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António
de Sousa
Direito António Francisco de Sousa é Professor da Fa-
Administrativo
culdade de Direito da Universidade do Porto
(Portugal) e Professor Convidado da Univer-
Manual de
Angolano
sidade Kimpa Vita, Uíge, Angola. É Licenciado
pela Faculdade de Direito da Universidade
Direito
de Lisboa (1981), Mestre pelas Faculdades de
Administrativo
Este livro contém uma abordagem do Direito Administrativo An- Letras da Universidade do Porto. Há mais de
golano especialmente destinada aos estudantes de Direito Admi- trinta anos que se dedica à investigação e à
nistrativo, mas também a todos aqueles que, por dever de ofício, docência nas áreas do direito administrativo
necessitam de conhecer esta vasta e complexa área do direito. em geral, do direito administrativo autárqui-
Angolano
co, do direito policial, do direito do urbanismo
O autor procurou, na base de uma adequada estruturação das e do ambiente. É autor de largas dezenas de
Manual de
matérias, apresentar o Direito Administrativo Angolano de forma publicações (manuais, monografias e artigos).
ISBN 978-972-788-920-4
www.vidaeconomica.pt
ISBN: 978-972-788-920-4
Visite-nos em
livraria.vidaeconomica.pt 9 789727 889204
NOTA PRÉVIA
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3. Dada a sua juventude, o Direito Administrativo continua a apre-
sentar vastas áreas de incerteza, propícias à especulação teórica, que
desafiam a reflexão e que frequentemente propiciam abordagens e in-
terpretações aparentemente subjectivas. No entanto, a subjectividade
do Direito Administrativo está limitada por normas e princípios ob-
jectivos. Sobretudo nos domínios mais controversos, onde a tenta-
ção de fuga para a subjectividade é maior, é necessário não perder
de vista os critérios e princípios jurídicos. Todavia, frequentemente
continua a ser necessário atender às “visões dominantes” da doutrina
e da jurisprudência. A leitura deste manual não dispensa o confron-
to e o complemento com as perspectivas e orientações da jurispru-
dência e da doutrina em geral. Para além da bibliografia geral indica-
da no início da obra, indica-se no fim de cada capítulo a bibliografia
mais importante sobre a matéria específica em questão. O estudioso
do Direito Administrativo deve procurar obter uma visão abrangen-
te, e não meramente unilateral e redutora, do Direito Administrativo.
Aliás, as posições adoptadas pelos autores nunca são exclusivamente
suas: em maior ou menor medida, são o resultado de reflexões pes-
soais alicerçadas nas reflexões de outros autores, de sentenças judiciais
ou mesmo de soluções da lei, incluindo de sistemas jurídicos compa-
rados. Nos nossos dias é cada vez mais arriscado, e incorreto, assu-
mir ou atribuir a paternidade de muitos reconhecimentos do Direito
Administrativo. Há contributos determinantes de autores conhecidos,
mas em geral a “paternidade” dos principais institutos e teorias do
Direito Administrativo dilui-se no tempo e no espaço, tornando-se
esta diluição cada vez mais clara à medida que a investigação se vai
alargando e aprofundando. Também no Direito Administrativo o pro-
gresso vai-se fazendo lentamente, acrescentando alguma coisa ao que
nos foi legado por outros, há décadas ou mesmo séculos. Mas é claro
que um Manual de Direito Administrativo não pode reconduzir-se a
uma manta de retalhos, a uma reunião mais ou menos bem conseguida
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das posições de outros autores. Nesta perspectiva, o presente Manual
de Direito Administrativo Angolano pretende ser apenas um contributo
para a exposição e a reflexão das questões fundamentais do Direito
Administrativo Angolano e para as soluções adequadas, tendo em vis-
ta o aperfeiçoamento contínuo desta importante disciplina jurídica. O
nosso esforço concentrou-se especialmente numa exposição crítica das
matérias tratadas e numa sistematização adequada, com recurso a uma
linguagem quanto possível simples, clara, concisa e precisa.
Por fim, mas não menos importante, o autor alerta para o interesse
meramente informativo – como sempre acontece com o direito com-
parado – das referências que faz à Administração Pública portuguesa,
máxime no que respeita às autarquias locais. Pretende-se apenas pro-
porcionar informação que pode eventualmente ser útil para o debate
que ocorre no processo de criação de autarquias locais em Angola.
Conhecer outros sistemas para além do nosso é sempre uma mais-valia
para a reflexão científica.
A terminar, o autor conta com a compreensão do leitor quanto a
eventuais lacunas e imperfeições que terão subsistido no presente tex-
to, as quais se ficaram a dever apenas ao desejo de disponibilizar aos
alunos já para o ano lectivo de 2014 material de estudo e reflexão. Em
futuras edições não se desperdiçará a oportunidade para aperfeiçoar a
obra agora iniciada.
Janeiro de 2014
António Francisco de Sousa
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ÍNDICE
PARTE 1 – A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
E O DIREITO ADMINISTRATIVO
1. A Administração Pública................................................................ 31
1.1. Em geral......................................................................................... 31
1.2. Tentativas de definição de Administração Pública............. 33
1.2.1. Critério orgânico ou subjectivo................................... 33
1.2.2. Administração como actividade tipicamente
administrativa – critério material ou funcional......... 35
1. 3. A função administrativa no contexto das funções
estaduais.................................................................................... 35
1. 4. O objecto da Administração Pública.................................. 37
1.5. Funções e fins da Administração Pública moderna........... 37
1.6. A Administração Pública e os efeitos jurídicos
da sua acção para o cidadão................................................... 41
1.7. Administração estadual em sentido amplo e em sentido
restrito....................................................................................... 42
1.8. Direito comparado: sistemas de Administração Pública
em geral..................................................................................... 42
2. Evolução histórica da Administração Pública
e do direito administrativo............................................................. 44
2.1. Fases da história da Administração Pública........................ 44
2.1.1. A Administração no Estado absoluto
os séculos XVII e XVIII.............................................. 44
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PARTE I
A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA E O DIREITO
ADMINISTRATIVO
1. A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1.1. Em geral
a) Base constitucional. A Constituição declara, no seu art.º 2.º,
n.º 1, que “A República de Angola é um Estado democrático de di-
reito”, que tem por fundamento a “soberania popular, o primado da
Constituição e da lei, a separação de poderes e interdependência de
funções, a unidade nacional, o pluralismo de expressão e de organi-
zação política e a democracia representativa e participativa”. Por sua
vez, o art.º 3.º, n.º 1, da CRA declara que “a soberania, una e indivi-
sível, pertence ao povo” e o art.º 105.º, n.º 1, distingue, como órgãos
de soberania, o Presidente da República, a Assembleia Nacional e os
Tribunais. O art.º 105.º, n.º 3, do mesmo diploma, determina que “Os
órgãos de soberania devem respeitar a separação e interdependência de
funções estabelecidas na Constituição”. Nestes preceitos constitucio-
nais a Administração Pública é integrada na figura do “Presidente da
República”, por ser o Chefe do Governo.
b) Administração Pública de Estado de direito. Os preceitos da
Constituição referidos anteriormente deixam claro que a Administração
Pública angolana é uma Administração de Estado de direito demo-
crático. Este reconhecimento constitui uma marca profunda, om-
nipresente e indelével de toda a Administração Pública angolana.
Trata-se, pois, de uma característica que não pode ser esquecida ou
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parte i - a administração pública e o direito administrativo
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3. Cf. M. CAETANO, Manual de Direito Administrativo, Tomo I, 10.ª ed., 1973, pág. 13.
4. Por exemplo, o pagamento do ordenado aos deputados; a execução do orçamento da
Assembleia Nacional pelo seu presidente; a expulsão de pessoas que se encontram nas galerias
e que perturbam os trabalhos da Assembleia Nacional.
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5. Sobre a concepção material de ‘Administração Pública’, cf. Soares, Rogério E., “Actividade
administrativa”, in: DJAP, pág. 111.
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6. In: Die Verwaltung als Leistungsträger, Stuttgart 1932. Cf. também, do mesmo autor,
Die Daseinsvorsorge und die Kommunen, Stuttgart 1958; Fritz Ossenbühl: Daseinsvorsorge und
Verwaltungsprivatrecht, in: DÖV, Caderno 15/16, 1971, págs. 513 e segs. Sobre a Daseinsvorsorge,
mais recentemente, cf. Linder, Christian, Daseinsvorsorge in der Verfassungsordnung der Europäischen
Union, Frankfurt a.M. 2004.
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7. O termo polícia vem do grego Πολιτεία, onde significava, entre outras coisas, boa ordem na
cidade. Com este significado passou para o latim politia. Foi com este significado amplo que o
termo polícia foi empregado no “Estado de polícia” (sécs. XVII e XVIII), onde, para além de
“boa ordem na cidade”, foi alargado à ideia de Administração interna. No fim do período do
absolutismo iluminado, o termo polícia começou a ser empregado também para os corpos de
polícia, que então foram surgindo um pouco por toda a Europa. Com a Revolução liberal, sub-
sistiu um conceito institucional de polícia (forças de segurança), a par de uma polícia adminis-
trativa orientada para a actividade administrativa de prevenção do perigo para a ordem e segu-
rança públicas. A polícia administrativa é, cada vez mais, uma área específica da Administração.
Assim, cada vez mais temos uma Administração da saúde, em vez de uma polícia da saúde.
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8. Sobre o direito policial e a actuação das forças de ordem e segurança pública, cf. António
Francisco de Sousa, A Polícia no Estado de Direito, Ed. Saraiva, S. Paulo Brasil, 2009; idem,
Reuniões e Manifestações no Estado de Direito, Ed. Saraiva, S. Paulo, Brasil, 2.ª ed., 2011.
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2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
E DO DIREITO ADMINISTRATIVO
2.1. Fases da história da Administração Pública
A evolução histórica do direito administrativo que mais nos interessa
é a que mantém uma ligação directa com a Administração dos nossos
dias, ou seja, a Administração pós-revolução liberal. Porém, na nossa
análise recuaremos ao modelo de Administração que vigorava nos sécs.
XVII e XVIII, que culminou na Revolução Francesa, a fim de melhor
compreendermos as motivações e objectivos da passagem do Velho
Regime para o Estado liberal de direito, no que à Administração
Pública diz respeito. Restringiremos a nossa análise aos seus aspectos
mais típicos e gerais.
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Francisco de Sousa
António Francisco de Sousa António Francisco
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António
de Sousa
Direito António Francisco de Sousa é Professor da Fa-
Administrativo
culdade de Direito da Universidade do Porto
(Portugal) e Professor Convidado da Univer-
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Direito
de Lisboa (1981), Mestre pelas Faculdades de
Administrativo
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golano especialmente destinada aos estudantes de Direito Admi- trinta anos que se dedica à investigação e à
nistrativo, mas também a todos aqueles que, por dever de ofício, docência nas áreas do direito administrativo
necessitam de conhecer esta vasta e complexa área do direito. em geral, do direito administrativo autárqui-
Angolano
co, do direito policial, do direito do urbanismo
O autor procurou, na base de uma adequada estruturação das e do ambiente. É autor de largas dezenas de
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