
Em Mato Grosso do Sul, a Lei nº 3.157/2005 Presidente da OAB/MS
dispõe sobre as formas de combate ao preconceito Ordem dos Advogados
por orientação sexual e identidade de gênero e, do Brasil
em abril último, o Governo estadual, atendendo Seccional de Mato
um apelo da comunidade LGBT, inclusive com a Grosso do Sul
intermediação da Comissão da Diversidade Sexual,
APRESENTAÇÃO
É missão da Comissão da Diversidade uma transmissão de informações com maior
Sexual da OAB/MS protagonizar debates, qualidade e comprometimento com as causas
matérias, projetos e ações no campo da sociais.
diversidade sexual, na perspectiva de primar
pela defesa da cidadania, dos direitos humanos Não se pode desprezar que durante muito
e pela incessante busca por igualdade, a fim tempo a história da homossexualidade (donde
de que as garantias e direitos da população nasce o Movimento LGBT) foi ignorada, se não
LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis deliberadamente escondida, começando só a
e Transexuais) possam ser plenamente partir dos anos setenta a vir à luz do dia e a ser
exercitados. tema abordado em profundidade inicialmente
por historiadores. 1
A preocupação com a reprodução
de discriminação pelo uso inadequado e No Brasil, entre os anos de 1978 e 1981,
preconceituoso de terminologias que afetam a dentro do contexto de imprensa alternativa
cidadania e a dignidade de mais de 20 milhões na época da abertura política de 1970,
de LGBT do país, seus familiares, parentes, durante o abrandamento de anos de censura
amigos, vizinhos e colegas de trabalho, foi promovida pelo Golpe Militar de 1964, nasceu
estímulo decisivo para a elaboração da presente e circulou o “Lampião da Esquina”, um jornal
Cartilha, que pretende ser uma ferramenta homossexual brasileiro que representou uma
auxiliar para os profissionais da comunicação classe que não possuía voz na sociedade,
como jornalistas, radialistas, publicitários, mostrando-se importante para a construção
relações públicas, bibliotecários entre outros, de uma identidade nacional pluralista.
e das ciências jurídicas, especialmente
advogados, delegados, promotores de justiça, Atualmente, os veículos de comunicação
defensores públicos e comunidade acadêmica. são bombardeados por centenas de
informações: releases, sugestões de pauta,
Ao longo do tempo, desde o início do press kits, avisos, relatórios, boletins,
Movimento LGBT, as lutas e as manifestações sugestões e reclamações. Com isso, nem
organizadas em todos os estados brasileiros sempre as questões envolvendo a população
sensibilizaram comunicadores e agregaram e temática LGBT ganham prioridade ou
importantes aliados e parceiros. Mas ainda valorização adequada. Ao mesmo tempo,
existe um longo caminho a ser percorrido ¹ Rictor Norton. The suppression of lesbian and gay history,
pelo Movimento e pela imprensa para garantir consultado em 26/04/2013.
Não é novidade o potencial organizativo O guia está aí, agora é só ler e utilizar no dia
e de mobilização social que o movimento social a dia.
LGBT, na suas mais variadas frentes de atuação,
tem demonstrado em todas as partes do país. Carlos Magno Fonseca
A experiência que suas ações tem impactado à Presidente da ABGLT
sociedade e colocado na arena público o debate
dos direitos civis LGBT e também o combate
à homofobia. O movimento LGBT brasileiro é,
sem dúvida, uma referência positiva para outros
setores da sociedade.
Elcilene Holsback
SindJor/MS
4
Agência especializada em saúde, fundada em 7 de abril de 1948 e
subordinada à Organização das Nações Unidas (ONU); sua sede
é em Genebra, Suíça.
Assexualidade:
É a ausência de atração sexual e afetiva por
quaisquer pessoas do mesmo sexo/gênero ou
não. Ainda é ponto controvertido para a ciência
devido a poucos estudos científicos sobre o tema.
Na Inglaterra estima-se que 1% da população
seja assexual. Na psiquiatria a assexualidade é
5 Andrei Moreira. Homossexualidade sob a Ótica do Espírito
Imortal, 2012, p. 38.
Kaulitz, vocalista da banda Tokio Hotel e Boy George, a aplicação da legislação internacional de direitos humanos em
cantor de grande sucesso na década de 80. relação à orientação sexual e identidade de gênero. Yogyakarta,
Indonésia, 2006, p. 7.
7 Benjamin H. The transsexual phenomenon. New York: Julian
Press; 1966.
Vários equívocos encontrados são decorrentes da Processo de auto-aceitação que pode durar a vida
confusão entre o desejo, a prática e a identidade inteira. Constrói-se uma identidade de lésbica, gay,
LGBT. Apesar de interligadas, essas dimensões bissexual ou transgênero, primeiramente para si
não necessariamente coincidem. Por exemplo, há mesmo e, então, isso pode ser ou não revelado para
quem possa ter desejo e barrá-lo, sem a prática ou outras pessoas. Ver: “sair do armário”.
a identidade. Ou, ao contrário, um homem pode, na
prática, fazer sexo com outro homem, sem que se “Sair do armário”:
identifique como homossexual, bissexual ou gay. Assumir publicamente sua orientação sexual e/ou
É o caso de prática “homossexual” situacional ou identidade de gênero. Ver: “Assumir-se”, acima.
circunstancial.
“Outing”:
Ele pode estar tendo a prática homossexual, mas
continuar se identificando e sendo heterossexual. Expressão originalmente da língua inglesa
Pode estar em alguma condição específica como utilizada no Brasil para designar o ato de revelar
confinado num presídio, numa trincheira de a orientação sexual em público ou por meio dos
guerra, num albergue masculino, ou até fazendo meios de comunicação de massa.
o trabalho sexual com clientes do sexo masculino.
Duas siglas foram cunhadas pelos profissionais de Parada Gay:
saúde para dar conta da prevenção à Aids e DSTs, O termo correto é Parada LGBT ou Parada da Di-
sem entrar em questões culturais, de identidade versidade, pois o evento é de comemoração da co-
de gênero ou orientação sexual: munidade LGBT. O uso da manchete e expressão
Parada Gay não contempla o conjunto das pessoas
HSH: sigla referente ao termo “homens que fazem que organizam e participam do evento, o qual é
sexo com homens”. justamente uma manifestação da diversidade. Da
MSM: sigla referente ao termo “mulheres que fazem mesma forma, concentrar a cobertura dos meios
sexo com mulheres”. de comunicação em determinados participantes
da parada, como por exemplo, pessoas seminuas,
Esses dois casos não identificam a orientação sexual go-go boys de sunga e drag queens, passa uma
ou a identidade de gênero, e sim o comportamento imagem distorcida em relação ao evento, que in-
sexual dessas pessoas. clui também famílias, jovens heterossexuais, ca-
sais homossexuais, crianças, adolescentes, pesso-
as idosas, portadoras de necessidades especiais,
políticos e assim por diante.
linguagem mais moderna com a teoria dos bens jurí- Estupro: Formas Típicas Qualificadas e Concurso de Crimes, 2012.
O
TRAVESTI É ASSASSINAD
EM PALMARES, PE
LIBERADO HÁ UM ANO,
Rio celebra casamento gay
CASAMENTO GAY AINDA É coletivo; 130 casais
RARO EM PRESÍDIOS participaram da cerimônia
Com estes tipos de matérias tem Não é por ser gay que sou promíscuo, que sou
desconstruído toda uma luta do movimento pecaminoso ou que não tenho família, como
e tem deslegitimado as nomenclaturas e muitos alegam.
terminologias que melhor nos representam
De forma resumida, o que realmente queremos
afim de que com elas sejamos melhores
é ser respeitados como seres humanos e ver
compreendidas e respeitadas como
cumpridos os princípios fundamentais da
pessoas, com identidade oposta ao sexo
nossa CF/88, de que todos são iguais.
ao qual nascemos já que não nos sentimos
pertencentes ao mesmo. Airton Rodrigues de Sousa Junior
Bacharel em Direito – Professor Técnico-
Cris Stefanny
Jurídico e Diretor Administrativo-Financeiro
Presidente da Associação Nacional das
da Rede Apolo
Travestis e Transexuais - ANTRA e Fundadora da
Associação das Travestis e Transexuais de MS.
Direitos civis:
São as proteções e privilégios de poder pessoal
dados a todos os cidadãos e cidadãs por lei.
Direitos civis são distintos de “direitos humanos”
ou “direitos naturais”, também chamados “direitos
divinos”.
Vale acentuar que casamento é um instituto do Importa, portanto, asseverar que nem todos os sujeitos
Direito Civil, não se confundindo em absolutamente sociais da sigla são “gays”, mas lésbicas (que são antes
nada com relação ao casamento/matrimônio de tudo mulheres); são bissexuais (aqueles que podem
religioso que tem conotação sacramental, e que vivenciar seu desejo e inclinação por ambos os sexos,
não é objeto das demandas da comunidade LGBT. podendo ser homens ou mulheres, ou bigêneros);
outros, ainda, são as travestis e as/os transexuais
mais-de-60-mil-brasileiros-afirmam-ter-conjuge-do-mesmo-sexo.
Notícias, 20/12/2013.
Lambda:
Letra grega que foi adotada por um dos primeiros
grupos de defesa dos direitos LGBT nos Estados
Unidos, o Gay Activists Alliance of New York,
em 1970. Em 1974, foi consagrado como
símbolo mundial de defesa dos direitos LGBT,
Além da versão com seis barras, ainda são vistas durante o Congresso Internacional pelos Direitos
atualmente outras versões da bandeira arco-íris Homossexuais, em Edimburgo, Escócia. Apesar de
em manifestações LGBT. Desde versões com uma bastante utilizado no exterior, é pouco conhecido
barra preta, simbolizando os homossexuais mortos no Brasil.
pela AIDS, a bandeiras que misturam as cores do
Veda qualquer forma de discriminação no acesso Altera a redação dos artigos 624, 624-A e 635 e
aos elevadores de todos os edifícios públicos ou acrescenta os artigos 624-B, 654-A e 670-D, no
particulares, comerciais, industriais e residenciais Provimento n. 1, de 27 de janeiro de 2003 - Código
multifamiliares existentes no Estado de Mato Grosso de Normas da Corregedoria Geral de Justiça.
do Sul.
(Publicada no Diário Oficial nº 8.321, de 27 de (...)
novembro de 2012, página 1). Art. 2º O Provimento n. 1, de 27 de janeiro de 2003,
Código de Normas da Corregedoria Geral de Justiça,
DEFENSORIA PÚBLICA
Rua Antônio Maria Coelho, 1668, Centro • Campo Grande/MS
Telefone: (67) 3317-8757
OAB/MS
Comissão da Diversidade Sexual
Avenida Mato Grosso, 4700, Carandá Bosque • Campo Grande/MS
Telefone: (67) 3318-4700
ATMS
Associação das Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul
Rua Vasconcelos Fernandes, 622, Bairro Amambaí • Campo Grande/MS
Telefone: (67) 3384-9585
REDE APOLO
Rede de Homens Gays e Bissexuais de Mato Grosso do Sul
Rua Lídice, 106, Vivenda do Bosque • Campo Grande/MS
Telefone/Celular: (67) 9308-9308
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, XAVIER FILHA, Constantina. Sexualidades, Gênero e
17 ed, ver. Atual e ampli., São Paulo: Saraiva, 2013. Diferenças na Educação das Infâncias, Campo Grande
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e (MS): Ed. UFMS, 2012.
Comissão
da Diversidade Sexual
MATO GROSSO DO SUL