A Educação Patrimonial e o Ensino de Geografia
A Educação Patrimonial e o Ensino de Geografia
A Educação Patrimonial e o Ensino de Geografia
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
elaborada por
Cibele Pase Liberalesso
COMISSÃO EXAMINADORA:
________________________________________
Dr. Lauro César Figueiredo, Dr. (UFSM)
(Presidente/Orientador)
________________________________________
Saul Eduardo Seiguer Milder, Dr. (UFSM)
______________________________
Carmen Maria Andrade, Drª. (FAPAS)
AGRADECIMENTOS
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Geografia e Geociências da Universidade Federal
de Santa Maria.
ABSTRACT
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE ANEXOS
ANEXO A – Entrevista..............................................................................................141
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................10
3 RESULTADOS ................................................................................................. 94
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1
REFERÊNCIAL TEÓRICO
Entendemos que a educação pode existir de forma livre e pode ser uma das
formas que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como ideia, como
crença aquilo que é comunitário como trabalho ou como vida. Sendo assim, a
educação nada mais é do que um fragmento do modo de vida dos grupos sociais
que a criam e recriam conforme sua cultura. (BRANDÃO, 2007)
A partir da Educação é possível criar homens e, dentre esses homens,
saberes que os constituem e os legitimam. Assim, a educação não está atrelada
apenas ao trabalho da vida, mas às intenções, aos padrões de cultura e de relações
de poder, fazendo com que o homem evolua, torne-se cada vez mais humano.
Diante do que foi exposto é possível dizer que a educação não é propriedade de
apenas um indivíduo, mas que pertence à comunidade.
Conforme Delors (1999, p.48): “A educação deve, pois, procurar tornar o
indivíduo mais consciente de suas raízes, a fim de dispor de referências que lhe
permitam situar-se no mundo, e deve ensinar-lhe o respeito pelas outras culturas”. O
educador deve, neste sentido, partir do ensinamento do local onde o educando está
inserido, com vistas a valorizar e incentivar sua origem e sua história, para que o
aluno construa seu conhecimento a partir do meio em que vive.
Contudo, é importante distinguir educação de ensino. No que tange ao ato de
ensinar, Mello (2000) menciona que a palavra ensino remete a uma atividade
relacional para coexistir, comunicar, trabalhar com os outros, sendo necessário
enfrentar a diferença, os conflitos e os limites. Segundo Freire (1996, p.21) “[...]
ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção”. Diante do que Freire expõe, fica claro que o
conhecimento não precisa ser necessariamente apreendido pelos alunos nas suas
razões, sejam elas políticas, éticas, epistemológicas ou pedagógicas, mas também
serem constantemente vividos e testemunhados. Assim sendo, ensinar é provocar
situações, desencadear processos e utilizar mecanismos intelectuais, pois, hoje, a
realidade é outra, não se pode ter um professor em posição passiva, sendo
meramente transmissor de saberes. É necessário confrontar informações e
incentivar os alunos na reconstrução do conhecimento que, em sua condição de
sistematizado, dá-se justamente em espaços escolares. Leite (1999, p.99) destaca
que “a função da escola é permitir que o aluno tenha visões diferenciadas de mundo
e de vida, de trabalho e de produção, de novas interpretações de realidade, sem,
contudo, perder aquilo que lhe é próprio e identificador”
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Dessa maneira, podemos inferir que a educação nada mais é do que o ensino
agregado de valor, ou seja, a educação é constituída por um núcleo que é o ensino,
que compõe o conhecimento, e outro, que são os valores sociais. Sendo assim, a
partir do momento que se está educando, consequentemente, estar-se-á ensinando.
A educação pode ocorrer de forma livre ou imposta, pode servir como um
meio de controle sobre o saber, podendo ser usada para reforçar a desigualdade em
função dos menos favorecidos ou pode ser utilizada para preparar os indivíduos a
pensarem, refletirem e analisarem o mundo de forma crítica, reconhecendo as
diversidades impressas na sociedade, contribuindo, de certa maneira, para superar
as desigualdades sociais que ainda se fazem presente em nosso convívio. Assim,
entendemos que o ato de educar nada mais é do que um ato político que tem, como
objetivo, a formação de sujeitos que utilizam o conhecimento adquirido na escola
para enfrentar os desafios do mundo e da vida e para lutar pelos seus direitos.
De acordo com D‟Osvualdo (2008, p.11)
Pode-se afirmar que o termo educação engloba um universo que vai além
dos muros da escola, principalmente, no que diz respeito ao acesso aos
conhecimentos historicamente sistematizados pela sociedade. Percebe-se
que, com a globalização e com os avanços tecnológicos, a educação
enfrenta novos desafios: novas relações sociais, novas linguagens, novos
estilos e comportamentos sociais. Portanto, é também no âmbito escolar
que todas essas reflexões acontecem, exigindo do educador uma prática
educativa coerente com toda esta visão de amplitude que a educação traz
em suas discussões, sendo integrada em todo o contexto social.
Todas as ações por meio das quais os povos expressam suas formas
específicas de ser constituem a sua cultura, que vai ao longo do tempo
adquirindo formas e expressões diferentes. A cultura é um processo
eminentemente dinâmico, transmitido de geração em geração, que se
aprende com os ancestrais e se cria e se recria no cotidiano do presente, na
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Portanto, podemos inferir que cada grupo cultural organiza o seu espaço de
vivência de acordo com as suas crenças e ideologias, criando formas específicas de
expressão. Daí decorre a importância da preservação da cultura, da identidade
cultural e de suas formas de representações, constituindo preocupação dos dias
atuais e sendo alvo de estudos acadêmicos, possibilitando a compreensão sobre
como a humanidade desenvolveu-se e organizou-se socialmente.
Sendo assim, a sociedade em que o homem vive nada mais é do que parte
de sua cultura, e é, nela, com seus padrões, costumes, valores, bens próprios que o
homem desenvolve uma personalidade e assimila uma cultura. Esta não somente
abarca o homem, mas o penetra, modelando a sua identidade, a personalidade, a
maneira de ver, pensar e sentir o mundo. (POHL, 2005).
Contudo, pode-se afirmar que a cultura é um componente indispensável do
desenvolvimento de qualquer Nação, uma vez que é por meio dela que a sociedade
não só participa como contribui para a construção da memória coletiva. Não
devemos pensar a cultura como uma identificação de um grupo, mas nos
questionarmos de que formas essa cultura mantém-se identificadora de um grupo.
Uma das respostas é a preservação de seu patrimônio cultural, seja ele de ordem
material ou imaterial, estando ao alcance de seus indivíduos.
Nos últimos anos, o interesse pelos temas que abrangem o patrimônio cultural
tem se expandido significativamente e isso faz com que o patrimônio cultural venha
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percebida por uma coletividade como marca que identifica, que adquire um
sentido comum e compartilhado por toda uma comunidade.
Diante do que a autora explica, podemos inferir que o patrimônio cultural está
atrelado às diversas demonstrações materiais e imateriais elaboradas e
perpassadas ao longo de gerações, destacando formas de memória referentes à
cultura de um povo, assim testemunhando o passado e retratando o presente. Mas,
o patrimônio não se resume apenas ao que é herdado, mas também aquilo com que
um determinado grupo identifica-se, ou seja, é o valor que os seres humanos tanto
individualmente quanto coletivamente atribuem ao legado do passado que vai definir
o que será importante para ser lembrado (POHL, 2005).
“Pelo que já vimos até agora, o patrimônio cultural de uma sociedade, região
ou de uma nação é bastante diversificado, sofrendo permanentes alterações [...]”
(LEMOS, 2006, p.21). Sendo assim, um dos elementos fundamentais do patrimônio
é sua capacidade de representação simbólica de uma identidade social, sendo os
símbolos um veículo de transmissão cultural é em função deles que o indivíduo
mantém os vínculos com o passado (POHL, 2005).
Em âmbito educativo, cabe a esta pesquisa, desenvolver ações de proteção,
valorização e conhecimento do patrimônio cultural da cidade de Santa Maria faz-se
muito importante, podendo ser idealizado a partir de atividades que possam informar
e formar os alunos para que consigam identificar, observar, conhecer e resguardar
os patrimônios da cidade a fim de não deixar que a história da cidade se perca da
memória e com o tempo. Assim, o despertar pelo conhecimento e pela valorização
de tal patrimônio deve ser iniciado na escola, a partir do ensino, do diálogo e da
exploração de práticas cidadãs.
Entendemos que práticas preservacionistas voltadas ao patrimônio são
práticas sociais, uma vez que o patrimônio serve como referência social do passado
e do presente, possuindo significados, valor e constituindo identidades. Como uma
prática social, o patrimônio é adaptado pela sociedade, mantendo seu elo afetivo,
continuando a ser referência cultural, pois, se ele passar a não representar valor
algum, não pode ser considerado uma prática social e, sendo assim, não precisará
ser preservado.
Com relação a questões preservacionistas, Castriota (2009, p.65) esclarece
que “[...] as políticas de preservação trabalham com a dialética lembrar-esquecer:
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Foi nos Estados Unidos, contudo, que a geografia cultural ganhou plena
identidade, graças à obra de Carl Sauer e de seus discípulos,
primeiramente em Berkeley e, em breve, dispersos por várias universidades.
A denominada Escola de Berkeley (1925-1975) desempenhou papel
fundamental na geografia cultural [...].
Nessa perspectiva, Sauer destaca-se por inserir, nos estudos culturais, maior
preocupação ecológica, criticando as civilizações modernas pautadas na relação
distante com os elementos da natureza. O referido autor entende que os grupos
culturais relacionam-se entre si e, também, com o lugar no qual vivem, configurando
as diferentes paisagens da Terra. A cultura, para ele, impõe marcas nas paisagens,
que se perpetuam no decorrer do tempo, constituindo-se nos signos culturais de
determinado grupo social. (CAETANO, 2012).
Em 1922, Sauer tornou-se professor titular da Universidade da Califórnia em
Berkeley, onde contribui de forma significante para os estudos da Geografia Cultural,
tornando-se um grande representante das pesquisas inseridas nessa tendência da
ciência geográfica, fazendo parte dessa escola até o ano de 1957. A Geografia
Cultural, para Sauer (2007, p.25), é definida como:
paisagem rural e a cultura local pode ser evidenciada nas esferas tanto
local/particular, quanto racional/universal. Dois autores franceses destacam-se ao
desenvolver essa perspectiva de estudo, Roger Dion e Xavier de Planhol, assim
como outro importante autor para a abordagem cultural na França foi o historiador
Eric Dardel.
É valido observar que, após o período da Segunda Guerra Mundial, a
Geografia Cultural sofreu críticas e, devido a isso, poucas pesquisas de cunho
cultural foram desenvolvidas na Geografia. Dessa forma, o interesse pelo campo da
Geografia Cultural renovou-se na década de 1970, em face do surgimento de
diversas novas perspectivas. Podemos afirmar, pois, que, posteriormente, ao
período de renovação da Geografia Cultural, em 1970, essa tendência da Geografia
é resgatada com novas preocupações e novos olhares, sendo divulgada a partir de
periódicos como Geógraphie et cultures, de origem francesa, criado em 1992;
Ecumene, de origem inglesa, criado em 1994; e Espaço e Cultura, periódico
brasileiro criado em 1995. (CAETANO, 2012).
Em âmbito nacional, os estudos de Geografia Cultural ganharam espaço a
partir dos anos 90 e, logo, apresentaram expressividade pela heterogeneidade
cultural brasileira. Nesse contexto, segundo Caetano (2012), foram determinantes a
criação do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e Cultura da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (NEPEC), em 1993 e, posteriormente, a criação do
periódico Espaço e Cultura, em 1995. Os autores Roberto Lobato Côrrea e Zeny
Rosendahl são os responsáveis pelo referido Núcleo de Estudos e pelo periódico,
representando importante papel nos estudos culturais no Brasil.
Até o momento abordamos da Geografia Cultural, mas afinal o que a
paisagem tem a ver com ela? Primeiramente, é importante destacar que a paisagem
é um conceito chave da Geografia e pode ser compreendida tanto como uma prática
social, quanto como uma forma de representação espacial. De qualquer forma, é
significativo compreendê-la e tratá-la não apenas como um achado visual, apesar da
grande relevância que assume por sua visualidade, mas também deve ser entendida
e tratada como uma estrutura de significados que se produz em si mesma. Além de
ser um elemento para reflexão do espaço, deve ser considerado seu quadro cultural,
ou seja, as diversas simbologias ligadas ao universo das tradições e heranças
culturais que estão imbricadas nela.
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Muitas vezes, as pessoas e até nós mesmos ficamos perguntando por que e
para que precisamos ser ensinados e educados por meio da Educação Patrimonial.
Essas questões demandam uma discussão mais objetiva, principalmente no que se
refere ao aspecto da preservação de uma determinada cultura ou objeto cultural que
não pode e não deve ser alvo somente de uma preocupação sistemática de impedir
o seu esquecimento ou término, por exemplo. Para que seja possível resguardar
algo é preciso, inicialmente, conhecê-lo e, por isso, a busca por esse conhecimento
deve passar pelo processo educacional.
Dessa forma, educar e ensinar por meio da Educação Patrimonial torna-se
um caminho da valorização de diferentes culturas e de seus patrimônios. Isso tudo
porque, no momento em que valorizamos, também estamos preservando a cultura a
que pertencemos e os patrimônios que a definem e distinguem das outras, assim
como estamos valorizando a coletividade cultural para que não se perca, no tempo,
aspectos que podem ser relevantes para contar a história de um bairro, de uma
cidade e até mesmo para que características de uma cultura não sejam perdidas,
levando-as a extinguir-se da sociedade. A Educação Patrimonial, nesse aspecto,
pode ser uma importante ferramenta para o “ensinar”, e, quando mencionamos
ensinar, estamos nos referindo a todas as classes, idades e gêneros sem distinção,
pois é necessário que todas as pessoas envolvam-se no processo contínuo de
ensino, aprendizagem, preservação e valorização dos bens culturais.
A educação pode ocorrer em diversos espaços e condições, porém a escola é
(re) conhecida como a instituição adequada para a produção de conhecimentos
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fundamental que viesse a ser debatida e unificada nas escolas, em sala de aula,
enfim, garantindo aos alunos de nosso país o direito de ter acesso aos
conhecimentos indispensáveis para a construção da cidadania. Para tanto, os PCN‟s
têm o escopo de provocar o debate e a reflexão sobre a função da escola e para que
ensinar e aprender.
Muitos autores criticam o documento pelo fato de ser o único documento
oficial seguido ou quem sabe não seguido para a construção dos planos de ensino e
prática pedagógica dos educadores. Os críticos apontam que o documento mantém
a fragmentação do conhecimento. Indicam, além disso, que alguns termos e
conceitos expostos nos PCN‟s possuem algumas contradições, porém cabe ao
professor adaptar tais questões e decidir como levá-las e abordá-las com os alunos,
colaborando para unir o conhecimento ao invés de fragmentá-lo.
Assim, pode-se inferir que os PCN‟s têm como perspectiva apoiar os
professores em seu trabalho pedagógico, estabelecendo, de certa forma, um
referencial da qualidade para o sistema educacional. Esses documentos possibilitam
a participação social, evidenciando-se que não configuram um modelo curricular
homogêneo e impositivo, mas salientam as diferentes formas de vivência em vários
contextos garantindo, assim, as diversidades de cada lugar.
No que tange aos estudos geográficos, eles abarcam preocupações que são
apresentadas nos PCN‟s de Geografia para os terceiros e quartos ciclos do Ensino
Fundamental a partir de eixos temáticos, tendo como critério, para a seleção, a
importância social e a formação intelectual do aluno. Essa totalidade parte de uma
visão em que a Geografia é fundamentada no princípio de sua unidade, logo, os
fatos sociais não podem ser explicados isoladamente da natureza. (BRASIL, 1998).
Os eixos temáticos que norteiam o ensino de Geografia contemplam os
“temas transversais” (ética, pluralidade cultural, orientação sexual, meio ambiente,
saúde, trabalho e consumo) como forma de garantir que o aluno desenvolva uma
formação voltada para o seu espaço de vivência, compreendendo e elucidando
assuntos que são relevantes para a sociedade.
Os Temas Transversais ditados pelos PCN‟s são considerados questões
sociais significativas, atuais e urgentes de alcance nacional e até mesmo universal.
No documento de Geografia, foram incluídos esses novos temas na tentativa de um
tratamento didático considerando a sua complexidade e a sua dinâmica, dando-lhes
o mesmo valor das áreas convencionais. Podemos inferir que, com esses temas, o
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currículo passa a ter maior flexibilidade para o trabalho em sala de aula, uma vez
que tais temas podem ser priorizados e desenvolvidos conforme a realidade local,
regional, e outros temas podem vir a serem incluídos e trabalhados juntamente.
Por outro lado, cumpre ressaltar que muitas questões sociais relevantes
poderiam ser escolhidas como temas transversais para o trabalho em sala de aula,
uma vez que são orientados para a construção da cidadania e a democracia, são
questões importantes e que envolvem muitos aspectos e diferentes dimensões de
vida social. (BRASIL, 1997).
Alguns critérios para a escolha e definição desses temas foram instituídos.
Dentre eles, está a “Urgência Social”, que se preocupa com a escolha de questões
graves que se apresentam como obstáculos para a concretização da cidadania.
Outro critério foi a “Abrangência Nacional”, que buscou contemplar questões que
fossem pertinentes a todo o país, não excluindo a possibilidade e a necessidade de
as escolas acrescentarem outros temas relevantes à sua realidade. Foi elencado
também o item “A possibilidade de ensino e aprendizagem no ensino fundamental”,
em que foram escolhidos temas ao alcance da aprendizagem. Por último, “Favorecer
a compreensão da realidade e a participação social”, que tem por finalidade
desenvolver a capacidade nos alunos de posicionar-se diante das questões que
intervêm na vida coletiva, superar a indiferença e atuar de forma responsável. Dessa
forma, os temas propostos devem permitir uma vasta visão da realidade brasileira e
sua inserção no mundo e, além disso, desenvolver um trabalho educativo voltado
para a participação social dos alunos. (BRASIL, 1997).
Como nos outros PCN‟s, quanto à divisão de conteúdos por ciclos,
considerou-se que, nos Temas Transversais, a princípio, não há nada que justifique
uma sequência de conteúdos; ao contrário, eles podem ser abordados em qualquer
ciclo, modificando apenas o grau de profundidade e abrangência do que será
trabalhado, assim, o que servirá para diferenciar os conteúdos e dar-lhes sequência
será a particularidade de cada realidade, a capacidade cognitiva dos alunos e do
próprio tratamento didático dado aos conteúdos de cada área. (BRASIL, 1997).
Dentre os “temas transversais” apresentados anteriormente, um deles, que
possui grande relevância social e faz referência a essa pesquisa é a pluralidade
cultural que permite compreendermos o país “pluricultural” no qual vivemos,
admitindo o trabalho com cultura, patrimônio e memória.
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possível contribuir para que o aluno consiga estabelecer uma relação de forma
consciente com a realidade e compreendê-la criticamente em suas várias
dimensões. Para que os alunos sejam capazes de construir um conjunto de
conhecimento e de conceber os objetivos propostos pelos PCN‟s, é essencial que o
ensino seja de forma articulada, com uma proposta pedagógica que busque a
conscientização e a transformação desses alunos e da sociedade, para isso, é
preciso que os professores exerçam práticas educativas capazes de fornecer as
bases sólidas de pensamento.
A Geografia, como disciplina do currículo e como ciência, é um importante
instrumento de conscientização do aluno e das pessoas em geral acerca de sua
realidade espacial e de seu papel na sociedade. Para tanto, é primordial que os
professores de Geografia coloquem os alunos em contato com o conhecimento que
os levem a compreender a sua realidade como uma totalidade e, assim, detectando
contradições existentes nela.
Seguindo a análise do PCN‟s, são elencados, posteriormente aos objetivos,
os conteúdos de Geografia e os critérios para a seleção e organização, há uma
proposta de conteúdos como um conjunto de eixos temáticos que servem como
parâmetros norteadores, em que os professores poderão selecionar e organizar os
conteúdos de forma flexível e viável, de acordo com os próprios programas de
curso, ou de seus interesses e objetivos pedagógicos no ensino fundamental.
Logo, “o critério para seleção fundamenta-se na importância social e
formação intelectual do aluno”. (BRASIL, 1998, p.37). A organização ocorre através
de eixos temáticos que congregam temas e itens. Os eixos temáticos, que
organizam os conteúdos, devem também contemplar os temas transversais, não
significando, é claro, abrir mão das metodologias específicas da área, mas o fato
de introduzir os temas possibilita uma formação integrada do aluno com o seu dia-
a-dia, discutindo, compreendendo e explicando temas de relevância social.
(BRASIL,1998).
Podemos entender, dessa forma, que, ao contemplar os Temas Transversais
(ética, pluralidade cultural, trabalho e consumo, saúde, orientação sexual, meio
ambiente), houve uma preocupação com a interdisciplinaridade. Por conseguinte, é
importante frisar que os PCN‟s, ao adotarem esses temas transversais, fizeram-no
com vistas em questões que estivessem inseridas no cotidiano dos alunos,
tornando-os uma possibilidade de integrar conhecimento a partir da união das
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disciplinas do currículo ao tratarem desses temas, assim como uma forma dos
professores não limitarem os alunos apenas ao conhecimento de uma área
específica, provocando-lhes a capacidade para conhecer como cada disciplina
compreende e trabalha cada questão, valorizando cada área do conhecimento.
No que se refere aos conhecimentos de Geografia, temos que:
com a ação dos indivíduos, dos grupos sociais e, de forma geral, da sociedade na
construção do espaço. (BRASIL, 1998). Tais ações podem ser idealizadas a partir
da observação e da análise da relação entre o homem e o meio natural, tornando
possível ao aluno compreender as transformações que o meio natural, onde ele está
inserido, juntamente com toda a sociedade, sofre constantes mudanças em função
das atividades econômicas, hábitos culturais e até mesmo questões de ordem
política. No entanto, é conveniente que o professor, ao trabalhar a Geografia em
sala de aula, procure sempre valorizar o lugar de vida do aluno e a sua experiência.
Ao final do terceiro ciclo, os alunos devem ser capazes de:
“Há muito se diz que o Brasil é um país rico em diversidade étnica e cultural,
plural em sua identidade”. (BRASIL, 1997, p.15). A pluralidade cultural que existe no
território brasileiro é resultado de um longo processo histórico de interação entre
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material que tanto professores e alunos vão utilizar para o processo de ensino. Por
ser muito importante na escola brasileira, o livro didático necessita estar incluso nas
políticas educacionais, onde o poder público cumpre a sua parte na garantia da
educação de qualidade para todos, sendo, pela mesma razão, necessário que a
escolha e a utilização deles sejam fundamentadas na competência dos professores
que, juntamente com os alunos, farão do livro um instrumento de aprendizagem.
(LAJOLO, 1996).
No ensino, os livros didáticos são um dos principais recursos utilizados pelos
professores para a organização do conteúdo curricular e até mesmo para o exercício
da atividade docente. Dessa forma, os livros são uma ferramenta política e
ideológica, um veículo de disseminação de conhecimento e, ainda, material de
apoio, e fonte de pesquisa e informação para alunos e também professores.
Conforme Bittencourt (2004), o livro didático tem sido considerado um
instrumento essencial no processo de escolarização. No entanto, defini-lo torna-se
uma tarefa difícil tendo em vista as diferentes funções que lhe são atribuídas.
Segundo Wuo (2002, p.164).
didáticos. Ao final do século XIX, os livros eram produzidos para os professores com
o intuito de fornecer conteúdos que deveriam ser ensinados aos alunos e, ao mesmo
tempo, servir de instrumento para o professor aprender o método de ensino, já no
século XX, novas diretrizes e legislações de ensino, decorrentes das mudanças
sociais, políticas e econômicas, foram determinadas na estrutura e concepção dos
materiais didáticos.
Decorrentes dessa nova legislação e das orientações curriculares, algumas
mudanças na estrutura de ensino do nosso país como as mencionadas
anteriormente passaram a valorizar mais a formação para a cidadania, a preparação
para o mundo do trabalho e a formação de competências, habilidades e atitudes
com base nos valores éticos. Conforme Baganha (2010), mesmo com as ações
desenvolvidas pelo PNLD e as alterações feitas pelas editoras durante esses anos
de produção e avaliação dos livros didáticos, os professores passaram a dispor de
um recurso que ainda precisava avançar em questões conceituais, metodológicas e
estruturais. Algumas editoras tiveram a preocupação de incluir, em suas obras, dois
dos princípios destacados pelo PCN‟s, que são a interdisciplinaridade e a
contextualização.
Posterior a última maior reforma curricular brasileira, que ocorreu na década
de 1990, criou-se, na Geografia, uma intensa crítica por parte de alguns membros da
academia de que as mudanças exigidas não teriam acontecido satisfatoriamente aos
currículos e, especialmente, no caso dos livros didáticos, os quais reportariam
conteúdos e métodos de ensino tradicionais, influenciando diretamente nas práticas
docentes em sala de aula. Assim, há um discurso por parte da academia de que a
crise escolar no ensino de Geografia estaria assentada, na sua maioria, no tipo de
conhecimento geográfico transmitido pelos livros didáticos.
Neste caso, crê-se que os livros didáticos não sejam a peça-chave para a
crise escolar no ensino de Geografia, mas a forma com que os professores vêm
utilizando os mesmos. Os livros didáticos devem ser uma ferramenta para auxiliar o
professor em alguns conteúdos e não um guia que deve ser seguido do início ao fim,
como o único instrumento de pesquisa, os professores devem saber utilizá-los de
modo a selecionar conteúdos e criar um método de transmitir esses conteúdos ao
aluno.
Pode-se, porém, inferir que os livros didáticos abordam conteúdos que
revelam representações e valores predominantes num certo período de uma
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Por essas razões, o livro didático não pode conter informações incorretas de
maneira alguma, pois tais informações podem vir a induzir os alunos a, quem sabe,
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escolha, queira ou não, está diretamente ligada ao seu uso, ou seja, se a escola
adota como metodologia trabalhar com a questão dos temas transversais.
É de suma importância que a pluralidade cultural seja mencionada nos livros
didáticos, principalmente, do ensino fundamental, onde os alunos estão criando a
sua própria identidade, começando a ver e pensar o mundo de uma maneira
diferente, sensibilizando-se para questões sociais como, por exemplo, à as questões
culturais, patrimoniais, em que os livros podem servir como auxílio ao professor para
desenvolver o assunto em sala de aula, ou, quem sabe, numa extensão maior, em
forma de um projeto.
Não obstante, é importante frisar, mais uma vez, a importância do papel do
professor como mediador do conhecimento, assim sendo, ele deve estar sempre
atento às questões atuais e estas devem ser levadas em conta no processo de
ensino-aprendizagem, porém se deve lembrar a relevância de valorizar o
conhecimento prévio dos discentes de forma a torná-lo algo significativo.
Novamente, cumpre reportar-se à capacidade e à autonomia que os
professores devem ter, cabendo-lhes definir quais textos, quais atividades devem
ser selecionados nos livros didáticos para o estudo da pluralidade cultural e, se
assim não se fizer o suficiente, que ele busque outras fontes de pesquisa, uma vez
que o importante é não deixar nunca de trabalhar questões relevantes para a vida
social do aluno.aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
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CAPÍTULO 2
METODOLOGIA E PROCEDIENTOS
A realização das entrevistas está inserida no estudo de campo, uma vez que
fundamentalmente refere-se a analises e entrevistas junto à realidade estudada.
Essa etapa da pesquisa abarca a investigação direta com alguns professores da
rede pública de Santa Maria-RS.
As questões evocadas nas entrevistas, em especial, a pluralidade cultural,
são temas que envolvem a realidade social de cada um de nós e que devem ser
trabalhadas no processo educacional, para isso, a pretensão das entrevistas
realizadas foi conhecer a realidade das escolas selecionas quanto a esse trabalho.
Assim sendo, foi necessário identificar a realidade dos professores nas
escolas, se atuam e como o fazem perante a questão da pluralidade cultural e quais
as dificuldades que sentem para realizar esse trabalho. Essa análise mostrou-se
necessária, uma vez que é muito significativo compreender como acontece o
processo educacional, o interesse que os professores têm no desenvolvimento de
questões não apenas conteudistas, mas que possam contribuir para a vida social e
cidadã, ajudando os alunos a constituírem-se como pessoas.
No que concerne à entrevista, segundo Gil (1999, p.117), ela pode ser
definida como
Dessa forma, pode-se inferir que a entrevista adquire significado para obter
informações acerca do que as pessoas sabem, creem, esperam, sentem, pretendem
93
CAPÍTULO 3
RESULTADOS
[...] é um recurso importante na escola por ser útil tanto ao professor como
ao aluno. Pois, através dele o docente pode reforçar seus conhecimentos
sobre um assunto específico ou receber sugestões de como apresentá-lo
em sala de aula. Já para o aluno, é uma forma de ter de maneira mais
organizada e sistematizada um assunto que possibilite que ele revise em
sua casa e faça exercícios que reforcem este conhecimento.
O livro didático diferencia-se dos demais livros por vários motivos como é o
caso de sua coerência e seu público específico que, nesse caso, são os alunos e
professores de Geografia, ele ainda diferencia-se por sua forma de utilização
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livros, existem boxes que trazem curiosidades, sugerem filmes e livros, além disso,
em cada unidade, há uma seção chamada “Saiba mais”, assim como a seção
“Compreender um texto” que se acha no final de cada unidade, que traz textos e
perguntas sobre determinados assuntos que foram tratados na mesma unidade,
complementando-a. Essas obras possuem uma organização gráfica apreciável, pois
apresentam imagens coloridas e reais, assim como mapas atualizados e que
possibilitam uma boa leitura, além da organização das legendas, especificando as
informações com bastante dinamismo e, quanto aos exercícios, pode-se concluir
que eles fogem ao tradicional e acabam trazendo aos alunos algumas opções de
pesquisa, instigando-os a não se deterem apenas ao conhecimento transmitindo em
sala de aula, mas procurando outras fontes que podem vir a complementá-lo.
O primeiro livro analisado, que corresponde ao 6º ano, apresenta os seguintes
assuntos em cada unidade: I A geografia e compreensão do mundo; II O planeta
terra; III Os continentes as ilhas e os oceanos; IV Relevo e hidrografia; V Clima e
vegetação; VI O campo e a cidade; VII Extrativismo e agropecuária e unidade VIII
Indústria, comércio e prestação de serviços. Desse modo, pode-se observar que os
conteúdos são apresentados em uma ordem sequenciada, demonstrando uma
preocupação para que os alunos entendam a importância do estudo de Geografia,
tratando, inicialmente, os aspectos mais físicos e, depois, econômicos, porém, no
que se refere à questão cultural, essa não é muito evidenciada em todo o livro, tanto
em textos quanto em imagens.
São colocadas algumas questões na primeira unidade que fazem uma breve
contextualização de elementos e paisagens culturais e naturais não se estendendo
muito. Percebe-se que os temas, que dariam subsídios ao professor para trabalhar
a pluralidade cultural que está presente no espaço geográfico, no lugar e também na
paisagem, são tratados de uma forma bem superficial, o livro poderia ser mais
abrangente quando mencionou a questão dos elementos e das paisagens culturais,
trazendo imagens das mesmas, para melhor visualização do aluno, assim tornando
mais fácil a compreensão. Dessa forma, ao pretender trabalhar esse tema
transversal, o professor deverá buscar outros livros e outras fontes para aprimorar o
trabalho, tanto em textos quanto em imagens.
Tanto a questão cultural quanto patrimonial não foi observada nas outras
unidades do livro, quer seja em textos e muito menos em imagens. Por exemplo, na
unidade dois, em que é feita uma apresentação do planeta Terra, é possível fazer
97
várias abordagens que envolvem a questão cultural, como apontar que um vulcão
pode ser um patrimônio cultural quando ele possui um significado para determinado
grupo, dando exemplos e ilustrando com imagens e fotografias.
Na unidade quatro, que aborda o relevo e a hidrografia, em nenhum
momento, relacionou-se o relevo com os aspectos sociais e culturais. Há três
imagens que ilustram algumas formas de relevo brasileiro que podem ser
considerados patrimônios ambientais e culturais, porém isso não é esclarecido de tal
forma no livro.
A unidade seis que retrata o campo e a cidade traz um excelente assunto
para tratar da questão cultural, pois, nesses dois espaços, enfocam-se as paisagens
que foram produzidas e alteradas pelo homem e nelas estão imbricadas elementos
culturais, porém esses não são retratados pelo livro, nem por textos e tão pouco por
imagens, ocorrendo o mesmo na unidade sete.
Na última unidade, a única relação feita quanto aos aspectos culturais foi
evidenciada por uma imagem mostrando o trabalho de artesãs na África do Sul
(FIGURA 3) e um pequeno texto que trata sobre o artesanato como uma das formas
de transformação dos recursos naturais. Dessa forma, percebe-se que esse livro
não dá suporte para o professor trabalhar a questão cultural, de modo que, para
isso, ele poderá utilizar os poucos textos e imagens que aparecem para introduzir a
questão cultural e patrimonial incrementando-os com outras fontes ou atividades que
possam ser desenvolvidas.
98
Com relação ao livro do 7º, há conteúdos que envolvem nosso país em cada
uma das oito unidades, que são: I O território brasileiro; II A população brasileira; III
Industrialização e urbanização do Brasil; IV Região Norte; V Região Nordeste; VI
Região Sudeste; VII Região Sul e VIII Região Centro-Oeste.
Na primeira unidade, encontra-se a imagem de um patrimônio cultural do
estado de Pernambuco e também, na seção “Compreender um texto”, o livro traz um
texto que trata da diversidade cultural e linguística do Brasil. Mesmo o texto sendo
superficial, o professor pode tomá-lo como ponto inicial para trabalhar a diversidade
cultural brasileira, estreitando esse assunto para o local de vivência do aluno.
Na segunda unidade, encontram-se dois textos que retratam a população
indígena e os povos africanos como formadores da população brasileira, os seus
hábitos e manifestações culturais. Há também uma imagem ilustrando o cotidiano
indígena (FIGURA 4) e, na seção “Sabendo mais”, um texto sobre a capoeira e a
sua origem, destacando-a como um saber cultural. Assim, esta unidade traz a
questão da pluralidade cultural quando trata desses povos e dos imigrantes que
contribuem para a grande diversidade étnica de nosso país.
99
A unidade três não aborda as questões culturais tão pouco traz imagens, o
que é um ponto negativo para o livro, pois mesmo trabalhando a questão urbana, é
possível e muito enriquecedor trabalhar a pluralidade cultural e a diversidade, uma
vez que, nos centros urbanos, pode-se encontrar diferentes grupos sociais e
culturais.
As unidades 4, 5, 6, 7 e 8 trazem as regiões brasileiras (Norte, Nordeste,
Sudeste, Sul e Centro-Oeste) e o que se observou foi que apresentam mais imagens
e textos com relação às anteriores, como, na unidade quatro, é colocado, em um
breve texto, as “comunidades tradicionais” da região Norte e também dos indígenas,
mas nada remetendo à questão cultural.
Na unidade seguinte, encontra-se uma imagem do “Casario colonial”
(FIGURA5) no centro da cidade de Recife, mas remetendo apenas à questão
econômica da época.
100
imagens que podem ser consideradas patrimônios culturais, porém, mais uma vez
não é especificado pelo livro.
A partir do que foi observado nessa coleção, conclui-se que ela faz algumas
menções sobre diversidade cultural, cultura, patrimônio, trazendo alguns
comentários, textos e imagens ilustrativas no decorrer das coleções, além de alguns
exercícios, porém não muito detalhados, dessa forma, não auxiliando totalmente o
professor em muitas situações para que ele trabalhe a pluralidade cultural de forma
mais aprofundada e concreta.
Parte-se do pressuposto de que, ao elaborar um material didático, é preciso
que o(s) autor (es) volte(m) a sua atenção para os temas transversais trazidos pelos
PCN‟s, em especial, a pluralidade cultural na disciplina de Geografia, pois, segundo
Brasil (1998), esse tema compartilha muitas relações com os conteúdos dessa
disciplina, que pode ser a caracterização de diferentes segmentos culturais que
marcam a população brasileira, até os estudos sobre como as paisagens, lugares e
regiões brasileiras expressam essas diferenças, no entanto, é possível dizer que a
pluralidade cultural encontra-se praticamente contemplada em todos os eixos da
Geografia.
Assim, o professor, ao escolher o livro didático a ser usado em sala de aula,
deve ser bastante cauteloso, procurando, antes de mais nada, analisar o que o livro
aborda ou não, não só em questão de conteúdos, mas questões sociais,
principalmente no que se refere ao tema transversal “pluralidade cultural”, pois esse
tema está imbricado na vida e também no cotidiano do aluno, e é deixado de lado
em muitas instituições de ensino. Se o professor não tem conhecimento suficiente
para abordá-lo, seja por falta de conhecimento e material, ele deve buscar
informações em outras fontes, além dos livros didáticos, estudar, compreender para,
depois, transmitir seu conhecimento para seus alunos. É importante que o professor
esteja atento aos poucos cursos voltados a essa questão que são fornecidos pelas
instituições superiores.
Trabalhar a pluralidade cultural tendo como base o livro didático, talvez seja
mais difícil para o professor, pois como se percebe, nessa coleção, essa questão
não foi bem retratada, tornando-se mais difícil ainda se o professor tem o livro como
único material de pesquisa seguindo-o fielmente.
Ao contrário do que se pensa ou gostaria, isso ainda ocorre em algumas
instituições, muitos professores possuem uma ligação e uma dependência enorme
dos livros didáticos e isso acaba refletindo, inclusive, nos discentes, que se
107
acostumam com tal livro, que, quando é proposta uma aula ou atividade sem ele,
eles acabam não considerando uma nova maneira de aprendizagem.
Percebe-se que o livro didático é tão consagrado em nossa sociedade que virou
sinônimo de escola e professor, e isso não é um aspecto positivo, pois tal raciocínio
equivale a pensar que o professor depende dele para exercer a sua profissão. Para
mudar tal concepção, cabe aos professores mudarem as suas práticas e formas de
ensinar, é claro que, para isso, não precisa excluir totalmente o livro, mas se
reeducar quanto a forma de utilizá-lo.
Antes de qualquer livro didático, ao ensinar, o professor deve perceber a visão
que o aluno possui do mundo para fazer “ganchos” com a sua aprendizagem e,
dessa forma, mediar o conhecimento do aluno e o conhecimento científico, só que,
para isso, primeiramente, é preciso que o professor domine os assuntos a serem
mediados, para, então, ultrapassar as explicações do livro didático, desenvolvendo
procedimentos que permitam a mudança de valores e atitudes dos discentes.
1
Faz referência aos professores entrevistados
108
escola citada está localizada na Vila Rossato. Nessa escola, a entrevista realizada
foi com a única professora de Geografia que compõe o quadro docente da escola. A
terceira e quarta escolas citadas situam-se no centro da cidade de Santa Maria. Em
ambas, foram entrevistados três professores de geografia que atuam no ensino
fundamental.
No primeiro momento das entrevistas, julgou-se interessante destacar o perfil
das educadoras entrevistadas em que se verificam como fatores positivos: a
formação acadêmica, a especialização, o local onde residem e a idade. Quanto à
formação acadêmica, seis das nove professoras entrevistadas possuem
especialização, e uma delas cursou mestrado. Todas possuem idade entre quarenta
e cinquenta e sete anos, o que vem a ser um ponto positivo pela experiência de
trabalho, e todas residem na cidade de Santa Maria, o que pode ser um passo a
mais para o trabalho em sala de aula com a pluralidade cultural por conhecerem a
cidade já há um bom tempo.
Ao iniciar as entrevistas, percebeu-se que as professoras de geografia
possuem um entendimento do termo cultura, porém este é ainda um pouco
superficial, sendo expressado por elas como:
Os PCN‟s parecem que estão distante, não é uma validade. [...]. (P1).
Acho que desperta sim, se voltado para os alunos de forma mais lúdica, eu
nunca pensei em sugerir um projeto. (P3).
Eu acho que interessa sim a escola despertando a curiosidade. Ainda não
pensei em sugerir um projeto. (P4).
Acho que pode ser um interesse da escola sim. Já pensei em sugerir um
projeto, mas existe o problema da carga horária e a questão de dar aula em
mais de uma escola, a falta de tempo e espaço para conversar e planejar
com um colega o projeto. (P6).
Acredito que seria importante desenvolver na escola através de projetos
extracurriculares. Eu ainda não pensei em sugerir pois faz pouco tempo que
cheguei na escola, mas futuramente pretendo sim apresentar um projeto
para a escola. (P7).
Sim, acho que a escola possui interesse. Eu nunca pensei em sugerir. (P8).
Acho que a escola em si teria interesse, só que teria que envolver vários
professores e muitos não aceitam, pois são muito tradicionais e acaba
114
Fica claro, então, que o tempo, em muitas situações, não é apenas uma
justificativa, mas se torna também uma desculpa por parte de alguns educadores
que não pensam em trabalhar de forma diferente, de forma não conteudista e
acabam sempre na mesmice, não trazendo para seus alunos questões sociais
importantes e que os ajudam a tornarem-se pessoas críticas, conscientes e
conhecedoras do mundo em que estão inseridos, dessa forma, valorizando a sua
identidade, as suas raízes, a sua cultura.
Apesar de não ser uma preocupação constante dos professores trabalhar a
pluralidade cultural em sala de aula, pode-se observar que as escolas, nas quais
lecionam, desenvolvem atividades culturais como é possível constatar:
Nota-se que a maior parte das escolas, algumas um pouco mais, outras
menos, realizam atividades culturais, que, de alguma forma, retratam a cultura de
nosso país, porém, quanto à participação de pessoas ou grupos culturais de fora da
escola, percebe-se que a maioria delas abre espaço nesses eventos para a
comunidade, sendo um aspecto positivo, pois, assim como a escola mostra para a
115
Às vezes enfoco alguma coisa sobre essa questão, pois esse assunto não
vem no livro, por isso trabalho com o patrimônio quando trabalho o lugar.
(P4).
Não. Inclusive não se tem quase nada sobre a história de Santa Maria. Eu
utilizo revistas que assino, pois os livros não dão conta. (P1).
Eu considero muito pouco. Tem deficiência em livros, por isso eu levo os
alunos para o laboratório de informática. (P4).
Eles trabalham um pouco. Eu utilizo eles mais como apoio. (P5).
A partir do que foi colocado, nota-se que os livros auxiliam em parte, possuem
poucos textos, poucas imagens, o que foi evidenciado também na análise da
coleção Projeto Araribá, a qual os professores utilizam e isso é um aspecto negativo,
pois os livros deveriam conter informações que viessem auxiliar os professores no
trabalho com os bens patrimoniais. No entanto, deve ficar claro também que os
professores não podem deter-se no livro didático como um manual, dessa maneira,
se o professor não encontra o que precisa nele, deve partir para outras fontes de
pesquisa e informação.
117
Não, nunca participei, também nunca ouvi falar. Seria importante participar.
(P9).
O cinema poderia vir até a escola, teatro. Existem coisas, mas, não existem
condições financeiras. Deveria haver um programa para as escolas, deveria
haver transporte disponível. (P5).
Formação e capacitação de professores. A escola deveria ter uma parceria
com a secretaria de cultura da cidade. (P6).
Projeto com palestras, danças, teatros, visitas aos patrimônios culturais da
cidade, uma oficina de capacitação para os professores aprenderam mais.
(P7).
Eventos bem divulgados que professores e alunos possam participar,
mostras de filmes, visitas ao patrimônio da cidade e aos pontos turísticos,
uma cartilha para professores e alunos de forma didática. (P9).
pois a maioria deles ainda sente-se inseguro e despreparado, mas como quase não
lhes são ofertados cursos, é muito importante a busca por conhecimento e
aprendizagem por conta própria, a partir de pesquisas em fontes, além do livro
didático, já que este auxiliá-los, muito pouco conforme o que foi percebido nas
entrevistas e também na análise da coleção de livros didáticos.
Para dar início ao trabalho, é imprescindível que os professores promovam
aulas expositivas, destacando o que é cultura, memória, identidade, patrimônio
cultural (material e imaterial), evidenciando a pluralidade cultural, assim como outras
questões que são interligadas a essas, fazendo-o no limite de suas possibilidades,
destacando, então, a interdisciplinaridade escolar.
Sabe-se que o processo educativo é condicionado a inúmeros fatores, a ação
do professor, é sem dúvida, um dos mais importantes, por isso, ao planejar as aulas,
o professor pode e deve sempre incluir assuntos culturais e históricos, que se voltam
para o ambiente escolar, como tradições, crenças, rituais, artesanato,
comportamento, entre outros, pois embora esses assuntos não estejam
contemplados nos livros didáticos, eles são muito importantes para a constituição da
identidade cultural e cidadania.( GAZZÓLA, 2009)
Após as aulas expositivas mencionadas anteriormente, é interessante que o
professor utilize recursos audiovisuais, exibindo imagens, slides, vídeos e, inclusive,
filmes com o intuito de enriquecer o conhecimento do aluno e, dando sequência,
fomentar o interesse do mesmo com testes e jogos confeccionados pelo próprio
professor ou obtidos de outras fontes, caso seja-lhe possível. Tais jogos podem ser
de memória, quebra-cabeça criados a partir de cópias de fotografias antigas de
monumentos, edifícios, locais ou manifestações religiosas, artísticas, etc.,
envolvendo patrimônios da cidade a ser estudada ou até mesmos patrimônios que
envolvem a vivência do aluno.
É fundamental também que os professores atribuam notas aos alunos
conforme as atividades realizadas, instigando-lhes a dedicarem-se mais e melhor às
atividades propostas, contribuindo, desse modo, como formação extracurricular.
(FILHO, 2006). Para que haja um maior interesse e engajamento nos trabalhos
voltados para os bens patrimoniais, é importante que o educador parta sempre do
conhecimento prévio do aluno, das suas suposições e experiências.
Inicialmente, a partir do conceito de que a vida é o nosso primeiro patrimônio
e, com ela, adquirimos tudo o que somos, é importante realizar atividades de
121
vivas ou não, quando nasceram, como elas são, entre outras perguntas. Grunberg
recomenda que cada aluno procure dados diferentes e junte os resultados que,
depois, devem ser expostos a toda turma. Sugere também que os alunos realizem
entrevistas com pessoas que trabalham ou utilizam o bem, contando as suas
atividades, história e o funcionamento do mesmo e, por fim, que os resultados sejam
apresentados à comunidade, familiares e outras pessoas, seja através de uma
dramatização, um jornal, uma exposição de fotografias ou de desenhos, redação
entre outros.
Outra ação que pode ser realizada, porém que requer um trabalho novamente
fora da sala de aula, seria uma caminhada com os alunos, com o roteiro já definido
em que ruas, casas, monumentos, praças, pessoas feiras, parques, sítios,
paisagens poderão e deverão ser observadas. Esse tipo de atividade, assim como
nas anteriores que requeriam trabalho fora da sala de aula, dispõe um pouco mais
de dificuldade principalmente em escolas de cidades maiores, como é caso da
cidade de Santa Maria, pois, provavelmente, os professores precisarão de
autorização dos pais assim como transporte escolar para chegar em um
determinado local onde se dará início à caminhada, de tal forma que é fundamental
que seja atividade planejada com antecedência.
Nessa atividade, o professor deverá informar aos alunos que a caminhada
será realizada com olhos de detetive e que eles devem analisar a fundo tudo o que
se apresentará, deverão também registrar tudo o que tem de bom e ruim, esse
registro poderá ser feito por meio de lápis e papel, de câmera fotográfica ou ainda de
celular, pois o professor deve saber utilizar e valorizar as tecnologias que estão
presentes no cotidiano dos alunos. Algumas perguntas podem ser sugeridas aos
alunos para que o seu trabalho tenha um encaminhamento. Conforme Grunberg,
podem ser feitas perguntas do tipo: como é a paisagem e se há construções, se as
praças e as ruas estão bem cuidadas, se as pessoas que andam nas ruas são
simpáticas e amáveis, se as casas dão “dicas” sobre os moradores e se eles são
ricos ou pobres ou ainda se são jovens ou velhos, que tipo de atividades são
realizadas no local, quantas famílias moram, se os materiais de construção das
casas são antigos ou novos, quais são os edifícios que mais chamam a atenção e
porquê, identificar as casas que são novas ou as que tiveram algum tipo de
modificação e, ainda, se os edifícios estão cuidados ou abandonados. Os alunos
podem também perguntar aos moradores se conhecem histórias sobre esse lugar ou
124
para a valorização das diferentes culturas que se fazem presentes num mesmo
espaço, assim não deixando que se percam ou sejam esquecidas.
127
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nosso país é constituído por uma pluralidade cultural e por outros aspectos
identitários que, na maioria das vezes, não são reconhecidos como tal, dessa forma,
levando ao esquecimento aspectos culturais que são relevantes para a constituição
de determinados grupos da sociedade. Como medida para que a cultura, a
identidade, os patrimônios culturais não sejam desvalorizados, esquecidos, e até
mesmo depredados, a iniciativa deve ser dada na escola a partir da educação, pelos
professores, mesmo com todas as dificuldades como, por exemplo, as que foram
observadas nas entrevistas realizadas.
Uma dessas dificuldades que aparece no contexto escolar está atrelada à
falta de conhecimento e lacunas na formação dos professores com relação às
questões culturais e preservacionistas, evidentemente não se faz objetivo desse
trabalho culpá-los por não trabalharem ou fazerem-no muito superficialmente, pois
afinal eles não são os únicos responsáveis pela educação, havendo toda uma
complexidade que envolve o ensino.
Uma maneira de minimizar a carência que ocorre no processo de ensino no
que tange à pluralidade cultural pode ser viabilizada partindo dos municípios e
também do estado, oferecendo cursos de extensão, oficinas ou até mesmo
seminários que venham esclarecer e discutir a Educação Patrimonial.
Outra dificuldade encontrada é a falta de tempo apontada por alguns
professores, onde entra a questão: Como o professor vai definir o que é mais ou
menos importante para o aluno? Será que trabalhar a identidade cultural em sala de
aula, conhecer as raízes e preservá-las não é mais significativo para o aluno do que
o conteúdo estabelecido pela grade curricular? Apesar da grande carga horária dos
professores nas escolas, esta não pode tornar-se uma justificativa por parte deles,
porque o tema transversal pluralidade cultural é previsto pelos PCN‟s, e este, como
um documento, tem o seu valor e a representatividade para o ensino e, dessa forma,
o professor deve levá-lo para dentro da sala de aula.
Como perpetuador do conhecimento, o professor não deve trabalhar apenas
os conteúdos que são determinados pelas grades curriculares, ele deve ultrapassá-
los e por que não inserir a pluralidade cultural na grade curricular? O aluno precisa
128
Dessa forma, para o professor que tem o livro didático como uma muleta e
não consegue se desfazer dele em seu trabalho, torna-se difícil trabalhar outras
questões relevantes que não as desse instrumento de ensino, como vem ocorrendo
com a pluralidade cultural, que ainda é um tema transversal pouco explorado pelos
livros e consequentemente pelos professores, o que acabará repercutindo nos
alunos, que não terão a consciência preservacionista e de valorização quanto a sua
identidade e cultura.
Nota-se que a Educação Patrimonial configura-se ainda como uma proposta
pouco difundida nas instituições de ensino, porém é importante ser efetivada com a
inserção desse assunto nos currículos como tema transversal, visando um trabalho
interdisciplinar e integrador, mesmo sendo uma tarefa difícil, a partir do que foi
observado. Considerando a relevância da referida temática, esta é essencial para a
formação geográfica na educação básica tornando-se indispensável para a
construção do conhecimento, dessa forma verifica-se a necessidade de expandir
essa temática nas escolas a partir de um trabalho específico voltado à valorização
do patrimônio cultural em forma de projeto, pois há ainda muito a ser feito, para que
os educadores e educandos adquiram a conscientização da importância do tema
abordado para a compreensão da própria identidade e cultura assim como a
incorporação do discernimento de respeito e responsabilidade na valorização e
preservação do patrimônio.
É urgentemente necessário ampliar a aproximação de alunos e professores
com os bens patrimoniais fazendo relações para que eles possam interpretar
diferentes realidades culturais. O professor, diante do seu papel como educador
deve mostrar aos seus alunos que há muito mais que conteúdos a serem
transmitidos numa sala de aula, instigando a curiosidade do aluno fazendo com que
o mesmo traga suas contribuições e conhecimento para o ambiente escolar, assim
gerando um espaço de troca de informações, diálogo e contato com diferentes
realidades e culturas.
Percebe-se que a realidade da sala de aula é múltipla e no que se refere à
questão cultural é mais rica ainda, no entanto, na maioria das instituições de ensino
isso não é aproveitado no aprendizado, onde se parte de um conhecimento já
estipulado, ficando expressa a inexistência da interdisciplinaridade nas escolas,
como foi observado nas instituições que fizeram parte dessa pesquisa, constituindo
130
um ensino cada vez mais fragmentado que não se preocupa com as questões
culturais vigentes na sociedade que fazem parte da vida e do cotidiano dos alunos.
Seria interessante a construção de um currículo multicultural nas escolas, pois
só assim seria possível contribuir para a ascensão de atitudes de solidariedade e
reciprocidade entre as diversas culturas que compõem nosso país, assim também
desconstruindo preconceitos que infelizmente ainda existem, pois não se pode
esquecer que o despertar da consciência patrimonial inicia através da educação e
do reconhecimento dos valores locais.
No entanto, necessitamos primeiramente de uma mudança de mentalidade, e
para isso justificamos a importância da inserção da Educação Patrimonial na escola
sendo neste sentido o papel do educador, aqui especificadamente do professor de
Geografia, que se faz fundamental, propondo ações, projetos e temas que venham
contemplar as inúmeras realidades sociais, históricas e culturais que se fazem
presente na escola assim como em nossa sociedade.
131
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economía sostenible. Revista Ambienta: Desarrollo Sostenible, n 88, 2009. p.09-19.
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ANEXOS
ANEXO A – Entrevista
O trabalho com educação patrimonial que tanto tem auxiliado alunos e professores
na preservação da memória e do patrimônio cultural não desperta na escola
interesse em desenvolver esse tipo de atividade? Você já pensou em sugerir ou
apresentar um projeto na escola?
Atividades na área cultural são desenvolvidas na escola? Por quais meios? E ainda,
existe participação de pessoas ou grupos que representam a cultura local nas
atividades?
O livro didático que você utiliza em sala de aula o auxilia com conteúdo no trabalho
com o patrimônio cultural?
Em sua opinião, que ações poderiam ser desenvolvidas na escola ou fora dela que
envolvesse a Educação Patrimonial ajudando informar as pessoas sobre esse
assunto?
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