Antártida

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Antártida

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A Antártida, também denominada no


Antártida
Brasil por Antártica,(ver questão do nome) é o
mais meridional e o segundo menor dos
continentes (maior apenas que a Austrália),
com uma superfície de 14 milhões de
quilômetros quadrados. Rodeia o polo Sul, e
por esse motivo está quase completamente
coberta por enormes geleiras (glaciares),
exceção feita a algumas zonas de elevado
aclive nas cadeias montanhosas e à
extremidade norte da península Antártica. Sua
formação se deu pela separação do antigo
supercontinente Gondwana há
aproximadamente 100 milhões de anos e seu
resfriamento aconteceu nos últimos 35
milhões de anos.[1]

É o continente mais frio, mais seco, com a


maior média de altitude e de maior índice de Localização de Antártida no globo terrestre.
ventos fortes do planeta.[2] A temperatura Gentílico Antártico
mais baixa da Terra (-93,2 °C) foi registrada
na Antártida, sendo a temperatura média na Vizinhos América do Sul, África e
costa, durante o verão, de -10 °C; no interior Austrália
do continente, é de -40 °C.[3] Muitos autores o
Divisões
consideram um grande deserto polar, pela
- Países Nenhum
baixa taxa de precipitação no interior do
- Dependências Nenhuma
continente.[4][5][6] A altitude média da
Antártida é de aproximadamente 2000 Área
metros.[7] Ventanias com velocidades de - Total 14 000 000 km²
aproximadamente 100 km/h são comuns e - Maior país
podem durar vários dias.[3] Ventos de até - Menor país
320 km/h já foram registrados na área Extremos de elevação
costeira.[6] - Ponto mais alto Monte Jackson, 3 050 m
- Ponto mais baixo Fenda Subglacial Bentley
Juridicamente, a Antártida está sujeita ao
Tratado da Antártida, pelo qual as várias População
nações que reivindicavam territórios no c. 1000 (não-permanente)
- Total
continente (Argentina, Austrália, Chile, habitantes
França, Noruega, Nova Zelândia e Reino - Densidade hab./km²
Unido) concordam em suspender as suas
reivindicações, abrindo o continente à
exploração científica.[8]
Por esse motivo, e pela dureza das condições climáticas, não tem população permanente, embora tenha uma
população provisória de cientistas e pessoal de apoio nas bases polares, que oscila entre mil (no inverno) e
quatro mil pessoas (no verão).[9] Dois destes assentamentos com uma população regular (incluindo crianças)
são Villa Las Estrellas (do Chile) e Base Esperanza (da Argentina).[10]

Índice
Toponímia
História
Geografia
Clima
Flora
Fauna
Geologia
Paleozoico
Mesozoico
Divisão da Gondwana
Geologia atual
Demografia
Governo
Revindicações territóriais
Outros territórios considerados antárticos
Países com bases na Antártida
Economia
Infraestrutura
Comunicação
Transportes
Pesquisas
Meteoritos
Erupção vulcânica
Problemas ambientais
Depleção do ozônio
Efeitos do aquecimento global
Ver também
Notas
Referências
Ligações externas

Toponímia
O topônimo Antártica tem sua origem no latim tardio antarctĭcus que, por sua vez, deriva do grego antigo
ανταρκτικός, que significa, literalmente, "oposto ao Ártico" (antiártico). Todavia, convencionalmente
adotou-se a forma Antártida, tanto em Portugal como no Brasil, mesmo que contraditória quanto à origem
etimológica do topônimo. Uma explicação possível seria a analogia com a mítica Atlântida,[11] algo que
ocorre da mesma forma em castelhano, em que também convivem as duas formas, Antártida e Antártica,
sendo a primeira de uso mais difundido.[12] Na língua italiana, por sua vez, existe apenas o registro de
Antartide, também cunhada sobre o modelo de Atlantide (Atlântida).[13]

Em Portugal, antes do Acordo Ortográfico de 1990, a única forma dicionarizada era Antárctida, tomando
então o adjetivo a forma antárctico/antárctica (substantivado em [Oceano] Antárctico).[14][15][16]

No Brasil, a forma convencional era Antártida até meados da década de 1970,[17] quando a forma Antártica
passou a ganhar força após ser usada em obras acadêmicas sobre o continente, como o livro Rumo à
Antártica da geógrafa Teresinha de Castro, publicado em 1976.[18]

História
Como não há povos nativos da Antártida, a sua história é a da
sua exploração. É muito provável que os povos de regiões
próximas ao continente tenham sido os primeiros a explorá-lo:
os povos Aush da Terra do Fogo, por exemplo, falam sobre o
"país do gelo" e um chefe māori de nome Ui-Te-Rangiora teria
atingido a região em 650 d.C.[19][20] No entanto, esses povos
não deixaram vestígios de sua presença.

As primeiras expedições documentadas começam no século


XVI. Américo Vespúcio relatou o registro visual de terras a Terra Australis Incognita.
52°S.[21] Várias expedições aproximaram-se gradativamente do
continente sem, no entanto, ter-se a certeza de que se tratava
realmente de um continente ou de um conjunto de ilhas, até às expedições de James Cook, o primeiro a
circum-navegá-lo entre 1772 e 1775 sem o avistar, devido à névoa e aos icebergs.[20]

A primeira pessoa que avistou o continente Antártico foi o explorador russo Fabian Gottlieb Thaddeus von
Bellingshausen em 28 de Janeiro de 1820. [22]

A ocupação humana propriamente dita começa na primeira metade do século XIX, quando navios baleeiros
chegavam à região das Ilhas Sandwich do Sul. Nesse período, James Weddell e James Clark Ross
descobriram os mares que hoje levam seus nomes. Este último fez uma viagem de exploração na qual
descobriu ainda a Ilha de Ross, os montes Érebo e Terror e a Terra de Vitória, retornando em 1843.[20]
Realizados em 1895 e 1889, o sexto e o sétimo Congresso Internacional de Geografia, respectivamente,
obtêm relativo sucesso em seu chamado pela exploração do continente meridional, firmando-se uma
colaboração mútua de Grã-Bretanha e Alemanha para a exploração científica da Antártida, resultando em
diversas expedições ao continente com o apoio e a participação de diferentes nações.[23]

No início do século XX, os exploradores se voltam para a conquista do polo Sul. Ernest Henry Shackleton
organizou uma expedição em 20 de outubro de 1908, sendo obrigado a retornar sem atingir o polo. Seguem-
se a ele Roald Amundsen e Robert Falcon Scott em uma verdadeira corrida, pois partem com apenas duas
semanas de diferença em outubro de 1911 a partir da plataforma de Ross. Amundsen atinge o polo em 14 de
dezembro de 1911, retornando em janeiro. O grupo de Scott chega ao ponto em 17 de janeiro e encontra a
bandeira norueguesa. No caminho de volta, os cinco expedicionários morrem de fome e exaustão.[20]
Após a conquista do polo, restava ainda a façanha de atravessar o
continente de costa a costa. Shackleton assumiu a tarefa na
Expedição Imperial Transantártica, em 1914, que não obteve sucesso
por uma série de dificuldades, a primeira delas foi os navios terem
ficado presos no gelo e afundado.[24]

Richard Evelyn Byrd, explorador dos Estados Unidos, foi o primeiro


a sobrevoar o polo Sul, em 29 de novembro de 1929, após o que
conduziu diversas viagens de avião à Antártida nas décadas de 1930
A expedição liderada pelo norueguês
Roald Amundsen foi a primeira a
e de 1940.[24] Byrd também realizou extensas pesquisas geológicas e
atingir o polo Sul em 1911-1912. biológicas. Atualmente, após o Tratado da Antártida, muitos países
mantêm bases de pesquisa permanente e a ocupação humana é
constante.[2]

Geografia
A maior parte do continente austral está localizada ao sul
do Círculo Polar Antártico e circundada pelo oceano
Antártico. É a massa de terra mais meridional e
compreende mais de 14 milhões de quilômetros quadrados,
tornando-se o quinto maior continente. Sua costa mede 17
968 quilômetros e é caracterizada por formações de gelo,[2]
como mostra a tabela:

Tipos de costa ao longo da Antártida (Drewry, 1983)


Tipo Ocorrência
Plataforma de gelo (gelo flutuante) 44%
Paredes de gelo (sobre o solo) 38%
Correntes de gelo (limite do gelo ou parede de
13%
gelo)
Mapa do continente antártico.
Rocha 5%
Total 100%

Fisicamente, ela é dividida em duas partes pelos montes


Transantárticos perto do estreitamento entre o mar de Ross
e o mar de Weddell: a Antártida Oriental, ou Maior, e a
Antártida Ocidental, ou Menor, porque correspondem
aproximadamente aos hemisférios ocidental e oriental em
relação ao meridiano de Greenwich.[25]

Aproximadamente 98% da Antárticda está coberta por um


manto de gelo,[2] que possui em média dois quilômetros de
espessura, sendo 4.776 metros sua espessura máxima.[26]
Essa cobertura de gelo tem um volume estimado em 25,4
milhões de quilômetros cúbicos,[7] contendo 70% de toda a
água doce do planeta[19] sendo assim o continente de maior
altitude média. O gelo advindo do manto forma barreiras Imagem de satélite da Antártida.
que se estendem para além da costa, conhecidas como
plataformas de gelo, a maior das quais é a de Ross (com
800 km de largura e estendendo-se por 1000 km em
direção ao polo Sul).[4] Os icebergs são blocos de gelo
flutuante formados pela neve, desprendidos das geleiras ou
das plataformas de gelo.[27] Embora a maior parte da massa
continental da Antártida se encontre acima do nível do mar,
uma grande parte da pequena Antárctica Ocidental
encontra-se abaixo do nível do mar.[4]

Em grande parte do interior do continente a precipitação


média anual fica entre 30 e 70 mm;[19] em algumas áreas
de "gelo azul" a precipitação é mais baixa do que a perda
de massa pela sublimação e, assim, o balanço local é
negativo. Nos vales secos o mesmo efeito ocorre sobre uma
base de rochas, conduzindo a uma paisagem
esturricada.[25] Imagem colorida da elevação e do relevo do
continente.
Abriga o Pólo geográfico Sul do planeta, a 90º de latitude
S, e o polo magnético, cuja localização não é fixa. Apenas
a península Antártida, com 1000 km de extensão, não está sempre coberta por gelo. O relevo é marcado
pelos montes Transantárticos, prolongamento geológico dos Andes. Ela divide o continente em Antártida
Oriental, com planícies, colinas baixas e a geleira Lambert (a maior do mundo), e Antártida Ocidental, com
arquipélagos ligados pela cobertura de gelo permanente. As banquisas formadas por água do mar congelado
se confunde com o contorno do continente.[25]

A Antártida Ocidental é coberta pelo manto de gelo da Antártida Ocidental. Este chamou a atenção
recentemente por causa da possibilidade real de seu colapso: se derretesse, o nível do mar elevar-se-ia em
vários metros em um curto espaço de tempo geológico, talvez em questão de séculos.[28] Diversos fluxos de
gelo antártico, que correspondem a aproximadamente 10% da cobertura de gelo, correm para uma das
muitas plataformas.

A Antártida tem mais de 145 lagos que se encontram sob a superfície de gelo continental.[29] O lago Vostok,
descoberto abaixo da estação Vostok em 1996, é o maior deles. Acredita-se que o lago está selado pelo
manto de gelo há 30 milhões de anos.[30] Há também alguns rios no continente, o maior dos quais é o rio
Onyx, com trinta quilômetros de extensão, que desagua no lago Vanda a 75 metros de profundidade.[31]

Na Antártida Oriental encontram-se os montes Transantárticos (ou Cadeia Transantártica) que se estende por
4.800 quilômetros, desde a Terra de Vitória à Terra de Coats. Na Ocidental está a Península Antártica, ao sul
da qual se encontram os montes Ellsworth e o maciço Vinson, ponto mais elevado do continente com 5140
metros. Localizadas entre suas cordilheiras, há sete geleiras na Antártida, das quais a maior é a Geleira
Byrd. Embora seja lar de muitos vulcões, apenas uma cratera na ilha Decepção e o monte Érebo expelem
lava atualmente, a primeira desde 1967. O monte Érebo, de 4023 metros de altitude e localizado na Ilha de
Ross, é o vulcão ativo mais meridional do mundo. Pequenas erupções são comuns e fluxos de lava foram
observados em anos recentes.[25]

Clima

A Antártida é o continente mais frio e seco da Terra, um grande deserto. A precipitação média anual fica
entre 30 e 70 mm.[19] Devido à influência das correntes marítimas, as zonas costeiras apresentam
temperaturas mais amenas, com uma média anual de -10 °C (atingindo valores entre 10 °C no verão e
-40 °C no inverno). Por outro lado, no interior do continente, a média anual é -30 °C, com temperaturas
variando entre -30 °C no verão até abaixo de -80 °C no inverno. A menor temperatura do mundo, -93,2 °C,
foi registrada entre Dome Argurs e Dome Fuji no dia 10 de agosto de 2010.[32]
No entanto, o local mais frio da superfície terrestre, estima-se que
seja a Cordilheira A (ou Ridge A), que fica localizada nas seguintes
coordenadas: 81° 30′ S, 73° 30′ L.[33][34]

Estima-se que apesar dos seis meses de escuridão do inverno, a


incidência da energia solar no Polo Sul seja semelhante à recebida
anualmente no equador, mas 75% dessa energia é refletida pela
superfície de gelo.[19]

O gelo azul cobrindo o Lago Fryxell, A Antártida Oriental é mais fria que a Ocidental por ser mais
nos Montes Transantárticos, origina- elevada. As massas de ar raramente penetram muito no continente,
se do derretimento de geleiras. deixando seu interior frio e seco. O gelo no interior do continente
dura muito tempo, apesar da falta de precipitação para renová-lo. A
queda de neve não é rara no litoral, onde já se registrou a queda de
1,22 metro em 48 horas. Também é um continente com ventos fortes, registrando-se ventos com velocidades
superiores a 200 km/h na região costeira, sendo a média nestes locais de 100 km/h.[3] No interior, entretanto,
as velocidades são tipicamente moderadas.[35]

A Antártida é mais fria do que o Ártico por dois motivos: em primeiro lugar, grande parte do continente está
a mais de três quilômetros acima do nível do mar. Em segundo lugar, a área do polo Norte é coberta pelo
oceano Ártico e o relativo calor do oceano é transferido através do gelo, impedindo que as temperaturas nas
regiões árticas alcancem os extremos típicos da superfície da terra no sul.[36]

Alguns eventos climáticos são comuns na região. A aurora austral, conhecida como "luzes do sul", é um
brilho observado durante a noite perto do Pólo Sul. Outro acontecimento é o pó de diamante, neblina
composta de pequenos cristais de gelo. Forma-se geralmente sob céu limpo, por isso é referido como
precipitação de céu limpo. Falsos sóis, brilhos formados pela reflexão da luz solar em cristais de gelo,
conhecidos como parélio, são uma manifestação óptica atmosférica comum.[26]

Flora

As principais dificuldades para o crescimento dos vegetais na


Antártida são os fortes ventos, a curta espessura do solo e a limitada
quantidade de luz solar durante o inverno austral.

Por isso, a variedade de espécies de plantas na superfície é limitada a


plantas "inferiores", como musgos e hepáticas. Além disso há uma
comunidade autotrófica, formada por protistas. A flora continental
consiste em líquens, briófitas, algas e fungos. O crescimento e a
reprodução ocorrem geralmente no verão.[37]

Há mais de 200 espécies de líquens e aproximadamente 50 espécies


Aproximadamente 400 espécies de
de briófitas, tais como musgos. No continente existem 700 espécies
líquenes são conhecidas na
de algas, a maioria das quais forma o fitoplâncton.[37] Diatomáceas e
Antártida.
algas da neve, algas microscópicas que crescem na neve e no gelo
dando-lhes coloração, são abundantes nas regiões costeiras durante o
verão.[38] Há ainda duas espécies de plantas que florescem e são encontradas na Península Antártica.[37]

Fauna
O krill é muito importante para a maior parte das teias alimentares, servindo
de alimento para lulas, baleias, focas, como a foca-leopardo, pinguins e
outras aves.[39] As aves mais comuns são os pinguins, os albatrozes e os
petréis. No entanto, somente 13 espécies fazem seus ninhos em terra firme,
geralmente no litoral, e partem para regiões mais quentes no inverno.
Enquanto todas as demais migram, duas espécies de pinguim permanecem e
migram para o interior: o pinguim-imperador, a maior espécie, e o pinguim-
de-adélia.[40] Por volta de abril, machos e fêmeas dos pinguins-imperador
migram cem quilômetros para o sul, as fêmeas voltam para o litoral para se
alimentar, só voltando em julho e os machos se agrupam para se
aquecerem.[41]

A fauna dos mares em torno da Antártida é bastante rica. É composta por


uma miríade de invertebrados como esponjas,[42] anêmonas, estrelas-do-mar
e ouriços-do-mar,[43] anelídeos, crustáceos e moluscos e entre os mais
Pinguins-imperador na ilha abundantes estão o isópode Glyptonotus antarticus e o molusco Nacella
do Monte Nevado. concinna, comum nas zonas costeiras. As condições ambientais afetam o
crescimento e a reprodução desses animais: eles se tornam maiores e
crescem mais lentamente, se reproduzindo de forma mais lenta em
comparação com seus congéneres de regiões quentes.[4]

Em regiões com profundidade de cerca de 200 metros abaixo da camada de gelo e em plena escuridão,
acreditava-se que existiam apenas micróbios, mas, conforme anúncio feito pela NASA em 16 de março de
2010, também podem ser encontrados o crustáceo Lyssianasid amphipod e uma espécie de água-viva.[44]

A aprovação do Ato de Conservação da Antártida trouxe severas restrições ao continente. A introdução de


plantas ou dos animais estrangeiros pode ser punida criminalmente, bem como a retirada de qualquer
espécie nativa.[45] O excesso de pesca do krill, de grande importância para o ecossistema local, fez com que
a pesca fosse regulamentada e controlada. A Convenção para Conservação dos Recursos Vivos Marinhos
Antárticos (CCAMLR, em inglês), um tratado que entrou em vigor em 1980, requer que regulamentos sobre
o Oceano Antártico levem em conta os potenciais efeitos sobre todo o ecossistema antártico. Apesar destes
novos regulamentos, a pesca ilegal, particularmente da merluza-negra, continua sendo um sério problema. A
pesca ilegal da merluza aumentou para cerca de trinta e duas mil toneladas em 2000.[46][47]

Geologia
Há mais de 100 milhões de anos a Antártida fazia parte da Gondwana.[1] Ao longo do tempo, a Gondwana
dividiu-se e a Antártida como é conhecida hoje formou-se por volta de há 25 a 23 milhões de anos, ao se
separar da América do Sul e tornar-se totalmente circundada pelo oceano Antártico.[4]

Paleozoico

No período Cambriano, entre 540 e 250 milhões de anos atrás, o clima na Gondwana era ameno. A
Antártida Ocidental estava parcialmente no Hemisfério Norte, e durante este período grandes quantidades de
arenito, calcário e xisto foram depositados. A Antártida Oriental estava no Equador, onde invertebrados e
trilobitas floresciam no fundo dos mares tropicais. Por volta do início do período Devoniano (416 milhões
de anos) a Gondwana estava em latitudes mais ao sul e o clima era mais frio, embora sejam conhecidos
fósseis de plantas deste período. Areia e siltes assentaram-se no que são agora os montes Ellsworth, Horlick
e Pensacola. A glaciação começou no fim do período Devoniano (360 milhões de anos) movendo-se em
direção ao polo Sul e o clima esfriou, embora ainda houvesse flora. Durante o período Permiano,
pteridófitas que cresciam em pântanos dominavam a paisagem. Com o tempo estes pântanos transformaram-
se em depósitos de carvão nos montes Transantárticos. Um
aquecimento contínuo ao fim do Permiano tornou o clima quente e
seco na maior parte da Gondwana.[48]

Mesozoico

Como resultado do aquecimento contínuo, entre 250 e 65 milhões de


anos atrás, a cobertura de gelo polar derreteu e grande parte da
Gondwana transformou-se em um deserto. Na Antártida Oriental
O monte Herschel.
pteridospermatophytas, espécie de pteridófita atualmente extinta,
tornaram-se comuns, e grandes quantidades de arenito e de xisto
assentaram-se. A península Antártica começou a se formar durante o
período Jurássico (entre 206 e 146 milhões de anos atrás), e as ilhas
subantárticas emergiram gradualmente do oceano. Nogueiras-do-
japão e cicadáceas eram abundantes durante este período, bem como
répteis. No período Cretáceo (entre 146 e 65 milhões de anos atrás),
a Antártida Ocidental foi dominada por florestas de coníferas,
embora notofagáceas tenham começado a dominar no fim deste
período. Amonites eram comuns nos mares em torno da Antártida, e
também havia dinossauros, embora somente duas espécies antárticas
tenham sido encontradas até agora (Criolofossauro e Antarctopelta). Estreito de Bransfield.
Foi durante esse período que a Gondwana começou a separar-se.[48]
A Antártica abrigava florestas tropicais, quase 90 milhões de anos
atrás.[49] O solo da floresta descoberto no período Cretáceo, a 900 km do Polo Sul, os pesquisadores
descobriram que os níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera eram mais altos do que o esperado
durante o período intermediário do Cretáceo, há 115-80 milhões de anos, desafiando modelos climáticos do
período.[50]

Divisão da Gondwana

A África separou-se da Antártida por volta de há 160 milhões de anos, seguida pelo subcontinente indiano
no início do Cretáceo (aproximadamente há 125 milhões de anos). Há 65 milhões de anos, a Antártica
(ainda conectada a Austrália) tinha um clima entre tropical e subtropical, somado a uma fauna de
marsupiais. Há 40 milhões de anos, continente australiano, então unido à atual ilha da Nova Guiné separou-
se da Antártida e o gelo começou a aparecer. Por volta de há 23 milhões de anos, o surgimento da passagem
de Drake entre a Antártida e a América do Sul resultou no aparecimento da Corrente Circumpolar
Antártica.[4] O gelo propagou-se, substituindo as florestas que cobriam o continente. O continente está
coberto de gelo desde 15 milhões de anos atrás.[51]

Geologia atual

Os estudos geológicos da Antártida foram dificultados por quase todo o continente ser coberto
permanentemente por uma grossa camada de gelo. Entretanto, novas técnicas como o sensoriamento remoto
começaram a revelar as estruturas por debaixo do gelo.[52]

Geologicamente, a Antártida Ocidental assemelha-se aos Andes.[48] A península Antártica foi formada pela
elevação e metamorfismo de sedimentos do leito do mar durante o final da era Mesozoica. Esta elevação de
sedimentos foi acompanhada de intrusões ígneas e vulcanismo. As rochas mais comuns na Antártida
Ocidental são o andesito e o riolito formadas durante o período Jurássico. Há evidências de vulcanismo,
mesmo depois da formação do manto de gelo, na Terra de Marie Byrd e na Ilha Alexandre I. A única área
atípica da Antártida Ocidental é a dos montes Ellsworth, a região
onde a estratigrafia é mais parecida com a da parte oriental do
continente.[53]

A Antártida Oriental é geologicamente muito antiga, datando do pré-


cambriano, com algumas rochas formadas há mais de três mil
milhões de anos atrás. É formada por uma plataforma metamórfica e
ígnea que é a base do escudo continental. Acima desta base estão
várias rochas mais modernas, como arenito, calcário, carvão e xisto
depositadas durante os períodos Devoniano e Jurássico para dar
forma aos Montes Transantárcticos. Em áreas costeiras como a
cordilheira Shackleton e a Terra de Vitória foram encontradas
A Antártida sem a sua cobertura de
algumas falhas geológicas.[53]
gelo. (Esse mapa não considera que
o nível do mar e do continente se
O principal recurso mineral conhecido no continente é o carvão.[51]
elevariam pelo derretimento do gelo). Inicialmente, foi encontrado por Frank Wild perto da geleira
Beardmore na expedição do Nimrod, e conhece-se a existência de
carvão de baixa qualidade em muitas partes dos montes
Transantárticos. As montanhas Príncipe Charles contêm depósitos significativos de minério de ferro. Os
recursos mais valiosos da Antártida, localizados ao largo do continente, são campos petrolíferos e de gás
natural, encontrados no mar de Ross em 1973. A exploração de todos os recursos minerais está proibida pelo
Protocolo de Proteção Ambiental do Tratado da Antártida.[54] Até 2048, tal proibição só poderá ser
revogada ou alterada sob aprovação unânime dos países consultores do Tratado da Antártida e após
estabelecimento de um regime legal para a atividade exploratória.[55]

Demografia
Embora a Antártida não tenha residentes permanentes, alguns governos mantêm estações de pesquisa
permanentes por todo o continente. A população de cientistas no continente e nas ilhas subantárticas varia
de aproximadamente quatro mil no verão a mil no inverno. Muitas das estações de pesquisa mantêm pessoal
durante todo o ano.[2]

Os primeiros habitantes semipermanentes das áreas subantárticas


eram marinheiros da Inglaterra e Estados Unidos que costumavam
passar um ano ou mais na Geórgia do Sul, desde 1786. Durante a era
da caça à baleia, que durou até 1966, a população da ilha variava de
mil no verão (ou dois mil em alguns anos) a duzentas no inverno. A
maioria dos baleeiros era norueguesa, com crescente proporção de
britânicos. Os povoados incluíam Grytviken, Leith Harbour, Ponto
Rei Eduardo, Stromness Harbour, Husvik Harbour, Prince Olav
Harbour, Ocean Harbour e Godthul.[56]

Os administradores e outros oficiais encarregues das estações O Polo Sul "cerimonial" localizado na
baleeiras muitas vezes viviam junto com suas famílias. Entre eles Estação Amundsen-Scott.
estava o fundador de Grytviken, o capitão Carl Anton Larsen, um
importante baleeiro norueguês e explorador que adotou a cidadania
britânica em 1910 junto com a família. No entanto, após o fim da caça às baleias na década de 1960, a
população reduziu-se drasticamente para menos de cem pessoas.[56]

A primeira criança nascida na região polar austral foi uma menina norueguesa, Solveig Gunbjørg Jacobsen,
na cidade de Grytviken em 8 de Outubro de 1913, e seu nascimento foi registrado pelo magistrado britânico
residente na ilha Geórgia do Sul. Era filha de Fridthjof Jacobsen, administrador assistente da estação
baleeira, e de Klara Olette Jacobsen. Jacobsen chegou à ilha em 1904 para tornar-se o administrador de
Grytviken, servindo de 1914 a 1921; dois de seus filhos nasceram na ilha.[56]

Emilio Marcos de Palma foi o primeiro a nascer no continente, na Base Esperanza em 1978. Seus pais
haviam sido enviados para lá pelo governo argentino juntamente com sete outras famílias, para determinar
se a vida em família era possível no continente. Em 1984, Juan Pablo Camacho nasceu na base de Presidente
Eduardo Frei Montalva, sendo o primeiro chileno nascido na Antártida. Diversas bases são agora lar de
famílias com crianças que vão à escolas em estações.[57] Em 2009, mais onze crianças nasceram na
Antárctica (ao sul do paralelo 60): oito em Base Esperanza[58] e mais três em Base Presidente Eduardo Frei
Montalva.[59]

Governo
Como único continente desaabitado, a Antártida não tem nenhum
governo e não pertence a nenhum país. Vários países reivindicam
áreas, mas estas reivindicações não são reconhecidas por outros. A
área entre 90°C e 150°C é a única parte da Antártida e da Terra não
reivindicada por nenhum país.[60]

O Tratado da Antártida é o documento assinado em 1 de Dezembro


de 1959 pelos países que reclamavam a posse de partes do
continente da Antártida, em que se comprometem a suspender suas
pretensões por período indefinido, permitindo a liberdade de
exploração científica do continente, em regime de cooperação
internacional.[8]
Emblema do Tratado da Antártida
desde 2002. Desde 1959, as reivindicações na Antártida estão suspensas e o
continente é considerado politicamente neutro. Sua situação é
regulada pelo Tratado da Antártida e por outros acordos
relacionados, chamados em seu conjunto de Sistema do Tratado da Antártida.[61] Para as finalidades do
Sistema de Tratados, a Antártida é definida como toda a terra e plataformas de gelo em torno dos 60°S. O
tratado foi assinado por 12 países, incluindo a União Soviética e os Estados Unidos, e transformou o
continente numa área de preservação científica, estabeleceu a liberdade de investigação científica, a proteção
ambiental e baniu exercícios militares no continente. Este foi o primeiro acordo para o controlo de armas
estabelecido durante a Guerra Fria.[8]

O Tratado da Antártida proíbe quaisquer operações militares no continente e ilhas próximas, tais como o
estabelecimento de bases e de fortificações militares, a realização de manobras militares, ou o teste de
qualquer tipo de arma. Pessoal e equipamento militar são permitidos apenas para pesquisa científica ou para
outros propósitos pacíficos.[62] A única operação militar em larga escala documentada foi a Operación 90,
empreendida pelas forças armadas da Argentina[63] dez anos antes de estabelecido o Tratado.

Revindicações territóriais

Os seguintes países possuem reivindicações territoriais na Antártida.[25]


Data País Território Limites da reivindicação Mapa

1908 Reino Unido Território Antártico Britânico 20°W até 80°W

1923 Nova Zelândia Dependência de Ross 150°W até 160°E

1924 França Terra Adélia 142°2'E até 136°11'E

1929 Noruega Ilha de Pedro I 68° 50′ S, 90° 35′ O

160°E até 142°2'E e


1933 Austrália Território Antártico Australiano
136°11'E até 44°38'E

1939 Noruega Terra da Rainha Maud 44°38'E até 20°W

1940 Chile Território Antártico Chileno 53°W até 90°W

1943 Argentina Antártida Argentina 25°W até 74°W

Território não reivindicado 90°W to 150°W


– Nenhum
(Terra de Marie Byrd) (exceto Ilha Pedro I)
As reivindicações argentina, britânica e chilena sobrepõem-se. A Austrália tem a maior reivindicação de
território na Antártida (42% do continente).[4] Os Estados Unidos e a Rússia não reconhecem nenhuma
reivindicação territorial na Antártida, reservando-se o direito de fazer suas próprias reivindicações.[4]

Nenhuma das reivindicações antárticas é reconhecida pela comunidade internacional. Nos termos do Artigo
IV do Tratado da Antártida, que regula as atividades humanas ao sul do paralelo 60°S, nenhuma atividade
durante a vigência do Tratado pode ser considerada reconhecimento, reforço ou negação das reivindicações
territoriais.[8]

A Alemanha nazista também manteve uma reivindicação chamada Nova Suábia, entre 1939 e 1945. Ela
estava situada entre 20°E e 10°W, sobrepondo-se à reivindicação da Noruega.[4]

Outros territórios considerados antárticos


Dependências
Ilha Bouvet (Noruega)
Ilha Heard e Ilhas McDonald (Austrália)
Terras Austrais e Antárticas Francesas[nota 1]
Outros territórios (parte integrante dos seus respectivos
países)
Ilhas Antípodas (Nova Zelândia) Base antártica brasileira
Ilhas Auckland (Nova Zelândia) Comandante Ferraz.
Ilhas Bounty (Nova Zelândia)
Ilhas Campbell (Nova Zelândia)
Ilha Macquarie (Austrália)
Ilhas do Príncipe Eduardo (África do Sul)
Ilhas Snares (Nova Zelândia)

Países com bases na Antártida

Hoje, 29 países possuem bases científicas na Antártida: África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália,
Brasil, Bélgica, Bulgária, Chile, República Popular da China, Coreia do Sul, Equador, Espanha, Estados
Unidos, Federação Russa, Finlândia, França, Índia, Itália, Japão, Nova Zelândia, Noruega, Peru, Polônia,
Reino Unido, República Checa, Romênia, Suécia, Ucrânia e Uruguai.[2]

Economia
Ainda que o carvão, os hidrocarbonetos, o minério de ferro, a platina, o cobre, o crômio, o níquel, ouro e
outros minerais tenham sido encontrados, eles existem em quantidades pequenas demais para a
exploração.[2] O Protocolo de Proteção Ambiental para o Tratado da Antártida (ou Protocolo de Madri) de
1991 também restringe disputas por recursos. Em 1998 estabeleceu-se um compromisso pela proibição da
mineração por 50 anos até o ano 2048, e decidiram-se desenvolvimento econômico e exploração mais
limitados.[54] A atividade primária básica é a captura e comércio de peixe. A pesca entre 2000 e 2001
chegou a 112 934 toneladas.[2]
O turismo em pequena escala existe desde 1957 e é atualmente
autorregulado pela Associação Internacional das Operadoras de
Turismo Antártico (IAATO, em inglês). Entretanto, nem todas as
embarcações uniram-se à IAATO.[64] Muitos navios transportam
pessoas para locais turísticos específicos. Um total de 27 950 turistas
visitou a Antártida no verão de 2004 a 2005,[65] quase todos vindos
de navios comerciais. Esse número deverá aumentar para 80 mil em
2010.
Navio expedicionário National
Houve algumas preocupações recentes sobre os efeitos ambientais
Geographic Explorer
causados pelo influxo de visitantes. Ambientalistas e cientistas
fizeram apelos por maiores restrições aos navios e ao turismo.[66]
Sobrevoos da Antártida (que não aterrissam) vindos da Austrália e Nova Zelândia eram realizados até o
acidente do voo 901 da Air New Zealand em 1979 no monte Érebo, tendo sido recomeçados da Austrália na
metade da década de 1990.[64]

Infraestrutura

Comunicação

As comunicações na Antártida já foram dificultadas pelo isolamento do continente, mas no presente as


comunicações por satélite possibilitam a conversação de cientistas com suas famílias pela internet. Embora
não haja cabos telefónicos para o continente, os telefones via satélite também são utilizados e os telefones
convencionais são utilizados para comunicações internas nas bases, aviões e navios da região. Há pelo
menos uma estação de televisão transmitindo no continente, para a Estação McMurdo dos Estados Unidos,
além de estações de rádio, AM e FM, e de comunicação através de ondas curtas como o radioamadorismo.[2]
O correio chega à Antártida através de helicópteros e navios.

Transportes

Os transportes na Antártida evoluíram desde os trenós puxados por cães na época de Shackleton (o uso de
cães foi banido pelo Protocolo de Madri, retirados definitivamente do continente em 1994)[6] aos veículos
motorizados atuais. Os meios de transporte em áreas remotas como a Antártida têm que lidar com as baixas
temperaturas e os fortes ventos para garantir a segurança dos passageiros. Devido à fragilidade do
ecossistema antártico, poucos deslocamentos podem ser feitos e a utilização de transportes sustentáveis é
necessária para minimizar os efeitos no espaço ecológico.[6] A infra-estrutura em água, solo e ar precisa ser
segura. Presentemente, milhares de turistas e cientistas utilizam o sistema de transportes da Antártida.[66]

O transporte por terra é feito a pé (por meio de esquis e sapatos de


neve) ou veículos (veículos motorizados como as motos de neve,[67]
escavadeiras,[68] e trenós puxados por cães, no passado). A escassez
e baixa qualidade das estradas limitam as viagens por terra. Em
geral, os veículos precisam estar adaptados com pneumáticos mais
grossos, correias como as dos carros de combate ou correntes. O
combustível deve ser diferenciado, para não congelar com o frio
Campo Williams, um aeródromo do extremo.[69]
Programa Antártico dos Estados
Unidos Não há portos de grande porte na Antártida. A maioria das estações
costeiras possui apenas ancoradouros e os suprimentos são
transportados dos navios para a praia em pequenos barcos e helicópteros. Poucas estações têm cais. Todos os
navios ancorados são submetidos à inspeção de acordo com o artigo
sete do Tratado da Antártida. As ancoragens costeiras são raras e
intermitentes.[2] Normalmente é necessário que um navio quebra-
gelo abra caminho antes que outros navios possam navegar. O
transporte aéreo é feito por meio de aviões e helicópteros (ver:
aviação polar). Os aviões precisam de esquis ou rodas para pousar.
As pistas de pouso e decolagem dos aviões e os heliportos têm que
ser mantidas livres de neve para assegurar pousos e decolagens
seguras. O continente tem 32 aeroportos, mas não há aeroportos
Trecho da Estrada do Polo Sul na
ilha de Ross abertos ao acesso público ou instalações de pouso.[2]

Um total de 37 estações operadas por 16 governos signatários do


Tratado da Antártida têm instalações de pouso para helicópteros. Empresas comerciais operam ainda duas
instalações aeroportuárias. Heliportos estão disponíveis em 27 estações. As pistas de pouso e decolagem em
15 locais são feitas de cascalho, banquisas, gelo azul ou neve compactada apropriados para pousos de aviões
com pneus. As pistas de pouso são em geral pequenas.[2]

Os aeroportos da Antártida estão sujeitos a severas limitações por causa das condições climáticas e
geográficas. Eles não atendem aos padrões da Organização da Aviação Civil Internacional e a aprovação das
organizações governamentais ou não-governamentais responsáveis é necessária antes do pouso.[2]

Pesquisas
Anualmente, cientistas de 29 nações conduzem experimentos de
reprodução impossível em outros lugares do mundo. No verão mais
de quatro mil cientistas operam estações de pesquisa e este número
diminui para quase mil no inverno.[2] A estação McMurdo é capaz
de abrigar mais de mil cientistas, visitantes e turistas. Entre os
cientistas, incluem-se biólogos, geólogos, oceanógrafos, físicos,
astrônomos, glaciólogos e meteorologistas.[70] Geólogos estudam
em geral o tectonismo das placas na região antártica, meteoritos do
espaço e vestígios do período da divisão da Gondwana; mais de
nove mil fragmentos de meteoritos já foram recolhidos na Antártida,
dentre eles um meteorito de 4 mil milhões de anos que, Localização das estações científicas
de 29 países espalhadas pelo
aparentemente, se desprendeu de Marte.[71]
continente
Glaciólogos ocupam-se com o estudo da história e da dinâmica do
gelo flutuante, da neve, das geleiras, e dos mantos de gelo.[72] Já os
biólogos, além de estudar os animais selvagens, estão interessados
em como as baixas temperaturas e a presença dos seres humanos
afetam a sobrevivência de uma grande variedade de espécies.
Médicos fizeram descobertas a respeito da propagação de viroses e
da resposta do corpo às temperaturas extremas. Astrofísicos da
Estação Pólo Sul Amundsen-Scott podem estudar o céu e a radiação
cósmica de fundo em micro-ondas por causa do buraco na camada
de ozônio e do ambiente seco. O gelo antártico serve como meio de Estação Pólo Sul Amundsen-Scott
proteção para o maior telescópio de detecção de neutrinos do com uma aurora austral ao fundo
mundo, construído dois quilômetros abaixo da estação Amundsen-
Scott.[73]
Desde a década de 1970 que um foco importante de estudos tem sido a camada de ozônio acima da
Antártida. Em 1985, três cientistas britânicos que trabalhavam com dados que haviam recolhido na Estação
Halley descobriram a existência de um buraco nessa camada. Em 1998, informações de satélites da NASA
mostraram que o buraco na camada de ozônio era o maior desde que foi notado, cobrindo 27 milhões de
quilômetros quadrados.[74]

Meteoritos

Os meteoritos que caem na Antártida são uma importante área de estudo do material formado no início do
sistema solar, acredita-se que a maioria são originários de asteroides, mas alguns podem ter se originado de
planetas maiores. Os primeiros meteoritos foram encontrados em 1912. Em 1969, uma expedição japonesa
descobriu nove meteoritos. A maioria desses meteoritos caíram sobre o manto de gelo nos últimos milhões
de anos.[75]

O movimento do manto de gelo concentra os meteoritos em locais


inacessíveis, tais como cadeias de montanhas, com a erosão do vento
trazendo-os para a superfície depois de séculos sob a neve
acumulada. Em comparação com meteoritos recolhidos em regiões
mais temperadas da Terra, os meteoritos antárticos são mais bem
preservados.[75]

Esta grande coleção de meteoritos permite uma melhor compreensão


da abundância de tipos de meteoritos no sistema solar e como os
Meteorito antártico, chamado
ALH84001, vindo de Marte.
meteoritos se relacionam com asteroides e cometas. Novos tipos de
meteoritos e meteoros raros foram encontrados. Entre eles estão
peças originárias da Lua, e provavelmente de Marte, através de
impactos. Esses espécimes, nomeadamente o ALH84001 descoberto por ANSMET, estão no centro da
polêmica sobre possíveis evidências de vida microbiana em Marte. Como os meteoritos no espaço absorvem
e registram a radiação cósmica, o tempo decorrido desde que o meteorito atingiu a Terra pode ser
determinado a partir de estudos de laboratório. O tempo decorrido desde a queda, idade ou residência
terrestre de um meteorito representa mais informação que pode ser útil em estudos ambientais das camadas
de gelo da Antártida.[75]

Em 2006, uma equipe de pesquisadores da Universidade do Estado de Ohio usou medições de gravidade por
satélites GRACE da NASA para descobrir os 480 km de largura da Cratera da Terra de Wilkes, que
provavelmente se formou há cerca de 250 milhões de anos.[76]

Erupção vulcânica

Em janeiro de 2008, cientistas da British Antarctic Survey (BAS), liderados por Hugh Corr e David
Vaughan, relataram (na revista Nature Geoscience) que há 2200 anos um vulcão entrou em erupção sob o
manto de gelo da Antártida (com base no levantamento aéreo com imagens de radar). A maior erupção na
Antártida nos últimos 10000 anos, as cinzas vulcânicas foram encontradas depositadas na superfície de gelo
sob as montanhas Hudson, perto do Glaciar de Pine Island.[77]

Problemas ambientais

Depleção do ozônio
A cada ano uma grande área de baixa concentração de ozônio ou
"buraco de ozônio" cresce sobre a Antártida. Este buraco abrange
todo o continente. Em 2008 houve o mais duradouro registro do
buraco, que se manteve até o final de dezembro.[78] O buraco foi
detectado por cientistas em 1985[79] e tendeu a aumentar ao longo
dos seguintes anos de observação. O buraco de ozônio é atribuído à
emissão de clorofluorcarbonetos, ou CFCs, para a atmosfera, que
decompõem a camada de ozônio em outros gases.[80]

Alguns estudos científicos sugerem que a depleção do ozônio pode


ter um papel preponderante nas mudanças climáticas recentes na
Antártida (e uma área maior do Hemisfério Sul).[79] O ozônio
absorve grandes quantidades de radiação ultravioleta na estratosfera. O buraco na camada de ozônio
A depleção do ozônio sobre a Antártida pode causar um (setembro de 2006).
resfriamento de cerca de 6 °C na estratosfera local. Esse
resfriamento tem o efeito de intensificar o fluxo de ventos de oeste
de todo o continente (o vórtice polar) e, portanto, impede saída do ar frio próximo ao pólo sul. Como
resultado, a massa continental da camada de gelo do leste da Antártida recebe temperaturas mais baixas, e as
áreas periféricas da Antártida, em especial na península Antártica, está sujeita a temperaturas mais elevadas,
que promovem acelerado derretimento.[79] Os modelos recentes também sugerem que o esgotamento de
ozônio/efeito vórtice polar reforçado também explica o aumento recente no gelo do mar perto da praia do
continente.[81] No entanto, o problema tem se reduzido ao passar dos anos, devido a proibição de produtos
com CFC.[74]

Efeitos do aquecimento global

Algumas partes da Antártida estão se aquecendo, um aquecimento


particularmente forte foi notado na península Antártica. Um estudo
realizado por Eric Steig publicado em 2009 observou pela primeira
vez que a tendência da temperatura média da superfície da Antártida
é ligeiramente positiva em > 0,05 °C por década entre 1957 e 2006.
Este estudo também observou que a Antártida Ocidental foi
aquecida em mais de 0,1 °C por década nos últimos 50 anos e esse
aquecimento é mais acentuado no inverno e na primavera. Isto é em
parte compensado pela queda do resfriamento na Antártida Tendência de aquecimento entre
1957 - 2006
Oriental.[82] Há evidências de um estudo que a Antártida está se
aquecendo como resultado das emissões humanas de dióxido de
carbono.[83] No entanto, a pequena quantidade de aquecimento da
superfície na Antártida Ocidental não afeta diretamente a
contribuição do manto de gelo da Antárctida Ocidental para o nível do mar. Em vez disso, acredita-se que os
recentes aumentos no degelo glacial ocorreram devido a um influxo de água quente do oceano, ao largo da
plataforma continental.[84][85] A contribuição ao nível do mar a partir da península Antártica é mais
provável que seja um resultado direto de um aquecimento maior da atmosfera nessa região.[86]

Em 2003, a Plataforma de gelo Larsen-B na península Antártica entrou em colapso.[87] Entre 28 de


Fevereiro e 8 de março de 2008, cerca de 570 km² do da plataforma de gelo Wilkins, na parte sudoeste da
península, entrou em colapso, colocando o restantes 15 mil km² da plataforma de gelo em risco. O gelo
estava sendo retido por um "fio de gelo de cerca de 6 km de largura,[88][89] antes de seu colapso, em 5 de
abril de 2009.[90][91] Segundo a NASA, o mais difundido derretimento antártico de superfície nos últimos
30 anos ocorreu em 2005, quando uma área de gelo de tamanho comparável ao estado da Califórnia derreteu
e recongelou brevemente, o que pode ter resultado do aumento das temperaturas em 5 °C.[92]
Ver também
Bandeira da Antártida
Estação Antártica Comandante Ferraz
Lista de estações de pesquisas na Antártida
Lista de extremos da Terra
Recuo dos glaciares desde 1850
Polo Sul
Polo Norte

Notas
1. Excluindo-se as Bassas da Índia, Ilhas Gloriosas, Ilha Tromelin, Ilha Europa e a Ilha de João
da Nova, que ficam em África.

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