Apenas Seja - Corvo Seco
Apenas Seja - Corvo Seco
Apenas Seja - Corvo Seco
Este texto é a transcrição do vídeo de mesmo nome publicado no canal Corvo Seco na
plataforma do Youtube. São compilações de pensamentos e ensinamentos do mestre
Nisargaata Maharaj.
Todo sofrimento nasce do desejo. Tal desejo é da mente. Como com todas as coisas mentais, a
frustração é inevitável.
O amor verdadeiro nunca é frustrado. Como poderia frustrar-se o sentido de unidade?! O
amor é um estado de ser.
Você está sempre buscando prazer, evitando a dor. Sempre à procura de felicidade e paz. Você
não vê que é a sua própria busca da felicidade que o faz sentir-se miserável?! Tente de outro
modo.
Indiferente ao sofrimento e ao prazer, nem pedindo, nem recusando, dê toda a sua atenção ao
nível sobre o qual “eu sou” está eternamente presente.
O prazer e a dor sempre andam juntos. A libertação de um significa a libertação de ambos. Se
não lhe importar o prazer, não terá medo da dor. Mas existe uma felicidade que não é nem um
nem o outro, que está completamente além.
O puro ser preenche tudo e é além de tudo. Todos estão felizes em ser, mas poucos conhecem
a sua totalidade. A realidade está além do subjetivo e do objetivo, além de todos os níveis,
além de toda distinção. Não há necessidade de buscar. Você não buscaria o que já tem.
Quando quiser algo, pergunte a si mesmo: “-Eu realmente necessito disto?” E se a resposta for
“não”, então meramente o abandone.
Nada pode lhe fazer feliz mais do que é. Toda a busca da felicidade é miséria e leva a mais
miséria. A única felicidade digna do nome é a felicidade natural de ser consciente.
Apenas seja.
Você projeta em si mesmo um mundo da sua própria imaginação. Com base em memórias,
desejos e medo, você tem aprisionado a si mesmo. Rompa esse encanto e seja livre.
Observe os seus pensamentos como observa as nuvens flutuando no céu, assim como
observas o movimento na rua. As pessoas vêm e vão. Registre isso sem resposta, sem qualquer
reação. Pode não ser fácil no início, mas com alguma prática, você irá descobrir que a sua
mente pode funcionar em vários níveis ao mesmo tempo e que você pode estar ciente de
todos eles. Apenas quando você tem um forte interesse em um nível específico é que a tua
atenção é aprisionada nele e os outros níveis te são ocultos.
Em breve você irá perceber que a paz e a felicidade são a tua própria natureza. É apenas
quando você as procura por canais específicos é que elas são perturbadas. Evite essa
perturbação. Isso é tudo.
Conhecemos o mundo exterior das sensações e dos atos, mas sabemos muito pouco do nosso
mundo interior de pensamentos e sentimentos. O propósito primário da meditação é tornar-
nos conscientes da nossa vida interior e familiarizar-nos com ela. O propósito final é alcançar a
fonte da vida e da consciência.
A fonte da consciência não pode ser um objeto na consciência. Conhecer a fonte é ser a fonte.
Quando você entende que você não é a pessoa, mas a testemunha pura e calma e que a
consciência destemida é seu verdadeiro ser, você é o ser. Ele é a fonte, a possibilidade
inesgotável.
Você quer qualquer coisa, como um êxtase eterno. O êxtase vem e vai necessariamente, pois o
cérebro humano não consegue aguentar a tensão por muito tempo. Um êxtase prolongado
rebentaria com teu cérebro, a não ser que este seja extremamente puro e sutil.
Na natureza nada está parado. Tudo pulsa e flui, aparece e desaparece. Coração, respiração,
digestão, sono e despertar, nascimento e morte. Tudo vem e vai em ondas, num fluir eterno.
Ritmo, periodicidade, harmoniosa alternatividade de extremos. Essa é a regra. Não adianta
revoltar-se contra o padrão da vida. Se procuras o imutável, vá além da experiência.
Sua mente está estagnada nos hábitos de avaliação e aquisição e não admitirá que
incomparável e o inobtenível estão esperando eternamente dentro do seu coração por
reconhecimento. Tudo o que você tem a fazer é abandonar todas as memórias e expectativas.
Apenas esteja pronto em total nudez e vazio. Não faça nada, apenas seja.
Apenas sendo, tudo acontece naturalmente. Seja nada, saiba nada, tenha nada. Esta é a única
vida que vale a pena ser vivida, a única felicidade que vale a pena ter.
Não lute com as memórias e pensamentos. Tente apenas incluir no teu nível de atenção outras
questões mais importantes como “quem sou eu?”, “como é que nasci?”, “de onde vem este
universo à minha volta?”, “o que é real e o que é falso?”. Nenhuma memória irá persistir, se
você perder interesse nela. É a ligação emocional que perpetua a escravidão.
Com tudo o que está acontecendo, não esqueça que você é apenas testemunha. Não adianta
tentar interferir.
Nem o pensamento é o estado natural da mente. Apernas o silêncio é. Não a ideia de silêncio,
mas o silêncio, ele mesmo. Quando a mente está no seu estado natural, reverte ao silêncio
espontaneamente e, depois, toda “experiência” acontece sobre o fundo do silêncio, pois não
há mais o ruído produzido pela interferência do “eu”.
Onde está a necessidade de mudar o que quer que seja? A mente está mudando de alguma
forma, todo o tempo. Olhe para a sua mente desapaixonadamente - isso é o suficiente para
acalmá-la. Quando ela estiver quieta, você pode ir além dela. Não a mantenha ocupada todo o
tempo. Pare e simplesmente seja.
Se você der descanso à mente, ela se centrará e recobrará sua pureza e força. O pensar
constante a faz decair.
Nada que você faça mudará a si mesmo, pois você não precisa de nenhuma mudança. Você
pode mudar sua mente ou seu corpo, mas isso é sempre algo externo a você que foi mudando,
não você mesmo. Por que se importar com toda essa história de mudança? Reconheça de uma
vez por todas que nem seu corpo, nem sua mente e nem mesmo sua consciência é você. E
mantenha-se de pé sozinho em sua verdadeira natureza, além da consciência e da
inconsciência.
Nem um esforço pode leva-lo lá. Somente a clareza do entendimento. Não tente reformar a si
mesmo. Simplesmente veja a futilidade de toda mudança.
Não é o que você faz, mas o que você pára de fazer que importa.
Você é responsável somente pelo que você pode mudar. Tudo o que você pode mudar é sua
atitude. Aí mora a sua responsabilidade.
Não há a nada a fazer. Apenas seja.
Não faça nada. Seja - sem escalar montanhas ou sentar em cavernas. Eu nem mesmo digo
“seja você mesmo” já que você não conhece a si mesmo. Apenas seja. Tendo visto que você
não é nem o mundo exterior das percepções nem o mundo interior dos pensamentos, que
você não é nem o corpo nem a mente, apenas seja.
O que precisa ser feito você fará, mesmo você não queira, pois não decidimos. Não resista. O
teu equilíbrio deve ser dinâmico, baseado apenas no que você tem que fazer, momento a
momento. Não seja uma criança que não quer crescer.
Gestos estereotipados (copiados, imitados, rituais, cerimoniais, etc.) e posturas (corporais ou
psicológicas) não irão te ajudar. Confie inteiramente na tua clareza de pensamento, pureza de
motivação e integridade de ação. Vá além e deixe tudo o mais para trás.
Uma vez que você realize que tudo acontece por si mesmo – chame a isso destino ou vontade
de Deus ou mero acidente – você permanece como testemunha somente, compreendendo e
apreciando, mas nunca perturbado.
Digo a você outra vez: você é a realidade em que tudo está e que a tudo transcende. Aja de
acordo com isso. Pense, sinta e aja em harmonia com o todo e a confirmação da experiência
do que eu digo irá florescer em você brevemente. Nenhum esforço é necessário. Tenha fé a aja
a partir daí.
Não faça nada. Apenas seja.