Enfermagem e Sexualidade

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Escola Anna Nery Revista de Enfermagem

ISSN: 1414-8145
annaneryrevista@gmail.com
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Brasil

Dutra Sehnem, Graciela; Ressel, Lúcia Beatriz; Frescura Junges, Carolina; Machado da Silva,
Fernanda; Nunes Barreto, Camila
A SEXUALIDADE NA FORMAÇÃO ACADÊMICA DO ENFERMEIRO
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, vol. 17, núm. 1, enero-marzo, 2013, pp. 90-96
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=127728366013

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A sexualidade na formação acadêmica do enfermeiro
PESQUISA
Sehnem GD, Ressel LB, Junges CF, Silva FM, Barreto CN EscAnna
Esc AnnaNery
Nery(impr.)2013
(impr.)2013jan
jan-mar;
-mar;17
17(1):
(1): 90
90--96
96

RESEARCH - INVESTIGACIÓN

A SEXUALIDADE NA FORMAÇÃO ACADÊMICA DO ENFERMEIRO


The sexuality on nurses’ academic training

La sexualidad en la formación académica del enfermero

Graciela Dutra Sehnem1 Lúcia Beatriz Ressel2 Carolina Frescura Junges3


Fernanda Machado da Silva 4 Camila Nunes Barreto5

RESUMO
Este estudo teve como objetivo analisar como se dá a construção da sexualidade na formação acadêmica de estudantes de
Enfermagem. Foi realizado com 14 estudantes de um curso de graduação em Enfermagem do Rio Grande do Sul. O método
caracterizou-se por pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa. Os dados foram coletados pela técnica do grupo focal no
período de maio a junho de 2009. Para a sua interpretação foi aplicada a análise temática. No que tange à formação acadêmica
do enfermeiro em relação à sexualidade, esse assunto tem sido tratado a partir de um caráter de eventualidade e informalidade e
abordado sob um enfoque de neutralidade, proibições e assexualização. Recomenda-se que a sexualidade seja tratada como
assunto de estudo na Enfermagem e como fenômeno inerente a todo o ser humano.

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alavr as-c
vras-c ha
havve: Sexualidade. Estudantes de Enfermagem. Enfermagem.
as-cha

Abstract Resumen
This study aimed to analyze how sexuality is built up in the Ese estudio tuvo como objetivo analizar cómo ocurre la
academic studies of Nursing students. It was developed with 14 construcción de la sexualidad en la formación académica de
students from a Nursing Graduation Course in Rio Grande do estudiantes de Enfermería. Fue realizado con 14 estudiantes de
Sul. The method was characterized by a descriptive research un Curso de Graduación en Enfermería en Rio Grande de Sur. El
with qualitative approach. The data was collected through the método se caracterizó por investigación descriptiva, con
focus group technique in the period of May and June 2009. The abordaje cualitativo. Los datos fueron recolectados por la técnica
theme analysis was applied in order to interpret the data. del grupo focal en el período de mayo a junio de 2009. Fue
Concerning the nurse academic studies towards sexuality, this aplicado el análisis temático para la interpretación de estos.
topic has been discussed from a character of event and Sobre la formación académica del enfermero en relación a la
informality and approached from a perspective of neutrality, sexualidad, ese asunto ha sido tratado a partir de un carácter
prohibitions and sterilization. It is recommended that sexuality de eventualidad e informalidad y abordado bajo un enfoque de
is treated as a nursing study topic and an inherent phenomenon neutralidad, prohibiciones y asexualización. Se recomienda que
to every human being. la sexualidad sea tratada como asunto de estudio en enfermería
y como fenómeno inherente a todo ser humano.

Keywor
ywor ds: Sexuality. Nursing Students. Nursing.
ords: P ala br
alabr as Cla
bras Clavv e: Sexualidad. Estudiantes de Enfermería.
Enfermería.

1
Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFRGS. Professora Assistente do Curso de Graduação em Enfermagem da
Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). Uruguaiana-RS. Brasil. E-mail: graci_dutra@yahoo.com.br; 2Enfermeira. Doutora, Professora Associada
do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGEnf) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Líder do
grupo de pesquisa: Cuidado, Saúde e Enfermagem e da Linha de pesquisa: Estudos culturais em cuidado, saúde e enfermagem da UFSM. Santa Maria-
RS. Brasil. E-mail: lbressel208@yahoo.com.br; 3Enfermeira no setor de Emergência Adulto do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC). Professora substituta do Departamento de Enfermagem da UFSC. Florianópolis-SC. Brasil. E-mail: cfjunges@hotmail.com; 4Enfermeira.
Mestre em Enfermagem Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFSM. Professora Assistente do Curso de Graduação em Enfermagem da
Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). Uruguaiana-RS. Brasil. E-mail: fernandasilva@unipampa.edu.br; 5Acadêmica de Enfermagem da UFSM.
Bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET). Membro do grupo de pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem e da Linha de pesquisa: Estudos
culturais em cuidado, saúde e enfermagem da UFSM. Santa Maria-RS. Brasil. E-mail: camilabarreto_6@msn.com

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INTRODUÇÃO dos estudantes para lidar com as diversas questões que a


temática pode desencadear, bem como realizar o cuidado de
Os estudos sobre sexualidade, relegados durante anos enfermagem de forma mais tranquila, sensível e criativa3.
a ocuparem uma posição marginal no plano das ciências, Além disso, a discussão da sexualidade na formação
multiplicaram-se de forma significativa a partir dos anos de acadêmica constitui uma possibilidade de desconstruir e reconstruir
1980, com o surgimento da Síndrome da Imunodeficiência conceitos e valores estabelecidos ao longo da vida dos indivíduos,
Adquirida (AIDS). Tais estudos, concebidos no campo da como, por exemplo, o silêncio que envolve o tema, a recusa de
medicina preventiva, focalizaram, principalmente, o informações, a manutenção do desconhecimento e as proibições
comportamento e as práticas sexuais, sendo estes delimitados repetidamente enfatizadas acerca da temática1. Isso pode se refletir
pela noção de risco1. Essa perspectiva essencialista, que na vida profissional, na assexualização do cuidado, na
relacionou o estudo da sexualidade à genitalidade, ao ato sexual impessoalidade das relações, na ausência de diálogo, nas emoções
e à reprodução, ainda se mantém presente e predominante no e sentimentos contidos para não denotar o constrangimento, ao
enfoque dos estudos da área da saúde. lidar com o corpo sexuado do outro, entre outras questões que
A sexualidade, quando concebida sob essa perspectiva podem vir à tona no momento do cuidado3.
e tratada como uma questão pontual, que precisa ser A relevância desse estudo está em possibilitar a
medicalizada ou orientada preventivamente, como um elemento elaboração de subsídios que possibilitem reflexões singulares
ausente na dimensão do ser humano cuidado, e igualmente na acerca da sexualidade, permitindo ressignificar conceitos
dimensão do enfermeiro cuidador, reforça o modelo na formação acadêmica e refletir acerca de preconceitos e
assexualizado do cuidado de enfermagem, sendo isto tensões que permeiam essa temática. Além disso, busca-se
reproduzido, também, na formação dos enfermeiros1. contribuir para que a sexualidade, nesse momento de
Na enfermagem, a sexualidade tem aparecido formação, seja percebida e vivenciada como mecanismo
associada a tabus e preconceitos, que perpassam tanto a possibilitador da criatividade e da sensibilidade, tanto do
formação acadêmica quanto a prática profissional. É no sujeito que cuida quanto do que é cuidado.
momento do cuidado, a partir da interação dos corpos de quem Com base nessas considerações, utilizou-se como
o pratica e de quem o recebe, que a sexualidade ganha espaço questão norteadora deste estudo: Como se dá a construção da
para emergir. Porém, quando velada, pode consistir em sexualidade na formação acadêmica de estudantes de
mecanismo gerador de ansiedades, incer tezas e Enfermagem? Para responder a essa questão, o estudo objetivou
constrangimentos mútuos. analisar como se dá a construção da sexualidade na formação
Nesse sentido, compreende-se a necessidade de acadêmica de estudantes de Enfermagem.
desvelar essa temática na formação acadêmica do enfermeiro,
considerando que não há espaços de reflexão que tratem da METODOLOGIA
sexualidade tanto dos estudantes de Enfermagem quanto do Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo descritiva.
sujeito cuidado. Assim, ensina-se a cuidar de um corpo doente Os sujeitos foram 14 estudantes, de ambos os sexos, com
que não é sensual e nem sexual2. idade entre 19 e 23 anos, de um Curso de Graduação em
Desse modo, acredita-se na necessidade de gerar Enfermagem de uma universidade pública do Rio Grande do
espaços de discussão, na formação acadêmica deste Sul. Foram incluídos na pesquisa estudantes do curso de
profissional, que tratem a sexualidade como dimensão inerente Enfermagem da instituição em que foi realizado o estudo,
ao ser humano, abordando-a principalmente no âmbito da que estavam cursando, no período da coleta de dados, do
subjetividade, que possibilita sua interpretação cultural. Para terceiro ao oitavo semestres. A escolha do período acadêmico
tanto, entende-se que a sexualidade é parte da construção justifica-se pela inserção dos acadêmicos nas atividades
sociocultural de todas as pessoas, independente do querer ou práticas deste curso. Foram excluídos da pesquisa estudantes
não delas, revelando-se por meio de gestos, discursos, atitudes, de Enfermagem que não estivessem incluídos nos semestres
posturas, olhares, silêncios, enfim, no comportamento de cada acima referidos, naquele período. Ressalta-se que, nesta
pessoa, como um todo1. pesquisa, a seleção dos sujeitos foi intencional, de acordo
Dessa forma, os estudantes de Enfermagem, ao com os critérios de inclusão e objetivos do estudo.
compreenderem-se como seres sexuados e perceberem aqueles Os dados foram coletados entre os meses de maio e
com quem interagem no processo de cuidar como tal, junho de 2009. A produção dos dados fundamentou-se na
descobrem-se como fonte de emoção, tendo a possibilidade de técnica do grupo focal, que utiliza as sessões grupais como
sentir e produzir prazer no cuidado. Cabe ressaltar que isso foros facilitadores da expressão de características
poderá ser revertido em uma vivência mais contextualizada e psicossociológicas e culturais4. Esta técnica visa alcançar
qualitativa dessa dimensão humana3. informações a partir do aprofundamento da interação entre os
A oportunidade de discutir e refletir acerca da participantes, tanto para gerar consenso quanto para clarificar
sexualidade configura uma possibilidade de instrumentalização as divergências5. Deve ser propiciado um ambiente permissivo,

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no qual os participantes consigam expressar suas percepções, Na enfermagem, é possível evidenciar a carência de
crenças, valores, atitudes e representações sociais sobre uma estudos e discussões em relação à sexualidade tanto em nível
questão específica4. acadêmico quanto na prática profissional. Observa-se que
Elaborou-se um guia de temas para o desenvolvimento estes, quando presentes, estão limitados à perspectiva
das sessões grupais que auxiliou na discussão e na flexibilidade biologicista e patologizante. A respeito disso, os depoimentos
para ajustes6. Os temas perpassaram a forma como as questões a seguir elucidam o caráter de eventualidade com que tem sido
relativas à sexualidade eram conduzidas nas aulas teóricas e tratada a sexualidade, no contexto em que foi realizado o estudo,
práticas do curso de Enfermagem e os momentos da formação na formação acadêmica do enfermeiro.
acadêmica em que tais questões eram abordadas.
Desenvolveram-se três encontros com grupos focais, Na nossa turma tivemos muito pontual, não teve
nos quais participaram os sujeitos do estudo, um moderador e uma abordagem específica sobre o tema. A
um observador. A composição do grupo considerou traços professora estava, por exemplo, explicando um
comuns que uniam os participantes, mas com suficiente variação procedimento e salientava que tem que respeitar a
entre eles para que aparecessem opiniões diferentes ou sexualidade. (S1)
divergentes6. Como traços comuns, os participantes eram
estudantes de Enfermagem da mesma instituição de ensino e Durante os procedimentos, as professoras falaram
vivenciarem aulas práticas no curso. Em relação à variação alguma coisa de cuidar com a pessoa quando estiver
entre os participantes, integraram-se estudantes de ambos os dando o banho, fazendo algum procedimento. (S2)
sexos, pois a revelação de suas ideias enriqueceria a discussão
do tema. É bem superficial, quase nada, quando estão
Cada encontro teve duração de duas horas, sendo explicando os procedimentos. A gente trabalhou,
possível atingir bons níveis de discussão6. Para o local das também, durante uma DCG [Disciplina
sessões foi escolhida uma sala de fácil acesso aos estudantes, Complementar de Graduação], que foi uma
confortável, com boa iluminação, ventilação e que assegurava mestranda que conduziu com um texto sobre o
a privacidade. Ainda, o preparo do local contou com o arranjo corpo, que, daí sim, a gente pode expor, mas, antes,
dos assentos em forma circular, de modo a promover a durante a graduação não. (S3)
participação e propiciar uma boa interação face a face7. Para
registrar as falas dos sujeitos utilizou-se um gravador digital, A gente teve quando foi ter aula de banho de leito,
e, para registrar as observações, construiu-se um diário de foi a única parte do curso, até agora, que foi falado
campo. e foi muito superficial. A gente sentiu muita
A análise e a interpretação dos dados foram necessidade na prática de ter tido a teoria. (S13)
fundamentadas na análise temática, que operacionalmente foi
realizada em três etapas, quais sejam: a pré-análise (primeira Não tem um dia para se falar da sexualidade tanto
etapa); a exploração do material (segunda etapa); e o do paciente quanto do acadêmico, podia ter um
tratamento dos resultados obtidos e interpretação (terceira momento específico só para isso. (S7)
etapa)5.
Os princípios éticos da Resolução 196/96 do Conselho De acordo com os relatos, as discussões acerca da
Nacional de Saúde foram observados8. A pesquisa foi aprovada sexualidade foram realizadas, na maioria das vezes, de forma
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição a qual estava eventual, associadas ao ensino de procedimentos que
vinculada, sob o protocolo nº 23081.018415/2008-48. A permitiram que o assunto viesse à tona. Percebe-se, também,
inserção dos participantes na pesquisa ocorreu mediante a que o tema foi abordado em uma disciplina complementar do
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O curso, no qual foi associado à temática “corpo”, o que é
anonimato dos sujeitos foi garantido por meio da utilização do considerado de suma importância, uma vez que tais conceitos
sistema alfanumérico, demonstrado pela letra S seguida de se inter-relacionam. Além disso, os estudantes ressaltam o
números arábicos. desejo de discutir sobre a sua própria sexualidade e a do sujeito
cuidado, pois entendem que isso servirá como subsídio para as
RESULTADOS E DISCUSSÃO vivências práticas do curso.
A partir da análise temática, emergiram das falas os Cabe ressaltar que não discutir essa questão e as
seguintes temas: o caráter de eventualidade e informalidade dificuldades sentidas em nível da graduação não isentará o
em que a sexualidade era abordada na formação acadêmica; enfermeiro de se deparar, futuramente, com a sua ocorrência
algumas normas e regras sociais relacionadas à construção durante a vida profissional. Ao contrário, acaba agravando,
histórica da profissão; e a neutralidade e a assexualização dos tornando as situações mais difíceis de serem resolvidas no dia
estudantes ao realizarem cuidados de enfermagem. a dia da prática do cuidado9.

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Esse contexto reforça a preocupação sobre como está conceitual, que favorecem uma vivência mais salutar dessa
se desenvolvendo a formação acadêmica do enfermeiro, uma dimensão humana no cuidado de enfermagem. No entanto, nas
vez que pode estar sendo reforçado o ocultamento da temática, escolas de Enfermagem não há orientação de modo estrutural
o que constitui mecanismo gerador de sentimentos como a e sistemático em relação à abordagem da sexualidade. A
insegurança, a angústia e o constrangimento, no momento do discussão sobre a temática, durante a formação acadêmica do
cuidado de enfermagem. Tais reações negativas ou indesejadas enfermeiro, aparece isolada e de forma pontual nos cursos de
remetem a questão do despreparo dos estudantes para lidar graduação, sendo viabilizada por iniciativas individuais ou de
com a questão da sexualidade no cuidado10. Isso pode limitar a um grupo em particular12.
expressão da sensibilidade e da criatividade dos sujeitos Assim, destaca-se que a falta de uma abordagem
envolvidos, nesse momento. Desse modo, nas situações em que consistente com estudantes de Enfermagem, acerca do tema
o silêncio acerca da temática é a conduta adotada, perde-se a da sexualidade, pode prejudicá-los na sua futura prática diária,
oportunidade não só de trabalhar os limites da interdição, mas independente da sua área de atuação, considerando que podem
também de repensar as perspectivas negativas que permeiam não estar sendo preparados para tal. Com isso, aponta-se a
a temática1. necessidade da inserção dessa temática na grade curricular
A partir dos relatos, também é possível perceber a dos cursos de graduação em Enfermagem, envolvendo o corpo
condição de individualidade nas reflexões que tratam da docente como um todo, tendo em vista a multidisciplinaridade
sexualidade, ficando por conta de uma determinada área, do tema10.
disciplina ou professor. No entanto, é necessário estimular Também, ressalta-se que a abordagem da sexualidade
debates e estudos acerca desse tema na Enfermagem, o que na formação acadêmica, pelos docentes, possibilita que os
pode ser revertido em dignidade, respeito e ética no cuidado1. estudantes vivenciem de forma menos conflituosa sua própria
Dessa forma, ressalta-se a necessidade de sexualidade e que estejam informados e livres de preconceitos
aprofundamento das questões relativas à sexualidade humana para realizarem o cuidado de pessoas com idades e
nas disciplinas e conteúdos curriculares do curso de graduação necessidades de saúde diversas13.
em Enfermagem no qual a pesquisa foi desenvolvida. Fornecer Quanto à forma com que foi abordada a temática
conhecimentos específicos de forma a desmitificar o tema e naquele contexto de formação acadêmica, os estudantes
reduzir os medos, os preconceitos e os constrangimentos do também destacaram algumas normas e regras sociais que foram
profissional, no momento em que ele desenvolve suas atividades, enfocadas direcionando à apresentação pessoal dos alunos ao
representa um benefício para o profissional e paciente11. realizarem cuidados de enfermagem, num sentido de proibição.
Os próximos relatos apontam, na realidade em que a As próximas falas transmitem o controle sobre os modos de
pesquisa foi desenvolvida, para o caráter de informalidade que vestir, o que, sob a ótica dos estudantes, pode relacionar-se à
a temática assume na formação acadêmica do enfermeiro. Para própria construção histórica da profissão que está diretamente
tanto, os estudantes relatam que as discussões acerca da relacionada à forma de expressão da sexualidade de quem
temática foram proporcionadas em atividades complementares, cuida. Assim revelam os depoimentos:
como, por exemplo, nos grupos de pesquisa. Dessa forma,
menciona-se em algumas falas: [...] historicamente a mulher tem sido considerada
como inferior e a enfermagem, como uma profissão
Especificamente no PET [Programa de Educação feminina, desenvolvida antes pelas prostitutas,
Tutorial] que a gente trabalhou mais aprofundado. ainda tem muito disso, inconscientemente. Por isso
(S1) muitas vezes, a sexualidade da pessoa é barrada
pela roupa [...]. É uma conquista de espaço da
Se tu não te identifica com alguns grupos de enfermagem, que busca se afirmar por esse
pesquisa que trabalham isso, não é trabalhado na comportamento certinho, e eu acho que não é bem
formação. (S3) por aí. (S3)

Eu não me lembro de nenhum momento que tenha É muito marcante a questão do nosso cuidado físico.
marcado durante as aulas. Eu acho que são coisas Isso é trabalhado desde o começo [do curso]: “Não
extraclasses, nos grupos de pesquisa. Quando tu usem decote, não pintem unha de vermelho.” Isso é
procura, consegue encontrar, mas no currículo não muito histórico, porque tem aquela questão da
tem. (S5) enfermagem como uma profissão feminina, e tem
todos os preconceitos, que tu deve ser recatada,
É importante considerar que esses espaços, embora porque antes não era. É um cuidado importante,
específicos, concedidos para a discussão da temática, mas que às vezes padroniza muito. (S4)
certamente proporcionam trocas de ideias e amadurecimento

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Quanto à construção histórica da Enfermagem, a gente se identifica porque usa branco, fica uma
herdamos de Florence Nightingale não apenas a possibilidade coisa mais organizada, mais parelha. (S3)
de e mulher sair da esfera privada para a vida pública, mas
também uma série de características que ainda hoje se fazem A gente é preparada para sair daqui, vestir uma
presentes nos discursos e nas práticas, antes essenciais para roupa branca, tirar os brincos, prender o cabelo e
assegurarem uma nova imagem às enfermeiras. Ao iniciar a entrar para o hospital e deixar a sexualidade do
profissão, Florence preocupou-se em afastar a imagem das lado de fora, como se a gente entrasse no hospital
enfermeiras leigas, ressaltando, para tanto, a conduta moral e tivesse que deixar a nossa vida para o lado de
das alunas, que deveria se apoiar em soluções corretivas por fora. Tu não vai ser simplesmente uma enfermeira
meio de mecanismos de controle. Para tanto, alicerçava-se em que vai deixar tua sexualidade e teus valores, e
estratégias como o silenciar e o deserotizar o corpo da isso não é trabalhado. (S5)
enfermeira14.
Para a alienação dos corpos das enfermeiras de seu
conteúdo erótico, historicamente, utilizou-se o ensino e a Para os participantes deste estudo, o fato de serem
realização perfeccionista e contínua das técnicas de orientados a não usar adornos pessoais, a se uniformizar e
enfermagem, enquanto ritual de neutralização e impessoalidade. manter os cabelos presos na ocasião da prestação de cuidados
Assim, as técnicas de enfermagem permitiriam a manipulação de enfermagem durante as aulas práticas do curso, pode
do corpo cuidado, não somente transformando o toque em um interferir na sua identidade pessoal enquanto sujeitos com
detalhe frio e repetitivo da técnica em si, mas também características específicas de sua sexualidade. Para eles, o
controlando a emoção, afastando a imagem da enfermeira como sentido de sexualidade estende-se também em direção à
um corpo erotizado14. Desse modo, o procedimento técnico pode expressão de seu jeito de ser e vivenciar o mundo, por meio da
ser utilizado, pelo profissional, como uma estratégia para vestimenta, dos enfeites, dos modos de arrumar os cabelos e
neutralizar a sexualidade, concretizando a assexualização de do relacionamento interpessoal. Por isso, citaram este exemplo
quem cuida e de quem é cuidado15. como forma de disciplinarização da sexualidade transmitida
No contexto do nascimento da Enfermagem moderna, na formação da enfermeira, nas pequenas e corriqueiras
as normas de conduta para as enfermeiras eram rígidas, sendo situações da vida, em concordância a outro estudo da área de
codificadas na austeridade da disciplina, na atenção aos Enfermagem16.
pequenos detalhes do comportamento das enfermeiras, Acredita-se que essa atenção destinada ao que o
estendendo-se desde o controle dos movimentos corporais, uso estudante pode ou não usar nas suas vivências práticas
de uniformes, tom de voz, forma de olhar, até a maneira de compreende uma preocupação com as normas técnicas
envolver-se com outras pessoas1. profissionais, como a questão da higiene, por exemplo, as quais,
Esses valores e normas interiorizados pela cultura, entende-se, constituem um aspecto fundamental para um
mesmo que de forma diferenciada, ainda persistem no cuidado cuidado de enfermagem alicerçado em bases científicas. No
de enfermagem. Isso pode ser percebido pelo controle das entanto, acredita-se ser importante um olhar atentivo quando
emoções, exaltação das técnicas, impessoalidade das relações, acontece uma exaltação e exacerbação dessa preocupação, o
além de preocupações demasiadas com questões que perpassam que pode constituir-se em um ritual de neutralização dos
os modos de vestir, agir e falar, que suscitam rituais de corpos sexuados14 e do controle da sexualidade.
neutralização dos corpos sexuados1. Entende-se que essas Além disso, a questão da assexualização do cuidado
questões presentes tanto no ensino quanto na prática de pode ser percebida quando os estudantes receberam
enfermagem são merecedoras de um olhar diferenciado, no orientações para tratarem de forma indistinta a sexualidade
intuito de rever significados construídos culturalmente e não de homens e mulheres. O próximo depoimento traz essa
torná-los habituais no cuidado de enfermagem. constatação:
Os próximos depoimentos reforçam a neutralidade e
a assexualização, que os depoentes entendem que estão A gente é trabalhada para dentro do hospital
presentes no controle sobre a vestimenta e no comportamento sermos assexuadas: Vocês vão chegar lá, vão
dos estudantes para a realização das atividades práticas do trabalhar com homem e com mulher da mesma
curso. Isso é explicitado nas falas a seguir: forma, sem preconceitos, sem trazer o que tem de
dentro de vocês. (S12)
Falaram para a gente estar de branco, que não pode
usar brinco e eu perguntei porquê. E responderam Entende-se que essa busca por um cuidado de
que é uma questão de organização, de higiene, que enfermagem igualitário, para os diferentes sexos, relaciona-
se à assexualização do sujeito cuidado. Isso implica em uma
descaracterização do indivíduo, tanto daquele que cuida quanto

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do que está sendo cuidado. Também reflete a dificuldade de acadêmica. Desse modo, é necessário deixar de falar da
cuidar com ética, respeito e comprometimento, se for sexualidade por meio do silêncio, da preocupação excessiva
desconsiderada uma dimensão da vida que não é apenas com o rigor da postura e do currículo oculto15.
biológica, mas especialmente social e cultural. Assim, tem-se a expectativa de que este estudo possa
Outro discurso expressa que, naquele contexto, os acenar para reflexões que vislumbrem a importância de discutir
estudantes revestem-se de um personagem para participarem essa temática na formação acadêmica do enfermeiro. Acredita-
das vivências práticas do curso, demonstrando que, fora desses se que a sexualidade, ao ser tratada de forma limitada e
momentos, voltam a viver e expressar sua sexualidade. superficial, aparecendo apenas em alguns momentos isolados
da formação, pode gerar um cuidado de enfermagem que
Eu acho que muitas vezes a gente tem um assexualiza os sujeitos envolvidos e, consequentemente,
personagem quando vai para o hospital, quanto ao promover sentimentos negativos na sua vivência, tais como
se vestir. Chega domingo, são todas tirando o constrangimento, vergonha, culpa, medo, insegurança, entre
esmalte da unha e na segunda-feira de brincos curtos outros.
e cabelo atado, sendo que nos outros dias a gente
não é assim, lá fora. (S13) CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dessa forma, é possível refletir que o cuidado de A partir do contexto analisado, observa-se que, para
enfermagem, é consubstanciado por uma prática que padroniza aquela realidade, a sexualidade na formação acadêmica do
o cuidador e, portanto, pouco considera sua individualidade, enfermeiro é tratada a partir de um caráter de eventualidade e
seus desejos e suas características peculiares, havendo risco informalidade, aparecendo associada ao ensino de algumas
de ser esvaziado de criatividade e de sensibilidade. técnicas isoladas, em algumas atividades complementares da
Nesta linha de pensamento concorda-se com autor graduação e nos grupos de pesquisa. Quanto à abordagem do
da área da enfermagem que afirma que no hospital, local neutro, tema, esta se direciona a um enfoque de neutralidade, de
acrítico e impessoal, a mulher se investe de um personagem, proibições e de assexualização, expressada pelo controle
no caso a enfermeira, da qual é esperada uma atuação perfeita; comportamental e sobre os modos de vestir dos estudantes. A
porém, fora desse ambiente ela volta a ser, agir, sentir, questão da assexualização do cuidado também pode ser
expressando sua sexualidade17. elucidada nas orientações para um tratamento indistinto da
A partir de uma perspectiva diferenciada, outra sexualidade de homens e mulheres.
estudante considera que deve ser mantida uma imagem Desse modo, reforça-se que a sexualidade precisa ser
padronizada, como forma de impor respeito e acatar os padrões tratada como assunto de estudo na enfermagem e como
institucionais. Isso pode ser identificado a seguir: fenômeno inerente a todo o ser humano. Nesse sentido, acredita-
se ser necessário gerar espaços de discussão e reflexão que
Eu penso que é interessante padronizar, porque tratem não apenas da sexualidade do sujeito cuidado, mas,
nos ajuda a reafirmar a profissão [...]. Se estiver também, dos estudantes de Enfermagem. Pensa-se que estes,
vestindo branco é óbvio que isso vai impor respeito, quando se compreendem como seres sexuados e percebem o
porque se está seguindo um padrão que foi outro como tal, têm a possibilidade de sentir e produzir prazer
instituído pela profissão. (S1) no cuidado enfermagem, despindo-se de preconceitos e tabus
que podem perpassar esse momento.
Essa abordagem considera a necessidade de um Outra consideração relevante diz respeito à
comportamento padronizado do enfermeiro, para que ele seja abordagem dessa temática ser estendida aos docentes do
respeitado por aqueles com quem se relaciona. Percebe-se curso de graduação em Enfermagem, no qual o estudo foi
que essa preocupação com o respeito, por meio da utilização realizado, considerando a impor tância de que todos os
de um uniforme, pode estar intrinsecamente relacionada à envolvidos com o processo de ensino-aprendizagem possam
questão de poder vinculada ao exercício da sexualidade. Além lançar esse olhar singular para a temática. A compreensão
disso, quando os estudantes passam a utilizar esse da sexualidade pelos docentes possibilita a eles não apenas
comportamento como mecanismo de defesa, podem deixar de romper com a cultura do silêncio e desvelar essa temática
prestar um cuidado integral ao paciente, realizando-o de forma na formação acadêmica do enfermeiro, mas, também, tratar
fragmentada e assexuada18. essa questão para além dos limites da interdição, rompendo
Em geral, acredita-se que essas conformações em com tabus e preconceitos. Isso viabiliza o desvelamento
relação à sexualidade se encontram assim estruturadas e dessa dimensão humana no cuidado de enfermagem e
viabilizadas no cuidado de enfermagem, como resultado de possibilita que estudantes e docentes a vivenciem de forma
valores e normas sociais construídos culturalmente na mais tranquila, sensível e criativa nesse momento,
socialização primária do indivíduo e reforçadas na formação possibilitando a qualificação do cuidado prestado.

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A sexualidade na formação acadêmica do enfermeiro

Sehnem GD, Ressel LB, Junges CF, Silva FM, Barreto CN Esc Anna Nery (impr.)2013 jan -mar; 17 (1): 90 - 96

Pondera-se, ainda, a possibilidade de que ela seja 9. Ferreira MA, Figueiredo NMA. Expressão da sexualidade do cliente
trabalhada de modo transversal no cenário da formação hospitalizado e estratégias para o cuidado de enfermagem. Rev. bras.
acadêmica, pois se configura como uma temática que permeia enferm. 1997; 50(1): 17-30.
todas as áreas. Sendo assim, pode-se recomendar que a
10. Alencar RA, Ciosak SI, Bueno SMV. Formação do acadêmico enfermeiro:
sexualidade seja abordada a partir da realidade vivenciada necessidade da inserção curricular da disciplina de sexualidade humana
pelos estudantes, podendo ser utilizadas algumas estratégias [periódico na internet]. 2010 set [citado 2012 jul 10]; 9(2): [aprox.10
de ensino, entre elas as situações-problema, grupos de telas]. Disponível em: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/
sentimentos, leitura de artigos científicos que abordem esse article/view/j.1676-285.2010.2991/669
assunto, filmes e oficinas didáticas. Enfim, espaços que sejam
propulsores da sensibilidade e da criatividade do estudante. 11. Souto MD, Souza IEO. Sexualidade da mulher após a mastectomia. Esc
Anna Nery. 2004 dez; 8(3): 402-10.
Ademais, não se teve a pretensão, com esta
investigação, de esgotar a temática em estudo, sendo 12. Ribeiro MO. A sexualidade segundo Michel Foucault: uma contribuição
considerada importante a percepção de novos olhares sobre para a enfermagem. Rev. Esc. Enferm. USP. 1999 dez; 33(4): 358-63.
ela. Acredita-se que foi possível contribuir para reflexões
singulares acerca da sexualidade na formação acadêmica do 13. Moreira MRC, Santos JFFQ. Entre a modernidade e a tradição: a
enfermeiro, o que se viabilizou tanto a partir daquilo que foi iniciação sexual de adolescentes piauienses universitárias. Esc Anna Nery.
dito pelos estudantes quanto do que tenha sido por eles mantido 2011 jul/set; 15(3): 558-66.
velado.
14. Sobral VRS. A purgação do desejo: memórias de enfermeiras [tese de
doutorado]. Rio de Janeiro(RJ): UFRJ; 1994.

15. Pereira AL. Sexuality in care: conflicting experiences of nursing students.


Rev. pesqui. cuid. fundam. 2009 set/dez; 1(2): 326-34.
REFERÊNCIAS
16. Lunardi VL. Repensando a formação da enfermeira. Rev. enferm.
UERJ. 1994 out; 2(2): 221-4.
1. Ressel LB. Vivenciando a sexualidade na assistência de enfermagem:
um estudo na perspectiva cultural [tese de doutorado]. São Paulo(SP): 17. Ressel LB, Gualda DMR. A sexualidade invisível ou oculta na
USP; 2003. enfermagem? Rev. Esc. Enferm. USP. 2002 mar; 36(1): 75-9.

2. Figueiredo NMA, Carvalho V. O corpo da enfermeira como instrumento 18. Muroya RL, Auad D, Brêtas JRS. Representações de gênero nas relações
de cuidado. Rio de Janeiro: Revinter; 1999. estudante de enfermagem e cliente: contribuições ao processo de ensino-
aprendizagem. Rev. bras. enferm. 2011 jan/fev; 64(1): 114-22.
3. Sehnem GD. Percepções culturais de estudantes de enfermagem acerca
da sexualidade: o dito e o velado [dissertação de mestrado]. Santa
Maria(RS): Departamento de Enfermagem/Universidade Federal de Santa
Maria; 2009.

4. Westphal MF, Bógus CM, Faria MM. Grupos Focais: experiências


precursoras em programas educativos em saúde no Brasil. Bol. Oficina
Sanit. Panam. 1996; 120(6): 472-81.

5. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em


saúde. 11º ed. São Paulo: Hucitec-Abrasco; 2008.

6. Dall’agnol CM, Trench MH. Grupos focais como estratégia metodológica


em pesquisas na enfermagem. Rev. gaúch. enferm. 1999 jan; 20(1): 5-
25.

7. Ressel LB, Beck CLC, Gualda DMR, Hoffmann IC, Silva RM da, Sehnem GD.
O uso do grupo focal em pesquisa qualitativa. Texto & contexto enferm.
2008 out/dez; 17(4): 779-86.

8. Ministério da Saúde (BR). Conselho Nacional de Saúde. Comissão


Nacional de Ética em Pesquisa. Resolução nº 196, de 10 de outubro de
1996: diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo
seres humanos. Brasília(DF): [Conselho Nacional de Saúde]; 1996. Recebido em 25/07/2012
Reapresentado em 28/10/2012
Aprovado em 10/12/2012

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