Monografia Design
Monografia Design
Monografia Design
1. Apresentação
2. Resumo
3. Introdução
4. Design: da prática à gestão
5. O mercado de informática
6. "Campo de batalha"
7. Empresário com design
8. Perfil do profissional do design
9. Pesquisa
10. Conclusões
11. Bibliografia
12. Anexos
APRESENTAÇÃO
Abstract
2. O MERCADO DE INFORMÁTICA
2.1 A HISTÓRIA
Na história da indústria gráfica em meados do século XV, o alemão
Johanes Gutemberg produziu um pequeno invento, que causou uma
revolução para a época: o tipo móvel, uma espécie de carimbo que
permite imprimir uma letra sobre o papel – até então, os livros eram
escritos a mão.
Desde este marco na história, este segmento já evoluiu muito. Apenas
para se mencionar outros marcos nesse processo tem-se: a máquina de
escrever, o computador (1946), PC (1981), fibra ótica, internet
(década de 90). O mundo passa por transformações aceleradas, num
processo constante e evolutivo, muito mais veloz do que no período
imediatamente posterior ao marco de Gutemberg.
O desenvolvimento tecnológico ocorre, em princípio a serviço de uma
vida melhor, onde as necessidades humanas são atendidas por
processadores devidamente ajustados para isso. Nesse contexto é
importante saber conviver bem com as máquinas sem se tornar um
escravo delas.
Assim como Gutemberg foi um importante marco para o processo de
impressão, a IBM em 1981 transformou os grandes computadores que
ocupavam salas e foram desenvolvidos inicialmente para cálculos
matemáticos em um Personal Computer, ou simplesmente PC. A princípio
os PCs ganharam espaço nas corporações, principalmente aquelas que
não tinham dinheiro e nem a necessidade do trabalho com uma grande
máquina; o próximo passo foi a entrada do equipamento nas
residências.
Outro salto foi a internet, que começou com a Guerra Fria, criada
pelo governo dos Estados Unidos. Nos anos 60, o departamento de
defesa americano criou uma rede de computadores com a finalidade de
pesquisar novas formas de comunicação. Seu objetivo era ter uma rede
que resistisse a ataques do inimigo, surgiu então a Arpanet, o
embrião da internet. Mesmo que uma base fosse totalmente destruída,
a rede de comunicação permaneceria. Com a evolução deste sistema em
21 de novembro de 1969 foi trocada a primeira mensagem eletrônica
pela Arpanet, entre a Universidade da Califórnia e o Instituto de
Pesquisas de Stanford.
Em meados dos anos 90, estimava-se em cerca de 50 milhões o total de
usuários de PCs, já conectados na internet em todo o mundo. A partir
de então o crescimento tem sido constante: em 1996 o crescimento
mensal chegou a superar a marca de 20%, com mais de 150 países
conectados. Se os números impressionam, o mercado apresenta ainda
hoje uma reação à globalização; a partir do desenvolvimento da
internet a concorrência deixa de ser local passando a ser global,
trazendo para cada indivíduo, a necessidade crescente de
especialização. Hoje o Brasil compete com o mundo.
2.2 SEGMENTAÇÃO
Como parte desse processo de globalização, o mercado de produtos e
subprodutos de informática, devido à grande velocidade de expansão,
está segmentado entre milhares de categorias (sofwares, hardwares,
prestação de serviços, redes e etc...). No caso de suprimentos de
informática, foco central desse estudo, o cenário atual no Brasil
ainda mostra expansão tecnológica. Tudo que é conectado a um
computador fica classificado como suprimento, mesmo que o produto
seja um acessório. Uma webcam, por exemplo, é um produto com
características próprias, e realmente é um acessório de informática,
mas para classificação no mercado de informática a webcam é
classificada na categoria de suprimentos de informática.
2.3 A DINÂMICA DO SEGMENTO DE INFORMÁTICA
O segmento de informática é uma "roda-viva". Para acompanhamento
deste setor as empresas se reinventam a cada dia, o mercado exige
velocidade e táticas cada vez mais ousadas, sempre tendo como base a
tecnologia e as "necessidades" do consumidor.
Segundo a revista "Gestão" da editora Leitura e Arte em sua edição
de Dez/2005, na matéria "Invasão de lançamentos", escrita por Maria
Lucia Capella Botana, a indústria de informática enfrenta o desafio
de ter um novo lançamento num espaço de tempo cada vez menor, mas o
varejo procura o gerenciamento destes lançamentos.
Faz-se necessária a atuação de um gestor neste processo para buscar
a real necessidade dos usuários e o que realmente é um diferencial
neste mercado.
Fundamentando mais uma vez o papel do gestor, a mesma matéria ainda
cita: "... o que se vê atualmente é a atuação da indústria
brasileira instintivamente no mercado com intuitos mais táticos do
que estratégicos..."
Segundo Chiavenato (1999) administrar constitui a maneira de
utilizar os diversos recursos organizacionais (humanos, materiais,
financeiros, de informação e tecnologia) para alcançar um objetivo.
Administrar, em outras palavras, significa saber orientar um grupo
de pessoas visando alcançar as metas pré-definidas para um
crescimento e constante desenvolvimento. A gestão do design se
mostra como um aliado na busca destes objetivos, e o segmento de
informática precisa ser acompanhado constantemente.
Outro segmento que está diretamente relacionado à informática é o de
imagem, que cada vez mais vem fazendo uso de meios eletrônicos para
sua expansão.
A revista "FHOX" em sua edição de abril de 2004 publicou uma matéria
com o tema: "Impressoras ampliam uso da fotografia". Esta matéria
apresentava os "medos" dos meios digitais que superam os
convencionais no segmento imagem. A matéria apresentava também um
equipamento com recursos digitais que imprime em mídias rígidas e
flexíveis de até 162 cm de largura e até 4 cm de espessura, com
secagem das imagens por meio de raios UV, o que garante a
durabilidade da imagem impressa, mesmo exposta a ambientes externos.
Estes entre outros exemplos devem ser analisados para a uma melhor
compreensão do cenário de mercado que se forma atualmente. A imagem
digital representa um impacto grande no mercado, pois as estruturas
comerciais do setor hoje (2006) ainda são voltadas para atenderem a
revelação de filmes, e o sistema convencional ainda resiste; com
esse desenvolvimento de impressão a tendência é que o "negócio" como
é estruturado hoje deixe de existir.
3. "CAMPO DE BATALHA"
Para estudo do design dentro do mercado de suprimentos de
informática é importante o conhecimento de como está este mercado e
como as empresas se relacionam com ele. Como referência, estudou-se
o mercado para empresas de pequeno e médio porte e também o mercado
de design no setor, visualizando o profissional de design como
funcionário de uma organização ou como prestador de serviços.
Para definição dos parâmetros numéricos se faz necessário o
entendimento do cenário do segmento de informática que se utiliza do
design, e para isso temos como referência a pesquisa "O estágio
atual da gestão do design na indústria brasileira", desenvolvido
pela CNI.
No gráfico são considerados somente suprimentos, não fazem parte
destes números: Materiais elétricos de instalação e componentes
eletrônicos.
Para lançamento de novos produtos, tanto o projeto gráfico como o
projeto de produto devem ser empregados de forma a alinhar o produto
ao mercado, atingindo o máximo potencial de comercialização, onde o
design é um forte diferencial dentro deste segmento.
A cada dia é encontrado no mercado um novo modelo de mouse, com
diferentes atributos como: sensor ótico, ergonomia, embalagem no
formato blister (que apresenta melhor o produto, incentivando a
compra), tecnologia wireless (sem fio), com sensibilidade de pontos
a cada dia maior.
Para acompanhar esta velocidade do lançamento de novos produtos no
mercado, principalmente no segmento informática, que é atualizado a
cada 03 meses, atualmente, o papel de um gestor do design se torna
fundamental no posicionamento de uma marca. No caso de um gestor que
seja funcionário (interno) o nível de exigência é ainda maior,
incluindo a necessidade de alinhamento da comunicação e do
posicionamento da empresa conforme os objetivos pretendidos.
Uma nova linha de web cam, por exemplo, contribui com o mix de
produtos e eleva vendas de uma empresa se oferecer um diferencial no
produto. Por outro lado pode simplesmente determinar o fracasso do
lançamento da linha se entrar no mercado para competir por preço.
Este mercado já tem o domínio de algumas marcas, e tem sido
trabalhado de maneira eficiente; por este motivo o diferencial é o
marco para desenvolvimento da linha.
Conclusão do pesquisador:
O design deve ser uma célula viva e ativa dentro da empresa, para
que os resultados sejam visíveis.
5. PERFIL DO PROFISSIONAL DO DESIGN
Outro "personagem" tem seu papel que deve ser definido. Para isso
foi necessária uma pesquisa, localizando-o, verificando como ele se
posiciona no seu mercado, como está atuando, e até mesmo qual a
definição aplicada a sua profissão.
6. PESQUISA
Complementando as informações obtidas pelas pesquisas de terceiros
apresentadas, jugou-se oportuno, nesta monografia, realizar uma nova
pesquisa, o objetivo das pesquisas realizadas foi formar uma imagem
da situação atual do design em ralação ao mercado de trabalho,
trazendo a visão do empresário brasileiro sobre a profissão com
resultados para avaliação qualitativa.
Foram elaborados dois questionários (em anexo) e enviados a 15
profissionais relacionados com o design e o segmento de informática.
Um questionário voltado para o designer responder, o outro com
questões dirigidas ao empresário.
Retornaram respondidos 8 questionários.
Como o interesse da pesquisa foi coletar dados qualitativos, a pré-
seleção para definição do perfil dos entrevistados utilizou como
critério a relação de atuantes no mercado de trabalho com
relacionamento direto com o design e com o empresariado; na grande
maioria empresários que são designers ou possuem profundo
conhecimento do design/comunicação. Este perfil foi definido para
que a imagem do mercado fosse apresentada de forma atual e focada.
Todos os entrevistados foram informados pelo pesquisador dos
objetivos da pesquisa e das restrições de uso das informações para
única e exclusivamente fins acadêmicos. Todos os questionários
respondidos na íntegra encontram-se em anexo (pág 51).
6.1 OS ENTREVISTADOS:
- Renato Jung – RS. – Responsável por uma representação comercial de
produtos de informática, uso estratégico de campanhas de mídias para
divulgação dos produtos por ele representados;
- André Franco – SP. – Sócio-diretor da agência GIZ PROPAGANDA, uso
diário das ferramentas de design em campanhas para seus clientes.
Reconhecimento do design como estratégico;
- Alexandre Suguimoto – SP. – Empresário responsável pela agência
ZAW COMUNICAÇÃO & DESIGN, Agência especializada na gestão do design;
- Fábio Mestriner – SP. – Sócio-diretor da agência PACKING DESIGN E
INTELIGÊNCIA DE EMBALAGEM, autor dos livros "Design de embalagem –
Curso Básico" e "Design de embalagem – Curso Avançado" , então
presidente da ABRE (Associação Brasileira de Embalagens);
- Eduardo Len – SP. – Empresário responsável pela agência LEN
DESIGN, com sólido posicionamento no mercado;
- Phillippe Robert Seligmann – SP. – Sócio da empresa SELY DISPLAYS
E PROJETOS. Uso do design em projetos, tendo como base a gestão do
design na estrutura da empresa;
- Danilo Batista – SP – Estagiário em design de uma empresa de
suprimentos de informática.
Segundo os resultados da pesquisa, o mercado tem se mostrado
bastante promissor, embora ainda não suficientemente desenvolvido.
Mas isso é um sinal de que ainda há muito espaço para
desenvolvimento. Para o amadurecimento ainda faltam profissionalismo
e organização.
O empresariado ainda não tem clareza da necessidade do profissional
e ainda existe a confusão entre design, marketing e comunicação.
Hoje as agências de design contam principalmente com o "boca-a-
boca", ou seja, um cliente fica satisfeito com os serviços prestados
e indica a novos clientes – "...Infelizmente não é a mesma dinâmica
de vender um produto pronto." (Eduardo Len – Len design)
O profissional do design tem se relacionado bem com o empresariado,
mas pela falta de conhecimentos mais aprofundados sobre design dos
empresários, e pelo posicionamento, ainda não formatado
completamente, pelos designers ainda prevalece o "gosto-não gosto",
sendo que a solução nem sempre é exatamente o que o dono da empresa
quer, e sim o que ele precisa. Um forte complicador é a questão dos
projetos gráficos dependerem muito de análises subjetivas, e muitos
empresários engenheiros, administradores seguem o raciocínio lógico.
O papel do design é apresentar reduções de custos, manifestar a
personalidade da empresa e propor diferenciais dentro da
concorrência. Com isso a gestão do design está vindo para
"organizar" a estratégia e para que isso aconteça, faz o
encadeamento de planejamento, projeto e programação. "...na nossa
realidade brasileira, gerir o design significa torná-lo possível"
(Alexandre Suguimoto – ZAW COMUNICAÇÃO).
O design vem se posicionando cada vez mais com o conceito
estratégico, e o mercado já descobriu que as propostas do design
ajudam a vender mais. Mas é necessário mais do que isso, faltam
ainda profissionais mais preparados para a diversificada demanda.
Buscar as estruturas das empresas para reconhecimento como um
departamento já é uma estratégia.
Por outro lado, o empresário brasileiro está deixando de visualizar
o design como uma solução gráfica ou estética e está passando a
entendê-lo como "resolução de problemas". O ideal seria uma visão do
empresário sobre o design como "uma solução integrada" – "...Agora
existe o mau design e o bom design, que dá para reconhecer no iPod,
é o hotel Unique, é uma mesa de Izamu Noguchi. Você pode até não
gostar, mas não passa impunimente por eles" (André Franco – GIZ
PROPAGANDA).
O empresário identifica o profissional do design, mas ainda não
reconhece a gestão, busca soluções operacionais, ficando assim o
trabalho de gerir para uma liderança de marketing, ou ainda para o
próprio empresário, que na maioria das vezes aplica a visão
administrativa não considerando o suporte estratégico que o design
pode oferecer. Com esta visão a busca por profissionais recém-
formados é o grande foco das empresas, onde na realidade, os
empresários buscam executores para suas idéias, ao invés de
idealizadores. Neste ponto a qualificação da categoria já começa sem
perspectiva de desenvolvimento. Quando o mercado apresenta barreiras
cabe ao profissional quebrá-las, mas muitos diante delas, ficam sem
direção ou acabam limitando seu trabalho a esta execução.
Por outro lado temos o profissional que sai da faculdade com a
perfeita convicção de que design é trabalhar com criação, ou
produzir lay-outs. Encontra um mercado aberto para este tipo de
necessidade, com a mesma expectativa, e assim, o crescimento, a
organização, o profissionalismo ficam estagnados, ou são trabalhados
por uma massa interessada em desenvolver contra uma outra que aceita
e procura cada vez mais ser apenas executora. A categoria já está
dividida.
Este posicionamento, unido ao fato da definição frouxa da categoria,
( O que é design? Tudo hoje é design), dificulta o profissional na
defesa de sua situação e faz com que ele venda um trabalho
diversificado e subjetivo, para a compreensão do empresário. Até
saber o que está comprando exatamente, somente com uma boa noção do
que venha a ser design e de sua aplicação para comprá-lo com
tranqüilidade.
Complementando a pesquisa de campo e com o objetivo de buscar uma
convergência das informações apresentadas foi procurada, pelo
pesquisador, a ADG (Associação dos Designers Gráficos) Brasil que
indicou:
Bruno Porto - RJ. "Designer graduado pela Faculdade da Cidade (RJ) e
pós-graduado em Gestão Empresarial/Marketing pela Universidade
Candido Mendes, tendo estudado também na School of Arts, em Nova
York.
Atua em diversas áreas do design gráfico e da ilustração, com
trabalhos publicados nas principais revistas brasileiras de design e
em livros da Print Magazine, Supon Books, Rockport Publisher, entre
outros.
É professor da UniverCidade – Centro Universitário da Cidade desde
1996 e membro da diretoria da ADG Brasil – Associação dos Designers
Gráficos para a gestão 2004/2006, tendo sido Coordenador RJ entre
2002/2004.
É autor do livro "Memórias Tipográficas das Laranjeiras, Flamengo,
Largo do Machado, Catete e adjacências" (2003, 2AB Editora) e
diversos artigos sobre design e ilustração, além de organizar e
participar ativamente de palestras, exposições e congressos de
design no Brasil e exterior." (transcrição do
site:www.brunoporto.com)
Entrevistador: A proposta é apresentar as dificuldades do
posicionamento dos profissionais e se isto é uma verdade. Em
pesquisa é notório que muitos autores comentam o assunto, mas sempre
muito superficialmente, mas praticamente em todas as bibliografias
pesquisadas existem comentários (André Villas Boas – Própria ADG –
Alexandre Wollner – Ana Luisa Escorel).
Bruno Porto: Realmente, academicamente não conheço um trabalho com
esta direção, o que acontece é a apresentação de fragmentos da
situação em diversas bibliografias e por diversos autores, teria que
ser montado o "quebra-cabeça"
Conclusões do pesquisador:
Esta é uma oportunidade para organização das informações e
fortalecimento da categoria design, uma vez que identificadas as
fraquezas estas podem ser corrigidas.
Entrevistador: Como está a relação do design com o empresariado
brasileiro? E vice-versa?
Bruno Porto: Existe um problema de comunicação muito grande dentro
da nossa realidade, mas devem ser consideradas as diferentes
realidades, por exemplo: há questões que incomodam o designer em São
Paulo diferentes das que incomodam no interior da Bahia.
Até um determinado ponto existem empresas que entendem o que é
design, como Nestlé e Ed. Abril que são fornecedoras de
produtos/serviços, tem estrutura para design, se envolvem com o meio
e fazem uso estratégico das ferramentas do design. Para o McDonalds,
por exemplo, não seria possível uma loja sem um cardápio bem
trabalhado, isso dentro da rede é compreendido e muito bem
resolvido.
Agora, para um empresário que possui uma padaria com uma pequena
estrutura, o design é um produto de luxo, e não alcança a visão. Ele
pode usar um micreiro, ou o sobrinho que sabe "mexer" no computador
e está resolvido. O que é design neste perfil?
De modo geral o design cria bem estar na sociedade, mas em
determinados casos não é essencial, como existem pessoas que quando
não se sentem bem vão ao médico, procuram até por um especialista,
mas também existem aqueles que conversam com o farmacêutico e
entendem que está bem assim.
Conclusões do pesquisador:
Dentro desse trabalho de pesquisa, esta questão confirma a
problemática da comunicação, e apresenta as diferenças regionais.
até então não consideradas.
Existe hoje um entendimento do que é design por um grupo que consome
design, precisa dele, e pode se utilizar (tem recursos), mas por
outro lado existe um grupo "ignorante" sobre o assunto , e para este
grupo o design é dispensável.
Entrevistador: Pela sua experiência no exterior: Quais as diferenças
em relação ao design fora do Brasil?
Bruno Porto: Em alguns locais dos EUA, Austrália, Europa, você tem
um mercado mais organizado, existe uma conscientização maior que
aqui, e também um design muito mais atuante em conseqüência disso.
Mas as questões sobre design e relacionamento cliente x sociedade
são levantadas no mundo todo, este assunto também é discutido lá
fora, como citei no exemplo de São Paulo e interior da Bahia, isso
vale para Brasil e exterior, outro exemplo: o segmento editorial no
eixo Rio/São Paulo é muito bom para o design, fora é muito mais
difícil, em alguns pontos do país creio que deve ser inexistente.
Conclusões do pesquisador:
A organização da categoria ajuda na atuação, a problemática em
relação ao design são percebidas em todo o mundo, são pontuais e
relativas a dificuldades locais, como acontece no Brasil também. Os
diferenciais são: a organização e conscientização.
Entrevistador: No Brasil, como está sendo visto o design pelos
empresários? Qual seria a visão ideal? E o futuro?
Bruno Porto: Esta questão começa nas universidades, o profissional
quando sai da faculdade está sem diretriz, e ainda existem
adversidades geográficas, políticas, sai com poucas noções do
verdadeiro papel do design dentro do mercado, e quem irá comprar o
design que ele oferece? Este é o cenário de início de carreira.
Com estes conflitos este profissional sai vendendo tudo, e é difícil
um profissional que faça tudo, o mais prático é o especialista, e é
este que sabe vender bem porque ele conhece bem o que está vendendo.
O recém-formado não sabe onde inserir o design (dentro dos clássicos
quatro P’s do Marketing), onde o design ganha muita força é no P de
PROMOÇÃO, apesar de estar cada vez mais se inserindo no P de
PRODUTO. Ainda falta a conscientização de onde vai atuar e quem
compra serviços de design.
Quando o empresariado vê o design como parte integrante responsável
pelo sucesso do empreendimento, o design é visto como necessário, já
para outras visões é comum o termo: "não cabe no orçamento". E não
cabe mesmo. Design custa caro porque requer experiência,
equipamento, estudo, tempo, livros, nota fiscal. Quebração de galho,
como a que um micreiro oferece não precisa de nada disso. E muitas
vezes é o que o cliente precisa, uma quebração de galho, uma
aspirina comprada na farmácia, não uma consulta num neurologista.
A questão em si pode ser analisada com o exemplo dos publicitários
que colocam o seu trabalho na rua, mostra a que veio, se faz ser
visto e tem sua área de atuação; quando voltamos para o design
encontramos já em primeiro plano uma banalização do termo design. O
designer projeta sites, marcas, estampas, cadeiras, folhetos,
outdoors, comunicação, fontes, PDV, fica a dúvida: FAZ TUDO. Essa
ânsia confunde.
Existe aí uma dificuldade no termo, falta uma definição correta para
assimilação do design, hoje com a velocidade de informações e a
internet o suporte já não é mais o papel, o gráfico, e encontramos
profissionais que vendem design gráfico mas fazem sites também, isso
atrapalha a visão do empresário. Em 2000, em Sydney, um congresso do
ICOGRADA definiu o uso do termo Design for Visual Communication para
substituir Graphic Design. Design (projeto) de Comunicação Visual.
Conclusões do pesquisador:
A universidade prepara o profissional para atuação operacional,
dificultando a visão estratégica, o recém-formado tem interesse em
atuar em qualquer campo relacionado a design, sendo assim, não se
posiciona por ainda não estar preparado para isso.
Por outro lado o empresário busca um solucionador de problemas, o
executor de suas idéias, sendo assim o papel estratégico passa a ser
do contratante.
Agravando esta situação, existe a problemática da definição do
design
Entrevistador: Pelos meus estudos, e como você mesmo já colocou,
percebi que o profissional experiente se preocupa com o
posicionamento do design no mercado, mas o jovem que sai da
faculdade tem a "ilusão" de que o design é trabalhar com a criação
(desenho), ainda dentro do conceito forma função, e o empresário
busca um executor para suas idéias pré-concebidas. A necessidade que
o empresário busca é atendida, e as expectativas de trabalhar com
criação (catálogos, banners, folhetos) são atendidas ao recém-
formado.
Mas o design é muito mais que isso, é estratégico, e de formação de
opinião, é um trabalho que tem um ciclo completo, com uma visão
holística de processos. Daí entendo que temos a gestão do design.
O design no mercado está promissor e amadurecendo, neste estágio a
gestão do design é um embrião ainda.
Qual a sua opinião?
Bruno Porto: O campo do design está melhorando, e o publicitário
começou a deixar espaço para isso, a tecnologia gerou uma
movimentação. Há 20 anos o número de espaços para comunicação era
muito limitado: jornais, poucas revistas, basicamente. Hoje está
muito mais aberto, o público está segmentado na imensidão de ofertas
e de veículos disponíveis.
As grandes marcas estão buscando estratégias de oferecer benefícios
ao seu público, momentos com as marcas, sensações, como é o caso da
Vibe-Zone promovido pela Coca-Cola, ou um Skol Beats, o produto
promove emoções atingindo o país todo. A participação do design
nestas ações é ativa e referencial. O mundo mudou. Estamos diante de
soluções do futuro, a categoria precisa desta visão.
Quanto a gestão do design, concordo que ainda é um embrião, se for
avaliado hoje um profissional de administração, ele tem que ser mais
completo para ser competitivo, o mercado deles hoje também é outro,
mas o designer passa disso, o designer de hoje será um gestor e tem
que ser assim, isto significa a maturidade do mercado, e percebo que
já está acontecendo, aqui no Rio de Janeiro temos encontrado muito:
profissionais fazendo a gestão do design dentro das empresas, ainda
estão procurando espaço, mas a visão empresarial tem melhorado.
Conclusões do pesquisador:
A categoria precisa acompanhar as constantes transformações do meio
comunicação, encontrar os caminhos para o design e a partir do
design bem situado a gestão do design passa a ser uma conseqüência
deste posicionamento.
Entrevistador: Aproveitando, o que é a gestão do design? Na sua
opinião.
Bruno Porto: Experiência acadêmica, formação atuante em comunicação,
gestão da área de comunicação, estes pontos são importantes para a
construção de um gestor do design, o profissional responsável pela
organização do projeto com foco nas ações.
Dentro das instituições, hoje é muito positivo.
7. CONCLUSÕES
O gestor do design é o profissional capacitado a oferecer maior
competitividade à empresa dentro do seu mercado de atuação. Com uma
concorrência muito mais intensa, a abertura do mercado, a velocidade
da informação entre outros pontos da situação atual do mercado de
informática entre outros, uma competição saudável precisa de
estratégias diferenciadas. Novidades como estudos freqüentes de
embalagens, promoções que diferenciam um produto da concorrência,
valores agregados e uma imagem de qualidade no mercado passaram a
ser uma exigência do consumidor. Ouvir e atender seu público é fator
para que a empresa mantenha um posicionamento competitivo no
mercado.
A gestão do design acompanha este movimento, e ainda propõe melhoria
nos processos produtivos, gerando lucratividade.
O Sebrae vem se movimentando e posicionando a gestão do design como
uma das áreas prioritárias para micro e pequena empresas, indicando
o design como ferramenta de competitividade no mercado nacional.
O relacionamento do design com o empresariado brasileiro se
apresenta de maneira inconsistente, embora seu uso estratégico seja
comprovadamente eficaz, se bem aplicado, em pesquisa recente
realizada pelo Centro de Design Paraná aponta um conceito de "escada
do design", onde divide em níveis os posicionamentos das empresas,
da seguinte forma:
1. Nenhum uso do Design. Nas empresas que se encontram neste degrau,
outras disciplinas acumulam a função de introduzir funcionalidade ou
estética ao desenvolvimento dos produtos ou serviços. A relação tem
diversos
2. Design como estilo. Nessas empresas o design é introduzido em um
estágio já avançado do projeto, como num acabamento ou detalhe
gráfico.
3. Design como processo. Neste degrau o design é visto como método
de trabalho. É integrado nos estágios iniciais do processo,
combinando-se com a engenharia de produção, o marketing e outros
setores da empresa.
4. Design como estratégia. No degrau mais alto da escada, o design
está incorporado na formulação da estratégia comercial da empresa.
E, portanto, participa ativamente no fomento à inovação e no
desenvolvimento de serviços e produtos.
A relação dos empresários com a visão nesta escada é que define e
estabelece a relação com o design, uma vez o profissional
posicionado em um degrau e o empresário em outro indica um desgaste
por falta de alinhamento, uma vez a situação instalada a relação não
se recupera por responsabilidade direta e indiretamente relacionadas
a própria categoria design, a contribuição diante deste cenário são:
- O despreparo, ou a visão não holística dos profissionais recém-
formados;
- Mercado que absorve e tem necessidade do profissional, mas limita
sua atuação;
- Visão comercial muito influente sobre a linha de conceitos (básica
no meio design);
- Domínio do espaço do design por profissionais de marketing e
propaganda, já estabelecidos e bem posicionados;
- Aventureiros na área do design sem qualificação profissional que
prejudicam a imagem da profissão;
- Termo "design" que não se define para a própria categoria e
contribui confundindo o consumidor potencial para o design;
- Visão distorcida do empresariado com relação a categoria, sem
considerações no posicionamento como estratégico.
As grandes "batalhas" têm acontecido cada vez mais nos pontos de
vendas, onde a contribuição do design define os "vencedores".
Existem inúmeros cases em todos os seguimentos do mercado onde o
redesenho das embalagens alavancam vendas e reposicionam produtos,
ampliando o destaque no PDV (ponto de venda); o estudo de uma marca
e seu interesse (seus objetivos) definem a imagem que será
apresentada, fora do PDV, mas não de menor importância a internet
hoje é uma ferramenta que contribui com índices altos principalmente
dentro do segmento informática, o design fortalece a relação
usuário/máquina e facilita o uso, como conseqüência os empresários
atingem seus objetivos e o consumidor decide seu interesse, neste
processo o design é o eixo da relação.
Estes pontos entre os demais apresentados nesta monografia apontam
um mercado promissor, mas carente de comunicação. A gestão do
design, como função, começa a aparecer mesmo que ainda de forma
tímida, sendo uma perspectiva de futuro aos profissionais da área.
BIBLIOGRAFIA
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MARTINS, Zeca. Propaganda é isso aí!. São Paulo: Atlas, 1999.
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2003
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1997.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos Novos Tempos. Rio de
Janeiro: Campus,1999.
KOTLER, Philip. Administração de Marketing. São Paulo: Atlas, 1998.
ROBINETTE, Scott; BRAND, Claire. Marketing Emocional. São Paulo:
Makron Books, 2002.
ESCOREL, Ana Luisa. O Efeito Multiplicador do design. São
Paulo:Editora Senac, 2000.
AVALONE, Daniel Borchert. MONOGRAFIA: A dificuldade da aculturação
em relação ao design no mercado brasileiro. Florianópolis: Faculdade
Barddal de Artes Aplicadas, 2004.
ANEXOS
QUESTIONÁRIOS RESPONDIDOS
VISÃO DO PROFISSIONAL DE DESIGN COM RELAÇÃO AO MERCADO DE TRABALHO
As questões abaixo têm a finalidade de apresentar a visão do
PROFISSIONAL DE DESIGN com relação ao mercado de trabalho (clientes,
empresários, empresas) como está a relação de negócios.
Por favor, responda as questões segundo a sua opinião, o mais
completa possível e evitando definições técnicas. As informações
aqui apresentadas serão utilizadas única e exclusivamente com o
objetivo acadêmico para conclusão da monografia de pós-graduação
sobre gestão do design de Ophir Ribeiro de Sá Junior pelo Centro
Universitário Belas Artes de São Paulo.
- Como está o mercado de trabalho atualmente?
Tenho pouca experiência no mercado, mas o que eu posso dizer que ele
está em expansão. Muitas empresas estão começando a apostar no
design como ferramenta de crescimento.
- Quem são e onde estão as pessoas de contato que você tem para
prospecção de novos projetos?
Trabalho ligado diretamente á um profissional ligado a gestão de
design. Normalmente, os projetos estão relacionados a algum tipo de
problema. Como atuo dentro de uma empresa, os projetos são
destinados tanto para o público interno (diferentes departamentos)
tanto para o consumidor final (embalagens, entre outros).
- Como é a relação do profissional de design com os donos das
empresas? Como deveria ser?
Seria uma relação de trocas mútuas. O dono da empresa deve
disponibilizar todos os tipos de informações necessárias para o
designer desenvolver o projeto. O designer deve propor ao cliente
uma solução rentável e que traga benefícios para ele.
Infelizmente, isto ainda não vem sendo realizado pela maioria dos
donos da empresa, mas é algo muito importante.
- Como o design pode contribuir para o desenvolvimento de uma
empresa?
Com soluções inéditas e criativas. O design pode levantar uma marca,
melhorar a apresentação do produto e entre outras formas que podem
alavancar o crescimento da empresa.
- O que é gestão do design?
O gestor de design seria a pessoa que organiza e gerencia as
atividades de design em uma empresa. Ele que delega os projetos a
serem feitos e busca novos meios para a aplicação do design nas
ações feitas pela empresa, ajudando ainda a criar a cultura de que o
design pode e vai melhorar a imagem da empresa no mercado.
- Como vem se posicionando o design no mercado? Qual a sua visão de
futuro?
O design está aumentando cada vez mais sua parcela no mercado. Ele
está se posicionando como uma ferramenta importantíssima para as
empresas. Futuramente, o design estará nas estruturas das empresas,
convivendo com todas as áreas e progredindo junto com elas. A idéia
é que as empresas usem o design no futuro nos seus produtos, nas
suas ações como forma de melhorar a qualidade dos seus serviços.
Nome: Danilo Batista
Empresa que trabalha: Multilaser Industrial Ltda.
Cargo: Estagiário de design
Ramo de atividade da empresa: Suprimentos de informática
----- Original essage -----
From: Fabio Mestriner
To: Carlos Zardo
Sent: Tuesday, July 11, 2006 9:46 PM
Subject: Respostas Ophir
1.Design é uma disciplina do desenho que tem como base a
abordagem projetual, ou seja o desenho resulta de um "projeto"
que considera os parâmetros técnicos de sua aplicação e o
compromisso com o os objetivos estabelecido para o projeto.
2- É o desenhista versado na metodologia de projeto que define
o design enquanto disciplina. Ele é o profissional capaz de
aplicar o método para responder as premissas estabelecidas para
um projeto de desenho.
3-O design é uma ferramenta estratégica de competitividade
necessária a maioria das empresas e no caso da nossa empresa
ele agrega valor e significado a tudo o que fazemos.
4- O design contribui na maneira como somos vistos pelos
clientes e pelo mercado e como forma de definir e acentuar a
personalidade da empresa.
5-A relação com os designers passa pelo pré-suposto que eles
são profissionais qualificados que podem contribuir muito desde
que sejam corretamente informados sobre as características e
objetivos de cada projeto.
6- A gestão do design é um conjunto de procedimentos
seqüenciais que visam organizar a de forma coerente as
atividades de design
7-A gestão do design contribui para fazer com que a empresa se
destaque por sua qualidade percebida e pela personalidade que o
design atribui a ela.
Autor
Ophir Ribeiro de Sá Junior
ophir.jr[arroba]ig.com.br
Monografia apresentada ao Centro Universitário de Belas Artes de São
Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de
especialista em Gestão do Design.
Orientadora: Professora Dra. Cyntia Malaguti
Centro Universitário
Belas Artes de São Paulo
São Paulo
Dez de 2006