Revista Acácia 13 Edição 34 - Outubro de 2021

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Queridos e amados IIr, distribuídos REVISTA MAÇÔNICA DIGITAL


em toda a face do globo terrestre, ACÁCIA 13
rogando que todos estejam bem e
gozando de plena saúde física, mental
e financeira, pois esse é o desjo dos Publicação Mensal
editores e colaboradores de nossa ANO 3 – Nº 34 – OUTUBRO 2021
revista Acácia.
Administração
Estamos a muito tempo caminhando Wagner Tomás Barba (L376)
por lugares sombrios, que não nos leva Joaquim Domingues Filho (L547)
ao destino desjado, pois a pandemia
que assola, todos os seres humanos no pos essa condição de
submissão, fazendo nos repensar as nossas ações e procedimentos. Conselho
Omar Téllez (L329)
Estamos caminhando para um momento de estabilidade, que nos Alessandro Zahotei (L605)
leva a crer que o amanhã será um dia de certeza, pois a medicina Paulo da Costa Caseiro (L512)
tem feito o seu papel, em aliviar dor e sofrimento, nos fazendo crer André Luís Almeida Nascimento (L188)
num mundo melhor e com esperança. Cláudio Sérgio Foltran (L184)
Paulo Fernando de Souza (L547)
Essa esperança se reflete, no retorno de nossas oficinas / lojas, e com
Francisco Assis Javarini (L595)
o bom convívio com nossos IIr e cada um trazendo uma nova
história a ser contada, no longo de muitos anos, de cada momento
vivido.
Editor, Criador, Jornalista Responsável e
iniciativa.
Muitos de nós não teve a felicidade de reotrnar, e contar a sua
Wagner Tomás Barba (L376)
história, deixando que outros IIr Contem a sua história, a qual nos
MTB 67.820/SP
traz muita dor. Guardemos as boas lembranças, e comecemos a
escrever uma nova história.
ATENÇÃO:
Os Artigos assinados são de
Rendo aqui a minha homenagem, a cada um dos bravos soldados
responsabilidade de seu autor e não
de Cristo, que com dedicação e perseverança, venceram e ainda
refletem, necessariamente, o pensamento
lutam com esse momento de obscuridade fazendo que o raio solar,
do Editor, Administração ou conselho.
possa iluminar novamente.
Esta Revista está sendo enviada para mais
Meus sinceros agradecimentos a todos que fazem parte de nosso
de 7.000 (Sete mil) Irmãos e as
corpo editorial assim como aos autores que publicam seus materiais,
propagandas são totalmente gratuitas.
nessa e edições anteriores, que com sua riqueza, nos leva a uma
leitura apaixonante e deleitante.
O objetivo desta Revista é integrar os
Irmãos e levar mais conhecimento
Meus IIr. somente com determinação, coragem e autoconfiança são
maçônico.
fatores decisivos para que possamos seguir em frente. Se estamos
possuídos por uma inabalável determinação, conseguiremos
superar, todos os obstáculos. Independentemente das REVISTA GRATUITA
circunstâncias, devemos ser sempre humildes, recatados e despidos PROPAGANDAS GRATUITAS
de orgulho. E bom retorno a nossas atividades.
Ir Joaquim Domingues Filho
ARLS União e Lealdade, 547 – GLESP E-Mail:
Or de Osasco/SP revista.acacia13@gmail.com
Administrador da Revista Acácia 13

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Ir Sandro Pinheiro
ARLS Flauta Mágica Nº 170
GLMRJ
Or do Rio de Janeiro/RJ

A Grande Loja Simbólica de Portugal esteve presente na


inauguração do Templo Ecuménico Universalista, em Portugal, em 11 de setembro de 2016,
em Miranda do Corvo, no Parque Biológico da Serra da Lousã.

Trata-se de uma obra arquitetônica em forma de Pirâmide


de 13,4 metros de altura, que representa o Templo de Salomão.

A Grande Loja Simbólica de Portugal instaladora em


Portugal do Rito Antigo e Primitivo Memphis Misraim, congratula-se com esta obra notável
em Portugal, muito ligada ao Rito Maçónico de inspiração no antigo Egito.

A Grande Ordem Egípcia, coopta os seus membros da


Maçonaria Simbólica, na GRANDE LOJA SIMBÓLICA DE PORTUGAL e na GRANDE
LOJA SIMBÓLICA DA LUSITANIA. Para ser admitido como membro da Grande Ordem
Egípcia, deverá ser Mestre Maçom há mais de três anos e possuir qualidades intelectuais e

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espirituais compatíveis com a exigência da Maçonaria Filosófica do Rito Antigo e Primitivo
de Memphis Misraim. O Rito Antigo e Primitivo de Memphis Misraim é praticado segundo
a escala de Trinta e Três Graus, tal como foi estabelecido por Jacques-Étienne Marconis,
fundador do Rito de Memphis, presente desde 1862 no Grande Oriente de França. É assim,
que acolhe este Rito Maçónico, muito rico no seu simbolismo, que se interessa pelo
hermetismo, ciência esotérica de Hermes Trismegisto, o Três Vezes Grande. Os Rituais e os
seus trabalhos, continuam na busca verdadeira do Egito Alexandrino, Caldeirão de Culturas,
filosofias e religiões do Antigo Egito, da Grécia Antiga, da Mesopotâmia e da Asia Menor. Os
trabalhos da Academia de Platão ou dos Médicis são igualmente reavivados. Esta busca
conduz muitos membros para a famosa inscrição que ornamenta o Templo de Apolo em
Delphos «Conhece-te a ti próprio e tu conhecerás o universo e os Deuses». Os rituais dos
Altos Graus do Rito Antigo e Primitivo de Memphis Misraim não possuem nenhuma ligação
com a lenda de Hiram ou com outra conotação Judaico-cristã, porque que são
fundamentalmente pré-cristãos. Em 1999, O Sereníssimo Grão-Mestre do Grande Oriente
de França, Philippe Guglielmi, decidiu a revelação do Rito Egípcio no seio da sua obediência.
Este trabalho foi realizado com a ajuda do seu Primeiro Grande Mestre Adjunto, Ludovic
Marcos, grande conhecedor das práticas e Fundador da Grande Ordem Egípcia. Oferecer
uma via de pesquisa espiritual, ao nível de abertura dos valores de democracia do Grande
Oriente da França, era o desafio que nos foi lançado, visivelmente alcançado com sucesso em
Portugal. Atualmente, existem já centenas de Colégios a trabalhar no Grande Oriente da
França e nas Obediências Amigas, às quais o Rito foi transmitido, trazendo a Luz aos cinco
continentes, numa relação perfeita com as Jurisdições dos Altos Graus da Franco-Maçonaria
Mundial.

O Rito de Misraim e o Grande Oriente de França

Em 19 de Maio de 1815, sob a égide dos Irmãos Bédarride,


soldados do Imperador que tinham passado por Itália e que evocaram a recuperação de um
registo iniciático proveniente de Cagliostro, foi criada em Paris a Respeitável Loja "Arc-en-
ciel", Rito de Misraim. Com a Restauração, foi proibido, sob a acusação de ser um Rito
antimonárquico, de 1822 a 1830.

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Em 1865, na sequência do apelo lançado pelo Marechal
Bernard Pierre Magnan, Grão-Mestre do Grande Oriente de França (GODF), uma parte da
"Potência Suprema" de Misraim, dirigida pelo Irmão Jacques Ragaigne, communard muito
activo, aderiu à rue Cadet, sede do GODF em Paris.

O Rito de Memphis e o Grande Oriente de França

Em 1838, Jean Étienne Marconis fundou o Rito de


Memphis. Se por um lado o Rito de Misraim é orientado para a Cabala, o Rito de Memphis
aborda o hermetismo e os mistérios pré-cristãos. Em 1862, o Irmão Marconis de Nègre,
Fundador e Grande Hierofante do Rito de Memphis, uniu-o no Grande Oriente de França.
O GODF desejava evitar a profusão de graus e também a pretensão de superioridade de
determinados Ritos em relação a outros. O Rito Antigo e Primitivo de Memphis-Misraim
passou a trabalhar num Sistema Maçónico de 33 graus. A pedido do Grande Oriente de
França, por Jean-Etienne Marconis de Nègre.

Em 1881, John Yarker, eminente esoterista, Grande


Hierofante, funde os Ritos de Memphis e de Misraim, aprofundando o seu conteúdo
plenamente hermetista, que lhe confere uma caminhada iniciática, numa via espiritual.
Situamos o primeiro período no final do século XVIII. Naquele momento, é necessário
lembrar, existia apenas uma "organização maçónica", a do Grande Oriente de França,
estruturada como tal em 1773. Pouco a pouco, as Lojas Azuis funcionavam, embora com
muitas variantes, segundo o Regulamento do Maçom de 1801, já instituído a partir de 1785.
Foi durante este período que o Grande Oriente de França se dotou de um sistema de Altos
Graus correspondente ao Rito Francês. A seguir veio o nascimento do Rito Escocês
Retificado em 1778 e o Rito Escocês Antigo e Aceite em 1804, que também são reconhecidos
pela Obediência. Diversas Lojas desenvolveram-se aí sob várias influências ou filiações
espiritualistas, cabalísticas, esoteristas. Sistemas de Graus originais que se inspiraram em
tradições antigas. Isto é obviamente verdade sobre as correntes egípcias.

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Vários Ritos ou Ordens, portanto, existiram no final do
Século XVIII e muito provavelmente seguiram diversas correntes místicas e não maçónicas
muito mais antigas. É o caso, por exemplo, em 1767 dos Arquitetos Africanos, em 1780 do
Rito Primitivo de Filadélfia, em 1785 do Rito dos Perfeitos Iniciados do Egito, em 1801 da
Sagrada Ordem dos Sophisianos e em 1806 dos Amigos do Deserto. Estes Ritos, conhecidos
por alguns, foram inspirados pelo que era conhecido na época como a tradição egípcia, que
era no fundo um conjunto de tradições do Médio Oriente, conforme entendido através dos
textos e estudos então conhecidos. É o caso, por exemplo, do "Séthos" de Pe. Jean Terrasson
(1731), "Oedipus aegyptianicus" de Athanase Kircher (1652) e o "Mundo Primitivo" de Court
de Gébelin (1773).

A Cabala Judaíco-Cristã, o hermetismo neoplatónico, o


esoterismo, as tradições cavalheirescas e outras encontraram uma fonte natural de expressão.
Todas essas influencias devem ser tidas em consideração, quando se deseja entender o estado
de espírito das Obediências egípcias e as apostas que se desenvolveram nos séculos seguintes.
O segundo período começou no início do Século XIX. De 1810 a 1813, os irmãos Bédarride
desenvolveram o Rito de Misraïm em França. Sem entrar nos detalhes ainda controversos
sobre a origem da sua transmissão e as cartas das quais eram depositários, parece que o seu
sistema convenceu vários Maçons, incluindo Thory e Earl Muraire, que os puseram em
contacto com outros Maçons do mundo escocês. Algumas Lojas foram constituídas. Mas
vários problemas relacionados com a apropriação indevida de fundos pelos irmãos Bédarride
levaram muitos irmãos a retirarem-se e a fundar um novo Poder Supremo egípcio que, em
1816, tentou, sem sucesso, a admissão ao Grande Consistório do Grande Oriente de França.
O Rito de Misraïm continuou a sua história com altos e baixos até 1822, data em que foi
interdito. Em 1831, depois de alguns anos na clandestinidade, o Rito obteve o direito de
reconstituir-se, mas apenas quatro Lojas parisienses conseguiram. (L'Arc en ciel, Les
Pyramides, Le Buisson ardent, Le Conseil des angles).

Jean Étienne Marconis, nascido em 1795 e


falecido em 1865, é o fundador em 1838 do Rito de Memphis.

Quanto ao Rito de Memphis, nasceu pouco


antes de 1838, sob a influência de Jean Étienne Marconis de Negre (1795-
1868). Tal como no Rito de Misraïm, a sua origem é incerta. A autoridade de Marconis
poderia vir do seu pai através de uma Grande Loja do Rito de Memphis, que teria trabalhado
de 1815 a 1816. O seu pai também teria sido o Grão-Mestre do Rito de Misraïm, mas isso é
muito pouco provável. Seja como for, Marconis de Negre, expulso de Misraïm, fundou a
Ordem de Memphis em 1838, da qual se tornou o Grão-Mestre e o Grande Hierofante. Em
1841, como resultado da denúncia dos irmãos Bédarride, o Rito de Memphis foi proibido
em França sob a acusação de mostrar simpatias republicanas. Em 1862, Marconis, em
resposta ao apelo do Marechal Magnan, Grão-Mestre do Grande Oriente de França, pela
unidade da Ordem Maçónica em França, propôs que o seu Rito se unisse à Obediência, o
que aconteceu no mesmo ano: as Lojas que compunham a Obediência juntaram-se ao
Grande Oriente de França, que ao mesmo tempo se tornou o depositário do Rito. Marconis
de Negre abdicou então do seu cargo de Grande Hierofante. O Rito de Memphis
permaneceu sempre presente no Grande Oriente de França, e o Grande Colégio dos Ritos

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sempre teve uma secção de Memphis e Misraïm sob a guarda de um "Guardião do Rito" 33º.
Em seguida, assumiu a forma de uma Comissão dos Ritos de Memphis e Misraïm eleita entre
os membros do Conselho Supremo, mantendo os direitos do Grande Oriente de França
sobre este legado dos Ritos egípcios.

Enquanto o Rito de Memphis foi integrado no Grande


Colégio dos Ritos do Grande Oriente, o Soberano Santuário de Memphis nos EUA recebeu
o reconhecimento oficial do Grande Oriente de França e tomou o nome de "Rito Antigo e
Primitivo da Maçonaria". Sob o Grão-Mestrado de Harry J. Seymour, abriram muitas Lojas
nos EUA, mas também em todo o mundo. Em 1872, Harry J. Seymour estabeleceu um
Soberano Santuário para a Grã-Bretanha e Irlanda com John Yarker como Grão-Mestre. Em
1881, Yarker recebeu uma carta do Rito reformado de Misraïm de Pessina em troca de uma
carta de Memphis, no momento em que o General Garibaldi foi nomeado Grande
Hierofante de ambos os Ritos. Podemos datar a fusão oficial destes dois Ritos com esta troca
de cartas e a garantia moral de Garibaldi. É, no entanto, mais uma modificação de Memphis
do que uma fusão real dos dois ritos. Com a morte de Giuseppe Garibaldi, Yarker tornou-se
o Grande Hierofante Geral do Rito de Memphis-Misraïm.

Na segunda metade da década de 1990, a história de


Memphis-Misraïm entrou num período conturbado, em grande parte devido à sobreposição
de sistemas e equivalências internas (Maçonaria de Memphis-Misraïm, Martinismo,
Gnosticismo, Elus-Cohens, Cavalaria, etc.). A confusão entre estes sistemas diferentes, muito
perceptível em certos Graus, um modo piramidal de funcionamento baseado em soberanos
santuários e associados a uma direcção ad vitae tornou a Ordem muito instável. Não vamos
aqui descrever as numerosas cisões e a proliferação de micro organizações que se dizem
herdeiras do Rito, mas apenas observamos que levaram o Rito a ser cada vez mais
incompreendido e rejeitado pelas principais Obediências. Pior ainda, os problemas
encontrados por organizações que trabalham neste Rito tornaram suspeitas não só essas
estruturas, mas também, por afinidade, o próprio Rito. Mais e mais divisões continuaram até
1999, quando um pequeno número de Lojas se aproximou do Grande Oriente de França,
tanto por afinidades pessoais quanto filosóficas. Em 1999, sob o Grão-Mestrado do
Sereníssimo Grão-Mestre Philippe Guglielmi, consumou-se a integração dessas oficinas, bem
como o renascimento da titularidade da patente do Rito egípcio detida pelo Grande Oriente
desde 1862, para constituir um pólo de estabilidade ao Rito e manter vivo um dos elementos
da herança do Grande Oriente de França e um dos constituintes históricos da Maçonaria
Universal.

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A história que acabámos de descrever mostra o seu interesse,
a sua riqueza iniciática, esotérica, simbólica e filosófica.

FILOSOFIA

Os Altos Graus, para os seus praticantes extremamente


experientes, tiveram muitas mudanças, nos seus números, no seu conteúdo e seu rico
simbolismo, como, mesmo, na ordem em que eles foram classificados. Como dissemos
acima, os ritos egípcios não foram desenvolvidos a partir do zero.

Por muitos anos, a tradição egípcia foi envolta em mistérios


e atrações. Durante a Idade Média permanecemos quase que ignorantes de quaisquer
tradições precedentes. Mais tarde, no Ocidente surge uma revolução intelectual notável que
foi o Renascimento e especialmente o Renascimento italiano e florentino.

Em 1450, Cosimo e Marsile Ficina funda a Academia


Platônica em Florença. Durante vários anos, Marsile Ficina, a pedido de Cosimo de Medici,
traduziu os textos herméticos, platônicos e Neo-platônicos. Os atores da Academia de
Florença, em seguida, redescobriram a tradição hermética dos filósofos antigos e, através
deles, o Egito. Eles trazem à vida a "corrente de ouro" que une os iniciados aos seus
antepassados Mediterrâneos. A nova Academia de Florença tornou-se um centro intelectual
líder onde se efetiva a rica fusão da tradição judaico-cristã com a antiga filosofia hermética. É
interessante destacar que o "New Academy" não se opôs a filosofia do paganismo antigo ao
cristianismo.

Pitágoras (580-490 A.C.), discípulo dos mestres do Egito, da


Grécia e da Caldeia, afirmava que a aritmética e a geometria não ficavam confinadas apenas
no mundo da lógica. Esta redescoberta das tradições antigas levou, por outro lado, a um
enriquecimento mútuo. Esses espíritos iluminados e livres conciliaram a tradição de Hermes

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e os ensinamentos de Platão, Plotino, Plutarco, Jâmblico, Proclus, etc. com os ensinamentos
cabalísticos judaico-cristã. É óbvio que esta tentativa heroica não foi vista com tanta tolerância
pelas autoridades da Igreja, especialmente porque a ênfase era ainda mais forte no plano
filosófico e neoplatônico que cristão. A influência e abordagem ao trabalho de M. Ficina e
muitos outros foram, assim, sentidos em toda a Europa. No entanto, as obras gregas
traduzidas identificavam o Egito como origem mítica e fonte da tradição espiritual. Para os
gregos, o Egito foi o lugar onde todos aqueles que quisessem aprender sobre sua sabedoria
se deveriam tornar filósofos. Sua civilização e a sua religião foram identificadas e reconhecidas
como as mais antigas. Pitágoras, Plutarco, Platão, para citar alguns, renderam-se a estas terras.
Tornou-se então gradualmente claro para a Renascença, que além da Grécia antiga, existia
uma tradição ainda mais antiga para explorar. Vários autores, citados no início do artigo,
lançaram-se nesta pista através de obras significativas. A campanha do Egito de 1798 leva por
sua vez a muitas descobertas, incluindo a dos hieróglifos por Jean-François Champollion em
1822.Já em Inglaterra, Anderson faria referência aos Mistérios antigos, e a franco-maçonaria
passa, aos poucos, a integrar elementos simbólicos, revelando as tradições dos Mistérios. A
decoração do Templo, o desenrolar dos rituais, modifica-se um pouco nos primeiros graus e
adquire, nos Altos Graus, uma fórmula francamente inspirada nos Mistérios antigos.

Os ritos egípcios foram adquirindo, aos poucos,


características tanto positivas, como problemáticas. A intenção dos primeiros fundadores, do
Sec. VIII, foi a de despertar, a partir dos conhecimentos da sua época, o espírito e, numa
certa medida, a prática dos mistérios sagrados das tradições antigas, integrando-os num novo
quadro da franco-maçonaria. Mais tarde, os fundadores de Memphis e de Misraïm,
procederão da mesma forma. Podemos distinguir duas influências principais, que definirão
dois aspectos da filosofia deste rito.

O primeiro, mais próximo de Misraïm, e trazido pelos


Bédarride, recebe a influência da Kabbalah judaico-cristã, inspirando-se nitidamente na
"Ordem dos Eleitos-Cohen" de Martinès de Pasqually e dos cabalistas cristãos de Renascença.
O segundo, o de Memphis, activado por Marconi de Nègre, visará, mais especificamente, o
hermetismo clássico e os Mistérios antigos pré-cristãos. Podemos até afirmar que eles se
inspiram, largamente, no espírito da "Alta Maçonaria egípcia" de Cagliostro.

A franco-maçonaria egípcia não é, nem uma religião, nem


um esoterismo monoteísta, nem um hermetismo heroico (transformando os heróis da
antiguidade em super-homens destinados a dominarem as massas) e por isso, os seus 200
anos de existência continuam a demonstrar a originalidade desta expressão.

Todos, e Marconis de Nègre certamente ainda mais,


tentaram reviver, sob a forma maçónica, os antigos Mistérios. Numerosos foram os símbolos,
as sequências rituais, que penetraram a tradição maçónica no seu todo e por conseguinte, nos

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seus ritos. Mais explicitamente, os ritos egípcios tentaram materializar e reviver, nos seus
sistemas de Graus, aquilo que receberam como riqueza das tradições do passado. Mas esta
esperança, este ideal, não teve muita expressão, porque opunha dois sistemas de pensamento,
duas formas de ver o Mundo, uma democrática e exotérica, face a uma aristocrática e
esotérica.

Poder-se-á, então, concluir que esta oposição é irredutível e


que todo o confronto entre um e outro, deverá se diabolizado?

Que os antigos Mistérios e a filosofia clássica não trazem


nada à franco-maçonaria de hoje?

Certamente não, e é, sem dúvida, o contrário que é


verdadeiro. Porque esta oposição repousa sobre um desconhecimento dos princípios da
filosofia e do hermetismo, concepção que foi perfeitamente compreendida pelos actores da
Academia de Florença, mesmo quando as circunstâncias os impediram de se exprimirem.
Com efeito, os textos antigos de tradição hermética não convidam à submissão cega a um
princípio, mesmo que divino.

A iniciação não é, de todo, esse influxo que desce sobre este


ou aquele hierofante. Ela é o contrário da expressão da virtude e da inteligência do Homem,
manifestação dessa determinação que lhe permitiu superar o estatuto de animal.

Nós estamos, verdadeiramente, no coração da tradição


maçônica, no que ela tem de mais rico e nobre.

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Ir Pedro Jorge de Alcantara Albani
Membro da Academia Maçônica de Letras de Juiz de Fora e Região
ARLS Montanheses Livres – GOMG
Or de Juiz de Fora/MG

A fraternidade é um dos pilares da Ordem Maçônica, que significa


Irmão, pois se origina da palavra latina frater, por mais difundida que seja em nossa Ordem,
eu sempre perguntei, quantos de nós abriria mão do tempo de convivência familiar para se
dedicar a ajudar um Irmão, não por um momento, mas com um prazo bem maior. Fazendo
destes momentos, momentos eternos de paz, alegria e entrega de energia positiva; ao Irmão
assistido. Mas o Supremo Arquiteto do Universo em sua sabedoria plena, não quis que este
eterno aprendiz passasse por esta vida sem ver e viver, uma grande lição maçônica.

A cada eleição em uma Loja, a Diretoria se renova, alguns poucos


permanecem na Direção, mas a sabedoria do recém Venerável Mestre e testa logo no início,
na escolha dos cargos a serem preenchidos, onde aproveita o que cada um tem de melhor.

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Cada cargo tem sua importância, mas alguns pela característica
devem sempre receber um olhar mais criterioso, um deles é sem sombra de dúvida a do
Hospitaleiro. O Irmão escolhido deve ter um coração transbordando fraternidade, pois é
aquele que na maioria das vezes é o primeiro a entrar em contato com os Irmãos e seus
familiares, quando estes estão passando por alguma dificuldade.

O Venerável Mestre desta Loja em sua sapiência escolheu para o


cargo um jovem Mestre Maçom, de coração puro e proativo, que logo buscou tomar ciência
da situação do público interno, os Irmãos da Loja. Porém um dos Irmãos relatados, que era
Emérito, viúvo, morava sozinho e que, a muito não comparecia a Loja. E por mais que o
futuro Hospitaleiro tenta-se não conseguia lembrar-se do Irmão, mais aceitou de bom grado
a missão.

Primeiro tentou contato telefônico, mas o número estava


desatualizado, não tendo alternativa foi à casa do Irmão Emérito fazer uma visita. Chegando,
se identificou dando um tríplice e fraternal abraço. E puseram a conversar. O Irmão Emérito,
tristemente falou das suas dificuldades de deslocar para as reuniões da Loja, de sua solidão,
após perder a companheira de toda uma vida e a saudade de conviver entre os Irmãos. Entre
um papo e outro o Irmão Emérito falou das partidas de xadrez que jogava com sua esposa,
nos sábados à tarde, e que, desde quando ela partiu para o Oriente Eterno, nunca mais jogou.
Um sentimento de tristeza desenhou em sua face.

Despediram-se, o Irmão Hospitaleiro se prontificou a busca-lo


todas as segundas-feiras para irem juntas as sessões da Loja e até marcaram de visitar outras
Oficinas.

Pensativo o Hospitaleiro ao chegar a sua casa falou do ocorrido à


esposa e que gostaria muito em ajudar o Irmão, sendo incentivado por ela. A noite veio, mas
o sono não, sua cabeça fervilhava em pensamentos, buscando alternativas para trazer a alegria

13
de viver ao Irmão. Até que teve a ideia, jogar xadrez. Como nunca havia jogado recorreu ao
computador, para assim aprender.

Na segunda lá estava à porta do Irmão Emérito, que veio ao


encontro com um enorme sorriso modelando seu rosto, no caminho conversaram, ou
melhor, o Emérito, não parou de falar, da vida, das reuniões, da família, da maçonaria, dentre
outros tantos assuntos, parecia querer recuperar o tempo perdido.

Na Sessão parecia um aprendiz, foi para o interior da Loja para


ajudar a monta-la, abraçava cada um dos Irmãos e se apresentava para aqueles que não o
conhecia, seu sorriso era cheio de luz.

Na volta o Hospitaleiro falou que estaria lá,


no sábado acompanhado da esposa para uma partida de
xadrez. O velho Irmão deixou que de seu sorriso escapa-se
uma lágrima de felicidade.

Como marcado no sábado


jogaram até o sono dominar seus corpos, e como estava
feliz o Irmão, parecia que seus assuntos brotavam pelos
poros, falava sem para, mas cada palavra era modelada
de uma enorme sabedoria. E a cada encontro quem
parecia ganhar era o Irmão Emérito, que recebia um
banquete maçônico de conhecimento. Um sábado puxava o
outro e muitos encontros se sucederam.

Na Loja os Irmãos eram contaminados pela energia do Irmão


Emérito, que conquistava a todos por sua alegria. Porém o tempo trás sorrisos, alegrias, mas
também nuvens de tempestades, que podem cobrir a vida. Como de costume na segunda lá
estava o Irmão a frente da porta, por mais que tocasse a campainha a porta teimava em não
abrir. Olhando pela janela viu o Irmão Emérito de avental na mão com um enorme sorriso,
sentado, porém a vida havia partido do seu corpo.

Os Irmãos da Loja logo se fizeram presentes, para se despedirem


do Irmão, o sorriso no rosto do Irmão Emérito não o abandonou, não lembrava nada daquele
que recebeu outrora o Irmão Hospitaleiro.

Na primeira reunião após o ocorrido, um sentimento de saudade


se fez presente, porém quem mais parecia abatido era o Irmão Hospitaleiro, tentando
confortá-lo e sabendo dos jogos de xadrez, um dos Irmãos tomou a iniciativa de convida-lo
para jogarem. O Irmão Hospitaleiro então falou que nunca gostou de jogar xadrez, e que era
uma desculpa que ele tinha para estar ao lado do Irmão Emérito, e aprender a
verdadeiramente o sentido da fraternidade.

14
Ir Newton Agrella
ARLS Estrela do Brasil nº 3214
ARLS XV de Setembro Paulistana nº 7012
(Rito de York Americano)
Grande Oriente de São Paulo – GOSP
Or de São Paulo/SP

É indiscutível que cada palavra tem um peso, e traz consigo uma


consistência e um significado todo seu.

A maneira como deixamos as palavras fluírem de nossa boca


robustece sua essência.

15
Exemplo interessante disso é o termo "gratidão", belíssima palavra
da nossa língua portuguesa, que expressa uma emoção de reconhecimento a algo de bom que
tenha ocorrido conosco.

Esse substantivo exprime a sensação e a experiência de uma graça


ou de um favor recebido e que nos enche de alegria.

Gratidão, pronuncia-se com o coração, com a alma aberta.

Ela é simplesmente a experimentação e a emoção manifestada por


uma graça recebida, que não impõe contrapartida, cobrança ou quaisquer interesses escusos.

Contudo, caminhando do outro lado da calçada, deparamo-nos


com o termo "obrigado(a)", que pela sua própria etimologia, remete-nos à ideia de a uma
obrigação.

É claro que estamos transitando pelo universo semântico, portanto,


filosoficamente, ao utilizarmos a expressão "obrigado", em tese, passaria a existir uma
obrigação de retribuição ao que foi recebido.

É óbvio, que num contexto de linguagem informal, na nossa língua


"obrigado" simplesmente revela um modo cortês e fluido de comportamento civilizado e de
respeito entre as pessoas por uma troca de favores ou de atitudes.
E assim deve ser.

Portanto, vale a pena nos questionarmos, até que ponto, quando de


uma ação efêmera, trivial e circunstancial é cabível respondermos ao nosso interlocutor:
"Gratidão" ao invés de um recorrente "Obrigado".

16
De qualquer forma, é vida que segue, e fica aqui um sentimento de
"gratidão", por podermos compartilhar experiências e um "obrigado" para quem teve a
paciência de ler...

17
Ir Dermivaldo Collinett
ARLS Rui Barbosa nº 46
Grande Loja Maçônica de Minas Gerais – GLMMG
Or de São Lourenço/MG

Deus disse: "Que haja luzeiros no firmamento do céu


para separar o dia e a noite; o grande luzeiro para governar o
dia e o pequeno luzeiro para governar a noite, e as estrelas".
(Gên. 1:14 e 16)

Como é do conhecimento de todos os irmãos, nosso local de


reunião denomina-se Templo, que tem a forma de um retângulo e simbolicamente tem
comprimento do Oriente ao Ocidente, largura do Norte ao Sul, profundidade da superfície
ao centro da Terra e altura da Terra ao Céu, sendo que está tão vasta extensão do Templo
simboliza o Universo e a universalidade da Maçonaria e nossa oficina interior. Assim, como
o Templo representa o Macrocosmo, nós somos o Microcosmo.

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Entre os vários símbolos de nossa Ordem, temos a Abóboda
Celeste, que decora o teto de nossa Loja, na cor azul com nuvens brancos e diversos astros,
entre os quais os Planetas, cada um representando um cargo em Loja: É a representação do
firmamento celeste, ou seja, do Grande Arquiteto do Universo. Tem também como função
mística a produzir energia e contemplação e meditação.

A essa Abóboda Celeste foram destinados os mais ricos


ensinamentos, que com sua forma e desenhos, simbolizam as grandezas do Universo, sendo
que, a colocação dos Astros, variam de rito para rito, sendo que o que vamos tratar neste
trabalho, vai ser o colocado no Templos da Grande Loja de Minas Gerais.

Do Oriente para o Ocidente e de Norte para o Sul (existem


pequenas variações conforme o Rito e a Potência Maçônica), temos 17 astros, dos quais 16
deles estão com seus nomes especificados nos Rituais e um inominado. São eles: Sol,
Mercúrio, Júpiter, Spica, Aldebaran, Híadas, Plêiades, Orion, Formalhaut, ao lado a Estrela
sem nome, Saturno. Ursa Maior, Arcturus, Regullus, Antares, Vênus e Lua.
Pois bem, agora faremos uma analogia entre a Abóboda Celeste, existente no teto de nossa
Loja, os respectivos cargos em Loja.

SOL: Na mitologia grega era Hélios, ou Apolo dos romanos.


Estrela de 4ª grandeza, fonte de luz e vida em nosso planeta, na posição mais oriental,
representa o Venerável Mestre. É o símbolo do Deus único. Ele encontra-se também no
painel do Aprendiz, no avental do Mestre Instalado, como símbolo da Luz celestial.

MERCÚRIO: O deus Hermes dos gregos, o mensageiro dos


deuses, o menor e mais rápido dos planetas, carregava um bastão, com duas serpentes
enroladas. Por sua posição no Oriente, próximo e a direita do Sol (Venerável Mestre), e
suas atribuições, representa o Primeiro Diácono.

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JÚPITER: O deus Zeus dos gregos é o maior dos planetas do
sistema solar, posicionado no Oriente. Ele é o guardião da estabilidade que se deve ter em
Loja. Representa o Ex-Venerável.

SPICA: Espiga é a mais brilhante das estrelas da constelação de


Virgem. Na verdade, são duas estrelas que rotacionam entre si, mas a velocidade e o espaço
entre elas são tão reduzidos que a olho nu parecem ser uma única estrela. Representa o
cargo de Secretário;

ALDEBARAN: Nome que provém do árabe “al-dabarãn”, que


significa “aquele que segue” ou “olho do touro”. Na Grécia antiga era conhecida como
“tocha” ou “facho”. É uma estrela de primeira magnitude e a mais brilhante da constelação
de Touro. Representa o cargo de Tesoureiro;

HÍADES: Na mitologia grega, as Híades eram ninfas filhas de Atlas


e Etra. As Híades são um aglomerado estelar da constelação de Touro. As cinco estrelas do
aglomerado representam os Companheiros;

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PLÊIADES: Na mitologia grega as Plêiades eram as sete filhas de
Atlas e Peione (Electra, Maia, Taigete, Alcione, Celeno, Asterope e Mérope). Peione,
quando atravessava a Beócia com suas sete filhas, foi perseguida pelo caçador Órions por
sete anos e Júpiter, com pena delas, apontou um caminho até as estrelas e elas formaram a
cauda da constelação de Touro. Tal como as Híadas, é um aglomerado estelar da
constelação de Touro, um grupo de estrelas visível nos dois hemisférios, também conhecidas
como Sete Irmãs ou Sete Cabrinhas. Pela numerologia do número sete, encontrada inclusive
na mitologia grega, representam os Mestres;

ÓRION: Na mitologia grega, Órion é o herói amado por Ártemis


(Diana dos Romanos), ambos grandes caçadores. Apolo, irmão de Ártemis, por não aprovar
o romance entre os dois envia um escorpião para matá-lo e Ártemis, tentando acertar o
escorpião, acaba atingindo Órion. Em meio às lágrimas, Ártemis pede a Zeus para colocar
Órion e o escorpião entre as estrelas. Órion é uma constelação do equador celeste, com
estrelas brilhantes e visíveis em ambos os hemisférios. Das estrelas que compõem a
constelação, três são as mais visíveis, formando o cinturão de Órion, no centro da
constelação e popularmente conhecidas como “As Três Marias”. Pela numerologia do grau,
Órion com suas “Três Marias” representa o Aprendiz;

URSA MAIOR: A Ursa Maior é uma grande e famosa constelação


do hemisfério norte, situada próximo ao Polo Norte. No Egito antigo a constelação era
colocada dentro de um grupo maior de estrelas e a desenhavam como uma procissão com
um touro puxando um homem deitado, havendo a interpretação de que seria Osíris morto,
com sua viúva Ísis e o filho da viúva Hórus em procissão. A interpretação maçônica seria
que representa a Lenda de Hiram;

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FORMALHAUT: Palavra de origem árabe que significa “boca do
peixe”. É conhecida também como Alpha Piscius Austrinis, a estrela mais brilhante da
constelação de Peixes. Corresponde ao cargo de Chanceler;

SATURNO: Na mitologia grega – Cronos - É o sexto planeta do


sistema solar e possui 15 satélites, dos quais somente 9 eram conhecidos quando os Rituais
foram elaborados.

Saturno representa a Cadeia de União, seus 3 anéis representam os


3 Graus Simbólicos e seus nove satélites representam os cargos de Venerável Mestre,
Primeiro Vigilante, Segundo Vigilante, Orador, Secretário, Tesoureiro, Chanceler, Mestre
de Cerimônias e Cobridor Interno. Na Loja representa o Cobridor Externo.

RÉGULUS: Significa “pequeno rei”, “regente” em latim e já foi


conhecida como “Cor Leonis” (em latim) e “Qaib al-Asad” (em árabe), que significam
“Coração de Leão” em virtude da brilhante posição que ocupa na constelação de Leão,
sempre mantendo a posição de comando e direção. Como Régulus é o “regente”,
corresponde ao cargo de Mestre de Cerimônias.

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ARCTURUS: Na mitologia grega, Arcturus é o ateniense Icário,
que recebeu o segredo da elaboração do vinho e ofereceu a pastores que, acreditando terem
sido envenenados, mataram Icário. Seu cão Maera ficou latindo sobre o corpo morto de seu
dono, chamando a atenção de sua filha virgem Erigone, que se enforcou. Houve então uma
praga que afligiu as mulheres atenienses que só foi aplacada quando os assassinos foram
punidos e se instituiu um festival em homenagem a Icário e Erigone. Os deuses então
transformaram ambos em estrelas: Erigone virou a constelação de Virgem e Icário a estrela
Arcturus, a mais brilhante da constelação do Boiero e a quarta estrela mais brilhante do céu
noturno. Corresponde ao cargo do Orador.

VÊNUS: Ou Afrodite a Deusa da Beleza e do Amor dos gregos


antigos. Segundo planeta do sistema solar e o mais próximo da Terra. É conhecido também
como Estrela Vésper, Estrela da Manhã, ou Estrela Dalva. Como está próximo da Lua
(Primeiro Vigilante), representa o Segundo Diácono.

LUA: O satélite da Terra, por sua localização na Abóboda Celeste,


corresponde ao Primeiro Vigilante. Ela sempre esteve representada nas escolas dos antigos
mistérios, era a Deusa grega Selene, ou Luna dos romanos. Deusa Isis, mãe de Hórus e
esposa de Osíris. Na loja aparece acima do Altar do Segundo Vigilante, e no painel do
Aprendiz.

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ANTARES: Nome proveniente de Anti-Ares (Anti-Marte) por se
assemelhar, rivalizando com seu tamanho, cor avermelhada e brilho, ao planeta Marte. Para
os antigos persas (3000 a.C.) era uma das estrelas guardiãs do céu. Corresponde ao Cobridor
Interno.

ESTRELA SEM NOME: É o único astro sem estar nominado nos


Rituais. É a Estrela Pitagórica ou Pentagrama ou Pentalfa e, por sua posição no Sul, é
interpretada como sendo a Estrela Flamígera, que é um símbolo privativo do Grau de
Companheiro. Representa, por sua posição, o Segundo Vigilante.

Temos então a seguinte correspondência:

Venerável Mestre (Sol)


1º Vigilante (Lua)
2º Vigilante (Estrela Flamígera)
Orador (Arcturus)
Secretário (Spica)
Tesoureiro (Aldebaran)
Chanceler (Formalhaut)
Mestre de Cerimônias (Régulus)
Cobridor Interno (Antares)
1º Diácono (Mercúrio)
2º Diácono (Vênus)
Ex Venerável (Júpiter)
Mestres (Plêiades)
Companheiros (Híades)
Aprendizes (Órion)
Cadeia de União (Saturno)
Ursa Maior (Lenda do Grau de Mestre)

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Podemos notar, que falta em nosso céu, além de Urano (Céu),
Netuno (Poseidon) e Plutão (Hades), já que estes planetas, não são vistos a olho nu, a Terra
(o próprio Templo) e Marte. Os três primeiros por não serem vistos a olho nu, portanto,
fora da simbologia de nossa Ordem. A Terra por representar o nosso Templo. Mas e Marte,
que está tão próximo da Terra, não está representado em nosso Templo? É que na mitologia
grega, Marte ou Ares é o deus da guerra e evidentemente não poderia estar na Abóboda
Celeste Maçônica, visto que, visamos a paz, a harmonia e a concórdia universal, portanto,
ele não pode ser representado. Então, pode-se dizer que, simbolicamente, Marte está do
lado de fora do Templo, ambiente profano de incompreensões, lutas e tumultos, sendo que
ele representa o Cobridor Externo.

Apesar desse nosso céu, representado em nossos Templos, ser o


do Hemisfério Norte, pois o no Hemisfério Sul ele é diferente, isso não tira o simbolismo
e a magia que devemos ter quando contemplado e visualiza-lo.

BIBLIOGRAFIA

Do livro Dicionário de Símbolos Maçônicos: Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre


do Ir Almir Sant’Anna Cruz

A Maçonaria e sua Herança Hebraica O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica


José Castellani – Editora A Trolha Alex Horne – Editora Pensamento

Maçonaria e Astrologia A Herança Espiritual do Egito Antigo José Castellani – Editora


Madras Christian Larré – Ed. Biblioteca Rosacruz

Origens do Misticismo na Maçonaria Ministério do Homem-Espírito José Castellani –


Traço Editora Louis Claude Saint Martin - Ed. Biblioteca Rosacruz

O Esoterismo na Ritualística Maçônica Eduardo Carvalho Monteiro – Editora Madras


A Corrente da Fraternidade Rizzardo Da Camino – Ícone Editora

25
Ir Adriano Viégas Medeiros
ARLS Labor e Concórdia, nº 146
Grande Oriente de Santa Catarina - GOSC
Or de Lajes/SC

1. INTRODUÇÃO

Quando recebemos as instruções maçônicas dentro de loja estamos


caminhando em direção ao saber, mas devemos nos ater que o ato de aprender também é
um ato de humildade, reconhecer que podemos adquirir aquilo que nos falta com aqueles
que podem nos entregar o que sabem.

Também ensinar é um ato de generosidade, a comunhão do saber


é um ato de caridade, compartilhar conhecimento e ser generoso no ato de repassar aquilo
com graça e respeito pelos nossos irmãos que estão ali para também caminhar em busca da
sua melhor condição humana.

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Esta simbologia, por vezes, não é notada, mas em loja devemos
entender que ela é representada pela força e pela graça das colunas que estão ali em forma
de cargos, nos dão ensinamentos, nos mostram valores, nos indicam rumos e quando passam
instruções, tais ornamentos são referência de como devemos agir dentro da sublime ordem.

Normalmente alguns ritos apresentam maior destaque para as


colunas, já que estas são alfaias de loja, no REAA são parte do templo, servindo como
emblema e posterior elemento de instrução para o iniciado, no rito de York não empregamos
o uso físico destes elementos em loja, ou seja, não aparece nas paredes, mas sim temos uma
forte ligação com tais colunas quando olhamos para nossos irmãos que estão ali trabalhando.

As figuras do V M, 1º e 2º VVig são sim colunas e devemos


notar neles todos os recamos, informações e atividades de uma simbologia perfeita para que
possamos caminhar com qualidade nos conhecimentos da ordem, cabe ao iniciado deste rito
entender tais circunstâncias de uso das alegorias e também aos poucos tomando
entendimento sobre a simbologia histórica de tais colunas que desde seu período mais remoto
até hoje servem de base para o bom andamento da maçonaria.

A Sabedoria a Força e a Beleza são bases importantes que acabam


por manter uma loja funcionando com graça e com harmonia, sendo assim não podemos
olhar para tais colunas como um mero cargo, mas como exemplos de ações, atitudes e
trabalho que são profícuos e que nos levam a garantir o futuro da ordem e o bom andamento
e harmonia dor irmãos.

Simbolicamente o abrir e fechar de uma loja estando escorados


nestas três colunas nos mostram o bom andamento do desenvolvimento da ordem do mundo,
os obreiros ali dispostos estão amparados pela força que fazem as colunas, para manter em
pé e a ordem, sendo assim vamos observar uma reflexão histórica e maçônica sobre estes três
cargos e como no rito de York eles contribuem para o desenvolvimento maçônico.

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2. O PODER DAS COLUNAS.

A loja é sustentada por três grandes pilares, as três colunas são


basilares, Sabedoria, Força e Beleza, não sendo empregados somente para ornamento de um
templo, mas para reconhecimento de trabalhos e mudança de perspectiva de um obreiro.

Tais pilares são os três principais oficiais de loja, a sabedoria é o


V M, disposto no Leste, deve ter sabedoria para abrir e governar a loja, o pilar da Força
é o 1º Vig, no Oeste, cujo dever é assistir o V M na execução dos trabalhos e deveres
e o pilar da Beleza é o 2º Vig, no Sul, cujo dever é chamar os obreiros do trabalho para o
descanso, observando para que não possa ocorrer intemperança e verificar que eles retornem
ao trabalho no devido tempo, segundo o manual (GOSC).

Para que possamos aprender devemos romper com alguns hábitos,


devemos abrir mão da falta de vontade e principalmente estar dispostos ao dever de entender,
por este fato que a sabedoria a força e a beleza são emblemas e devem ser vistos de forma
alegórica, simbólica, normalmente quando fora do contexto podemos não entender ou
desligar tais saberes, mas em se tratando de maçonaria, quando estamos dispostos, estas
alegorias fazem muito sentido para os irmãos.

Estando entre as colunas de trabalho estamos criando saberes e


aprendendo conceitos fundamentais para o avanço moral e ético, uma vez que tais cargos são
balizas, são responsabilidades e que além disto dão instruções para os iniciados que ali estão
observando tudo como se um espelho diante deles estivesse por refletir tudo de melhor
dentro do contexto de uma formação positiva para a maçonaria.

Sendo elas uma tríade, devem se manter em conjunto, ou seja, o


trabalho em loja, para o bem de todos não é responsabilidade de um único cargo, eles estão
ali executando atividades e colocando o que há de melhor em suas atribuições para formar
uma profícua desenvoltura de trabalhos e que os outros irmãos possam se espelhar ou se
moldar de acordo com cada uma destas funções.

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É fato que os cargos ou funções são exercidos por homens, falhos
por natureza, mas entendendo tal alegoria ou simbologia devem buscar lapidar suas ações e
executar suas tarefas com esmero, o apuro e a perfeição desde o uso da palavra e também do
emprego da simbologia com as ferramentas nas instruções cabe aos cargos representados por
colunas, atribuindo assim aos outros irmãos novos conhecimentos.

Denota assim responsabilidade sobre aquele que representa uma


destas colunas, sim este que ali está é não somente um dos maçons de tal loja, mas também
uma força que sustenta a egrégora, os trabalhos, alinha o pensamento e contribui de forma
pesada para os frutos do pensamento e da atividade que deve ser feita nesta oficina.

Estas três colunas são poderosas e como tal são também


responsáveis pela perseverança, pois se estas colunas se abaterem abatemos o que nos define
em loja, nossa base de trabalho.

2.1. A mitologia.

De acordo com o estudo histórico o Templo do Rei Salomão era


adornado com colunas, sendo um templo justo e perfeito ele era desmembrado em partes e
cada uma das colunas tinha uma representatividade muito forte onde além do próprio rei
somente os construtores que tinham conhecimento poderiam destacar os motivos de tal
divisão.

Empregando o estudo mitológico e aplicando estas informações


dentro da ordem maçônica podemos fazer uma referência aos deuses gregos e suas
características para a distribuição de tais colunas, entendendo assim por qual motivo cada uma
delas está associada a cada cargo dentro de loja.

O maçom é originalmente um construtor, sabemos que antes de ser


um homem de reflexão ele era um trabalhador da pedra, mas ao iniciar nos estudos filosóficos
foram colocando uma série de simbologias que podemos ainda hoje relacionar, alguns ritos
são mais incisivos, aplicando fisicamente no templo tais ornamentos, não é o caso do Rito de
York, mas não podemos deixar de elencar tais informações.

Na Grécia as antigas construções foram baseadas no estudo da


precisão matemática, sendo que esta arte era vista como uma relação do homem
com Deus, o número era uma forma de expressar grandezas, mas também a
vontade dos deuses.

A coluna Jônica é conhecida como a coluna do V M, fica


disposta no Leste, este fato é marcado dentro da questão mitológica grega
justamente porque a Deusa Atena era a Deusa da sabedoria e seus templos foram
erigidos com tal coluna, notamos que no alto de tal coluna uma representação de
ordem como pergaminhos, outro ponto importante é que tal coluna era colocada
sobre o terceiro degrau no templo, destacando superioridade e maior apoio
perante outras colunas.

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A segunda coluna de ordem Dórica representa o 1º
Vig, indica Força e está disposta diretamente ao solo, não apresenta grandes
ornamentos, mas emprega robusto trabalho de sustentação, sendo diretamente
ligada ao semideus Hércules, este fez todos os trabalhos indicados pelos deuses,
cumprindo assim com suas obrigações e mostrando que era digno de honra e
respeito por parte do panteão.

A terceira coluna representa a Beleza, sendo a


coluna da ordem Coríntia, está colocada ao Sul, representada pelo 2º
Vig, na mitologia grega está empregada na relação com a deusa
Afrodite, sendo designada tal coluna pela sua beleza, mas devemos
entender que esta beleza é na verdade a metáfora da harmonia ou da
beleza das ações humanas.

Cada uma destas colunas nos indica responsabilidades e obrigações


dentro das atribuições dos cargos, a coluna Jônica nos chama para a sabedoria de nossas
atividades e atitudes, sempre em pé e nos colocando em formação de dignidade e humildade
para elevação da mente, a coluna Dórica nos mostra que a força é importante para perseverar
no trabalho e nas atitudes positivas e a coluna Coríntia nos mostra a beleza de termos
harmonia e zelo pelas atividades.

2.2. Construção histórica.

A ordem jônica é uma das ordens arquitetônicas clássicas, é


caracterizada por capitel ornado com duas volutas laterais, uma altura referente a nove vezes
maior que o seu diâmetro. A Ordem Jônica surge a Leste da Grécia oriental e seria, por volta
de 450 a.C., adotada também por Atenas.

Em Atena a ordem era respeitar o pensamento, não é nenhum


mistério ou surpresa observar que desta cidade vinham as melhores atividades científicas da
época, também desta sociedade a política tomou diferentes rumos, sendo a referência dos
pensadores, ali nasceu a responsabilidade de comando e quando a Grécia entrou em guerra
contra outros grupos tal sociedade assumiu o poder e a ordem de seu povo, sendo a mente
pensante e dando diretrizes para novos rumos.

Na ordem Dórica a coluna é simples e não possui base ou degraus.


As colunas geralmente tinham estátuas de deuses ou heróis no topo, sendo a ordem mais
antiga, supostamente definida em suas características principais entre 600 e 550 a.C., época
dos mais antigos vestígios de templos gregos conhecidos, O termo “dórico” é relativo aos
dórios, povo que ocupou a Grécia Peninsular, a península de Peloponeso, a partir de 1.200
a.C., onde se originou esta ordem.

Os Dóricos eram um povo militar, trabalhavam com força e sempre


mantiveram lutas e ordem entre seus seguidores, é importante destacar que a forma de

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construção reflete os ideais de trabalho, força e objetividade nas ações, eles respeitavam os
deuses, mas também mantinha uma ação fidedigna com a perseverança, tendo como meta
vencer, a obstinação de construir e criar com coragem suas atividades se refletia em tal forma
de construção nos templos.

A ordem coríntia nasceu através do "enriquecimento decorativo" da


ordem jônica. A ordem coríntia tem como características: a existência de uma base mais
trabalhada do que as anteriores, de um capitel representado na forma de sino invertido,
constituído por duas filas de folhas de acanto que se encontram ainda muito estilizadas, com
as pontas recurvadas para fora, encimadas por quatro pequenas volutas nos cantos, de modo
a simbolizar a ambição, a riqueza e o poder.

A cidade de Coríntio era uma das mais preocupadas com a


harmonia e com o respeito aos deuses gregos, elevaram suas colunas e sempre mantiveram
templos para Zeus, a ideia era manter uma harmonia e uma beleza para o bem de seu povo
em relação a vontade dos deuses, isto denota a busca pela temperança, fazendo o povo viver
em forma de harmonia ou zelo por tudo que é sagrado e belo.

3. CONCLUSÃO

Três pilares que bancam o desenvolvimento de uma oficina, são tão


fortes e profícuos e ao mesmo tempo tão perigosos, sim devemos imaginar que se mal
instalados podem ruir e desfazer o trabalho de todos em uma oficina, mas quando
solidificados só aumentam o poder daqueles que ali se encontram pelo bem comum.

Devemos considerar também junto dos pilares Sabedoria, Força e


Beleza, mais três aspectos deveras importante que são a Fé a Esperança e a Caridade, onde
cada um destes elementos está intimamente ligado ao poder de cada cargo, se não, não seriam
majestosamente orquestrados no plano maçônico como elementos de trabalho.

A Sabedoria pede Fé para que possamos entender e acreditar na


possibilidade de agir com vontade, aplicar os novos pensamentos e construir novos rumos
para o avanço dos trabalhos e das atitudes e ações de todos, sempre direcionados pelas
palavras e atitudes do VM.

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A Força deve ser mesclada com a esperança de conseguir aplicar
aquilo que é importante, fazer uma atividade depende não só de um cargo, mas da forma
como ele pode levar todos ao processo de trabalho, tendo esperança pode manter a chama
da vontade nos irmãos e seguir com destreza encaminhando todos nesta jornada de evolução.

Já a Beleza deve ser unida com a caridade, ser dedicado aos irmãos,
a beleza de ter harmonia, a caridade de se ofertar em singelo aspecto de contribuição,
mantendo a ordem e ofertando parcimônia em suas ações, demonstrando que todos devemos
nos recriar, devemos desbastar nossa pedra bruta e na nossa beleza interior observar que com
caridade de boas ações podemos contribuir pelo bem do coletivo.

Os irmãos que seguem os trabalhos no Rito de York devem tem


em mente que o simbolismo não precisa estar colocado materialmente diante deles, mas que
cada um deve ter tenência sobre seu conhecimento e sua observação diante dos cargos em
loja, sendo que as três colunas são muito mais que adornos ou simples funções, são elas que
nos orientam, nos conduzem e podem nos ajudar em momentos de necessidade para nossa
evolução e união dentro da instituição Franco-Maçonaria.

32
4. BIBLIOGRAFIA:

1. ASLAN. Nicola, GRANDE DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MAÇONARIA E


SIMBOLOGIA. Rio de Janeiro: Ed. Maçônica A Trolha, 2012.

2. CASTRO. Boanerges Barbosa de, O Templo Maçônico e seu Simbolismo. Rio de Janeiro:
Ed. Aurora, 1980.

3. Dyer. Colin F. W., O simbolismo na maçonaria. São Paulo. Madras, 2010.

4. GUIMARÃES. João Francisco. Cartilha maçônica: antigos conceitos, com novas


abordagens para o Século XXI. São Paulo. Madras, 2010.

5. Loja Frank Marshall nº 170. Rito de York: o rito americano das blues Lodjes – volume 1:
grau de aprendiz admitido. / Loja Frank Marshall nº 170. – Londrina: Ed. Maçônica “A
TROLHA”, 2016.

6. LOMAS. Robert, O poder secreto dos símbolos maçônicos. São Paulo. Madras, 2018.

7. Proença. Graça, História da Arte. Editora Ática, 2010.

8. O Prumo 1970 – 2010: Coletânia de artigos: Grau 1 – aprendiz / [pesquisa : Wilmar


Silveira]. Florianópolis: GOSC, 2010. 2v.

9. Ribeiro, J. G. da C. Ritual de Aprendiz – Rito de YORK / Grande Oriente de Santa


Catarina, 2010.

33
Ir Osvaldo Novaes
ARLS Fraternidade Sergipense n° 11 - GLMESE - Or do Aracaju/SE
ARLS Aquibadan nº 52 – GLEB - Or de Salvador/BA
Membro Correspondente da
Academia Maçônica Sergipana de Artes, Ciências e Letras

Por que morre um Maçom?

“E o pó volte à terra como o era, e o Espírito volte a Deus


que o deu.” Ecles 2:7
“... porquanto és pó, e ao pó tornarás.” Gên 3:19

Na leitura do Livro da Lei, o Maçom atento encontrará as respostas


à indagação acima. Também achará resposta numa simples afirmação que nos chega à
inteligência diante dos eventos – mortes – que ocorrem todos os dias, milênio após milênio.
Tal afirmação é curial, não tem contestação e é facilmente compreendida, pois, todas as
religiões, todos os povos da Humanidade na Terra, todas as organizações sociais, sem
preocupações de fronteiras e de raças, sabem que:

34
1 – Sendo os homens (incluindo, claro, os Maçons) mortais e
sujeitos ao perecimento físico, um dia morrerão;

2 – A denominação imortal em algumas instituições humanas diz


respeito à lembrança, à permanência, à inesquecível criação do homem nas Artes, Ciências e
Letras, mas não à imortalidade do ser humano, seja ele escritor, músico, cientista, escultor,
ou dedicado pai de família.

Ora, se somos mortais, nada mais natural quanto a morrer, falecer,


passar para o Oriente Eterno (Maçonaria), desencarnar (Doutrina Espírita), passar pela
Transição (Rosacruzes). O Maçom morre porque é de sua natureza, de sua vida material.
Não sendo eterno, o Maçom morre enquanto matéria, permanecendo-lhe uma centelha
divina à qual chamamos Alma ou Espírito, Essência Superior ou Ente Transcendental.

Lembremo-nos, para espantar tristeza ou sofrimento quando morre


um Maçom, que também morreram imperadores, Papas, reis, cientistas, milionários,
estadistas, pobres e estropiados, mulheres belas e simples donas-de-casa. Criadores de obras
artísticas – artes, ciências, letras – que se constituem em legado imortal (aí, sim, imortal é bem
empregado) na lembrança das pessoas, para alegria das mesmas e edificação daquela
Humanidade Feliz tão sonhada pela Maçonaria Universal, meta dos Maçons em todos os
tempos e lugares onde se fez presente.

Nas minhas palestras sobre este tema, começo perguntando:


“Quem tem medo de morrer?”, ao que uns respondem erguendo a mão, outros se
movimentam nas cadeiras hesitantes (timidez, vergonha?), uns poucos ficam como estavam.
Logo, calmamente, digo aos presentes: “Não adianta, vocês vão morrer mais cedo ou mais
tarde, de uma forma ou de outra”. Talvez tenham se esquecido das lições da Câmara de
Reflexões:

“Se queres bem empregar a tua vida, pensa na morte; somos pó e


ao pó tornaremos.”

Além do seu aspecto temido por muitos Maçons, o que se fala sobre
a morte?

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Sócrates: “Os verdadeiros filósofos preparam-se
para morrer, e a morte não lhes parece tenebrosa.”

Gabriel Delanne: “A morte é uma parada na


longa estrada da eternidade.”

Camille Flammarion: “Nada nasce, nada morre.


Só a forma é perecível. Só a substância é imortal. Nada
se cria, nada se perde.”

Francisco de Assis: “Louvado seja, meu Senhor,


por nossa irmã a morte corporal da qual nenhum
homem pode escapar.”

No Egito, a morte implicava no infalível julgamento de Osíris,


quando era pesado o coração do morto num prato da balança, enquanto o outro recebia a
pena levíssima – a verdade, Maat –, e ai! daquele cujo coração pesava mais do que a suave
pena.

Na Índia, quando morria o marido, seu corpo era colocado numa


pira para ser queimado, incinerado. Ao seu lado estava a esposa, viva, também a ser
queimada. Um costume que os ingleses aboliram quando dominavam o país.

Índios Kaingang, no Rio Grande do Sul, colocavam na urna


funerária do falecido alguns apetrechos pessoais para o acompanhar na viagem ao Além. No
México, no Dia de Finados, as pessoas fazem festas para os mortos com almoço, músicas,
“conversação com as almas dos falecidos”, retirada e lavagem dos ossos.

No filme “O Sétimo Selo”, do sueco Ingmar Bergman, um


Cavaleiro Templário retornando das Cruzadas, joga xadrez com a Morte enquanto aguarda
sua vez para a última jornada. Claro que chega a hora e aí, adivinha quem ganha o jogo?

36
A Maçonaria registra o ensinamento de que é necessário morrer
para novo renascimento, nova criatura, nova trajetória de vida em busca do aperfeiçoamento,
tal como também ensina a Doutrina Espírita.

“A Maçonaria não presta culto aos mortos, porque não


considera um de seus membros que falece como um ser que
desaparece. Crê numa vida futura, num além glorioso, o qual
denomina Oriente Eterno.” Dicionário Maçônico, Rizzardo da
Camino, Ed. Madras.

Mas, com as lições recebidas desde o ingresso na Ordem Maçônica,


ainda assim alguns Maçons não apenas temem a morte, mas fazem dela motivo para as suas
angústias existenciais, suas preocupações cotidianas. E pior: a grande força do temor da morte
se deve à mente ocupada com o destino daquilo que ele chama “meus bens, minha família,
meu dinheiro, minhas vantagens públicas”, apesar de saber que TUDO lhe foi destinado com
finalidade superior, TUDO lhe foi dado em empréstimo para uso, aplicação útil, proveitosa
em seu favor, de seu próximo, da Humanidade. Nada lhe pertencia realmente (nasceu nu,
sem qualquer ornamento), tinha hoje e poderia perder amanhã. Desejou juntar tesouros na
Terra em vez de o fazer na vida espiritual, superior, como foi recomendado por Jesus, o
Cristo, em Mateus 6:19,20.

No entanto, a morte ainda assombra muitos Maçons, embora


professem um aprendizado de crença/aceitação de uma vida além da vida – Oriente Eterno
– bem como de renascimento (reencarnação, talvez?) do Espírito como uma forma de
trabalhar e progredir, fazendo jus ao aumento de salário que merecer conforme seu
progresso. Para o Ir Allan Kardec, em o “Livro dos Espíritos”, os seus irmãos espirituais
ensinaram, respondendo a uma pergunta – 961, feita por ele:

“No momento da morte, qual o sentimento que domina a


maioria dos homens: a dúvida, o temor, ou a esperança?”

Resp – A dúvida nos cépticos empedernidos, o temor nos


culpados; a esperança nos homens de bem.”

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ONDE SE ENQUADRAM OS MAÇONS?

Ainda o Ir Luciano Urpia, no seu trabalho “Reflexão sobre a


morte”, nos ensina que:

"Nós, os maçons, não somos adeptos desses


comportamentos (refere-se à não comentar ou ignorar a morte).
Como somos seres humanos mortais, sujeitos às injunções da
matéria, é até compreensível que sintamos um certo temor perante
a morte. Mas, ser indiferente a ela ou ignorá-la, isso jamais
deveremos fazê-lo.”

O Maçom vive para, aos poucos, subindo a notória Escada de Jacó,


preparar-se para o morrer, o desencarnar (“a carne se desprende dos ossos”), o viajar para o
Oriente Eterno. Muitos já passaram por esse processo. Quem sabe quantos o enfrentaram
com serenidade? Dizem que o poeta alemão Goethe, prestes a desencarnar, exclamava: “Luz,
mais luz!” Outro escritor, no seu instante final, disse à recém chegada: “Por que demoraste
tanto?”. Eis que em todos os tempos, os homens, Maçons inclusive, ora calmamente, ora de
forma agitada, deixaram o corpo físico destinado ao pó e voltaram à pátria espiritual, ao
Oriente Eterno.

O Maçom, perante a morte, poderá se valer do ensino trazido pelo


Espírito Emmanuel para Francisco Cândido Xavier quando este, a bordo de avião, e diante
de turbulências, assustava os passageiros falando: “Emmanuel, vamos morrer!” O nobre
Espírito então disse: “É possível, mas ao menos procure morrer com alguma dignidade.”

É verdade que a morte é mistério, as mentes não absorveram seu


significado e sua necessidade, sua inapelável ocorrência. “Escapou de morte certa”, dizem ao
saber de alguém que escapou de grave acidente; “Não era sua hora de morrer”, já
reconhecendo que até morrer tem tempo certo no curso da Natureza. E dizem mais quando
alguém se recupera de doença tida como letal: “Deus escreve certo por linhas tortas” como

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se o Grande Arquiteto do Universo, o Grande Geômetra, fosse analfabeto, não soubesse
ler/escrever. Nós, ignorantes, não sabemos ler/interpretar a escrita do Senhor dos Mundos,
mas nos mantemos indiferentes ou ignorantes do que resulta pagamento oneroso em nossa
trajetória de homem/Espírito.

Pensemos mais na Acácia, não nos detendo em suas variedades –


Acácia Negra, Acácia Amarela, etc. Ora, ela significa inocência; morte e renascimento;
emblema solar, indestrutibilidade, não perecimento; imortalidade da alma. Lemos em
Rizzardo da Camino, op. citada: “É a lição mestre da Maçonaria: “A vida ergue-se do túmulo
para jamais tornar a morrer.”

Pode o Maçom vencer a morte? Como?

O Maçom tem a força física que se esvanece com a idade avançada


ou pela ocorrência de doenças. Quando se trata da força física, efeito da formação material,
ela não é para sempre, cessará. Porém, o Maçom tem uma força espiritual, aquela energia
extrafísica que o animará para reuniões, trabalhos, instruções, progresso e aprendizado dentro
e fora da Maçonaria. Emanará essa energia especial quando ajuda na constituição da Egrégora
Maçônica, da Cadeia de União, no socorro aos Irmãos, no amor ao próximo, seja nos tempos
de epidemias, seja nos momentos de bonança.

Se o Maçom persistir na criação/manutenção/utilização dessa


energia do seu Ser, que transcende as barreiras da vida física, dificilmente viverá angústias,
dores e aflições quando próxima a visita da morte. Quem sabe até a saudará como sabedor

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de que ela não é tragédia e sim meio de passagem para outra etapa da vida, preparando-se
para retornar, viver, servir, ajudar, aperfeiçoar-se, ser feliz.

Mas, se o Maçom é um edificador da Humanidade Feliz,


proclamada em Rituais e Instruções da Maçonaria, por que morre um Maçom? Se ele vivesse
para sempre, fosse imortal, não estaria melhor no seu papel de Construtor Social? Vivo para
toda a eternidade, sempre criando, inovando, transformando? Edificando?

E aí, como ficariam as Leis Divinas, o Plano do Grande Arquiteto


do Universo para a Humanidade, o progresso dos Seres Criado, as oportunidades para servir
negadas a outros seres, com privilegiados imorríveis? O fato de ser uma incógnita o Plano
Superior e nós não o compreendermos inteiramente, não quer dizer que ele não exista.

George Washington, Benjamin Franklin, La Fayette, Voltaire,


Giuseppe Garibaldi; Bento Gonçalves, Simon Bolivar, Joaquim José da Silva Xavier, Castro
Alves, Léon Denis; Gonçalves Ledo, Allan Kardec, José do Patrocínio, Luiz Gama, além de
milhares de Maçons pelo mundo, aqui estiveram, serviram, instruíram, colocaram tijolos e
argamassa na construção do Edifício Social objetivando dar às sociedades os pilares da
Humanidade Feliz e Próspera, um lar de Harmonia aqui na Terra para os Espíritos bem
formados.

Todavia, todos morreram com a consciência tranqüila do dever


cumprido. Então, deram lugares a novos Edificadores, novas formas de construção, formas
mais avançadas de convivência social, vida em comum, predominando sempre as diretrizes
da Doutrina Maçônica e da ilustração dos Espíritos: Amor – Esperança – Caridade – Fé –
Progresso – Fraternidade. Não fizeram questão de permanecer na Terra, cumpriram seus
deveres maçônicos e profanos. Aliás, como deve ocorrer com todos os Maçons. Sobretudo,
no ensino de Allan Kardec:
“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é
a lei.”

Já que o Maçom nasceu, é certo que morrerá; seus sucessivos


renascimentos dar-lhe-ão oportunidades de aperfeiçoamento para melhor servir, em qualquer
lugar do Universo. Então, o Maçom morrer é antes uma oportunidade de evolução, não
sendo jamais uma punição. Para nosso Irmão Albert Schweitzer, “A tragédia do homem é o
que morre dentro dele enquanto ainda está vivo.”

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CRÊ EM TUA EXISTÊNCIA
Ir Adilson Zotovici
ARLS Chequer Nassif-169

Crê em tua existência


Não presa do conformismo
Tua porfia é referência
Pra te livrares do abismo

Cerne da tua resistência


Que descobriste o lirismo
Qual obrador de excelência
Vencedor desde o batismo

Segue tua senda em cadência


Busca em teu ser ecletismo
Mostra tua competência

Mais que simples aforismo


Livre pedreiro em essência
Tenhas fé, que o otimismo !

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QUEM VEM LÁ?
Ir Adilson Zotovici
ARLS Chequer Nassif-169

Brada firme o oficiante


Na edificante procura
Pra instigar o iniciante
“Quem vem lá “ oh criatura ?

Salvo pelo acompanhante


Seu guia, por conjetura,
Apresenta o postulante
E sua propositura

Tento pra seguir avante


Se probo, ou porventura,
Tratar-se d’algum errante

A fraternidade augura
Por “nova planta” , pujante
Segura... à semeadura

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