Psico 01

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1.

Introdução

Embora seja uma ciência recente, a psicologia é constituída de uma história bastante extensa,
uma vez que a investigação de aspectos pertinentes ao homem, objecto de estudo desta
ciência, dá-se de longa data. Assim, ao considerar a psicologia como uma ciência
independente faz-se necessário, primeiramente, avaliar a história das práticas e dos
conhecimentos produzidos a partir da busca de compreensão do homem e de suas relações
entre si e com o ambiente que o cerca. Um ponto a ser considerado nesse resgate histórico é o
conhecimento filosófico, uma vez que não se pode compreender a psicologia, sem a análise
das indagações filosóficas sobre o homem e o mundo.

O desenvolvimento do pensamento filosófico, no que concerne ao entendimento do ser


humano, com contraposições entre os estudiosos, apontando maneiras diferentes de conceber
e descrever o universo da existência humana, deve ser considerado na análise da evolução da
psicologia enquanto ciência.

Keller ressalta a importância do olhar atento ao pensamento filosófico na compreensão da


evolução da ciência psicológica ao afirmar: Muito antes que a psicologia viesse a ser tratada
como ciência experimental havia homens interessados nestes assuntos que hoje seriam
chamados de psicológicos.

A influência destes homens sobre as gerações posteriores foi bem grande e não é demais que
se deva abordar a questão de definir a psicologia moderna pela menção de suas opiniões e
descobertas. (KELLER, 1974, p. 3) Os pensamentos acerca do que Keller chama de “assuntos
que hoje seriam chamados psicológicos” são encontrados na análise detalhada das discussões
tanto dos filósofos antigos, quanto dos contemporâneos.

1.1. Objectivos
1.2. Geral:
 Estudar a psicologia e a comunicação
1.3. Específicos:
 Conhecer as origens e objectos da psicologia e da comunicação
 Indicar as principais escolas e os percursores que contribuíram para a evolução
da psicologia
 Descrever os elementos da comunicação
Revisão bibliográfica

Filósofos Antigos

São considerados filósofos antigos, os pensadores desde o período pré-socrático, mas


trataremos nesse texto a partir do período socrático, uma vez que, conforme elucida Andery,
Micheleto e Sério: Sócrates, Platão e Aristóteles contrapunham-se aos pensadores jónicos
(povo helênico oriundo da antiga Jônia), porque traziam para o centro de suas preocupações o
homem, em lugar da natureza física dos jônicos, e porque viam este homem como capaz de
produzir conhecimento por possuir uma alma – absolutamente diferenciada do corpo, mas
essencial. (ANDERY, MICHELETO e SÉRIO, 1988, p. 63 e 64). Essa preocupação em
entender o homem é que faz com que tais pensadores sejam importantes para o
desenvolvimento de uma psicologia na Antiguidade.

Sócrates (469-399 a.C. aproximadamente) contribui para a psicologia ao voltar seu


interesse ao homem, mais especificamente ao que esse homem abriga: sua alma. Sócrates
propôs a distinção entre o conhecimento da natureza e o conhecimento do homem,
valorizando a razão. Para Sócrates, só por meio do pensamento é que se podia chegar ao
conhecimento de si próprio.

Platão (426-348 a.C. aproximadamente), discípulo de Sócrates, mantém a busca do mestre


pelo conhecimento verdadeiro, busca a essência das coisas, o conhecimento proveniente da
alma do homem. “A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer
do seu próprio conhecimento.” Platão.

Platão acreditava que o homem era formado por um corpo mortal, mas também por uma
alma que não morre e de onde provém todo conhecimento. Define o mundo das ideias e
instaura a preocupação com a localização da alma no corpo do homem, estabelecendo esse
lugar como sendo a cabeça. Para Platão, a medula era o componente de ligação da alma com
o corpo.

Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão, é considerado o verdadeiro pai da


psicologia. Chegou a estudar as diferenças entre a razão, percepção e sensação. Diverge de
seu mestre, Platão, ao postular que corpo e alma são elementos indissociáveis. No homem,
como em todo o ser vivo, corpo e alma compunham uma unidade. A alma garantia a vida, a
realização das funções vitais; a alma era a forma, enquanto o corpo a matéria que precisava
dessa forma para tornar-se em acto. Era a forma, a alma, que dava vida, que emprestava
finalidade aos corpos animados. E assim como não se podia pensar em matéria destituída de
forma, também o contrário era sem sentido. (ARISTÓTELES apud ANDERY, MICHELETO
e SÉRIO, 1988, p. 90 e 91). No pensamento aristotélico tudo o que vive possui alma ou
psyché. Assim ao considerar tudo o que vive, considera-se que tanto os homens, como os
animais e as plantas possuem alma.

Fica claro nessa breve análise acerca dos filósofos antigos, o início de um pensamento
psicológico. Sócrates, Platão e Aristóteles, ainda que evidentemente influenciados por
questões de sua época, apresentam em seus pensamentos a preocupação com o homem e com
sua psyché, quer estabelecendo a imortalidade da alma, quer postulando a mortalidade da
mesma e sua relação activa com o corpo.

Seguindo a evolução do pensamento acerca do homem, passamos à análise do período


Patrístico, que se inicia com o Cristianismo e segue até o século VIII d.C. Período Patrístico
O pensamento no período Patrístico, um pensamento tido como filosófico, é formado por
tratados de padres, teólogos, apologetas, exegetas, os quais procuravam compreender as
questões do universo com base em sua doutrina religiosa. Merece destaque aqui Santo
Agostinho e São Tomás de Aquino.

Santo Agostinho (354-430), considerado um dos poucos a analisar com profundidade a


psicologia, corrobora a visão de Platão da existência de alma e corpo dissociados. Todavia,
complementa a compreensão de que a alma é a manifestação de Deus no homem e que essa
se sobrepõe ao corpo. A divisão entre corpo e alma, na visão de Santo Agostinho, contempla
ainda a ideia de que a alma é o elemento mortal que liga o homem a Deus e o corpo é a
matéria, fonte de todos os males. O homem que submete a alma ao corpo, material, afasta-se
de Deus. O homem deve, portanto, desvencilhar-se das coisas mundanas e carnais, voltando-
se às espirituais, as quais lhe vão propiciar a aproximação de Deus, o sumo Bem. Embora a
degradação humana ocorra por livrearbítrio, voltar-se novamente para o Bem e para Deus não
é mais opção do homem: ao contrário, é necessária a graça divina para tirar o homem do
pecado. (RUBANO e MOROZ (A), 1988, p. 140) Visto que a alma toma lugar tão importante
na ação humana, compreender a alma, a psique humana, passa a ser preocupação da igreja.

São Tomás de Aquino (1225-1274), pensador Patrístico anterior a Santo Agostinho, tem
como influenciadores o próprio Santo Agostinho, mas também Platão, Aristóteles e Alberto
Magno, esse último seu professor; além da própria Escritura Sagrada. O período em que
Aquino viveu anuncia a ruptura da Igreja Católica pelo aparecimento do protestantismo, o
que provoca questionamento acerca do conhecimento proferido pela igreja. Aquino defende a
posição da Igreja ao postular um sistema coerente e conciso, considerando que o governo é de
origem divina e, portanto o homem deve se submeter a esse. Para Aquino: a legislação do
Estado é para o bem do povo e que o governo deve submeter-se à Igreja. Santo Tomás de
Aquino defende uma postura de passividade e obediência da sociedade frente à situação
vigente. (RUBANO e MOROZ (B), 1988, p. 140) Aquino também endossa que a Igreja é a
verdadeira produtora de conhecimento acerca do psiquismo. Ele separa fé e razão, ou ainda
Filosofia e Teologia, afirmando que a primeira deve cuidar das coisas da natureza e a
segunda, do sobrenatural. E, ao estudar o sobrenatural e a fé divina, São Tomás de Aquino,
afirma que alguns conhecimentos só podem ser obtidos pela revelação divina e que o homem,
a mais perfeita criação de Deus, distinta dos outros seres, uma vez que esse é racional, só
pode alcançar a perfeição por meio da busca em Deus. Num período conturbado por
questionamentos à Igreja Católica, Aquino busca a ordem pública, com o objectivo de
estabelecer a convivência pacífica entre os homens. O fim do período Patrístico fica marcado
quando a soberania da Igreja na busca de compreensão da existência humana dá lugar a novas
formas de pensamento, a partir do crescente questionamento de seus dogmas, advindos da
Reforma Protestante. A partir da segunda metade do século XV e durante todo o século XVI
e XVII ocorrem marcantes mudanças religiosas, políticas, económicas, sociais e culturais,
provocando outras formas de concepção da ciência e do homem, dando início a um novo
período do pensamento filosófico, o período da chamada ciência moderna. Ciência Moderna
ou Contemporânea Nesse período, a razão, a preocupação com elementos precisos e a
experiência, contrapõem-se à fé. Transferindo as preocupações das relações Deus e homem,
para as preocupações da natureza e homem. Pesquisas, experimentações e formulações
marcam esse período.

Galileu Galilei (1564-1642), físico, matemático, astrónomo e filósofo italiano, estuda a


queda dos objectos em famosos ensaios na Torre de Pisa.

Isaac Newton (1642-1727), físico e matemático, também estuda fenómenos da natureza, o


movimento dos objectos tanto na Terra como celestiais.

René Descartes (1596-1650), filósofo e matemático, analisa as leis do movimento, tanto da


natureza quando dos homens. Descartes merece maior atenção, uma vez que é considerado
por muitos o pai da psicologia moderna. Foi o primeiro a fazer distinção nítida entre corpo e
mente, questionamento que inquietava os filósofos desde a Antiguidade. Descartes propõe a
distinção mente (alma e espírito) e corpo, mas ao mesmo tempo, declara que há interação
entre tais elementos. A mente podia interferir no corpo, sendo assim considerado um
“Interacionista”. Outro aspecto importante do trabalho de Descartes é que a partir da
separação mente (alma e espírito) e corpo, propicia o estudo do corpo humano morto, uma
vez que esse deixa de ser sagrado. Os seguintes pensadores marcam o período de transição: a
era mecanicista. Pereira e Gioia (1988) descrevem essa nova fase do pensamento: Seguindo
os novos caminhos traçados pelos pensadores que se destacaram neste período de transição,
foi-se firmando um novo conhecimento, uma nova ciência, que buscava leis, e leis naturais,
que permitissem a compreensão do universo. Esta nova ciência – a ciência moderna – surgiu
com o surgimento do capitalismo e a ascensão da burguesia (...) estava aberto o caminho para
o acelerado desenvolvimento que a ciência viria a ter nos períodos seguintes. (PEREIRA e
GIOIA, 1988, p. 173-174) A ascensão da burguesia e o surgimento do capitalismo, junto à
Revolução Industrial e a criação da máquina resultaram em fortes mudanças na maneira de se
conceber as relações humanas e o próprio homem.

Para Alvin Toffler (1980) a Revolução Industrial, a qual ele designa a Segunda Onda,
resultou em mudanças em todas as esferas, desde a constituição familiar que passa a ser
nuclear, à produção cultural, que se torna produção em massa, passando pela própria
educação, que segue o modelo das fábricas. Os estudos acerca do homem também são
influenciados por essas mudanças no sistema sócioeconômico-cultural. Eram necessários
métodos mais rigorosos, medidas, instrumentos de controle, todos buscando mais precisão no
estudo do funcionamento da mente.

A Psicologia e a Ciência

As alterações na forma de compreensão do homem e do funcionamento do Universo abrem


espaço para novas indagações e formas de estudo. Os avanços da Anatomia, da Fisiologia e
da Neurologia propiciaram a constituição de uma ciência distinta da Filosofia. A Psicologia
que nasce a partir dos estudos da alma realizados pelos grandes filósofos passa a ser uma
ciência “sem alma” (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2005, p. 43), no sentido de que tem
seu conhecimento produzido em laboratórios por meio de experimentos de observação e
medição.

Wilhelm Wundt (1832-1920), fisiólogo alemão da Universidade de Leipzig e pioneiro da


Psicologia Experimental, cria o primeiro laboratório para realizar experimentos na área de
Psicofisiologia, fato que pode ser considerado o início da psicologia como ciência
independente. Wundt era considerado um paralelista psicofísico, ou seja, acreditava que havia
fenômenos do mundo físico, constituídos pelo corpo, e fenômenos do mundo mental,
constituídos pela mente. Os experimentos de Wundt envolviam as sensações, percepções,
sentimentos e emoções e se davam por meio do método de “introspecção”, método e termo
criado por ele próprio. O método instituído por Wundt se baseava no sujeito da experiência,
previamente treinado para auto-observação, descrever ao experimentador suas sensações,
percepções e sentimentos. Um exemplo: o experimentador estimulava o sujeito com uma
picada de agulha e esse fazia o relato introspectivo sobre tamanho, intensidade e duração do
estímulo, descrevendo o caminho percorrido no seu interior, como que descrevendo o
processo mental. Wundt acreditava que cada processo da mente envolvia simultaneamente
um processo físico, daí a análise dos estímulos físicos, e um processo mental, ou seja, as
sensações mentais correspondentes. A influência de Wundt marcou a constituição da
psicologia enquanto ciência, fazendo com que ele fosse considerado pai da Psicologia
Moderna ou Científica. Essa psicologia científica teve como primeiras abordagens três
escolas: o Estruturalismo, o Funcionalismo, e o Associacionismo.

Estruturalismo

O Estruturalismo teve como principal instituidor Edward Titchener (1867-1927). Para o


Estruturalismo a psicologia é a ciência que estuda a consciência ou a mente, sendo que a
mente é compreendida para esses pensadores como a soma de todos os processos mentais. A
função da Psicologia era então compreender esses processos e o modo como a mente é
estruturada, como funcionam os sistemas nervosos centrais. Titchener mantém a tradição de
Wundt em relação ao método de estudo, mas sua forma introspectiva era mais ampla.
Titchener questionava a possibilidade de uma descrição isenta de viés. Para ele a descrição
introspectiva tendia a ser mais uma análise do que uma descrição, em função disso, defende o
uso da experimentação e da descoberta sobre “o que”, “como” e “por que” dos processos
mentais.

Funcionalismo

Um dos principais pensadores do Funcionalismo foi William James (1842-1910). Os


Funcionalistas assim como os Estruturalistas elegem a consciência como foco para análise,
mas os Funcionalistas estavam interessados na função da mente e não em sua estrutura.
Assim, ao contrário dos Estruturalistas, a Psicologia Funcional define a psicologia como uma
ciência biológica, uma ciência interessada em analisar os processos mentais, interessava-se
pelo funcionamento, pela função da mente e não por sua estrutura, por suas propriedades.
Consideravam que a mente é um acúmulo de funções e processos que conduzem a
experiências práticas. A mente passa a ser analisada em função das interacções com o
ambiente e o estudo da vida psíquica é considerado a partir de sua adaptação ao meio.

Associacionismo

O termo associacionismo origina-se da concepção de que a aprendizagem se origina a partir


da associação de ideias, partindo das mais simples às mais complexas. Os Associacionistas
não aceitavam o método introspectivo e lançaram as bases da psicologia comportamentalista,
utilizando para tanto pesquisas com animais. Edward L. Thorndike (1874-1949), o principal
pensador do Associacionismo, formulou a Lei do Efeito, contribuindo para a primeira teoria
de aprendizagem em Psicologia. De acordo com a Lei do Efeito, todo o comportamento de
um organismo vivo tende a se repetir se recompensado. Todavia, se o efeito for um castigo,
esse comportamento deixará de ser repetido. Thorndike realiza vários experimentos com
animais, estudando a lei do efeito na aprendizagem de novos comportamentos. Na atualidade,
as três principais escolas da psicologia não são mais o Estruturalismo, o Funcionalismo e o
Associacionismo. Mas, essas escolas serviram como base para a formulação das três
principais teorias dos dois últimos séculos: o Behaviorismo (ou Psicologia Experimental ou
Psicologia Comportamental); a Psicanálise; e a Gestalt (ou Psicologia da Forma).

Behaviorismo

O Behaviorismo, que tem forte influência das ideias de Thorndike e da visão funcionalista,
nasce com John Watson (1878-1958). Watson, a partir dos estudos de Ivan Petrovich Pavlov
(1849-1936) acerca de estímulo-reflexo, estabelece o objeto de estudo da Psicologia enquanto
ciência: o comportamento (behavior em inglês), um objeto de estudo mais concreto,
mensurável. Watson traz como grande contribuição a análise do Comportamento
Respondente. Iniciado com Watson, o Behaviorismo tem como principal teórico Burrhus
Frederic Skinner (1904-1990), o qual formula a compreensão do Comportamento Operante,
das noções de reforçamento e do controle dos estímulos.

Psicanálise
A Psicanálise nasce com Sigmund Freud (1856- 1939), o qual a partir de sua prática médica
postula o inconsciente como objeto de estudo da ciência. Freud e a Psicanálise, ao contrário
do Behaviorismo, se detém a investigar processos obscuros do psiquismo, analisando sonhos,
fantasias e esquecimentos. Freud, influenciado por suas observações em atendimentos
médicos, bem como por outros médicos da época, cria teorias e métodos de pesquisa, sendo o
mais conhecido: o método catártico.

Com a descoberta do inconsciente, Freud postula sua Primeira Tópica, composta por três
instâncias do aparelho psíquico: Inconsciente, Consciente e Préconsciente. A primeira tópica
é reformulada e substituída posteriormente pela Segunda Tópica Freudiana, formada a partir
da noção de ID, Ego e Superego.

Gestalt

A Gestalt, Psicologia da Forma, como é chamada por alguns ou simplesmente Gestalt, como
é mais conhecida, é a escola mais ligada à filosofia, uma vez, que tem como objecto de
estudo os processos perceptivos, envolvendo sensação e percepção. Tem como principais
teóricos Mas Wetheimer (1880-1943), Wolfgang Köhker (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-
1940). Para os gestaltistas o comportamento humano deve ser estudado considerando os
aspectos globais que cercam o homem, pois suas ações, mediante aos estímulos do ambiente,
são influenciadas pela forma como o comportamento percebe esses estímulos. E, essa
percepção é por sua vez influenciada por aspectos sócioculturais. Outra importante teoria da
Psicologia atual, que merece destaque, é a Cognitiva de Jean Piaget.

Teoria Cognitiva

A teoria de Jean Piaget (1896-1980) também se ocupa da interação do organismo-meio e a


aprendizagem decorrente dessa interação. Para Piaget o eixo central da análise é essa
interação, que resulta em dois processos simultâneos: a organização interna e a adaptação ao
meio. Por meio da assimilação e acomodação, os esquemas de assimilação vão se
modificando e configurando estágios de desenvolvimento. Em suma, ao descrever a história
da psicologia, fica evidente a contribuição dos diversos pensadores acerca do assunto e essa
evolução gradual mostra a Psicologia como uma ciência em desenvolvimento. Evidencia
também que a ciência, e aqui nos referimos a todas as ciências e não só a Psicologia, não
nasce pronta, mas está sempre em transformação, influenciada por novas pesquisas, novas
descobertas. Assim, ao buscar compreender a psicologia enquanto ciência, torna-se
fundamental a análise dessas diferenças de concepções entre seus pesquisadores. Torna-se
fundamental compreender questões levantadas por Freud e as investigações psicanalíticas;
por Watson, e o estudo do comportamento observado; por Skinner e as investigações sobre
condicionamento operante; por Piaget e seu incremento da investigação experimental do
desenvolvimento da criança e do adolescente; pelos alemães com a psicologia da forma,
visando à compreensão de relações de sentido e a percepção de formas, dentre outros
estudiosos. Conhecer o processo de formação da psicologia enquanto ciência permite-nos
uma visão mais ampla para compreensão do homem, de suas ações e questionamentos. Como
afirmou Aristóteles “nada melhor para compreender um tema em sua extensão do que
historicizá-lo”, assim ao tentar compreender a psicologia como ciência independente vale,
sem dúvida, a análise histórica desta.

Objecto da psicologia

a) Funções elementares (no nível inconsciente)

- Comportamentos automáticos:

1- Automatismos afectivos (emoções primárias e tendências)

2- Automatismos motores (reflexos, instintos e hábitos simples)

3- Automatismos intelectuais (percepção, imagem, memorização mecânica e atenção


espontânea)

b) Funções complexas (no nível da consciência)

1- Funções afetivas (sentimentos, paixões)

2- Funções motoras (hábitos complexos e atos voluntários)

3- Funções intelectivas (imaginação criadora, memorização lógica, atenção voluntária,


pensamento, vontade)

Comunicação
A comunicação é um dispositivo que possibilita as relações sociais ao longo da existência
humana, fluindo, segundo a exigência de cada época. Sua evolução, demanda, às pessoas,
comunicarem bem a fim de enfrentar as mais variadas situações, seja qual for sua
especificidade. A comunicação é um movimento circular que envolve no mínimo três actores:
Emissor, mensagem e receptor, isto sugere, que comunicar não é tão-somente um movimento
de verbalização do pensamento, seja falado ou escrito. É antes, uma relação de partilhas
reciprocas entre pessoas, cujo sentido converter-se-á em mensagem significada. Do contrário,
toda significância ao não conseguir significasse, faz do significante um mero objecto de
palavras enunciadas. A literatura pesquisada, sinaliza que a escola tem priorizado pouco o
uso e a importância da comunicação em sala de aula. Acreditando, que pelo fato das crianças
já irem à escola falando, a oralidade “é aprendida espontaneamente e que, portanto, não
necessita ser ensinada na escola; por outro lado, há a concepção de que as pessoas falam bem,
ou não, porque são naturalmente aptas, ou não, a falar e que não é possível ensinar alguém a
ser um “bom falante” (LEAL E GOIS 2012, P. 7).

2. História da Comunicação, a evolução dos meios e o uso na educação

O termo comunicação, tem apresentado um sentido bastante abrangente, e pode variar


segundo os sentidos e ocasiões. A cerca disto, Santos (2011), sublinha que segundo Martino
(2008) estas diferenciações podem ser identificadas em vários dicionários. Contudo, sua raiz
epistemológica vem do Latim: communicatio, do qual distinguimos três elementos: uma raiz
munis, que significa ‘estar encarregado de’, que acrescido do prefixo co, o qual expressa
simultaneidade, reunião, temos a ideia de uma ‘actividade realizada conjuntamente’,
completada pela terminação tio, que por sua vez reforça a ideia de actividade. (MARTINO,
2008, p. 12, APUD, SANTOS, 2011, P. 3)

Desde sua génese, o conceito de comunicação implica numa dimensão bem mais alargada, do
que simplesmente o acto enunciativo da fala. Deste modo, na oralidade “tanto o transmissor
quanto o receptor da mensagem deveriam estar no mesmo contexto para partilhar saber”
(SANTOS, 2011, P. 3). Que no avanço das actividades de produção e consumo, tem exigido
uma evolução periódica da comunicação. Num primeiro momento, temos a comunicação
falada como único instrumento de negociação e estabelecimentos de relações, nos mais
variados sentidos. Posteriormente, na era da escrita, a comunicação passou a ser usufruída
dentro de um conjunto de regras manipuladas no tempo e no espaço Santos (2011).
Hoje na era digital de comunicação, o autor sublinha que, com “a ampliação das
possibilidades da internet, o hipertexto possibilita a quebra da linearidade, tornado cada um
de nós também autores de nosso processo” (SANTOS, 2011, P. 3). A despeito desta evolução
Gontijo (2004) diz que: A história das comunicações evolui no mesmo trilho da história da
humanidade. Pelo simples fato de que a última só existe porque de alguma forma foi relatada
de pai para filho, de tribo para tribo, de cidade para cidade, de país para país por meio de
indivíduos e de tecnologias que expandiram os recursos do corpo humano.

Os meios de comunicação são extensões de nosso corpo, e suas mensagens, de nossos sentir e
pensar. (GONTIJO, 2004, p. 11). Assim, amplia-se a noção de comunicação de acto
enunciativo, para o do significativo. Deste modo, comunicação passa ser um dispositivo
ideológico e simbólico estruturante na sociedade, que se configura como um processo
circular, onde o enunciador assume duas posturas ao mesmo tempo, ele é “o indicador que
domina as situações por meio de acções imputáveis; ao mesmo tempo, ele é também o
produto das tradições, nas quais se ancora, dos grupos solidários aos quais pertence e dos
processos de socialização nos quais se cria (HABERMAS APUD ZIM E PESCE, 2010, P.
128).

A cerca disto Vilalba (2006), sublinha que o comunicador responde a estímulos para poder
interagir com o mundo exterior. Ou seja, a comunicação não é o processo de emissões de
sons, é sim, um processo de (re) significação de significantes. Neste caso, o comunicador, se
beneficia de instrumentos linguísticos e extralinguísticos para tornar significado sua intenção.
Para tal, torna-se imperioso o uso dos meios disponíveis para comunicação, falada e escrita.
Nesta mesmo sentido, Sousa (2006) assume o conceito de comunicação como processo
evolutivo e interactivo. Onde num tempo remoto, da mais primitiva existência humana, a
comunicação resulta da necessidade de associar os sons à objectos, dando-lhes, portanto,
significado ao signo. “Assim nasceram os signos, isto é, qualquer coisa que faz referência a
outra coisa ou ideia, e a significação, que consiste no uso social dos signos” Bordenave
(1982, p.24), dando origem a linguagem.

Elementos da Comunicação

Para que uma comunicação aconteça, são necessários seis elementos: o emissor, o receptor,
a mensagem, o canal, o contexto e o código. Sem eles, não existe comunicação!
Em todo ato comunicativo, há um emissor, é ele o responsável por elaborar o texto. O
emissor é quem comunica, solicita, expressa seu sentimento, desejo, opinião, enfim, é
quem produz a Se há alguém que elabora, é necessário também alguém para receber tal
mensagem. Todo texto é destinado a um público específico, chamado de receptor.

O que está sendo transmitido e recebido? Uma mensagem, que consiste no próprio texto
(verbal ou não) que se transmite.

Essa mensagem é transmitida por um canal, isto é, o canal é responsável por veicular a
mensagem. São exemplos de canal os suportes que difundem inúmeros gêneros textuais,
como: rádio, TV, Internet, jornal, dentre outros.

A mensagem está relacionada a um contexto, também chamado de referente. O contexto ou


referente pode ser entendido como o assunto a que a mensagem se refere, ou seja, tudo aquilo
que está relacionado a ela.

Por fim, essa mensagem precisa ser expressa por um código, constituído por elementos e
regras comuns tanto ao emissor quanto ao receptor. O código usado para redigir esta
mensagem é a língua portuguesa. Assim, quando falamos ou escrevemos, usamos o código
verbal e, quando usamos a arte, a imaginação e a criatividade, é comum o uso do código não-
verbal (pintura, gestos etc.).

Objecto da comunicação

Definir o objecto de estudo da comunicação é tarefa árdua, a dificuldade encontra-se em


vários pontos, principalmente nos diferentes universos que a comunicação evoca.
Os processos comunicativos atravessam a extensão das Ciências Humanas. Esses processos
se identificam com a cultura, a psicologia e a análise histórica. E são passagens obrigatórias
para se desvendar o objecto de estudo da comunicação.

O objecto da comunicação também oscila entre os meios de comunicação e a cultura de


massa. Não se pode esquecer de que os objectos da comunicação são aqueles restritos à
dimensão humana e mediatizados por dispositivos técnicos. Os processos comunicativos no
interior da cultura de massa constituem o objecto de comunicação.

Constatações

 Entre os filósofos gregos surgem as primeiras tentativas de designar uma Psicologia.


A origem da palavra é a soma dos termos gregos psyché (alma, espírito) e logos
(estudo, razão).
 O Funcionalismo buscou investigar, por meio de uma abordagem funcional e não
experimental, como se dá a adaptação dos seres humanos ao seu meio.
 O Estruturalismo estava pautado no estudo da estrutura da mente. Como o próprio
nome diz, a preocupação estava em analisar os aspectos estruturais do sistema
nervoso central, que seriam os estados elementares da consciência.
 No Associacionismo de Edward L. Thorndike, a aprendizagem decorre de um
processo de associação de ideias, das mais simples às mais complexas. O ponto
central desta teoria está em analisar como as ideias se unem e se guiam até se
tornarem estáveis.
 No Behaviorismo clássico, a psicologia deveria se voltar apenas aos dados das
ciências naturais, ou seja, àquilo que era passível de ser observado, que seria o
comportamento
 O objetivo da Gestalt é estudar como os seres vivos percebem as coisas, dentre elas,
objectos, imagens, sensações. Por isso, essa tendência pode ser definida como a
Teoria da Percepção.
 A Psicanálise é fundamentada por conhecimentos científicos relacionados ao
psiquismo. Seu método de investigação é interpretativo, pois busca explicações para o
“oculto”.
 A comunicação é importante como um dispositivo que potencializa as habilidades de
aprendizagem,
 Comunicar é um acto não de enunciação de palavras, mas de enunciação de palavras
significadas
 A inclusão de recursos tecnológicos pode contribuir para uma comunicação dialogada
entre pessoas de gostos, modos, credos, e posições sociais distintas

Referências

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SANTOS, Miguel Carlos Damasco. IMPORTÂNCIA DACOMUNICAÇÃO NA EaD


VIRTUAL: ENFOQUE CONCEITUAL E DIALÓGICO. Resende-RJ, 05/2011. Disponível
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