Parecer Comportamental Acusação

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COLEGIADO DO CURSO DE DIREITO

PARECER JURÍDICO

Assunto: Analise comportamental de Leno Maycon e Dayane Mello, na


situação que culminou na expulsão de Leno do reality “A Fazenda 13”

Interessado: Colegiado da Faculdade de Ilhéus – Curso de Direito – Disciplina


de Direito Penal – Avaliadora: Professora Taiana Levinne C. Cordeiro.

Alunos:
Ana Cristina Souza Santos
Calio Jafet de Souza Ribeiro
Emílio José Santos Gusmão
Fabio Aurelio Magosso Correa
Gabrielle Pinto Bevenuto
Jhon Petrus Silva Mora
Thiago Carvalho Santos

Trata-se de uma análise comportamental de Nego do Borel e


Dayane acerca da situação que expulsou Nego do Borel do programa, “A
fazenda 13”, pela suposta acusação de estupro de vulnerável, na qual ele está
sendo acusado de ter praticado contra a participante Daiane, e suas
consequências jurídicas.

É o relatório, passo a opinar.

O cantor Nego do Borel foi expulso do reality show, A Fazenda, da


na tarde de sábado, dia 25/09, tal decisão se deu após internautas realizarem
movimento nas redes sociais exigindo a punição maior para Nego do Borel, os
espectadores acusam o participante de estuprar Daiane na madrugada do dia
25/09, após uma festa do programa.
Logo a pois o final da festa todos se encaminham para os quartos e
o Nego do Borel se deita na mesma cama que Dayane, um dos participantes,
perguntou se ela gostaria de ficar onde estava, com Nego do Borel ou ir para a
cama dela, “se ela não quiser sair, você sai, Nego", disse o participante, e
alegou também ser melhor para evitar problemas, neste momento ao fundo,
vozes femininas afirmavam que ela estava "totalmente bêbada" e concordam
com a instrução. Em outro momento, Nego do Borel aparece na cama deitado
ao lado de Dayane, a abraçando, e outros participantes tentam afastá-lo,
enquanto o cantor pede: "Calma aí".
Nego do Borel estaria na cama com Dayane, que não reagia por
estar inconsciente. Há sons que parecem gemidos e, em alguns momentos, é
possível ouvir a voz de Daiane quase inaudível, murmurando que tem filho.
Dayane estava muito embriagada após a festa mas isso não foi
motivo para Nego do Borel desistir de investir nela durante a noite. A Daiane e
o Nego do Borel movimentaram os edredons, deste modo tal situação é
apontada a como atitude suspeita de Nego em insistir, assim ocasionado um
suposto estupro de vulnerável, forçar sexo com uma mulher bêbada e
completamente inconsciente e sem nenhuma faculdade de suas ações.
Nego do Borel já tem histórico de violência sexual e relacionamento
abusivo em seus antigos relacionamentos.
Deste modo sua atuação encontra-se perfeitamente delineada nos
termos do artigo 217-A, §1º, do Código Penal, que se configura o delito de
estupro de vulnerável quando é praticado contra pessoa que, “por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência.”.
Na segunda parte do § 1º do artigo 217-A do CP, a expressão “por
qualquer outra causa” é comparada com a expressão “por enfermidade ou
deficiência mental” quando o indivíduo não possui o necessário discernimento
para a consentir ou praticar o ato, tratando-se de um caso de vulnerabilidade.
Sendo assim, a pessoa embriagada que não tem condições de
manifestar seu consentimento para o ato sexual, encontra-se em situação de
vulnerabilidade prevista no § 1º do artigo 217-A do Código Penal Brasileiro,
porém é necessário a embriaguez completa da vítima, também conhecida como
embriaguez letárgica, pois a vítima se encontra em estado de letargia, ou seja,
desmaiada.

Assim para que seja considerada como causa de exclusão da


capacidade de resistência da vítima, a embriaguez precisa ser completa e de
tal grau que impossibilite a vítima de lutar ou reagir com o agressor, que é o
caso narrado, pois conforme falas de outros participantes a Daiane estava
totalmente embriaga.
Fica claro, portanto, que a vulnerabilidade temporária, oriunda do
estado de dormência e embriagues da vítima é, válida para caracterizar o
referido elemento do tipo penal em estudo. Aliás, se após o início do ato a vítima
desperta e passa a reagir, tal fato não permite a descaracterização do estupro
de vulnerável uma vez que os atos libidinosos praticados durante o sono já são
aptos a configurar o referido crime contra a dignidade sexual.
Nos delitos sexuais, quase sempre praticados às escondidas, o
depoimento da vítima possui especial relevância, máxime quando o relato é
firme, coerente e corroborado por outras provas. Efetivamente comprovadas a
autoria e a materialidade do crime de estupro de vulnerável.
Para se condenar por crime sexual no caso de vulnerabilidade
temporária embriaguez completa necessária prova de que a vítima, no
momento do ato, era totalmente incapaz de oferecer resistência. Deste modo a
vulnerabilidade temporária, oriunda do estado de dormência da vítima é,
segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, válida para
caracterizar o referido elemento do tipo penal em estudo, tal situação se é
concreta no caso narrado.
Importante mencionar que nenhuma situação dá direito a nenhuma
pessoa ser vítima de qualquer crime que seja, porém, com uma visão jurídica
é necessário perceber que o comportamento da vítima influenciará diretamente
na dosimetria da pena do criminoso, sempre como causa de diminuição de
pena.
Deste modo, o que podemos concluir é que o álcool é uma droga
inibidora da capacidade, depressora do sistema nervoso central que afeta
diversos neurotransmissores levando a mudanças no comportamento,
alterando a percepção do indivíduo para avaliar atividades simples, como os
movimentos e sentidos.
Quanto a ação penal, é pacífico na jurisprudência brasileira que
todos os crimes contra a dignidade sexual são de ação pública incondicionada,
que é promovida pelo Ministério Público e que prescinde de manifestação de
vontade da vítima ou de terceiros para ser exercida. Em regra, a ação penal
pública que será aplicada na maioria dos casos, ou seja, quando o crime nada
dispuser acerca de como se deve processá-lo, a forma é incondicionada. Essa
é a orientação disposta no art. 100, caput, Código Penal. Tem-se, via de norma,
a iniciativa de ação penal de conhecimento de caráter condenatório do
Ministério Público, obrigando este a promovê-la sempre que ocorrente a opinio
delicti: dispõe, nesse sentido, o §1º do Art. 100 do CP e o Art. 24 do CPP, que,
sendo o crime de ação pública, “esta será promovida por denúncia do Ministério
Público”.

E por fim, os tribunais brasileiros trazem o entendimento majoritário de que a


vítima vulnerável em razão da embriaguez deve comprovar seu estado e
precisa necessariamente estar no estado de letargia, para que o crime seja
configurado, onde o comportamento da vítima apenas servirá como causa de
diminuição de pena do acusado quando demonstrar um comportamento neutro,
não irá interferir na dosimetria da pena .

REFERÊNCIAS
https://www.youtube.com/watch?v=Ji54jhqj-aE Investigadora Analisa caso
Nego do Borel e Dayane Mello (Linguagem Corporal - Metaforando)

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