MAHLE - Falhas-Em-Compressores-2018
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PREMATURAS
MANUAL DE FALHAS PREMATURAS
EM COMPRESSORES A/C AFTERMARKET
Janeiro/2018
Índice
1 – Objetivo.................................................................................................................... Página 2
1.1 – Funcionamento do A/C e seus componentes .......................................... Página 2
*TODOS OS DIREITOS RESERVADOS PARA A MAHLE METAL LEVE S.A. Proibida a comercialização e/ou reprodução total ou parcial desta obra, por qual-
quer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos e videográficos. Vedada a memorização
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digo Penal), com pena de prisão e multa, busca e apreensão e indenizações diversas (arts. 101 a 110 da Lei 9.610 de 19.02.1998, Lei dos Direitos Autoriais).
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1 – Objetivo
Fornecer informações e metodologia para diagnóstico das principais falhas prematuras em sistemas de
ar condicionado (A/C) automotivo, auxiliando o avaliador a realizar um reparo preciso, evitando a subs-
tituição desnecessária de componentes.
O objetivo principal do sistema de A/C é proporcionar conforto térmico aos passageiros, através de:
• Controle da temperatura.
• Controle da umidade.
• Redução dos poluentes.
Por outro lado, em locais mais quentes com umidade relativa baixa podem propiciar maior conforto tér-
mico devido a retirada de calor do corpo durante a evaporação da sudorese do mesmo. Além das car-
gas externas (temperatura ambiente, irradiação solar, calor do motor) o A/C deve retirar as próprias car-
gas que os passageiros dissipam para o ambiente. Por exemplo:
A) 1 Pessoa dirigindo no trânsito de cidade ~ 190 W.
B) 1 Pessoa dirigindo na estrada ~ 120W.
A refrigeração é possível graças às mudanças de estado do refrigerante, ora em estado líquido, ora ga-
soso, ora uma mistura dos dois estados. O refrigerante absorve calor ao mudar do estado líquido ao
gasoso, processo chamado de evaporação. De modo inverso, ao passar do estado gasoso ao líquido,
o refrigerante perde calor, processo chamado de condensação. Os refrigerantes são fluido de alto calor
latente, ou seja, utilizam grande energia para a mudança de estado.
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Abaixo descreveremos de forma resumida e sequencial o funcionamento do sistema de A/C:
1º Acionamento do botão A/C no painel de controle.
2º O sinal do acionamento do botão é enviado à ECM do veículo.
3º Através do sinal recebido pelo transdutor de pressão, localizado na tubulação do circuito, a ECM ve-
rifica a presença mínima necessária de refrigerante no sistema para o funcionamento do AC.
4º Havendo refrigerante na quantidade mínima necessária, a ECM aciona o relê do compressor.
5º O relê, por sua vez, aciona a embreagem magnética (E/M) do compressor.
6º A E/M acoplada permite o início do funcionamento do compressor, comprimindo o refrigerante atra-
vés do sistema de A/C.
7º O transdutor de pressão monitora a pressão do sistema continuamente, enviando sinais à ECM, que
aciona e desliga o eletroventilador conforme necessidade, por vezes, desligando o compressor em
casos de alta ou baixa pressão fora dos limites pré-determinados.
Evaporador Acumulador de
sucção secador
Reservatório
filtro secador
Compressor
Mangueiras de ar condicionado
Painel de
Duto de
controle
distribuição de ar
Difusor de ar
Diagrama de disposição dos componentes do sistema de A/C (esta disposição varia de veículo para veículo).
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1.1.2 – Mangueiras e dutos de gás refrigerante
Normalmente os componentes são interligados com tubos de alumínio e mangueiras de borracha. As
partes solidárias que não requerem liberdade de movimento, normalmente são totalmente em alumínio.
Porém, quando necessitam de um certo grau de liberdade, devido as movimentações, como: bloco do
motor (suspensos em coxins), “front end” com os trocadores normalmente presos por coxins etc, são
requeridas mangueiras. Além dos requisitos de vibração e ruído, elas devem prover velocidades míni-
mas suficientes de condução do gás, para que o óleo seja arrastado e retorne ao compressor. Por outro
lado elas não podem proporcionar velocidades muito altas ao gás, para não ocasionarem altas perdas
de pressão nas linhas, levando à redução de performance e aumento de consumo. Outros critérios são
considerados para o dimensionamento estrutural, como pressão etc.
DS
AE BF
AI
SDS
SPA
SM
SDI
AE Ar Externo
AI Ar Interno
SPA Motor de Passo DP
F Filtro de Cabine
E Evaporador
SM Válvula de Mistura
AQ Aquecedor
BF Difusores Frontais
DS Desembaçador
DP Assoalho
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1.1.4 – Evaporador
O evaporador é o responsável pelo resfriamento do ar, através do fluxo que passa por sua colmeia, con-
dicionado o compartimento do passageiro. Quando o ar resfria, perde calor (energia) para o gás refrige-
rante (mais frio que o ar) que passa por dentro do evaporador, evaporando o mesmo.
1.1.5 – Aquecedor
O aquecedor é o responsável pelo aquecimento do compartimento. Ele é posicionado após o evapora-
dor o que ajuda a reduzir a umidade relativa. Tornando o ar com maior potencial de absorção de umida-
de do compartimento. Utilizando-se este ar quente, através de válvulas (flaps) comandados pelo painel
de controle, faz-se a mistura com o ar que vem do evaporador permitindo o ajuste de temperatura do
ar na saída dos difusores.
O seu aquecimento é provido pelo sistema de arrefecimento do motor, através de uma derivação das
mangueiras de água do sistema de arrefecimento.
Em alguns modelos, existem válvula de fechamento da água que passa pelo aquecedor, para garantir a
máxima performance de ar condicionado nas condições de verão.
Eles têm diversas velocidades as quais são moduladas através de resistores (comandos mecânicos/ma-
nuais) ou PWM (comando eletrônicos ECC).
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1.1.8 – Condensador
O condensador é o responsável por rejeitar o calor absorvido no evaporador e energia absorvida no tra-
balho do compressor através da correia. Estes calores são transferidos para o ar (mais frio que o gás)
que passa pelas aletas aquecendo o ar e resfriando e condensando o gás. Existem opções de conden-
sadores com filtro secador integrado.
Receiver
Protective Cap closing
Header
Flanger
Filter
Fin Section
Backet
Partition wall (x8) Flat tube bottom
Flanger
Protective Cap
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1.1.9 – Ventilador de arrefecimento
Normalmente o ventilador de arrefecimento é montado no conjunto radiador/condensador. Ele é o res-
ponsável no auxílio de troca de calor nos trocadores através da ventilação forçada.
Os maiores impactos dos ventiladores são nas baixas velocidades, onde a contribuição do vento frontal
é muito pouca. Normalmente eles têm mais de uma velocidade, a quais podem ser ajustadas por resis-
tores ou por PWM´s.
Existem diversos tipos de aplicações: “dual puller” (ventiladores duplos traseiros), “single puller” (ven-
tilador único traseiro), “pusher-puller” (ventiladores duplos traseiro e frontral) e também diversos tipos
de montagens: frontal (pusher), traseira (puller) e central entre radiador e condensador (CMF – Center
Mounted Fan ).
Condenser
CAC (turbo)
Radiator
E-Fan
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1.1.10 – Compressor
O compressor pode ser chamado de “coração” do sistema. A função do compressor é a de comprimir
o refrigerante que foi succionado na forma gasosa a baixa pressão, liberando-o na forma gasosa a alta
pressão, além da função de circulação do gás através do sistema.
A elevação da pressão é fundamental para o processo de expansão e refrigeração e, para que possa
ocorrer a rejeição de calor no condensador.
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2 – Equipamentos para serviço em
sistema de A/C
Existem alguns equipamentos que são essenciais para o diagnóstico e manutenção do sistema de A/C,
são eles:
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3 – Procedimentos de substituição de
componentes do sistema de A/C
Segue abaixo tópicos sequenciais para a substituição ou manutenção correta dos componen-
tes do sistema e A/C:
1º Aguardar 30 minutos com o A/C desligado, para resfriamento dos componentes, e decantação do óleo.
2º Conectar a recicladora de R134a às tubulações da alta e baixa pressão.
3º Recuperar o refrigerante somente pela linha de baixa pressão, minimizando o arraste de óleo do sistema.
4º Desmontar a peça, e atenção para manter o sistema aberto o mínimo de tempo possível. Aconselha-
-se tapar as mangueiras durante a substituição, para também evitar perdas de óleo.
5º Realizar o procedimento de balanceamento de óleo (vide item 3.1), esse procedimento não deve ser
realizado em caso de travamento abrupto do compressor, pois o mesmo precisará ser substituído
e os compressores MAHLE já possuem a carga nominal de lubrificante recomendada para o siste-
ma de A/C. Nesse caso o óleo estará contaminado com limalhas (coloração escura), portanto se re-
comenda a realização da limpeza total do sistema (“flushing”) através da passagem do gás R141b.
Também se recomenda revisar o condensador, pois em casos onde a sua limpeza não é possível se
recomenda a sua substituição.
6º Após montagem do novo componente, realizar vácuo a 28 mmHg no sistema pelas linhas de alta e
baixa por 10 minutos. Aguardar e verificar se nos manômetros haverá acréscimo de pressão. Em caso
positivo, realizar verificação de vazamentos no sistema, e corrigir. Em caso negativo, realizar mais 30
minutos de vácuo, para garantir que o máximo de umidade no sistema seja removida.
7º Finalizado o período de vácuo, fazer a carga nominal no sistema somente pela linha de alta pressão,
evitando a entrada R134a na forma líquida na sucção do compressor (o que pode danificar os com-
ponentes internos por calço-hidráulico).
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3.1 – Procedimento de balanceamento
de óleo no sistema de A/C
3.1.1 – Compressor
1º Escoar o óleo lubrificante do compressor retirado do carro e do novo compressor a ser instalado no
veículo.
2º Medir a quantidade de óleo dos dois compressores.
3º Se a quantidade removida do compressor usado for menor que 30 ml, adicionar 60ml de volta ao
novo compressor a ser instalado no veículo.
4º Se a quantidade removida do compressor usado for maior de 30 ml, adicionar esta mesma quanti-
dade (do óleo novo) ao novo compressor a ser instalado no veículo.
3.1.2 – Evaporador
1º Na troca do evaporador, adicionar 40% da carga total (do sistema) de óleo PAG à peça nova.
3.1.3 – Condensador
1º Adicionar 15% da carga total do sistema.
Observação: Alguns veículos possuem o filtro secador montado junto ao condensador. Na troca do
conjunto completo, considerar também a quantidade do filtro secador.
Observação: O óleo PAG é altamente higroscópico, ou seja, absorve água com muita facilidade. Por
este motivo, o frasco de óleo deve ser mantido sempre fechado, e se possível, utilizá-lo até o fim ao
abrir uma embalagem.
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4 – Falhas prematuras do sistema de A/C
4.1 – Vazamento
Aspectos:
4.1.1 – Em alguns casos, dependendo do nível do vazamento, existe a fuga de óleo.
Tabela de temperatura
Temp. externa ao veículo (°C) 20 25 30 35
Temp. nos difusores (°C) valor médio 6-8 8 - 10 8 - 12 9 - 14
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4.1.5 - O compressor não entra em funcionamento.
Observação: Atenção para não realizar intervenções no sistema antes da detecção do ponto real de
vazamento, como soltar conexões, substituir vedações, verificar torque nos parafusos de fixação das
mangueiras ou compressor, pois isto poderá descaracterizar a falha e tornar o diagnóstico impreciso.
Causas:
4.1.1 ao 4.1.4 – Fuga do gás e/ou óleo através dos componentes: conexões, mangueiras, tubos, con-
densador, evaporador, compressor etc.
4.1.5 – Pode ser indício de falta de refrigerante no sistema, onde um dos dispositivos mencionados impede
o acionamento do compressor, evitando danos ao componente (ex: travamento por falta de lubrificação).
Correções:
4.1.1 ao 4.1.4 – Identificar o local de vazamento através da aplicação de spray de sabão (espuma) aos
pontos de conexão das mangueiras, incluindo a válvula de expansão térmica (TXV), e juntas de vedação
do compressor, observar a formação de bolhas e substituir o componente danificado.
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4.2 – Falha elétrica
Aspectos:
4.2.1 – Teste de medição da resistência da bobina de acionamento da embreagem do
compressor conforme tabela:
Observação: Utilizar sempre um multímetro para a medição da resistência da bobina, não se recomen-
da testes realizados com alimentação diretamente da bateria do veículo, pois esse procedimento pode-
ria causar a queima da bobina.
Causas:
4.2.1 – As possíveis causas são: bobina aberta, fusível térmico rompido e diodo em curto.
4.2.2 – Sistema de A/C sem a carga de gás conforme especificação, gás não recomendado
para o sistema e problema interno no compressor.
4.2.3 – Nesse caso a falha estaria relacionada a agentes externos ao sistema de A/C do
veículo.
Correções:
4.2.1 – Troca da bobina.
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4.3 – Falta de rendimento
Aspectos:
Teste de medição de pressões de entrada (sucção) e de saída (descarga), onde as pressões lidas esta-
riam com as seguintes leituras:
Causas:
4.3.1 – Infiltração de ar quente no interior da caixa evaporadora ou do veículo, infiltração
de água quente no interior do aquecedor e posterior passagem de ar quente para o
interior do veiculo ou congelamento do evaporador, bloqueando o fluxo de ar.
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4.3.4 – Situação normal com temperatura externa alta (t > 40 °C), excesso de refrigerante
no sistema ( 30 – 35% a mais), superaquecimento no condensador, presença de ar
externo no sistema de A/C ou obstrução no ramo de A.P após ponto de leitura A.P.
4.3.5 – Situação normal com temperatura externa baixa (t < 5 °C), baixa carga de refrigerante
no sistema (70 – 75% a menos), válvula de expansão travada fechada ou obstruída,
obstrução na linha de A.P. antes do ponto de leitura de A.P. ou compressor
danificado.
Correções:
4.3.1 – Revisar a caixa de ar para identificar possíveis entradas de ar quente no sistema.
Verificar possível congelamento do evaporador.
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4.4 – Ruído em excesso
Aspectos:
4.4.1 – Compressor Desligado:
• Polia e/ou embreagem danificada.
• Desgaste do rolamento da polia.
• Presença de material externo entre as superfícies da polia e do embreagem.
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Causas:
4.4.1 – Presença de batidas na polia, contaminação por sujeira no rolamento e sujeira entre
a polia e a embreagem.
Correções:
4.4.1 – Substituição da polia ou limpeza da sujeira entre polia e embreagem.
4.4.2.1 – Realizar cargas de gás e óleo dentro das especificações dos fabricantes.
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4.5 – Impactos
Aspectos:
• Quebra de componentes, como por exemplo: polia, embreagem, carcaça, válvulas etc.
• Marcas de impactos, como por exemplo amassados, riscos, embalagem do produto danificada etc.
Causas:
• Manuseio inadequado do produto.
• Quedas ou batidas sofridas durante a instalação ou transporte do produto.
Correções:
• Substituir a peça avariada por um componente original MAHLE.
• Evitar impacto do produto.
5 – Referência bibliográfica
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Anotações
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FALHAS
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