Antártida
Antártida
Antártida
Índice
Toponímia
História
Geografia
Clima
Flora
Fauna
Geologia
Paleozoico
Mesozoico
Divisão da Gondwana
Geologia atual
Demografia
Governo
Revindicações territóriais
Outros territórios considerados antárticos
Países com bases na Antártida
Economia
Infraestrutura
Comunicação
Transportes
Pesquisas
Meteoritos
Erupção vulcânica
Problemas ambientais
Depleção do ozônio
Efeitos do aquecimento global
Ver também
Notas
Referências
Ligações externas
Toponímia
O topônimo Antártica tem sua origem no latim tardio antarctĭcus que, por sua vez, deriva do grego antigo
ανταρκτικός, que significa, literalmente, "oposto ao Ártico" (antiártico). Todavia, convencionalmente
adotou-se a forma Antártida, tanto em Portugal como no Brasil, mesmo que contraditória quanto à origem
etimológica do topônimo. Uma explicação possível seria a analogia com a mítica Atlântida,[11] algo que
ocorre da mesma forma em castelhano, em que também convivem as duas formas, Antártida e Antártica,
sendo a primeira de uso mais difundido.[12] Na língua italiana, por sua vez, existe apenas o registro de
Antartide, também cunhada sobre o modelo de Atlantide (Atlântida).[13]
Em Portugal, antes do Acordo Ortográfico de 1990, a única forma dicionarizada era Antárctida, tomando
então o adjetivo a forma antárctico/antárctica (substantivado em [Oceano] Antárctico).[14][15][16]
No Brasil, a forma convencional era Antártida até meados da década de 1970,[17] quando a forma Antártica
passou a ganhar força após ser usada em obras acadêmicas sobre o continente, como o livro Rumo à
Antártica da geógrafa Teresinha de Castro, publicado em 1976.[18]
História
Como não há povos nativos da Antártida, a sua história é a da
sua exploração. É muito provável que os povos de regiões
próximas ao continente tenham sido os primeiros a explorá-lo:
os povos Aush da Terra do Fogo, por exemplo, falam sobre o
"país do gelo" e um chefe māori de nome Ui-Te-Rangiora teria
atingido a região em 650 d.C.[19][20] No entanto, esses povos
não deixaram vestígios de sua presença.
A primeira pessoa que avistou o continente Antártico foi o explorador russo Fabian Gottlieb Thaddeus von
Bellingshausen em 28 de Janeiro de 1820. [22]
A ocupação humana propriamente dita começa na primeira metade do século XIX, quando navios baleeiros
chegavam à região das Ilhas Sandwich do Sul. Nesse período, James Weddell e James Clark Ross
descobriram os mares que hoje levam seus nomes. Este último fez uma viagem de exploração na qual
descobriu ainda a Ilha de Ross, os montes Érebo e Terror e a Terra de Vitória, retornando em 1843.[20]
Realizados em 1895 e 1889, o sexto e o sétimo Congresso Internacional de Geografia, respectivamente,
obtêm relativo sucesso em seu chamado pela exploração do continente meridional, firmando-se uma
colaboração mútua de Grã-Bretanha e Alemanha para a exploração científica da Antártida, resultando em
diversas expedições ao continente com o apoio e a participação de diferentes nações.[23]
No início do século XX, os exploradores se voltam para a conquista do polo Sul. Ernest Henry Shackleton
organizou uma expedição em 20 de outubro de 1908, sendo obrigado a retornar sem atingir o polo. Seguem-
se a ele Roald Amundsen e Robert Falcon Scott em uma verdadeira corrida, pois partem com apenas duas
semanas de diferença em outubro de 1911 a partir da plataforma de Ross. Amundsen atinge o polo em 14 de
dezembro de 1911, retornando em janeiro. O grupo de Scott chega ao ponto em 17 de janeiro e encontra a
bandeira norueguesa. No caminho de volta, os cinco expedicionários morrem de fome e exaustão.[20]
Após a conquista do polo, restava ainda a façanha de atravessar o
continente de costa a costa. Shackleton assumiu a tarefa na
Expedição Imperial Transantártica, em 1914, que não obteve sucesso
por uma série de dificuldades, a primeira delas foi os navios terem
ficado presos no gelo e afundado.[24]
Geografia
A maior parte do continente austral está localizada ao sul
do Círculo Polar Antártico e circundada pelo oceano
Antártico. É a massa de terra mais meridional e
compreende mais de 14 milhões de quilômetros quadrados,
tornando-se o quinto maior continente. Sua costa mede 17
968 quilômetros e é caracterizada por formações de gelo,[2]
como mostra a tabela:
A Antártida Ocidental é coberta pelo manto de gelo da Antártida Ocidental. Este chamou a atenção
recentemente por causa da possibilidade real de seu colapso: se derretesse, o nível do mar elevar-se-ia em
vários metros em um curto espaço de tempo geológico, talvez em questão de séculos.[28] Diversos fluxos de
gelo antártico, que correspondem a aproximadamente 10% da cobertura de gelo, correm para uma das
muitas plataformas.
A Antártida tem mais de 145 lagos que se encontram sob a superfície de gelo continental.[29] O lago Vostok,
descoberto abaixo da estação Vostok em 1996, é o maior deles. Acredita-se que o lago está selado pelo
manto de gelo há 30 milhões de anos.[30] Há também alguns rios no continente, o maior dos quais é o rio
Onyx, com trinta quilômetros de extensão, que desagua no lago Vanda a 75 metros de profundidade.[31]
Na Antártida Oriental encontram-se os montes Transantárticos (ou Cadeia Transantártica) que se estende por
4.800 quilômetros, desde a Terra de Vitória à Terra de Coats. Na Ocidental está a Península Antártica, ao sul
da qual se encontram os montes Ellsworth e o maciço Vinson, ponto mais elevado do continente com 5140
metros. Localizadas entre suas cordilheiras, há sete geleiras na Antártida, das quais a maior é a Geleira
Byrd. Embora seja lar de muitos vulcões, apenas uma cratera na ilha Decepção e o monte Érebo expelem
lava atualmente, a primeira desde 1967. O monte Érebo, de 4023 metros de altitude e localizado na Ilha de
Ross, é o vulcão ativo mais meridional do mundo. Pequenas erupções são comuns e fluxos de lava foram
observados em anos recentes.[25]
Clima
A Antártida é o continente mais frio e seco da Terra, um grande deserto. A precipitação média anual fica
entre 30 e 70 mm.[19] Devido à influência das correntes marítimas, as zonas costeiras apresentam
temperaturas mais amenas, com uma média anual de -10 °C (atingindo valores entre 10 °C no verão e
-40 °C no inverno). Por outro lado, no interior do continente, a média anual é -30 °C, com temperaturas
variando entre -30 °C no verão até abaixo de -80 °C no inverno. A menor temperatura do mundo, -93,2 °C,
foi registrada entre Dome Argurs e Dome Fuji no dia 10 de agosto de 2010.[32]
No entanto, o local mais frio da superfície terrestre, estima-se que
seja a Cordilheira A (ou Ridge A), que fica localizada nas seguintes
coordenadas: 81° 30′ S, 73° 30′ L.[33][34]
O gelo azul cobrindo o Lago Fryxell, A Antártida Oriental é mais fria que a Ocidental por ser mais
nos Montes Transantárticos, origina- elevada. As massas de ar raramente penetram muito no continente,
se do derretimento de geleiras. deixando seu interior frio e seco. O gelo no interior do continente
dura muito tempo, apesar da falta de precipitação para renová-lo. A
queda de neve não é rara no litoral, onde já se registrou a queda de
1,22 metro em 48 horas. Também é um continente com ventos fortes, registrando-se ventos com velocidades
superiores a 200 km/h na região costeira, sendo a média nestes locais de 100 km/h.[3] No interior, entretanto,
as velocidades são tipicamente moderadas.[35]
A Antártida é mais fria do que o Ártico por dois motivos: em primeiro lugar, grande parte do continente está
a mais de três quilômetros acima do nível do mar. Em segundo lugar, a área do polo Norte é coberta pelo
oceano Ártico e o relativo calor do oceano é transferido através do gelo, impedindo que as temperaturas nas
regiões árticas alcancem os extremos típicos da superfície da terra no sul.[36]
Alguns eventos climáticos são comuns na região. A aurora austral, conhecida como "luzes do sul", é um
brilho observado durante a noite perto do Pólo Sul. Outro acontecimento é o pó de diamante, neblina
composta de pequenos cristais de gelo. Forma-se geralmente sob céu limpo, por isso é referido como
precipitação de céu limpo. Falsos sóis, brilhos formados pela reflexão da luz solar em cristais de gelo,
conhecidos como parélio, são uma manifestação óptica atmosférica comum.[26]
Flora
Fauna
O krill é muito importante para a maior parte das teias alimentares, servindo
de alimento para lulas, baleias, focas, como a foca-leopardo, pinguins e
outras aves.[39] As aves mais comuns são os pinguins, os albatrozes e os
petréis. No entanto, somente 13 espécies fazem seus ninhos em terra firme,
geralmente no litoral, e partem para regiões mais quentes no inverno.
Enquanto todas as demais migram, duas espécies de pinguim permanecem e
migram para o interior: o pinguim-imperador, a maior espécie, e o pinguim-
de-adélia.[40] Por volta de abril, machos e fêmeas dos pinguins-imperador
migram cem quilômetros para o sul, as fêmeas voltam para o litoral para se
alimentar, só voltando em julho e os machos se agrupam para se
aquecerem.[41]
Em regiões com profundidade de cerca de 200 metros abaixo da camada de gelo e em plena escuridão,
acreditava-se que existiam apenas micróbios, mas, conforme anúncio feito pela NASA em 16 de março de
2010, também podem ser encontrados o crustáceo Lyssianasid amphipod e uma espécie de água-viva.[44]
Geologia
Há mais de 100 milhões de anos a Antártida fazia parte da Gondwana.[1] Ao longo do tempo, a Gondwana
dividiu-se e a Antártida como é conhecida hoje formou-se por volta de há 25 a 23 milhões de anos, ao se
separar da América do Sul e tornar-se totalmente circundada pelo oceano Antártico.[4]
Paleozoico
No período Cambriano, entre 540 e 250 milhões de anos atrás, o clima na Gondwana era ameno. A
Antártida Ocidental estava parcialmente no Hemisfério Norte, e durante este período grandes quantidades de
arenito, calcário e xisto foram depositados. A Antártida Oriental estava no Equador, onde invertebrados e
trilobitas floresciam no fundo dos mares tropicais. Por volta do início do período Devoniano (416 milhões
de anos) a Gondwana estava em latitudes mais ao sul e o clima era mais frio, embora sejam conhecidos
fósseis de plantas deste período. Areia e siltes assentaram-se no que são agora os montes Ellsworth, Horlick
e Pensacola. A glaciação começou no fim do período Devoniano (360 milhões de anos) movendo-se em
direção ao polo Sul e o clima esfriou, embora ainda houvesse flora. Durante o período Permiano,
pteridófitas que cresciam em pântanos dominavam a paisagem. Com o tempo estes pântanos transformaram-
se em depósitos de carvão nos montes Transantárticos. Um
aquecimento contínuo ao fim do Permiano tornou o clima quente e
seco na maior parte da Gondwana.[48]
Mesozoico
Divisão da Gondwana
A África separou-se da Antártida por volta de há 160 milhões de anos, seguida pelo subcontinente indiano
no início do Cretáceo (aproximadamente há 125 milhões de anos). Há 65 milhões de anos, a Antártica
(ainda conectada a Austrália) tinha um clima entre tropical e subtropical, somado a uma fauna de
marsupiais. Há 40 milhões de anos, continente australiano, então unido à atual ilha da Nova Guiné separou-
se da Antártida e o gelo começou a aparecer. Por volta de há 23 milhões de anos, o surgimento da passagem
de Drake entre a Antártida e a América do Sul resultou no aparecimento da Corrente Circumpolar
Antártica.[4] O gelo propagou-se, substituindo as florestas que cobriam o continente. O continente está
coberto de gelo desde 15 milhões de anos atrás.[51]
Geologia atual
Os estudos geológicos da Antártida foram dificultados por quase todo o continente ser coberto
permanentemente por uma grossa camada de gelo. Entretanto, novas técnicas como o sensoriamento remoto
começaram a revelar as estruturas por debaixo do gelo.[52]
Geologicamente, a Antártida Ocidental assemelha-se aos Andes.[48] A península Antártica foi formada pela
elevação e metamorfismo de sedimentos do leito do mar durante o final da era Mesozoica. Esta elevação de
sedimentos foi acompanhada de intrusões ígneas e vulcanismo. As rochas mais comuns na Antártida
Ocidental são o andesito e o riolito formadas durante o período Jurássico. Há evidências de vulcanismo,
mesmo depois da formação do manto de gelo, na Terra de Marie Byrd e na Ilha Alexandre I. A única área
atípica da Antártida Ocidental é a dos montes Ellsworth, a região
onde a estratigrafia é mais parecida com a da parte oriental do
continente.[53]
Demografia
Embora a Antártida não tenha residentes permanentes, alguns governos mantêm estações de pesquisa
permanentes por todo o continente. A população de cientistas no continente e nas ilhas subantárticas varia
de aproximadamente quatro mil no verão a mil no inverno. Muitas das estações de pesquisa mantêm pessoal
durante todo o ano.[2]
Os administradores e outros oficiais encarregues das estações O Polo Sul "cerimonial" localizado na
baleeiras muitas vezes viviam junto com suas famílias. Entre eles Estação Amundsen-Scott.
estava o fundador de Grytviken, o capitão Carl Anton Larsen, um
importante baleeiro norueguês e explorador que adotou a cidadania
britânica em 1910 junto com a família. No entanto, após o fim da caça às baleias na década de 1960, a
população reduziu-se drasticamente para menos de cem pessoas.[56]
A primeira criança nascida na região polar austral foi uma menina norueguesa, Solveig Gunbjørg Jacobsen,
na cidade de Grytviken em 8 de Outubro de 1913, e seu nascimento foi registrado pelo magistrado britânico
residente na ilha Geórgia do Sul. Era filha de Fridthjof Jacobsen, administrador assistente da estação
baleeira, e de Klara Olette Jacobsen. Jacobsen chegou à ilha em 1904 para tornar-se o administrador de
Grytviken, servindo de 1914 a 1921; dois de seus filhos nasceram na ilha.[56]
Emilio Marcos de Palma foi o primeiro a nascer no continente, na Base Esperanza em 1978. Seus pais
haviam sido enviados para lá pelo governo argentino juntamente com sete outras famílias, para determinar
se a vida em família era possível no continente. Em 1984, Juan Pablo Camacho nasceu na base de Presidente
Eduardo Frei Montalva, sendo o primeiro chileno nascido na Antártida. Diversas bases são agora lar de
famílias com crianças que vão à escolas em estações.[57] Em 2009, mais onze crianças nasceram na
Antárctica (ao sul do paralelo 60): oito em Base Esperanza[58] e mais três em Base Presidente Eduardo Frei
Montalva.[59]
Governo
Como único continente desaabitado, a Antártida não tem nenhum
governo e não pertence a nenhum país. Vários países reivindicam
áreas, mas estas reivindicações não são reconhecidas por outros. A
área entre 90°C e 150°C é a única parte da Antártida e da Terra não
reivindicada por nenhum país.[60]
O Tratado da Antártida proíbe quaisquer operações militares no continente e ilhas próximas, tais como o
estabelecimento de bases e de fortificações militares, a realização de manobras militares, ou o teste de
qualquer tipo de arma. Pessoal e equipamento militar são permitidos apenas para pesquisa científica ou para
outros propósitos pacíficos.[62] A única operação militar em larga escala documentada foi a Operación 90,
empreendida pelas forças armadas da Argentina[63] dez anos antes de estabelecido o Tratado.
Revindicações territóriais
Nenhuma das reivindicações antárticas é reconhecida pela comunidade internacional. Nos termos do Artigo
IV do Tratado da Antártida, que regula as atividades humanas ao sul do paralelo 60°S, nenhuma atividade
durante a vigência do Tratado pode ser considerada reconhecimento, reforço ou negação das reivindicações
territoriais.[8]
A Alemanha nazista também manteve uma reivindicação chamada Nova Suábia, entre 1939 e 1945. Ela
estava situada entre 20°E e 10°W, sobrepondo-se à reivindicação da Noruega.[4]
Hoje, 29 países possuem bases científicas na Antártida: África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália,
Brasil, Bélgica, Bulgária, Chile, República Popular da China, Coreia do Sul, Equador, Espanha, Estados
Unidos, Federação Russa, Finlândia, França, Índia, Itália, Japão, Nova Zelândia, Noruega, Peru, Polônia,
Reino Unido, República Checa, Romênia, Suécia, Ucrânia e Uruguai.[2]
Economia
Ainda que o carvão, os hidrocarbonetos, o minério de ferro, a platina, o cobre, o crômio, o níquel, ouro e
outros minerais tenham sido encontrados, eles existem em quantidades pequenas demais para a
exploração.[2] O Protocolo de Proteção Ambiental para o Tratado da Antártida (ou Protocolo de Madri) de
1991 também restringe disputas por recursos. Em 1998 estabeleceu-se um compromisso pela proibição da
mineração por 50 anos até o ano 2048, e decidiram-se desenvolvimento econômico e exploração mais
limitados.[54] A atividade primária básica é a captura e comércio de peixe. A pesca entre 2000 e 2001
chegou a 112 934 toneladas.[2]
O turismo em pequena escala existe desde 1957 e é atualmente
autorregulado pela Associação Internacional das Operadoras de
Turismo Antártico (IAATO, em inglês). Entretanto, nem todas as
embarcações uniram-se à IAATO.[64] Muitos navios transportam
pessoas para locais turísticos específicos. Um total de 27 950 turistas
visitou a Antártida no verão de 2004 a 2005,[65] quase todos vindos
de navios comerciais. Esse número deverá aumentar para 80 mil em
2010.
Navio expedicionário National
Houve algumas preocupações recentes sobre os efeitos ambientais
Geographic Explorer
causados pelo influxo de visitantes. Ambientalistas e cientistas
fizeram apelos por maiores restrições aos navios e ao turismo.[66]
Sobrevoos da Antártida (que não aterrissam) vindos da Austrália e Nova Zelândia eram realizados até o
acidente do voo 901 da Air New Zealand em 1979 no monte Érebo, tendo sido recomeçados da Austrália na
metade da década de 1990.[64]
Infraestrutura
Comunicação
Transportes
Os transportes na Antártida evoluíram desde os trenós puxados por cães na época de Shackleton (o uso de
cães foi banido pelo Protocolo de Madri, retirados definitivamente do continente em 1994)[6] aos veículos
motorizados atuais. Os meios de transporte em áreas remotas como a Antártida têm que lidar com as baixas
temperaturas e os fortes ventos para garantir a segurança dos passageiros. Devido à fragilidade do
ecossistema antártico, poucos deslocamentos podem ser feitos e a utilização de transportes sustentáveis é
necessária para minimizar os efeitos no espaço ecológico.[6] A infra-estrutura em água, solo e ar precisa ser
segura. Presentemente, milhares de turistas e cientistas utilizam o sistema de transportes da Antártida.[66]
Os aeroportos da Antártida estão sujeitos a severas limitações por causa das condições climáticas e
geográficas. Eles não atendem aos padrões da Organização da Aviação Civil Internacional e a aprovação das
organizações governamentais ou não-governamentais responsáveis é necessária antes do pouso.[2]
Pesquisas
Anualmente, cientistas de 29 nações conduzem experimentos de
reprodução impossível em outros lugares do mundo. No verão mais
de quatro mil cientistas operam estações de pesquisa e este número
diminui para quase mil no inverno.[2] A estação McMurdo é capaz
de abrigar mais de mil cientistas, visitantes e turistas. Entre os
cientistas, incluem-se biólogos, geólogos, oceanógrafos, físicos,
astrônomos, glaciólogos e meteorologistas.[70] Geólogos estudam
em geral o tectonismo das placas na região antártica, meteoritos do
espaço e vestígios do período da divisão da Gondwana; mais de
nove mil fragmentos de meteoritos já foram recolhidos na Antártida,
dentre eles um meteorito de 4 mil milhões de anos que, Localização das estações científicas
de 29 países espalhadas pelo
aparentemente, se desprendeu de Marte.[71]
continente
Glaciólogos ocupam-se com o estudo da história e da dinâmica do
gelo flutuante, da neve, das geleiras, e dos mantos de gelo.[72] Já os
biólogos, além de estudar os animais selvagens, estão interessados
em como as baixas temperaturas e a presença dos seres humanos
afetam a sobrevivência de uma grande variedade de espécies.
Médicos fizeram descobertas a respeito da propagação de viroses e
da resposta do corpo às temperaturas extremas. Astrofísicos da
Estação Pólo Sul Amundsen-Scott podem estudar o céu e a radiação
cósmica de fundo em micro-ondas por causa do buraco na camada
de ozônio e do ambiente seco. O gelo antártico serve como meio de Estação Pólo Sul Amundsen-Scott
proteção para o maior telescópio de detecção de neutrinos do com uma aurora austral ao fundo
mundo, construído dois quilômetros abaixo da estação Amundsen-
Scott.[73]
Desde a década de 1970 que um foco importante de estudos tem sido a camada de ozônio acima da
Antártida. Em 1985, três cientistas britânicos que trabalhavam com dados que haviam recolhido na Estação
Halley descobriram a existência de um buraco nessa camada. Em 1998, informações de satélites da NASA
mostraram que o buraco na camada de ozônio era o maior desde que foi notado, cobrindo 27 milhões de
quilômetros quadrados.[74]
Meteoritos
Os meteoritos que caem na Antártida são uma importante área de estudo do material formado no início do
sistema solar, acredita-se que a maioria são originários de asteroides, mas alguns podem ter se originado de
planetas maiores. Os primeiros meteoritos foram encontrados em 1912. Em 1969, uma expedição japonesa
descobriu nove meteoritos. A maioria desses meteoritos caíram sobre o manto de gelo nos últimos milhões
de anos.[75]
Em 2006, uma equipe de pesquisadores da Universidade do Estado de Ohio usou medições de gravidade por
satélites GRACE da NASA para descobrir os 480 km de largura da Cratera da Terra de Wilkes, que
provavelmente se formou há cerca de 250 milhões de anos.[76]
Erupção vulcânica
Em janeiro de 2008, cientistas da British Antarctic Survey (BAS), liderados por Hugh Corr e David
Vaughan, relataram (na revista Nature Geoscience) que há 2200 anos um vulcão entrou em erupção sob o
manto de gelo da Antártida (com base no levantamento aéreo com imagens de radar). A maior erupção na
Antártida nos últimos 10000 anos, as cinzas vulcânicas foram encontradas depositadas na superfície de gelo
sob as montanhas Hudson, perto do Glaciar de Pine Island.[77]
Problemas ambientais
Depleção do ozônio
A cada ano uma grande área de baixa concentração de ozônio ou
"buraco de ozônio" cresce sobre a Antártida. Este buraco abrange
todo o continente. Em 2008 houve o mais duradouro registro do
buraco, que se manteve até o final de dezembro.[78] O buraco foi
detectado por cientistas em 1985[79] e tendeu a aumentar ao longo
dos seguintes anos de observação. O buraco de ozônio é atribuído à
emissão de clorofluorcarbonetos, ou CFCs, para a atmosfera, que
decompõem a camada de ozônio em outros gases.[80]
Notas
1. Excluindo-se as Bassas da Índia, Ilhas Gloriosas, Ilha Tromelin, Ilha Europa e a Ilha de João
da Nova, que ficam em África.
Referências
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12. Real Academia Espanhola. «Diccionario panhispánico de dudas - Antártida» (http://lema.rae.e
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dicio=0&op=Definicao&Entrada=ant%E1rctico). Consultado em 25 de setembro de 2007[ligação
inativa]
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