Empreendedorismo, Inovação e Sustentabilidade
Empreendedorismo, Inovação e Sustentabilidade
Empreendedorismo, Inovação e Sustentabilidade
Empreendedorismo, Inovação
e Sustentabilidade:
origem, evolução e tendências
UFSC
2017
Organizadores
Álvaro Guillermo Rojas Lezana
Anny Key de Souza Mendonça
Caroline Rodrigues Vaz
Mauricio Uriona Maldonado
Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida desde que citada à fonte
UFSC
Florianópolis
2017
A Inovação é o que distingue
um líder de um seguidor.
Steve Jobs
SÚMARIO
Apresentação............................................................................................................ 5
Biografia dos autores............................................................................................... 7
1. Empreendedorismo, Inovação e Sustentabilidade: uma integração dos
conceitos................................................................................................................. 15
Parte 1 - Empreendedorismo
2.. A Universidade Empreendedora...................................................................... 45
3. A Jornada de usuário para os Empreendedores Sociais................................... 64
4.. A Inteligência Estratégica nas IES: um modelo de gestão.............................. 81
Parte 2 - Inovação
5.. Revisão teórico conceitual da abordagem do sistema de Inovação................. 98
6. Panorama geográfico das industrias Inovadoras Brasileiras............................ 113
7. Análise Dinâmica de Indicadores de Inovação: uma nova
proposta............................................................................................................... 133
8. Modelamento de sistemas de inovação: o caso da indústria agroalimentar ...... 150
Parte 3 - Sustentabilidade
9. Estado da arte da literatura sobre Tecnologias Limpas..................................... 163
10. Sustentabilidade nas Empresas de Tecnologia da Informação (TI): uma
revisão sistemática da literatura............................................................................ 187
11. Panorama da Energia Solar: contexto brasileiro............................................ 203
12. Panorama da Energia Eólica: contexto brasileiro........................................... 233
Parte 4 – Integração de Empreendedorismo, Inovação e Sustentabilidade
13. Desenvolvimento de Competências de Gestão: caso do Programa Inova
Talentos................................................................................................................ 254
14. Eco-Inovação: um novo conceito para o desenvolvimento das
organizações......................................................................................................... 275
15. Análise da difusão da tecnologia solar fotovoltaica no Brasil sob a ótica dos
sistemas de inovação............................................................................................ 303
16. Energia Solar Fotovoltaica em edificações como fator de Inovação..............
323
17. Prospecção Tecnológica de Patentes sobre a Energia Eólica no
Brasil.................................................................................................................... 336
18. Inovação Tecnológica na Geração de Energia Eólica com uso de Aerofólios
Cabeados.............................................................................................................. 355
19. Desafios para o futuro de Empreendedorismo, Inovação e Sustentabilidade:
considerações finais.............................................................................................. 381
APRESENTAÇÃO
5
período confere tais conhecimentos que, em parte disseminada desta publicação,
apresentam aos leitores a oportunidade de colocar em prática a teoria.
Com tanta riqueza, espero que esta obra seja uma fonte de inspiração para todos
os investigadores que se atreverem a seguir o árduo caminho de demonstrar a força
transformadora do Empreendedorismo, Inovação e Sustentabilidade para sociedade como
um todo.
6
BIOGRAFIA DOS AUTORES
7
Carolina Resende Haddad , MSc.
Administradora de Empresas pela Universidade do Estado de
Santa Catarina (UDESC) e Mestre em Engenharia de
Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), com ênfase em inovação e prospecção.
É Professional and Self Coach pelo Instituto Brasileiro de
Coaching (IBC). Foi agraciada com o prêmio Melhor Estágio
Supervisionado de 2012 pela ESAG. Participou do Diretório
Acadêmico da ESAG (DAAG) e foi membro e voluntária na
AIESEC Florianópolis. Foi também gerente de projeto do
Projeto Cata-vento. Atualmente é consultora parceira na Advanced Design in
Management S.A. – ADM S.A.
8
Catarina Erika Saito
Atualmente Doutoranda em Engenharia de Produção. Mestra
em Engenharia de Produção (PPGEP/UFSC) na Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC). Possui graduação em
Ciências da Administração (2013) pela mesma universidade.
Atualmente é assistente em administração da UFSC. Foi
bolsista de iniciação científica de projetos financiados pela
CAPES no Instituto de Pesquisas e Estudos em Administração
Universitária (INPEAU/UFSC). Foi também bolsista de
pesquisa no Núcleo Multidisciplinar de Estudos sobre
Acidentes de Tráfego (NATSAÚDE/UFSC) atuando na gestão
de projetos. Possui experiência no exterior (2005-2006), atuando em linhas de produção
da Sony e Toyota.
9
Dante Luiz Juliatto
Formado em Engenharia de Produção pela Universidade
Federal de Santa Catarina, possui especialização em
Tecnologias Limpas pelo CNTL/SENAI, mestrado e
doutorado em Engenharia de Produção na área de Inteligência
Organizacional e Pós-doutorado em Empreendedorismo pelo
Instituto de Investigação e Formação Avançada - IIFA da
Universidade de Évora, apoiado pela CAPES. Desenvolve a
função de Coordenador de Projetos do Laboratório de
Empreendedorismo do Departamento de Engenharia de
Produção e Sistemas da UFSC. É membro do Grupo de
Pesquisa em Empreendedorismo e Inovação - CNPq. Atua em
projetos de pesquisa, extensão e consultorias com ênfase em gestão por processos,
sistemas de avaliação gerencial, pesquisas e diagnósticos, empreendedorismo, custos e
estudos de viabilidade. É orientador de trabalhos de monografia em Engenharia de
Produção, participante de bancas e tutor da Empresa Junior da Engenharia de Produção.
10
Fernanda Latrônico da Silva
Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade
Federal de Santa Catarina (2008), pós-graduação em Sistemas
de Planejamento e Gestão Empresarial pela Universidade
Federal de Santa Catarina (2011) e mestrado em Engenharia
de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina
(2014). Atualmente é aluna do doutorado em Engenharia de
Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina
(2014). Atua principalmente nos seguintes temas:
administração, logística reversa e sustentabilidade ambiental.
11
Matheus Eduardo Leusin
Bolsista CNPQ atuando no Laboratório de
Empreendedorismo da UFSC. Mestrando em Engenharia de
Produção na Universidade Federal de Santa Catarina, sob o
tema difusão de energia eólica no Brasil. Graduação em
Engenharia de Produção e Sistemas na Universidade Federal
de Santa Maria (UFSM). Áreas de interesse: Dinâmica de
Sistemas, Sistemas de Inovação, Energias Renováveis e
Modelagem de Agentes.
12
Renan Nogueira
13
14
Empreendedorismo, Inovação e
Sustentabilidade: uma integração
dos conceitos
1. INTRODUÇÃO
Dada a notoriedade e relevância atual do empreendedorismo, da inovação e da
sustentabilidade, nasce a proposta de oferecer um e-book, na forma de coletânea de artigos,
apresentando os principais avanços e pesquisas nessas três temáticas, desde a perspectiva do
Laboratório de Empreendedorismo e Inovação (LEMPi) da UFSC.
Desta forma, este capítulo apresenta, de forma sucinta, a origem e evolução dessas três
áreas de pesquisa, oferecendo ao leitor, as bases teóricas necessárias para a compreensão das
pesquisas a serem apresentados nos capítulos posteriores.
Assim, o capítulo introduz, inicialmente, o empreendedorismo como área de pesquisa,
apresentando os principais autores e conceitos desde a sua origem até a atualidade. Na
sequência, apresenta-se a inovação como área de pesquisa, discorrendo sobre as principais
ciências de influência, os principais autores e conceitos e a evolução das comunidades
científicas que hoje compõem o campo da inovação. Por fim, o capítulo apresenta a área da
sustentabilidade, da mesma forma, introduzindo os principais autores e conceitos porém com
especial ênfase na evolução teórico-conceitual da área, onde se observam importantes interfaces
com o empreendedorismo e com a inovação.
2. EMPREENDEDORISMO
O empreendedorismo pode ser caracterizado como a realização de algo novo, que altera
a situação presente no mercado. Empreender requer investimentos de esforço e tempo para
assumir riscos de vários tipos: psíquicos, financeiros e sociais (DORNELAS, 2003 e 2008;
HISRICH, PETERS e SHEPHERD, 2009).
Para Hisrich (2004, p. 29), “empreendedorismo é o processo de criar algo novo com
valor dedicando o tempo e os esforços necessários, assumindo os riscos financeiros, psíquicos
e sociais correspondentes e recebendo as conseqüentes recompensas da satisfação e
independência econômica e pessoal”.
Drucker (1987), afirma que Schumpeter (economista austríaco), associou o
empreendedorismo ao desenvolvimento econômico e mostrou como as ações inovadoras
podem introduzir descontinuidades cíclicas na economia. Para o autor, os papéis centrais do
empreendedor passaram, então, a fixar-se em três bases: i) a inovação, ii) o assumir riscos e a
permanente exposição da economia ao estado de desequilíbrio, iii) rompendo-se a cada
momento paradigmas que se encontravam estabelecidos
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Empreendedor que aprende Aquele que ao se deparar com uma oportunidade de negócio, decide
aprender a gerir seu próprio empreendimento.
Empreendedor serial Aquele para quem um único empreendimento não é suficiente e se dedica
a implementar negócios.
Empreendedor social Aquele que se propõe à missão de melhorar o mundo e criar oportunidades
para os outros, com foco em resultados sociais.
Empreendedor por necessidade Aquele que cria o próprio negócio, formal ou informal, por estar
desempregado ou sem alternativa.
Empreendedor como herdeiro Aquele que apreende a empreender para assumir empreendimento iniciado
por gerações anteriores de algum familiar.
Fonte: Lopes, Guerez e Gonzaga, (s/ano, p. 14).
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2.1 Origem
O empreendedorismo sempre esteve presente nas diversas comunidades e sociedades
ao longo da história, apesar de divergir quanto a sua forma de manifestação. Vale
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ressaltar que o sucesso desta atividade está ligado à superação de riscos e restrições
(MURPHY, LIAO e WELSCH, 2006).
O empreendedorismo em termos acadêmicos é um campo muito recente, com cerca de
vinte anos, tendo aumentado muito a quantidade de cursos nessa área nos últimos tempos. Em
1975, nos EUA, existiam cerca de cinquenta (50) cursos. Em 1999 havia mais de mil, em
universidades e escolas de segundo grau, ensinando Empreendedorismo (CRUZ, 2005).
A primeira relação efetiva entre assumir riscos e empreendedorismo ocorreu no século
XVII, onde era estabelecido um acordo entre governo e empreendedor para execução de serviço
ou fornecimento de um produto. Com preços prefixados, os lucros ou prejuízos provenientes
destas transações, eram atribuídos exclusivamente aos empreendedores. De acordo com Hisrich
(2004), um empreendedor desse período foi John Law, francês que conseguiu permissão para
estabelecer um banco real. O banco evoluiu para uma franquia exclusiva, formando uma
empresa comercial no Novo Mundo – a Mississippi Company. Infelizmente, esse monopólio
sobre o comércio francês levou à ruína de Law quando este tentou aumentar o valor das ações
da empresa para mais do que o valor de seu patrimônio, levando a mesma ao colapso (CRUZ,
2005).
Richard Cantillon, importante escritor e economista do século XVII, foi considerado
por muitos como um dos criadores dos termos empreendedorismo, tendo sido um dos primeiros
a diferenciar o empreendedor – aquele que assumia riscos – do capitalista – aquele que fornecia
o capital (DORNELAS, 2001).
Segundo Cruz (2005), o termo empreendedorismo, começou a ser utilizado na França,
por volta de 1765, com o objetivo para designar aquelas pessoas que se associavam com
proprietários de terras e trabalhadores assalariados.
Por volta de 1800, o economista francês Jean Batist Say utilizou novamente o termo
empreendedor em seu livro "Tratado de Economia Política". O empreendedor definido por Say
(DRUCKER, 1987) é o responsável por “reunir todos os fatores de produção e descobrir no
valor dos produtos a reorganização de todo capital que ele emprega, o valor dos salários, o juro,
o aluguel que ele paga, bem como os lucros que lhe pertencem”.
Somente em 1911, com a publicação da obra 'Teoria do Desenvolvimento Econômico'
de Joseph A. Schumpeter, é que a conotação de empreendedor adquiriu um novo significado.
Segundo Schumpeter (DEGEN, 1989) “o empreendedor é o responsável pelo processo de
destruição criativa, sendo o impulso fundamental que aciona e mantém em marcha o motor
capitalista, constantemente criando novos produtos, novos métodos de produção, novos
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2.2 Evolução
As discussões mundiais sobre desenvolvimento sustentável o tornaram um objetivo
social e uma prioridade para as políticas públicas. Considerando a capacidade do
empreendedorismo de contribuir para o alcance dos objetivos das políticas públicas, tais
como crescimento econômico, geração de emprego e renda e inovação tecnológica; surgiu
o questionamento acerca do papel que o empreendedorismo pode assumir para contribuir com
o desenvolvimento sustentável (PARRISH, 2009). Em resposta, apresenta-se o
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básicas de todas as pessoas, com garantia de oportunidade para alcançar uma vida melhor; ii)
Estabelecimento de nível de consumo suportável pelo meio ambiente; iii) Suprimento
igualitário das aspirações dos indivíduos; iv) Compatibilização da evolução demográfica com
o potencial produtivo dos ecossistemas; v) Garantia de não degradação dos sistemas naturais
que suportam a existência dos seres na Terra; vi) Garantia de acesso justo aos recursos
ameaçados; vii) Uso dos recursos renováveis em conformidade aos parâmetros que possibilitam
sua regeneração natural; viii) Uso eficiente dos recursos não renováveis; ix) Minimização dos
danos sobre os recursos naturais, a fim de sustentar a integridade do sistema.
Entretanto, o problema está em desenvolver a consciência sobre o empreendedorismo
com a sustentabilidade, neste aspecto Dolabela (2003) explica que é necessário reconhecer a
importância da diversidade cultural e a indignação diante dos problemas socioambientais. Para
isso, na estratégia de educação empreendedora, deve-se explicar sua racionalidade,
entendimento e finalidade de tal processo, com foco no desenvolvimento sustentável. Pois, o
desenvolvimento econômico das empresas não é suficiente se não é sustentável. O
desenvolvimento sustentável está relacionado aos fatores humanos (capacidade de gerar e
transformar conhecimento em riqueza e desenvolvimento das potencialidades humanas),
sociais (capacidade da comunidade se organizar para a solução de problemas comunitários e
construção de prosperidade social e econômica, por meio dos laços de solidariedade e trabalho
em prol do desenvolvimento local), empresariais (capacidade de organizar-se para a produção
de bens e serviços e geração de valor para seus stakeholders) e naturais das organizações
(condições ambientais e físico-territoriais, referentes aos recursos naturais que contribuam para
a geração de valor por meio do trabalho).
O próximo tópico apresenta o tema de Inovação, para melhor entendimento de sua
origem, evolução e relação com o empreendedorismo.
3. INOVAÇÃO
A literatura que aborda o tema inovação é bastante ampla e, sem dúvida, trata-se de um
assunto que está ligado a preocupações da agenda política da maioria dos países desenvolvidos
e em desenvolvimento.
O significado do termo “inovação” tem sido discutido por décadas e várias têm sido as
definições propostas, uma das mais aceitas pela comunidade internacional é a que foi elaborada
pela OECD no chamado Manual de Oslo, que assume uma concepção expandida que possibilita
a sua adequação a diversos tipos de inovação.
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3.1 Origem
A origem da inovação, como campo de estudo, encontra-se na própria história do
pensamento econômico, o qual começou a preocupar-se por identificar os fatores que
promovem o crescimento econômico das nações, a fins do Século XVIII, no contexto da
Revolução Industrial (Figura 1).
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países. A discussão do estudo é logo ampliada no livro de 1993, “National Innovation Systems:
A Comparative Analysis” [Vide Nelson (1992) e Nelson (1993)].
Devido à proximidade temporal e conceitual, as obras “Technology policy and
economic performance: lessons from Japan” de Freeman (1987), “National Systems of
Innovation: Towards a Theory of Innovation and Interactive Learning” de Lundvall (1992) e
“National Innovation Systems: A Comparative Analysis” de Nelson (1993) marcam o início da
abordagem conceitual dos Sistemas de Inovação. Neste contexto, o próximo tópico apresenta a
evolução que ocorreu com a área de Inovação.
3.2 Evolução
Desde a década de 1990, quando a inovação entrou formalmente como fator chave nas
hipóteses de desenvolvimento econômico e produtividade, tanto a nível macro (políticas
nacionais e regionais) quanto a nível micro (planejamento estratégico e tomada de decisão nas
firmas) (OECD, 2005), houveram importantes evoluções teórico-conceituais que permeiam até
hoje as principais questões de pesquisa no campo da inovação.
Contudo, dada a característica multidisciplinar do campo da inovação, várias sub-
comunidades científicas emergiram ao longo dos anos, cada uma interessada em um aspecto ou
dimensão distintos da inovação. De forma sintética, observam-se, na atualidade, três grandes
clusters ou agrupamentos dentro do campo da inovação: ‘economia da inovação’, ‘ciência,
tecnologia e sociedade’ e ‘gestão da tecnologia e inovação’ (FAGERBERG; VERSPAGEN,
2009; MORLACCHI; MARTIN, 2009).
O cluster ‘economia da inovação’ abriga a comunidade neo-schumpeteriana
(FAGERBERG; VERSPAGEN, 2009), fortemente dominada por economistas de formação,
que por sua vez pode ser subdividida em grupos menores, tais como os ‘evolucionários’: que
se reúnem em eventos como o Danish Research Unit for Industrial Dynamics (DRUID) e o
International Schumpeter Society (ISS), e que possuem um interesse mais específico no
aprofundamento da teoria evolucionária iniciada por Nelson e Winter (1982), como por
exemplo na construção de modelos ABM cada vez mais sofisticados e em pesquisas empíricas
sobre conceitos-chave para esta sub-comunidade, tais como o das rotinas organizacionais; os
‘lundvallianos1’ ou pesquisadores interessados no uso e aprofundamento teórico da abordagem
dos sistemas de inovação nas suas diferentes dimensões, principalmente as dimensões nacional,
1
Esta
denominação
refere-‐se
aos
pesquisadores
influenciados
pelo
B.A.
Lundvall
sobre
a
abordagem
do
sistema
de
inovação
(vide
Lundvall,
1992).
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2
De
acordo
ao
Manual
de
Oslo
(OECD,
2005),
há
uma
ampla
variedade
de
atividades
inovativas,
desde
as
mais
tradicionais
como
a
P&D
até
atividades
como
treinamentos,
compra
de
equipamentos,
entre
outras.
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Embora, como foi visto anteriormente, cada uma das três comunidades está interessada
em aspectos distintos da inovação, pode-se observar uma maior convergência nos últimos anos,
principalmente nos aspectos relacionados com o desenvolvimento sustentável em geral e com
a sustentabilidade, em particular (Figura 2).
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sociotécnica para a sustentabilidade. Nesta linha, têm se desenvolvido abordagens para analisar,
por exemplo, as tecnologias de energia renovável antes mencionadas, tais como a ‘perspectiva
multinível’ (GEELS, 2002), e a ‘gestão estratégica de nichos’ para o desenvolvimento de
tecnologias de energia renovável (KEMP; SCHOT; HOOGMA, 1998; SCHOT; GEELS, 2008).
Ambas apresentam uma compreensão baseada nas experiências anteriores da humanidade com
relação a transições sociotécnicas (por exemplo, na transição do vapor para a eletricidade) e se
apoiam em vários dos conceitos mencionados ao longo deste capítulo, entre eles na perspectiva
evolucionária das firmas, na teoria institucional mas também em conceitos das ciências da
gestão, tais como o de nichos de mercado.
Por fim, do ponto de vista das pesquisas na gestão da tecnologia e inovação, o interesse
na área da sustentabilidade refere-se, por exemplo, à manufatura de produtos ecologicamente
corretos ou que representem uma redução significativa de riscos ambientais, poluição e outros
impactos negativos, o que é conhecido como eco-inovação ou desenvolvimento de produtos
sustentáveis (BARBIERI et al., 2010). De fato, este tipo de produtos requer de reestruturações
desde o nível estratégico da organização até o nível do chão de fábrica, modernização de
máquinas e equipamentos e capacitação, dentre outros, necessitando para tal, da interface com
outros campos de estudo, tais como o da gestão estratégica, o do desenvolvimento de produtos
e o do planejamento e controle da produção.
Do ponto de vista da responsabilidade social, também as pesquisas neste campo têm se
interessado sobre os impactos de produtos com ‘selo verde’ na percepção dos consumidores e
de outros stakeholders, também criando interface de pesquisas com as áreas de marketing e
produção.
Assim, a próxima seção detalha em maior medida, as questões relacionadas com a
sustentabilidade, a sua origem e evolução, e as inter relacionam com a seção anterior e com esta
mesma.
4. SUSTENTABILIDADE
A Sustentabilidade é um tema muito discutido nos últimos anos, devido aos impactos
provocados pelo homem com suas fabricações, a sociedade e ao meio ambiente. Porém, existem
muitas dúvidas e compreensões errôneas, nos conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento
sustentável, sua origem e evolução.
Desta forma, conceituar sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável tem sido uma
tarefa árdua e muitas vezes sem o efeito prático desejado porque existe um pluralismo de
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concepções a respeito desses dois conceitos, ora os aproximando, ora os distinguindo, e porque
apenas ampla e indiretamente eles são operacionalizados: dependem de uma intrincada rede de
relações entre aspectos econômicos, ecológicos e sociais – incluindo questões políticas e
institucionais – que se sobrepõem, entrelaçam e engendram efeitos complexos e inesperados.
Assim, a pesquisa em sustentabilidade, geralmente associada a formas de avaliação da mesma,
se inicia pela dificuldade conceitual, devendo-se ressaltar que toda pesquisa não prescinde de
uma sólida base conceitual para ser bem construída.
Leal Filho, 2000; Scholz e Tietje, 2002; Moles et al., 2008 e Viegas, 2009 consideram
necessário distinguir entre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável em razão das origens
e relações evocadas por detrás de cada um desses conceitos. Embora as duas conceituações
guardem em comum a noção de sistema como um complexo de relações entre partes que
interagem para a manutenção de um equilíbrio dentro de uma lógica adaptativa e de partes
interdependentes, a questão teleológica ou de finalidade como valor em si ou como valor para
outra(s) função(ões) é capaz de implicar o estabelecimento de diferenças entre ambos.
Conforme Leal Filho (2000), sustentabilidade é associável a “longo prazo”, “durável”,
”consistente”, “sistemático” e ainda a “desenvolvimento durável”, implicando a necessidade de
manutenção de um equilíbrio que se justifica pela sua própria dinâmica. Para Scholz e Tietje
(2002), a ideia de sustentabilidade é originalmente ecológica, remontando ao século XVIII,
quando a Europa enfrentou escassez de recursos florestais para uso humano.
Moles et al. (2008, p. 145) afirmam que sustentabilidade “é uma aspiração a uma
situação futura”, e desenvolvimento sustentável “é um processo por meio do qual nos movemos
de uma situação atual rumo a uma situação futura”. Portanto, a diferença está em que
sustentabilidade é vista como potencial, enquanto desenvolvimento sustentável é concebido
como um processo de trocas e gestão para se buscar a sustentabilidade. Viegas (2009)
contemporiza que o conceito de sustentabilidade enquanto associado à ideia de manter,
alimentar ou suportar algo, traz como diferença básica, relativamente ao de desenvolvimento
sustentável, a noção de valor em si na acepção ecológica, uma vez que desenvolvimento
sustentável implica colocar no cenário o desenvolvimento humano, dentro da perspectiva
política cunhada no Relatório Brundtland de possibilitar às gerações atuais o atendimento de
suas necessidades sem comprometer as futuras gerações as mesmas condições, embora em
cenários provavelmente diferentes.
Contudo, as diferenças conceituais entre estes termos passaram a se diluir,
especialmente com a difusão das noções de sustentabilidade fraca e forte. Segundo Lalöe
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4.1 Origem
As questões ambientais têm uma história que remonta a década de 50 com a introdução
do Ar Limpo (1956 e 1968) e os anos 60, quando o ambientalismo se tornou "moda", com
"hippies" e da publicação em massa da causa ambiental. Embora estas eras provou ser
inestimável para o desenvolvimento da educação ambiental, que não era verdade, até os anos
70 que estas questões começaram a surgir no cenário governamental com o 1972 Limits to
Growth Report e da Conferência de Estocolmo. Este período coincidiu com a opinião pública
forte do meio ambiente, já que esta foi na década em que o Greenpeace foi fundado. O quadro
2 apresenta os principais acontecimentos para origem da sustentabilidade.
ANO ACONTECIMENTO
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4.2 Evolução
A ideia de acompanhar o progresso rumo à sustentabilidade, a partir de critérios e metas,
levou ao desenvolvimento da chamada Avaliação da Sustentabilidade (AS), que assume uma
diversidade de formas quanto à metodologia e escopo, podendo muitas vezes ser confundida
com avaliações de impacto ambiental, de risco, avaliações estratégicas e integradas. Segundo
Pope et al. (2004), Avaliação da Sustentabilidade (AS) é um processo para determinar se uma
proposta particular, projeto, programa, plano ou política é ou não sustentável (BOND e
MORRISON-SAUNDERS, 2011).
Segundo Mori e Christodoulou (2011), os principais objetivos da AS são: tomada de
decisão e gestão, defesa, participação, construção de consenso e pesquisa. Outros aspectos
atendidos pela AS: integridade dos sistemas ecológicos e econômicos; suficiência e
oportunidade dos espaços de vida; equidade intra e inter-generacional; manutenção e eficiência
de recursos; civilidade sócio-ecológica, democracia e governança; precaução e adaptação e
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conceitos
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C.
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Uriona
Maldonado,
M.
integração de longo prazo. Neste sentido, surgem várias ferramentas e modelos para avaliar a
sustentabilidade, as mais conhecidas são as Tecnologias Limpa.
O conceito de Tecnologia Limpa pode ser entendido como sendo um conjunto de
soluções que viabilizem novos modelos de se pensar e de se usar os recursos naturais. De
maneira prática, as tecnologias limpas são novos processos industriais ou alterações realizadas
em processos já existentes, sempre com o objetivo de que o consumo de matérias-primas, o
consumo energético, os impactos ambientais e o desperdício sejam minimizados ou mesmo
zerados. Obviamente que a evolução de tecnologias limpas não tem como interesse a
diminuição do desenvolvimento econômico. Muito pelo contrário, o intuito é suprir de forma
consciente e sustentável a necessidade de serviços, bens e produtos da sociedade atual.
Além disso, os modelos de produções que são baseados em tecnologias limpas têm
sempre como intuito a reciclagem total dos resíduos gerados no processo produtivo, assim como
o objetivo claro de não gerar emissões e resíduos. O desenvolvimento e a adoção de tecnologias
limpas são parte essencial na busca pelo desenvolvimento sustentável.
Para as indústrias alcançarem seus objetivos específicos em relação ao gerenciamento
e/ou melhoria do desempenho ambiental organizacional, podem-se adotar alguns instrumentos
ou ferramentas, como auditoria ambiental, avaliação do ciclo de vida, estudos de impactos
ambientais, sistemas de gestão ambiental, relatórios ambientais, rotulagem ambiental,
gerenciamento de riscos ambientais, educação ambiental empresarial.
Ainda pode ser ampliada com a inclusão dos instrumentos convencionais utilizados nas
empresas para fins de qualidade e produtividade afirma Barbieri (2004) como a análise do valor,
análise de falhas, listas de verificação, cartas de controle, diagramas de relações, diagramas de
causa-efeito, indicadores de desempenho, ciclo PDCA, manutenção preventiva, práticas
correntes de housekeeping, entre outras. O quadro 3 serão apresentadas as principais práticas
sustentáveis utilizadas pelas organizações/empresas para a avaliação da sustentabilidade dos
seus processos e/ou serviços.
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ISO 14001 A norma ISO 14001 tem como objetivo de fornecer às Nascimento e Poledna
empresas e demais organizações de todo o mundo uma (2002)
abordagem comum da gestão ambiental. Esta norma Seiffert (2006)
determina a competitividade para as empresas de todos os Soledade et al. (2007)
perfis, sendo elas de médio ou pequeno porte.
Economia ecológica A Economia Ecológica incorpora a relação da vida como Santos (2008)
parte de seu estudo, sendo a economia não apenas da Souza-Lima (2004)
empresa, mas de zonas geográficas no âmbito ecológico, Mattos e Ferretti Filho
como: o tempo das análises não poderá ficar restrito ao (1999)
curto prazo, devendo incorporar todo o futuro, com os
efeitos das decisões econômicas se fazem sentir.
Produção Limpa (PL) Um sistema de produção industrial que exige recursos Greenpeace (1997)
como: material (os quais os produtos são feitos); energia Silva (2004)
(para transportar e processar os materiais); água e ar. A Furtado et al. (1998)
PL engloba as estratégias de administração industrial. Thorpe (2009)
Produção mais limpa O conceito PML refere-se à produção integrada à PNUMA (1993)
(PML, P+L) proteção ambiental de forma mais ampla, considerando CNTL (2003)
todas as fases do processo produtivo e o ciclo de vida do Barbieri (2004)
produto final, constitui o aproveitamento contínuo de uma
estratégia econômica, ambiental e tecnológica associada
aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficácia no
uso de matérias-primas, água e energia através da não
geração, diminuição ou reciclagem de resíduos gerados
em todos os setores produtivos.
Logística Reversa A área da Logística Empresarial que planeja, opera e Leite (2002)
controla o fluxo, e as informações logísticas
correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de
pós - consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo,
através dos Canais de Distribuição Reversos, agregando-
lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico,
legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros.
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Sustentabilidade:
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5. ESTRUTURA DO E-BOOK
Esta obra apresenta dezessete (17) capítulos, subdivididos em quatro (4) partes, de
acordo com a grande área temática, que serão descritas a seguir.
A Primeira Parte trata de Empreendedorismo, formada por três (3) capítulos,
apresenta-nos o primeiro a universidade empreendedora como um processo de construção de
empreendimentos, com o foco do empreendedorismo inovador. Por sua vez, o segundo trabalho,
apresenta o empreendedorismo social na jornada de usuários. E o terceiro, mostra a inteligência
de estratégias em Instituições de Ensino Superior.
A Segunda Parte está composta pela Inovação, com quatro (4) capítulos, foca-se no no
sistema de inovação, no panorama geográfico de inovação e dois capítulos na análise dinâmica
de indicadores de inovação.
A Terceira Parte apresenta a Sustentabilidade, com quatro (4) capítulos, apresenta-se
o estado da arte sobre Tecnologias Limpas, revisão de literatura de sustentabilidade no âmbito
da Tecnologia de Informação, traz um panorama de Energia Solar e outro em Energia Eólica
no contexto brasileiro.
A Quarta Parte entra no foco da Integração do Empreendedorismo, Inovação e
Sustentabilidade, com sete (7) capítulos, o primeiro traz a caso prático do Programa Inova
Talentos como competência de gestão para a indústria. O segundo mostra a transição da
Inovação para Sustentabilidade, o que se chama Eco-Inovação. Os próximos quatro (4)
capítulos apresentam a difusão das tecnologias de energia renovável sobre uma visão integrada
entre a inovação e a sustentabilidade. Por fim, o último capítulo traz os desafios futuros que
devem ser superados conjuntamente entre o empreendedorismo, a inovação e a
sustentabilidade.
Devido a essas premissas e desafios de integrar Empreendedorismo, Inovação e
Sustentabilidade, este e-book tem como objetivo apresentar as pesquisas desenvolvidas pelos
integrantes do Laboratório do Empreendedorismo e Inovação (LEMPi), da Universidade
Federal de Santa Catarina, Campus Florianópolis. A fim de demonstrar aos interessados em
pesquisas nesse campo como colocar em prática a teoria.
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A universidade empreendedora
Dante Luiz Juliatto, Dr.
Alexandre Hering de Queiroz, M.Sc.
Álvaro Guillermo Rojas Lezana, Dr.
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1. INTRODUÇÃO
As universidades representam o link importante entre a criação de negócios e
crescimento da economia. Num nível regional possuem o conhecimento e se caracterizam
como ambiente seminal para a criação, a transferência e a educação de potenciais
empreendedores. As universidades detêm a capacidade para responder aos desafios da criação
de iniciativas inovadoras. Mas nem todas desenvolvem a cultura empreendedora e o interesse
em favorecer a geração de negócios empreendedores. O incentivo à atividade do
empreendedorismo nas universidades está diretamente relacionado com o crescimento da
competitividade, criação de empregos, redução do desemprego, inovação e mobilidade
econômica e social. O presente trabalho descreve o conceito moderno de Universidade
Empreendedora que integra os vários componentes do ecossistema empreendedor. Disserta
sobre o processo de empreendedorismo originado nas universidades. Finalmente, aponta por
meio do Portal Inovatorium, uma iniciativa prática desenvolvida na Universidade Federal de
Santa Catarina -UFSC, um caminho para a promoção de novos negócios de alto impacto.
2. UNIVERSIDADE EMPREENDEDORA
Na última década aumentou significativamente a produção de temas sobre o
empreendedorismo. São abordados nestes estudos a descrição da natureza dos programas de
valorização do empreendedorismo, os resultados destes em função do aumento das intenções
de empreender, ferramentas de apoio, comercialização das tecnologias, criação de novos
negócios e casos de sucesso. (AUDRETSH, 2015).
As intenções em empreender são pré-requisitos para o comportamento empreendedor
(SLINGER et al, 2015). Estudos apontam uma relação positiva entre a educação
empreendedora e a intenção em empreender (KOLB, 2015), mas não são conclusivos quanto à
medida da efetiva contribuição dos programas de educação empreendedora para o sucesso dos
empreendedores.
Embora essencial, a intensão de empreender, particularmente, não constitui um
gargalo para o empreendedorismo no Brasil que se destaca como o país de maior taxa
empreendedora do G20. Constata-se que 39,3% de sua população está envolvida com alguma
atividade empreendedora (GEM, 2015). Entretanto, muitas instituições de ensino superior do
país limitam sua estratégia de fomento do empreendedorismo à educação empreendedora nas
suas grades disciplinares (SIMMONS, S. & HORNSBY, J. 2014).
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O entendimento do papel da universidade em, não só estimular, mas, especialmente
dar apoio e capacitação às iniciativas empreendedoras, integrando as forças do ecossistema
empreendedor, passa a ser o novo paradigma e uma demanda crescente e pouco atendida nas
universidades brasileiras. Audretsch (2015) se refere a este comportamento como
Universidade Empreendedora.
Um ambiente de apoio ao empreendedorismo é um espaço facilitador para a geração
de novos negócios a partir da universidade. Este deve prover ferramentas e apoio institucional
a ideias e propostas promissoras, com viabilidade técnica, econômica e mercadológica que
possam evoluir para futuros negócios e empreendimentos a serem abrigados em
infraestruturas do ecossistema de empreendedorismo ou partirem diretamente para o mercado.
A proposta de universidade empreendedora vai além de se promover a educação
empreendedora no seu entendimento tradicional. Abriga ideias e projetos inovadores
embrionários, candidatos a se transformar em negócios e empresas. Provê consultoria para o
desenvolvimento de negócios (identificação de oportunidades, elaboração de planos de
negócios, elaboração de planos de marketing, elaboração de projetos para atração de recursos
financeiros, etc.). Também enfatiza o acesso integrado a competências e estruturas de apoio
ao desenvolvimento das tecnologias agregadas a protótipos, produtos e serviços, elementos
vitais à sustentabilidade futura dos empreendimentos. (NELSON & MONSEN, 2014).
Mas nem todas as universidades possuem a cultura empreendedora e o interesse em
favorecer a geração de negócios empreendedores. Somados a infraestrutura e facilidades
tecnológicas, as pessoas ligadas às universidades representam a maior contribuição no apoio
às iniciativas empreendedoras. A grande vantagem da ligação das empresas com as
universidades é o acesso ao conhecimento base que serve de suporte para as ideias inovadoras
(KARNANI, F. 2013).
As universidades exercem importante papel no clima empresarial regional. Segundo
Slinger (2015) apresentam três estágios de revolução acadêmica em que o primeiro trata da
incorporação da pesquisa associada ao ensino; o segundo trata do papel de gerar tecnologias e
conhecimento para a formação de novos negócios; o terceiro passa a ser o incentivo ao
empreendedorismo na academia. O incentivo à criação e participação em parques de alta
tecnologia é cada vez mais frequente no ambiente universitário. Isto promove o crescimento
econômico e a inserção de jovens empreendedores no ambiente da inovação.
O crescimento do conceito de universidades empreendedoras é uma influência positiva
no desenvolvimento de inovações nas universidades. Percebe-se que as universidades não são
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da estimulação é oferecer suporte aos estudantes que tenham ideia de negócio, conduzindo-os
para a elaboração de seu estudo de viabilidade para novos negócios.
Portanto, a universidade empreendedora adiciona ao ensino empreendedor, esforços
planejados e estruturados de apoio ás iniciativas internas de novos negócios e integração do
ecossistema empreendedor em prol dessas iniciativas. Muitas frentes de trabalho são
necessárias para se atingir estes objetivos. Entre os esforços identificados em universidades
europeias, norte americano e mesmo brasileiras, se destacam: valorização e ressignificação da
extensão universitária; desenvolvimento de núcleos de apoio ao empreendedorismo; parceria
institucional e de transferência tecnológica com parques tecnológicos, agências de fomento,
incubadoras, institutos de pesquisa e outros organismos do ecossistema; aperfeiçoamento e
simplificação de normas para propriedade intelectual; disponibilização de ferramentas de
apoio ao empreendedorismo.
Com tudo isto, fica clara a percepção de que o conceito de universidade
empreendedora não pode ser entendido de forma isolada e unidimensional. Envolve um
esforço conjunto e coordenado de todo um ecossistema empreendedor que proporciona as
condições para o florescimento de empreendimentos de alto impacto. Neste ambiente, a
universidade exerce papel determinante, porém, não exclusivo. A universidade
empreendedora atua como elo chave de integração e catalisação de negócios.
Neste sentido, antes de aprofundar nos fatores que tornam a universidade um poderoso
berço de novos empreendimentos e antes de apresentar o INOVATORIUM como uma
proposta da UFSC em se desenvolver neste caminho, torna-se importante compreender o
ecossistema empreendedor e os principais organismos que o constituem.
3. ECOSSISTEMA EMPREENDEDOR
Como visto anteriormente, o conceito de Universidade Empreendedora está
intrinsicamente vinculado à pertença e ao esforço de integração de um ecossistema
empreendedor.
A seguir são descritos alguns dos componentes que integram um ecossistema
empreendedor. Pretende-se, com isto, uma visão unificada de conceitos e maior clareza no
impacto de cada componente no processo de desenvolvimento de um novo negócio.
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3.1 SPIN-OFFs
O conceito de spin-off está associado a resultados de pesquisa em universidades e
geralmente estes negócios estão sujeitos à regras e protocolos das próprias universidades que
as abrigam. Também estão sempre ameaçados da possibilidade dos recursos aplicados na
pesquisa se esgotarem antes do produto estar pronto para o mercado. Um spin-off é composto
por muitas partes interessadas e participantes, como o inventor acadêmico, a universidade e os
empreendedores, o que pode gerar conflitos de interesse e dificultar o desenvolvimento dos
negócios. Diversos fatores elevam a popularidade dos spin-offs das universidades, dentre eles:
• As pressões populares vêm forçando as universidades a buscar formas de melhor
contribuir para o crescimento regional;
• Os escritórios de transferência de tecnologia devem encorajar a disseminação das
pesquisas científicas e a comercialização dos produtos gerados;
• Os cientistas possuem acesso a fundos de financiamento a pesquisas voltadas para
lacunas tecnológicas;
• As políticas de estimulação ao empreendedorismo nas universidades estão cada vez
mais populares;
• Os programas institucionais vêm apresentando suporte de negócios e custos baixos
para o desenvolvimento de pesquisas.
Dada a natureza em estágio inicial de muitas descobertas de universidades, spin-offs
tendem a enfrentar mais incerteza tecnológica e de mercado. Maior incerteza exacerba as
assimetrias de informação que podem limitar o acesso a recursos humanos e financeiros
necessários para o crescimento das spin-offs. (DE CLEYN, 2015; IACOBUCCI, 2015;
PREZAS, 2015; ROING-TIERNO, 2015; CZARNITZKI, 2014; FRYGES, 2014, FRYGES,
2014 B).
3.2 STARTUPS
Não há um conceito único para definir o termo, pode ser qualquer tipo de empresa
com potencial de crescimento em fase inicial - “start” é começo, início e “up” algo que está
pronto para ser lançado, ir para a rua – para dizer que startup não é, necessariamente, uma
empresa e, sim, uma ideia realmente nova em condições de ser lançada no mercado e capaz de
encontrar algum cliente interessado em aplicá-la. O que importa é que essa ideia seja algo que
possa ser manifestado na forma de um novo produto, serviço, processo.
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3.3 INCUBADORAS
Em essência, o conceito de incubação de empresas refere-se a um esforço sistemático
orientado para nutrir novas empresas no estágio inicial de sua atividade em um ambiente
controlado. Como um processo dinâmico, que oferece uma combinação de infraestrutura,
processos de desenvolvimento, de apoio e conhecimentos necessários para proteger contra
falhas e orientar as empresas startups em um caminho de crescimento.
São um eficiente meio local de suporte à criação de empreendimentos inovadores. As
incubadoras mais avançadas oferecem inúmeros serviços que vão da identificação de
oportunidades de negócios para que os empreendedores desenvolvam suas ideias, oferecendo
ainda consultorias e serviços de informação a respeito de mercado, tecnologias, oferta e
procedimentos para a obtenção de financiamentos, entre outros. Também ajudam a
desenvolver estudos de viabilidade, planos de negócios e treinamento para que os
empreendedores e seus colaboradores desenvolvam habilidades e apliquem as melhores
ferramentas para a gestão de seus negócios.
As incubadoras servem como plataformas de lançamento dos negócios, acompanhando
o desempenho das empresas em seus primeiros anos. Representam um dos modelos de
resposta mais rápida para a acomodação de novos empreendimentos inovadores. Resumindo,
as incubadoras existem para oferecer suporte à consolidação de novas empresas, trabalhando
em prol do desenvolvimento sustentável, criação de empregos e fortalecimento do
desenvolvimento do mercado local.
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3.5 ACELERADORAS
São estruturas montadas para favorecer o crescimento e o lançamento de iniciativas
empreendedoras. Possuem propósitos definidos e contam com recursos para investimento em
negócios de crescimento rápido.
A maioria das aceleradoras de empresas têm como propósito levar uma empresa ou
um grupo de empresas por meio de um processo específico de avaliação e formação, durante
um período previamente definido de tempo, culminando em um evento público ou dia de
demonstração. Aceleradores também geralmente fazem investimentos de estágio semente em
cada empresa participante em troca de equivalência patrimonial, consistindo na principal
diferenciação em relação às incubadoras que não fazem esse tipo de compromisso financeiro.
(KIM, 2014; MILLER E BOUND, 2011; KARIMAA, 2012; WU, 2011; BARREHAG,
2012).
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organizações de forma mais profunda, em busca de sinais de stress em suas atividades que as
pré-disponham a investir em uma solução. A solução de potencial inovador, por sua vez,
envolve a habilidade criativa de combinar conhecimentos e experiências acumulados na
resolução de um problema de forma superior e inédita.
A universidade contribui de forma substancial na capacidade de geração de soluções
inovadoras através de sua vocação natural de ensino, pesquisa e extensão. O acesso a
informações limítrofes do conhecimento (observação e estudo de fenômenos naturais e
soluções tecnológicas) e experiências multidisciplinares amplia os constructos de cada
indivíduo. Isto, aliado à sua didática de resolução de problemas complexos, promove um
corpo de profissionais com elevado poder de solucionar de forma criativa os desafios técnicos
envolvidos no desenvolvimento de um novo produto ou negócio.
Quanto à habilidade de identificar oportunidades, a ação da universidade é menos
direta, mas igualmente pungente. Neste aspecto, as ações mais determinantes estão
relacionadas ao acesso pessoal a diferentes realidades de mercado, ao incentivo à observação
investigativa e ao estudo do comportamento humano e das organizações. Aqui se destacam as
universidades que dedicam esforços à extensão (acesso à realidade das empresas), à
integração com o ecossistema empreendedor, à pesquisa de campo e à formação
multidisciplinar integrada, incluindo o comportamento humano em suas grades curriculares.
(JENSEW, T., 2014).
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O conceito mais tradicional de universidade é focado na capacitação para o
desenvolvimento do core business: profissionais altamente qualificados em áreas técnicas
específicas. Formam-se assim, bons técnicos, porém, empreendedores despreparados.
Caracteriza o foco no domínio tecnológico.
A partir dos anos 80, o conceito de ensino empreendedor se difundiu nas universidades
com o intuito de instigar o espírito empreendedor e instrumentar seu corpo docente com
conhecimentos nas áreas complementares necessárias para a estruturação de um negócio.
Formam-se assim, técnicos instrumentados com conhecimentos básicos para estruturação de
novos empreendimentos. Caracteriza o foco no empreendedor.
O novo paradigma, definido como universidade empreendedora, engloba o ensino
empreendedor e adiciona a integração do ecossistema empreendedor (incubadoras,
aceleradoras, parques tecnológicos, etc.). Parte do princípio de que o empreendedor precisa
dominar com excelência seu negócio principal, ter conhecimento suficiente das estruturas e
processos complementares que configuram um negócio e contar com organizações, parceiros
e ferramentas externas que alavanquem e promovam a excelência de seu negócio. Caracteriza
o foco no apoio integrado à construção do empreendimento.
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de recursos, enquanto maus projetos podem ser lançados, embora sustentados por informações
equivocadas. O desenvolvimento saudável de um empreendimento, com decisões coerentes,
pressupõe a visão clara do caminho a percorrer e dos resultados atingidos em cada momento.
Também pressupõe o acesso às melhores oportunidades que o ecossistema empreendedor, o
qual está inserido, pode dispor.
Universidades dão suporte à tomada de decisão para criação de empreendimentos de
alto impacto, ao gerar e disseminar ferramentas e modelos de: gestão de desenvolvimento de
negócios, planos de negócios, estudos de viabilidade, jogos de empresas, entre outros.
Também ao integrar e dispor aos empreendedores o acesso aos organismos que compõem o
ecossistema empreendedor.
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direto para o mercado. Finalmente, atua dando permanente suporte à tomada de decisão por
meio de indicadores dinâmicos e acesso a informações qualificadas.
O ambiente virtual busca prover tutoria para o desenvolvimento de negócios como
ferramentas de identificação de oportunidades, elaboração de estudos de viabilidade técnica,
econômico-financeira, comercial além da orientação na elaboração de projetos para atração de
recursos financeiros não reembolsáveis e apoio institucional a propostas promissoras que
possam evoluir para empreendimentos inovadores.
O ambiente do portal busca aumentar o nível de excelência da oferta de projetos para o
ecossistema do empreendedorismo, contribuindo para elevar as chances de sucesso de
empresas inovadoras.
Em resumo, os objetivos do portal podem ser sintetizados em:
• Avaliar o estado da arte para a tecnologia, produtos e processos a serem
desenvolvidos;
• Estudar se há mercado para o produto, serviço ou processo proposto;
• Incrementar a capacitação gerencial e de negócios dos proponentes do projeto para, no
momento da criação da empresa, as competências necessárias para a fase de formalização da
empresa estejam assimiladas;
• Difundir o empreendedorismo, estimulando mais pessoas a pensarem em iniciar seus
próprios negócios;
• Ampliar parcerias da UFSC com empresas públicas e privadas na busca por soluções
inovadoras;
• Fortalecer as atividades de pesquisa e extensão na UFSC através do fomento às
iniciativas empreendedoras;
• Apoiar os projetos de inovação vinculados à geração de empresas para industrialização
e comercialização de resultados de pesquisa e/ou desenvolvimento científico e/ou
tecnológico;
• Estruturar ideias em modelos de negócios para o mercado;
Portanto, o Portal Inovatorium pode ser qualificado como uma iniciativa alinhada com
os princípios da universidade empreendedora. Configura-se como uma ferramenta eficaz para
o desenvolvimento da UFSC neste sentido.
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6. FUNCIONAMENTO DO PORTAL INOVATORIUM
Destinado a pesquisadores, professores, alunos de graduação e pós-graduação da
UFSC, este novo ambiente de negócios formata ideias em projetos. Um processo de
transformação, análise e levantamento de informações orientadas que irão contribuir com as
chances de sucesso do futuro empreendimento.
Colaborar com o desenvolvimento da cultura empreendedora e da abertura de novos
negócios é o foco do Inovatorium. Orientado por profissionais, o empreendedor pode
aperfeiçoar suas potencialidades e fazer germinar o que era apenas uma ideia na cabeça.
A grande vantagem do portal é que exige poucos recursos para sua manutenção e
prevê atendimento em grande escala.
O modo de operação do portal está dividido em cinco fases, como apresentado na
Tabela 01.
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simulações. Destas, várias inciativas acabaram encaminhadas para as incubadoras de
empresas e cinco ingressaram no mercado.
Estes resultados foram obtidos nas fases de testes e ajustes, pois ainda não foi
efetivada a liberação para uso pelo público.
7. CONCLUSÕES
É notório o esforço que as universidades vêm desempenhando, com o auxílio dos
recursos do ecossistema empreendedor, na geração de projetos inovadores nascidos em seu
meio. Também é crescente o interesse em se ampliar as fronteiras com vistas à viabilização
destes negócios. Neste contexto, e entendendo a necessidade de coordenar e racionalizar seus
planos e esforços, a consolidação de um grau desenvolvido de universidade empreendedora
passa a ser o novo paradigma a ser perseguido por estas instituições.
O conceito de universidade empreendedora não se encerra no desenvolvimento de
políticas que promovam o estímulo e apoio ao empreendedorismo interno integrado ao
ecossistema empreendedor. Engloba, sobretudo, a compreensão das condições necessárias
para a criação de empreendimentos: ideia, processo de construção e a decisão de empreender.
E a partir desta perspectiva, coordenar os esforços internos e potencializar as interações do
ecossistema empreendedor em prol do desenvolvimento de empreendimentos de alto impacto
em seu meio. Isto de forma a equilibrar os propósitos de ensino, pesquisa e extensão
(empreendedorismo), com a geração de riqueza que promova o crescimento sustentável.
A busca do grau de universidade empreendedora envolve interesse e esforço do corpo
gestor da universidade, com o desenvolvimento de políticas, diretrizes, normas e planos de
investimentos. Mas se concretiza essencialmente pela mobilização de sua comunidade em
desenvolver uma postura empreendedora em todas as suas atividades. O Portal Inovatorium
da UFSC ilustra os esforços concretos advindos da comunidade universitária que se somam
aos movimentos avançados de sua equipe de gestão.
8. AGRADECIMENTOS
Eu, Dante Luiz Juliatto, agradeço à oportunidade da realização de estágio Pós-doutoral
no período de agosto de 2015 a maio de 2016, cujo tema foi o estudo do empreendedorismo e
a criação de Startups no ambiente universitário, que só foi possível pela viabilização
financeira oferecida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –
CAPES, pela liberação para capacitação da Universidade Federal de Santa Catarina e pela
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acolhida do Instituto de Investigação e Formação Avançada da Universidade de Évora –
Portugal.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 EMPREENDEDORISMOS SOCIAL
O empreendedorismo social é um campo de estudo que expande o escopo da pesquisa
de empreendedorismo para incluir organizações que, em geral, visam proporcionar impacto
social e abordar questões sociais, bem como atingir objetivos comerciais.
O empreendedorismo social, foi pesquisado, pela primeira vez, na década de 1990
(GALASKIEWICZ, 1985; WADDOCK; e POST, 1991; SELSKÝ; e SMITH, 1994), e desde
então, os autores procuram encontrar uma definição clara e de fácil compreensão, que
continua até hoje: uma semelhança que é compartilhada com empreendedorismo
"tradicional". Empreendedorismo Social, assim como o empreendedorismo “tradicional”, tem
uma maior atenção na literatura científica e outras mídias (MIAR; e NOBOA, 2006, p,122;
PEREDO; e McLEAN, 2006, p. 64).
Zahra et al. (2008), propõe quatro principais razões pelas quais o Empreendedorismo
Social emergiu na sociedade e, portanto, promoveu maior sensibilização do público:
1. Disparidade de riqueza Global;
2. Movimento de responsabilidade social corporativa;
3. Mercado, institucional e falhas do Estado;
4. Avanços tecnológicos e responsabilidade compartilhada.
Segundo Zahra (2015, p,614), alguns empreendedores focalizaram na criação de
organizações ao redor de oportunidades derivadas dos problemas sociais, como pobreza,
saúde, energia, educação e purificação da água, dirigindo suas ações ao impacto social mais
do que aos lucros. Os empreendedores sociais, em particular, voltaram-se a vanguarda desta
transformação em todo o mundo, com o lançamento de novas organizações, o que serve como
uma grande variedade de necessidades sociais, melhorando, assim, a qualidade de vida e
promovendo o desenvolvimento humano ao redor do mundo (ELKINGTON e HARTIGAN,
2008).
Os empreendedores sociais mensuram o sucesso através da criação de capital social,
mudança social e respondendo às necessidades sociais. Em contraste ao empreendedor
tradicional, que mede o desempenho e lucro – eles são para a economia, e Empreendedores
Sociais são para mudança social (BORNSTEIN, 2007, p.15).
Embora existam muitas semelhanças entre o empreendedorismo "tradicional" e o
Empreendedorismo Social, este último difere do anterior, porque os sistemas de missão e de
medição de desempenho são completamente diferentes e influenciam o comportamento
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empreendedor (AUSTIN et al., 2006). Além disso, Austin et al. (2006, p.2) declaram que a
existência de organizações com propósito social se dá quando há uma falha de mercado
social, por exemplo, os mercados, muitas vezes, não atendem às necessidades sociais com os
bens públicos.
Lumpkin et. al (2013), sugerem que ambos os empreendedores têm muito em comum,
e muitos processos empresariais são os mesmos ou são ligeiramente afetados. O que os difere
são: a autonomia, a competitividade agressiva e as dimensões de risco. Isso faz sentido, já que
os empreendedores sociais não incidem sobre o rápido crescimento econômico, mas sim,
sobre o bem-estar e a melhoria social. Isto, não quer dizer que os empreendedores sociais só
criem organizações sem fins lucrativos, mas também, que sejam organizações sem fins de
queda.
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social inovação
orientado
ao
mercado
Algumas organizações estão orientadas ao social e à inovação, mas não têm uma forte
orientação para o mercado, como a inovação inicial em cuidados paliativos (WEISBROD; e
LINDROOTH, 2004). Outras podem ser orientadas ao mercado e social, mas, ao mesmo
tempo, ser reproduções de conceitos existentes e, portanto, não inovadoras, como a replicação
de entidades de microfinanciamento (WEISBROD, 2004). E outras podem ser orientadas ao
mercado e inovadoras, mas não têm definido o contexto social, como projetos ambientais com
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foco em energia, ou projetos destinados a melhorar o acesso a intervenções de saúde
reprodutiva (CHO, 2006).
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seja, seus conhecimentos, habilidades, experiência e suas redes sociais. Esta possibilidade
inicial localizada evoluirá para configurações mais robustas através da colaboração com
outros atores que são envolvidos. Esta lógica é demonstrada através dos seguintes princípios
encontrados em empreendedores eficazes:
• Alianças estratégicas: A interação com potenciais parceiros, uma vez que abrem novas
possibilidades, reduzem a incerteza e criam barreiras de entrada para a concorrência.
• Exploração de Contingências: Surgem através do tempo e são vistas como
oportunidades para criar valor.
• Começando com meios em oposição ao estabelecimento de metas finais: Começar
com os meios descreve como os empreendedores tomam decisões importantes sobre
os recursos sob seu controle.
• Perda acessível em vez de retornos esperados: Em vez de se concentrar em maximizar
retornos, empreendedores eficazes definem níveis aceitáveis de perda e experimentam
estratégias diferentes com seus meios limitados.
A abordagem de efetuação de empreendedor como se apresenta na figura 3, é iniciado
com um exame dos meios disponíveis para um empreendedor. As questões "Quem eu sou?”,
“O que eu sei?", e “Quem eu conheço? Permitindo avaliar os meios disponíveis para um
empreendedor, o que lhe permite considerar o que pode fazer (SARASVATHY; e DEW,
2005, p.543; FISCHER, 2012, p.1026). Através da interação com outros e o envolvimento
com os stakeholders, o empreendedor descobre novos meios e estabelece novas metas que
permitem a reavaliação de meios e possíveis cursos de ação (SARASVATHY; e DEW, 2005).
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O empreendedor como um agente de mudança que demonstra seu comportamento
criativo e adaptável, encontra novos usos para os recursos existentes, lida com incertezas e
molda o mercado onde trabalha. Daí pode-se considerar que a experiência do design de
serviços no processo iterativo do empreendedor como uma jornada, procurando a melhora
continua de seus processos, sua oferta de valor, de novos clientes e a criação de novos
produtos e serviços.
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A jornada de usuário combina dois instrumentos poderosos: narração e visualização. A
Narração e a visualização são facetas essenciais para mapear as jornadas de usuário, porque
são mecanismos eficazes para transmitir informações de uma forma memorável, concisa e que
cria uma visão compartilhada (WILLIAMSON, 2016). A compreensão fragmentada é crônica
dos empreendedores, onde os indicadores são atribuídos e medidos por separado, porque
nunca juntam toda a experiência do ponto de vista do usuário. Esta visão compartilhada é um
objetivo crítico do mapeamento da jornada de usuário, porque sem ele, o acordo sobre como
melhorar a experiência do usuário nunca teria lugar (WILLIAMSON, 2016).
Segundo Williamson (2016), o mapeamento da jornada de usuário cria uma visão
holística da experiência do usuário e é esse processo de reunir e visualizar dados de diferentes
pontos de contato que podem atrair de outra forma desinteressados de todos os stakeholders e
incentiva a conversação colaborativa e a mudança.
É importante incluir também o pessoal da linha de frente nesse processo. Para basear a
jornada do usuário em pesquisa sólida, métodos etnográficos como observação, entrevistas
contextuais ou sombreamento são usados para reunir informações detalhadas para mapear a
jornada de usuário (STICKDORN; e SCHWARZENBERGER, 2016, p.272), permite que os
empreendedores sociais acrescentem o escopo da pesquisa de insight do usuário, e fornecem
uma compreensão profunda dos produtos ou serviços, seus pontos fortes, fracos e melhorias
potenciais (STICKDORN; e SCHWARZENBERGER, 2016, p.272).
3. MÉTODOLOGIA
A metodologia a seguir baseia-se em práticas de mapeamento de jornada de usuário,
adaptado de Ortbal et al., (2016, p.252) para incluir os stakeholders e poder considerar as
limitações de empreendedores sociais. O procedimento apresentado é projetado para ser
desenvolvida em equipes e apresenta-se a continuação:
a. Identificar os Stakeholders através do uso da ferramenta “Personas”;
b. Compreender as influências que impactam os stakeholders; tomada de decisão e
hábitos de compra;
c. Definir os pontos de contato do empreendimento social com os stakeholders;
d. Prospectar os pontos de contato chaves; e
e. Desenvolver estratégias para mitigar riscos.
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Espera-se ainda que, com uma reflexão mais profunda sobre os insights identificados,
os empreendedores sociais sejam capazes de articular propostas de valor para cada segmento e
stakeholders e identificar estratégias ou planos de ação para ingressar nesses mercados.
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personagens combinando esses aspectos e usando como referência os perfis identificados em
campo. Assim, cria-se um grupo de personas com características significativamente diferentes
que representem perfis extremos de usuários do produto ou serviço analisado (SILVA, 2012).
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d. Compra: Realizar a compra.
e. Pós-venda: Receber treinamento e suporte quando precise.
Cada estágio da jornada de usuário é ainda dividido para incluir os seguintes
componentes em cada fase (ORTBAL et al., 2016, p.254):
a. Metas: Estabelecer um foco e serve de parâmetro para medir o sucesso da jornada.
b. Ações: Direções para os empreendimentos, evitando problemas e atuando nas
oportunidades.
c. Pontos de contato: Pontos onde os empreendedores e os stakeholders se conectam.
d. Sentido: Critérios para determinar e categorizar se os pontos de contato da jornada
são de problemas ou oportunidades.
e. Insights: Obter uma compreensão precisa e profunda de stakeholders.
Os empreendedores sociais podem registrar suas descobertas em relação às fases e
componentes da jornada de usuário, no seguinte formato como se apresenta na figura 5.
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4. DISCUÇÃO
A atitude e os sentimentos do usuário também são ilustrados em cada ponto de contato
e os aspectos físicos e emocionais são considerados durante a jornada (MOON, et al., 2016,
p.502). Esta métrica, não é normalmente analisada por dados quantitativos por si só, é crítico
quando se trata de compreender motivações e necessidades reais dos usuários (ORTBAL et
al., 2016). O componente de sentido do mapa capta o estado emocional dos usuários em toda
a jornada e é a chave para identificar e oportunidades e ameaças no processo.
Segundo MOON, et al. (2016, p.502) métodos para usar jornadas de usuário para
identificar oportunidades de negócios potenciais são difíceis de encontrar; muito mais para os
empreendedores sociais. Embora não sejam necessários os pontos na jornada de usuário onde
os stakeholders entram em contato com o empreendedor, esses pontos representam momentos
que poderiam ajudar um empreendimento social a ter sucesso ou prejudicara-lo.
Empreendedores sociais devem prestar atenção a esses pontos para amplificar experiências
positivas sempre que seja possível (ORTBAL et al., 2016).
Quando um empreendedor finaliza o mapeamento da jornada de usuário, espera-se
analisar os mapas com atenção nos pontos de contato; pode consistir em vários caminhos que
implicam atividades diferentes porque os usuários têm maneiras diferentes de atingir metas,
portanto, as diversas intenções de uso e caminhos de atividades de vários grupos de usuários
devem ser consideradas (MOON, et al., 2016). Esses dados podem apresentar importantes
insights sobre propostas de valor, propostas do empreendimento social, estratégias de ingresso
nos mercados, etc. Com escores de satisfação baixos indicando elementos de um
empreendimento podem não ser válidos dentro de um determinado stakeholder. Esses dados
podem ser usados para informar o desenvolvimento de um empreendimento social em
diferentes fases do ciclo de vida (ORTBAL et al., 2016).
Ortbal et al. (2016), conclui que quando um projeto é lançado, a jornada de usuário,
pode ser criado usando dados previstos e usado como uma ferramenta de validação orientada
pelo mercado ou modo de prever e endereçar pontos de contato antes de sair no mercado.
Durante ou após a fase de lançamento, o mapeamento da jornada de usuário pode expressar a
realidade de como os stakeholders interagem com os empreendedores sociais, indicando as
oportunidades e ameaças. Isto é eficaz na melhoria dos produtos ou serviços existentes, mas
na criação de produtos ou serviços inovadores, é interessante usar outros métodos além da
jornada de usuário (MOON, et al., 2016).
77
Jornada
de
usuário
para
os
empreendedores
sociais
Ayala,
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F.;
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5. CONCLUSÃO
Poder explorar os métodos de design de serviço, a fim de melhorar processos,
serviços, produtos e melhorar o contato com os clientes, pode ser uma oportunidade para os
empreendedores sociais. Já que envolver seus empreendimentos com métodos e ferramentas
do design de serviço, pode projetar novas soluções para entregar de produtos e serviços ao
cliente, reduzindo custos. A Jornada de usuário são uma de estas ferramentas e métodos, que
demonstra a forma que os usuários interagem atualmente com os produtos e serviços e
demonstra a forma que os usuários podem interagir com determinado produto e serviços.
Williamson (2016), acerta que a jornada de usuário cria uma visão holística da
experiência do usuário e é esse processo de reunir e visualizar dados de diferentes pontos de
contato que podem atrair de outra forma desinteressados de todos os stakeholders e incentiva
a conversação colaborativa e a mudança. Esta ferramenta para os empreendedores sociais
pode mostrar o status atual do empreendimento, destacando quais pontos e problemas que
uma solução futura irá resolver. Além, se é para mostrar um resultado futuro, então apresenta
caminhos de como um cenário ideal deve ser, destacando os benefícios para o usuário e o
empreendimento.
A jornada de usuário é um método adaptável a qualquer tipo de negócio, porém, pode
ser usado como um método de fácil acesso (em tempo e dinheiro) para os empreendedores
sociais.
O método de jornada de usuário é uma ferramenta de fácil acesso para os
empreendedores sociais, ajudando a identificar pontos de contato dos stakeholders e assim
poder melhorar seus produtos ou serviços. Pode-se identificar que o potencial do método já
que toma em contar o usuário; identifica os pontos de contato com ele, e gera ações chaves
para o sucesso dos empreendedores sociais. O método ajuda a conhecer o comportamento dos
usuários na fase inicial dos empreendedores sociais, e pode ajudar a influenciar nas decisões
estratégicas e financeiras de seus empreendimentos.
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Jornada
de
usuário
para
os
empreendedores
sociais
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D.
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Lezana,
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R.
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Jornada
de
usuário
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os
empreendedores
sociais
Ayala,
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Lezana,
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Um Modelo de Gestão
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1. INTRODUÇÃO
A importância que a gestão das Instituições de Ensino Superior adquire no atual cenário
econômico, em que a sociedade do conhecimento impõe uma dinâmica acelerada de obsolescência aos
mercados globais e a obtenção incessante de vantagens competitivas, vem delineando-se na medida
em que se observa a mobilização de diversos representantes de órgãos de governo, setoriais e
empresariais que buscam respostas para equacionar a necessidade de avançar no processo (TAYLOR,
2011). Nesse contexto, acadêmicos e gestores ressaltam a relevância que adquire a gestão
organizacional, que pode ser considerada como um meio para realizar ações, e compreendida como
processo que constitui a organização, que vai possibilitar a interação e a colaboração entre os diversos
agentes envolvidos com a gestão. Além disso, da experiência como gestora também surgiram muitos
questionamentos ligados aos aspectos de gestão das IES como: falta de posicionamento
mercadológico; dificuldades em ocupar todas as vagas oferecidas pelo vestibular; falta de
relacionamento com os alunos e fidelização deles; falta de medição de desempenho com critérios mais
objetivos; falta de perspectivas claras de futuro; distância do mercado empregador; distância da
comunidade em que está inserida; falta de pesquisa relevante e insatisfação interna, dentre outros
(TAYLOR, 2011). Pensando nessas questões, é que se procura estudar formas para melhorar a gestão
das Instituições de Ensino Superior como um meio de organizar os problemas que os gestores
enfrentam.
Esta pesquisa demonstra sua relevância ao buscar, em primeiro lugar, sob a perspectiva
teórica, contribuir para o conhecimento no campo dos estudos organizacionais, trazendo à luz
conceitos oriundos de uma abordagem não usualmente tratada na área, sobretudo na Engenharia de
Produção, especificamente na área de engenharia organizacional em que se encontra a gestão
(ABEPRO, 2012). Em segundo lugar, trata-se de enfrentar o desafio de propor um modelo que auxilie
a identificar práticas de inteligência estratégica que possam contribuir para a ampliação da capacidade
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de mudanças no contexto da gestão de IES. Analisando essas questões e vendo as lacunas que existem
na gestão das IES, suas origens, conceitos e perspectivas, tendo em vista os estudos sobre inteligência
estratégica, em que se pode criar estruturas ágeis, dinâmicas, que facilitem a comunicação, a
coordenação e o processo de decisão, torna-se importante repensar o modelo de universidade, o seu
planejamento em gestão estratégica, a formação de pessoas produtivas (gestores), melhores práticas na
gestão administrativa e acadêmica
2. REFERENCIAL TEÓRICO
A nova visão de gestão tem que estar focalizada nas mudanças que acontecem a todo o
instante, buscando uma primazia para a capacitação e a formação de todos os envolvidos. Cabe assim
ao gestores estar atento para que a inserção dessas transformações venha a fazer com que a instituição
abrace a causa e torne-se meio participativo de colaboração para a adesão de uma gestão em que se
envolvam todos os segmentos da própria instituição.
Não há como negar o contexto atual das Instituições de Ensino Superior, marcado por mudanças de
caráter político, social e cultural, presentes devido à globalização, que vem mudando a rotina da
sociedade contemporânea.
Esses interesses devem estar interligados com a sociedade em geral, para que
a implementação destes venha a fortalecer os parâmetros do trabalho com a
qualidade que se almeja em toda IES, de forma a colocá-la no contexto
social e econômico, visando assim a atingir seus objetivos, suas metas, sendo
competitivo. (SILVA, 2009, p.14).
De acordo com Godoy, Rosa, Barbosa (2008, p. 4), para ser competitivo é necessário ser
diferenciado, é quebrar paradigmas, trazer inovações e qualidade, é pensar antecipadamente. E o que
ocorre é que, algumas IES esperam as mudanças acontecerem para depois se posicionarem e propor
soluções como meros espectadores. Tais instituições estão fadadas ao fracasso se adotarem essa
postura frente ao mercado.
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Além disso, ao antecipar essas mudanças, as IES passam a ter autonomia na sua gestão,
estando preparadas para as transições que ocorrem todos os dias, sendo convencionadas para o
aprimoramento e a execução de suas metas e de seus objetivos.
Dessa forma,
Entende-se aqui que essa gestão deve vir com vistas a beneficiar um todo, vindo a fazer com que a
contribuição venha a centralizar a melhoria da qualidade da IES, tendo o reconhecimento, a
autonomia, para que a organização se enquadre no sistema, estendendo assim para a eficácia, para a
mudança, para o crescimento constante, pois “a preocupação em fortalecer a gestão [...] tende a ser ao
mesmo plano que a gestão estratégica. O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) é
compreendido como estratégico e via de fortalecimento” (MOROSINI; FRANCO, 2006, p. 62).
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liberdade de ação, ou seja, deve objetivar o uso e o rendimento dos recursos disponíveis e
diversificar alternativas, possibilidades de iniciativa e antecipação. Consiste em relacionar o
monitoramento do ambiente com as características e objetivos da organização, isto é, deve
considerar a estruturação dos processos de inteligência a partir das estratégias da empresa e do
que se encontra na essência da estratégia. Não se trata, então, apenas do monitoramento da
concorrência e dos clientes, mas também de outros atores e ambientes que podem interferir
nos resultados da organização (LACKMAN; SABAN; LANASA, 2000).
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Figura
1
-‐
O
ciclo
da
Inteligência
em
sete
etapas
1 – Planejar
2 – Coletar
A coleta de informação é feita a partir de várias fontes que podem ser formais
(internet, base de dados, patentes, normas, etc.) ou informais (rede de contatos, discussões
com parceiros, fornecedores, clientes, concorrentes, etc.).
3 – Filtrar
O processo pode captar muitas informações, e um primeiro filtro tem de ser aplicado
para livrar-se do ruído.
4 – Interpretar
Essa etapa de análise é o momento importante para trocar com outros funcionários da
empresa. A organização também pode contatar especialistas externos no assunto.
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5 – Comunicar e memorizar
Difusão das informações analisadas, estruturadas, com valor agregado à boa pessoa, ao
bom tempo. Cada informação tem de ser estocada numa forma que permite facilmente achá-la
e usá-la.
7 - Agir
Esse ciclo vai gerar outras perguntas que vão alimentá-lo. O objetivo é que ele seja
continuamente alimentado por todas as partes da empresa, cada uma fazendo seu próprio ciclo
de inteligência (JUILLET, 2007).
2.3 PLATAFORMAS
Por plataforma, entende-se um ambiente similar a um portal web, em que o usuário
habilitado tem acesso a uma série de recursos viabilizadores da prática de inteligência,
disponibilizando diversos textos, slides, vídeos, tutoriais, aplicativos, cases, etc.,
possibilitando a cada indivíduo, grupo ou organização, de exercer com mais segurança esses
novos desafios. (FREITAS; JANISSEK-MUNIZ, 2006). Todo o material disponibilizado
prezará pela facilidade de uso, pela simplicidade de construção e de compreensão, pela efetiva
contribuição que ele terá, seja em processo, seja em resultado, com relação à busca,
tratamento e difusão da informação pela qual se possa desenvolver a capacidade gerencial de
produzir um ambiente capaz de mostrar aos gestores os dados necessários para apoiar a sua
decisão e tornar seu trabalho mais eficaz na hora de possíveis imprevistos (FREITAS;
JANISSEK-MUNIZ, 2006). A Figura 2 exemplifica como uma plataforma está inserida em
três grandes espaços : conteúdo, que são as informações que a abastecem; comunicação, que é
a forma como a informação é disponibilizada, e coordenação, que é como os usuários
interagem. A intersecção de todos os espaços constitui a plataforma.
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Ao funcionar como um portal web (estar disponível via web aos usuários), as
plataformas de gestão têm gerado um interesse crescente entre os gestores, justamente devido
à capacidade de alinhar tecnologia e conhecimento para melhorar o fluxo e o intercâmbio de
informações em toda a empresa. A função principal de uma plataforma de gestão é fornecer
um diretório transparente de informações já disponíveis em outros lugares, e não agir como
uma fonte separada de informação em si, fornecendo informação, serviços e aplicações
construídas em cima de uma vasta gama de recursos e informação (DETLOR, 2000).
Uma plataforma é um ponto de acesso a recursos (e-mail, calendários, fluxo de
trabalho e gerenciamento de projetos de software, aplicativos de relatórios), com foco e
orientada para os processos de negócio. É capaz de processar e colaborar com a tomada de
decisão, e não só conectar os tomadores de decisão, a fim de alcançar os objetivos do negócio
(DIAS, 2001; BENBYA; PASSIANTE; AISSA BELBALY, 2004).
Pode-se destacar também as plataformas de ensino, que são ambientes onde um grande
número de recursos é disponibilizado para a gestão de conteúdos e alunos.
3. MÉTODO
3.1 Bibliometria
Para o desenvolvimento do artigo foi realizado a análise de resultados obtidos a
partir de uma bibliometria nas seguintes bases de dados da CAPES:
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- Web of Knowledge: um índice multidisciplinar com a maioria dos periódicos
citados em suas respectivas áreas, com mais de 9.000 periódicos indexados;
- Scopus: um banco de dados de resumos, citações de literatura científica e de
fontes de informação na Internet com mais de 15.000 revistas;
- Science Direct: banco de dados científicos, artigos de periódicos e capítulos de
livros de mais de 2.500 periódicos e quase 20 mil livros.
As três bases de dados foram selecionadas com base nos seguintes critérios: conter
publicações de periódicos científicos que utilizam os critérios formais de avaliação por pares;
utilizar critérios de avaliação da qualidade da produção intelectual acadêmica e indicadores de
impacto das publicações na comunidade científica conforme o número de citações (Qualis
Capes, Journal Citation Reports – JCR, ou Scimago Journal & Country Rank – SJR); acesso
livre a artigos científicos com textos completos e possibilidade de exportação de metadados
para o software Endnote®, usado para tratamento, manipulação, contagem de metadados e
leitura das publicações. O uso das combinações foram: (strategic* intelligence) AND
(Institute* of higher education), (college) AND (management support system) OR
(management system,) (strategic* intelligence) AND (Institute* of higher education) OR
(college) AND (management support system). A leitura das publicações foi orientada pela
categorização por meio da identificação de objetivos, problema, justificativa, principais conceitos,
metodologia, principais resultados e recomendações para pesquisas futuras. Também é necessária
nessa etapa, a consideração de aspectos subjetivos, tais como a capacidade de análise do pesquisador
pela experiência e sua interpretação do conteúdo apreendido na pesquisa bibliográfica (MAANEN,
1979; NEVES, 1996; BARDIN, 2011).
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As perguntas do questionário foram precedidas por uma explicação dos objetivos da pesquisa,
como também por um breve resumo sobre o tema abordado. O questionário aplicado possui duas
partes:
• A primeira busca identificar o perfil dos gestores e é constituída por oito questões objetivas
(faixa etária, sexo, formação acadêmica, tempo na instituição, regime de trabalho).
• A segunda parte possui vinte questões de múltipla escolha e destina-se ao estudo e
levantamento dos elementos necessários para a construção de uma plataforma para a adoção
de práticas de inteligência estratégica para auxiliar na gestão das Instituições de Ensino
Superior (IES), solicitando ao gestor uma avaliação das variáveis na Gestão e em seguida,
sugerisse outras variáveis que julgasse importante.
Na segunda parte do questionário foi solicitado que cada gestor avaliasse com um peso de 1 a
5, sendo 1 “nenhuma relevância, 2, “pouca relevância”, 3, “nem relevante e nem irrelevante”, 4,
“relevante” e 5, “muita relevância”, a importância de cada elemento estar contido numa Plataforma de
Inteligência Estratégica para Gestão de IES. Cada um dos 20 elementos sugeridos continha uma breve
descrição do tipo de informação relacionada que estaria disponível na Plataforma. Além disso, antes
de ser enviado ao grupo de gestores das universidades, o mesmo foi avaliado por um grupo de cinco
gestores da UNOESC (Universidade do Oeste de Santa Catarina). A partir das observações feitas pelos
cinco gestores, foram realizadas pequenas alterações. Assim, o instrumento atende aos seus objetivos,
sendo validado em pré-teste.
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UNISUL
Universidade do Sul de Santa Catarina
UNIVALI
Universidade do Vale do Itajaí
UNIVILLE
Universidade da Região de Joinville
UNOCHAPECÓ
Universidade Comunitária da Região de Chapecó
UNIARP
Universidade Alto Vale do Rio do Peixe
USJ
Universidade de São José
Fonte: Autora
4 Resultados e Discussões
Nas análises realizadas através da bibliometria foram encontrados 9 (nove) artigos
alinhados com os temas e que estão brevemente descritos na tabela 2. Os artigos encontrados nas bases
sugerem melhorias nas práticas de Inteligência Estratégica (IE) trabalhando a cultura da organização
orientada para a gestão de informações, alguns pontuam mais na questão de contabilidade, apoio a
gestão usando sistemas de inteligência, apoiando o uso de planejamento estratégico, etc.
Tabela 2 – Artigos selecionados nas Bases de Dados do portal Capes com relação a pesquisa
ARTIGO ABORDAGEM
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Nermin Akyela, Tulay KorkusuzPolatb, Seher performance baseada na avaliação e orçamento,
Arslankaya, 2012
bem como a rápida evolução experimentada na
área de informática e comunicação tecnologias
têm obrigado as instituições de ensino superior
para preparar os seus planos estratégicos
8 - Strategic Descriptive Review of the Intelligent O artigo sugere um sistema inteligente para apoio
Decision-making Support Systems Research: the à tomada de decisão inteligente.
1980–2004 Period Manuel Mora1, Guisseppi
Forgionne2, Jatinder N.D. Gupta3, Leonardo
Garrido4, Francisco Cervantes5 and Ovsei
Gelman
Fonte: autora
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O levantamento dos dados foi viabilizado por meio do questionário que foi respondido por
32% dos gestores das Instituições de Ensino Superior (IES), constantes na tabela 1. A primeira parte
buscava identificar o perfil dos gestores, constituída de oito questões objetiva (faixa etária, sexo,
formação acadêmica, tempo na instituição, regime de trabalho) e tem seu resultado sintetizado na
Tabela 3.
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Tabela 4: Avaliação dos Elementos sugeridos para a construção da plataforma
1
O percentual de predominância representa a proporção das respostas no grau de relevância 5 em
relação ao total de respostas obtidas.
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Fonte: Autores
5 Conclusão
A relevância desse artigo decorre da identificação das lacunas na revisão bibliográfica
relacionada ao Uso de Plataformas utilizando Inteligência Estratégica para apoiar a Gestão de
Instituições de Ensino Superior.
Esta pesquisa constata que, tanto as pesquisas realizadas nas bases de dados do portal CAPES,
quanto o questionário aplicado aos gestores, evidenciaram a problemática enfrentada na gestão das IES
atualmente e afirma que, com o uso da Inteligência Estratégica as universidades tem a possibilidade de
se antecipar às oportunidades de mercado e se prevenir quanto às mudanças no seu ambiente.
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elementos que constituem a Instituição e que existe a necessidade de melhorar sua percepção em relação
a alguns aspectos que constituem a sua gestão.
Futuras pesquisas poderiam ser realizadas com intuito de analisar, de forma mais ampla,
processos de IE aplicados em IES. Nesse sentido, variáveis referentes ao impacto do trabalho de
Inteligência Estratégica podem ser analisadas, comparando-se com os resultados específicos de
desempenho estratégico e da performance de gestão. O problema enfrentado pelas universidades
brasileiras tem merecido atenção especial em relação à sua gestão. A universalização do acesso à
educação superior constitui-se tema emergente, complexo e de fundamental importância para a
sociedade brasileira, especialmente se considerarmos o cenário da revolução tecnológica, da
globalização e das mudanças no mundo do trabalho. É comum as instituições brasileiras contarem com
profissional com pouco conhecimento de gestão ou administração, no cargo de direção, onde geralmente
são docentes advindos da pesquisa ou do ensino, das diversas áreas do conhecimento. (CASARTELLI,
2010). A recomendação dos autores é o desenvolvimento da plataforma a partir dos elementos
identificados neste artigo para apoio aos gestores na tomada de decisões.
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A
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Estratégica
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97
Uma revisão teórico-
conceitual da abordagem de
sistemas de inovação
98
Uma revisão teórico-conceitual da abordagem de sistemas de inovação
Uriona Maldonado, M.
1. INTRODUÇÃO
A abordagem do sistema de inovação (SI) nasce a partir dos debates no âmbito
acadêmico e político na década de 1970-1980 sobre mecanismos de análise que ajudassem a
formular melhores políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação bem como a incentivar
o desenvolvimento econômico a nível nacional e regional. O sistema de inovação relaciona
atores públicos e privados - tais como o Estado, as Universidades e os Centros de Pesquisa com
os Setores Industriais – envolvidos no processo de inovação, com o marco institucional
(legislação, norma e outras ‘regras do jogo’) e com os processos de aprendizado das firmas
(corrente evolucionária e neo-schumpeteriana).
A abordagem, proposta inicialmente para o espaço geográfico nacional, e que logo fora
adaptada para analisar espaços locais, setoriais, regionais e tecnológicos é atualmente utilizada
por países nos cinco continentes e por organizações como a OECD, a Conferência das Nações
Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), o Banco Mundial (WB) e o Fundo
Monetário Internacional (IMF), para a formulação de políticas e para a análise das atividades
de ciência, tecnologia e inovação.
Em decorrência, este capítulo apresenta uma revisão teórico-conceitual da abordagem
de “sistemas de inovação”. O objetivo do capítulo é apresentar as bases teóricas - consolidadas
e reconhecidas pela comunidade científica - que fundamentam a relevância do tema. Assim,
traz inicialmente os principais conceitos relacionados com a teoria dos “sistemas de inovação”
e sua aplicação; na sequência, apresentam-se as dimensões e os componentes do sistema de
inovação e o capítulo finaliza com a síntese da importância bem como das limitações e desafios
da abordagem na atualidade.
99
Uma revisão teórico-conceitual da abordagem de sistemas de inovação
Uriona Maldonado, M.
Figura 1 - Crescimento do número de publicações científicas sobre Sistemas de Inovação no período 1990 – 2009
100
Uma revisão teórico-conceitual da abordagem de sistemas de inovação
Uriona Maldonado, M.
101
Uma revisão teórico-conceitual da abordagem de sistemas de inovação
Uriona Maldonado, M.
Por fim, a maior vantagem da abordagem dos SI sobre outras pode se observar no seu
uso, pois serve tanto como instrumento de análise – com foco mais teórico/descritivo --- quanto
como ferramenta de formulação de política pública---foco mais pragmático/prescritivo
(LUNDVALL, 2007).
102
Uma revisão teórico-conceitual da abordagem de sistemas de inovação
Uriona Maldonado, M.
1
O Capítulo 6 traz um exemplo de uso da PINTEC para análise das atividades
inovativas.
2
O Capítulo 17 apresenta uma aplicação das técnicas de prospecção tecnológica de
patentes para o caso da energia eólica.
103
Uma revisão teórico-conceitual da abordagem de sistemas de inovação
Uriona Maldonado, M.
3
O regime tecnológico foi um conceito proposto por Nelson e Winter (1982) para
descrever o ambiente tecnológico no qual operam as firmas de um determinado setor. Está
composto por: um nível de apropriação e de oportunidade específicos, por um grau de
acumulação de conhecimento ou tecnologia e pelas características intrínsecas da base de
conhecimento do setor.
104
Uma revisão teórico-conceitual da abordagem de sistemas de inovação
Uriona Maldonado, M.
4
Neste livro são apresentados dois capítulos utilizando a abordagem funcionalista: No
Capítulo 7 apresenta-se uma exemplificação de como as funções do sistema podem ser
utilizadas como ‘indicadores compostos’ de inovação. Já no Capítulo 15 apresenta-se uma
aplicação das funções para analisar o funcionamento do sistema tecnológico de energia solar
fotovoltaica no Brasil, seguindo de forma mais tradicional, o método proposto por Hekkert et
al. (2007) e Bergek et al. (2008).
105
Uma revisão teórico-conceitual da abordagem de sistemas de inovação
Uriona Maldonado, M.
106
Uma revisão teórico-conceitual da abordagem de sistemas de inovação
Uriona Maldonado, M.
como são coordenadas essas relações quando os recursos são limitados, ou seja, os mecanismos
que fazem aos componentes competirem por algum recurso limitado e os seus efeitos no
desempenho global do SI (LEE, S. H.; YOO, 2007; GODIN, 2009).
Uma terceira limitação tem a ver com a natureza estática dos estudos feitos com base na
abordagem dos SI, o que apresenta uma falta de estudos que demonstrem mudanças dinâmicas
do sistema, ou seja, mudanças ao longo do tempo, o que dificulta a identificação de padrões de
interação dinâmicos, visíveis somente em análises que oferecem um “filme” ao invés de uma
“fotografia” (LEE, T.-L., 2002a; LEE, S. H.; YOO, 2007)5.
Ainda uma quarta limitação identificada na literatura, diz que dada a complexidade dos
SI (diversidade de atores e relações) a principal ênfase dos estudos empíricos têm focado em
análises estatísticas e/ou comparativas, deixando de lado estudos e análises dinâmicas que
pudessem representar a evolução dos SI e suas reações a mudanças naturais e/ou produzidas
pelo homem (CARLSSON et al., 2002). De certa forma, a abordagem ‘funcionalista’ é a que
mais tem avançado neste aspecto, ao propor uma análise dinâmica do sistema (HEKKERT et
al., 2007).
Em síntese, pode-se dizer que as limitações de ordem teórico surgem de problemas de
integração entre os postulados e conceituações teóricas com as formas de representação práticas
e com os estudos empíricos, que de forma indireta, recaem no segundo tipo de limitações.
5
Nesta linha, trabalhos utilizando a simulação, tais como os modelos de agent-based
modeling (ABM) e os modelos de dinâmica de sistemas têm se mostrado bastante úteis. O
capítulo 8 apresenta uma aplicação do modelamento qualitativo de dinâmica de sistemas para
o caso do setor agroalimentar de Santa Catarina.
107
Uma revisão teórico-conceitual da abordagem de sistemas de inovação
Uriona Maldonado, M.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O interesse sobre o tema inovação nasce a partir dos estudos sobre crescimento e
desenvolvimento econômico no Séc. XVIII. Especificamente a literatura sobre sistemas de
inovação ganha relevância com o desenvolvimento da corrente evolucionária e da corrente
neoschumpeteriana e com os trabalhos pioneiros de pesquisadores como Freeman (1987),
Lundvall (1992) e Nelson (1993).
A abordagem dos Sistemas de Inovação ajudou nas últimas décadas a estabelecer e
formular melhores políticas de inovação, fortalecer os laços entre os atores do SI bem como a
compreender de melhor forma as diferenças cientifico-tecnológicas entre os países
desenvolvidos e em desenvolvimento.
Consequentemente, a abordagem tem sido utilizada por vários países como os Estados
Unidos, a Alemanha e o Japão assim como por entidades internacionais como a OECD, a
108
Uma revisão teórico-conceitual da abordagem de sistemas de inovação
Uriona Maldonado, M.
109
Uma revisão teórico-conceitual da abordagem de sistemas de inovação
Uriona Maldonado, M.
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112
Panorama geográfico das
indústrias inovadoras
brasileiras
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, é possível afirmar que o maior vetor de inovação são as indústrias, sejam elas
extrativistas ou de transformação. De acordo com a Pesquisa de Inovação 2011 do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), das 128.699 empresas1 analisadas, 116.632
era indústrias, o que equivale a 90,62% (IBGE, 2013a). Das 90.905 empresas que
implementaram inovações (produtos e/ou processo e organizacional e/ou marketing), 82.782
eram indústrias, ou seja, 91,06% (IBGE, 2013).
Inovação, de acordo com Davila, Epstein e Shelton (2007), não é apenas uma
oportunidade para as organizações crescerem ou sobreviverem, mas influencia os rumos da
indústria em que se insere: “inovação de qualidade dá a uma empresa oportunidade de crescer
de maneira mais rápida, melhor e com mais sagacidade do que as concorrentes [...] e acaba
ditando os rumos da sua indústria” (DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2007, p. 23).
Além disso, a inovação encontra-se inerente a questões relativas ao desenvolvimento
regional, proporcionando a melhoria na qualidade de vidas das pessoas. Apesar da relevante
pesquisa desenvolvida sobre inovação no Brasil, (KANNEBLEY JUNIOR; PORTO;
PAZELLO, 2004; SUGAHARA; JANNUZZI, 2005; PROCHNIK; ARAÚJO, 2005;
CARVALHO, 2008; CAMPOS; RUIZ, 2009; SANTOS, 2012) identificou-se que há uma
lacuna em relação à caracterização da estrutura geográfica da indústria que inovam no Brasil:
onde elas estão concentradas? Como estão distribuídas essas indústrias pelo território
brasileiro? Quais são suas vocações regionais?
De acordo com Silveira (2005, p. 189), “a observação da distribuição geográfica das
atividades econômicas entre as regiões em um país ou economia dificilmente guarda relação
direta e proporcional com as diferentes dimensões físicas dessas regiões”. Nesse sentido, este
estudo busca apresentar um panorama da distribuição geográfica das indústrias que inovam,
no Brasil. Esta pesquisa não tem a intenção de esgotar a discussão sobre o a inovação das
indústrias mas regiões brasileiras, mas pode ser considerada relevante para futuras pesquisas e
análises mais profundas, como políticas e práticas da inovação nas indústrias no Brasil.
Este artigo está dividido em sete seções. A primeira introdutória com a apresentação do
objetivo da pesquisa. Na segunda parte são apresentados os procedimentos metodológicos
adotados. Na terceira, quarta, quinta e sexta são apresentados, respectivamente, a
1
Empresas com 10 ou mais pessoas ocupadas em 31 de dezembro do ano de referência, conforme metodologia
do IBGE.
114
Panorama
geográfico
das
indústrias
inovadoras
brasileiras
Saito,
C.
E.;
Lezana,
A.
G.
R.
concentração industrial, inovação na indústria brasileira, tipos de inovações implementadas e
principais atividades inovadoras e, por fim, na sétima parte a conclusão desta pesquisa.
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Quanto ao método adotado nesta pesquisa, pode-se classificar como indutivo pois “parte-
se da observação de fatos ou fenômenos cujas causas se deseja conhecer. [...] procura-se
compará-los com a finalidade de descobrir as relações existentes entre eles” (GIL, 2008, p.
10-11). Quanto ao objetivo, trata-se de uma pesquisa exploratória que de acordo com Gil
(2008), tem como objetivo proporcionar uma visão geral acerca do fato, que envolve a
estrutura da indústria inovadora no território brasileiro. A pesquisa compreende levantamento
bibliográfico e análise de dados secundários, exclusivamente documentos disponíveis na
internet. Para análise documental, foram utilizados os relatórios de Pesquisa de Inovação
(PINTEC) bem como estimativas e dados do censo populacional, disponibilizados pelo IBGE.
3. CONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL
115
Panorama
geográfico
das
indústrias
inovadoras
brasileiras
Saito,
C.
E.;
Lezana,
A.
G.
R.
Fonte: Elaborado pelos autores com base em IBGE (2011a) e Regiões do Brasil (2015)
Percebe-se que a distribuição das indústrias é irregular no território brasileiro, porém vale
ressaltar que a população brasileira também é distribuída de forma desigual. Desta forma,
buscando analisar um indicador que pudesse representar a estrutura industrial em relação à
diversidade da distribuição populacional das regiões brasileiras, elaborou-se a Tabela 1,
Índice de Concentração Industrial (ICI) no Brasil, em 2011 e representada na Figura 2. De
acordo com Souza (1980), concentração industrial representa uma unidade de medida
qualquer observada em um mercado, podendo constituir-se em indicador de sua estrutura.
O índice de concentração industrial (ICI) foi calculado com base na PIA-Empresae na
estimativa da população ou censo2, da seguinte forma:
!º
$%
&'$ú)*+&,)
ICI = x 100
-./01,çã.
2
Quando os dados populacionais se referem ao ano 2010.
116
Panorama
geográfico
das
indústrias
inovadoras
brasileiras
Saito,
C.
E.;
Lezana,
A.
G.
R.
Assim, apresentam-se na Tabela 1 os seguintes ICIs:
Tabela 1 – Índice de concentração industrial por regiões e unidades de federação do Brasil, em 2011.
Regiões e Unidades de Federação Nº de indústrias em 2011 População em 2011 ICI
BRASIL 197.730 192.379.287 -
NORTE 5.620 16.095.187 0,035%
Rondônia 1.202 1.576.455 0,076%
Acre 279 746.386 0,037%
Amazonas 1.191 3.538.387 0,034%
Roraima 122 460.165 0,027%
Pará 2.016 7.688.593 0,026%
Amapá 175 684.309 0,026%
Tocantins 545 1.400.892 0,039%
NORDESTE 23.711 53.501.859 0,044%
Maranhão 1.076 6.645.761 0,016%
Piauí 1.079 3.140.328 0,034%
Ceará 5.043 8.530.155 0,059%
Rio Grande do Norte 1.876 3.198.657 0,059%
Paraíba 1.683 3.791.315 0,044%
Pernambuco 5.339 8.864.906 0,060%
Alagoas 858 3.143.384 0,027%
Sergipe 1.034 2.089.819 0,049%
Bahia 5.723 14.097.534 0,041%
SUDESTE 99.902 80.975.616 0,123%
Minas Gerais 24.142 19.728.701 0,122%
Espírito Santo 4.353 3.547.055 0,123%
Rio de Janeiro 10.675 16.112.678 0,066%
São Paulo 60.732 41.587.182 0,146%
SUL 55.981 27.562.433 0,203%
Paraná 17.513 10.512.349 0,167%
Santa Catarina 18.109 6.317.054 0,287%
Rio Grande do Sul 20.359 10.733.030 0,190%
CENTRO-OESTE 12.514 14.244.192 0,088%
Mato Grosso do Sul 1.722 2.477.542 0,070%
Mato Grosso 3.016 3.075.936 0,098%
Goiás 6.486 6.080.716 0,107%
Distrito Federal 1.290 2.609.998 0,049%
Fonte: Elaborado pelos autores com base em IBGE (2011a, 2014).
Ao analisar a Figura 1, pode-se observar que o estado de Santa Catarina está entre os
quatro estados mais industrializados do Brasil, com 9,16% das indústrias, ficando atrás dos
estados de São Paulo (30,71%), Minas Gerais (12,21%) e Rio Grande do Sul (10,52%),
porém, ao comparar o ICI da Tabela 1 e na Figura 2, há uma grande discrepância dos estados
da região Sul em relação aos demais, sobretudo de Santa Catarina.
Na região Norte, mesmo o maior número de indústrias se concentrar no estado do Pará, o
estado mais industrializado em relação à sua população é Rondônia, com ICI de 0,076%. Na
região Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste o estado de Pernambuco, Goiás e São Paulo
concentram o maior número de indústrias em termos absolutos e mantêm o maior ICI da
região, sendo 0,060%, 0,107% e 0,148 respectivamente. Na região Sul, com ICI de quase
0,29%, Santa Catarina se destaca como o estado com maior número de indústrias em relação à
117
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sua população, não só em sua respectiva região, mas também em relação aos demais estados
do Brasil. Santa Catarina, em 2011, apresentava um ICI três vezes maior que a média do
Brasil (0,077%), ficando à frente dos estados de São Paulo (0,146%), Paraná (0,167%) e Rio
Grande do Sul (0,190%). E na outra ponta, mesmo o estado de Roraima sendo o menos
industrializado (0,06%), com ICI igual a 0,027% estava acima de estados como Amapá
(0,026%), Pará (0,026%) e Maranhão (0,016%).
Figura 2 – Índice de concentração industrial (ICI), por Regiões e Unidades da Federação do Brasil, em 2011.
Fonte: Elaborado pelos autores com base em IBGE (2011a, 2014) e Regiões do Brasil (2015)
Desta forma, elaborou-se o gráfico de variação do ICI de 2008 a 2013 com a intenção de
analisar o comportamento de tais índices durante os últimos cinco anos (de acordo com os
dados disponíveis), e representado na Figura 3. Apesar das variações entre os estados,
observa-se que a região Sul do Brasil possui mais indústrias em relação à sua população.
Santa Catarina é o único estado brasileiro com índice acima de 0,25% em todos os períodos
analisados, seguido pelos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo.
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inovadoras
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Figura 3 – Variação do Índice de concentração industrial (ICI), por Regiões e Unidades da Federação do Brasil,
de 2008 a 2013.
0,350%
0,300%
0,250%
0,200%
0,150%
0,100%
0,050%
0,000%
Amazonas
Tocantins
Alagoas
Roraima
Pernambuco
Goiás
Rondônia
Minas Gerais
Rio de Janeiro
Maranhão
Santa Catarina
Amapá
Espírito Santo
Distrito Federal
Acre
Paraíba
Ceará
Bahia
São Paulo
Sergipe
Mato Grosso
Pará
ICI 2013 ICI 2012 ICI 2011 ICI 2010 ICI 2009 ICI 2008
Fonte: Elaborado pelos autores com base em IBGE (2008, 2009, 2010a, 2010b, 2011a, 2012, 2013b, 2014) e
Regiões do Brasil (2015)
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uma vez que nem todo esforço inovativo é bem-sucedido, foram computadas 716 empresas
que abandonaram seus projetos.
Tabela 2 – Total de empresas e apenas indústrias que inovaram entre 2009 a 2011, no Brasil.
Total de empresas Apenas indústrias
Implementaram inovação de produto e/ou processo 45.950 (35,70) 41.470 (35,56)
Implementaram apenas inovação organizacional e/ou
44.955 (34,93) 41.312 (35,42)
marketing
Implementaram inovação 90.905 (70,63) 82.782 (70,98)
Apenas projetos abandonados 716 (0,56) 518 (0,44)
TOTAL 128.699 (100,0) 116.632 (100,0)
Fonte: Elaborado pelos autores com base em IBGE (2013a).
De acordo com a Tabela 2, do total das 128.699 empresas, 116.632 (90,6%) eram
indústrias, das quais 41.470 inovaram em produtos e/ou processos, representando 90,3% do
total de empresas que inovaram nesta categoria. 41.312 indústrias implementaram inovações
organizacionais e/ou de marketing, ou seja, 91,9% das empresas que inovaram nesta
categoria. Um total de 518 indústrias abandonaram seus projetos, representando 81,15% das
empresas que abandonaram seus projetos. Nesse sentido, pode-se considerar que, devido a
sua representatividade, as indústrias são grandes condutores da inovação e,
consequentemente, são responsáveis pela maioria dos projetos abandonados, porém são
percentualmente menos responsáveis pelos abandonos, uma vez que sua taxa é de 0,44% em
comparação com o total de empresas (0,56%).
Conforme apresentado, a PINTEC 2011 analisa as inovações em duas vertentes:
inovações tecnológicas (produtos e processos) e não tecnológicas (organizacionais e
marketing). De acordo com o relatório, a segunda costuma manter estreitas relações com a
primeira uma vez que são importantes elementos das atividades inovativas que compõem os
complexos processos de inovação (IBGE, 2013a).
A PINTEC apresenta também os dados relativosà inovação por unidades da federação
mais industrializadas, definidas como aquelas que representavam 1,0% ou mais do valor da
transformação industrial3 da indústria brasileira. Desta forma, retrata dados dos seguintes
estados4: Amazonas, Pará, Ceará, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso (incluída
3
O valor da transformação industrial é igual à diferença entre o valor bruto da produção industrial e o custo das
operações industriais. Por valor bruto da produção industrial, compreende-se a soma da receita líquida de vendas
industriais, mais a variação de estoque dos produtos acabados e em elaboração, e mais a produção própria realizada
para o ativo imobilizado. O custo das operações industriais refere-se aos custos ligados diretamente à produção
industrial, ou seja, ao somatório do consumo de matérias-primas, materiais auxiliares e componentes, da compra de
energia elétrica, do consumo de combustíveis e peças e acessórios, e dos serviços industriais e de manutenção e
reparação de máquinas e equipamentos ligados à produção prestados por terceiros (IBGE, 2013a, p. 29).
4
As Unidades da Federação não selecionadas foram consideradas como parte da respectiva Grande Região
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Fonte: Elaborado pelos autores com base em IBGE (2002, 2005a, 2007, 2010c, 2013a).
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95,00%
90,00%
85,00%
80,00%
75,00%
70,00%
65,00%
60,00%
55,00%
50,00%
BRASIL NORTE NORDESTE SUDESTE SUL CENTRO-
OESTE
Fonte: Elaborado pelos autores com base em IBGE (2002, 2005a, 2007, 2010c, 2013a).
A partir dos dados da PINTEC 2011 (IBGE, 2013a), buscou-se analisar o índice de
concentração industrial, só que desta vez somente em relação às indústrias que inovaram. O
índice de concentração das indústrias inovadoras (ICII) foi calculado pela relação do número
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R.
das indústrias que inovaram na região sobre a população dessa região, conforme apresentado
na Tabela 4:
Tabela 4 – Índice de concentração de indústria inovadora (ICII), por regiões e unidades de federação do Brasil,
no triênio 2009-2011.
Tipo de inovação
Regiões e Unidades
da Federação Produto e/ou Organizacionais TOTAL Pop. em 2011 ICII
selecionadas processo e/ou de marketing
Desta forma, a localização geográfica das indústrias que inovaram no período entre 2009 a
2011 pode ser configurada na Figura 6. Analisando a localização geográfica das indústrias
que inovaram, é possível afirmar que Santa Catarina foi o único estado que ficou com o índice
de concentração de indústrias inovadoras (ICII) acima de 0,1%. Nesse sentido, pode-se dizer
que é o estado onde a população dispõe de mais indústrias inovadoras e, nessa perspectiva,
Santa Catarina se destaca como um estado inovador seguida pelos estados do Rio Grande do
Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, com ICII acima de 0,05%.
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Fonte: Elaborado pelos autores com base em IBGE (2013a, 2014) e Regiões do Brasil (2015)
Elaborou-se, a partir dos relatórios da PINTEC, o gráfico de variação dos ICIIs nas
regiões conforme apresentado na Figura 7, onde pode-se observar que Santa Catarina se
destaca como um estado inovador, seguido de Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo.
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Figura 7 – Variação dos índices de concentração de indústria inovadora, no Brasil, de2000 a 2011.
0,140%
0,120%
0,100%
0,080%
0,060%
0,040%
0,020%
0,000%
Amazonas
Pernambuco
Goiás
Minas Gerais
Rio de Janeiro
Santa Catarina
Espírito Santo
Ceará
Bahia
São Paulo
ICII 2011 ICII 2008 ICII 2005 ICII 2003 ICII 2000
Fonte: Elaborado pelos autores com base em IBGE (2002, 2005, 2007, 2010c, 2013a, 2014
De acordo com a PINTEC 2000, no período 1998-2000, em todas as regiões, houve mais
inovações organizacionais e/ou marketing em comparação às inovações de produtos e/ou
processos (IBGE, 2002).
Conforme Figura 8, na totalidade das indústrias pesquisadas no Brasil, nos triênios 1998-
2000, 2001-2003 e 2003-2005 foram implementadas mais inovações organizacionais e/ou de
marketing, representando respectivamente, 67,05%, 52,49% e 52,77% do total das indústrias
que inovaram. Nos triênios seguintes, 2006-2008 e 2009-2011, as indústrias inovaram mais
em produtos e/ou processos, representando respectivamente 52,15% e 50,10% das indústrias
que inovaram no Brasil.
Na região Norte, somente no período 1998-200 foram implementadas mais inovações
organizacionais e/ou marketing, nos outros quatro períodos seguintes a região inovou mais em
produtos e/ou processos. A região Nordeste é a única em que foram implementadas mais
inovações organizacionais e/ou marketing em todos os períodos analisados. A região Sudeste
e Centro-Oeste, até o período 2003-2005 implementaram mais inovações organizacionais e/ou
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marketing e nos períodos consecutivos mais inovações em produtos e/ou processos. Na região
Sul houve mais inovações organizacionais/marketing no período de 1998-2000 a 2003-2005,
respectivamente com 68,19% e 50,18% e nos demais períodos implementou mais inovações
de produtos e/ou processos.
Figura 8–Percentual dos tipos de inovação implementadas, por Regiões do Brasil, de 1998 a 2011.
75,00%
70,00%
65,00%
60,00%
55,00%
50,00%
45,00%
40,00%
35,00%
30,00%
Organizacionais e/ou de marketing
Fonte: Elaborado pelos autores com base em IBGE (2000, 2003, 2005b, 2008, 2011b).
Quanto às atividades das indústrias que mais inovaram, entre as PINTEC 2005 e 2008
houve uma alteração quanto à Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE,
onde antes as seções Indústrias Extrativistas e Indústrias de Transformação se encontravam
nas seções C e D respectivamente, passaram da fazer parte das seções B e C no CNAE 2.0
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devido algumas adaptações estruturais. O principal destaque desta alteração em relação às
atividades que mais inovaram, está relacionado com “edição, impressão e reprodução de
gravações”, que na PINTEC 2000 era a segunda atividade que mais inovou na região Centro-
Oeste e na PINTEC 2005 foi a terceira atividade que mais inovou na região Norte. Na
PINTEC 2008, esta atividade já não é considerada industrial, mas um serviço.
A seguir é apresentada a soma acumulada das principais atividades que inovaram, por
regiões desde a primeira publicação da PINTEC em 2000, exceto “edição, impresso e
reprodução de gravações”. Ressalta-se a ausência do período 2006-2008, uma vez que a
PINTEC 2008 e seus respectivos dados regionais não possibilitaram identificar a quantidade
de empresas que inovaram em cada atividade por regiões do Brasil. Além disso, a ausência
dos dados não significa que determinada região não inovou em tal atividade. São apresentados
na Tabela 5, as atividades que mais inovaram em cada região.
Tabela 5 – Soma acumulada das 10 principais atividades das indústrias que mais inovaram, por regiões do Brasil,
do período 1998-2000 a 2009-2011 (excl. 2006-2008).
Centro-
Atividades das indústrias extrativas e de transformação Nordeste Norte Sudeste Sul
Oeste
Fabricação de produtos alimentícios 1.845 4.383 1.069 9.902 6.031
Fabricação de produtos alimentícios e bebidas - 1.263 - 5.292 2.406
Fabricação de bebidas 32 - 142 - -
Confecção de artigos do vestuário e acessórios - 2.141 - 10.263 8.542
Fabricação de produtos de minerais não metálicos 1.233 2.978 - 9.245 4.808
Fabricação de produtos de metal 359 370 - 9.527 6.243
Fabricação de artigos de borracha e plástico 91 841 52 7.671 3.834
Fabricação de máquinas e equipamentos 58 - - 6.279 3.088
Fabricação de produtos químicos - 1.028 50 5.721 -
Fabricação de produtos da madeira 716 - 726 - 4.765
Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro,
666 990 - - 4.025
artigos de viagem e calçados
Fabricação de produtos têxteis 103 543 - - 2.094
Fabricação de artigos do mobiliário - 297 - - -
Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de
190 - - - -
biocombustíveis
Fabricação de aparelhos e equipamentos de comunicações - - 125 - -
Fabricação de outros equipamentos de transporte - - 98 - -
Fabricação de material eletrônico e de aparelhos e
- - 68 - -
equipamentos de comunicações
Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de
- - 53 - -
informática
Fabricação de equipamentos de instrumentação médico-
hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos,
- - 32 - -
equipamentos para automação industrial, cronômetros e
relógios
Fonte: Elaborado pelos autores com base em IBGE (2000, 2003, 2005b, 2011b).
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7. CONCLUSÃO
Por meio da análise das pesquisas realizadas pelo IBGE, foi possível verificar a
distribuição das indústrias no território brasileiro. Apesar do estado de São Paulo ser o mais
industrializado em termos absolutos em número de indústrias, ao relacioná-lo com sua
população, o estado fica em quarto lugar, atrás do estado do Paraná, Rio Grande do Sul e
Santa Catarina, sendo este último o mais industrializado considerando o índice de
concentração industrial (ICI) calculado por meio da relação entre o número total da indústria
do estado e sua população.
Em relação às indústrias que inovam no Brasil, Santa Catarina também é destaque, se
configurando como um estado mais inovador do Brasil considerando o índice de concentração
da indústria inovadora (ICII). Com exceção das atividades relacionadas com a “fabricação de
produtos alimentícios e bebidas” e “fabricação de artigos de borracha e plástico”, que estão
presentes em todas as regiões, pôde-se identificar que:
• No Sul e no Sudeste o maior destaque é para a indústria de “confecção de artigos do
vestuário e acessórios” seguida de “fabricação de produtos de metal” e “fabricação de
produtos de minerais não metálicos”;
• A região Sudeste é a que mais inovou em “fabricação de artigos de borracha e
plástico”;
• Na região Sul se concentra a maioria das indústrias que inovaram em “fabricação de
produtos da madeira” sendo que na região Norte esta atividade é responsável pela
maior parte das inovações implementadas;
• A região Nordeste se destaca por inovarem em cinco atividades distintas, sendo elas
“fabricação de aparelhos e equipamentos de comunicações”, “fabricação de outros
equipamentos de transporte”, “fabricação de material eletrônico e de aparelhos e
equipamentos de comunicações”, “fabricação de máquinas para escritório e
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132
Análise Dinâmica de
Indicadores de Inovação:
uma nova proposta
134
Análise
Dinâmica
de
Indicadores
de
Inovação:
uma
nova
proposta
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C.
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M.
Por outro lado, os indicadores de CTI têm sido utilizados como forma de
benchmarking em relação ao desempenho inovativo a nível nacional (OCDE, 2005). Porém, a
realização de benchmarking pressupõe uma medição coerente (GRUPP; SCHUBERT, 2010) e
um foco claro, o que pode ser uma tarefa difícil, especialmente a nível supra-nacional. A fim
de atenuar a situação, a Comissão Europeia (2003), por exemplo, propôs a agregação de
diferentes tipos de indicadores. Além disso, outro aspecto que deve ser considerado para a
avaliação comparativa são as diferenças entre países (FREEMAN; SOETE, 2009). Como
argumentado pela OCDE (2005) indicadores de CTI nos países em desenvolvimento têm de
produzir resultados que podem ser comparados a fim de permitir benchmarking.
A partir deste contexto, este capítulo tem como objetivo discutir como as funções do
sistema de inovação podem servir como indicadores para medir a performance de países em
135
Análise
Dinâmica
de
Indicadores
de
Inovação:
uma
nova
proposta
HADDAD,
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M.
desenvolvimento. Para isto, serão discutidas as características que marcam o processo de
inovação em tais países. Consequentemente, este capítulo é de cunho exploratório, por meio
de discussão teórica.
Este capítulo está dividido em cinco sessões, a primeira composta por esta introdução.
Na sessão 2 e 3, é realizada uma revisão de literatura sobre as funções do sistema de inovação
e o processo de inovação em países em desenvolvimento. Na sessão 4, são discutidas as
implicações do uso das funções como indicadores dinâmicos. E por fim a sessão 5, contém as
considerações finais e suas perspectivas futuras.
137
Análise
Dinâmica
de
Indicadores
de
Inovação:
uma
nova
proposta
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Análise
Dinâmica
de
Indicadores
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Inovação:
uma
nova
proposta
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A Tabela 1 resume os indicadores típicos apontados pelos autores para cada função do
sistema de inovação proposto.
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Análise
Dinâmica
de
Indicadores
de
Inovação:
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nova
proposta
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tecnologias ambientais
Mobilização de recursos Fundos disponibilizados para programas de P&D de longo
prazo criados pela indústria ou governo para desenvolver o
conhecimento tecnológico específico
Fundos disponibilizados para permitir testes de novas
tecnologias em experimentos de nicho
Percepção dos agentes em relação ao acesso a recursos
Criação de legitimidade e Ascensão e crescimento de grupos de interesse
neutralização de resistência à Ações de lobby
mudança
Fonte: adaptado Hekkert et al. (2007).
140
Análise
Dinâmica
de
Indicadores
de
Inovação:
uma
nova
proposta
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• Inovações em ambiente informal, são muitas vezes marcado pela demanda local por
qualidade de vida, devido à falta de atores públicos e privados atuantes nesses locais;
• O fluxo de conhecimento e aprendizagem é diferente do tradicional, pois muitas vezes
a população local não teve acesso ao ensino básico;
• A interação entre os atores do sistema é limitada, o que afeta diretamente a difusão do
conhecimento;
• Pouco se sabe como as organizações e os atores intermediários interagem entre si;
• O processo de inovação em países em desenvolvimento é mais incremental e
organizacional e relacionado principalmente a aspectos não tecnológicos;
• É preciso avançar em pesquisas sobre o desenvolvimento de políticas públicas para
grupos marginalizados, considerando os aspectos locais e o fluxo de conhecimento
local.
142
Análise
Dinâmica
de
Indicadores
de
Inovação:
uma
nova
proposta
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Análise
Dinâmica
de
Indicadores
de
Inovação:
uma
nova
proposta
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MALDONADO,
M.
Como apontado por Hekkert et al. (2007), a abordagem funcional (i) permite a
comparação entre sistemas de inovação de diferentes origens; (ii) apresenta um método
sistemático para mapear os determinantes de inovação; e (iii) permite a formulação de um
conjunto de políticas que deveriam ser o alvo do sistema de inovação e as ferramentas para
alcançar este objetivo.
apontado por Lundvall et al. (2011), a preocupação principal dos países em desenvolvimento
é proporcionar transformação econômica e alcançar os países desenvolvidos no que tange o
desenvolvimento tecnológico.
Outro ponto a ser explorado, é o uso do esquema de análise proposto por Bergek et al.
(2008) para identificar a dinâmica do sistema, que apresenta três aspectos que podem
contribuir para o processo de mensuração da inovação em países em desenvolvimento. Em
primeiro lugar, o esquema permite extrair resultados práticos que podem guiar o processo de
desenvolvimento de políticas públicas e auxiliar as decisões em suas ações. Em segundo
lugar, o desenvolvimento de indicadores de inovação é crucial para permitir a comparação
entre diferentes países, o que deve levar em consideração as características de países que
apresentam estruturas econômicas e sociais distintas dos países mais desenvolvidos (OECD,
2005). O esquema de análise permite a comparação entre diferentes sistemas de inovação, o
que pode auxiliar o desenvolvimento de pesquisas de inovação no que tange à comparação
entre diferentes regiões e países, a partir da identificação da funcionalidade de cada um.
145
Análise
Dinâmica
de
Indicadores
de
Inovação:
uma
nova
proposta
HADDAD,
C.
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MALDONADO,
M.
O objetivo deste capítulo foi discutir como as funções do sistema de inovação podem
servir como indicadores para medir a performance em países em desenvolvimento. A partir de
uma análise exploratória da literatura, identificou-se que as funções do sistema de inovação
indicam como ocorre a dinâmica de um sistema de inovação e não se atém aos aspectos
estruturais.
Como oportunidade para estudos futuros, é possível fazer uma análise de diferentes
sistemas de inovação tendo em vista a utilização das funções como indicadores dinâmicos.
Além disso, neste capítulo destacaram-se as funções propostas por Hekkert et al. (2007), mas
seria interessante considerar outras formas de medir a inovação, como as propostas pelo
Manual de Oslo, considerando as características específicas dos países em desenvolvimento, e
o uso de indicadores agrupados.
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146
Análise
Dinâmica
de
Indicadores
de
Inovação:
uma
nova
proposta
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147
Análise
Dinâmica
de
Indicadores
de
Inovação:
uma
nova
proposta
HADDAD,
C.
R.;
URIONA
MALDONADO,
M.
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148
Análise
Dinâmica
de
Indicadores
de
Inovação:
uma
nova
proposta
HADDAD,
C.
R.;
URIONA
MALDONADO,
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149
MODELAMENTO DE
SISTEMAS DE
INOVAÇÃO: O CASO DA
INDÚSTRIA
AGROALIMENTAR
150
MODELAMENTO
DE
SISTEMAS
DE
INOVAÇÃO:
O
CASO
DA
INDÚSTRIA
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Cândido,
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Maldonado,
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1. INTRODUÇÃO
A consciência que é preciso inovar para ser competitivo e crescer no mercado está cada
vez mais forte, e os diversos planos, políticas e estratégias de inovação que surgem em todo
mundo, em nível nacional, estadual e etc. reitera essa percepção.
A Europa elaborou o Europe 2020, os Estados Unidos a Strategy for American
Innovation, já o Brasil possui a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, e alguns
estados do país desenvolveram suas próprias estratégias, como São Paulo e Santa Catarina
(Política Catarinense de Ciência, Tecnologia e Inovação). O que todos esses documentos têm
em comum é a prerrogativa de sistematizar a inovação, através da compreensão de suas diversas
variáveis e impactos e estimulá-la através de ações estratégicas coordenadas e implementadas
dentro de seus limites de atuação.
Os Sistemas de Inovação, segundo Lundvall (1992) possuem elementos e relações, que
são sistemas dinâmicos e podem ser representado por laços causais, reprodução, acúmulo de
causas, ciclos virtuosos e viciosos e outros elementos de sistemas dinâmicos. Kline e Rosenberg
(1986) consideravam a inovação como um sistema altamente complexo, e esse fato se dá
principalmente pelo envolvimento de diversos fatores e agentes e forte interação entre todos os
processos que constituem esse sistema.
Considerando a realidade apresentada, é preciso buscar e elaborar ferramentas e
metodologias para aperfeiçoar os Sistemas de Inovação de forma que suas ações e esforços
apresentem resultados concretos e que impulsionem a economia, em seus diversos níveis.
Visando cumprir seu principal objetivo de ampliar a competividade da indústria
catarinense, a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC) estabeleceu em
seu planejamento estratégico um programa de desenvolvimento industrial com visão de curto,
médio e longo prazo para os diversos setores industriais catarinenses, o Programa de
Desenvolvimento Industrial Catarinense 2022 (PDIC2022). Este programa se propõe identificar
os setores indutores de desenvolvimento e as visões de futuro para cada um deles; traçar o
caminho mais provável para atingi-las; e promover a articulação de todas as partes interessadas
visando o cumprimento do objetivo do programa (FIESC, 2013).
Neste artigo iremos focar no Setor Agroalimentar de Santa Catarina, identificado pelo
PDIC2022 como um setor altamente estratégico devido sua importância para a economia
catarinense e nacional. O principal objetivo deste artigo é compreender como as ações
estratégicas, elegidas pelos autores, integram o Sistema de Inovação do setor em questão e como
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MODELAMENTO
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SISTEMAS
DE
INOVAÇÃO:
O
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DA
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contribuirão para que este setor alcance a visão de futuro projetada no horizonte de tempo do
PDIC, até 2022, a partir do modelamento do sistema.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
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DE
SISTEMAS
DE
INOVAÇÃO:
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INOVAÇÃO:
O
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objetivos, o programa é divido em três projetos estruturantes: Setores Portadores de Futuro para
a Indústria Catarinense, Rotas Estratégicas Setoriais para a Indústria Catarinense e Masterplan
(FIESC, 2013).
O projeto Setores Portadores de Futuro para a Indústria Catarinense visa analisar o
cenário da indústria e identificar os setores industriais mais promissores com base nas vantagens
competitivas do estado em relação às tendências de futuro, possibilitando inserir Santa Catarina
em uma posição competitiva em nível nacional e internacional. O segundo projeto, Rotas
Estratégicas Setoriais para a Indústria Catarinense, pretende sinalizar caminhos de construção
do futuro para cada um dos setores e áreas identificados no primeiro projeto. Com base nessa
identificação, evidencia-se a concepção de mapas de trajetórias a serem percorridas para
ampliação da competitividade em cada um dos setores (FIESC, 2013). O terceiro projeto que
compõe o PDIC 2022 denomina-se Masterplan, e tem por objetivo a consolidação dos principais
pontos críticos que afetam a competitividade da indústria catarinense, apontados nos estudos
das Rotas Estratégias Setoriais.
O resultado final dos três projetos é a conclusão de um trabalho coletivo onde
empresários, especialistas setoriais e demais agentes envolvidos fomentam a construção de um
planejamento estratégico único para a indústria, contemplando os diversos enfoques setoriais.
154
MODELAMENTO
DE
SISTEMAS
DE
INOVAÇÃO:
O
CASO
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AGROALIMENTAR
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3. MÉTODO
O presente trabalho foi desenvolvido a partir dos estudos que compõe a Rota Estratégica
Indústria Agroalimentar do Programa de Desenvolvimento Industrial Catarinense 2022,
elaborado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina, por ser este considerado pelos
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SISTEMAS
DE
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Figure 1 – Metodologia
Fonte: Autores
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4. DISCUSSÃO
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DE
SISTEMAS
DE
INOVAÇÃO:
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DA
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DE
SISTEMAS
DE
INOVAÇÃO:
O
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INDÚSTRIA
AGROALIMENTAR
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aumento do mercado consumidor (Market share) e assim, com o aumento da receita de vendas
de produtos inovadores e, em consequência da receita bruta ou faturamento das empresas do
setor, as próprias empresas aumentam sua capacidade de investimento por meio de fundo
interno em P&D. O aumento do investimento em P&D aumenta a capacidade de P&D do setor
que incita o P&D, produtividade e inovação em produto elevando sua atratividade.
Em suma, os laços causais escolhidos para o presenta artigo mostram a complexidade
de um Sistema Setorial (indústria Agroalimentar) Regional (de Santa Catarina) de inovação,
contemplando variáveis internas e externas à firma. Importa reconhecer que as malhas causais
compõem um Sistema Dinâmico mais complexo, a ser apresentado em artigo posterior. A
próxima seção descreve o comportamento das variáveis que poderá ser melhor visualizado na
análise do modelo.
5. CONCLUSÃO
Atualmente, o principal objetivo das empresas é aumentar seu valor de mercado. A visão
simplista da microeconomia tradicional que atribui este à maximização de lucro cai por terra ao
se observar os processos de inovação, que “capturam” parte do lucro da empresa no curto prazo,
tornando-a relativamente menos lucrativa, para ampliá-lo no longo prazo. Assim, a valorização
da empresa do mercado apresenta maior aderência à lógica atual de mercado do que a
maximização de lucro.
Os produtos inovadores permitem que as empresas tenham, por um curto período de
tempo, lucros extraordinários, o que é um incentivo suficiente para empreender processos
inovativos – arriscados e incertos. Para suportar os processos inovativos, três elementos básicos
de suporte precisam existir: uma estrutura de financiamento, uma estrutura de conhecimento e
uma estrutura institucional.
No modelo apresentado, as estruturas de financiamento e conhecimento são
apresentadas com maior profundidade. A estrutura institucional aparece em segundo plano, pois
apresentam influência indireta nas variáveis por meio de seu suporte ao financiamento e
conhecimento. Por estrutura institucional entende-se uma parte formal (leis, regras, normas,
instituições estabelecidas, como por exemplo: Lei da Inovação, Lei do Bem, patenteamento e
proteção da propriedade intelectual, Universidades, Governo); e informal (crenças, costumes,
culturas, exemplo: cultura empreendedor e inovadora empresarial, rotinas cristalizadas nas
empresas); que dão suporte à inovação.
160
MODELAMENTO
DE
SISTEMAS
DE
INOVAÇÃO:
O
CASO
DA
INDÚSTRIA
AGROALIMENTAR
Cândido,
E.
S.;
Cândido,
C.
S.;
Uriona
Maldonado,
M.
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MODELAMENTO
DE
SISTEMAS
DE
INOVAÇÃO:
O
CASO
DA
INDÚSTRIA
AGROALIMENTAR
Cândido,
E.
S.;
Cândido,
C.
S.;
Uriona
Maldonado,
M.
desde o ensino básico até os cursos de pós-graduação apresenta também influência no modelo
por meio do aumento na capacidade de P&D, elemento componente de todas as malhas
descritas acima. O aumento da capacitação interna eleva não só a capacidade de P&D como
também a produtividade. Apoiar a criação de equipes de PD&I nas empresas é a última ação
elegida e também apresenta importância no modelo ao influenciar a capacidade de P&D. Os
processos de P&D em produto e processo são alavancados com tal ação.
Conclui-se então que a utilização de Sistemas Dinâmicos para os processos de inovação
e, em especial, para estruturar os vínculos inerentes aos Sistemas de Inovação é não só adequado
como também se apresenta como uma ferramenta poderosa para os planejamentos públicos e
privados, no presente caso, setoriais. O PDIC 2022 é um instrumento de articulação de atores
pertinentes aos setores industriais catarinenses importantes e a utilização de Sistemas
Dinâmicos para estimar os resultados esperados com a plena adoção das ações que compõem
seus planejamentos de curto, médio e longo prazo aponta como sua implementação é relevante
para o desenvolvimento socioeconômico do estado.
REFERENCIAS
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nº107, p. 1530-1547, set., 1998.
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PINTEC – Pesquisa da Inovação Tecnológica – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 2003, 2005,
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RAIS – Relação Anual de Informações Sociais – Ministério do Trabalho e Previdência Social – MTPS, 2014.
STERMAN, J. D. 2000. Business dynamics. Systems thinking and modeling for a complex world. McGraw-Hill,
Boston.
162
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1. INTRODUÇÃO
A questão ambiental tem sido um tema de muitas discussões ao longo dos últimos anos,
com a preocupação da conservação dos recursos naturais e com a degradação provocada pelo
homem ao meio ambiente (DRUZZIAN e SANTOS, 2006). Devido ao crescimento da
população, o acúmulo de resíduos (lixo) e a degradação ambiental cresceram de forma
vertiginosa (ALENCAR, 2005; DRUZZIAN e SANTOS, 2006). Dessa forma, o homem
percebeu que a solução é minimizar a geração de resíduos, desenvolvendo técnicas que
eliminem o desperdício, contribuindo para o desenvolvimento sustentável (DRUZZIAN e
SANTOS, 2006).
A partir da Conferência de Estocolmo na Suécia em 1972, compreendeu-se que a
solução para a conservação dos recursos naturais e minimização da degradação ambiental seria
o desenvolvimento de técnicas ambientais e de gerenciamento que acabassem com o
desperdício, colaborando para um desenvolvimento sustentável.
Ambientalistas de várias partes do mundo, organismos nacionais e internacionais, há
décadas, vêm lutando em prol desta atitude. Citam-se, a Assembleia Geral das Nações Unidas
(1983), com o relatório de Brundtland (1987); a Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (ECO 92), realizada no Brasil, e que consagrou o conceito de desenvolvimento
sustentável como sendo um modelo econômico menos consumista e mais adequado ao
equilíbrio ecológico; e a Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável realizada
em Joanesburgo (2002), na África do Sul, traçando novas diretrizes para o desenvolvimento
sustentável (aplicar o “pensar globalmente e agir localmente”).
A Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu artigo 225, trouxe ao poder público
e à coletividade o dever de defender o meio ambiente e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações. A Lei 6.938 de 1981já havia antes da Constituição instituído a Política Nacional do
Meio Ambiente e ao prever a criação do Sistema Nacional do Meio Ambiente, (SISNAMA),
estabeleceu atribuições multipartites para a proteção e melhoria da qualidade ambiental.
O Direito Ambiental brasileiro atenta sobre oito princípios básicos: do Direito Humano
Fundamental ao ambiente equilibrado; do princípio democrático à informação e a participação
do indivíduo; do princípio da precaução, segundo o qual a ciência nem sempre é capaz de prever
com exatidão dos impactos de determinados procedimentos; do princípio da prevenção, quando
os impactos são conhecidos e basta gerenciá-los; da responsabilidade por ações ou omissões do
indivíduo e/ou da pessoa jurídica; do usuário e do poluidor pagador; do equilíbrio para o
desenvolvimento sustentável; e do princípio do limite, onde o poder público impõe indicadores
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2.TECNOLOGIAS LIMPAS
O conceito de Tecnologia Limpa pode ser entendido como sendo um conjunto de
soluções que viabilizem novos modelos de se pensar e de se usar os recursos naturais. De
maneira prática, as tecnologias limpas são novos processos industriais ou alterações realizadas
em processos já existentes, sempre com o objetivo de que o consumo de matérias-primas, o
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3. METODOLOGIA
3.1 Classificação da Pesquisa
Esta pesquisa se caracteriza como de natureza teórica em relação ao tema abordado.
Quanto aos seus procedimentos técnicos, enquadra-se como um estudo bibliográfico, pois
tratará de dados e verificações provindas diretamente de trabalhos já realizados do assunto
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pesquisado. Do ponto de vista dos objetivos, classifica-se como exploratória e descritiva, pois
buscará informações específicas e características do que está sendo estudado (GIL, 2007).
3.2 Procedimentos da Pesquisa
Foi realizada uma revisão de literatura estruturada, através da análise bibliométrica, de
acordo com o método ProKnow-C (Knowledge Development Process – Constructivist),
proposto por Ensslin et al. (2010), conforme mostra a Figura 1.
O método de intervenção ProKnow-C proposto por Ensslin et al. (2010) para a seleção
de um portfólio bibliográfico está consubstanciado em um processo subdividido em quatro
fases: i) seleção do banco de artigos brutos: composto pela definição das palavras-chave,
definição bancos de dados, busca de artigos nos bancos de dados com as palavras-chave e o
teste da aderência das palavras-chave; ii) filtragem: composta pela filtragem do banco de
artigos brutos quanto a redundância e filtragem do banco de artigos brutos não repetidos quanto
ao alinhamento do título; iii) filtragem do banco de artigos: composto pela determinação do
reconhecimento científico dos artigos, identificação de autores; iv) filtragem quanto ao
alinhamento do artigo integral: composto pela leitura integral dos artigos.
A análise bibliométrica é uma técnica para o mapeamento dos principais autores,
periódicos e palavras-chave sobre determinado tema. Uriona Maldonado, Silva Santos e Santos
(2010) afirmam que essas técnicas são ferramentas que se apoiam em uma base teórica
metodológica reconhecida cientificamente, que possibilitam o uso de métodos estatísticos e
matemáticos para mapear informações, a partir de registros bibliográficos de documentos
armazenados em bases de dados.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A revisão de literatura significa para o pesquisador, o primeiro passo na busca por
desenvolver um trabalho e construir conhecimento em determinado contexto. Ela permite ainda
uma visão introdutória no desenvolvimento de um projeto de pesquisa e retoma o conhecimento
cientifico acumulado sobre o tema (AFONSO et al., 2012). E permite ao pesquisador se
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35
30
25
QUANTIDADE! DE!ARTIGO
20
15
10
ANO
O primeiro artigo publicado sobre o tema foi em 1976, com o título “Clean technique
for intermittent self-catheterization”, da autora Victoria L. Champion. O artigo trata de um
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estudo de caso na área da medicina para utilização de bexigas de cateterismo, aplicada em sete
pacientes.
A Figura 2 mostra a relação dos autores que mais apresentaram trabalhos sobre o tema
nos artigos encontrados nesta pesquisa. Os 242 artigos encontrados foram escritos por 487
autores. A Figura 2 traz os que mais se repetiam, pois os demais elaboraram somente um artigo
cada um.
Figura 2 – Autores
Lofgren!A
Hart!SL
Getzner!M
Espinola\Arredondo!A
Das!A
Coenen!L
Chen!CY
Chen!CC
Blackman!A
Autores
Ben!Youssef!S
Bayer!P
[Anonymous]
Yoneyama!T
Gosens!J
Gherardi!DFM
Fischer!C
Chen!YH
Caetano!MAL
Boucekkine!R
Urpelainen!J
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Quantidade!de!artigos
Observa-se que entre os mais repetidos está o autor Johannes Urpelainen com 9 artigos.
O autor é professor de Ciências Políticas na Universidade de Columbia de Nova York, suas
pesquisas se centram na política ambiental, a pobreza energética, e a cooperação internacional
e as instituições. O objetivo das pesquisas está em encontrar soluções eficazes para a crise da
sustentabilidade nos níveis global, nacional e local.
Os artigos encontrados nesta temática deste autor na Web of Science foram: i) The
strategic design of technology funds for climate cooperation: generating joint gains, 2012; ii)
Technology investment, bargaining, and international environmental agreements, 2012; iii)
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Issue linkage in clean technology cooperation: for better or worse?, 2013; iv) External sources
of clean technology: Evidence from the Clean Development Mechanism, 2013; v) Promoting
International Environmental Cooperation Through Unilateral Action: When Can Trade
Sanctions Help?, 2013; vi) Global patterns of renewable energy innovation 1990-2009, 2013;
vii) Can strategic technology development improve climate cooperation? A game-theoretic
analysis, 2013; viii) Trade sanctions in international environmental policy: Deterring or
encouraging free riding?, 2013; ix) When and how can unilateral policies promote the
international diffusion of environmental policies and clean technology?, 2015.
Foram identificados 156 periódicos no portfólio bibliográfico, porém a Figura 3 informa
os periódicos que apareceram com no mínimo 3 repetições, com destaque para o periódico
Energy Policy, com 20 artigos. A revista é centrada na publicação na disseminação de
implicações políticas de fornecimento de energia e da utilização de seu desenvolvimento
econômico, social, planejamento e aspectos ambientais.
Figura 3 – Periódicos
TECHNOLOGICAL!FORECASTING!AND!SOCIAL!CHANGE
MANAGEMENT!OF!TECHNOLOGICAL!CHANGES,!BOOK!2
JOURNAL!OF!REGULATORY!ECONOMICS
HARVARD!BUSINESS!REVIEW
ENVIRONMENTAL!SCIENCE!&!POLICY
ENVIRONMENTAL!CHALLENGE!OF!THE!1990S
ENERGY!&!ENVIRONMENT
Periódicos
ENERGY
ECOLOGICAL!ECONOMICS
CLEAN!TECHNOLOGIES!AND!ENVIRONMENTAL!POLICY
RESOURCE!AND!ENERGY!ECONOMICS
JOURNAL!OF!ENVIRONMENTAL!ECONOMICS!AND!…
ENVIRONMENTAL!&!RESOURCE!ECONOMICS
JOURNAL!OF!CLEANER!PRODUCTION
ENERGY!POLICY
0 5 10 15 20 25
Quantidade!de!artigos
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SYSTEMS
DESIGN
CLEANER
SUSTAINABILITY
ENVIRONMENT
ECONOMY
PRODUCTION
GREEN
EMISSIONS
Palavras\chave
TECHNOLOGICAL
MANAGEMENT
EMISSION
ECONOMIC
SUSTAINABLE
POLICY
INNOVATION
ENERGY
DEVELOPMENT
ENVIRONMENTAL
TECHNOLOGIES
TECHNOLOGY
CLEAN
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Quantidade
Pode-se observar que os artigos são produzidos e desenvolvidos por 310 centros de
pesquisa. A Figura 5 apresenta os 20 centros que se destacaram com maior quantidade de
artigos. O centro com maior destaque de trabalhos desenvolvidos foi a Universidade de
Columbia com 9 artigos, sendo 8 do autor Johannes Urpelainen (já citado anteriormente) e 1
artigo da autora Gokçe Gunel cujo título Ergos: A New Energy Currency, 2014.
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INPE
Free!Univ!Amsterdam
Environm!Def!Fund
Deakin!Univ
Chalmers
Aix!Marseille!Univ
Washington!State!Univ
Univ!Amsterdam
Instituições!de!Ensino
Simon!Fraser!Univ
Natl!Bur!Econ!Res
MIT
Lund!Univ
Inst!Tecnol!Aeronaut
Ecole!Polytech
Catholic!Univ!Louvain
Univ!Gothenburg
Tilburg!Univ
Chinese!Acad!Sci
Resources!Future!Inc
Columbia!Univ
0 2 4 6 8 10 12
Quantidade!de!artigos
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Figura 6 – Países
Bulgaria
Japan
Taiwan
Romania
Italy
PAÍS
Austria
Belgium
Spain
Peoples!R!China
Netherlands
USA
0 10 20 30 40 50 60
Quantidade!de!artigos
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A Figura 8 mostra as relações entre os 252 artigos, separados por ano de publicação e
possibilita a visualização de dois clusteres principais: os marcados, respectivamente, pela letra
“a” e “e”, em vermelho.
No cluster “a”, os autores centrais são Kemp e Volpi (2008) e Hamar e Löfgren (2010).
Kemp e Volpi (2008) revisam a literatura sobre tecnologias limpas e sugerem análises futuras
a partir da conclusão de que a adoção dessas tecnologias é governada por mecanismos
endógenos – aprendizagem epidêmica e economias de aprendizagem. Em resumo, os autores
“hub” deste cluster ressaltam que as questões políticas estão por detrás das decisões sobre a
adoção de tecnologias limpas. O artigo de Kemp e Volpi (2008) recebeu 118 citações até abril
de 2016. Na presente análise, aparece citado por Chen (2012), Veisi (2012) e Triguero et al.
(2014).
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Chen (2012) emprega um modelo logístico para examinar os impactos da política
ambiental e as características de uma planta industrial com respeito à difusão e ao uso de
tecnologias para reduzir emissões atmosféricas. Ele cita Kemp (2008) ao destacar que há pouco
foco de pesquisa a respeito da difusão de tecnologias limpas, especialmente com respeito aos
modelos de difusão de informação e curva de aprendizagem sobre o uso dessas tecnologias.
Veisi (2012) trata da adoção de tecnologias limpas na agricultura e reforça a posição de Kemp
e Volpi (2008) sobre a necessidade de políticas para o incentivo à adoção de tecnologias limpas.
Triguero et al. (2014) abordam a influência dos preços da energia na adoção de tecnologias
limpas por pequenas e médias empresas, destacando que apesar das questões de aprendizagem
e capacitação ao uso dessas tecnologias, ainda há dominância das políticas de preços sobre as
escolhas ambientalmente preferíveis. Triguero et al. (2014) concordam com Kemp e Volpi
(2008) sobre o fato de que a preferência por preços menores faz com que as empresas ainda
escolham as tecnologias fim de tubo ao invés de opções mais avançadas.
O segundo artigo “hub” do cluster “a”, de Hammar e Löfgren (2010), com um total de
35 citações desde sua publicação até abril de 2016, explica as causas da adoção de tecnologias
de fim de tubo e de tecnologias limpas em quatro setores de empresas suecas. Segundo esses
autores, a probabilidade de adoção de tecnologias limpas está relacionada à redução de emissões
atmosféricas, sendo fortemente influenciada pelos elevados custos para as empresas. Hammar
e Löfgren (2010) é citado, na presente análise, por Chen (2012) e Löfgren et al. (2014). Chen
(2012) menciona o questionamento sobre o que leva empresas a adotarem ou não tecnologias
limpas, e Löfhren et al. (2014) reiteram a efetividade dessa adoção.
No cluster “e”, os autores centrais são Fischer et al. (2004) e Toman e Jemelkova (2000).
Fischer et al. (2004), citados 25 vezes desde a sua publicação até abril de 2016, defendem a
adoção dinâmica de tecnologias limpas. Desenvolvem um modelo que aborda tanto tecnologias
limpas quanto de fim de tubo, sendo as primeiras mais caras. Avaliam um modelo ótimo de
tecnologias que contemplem tanto custos quanto proteção ambiental. Toman e Jemelkova
(2000), citados 164 vezes até abril de 2016, ressaltam a importância da energia para o
desenvolvimento econômico e como os serviços de energia poderiam ser melhorados.
Fischer et al. (2014), na presente análise, são citados por Goeschl e Perino (2007), Ben
Jebli e Ben Youssef (2013) e Ben Youssef (2015). Goeshl e Perino (2007) corroboram a tese
de Fischer et al. (2004) quanto ao fato de que que cada vez que uma inovação se realiza, os
estoques de poluição estão acima dos níveis considerados em seu estado de longo prazo. Ben
Jebli e Ben Youssef (2013) partem da ideia de Fischer et al. (2014) para construir um modelo
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de otimização comparando custos e benefícios das tecnologias limpas. Ben Youssef (2015)
apenas cita o trabalho de Fischer et al. (2014) como referência em modelos de otimização para
avaliação sobre a adoção de tecnologias limpas.
Toman e Withagen (2000), citados 54 vezes até abril de 2016, avaliam o efeito
acumulativo da poluição e consideram a possibilidade de que a capacidade cumulativa do
ambiente seja exaurida por tal acúmulo. Na presente análise, são citados por Fischer et al.
(2004), Goeschl e Perino (2007) e Ben Jebli e Ben Youssef (2013). Fischer et al. (2004) afirmam
que Toman and Withagen (2000) abordam a possibilidade de efeitos de não convexidade e de
efeitos de faixa de abrangência na função de dano provocada pela poluição, mas não se focam
na criação de tecnologias de produção limpas. Goeshl e Perino (2007) apenas retomam esse
trabalho para desenvolver a sua tese de que não existe “efeito mágico” de pesquisa e
desenvolvimento capaz de oferecer uma solução ótima em termos de tecnologias limpas. Ben
Jebli e Youssef (2013) também fazem breve alusão ao trabalho de Toman e Withagen (2000).
Nota-se que os autores “hub” do cluster “a” são mais recentes em suas publicações do
que os correspondentes do cluster “e”. Os do cluster “e” – Toman e Withagen (2000) e Fischer
et al. (2004) - preocupam-se mais com a elaboração de modelos matemáticos que tentam
otimizar relações custo-benefício da adoção de tecnologias limpas, enquanto que os autores
“hub” do cluster “a” - Kemp e Volpi (2008) e Hamar e Löfgren (2010) – buscam enfoques
políticos e institucionais, bem como comportamentais, para embasar suas pesquisas. Assim,
pode-se afirmar que a área de produção limpa evolui dos aspectos hard (modelos matemáticos,
otimização) para aspectos soft (avaliações institucionais, políticas), mas ambas as linhas de
investigação se complementam e não se pode descartar qualquer delas para a compreensão do
fenômeno do desenvolvimento e adoção dessas tecnologias.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na análise bibliométrica foi possível gerar conhecimento sobre periodicidade, artigos e
autores, sobre o tema tecnologias limpas. Foram encontrados 242 artigos na base de dados Web
of Science sobre o assunto.
Identificou-se que o periódico mais relevante sobre assunto é o Journal Energy Policy.
O autor que mais se destacou foi Johannes Urpelainen com 8 artigos no portfólio. As palavras
chaves mais repetidas foram “Technologies” e “Clean” as quais foram utilizadas pelos autores
deste artigo para a investigação na base. Os centros de pesquisa de maior destaque no portfólio
foram Universidade de Columbia e Resources Future Institute. Os países com maior
! 182!
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concentração de publicações sobre o assunto foram Estados Unidos e Reino Unido. Porém, o
Brasil apareceu com oito artigos, sendo dois desenvolvidos pelo INPE. Foi possível identificar
que o tema tecnologias.
Foi identificado 17 inter-relações entre os autores, formando clusters. Desta forma,
foram analisados dois conjuntos de pesquisas (clusteres de autores considerados chave na área
de produção limpa) com os respectivos estudos que os citam, conforme a análise possibilitada
pelo software Histcite. Observou-se que um grupo de estudos “hub”, mais recente (2008-2010),
foca-se na investigação de aspectos institucionais e políticos da adoção de tecnologias limpas,
e outro “hub”, mais antigo (2000-2004) delimita-se a estudos de otimização entre aspectos
econômicos e ambientais da adoção dessas tecnologias.
As limitações desta pesquisa foram: i) delimitação do campo amostral, pois neste
trabalho foi utilizada apenas uma base de dados; ii) utilização de trabalhos apenas
internacionais; iii) utilização apenas de periódicos, não considerando teses, dissertações,
monografias, congressos e livros.
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Vaz,!C.!R.;!Viegas,!C.!V.;!Uriona!Maldonado,!M.;!Lezana,!A.!G.!R.!
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Vaz,!C.!R.;!Viegas,!C.!V.;!Uriona!Maldonado,!M.;!Lezana,!A.!G.!R.!
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Vaz,!C.!R.;!Viegas,!C.!V.;!Uriona!Maldonado,!M.;!Lezana,!A.!G.!R.!
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1. INTRODUÇÃO
Na atual conjuntura, as empresas estão cada vez mais cientes de que seus processos
produtivos acarretam impactos significativos ao meio ambiente, que podem comprometer o
futuro das gerações. Sendo assim, o foco das empresas está direcionado na busca de soluções
para atenuar esses impactos ambientais gerados.
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artigo é fazer uma revisão sistemática da literatura para verificar o que está sendo discutido
atualmente a respeito do tema.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 SUSTENTABILIDADE
A partir desse período, surgem cada vez mais razões para o foco em estudos acerca do
tema, que incluem, segundo Murphy e Poist (2003), regulamentações governamentais,
exigências dos consumidores em práticas verdes e desenvolvimento de padrões internacionais
de certificação.
Para Sachs (2002), a sustentabilidade é vista de forma holística e engloba oito tipos:
social, econômica, ecológica, espacial, territorial, cultural, política nacional e política
internacional. De acordo com o mesmo autor, o conceito de sustentabilidade é dinâmico e
inclui as necessidades crescentes da população num contexto internacional em contínua
expansão.
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Para que a sustentabilidade apresente-se como fonte de vantagens competitivas para
empresas de TI, é necessária a compreensão de que as questões voltadas à sustentabilidade se
relacionam com o modelo de geração de valor da empresa (NEXXERA, 2014).
3. MÉTODO
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Quadro 1: Definição das Palavras-chave
Palavras-Chave
“environmental sustainability”
“sustainability”
Information Technology ” and “sustainable”
“environment”
Fonte: Elaborado pelo autor.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Além dos assuntos abordados acima, outros assuntos estão relacionados ao tema, tais
quais: i) inovação tecnológica; ii) redução do uso de energia; iii) pegada ecológica; iv) eco-
friendly, v) redução dos resíduos; vi) reciclagem e reutilização; vii) ciclo de vida dos
produtos, entre outros.
todo, mas também gerar valor que poderão aumentar a rentabilidade e vantagem competitiva
das empresas.
Para Dao et al. ( 2011) as empresas precisam efetuar mudanças amplas na cultura
empresarial e redesenhar o seus processos de negócios para aderirem a sustentabilidade. Os
recursos de TI devem ser direcionados para esses aspectos a fim de permitir que as empresas
desenvolvam capacidades para tratar questões de sustentabilidade, entregar valores de
sustentabilidade para os stakeholders e ganhar vantagem competitiva Para os autores, o
primeiro passo é buscar o equilíbrio entre os aspectos sociais e ambientais.
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4.1.2 ANÁLISE DO CONCEITO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO (TI) E
SUSTENTABILIDADE
De acordo com Molla et al. (2008) a TI Verde pode englobar produtos (por exemplo,
software que gerencia as emissões globais de uma organização) e práticas (por exemplo, a
eliminação de equipamento de TI de uma forma eco-friendly). Estas práticas buscam alcançar
a prevenção da poluição, gestão de produtos, ou o desenvolvimento sustentável. Conforme o
mesmo autor, há pelo menos cinco preocupações relacionados à TI Verde, que são: aspectos
econômicos, ambientais, estratégicos, tecnológicos e sociais. Essas preocupações podem
direcionar a construção da TI verde e alavancar o progresso contínuo das empresas.
Conforme Dao et al. (2011), entre as forças que impulsionam mudanças nas
organizações, os requisitos para a responsabilidade corporativa e a sustentabilidade ambiental
estão como as principais. Assim, os recursos de TI devem ser direcionados para permitir que
as empresas desenvolvam as capacidades para lidar com as questões de sustentabilidade,
entregar valores de sustentabilidade para os stakeholders, além do ganho de vantagem
competitiva sustentada.
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estão dispostas a desistir da eficiência operacional. O investimento no “verde” é feito para
cumprir principalmente os objetivos de desempenho econômico.
Os autores Molla (2013) afirmam que com o aumento das pressões regulatórias e
sociais para melhorar a sua pegada ecológica, muitas empresas na indústria de TI se esforçam
para entender e melhorar não só o seu desempenho ambiental, mas também a sua capacidade
de oferecer soluções e serviços que contribuem para a sustentabilidade de outras empresas.
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regulamentos) e forças sócio-culturais (ex: instituições e normas) podem influenciar ou
desfavorecer a incorporação da sustentabilidade nas empresas (JENKIN et al., 2011).
Bose e Luo (2011, p. 39), afirma que “as organizações estão buscando soluções de TI
verde para uma infinidade de razões e benefícios, incluindo a redução de consumo de energia,
custos mais baixos, emissões reduzidas de carbono, diminuição de impacto ambiental,
melhoria do desempenho dos sistemas e utilização, maior colaboração e interação entre
componentes, economia de espaço e trabalhadores mais ágeis.”
Chen et al. (2009) afirmam que adoção de tecnologias e práticas mais “eco-friendly”,
ou seja, que gerem menos impactos ao meio ambiente, é apenas o primeiro passo no sentido
da sustentabilidade. É fundamental fazer com que as tecnologias e práticas sejam cada vez
mais difundidas e institucionalizadas para dar uma resposta à atual crise ecológica (CHEN et
al., 2008).
Bai e Sarkis (2013) utilizam modelagem matemática para explicar como o TBL (triple
bottom line) pode ser integrado ao problema de tomada de decisão. A teoria da modernização
ecológica afirma que a tecnologia pode oferecer win-win e oportunidades. A partir de uma
perspectiva de desenvolvimento, a incorporação da abordagem de modelagem com um
sistema mais amplo de apoio à decisão para o capital e avaliação do projeto sustentável torna-
se necessário.
Jenkin et al. (2011) desenvolveram um quadro de investigação com vários níveis para
orientar futuras pesquisas. Para isso, eles revisaram a literatura da tecnologia e sistemas de
informação verde existente, incluindo questões de sustentabilidade ambiental na gestão,
psicologia ambiental e domínios de marketing social.
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Dao et al. (2011), elabora um framework teórico que busca orientar as práticas de
pesquisa que integrem a TI com outros recursos. O objetivo é ajudar as empresas a
desenvolver capacidades que abordem as questões de sustentabilidade, entregar valores de
sustentabilidade aos stakeholders e criar vantagem competitiva.
Chen et al. (2009) afirma que ainda há muito a ser explorado sobre o papel
desempenhado pelas empresas de TI na busca mundial da sustentabilidade. De acordo com os
autores, o status atual de deterioração ecológica pode explicar o aumento da popularidade de
iniciativas ambientais em todo o mundo. Além disso, eles afirmam que a busca pela
sustentabilidade não deve estar dissociado das questões econômicas, já que um dos aspectos
da economia é direcionar da melhor forma a alocação de recursos escassos.
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Em suma, as empresas de tecnologia têm procurado analisar os seus impactos gerados,
buscando ações de sustentabilidade. Porém, observou-se que não existe ainda um currículo
padrão para as melhores práticas de sustentabilidade nas empresas de TI.
5. CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
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202
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1. INTRODUÇÃO
O uso de energia por parte da Sociedade está cada vez maior, para manter o nível de
consumo e a qualidade de vida da população. Mais recentemente houve uma revolução na
área de energia devido ao ingresso de um maior número de fontes renováveis na matriz
energética de vários países e regiões. Nesta linha, um dos grandes desafios da atualidade é a
transição para modelos energéticos mais sustentáveis, ou seja, menos dependentes de fontes
fósseis, sem prejudicar os processos de desenvolvimento socioeconômico.
As energias renováveis são alternativas mais promissoras – em termos de
desenvolvimento sustentável – para países desenvolvidos e aqueles em processo de
desenvolvimento, como o Brasil, por dois motivos: primeiro pelo fato delas serem,
virtualmente, fontes inesgotáveis de energia, e segundo pelo baixo ou nulo impacto ambiental
produzido na geração de energia, a partir de fontes renováveis.
Além dos motivos apresentados acima, um uso – cada vez – maior de fontes de
energia renovável significa um menor uso de fontes de energia tradicional (a partir de
combustíveis fósseis), reduzindo – também – a emissão de gases de efeito estufa como o CO2
produzidos na geração de energia e, portanto, reduzindo os impactos à mudança climática.
No caso específico do Brasil, a proporção de energias renováveis na matriz energética
é muito maior a de outros países, inclusive desenvolvidos, como os europeus ou norte-
americanos. Aproximadamente, um 40% da matriz energética brasileira é composta por fontes
renováveis (BRASIL, 2015), sendo em sua maioria, composta por fontes hidrelétricas.
Nesta linha, autores como Ursaia, Guerra e Youssef (2011) argumentam sobre a
necessidade de diversificar – ainda mais – as fontes de energia renováveis, e desta forma,
reduzir a forte dependência energética nacional e especificamente, a dependência da geração
de energia elétrica nacional nas fontes hidroelétricas.
Uma das principais razões é o fato do potencial de geração hidrelétrico apresentar
restrições importantes quanto a seu crescimento e efetivo uso. O Plano Nacional de Energia
(PNE 2030), cita por exemplo, que apenas um 38% desse potencial poderia ser aproveitado
sem causar impactos ambientais significativos (URSAIA; GUERRA; YOUSSEF, 2011).
Outros fatos recentes que apontam à necessidade de uma maior diversificação das
fontes renováveis, como por exemplo o compromisso assumido pelo Governo Federal no
COP-21, em dezembro de 2015, de ampliar a participação das ‘novas tecnologias de energia
renovável’ na geração de eletricidade – solar, eólica e biomassa – para 23% até 2030 [1].
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Dentre essas três novas tecnologias de energia renovável, a biomassa, principalmente a
partir do bagaço da cana de açúcar, foi à primeira em receber uma atenção especial por parte
do Governo Federal, incentivando inclusive, os primeiros Leilões de Energia de Reserva, com
fonte exclusivamente proveniente de biomassa, visando a viabilização econômica deste tipo
de fonte renovável. Já as fontes de energia solar e eólica ainda apresentam uma participação
pouco significativa na matriz energética brasileira, aproximadamente um 0,4% (BRASIL,
2015), apresentando uma tendência diferente a da encontrada em outras regiões do mundo.
Referente ao exposto surge a seguinte pergunta de pesquisa: “Como está o panorama
atual da Energia Solar no Brasil?”. Desta maneira, este artigo tem como objetivo trazer uma
reflexão e apresentação do estado da arte atual da energia solar no Brasil. O objetivo é
proporcionar melhor entendimento sobre o contexto histórico, as tecnologias utilizadas e os
desafios a serem alcançados.
A pesquisa se classifica como descritiva e exploratória, utilizando como método a
revisão de literatura, utilizando pesquisas secundárias, em trabalhos já publicados em forma
de dissertação, monografias, teses, artigos científicos e sites especializados, de acordo com as
definições de Gil (2007) e Lakatos e Menezes (2010).
O artigo se apresenta em cinco seções, sendo a primeira composta por esta Introdução.
A segunda apresenta o contexto histórico. A terceira mostra as tecnologias de energia solar,
que é composta pela energia solar fotovoltaica e energia solar concentrada. A quarta seção
apresenta a energia solar no contexto brasileiro. E por último, discute os desafios e
oportunidades de energia solar para o futuro.
2. Contexto Histórico
A humanidade está ligada à energia solar desde muitos séculos, quando se utilizava o
sol para secar peles e alimentos, porém a conversão de energia solar em energia elétrica só se
tornou possível de ser explorada a partir do ano 1839 com a descoberta do efeito fotovoltaico
e a partir deste momento uma sucessão de eventos ocorreram até o desenvolvimento desta
tecnologia como é conhecida nos dias atuais (PEREIRA et al., 2006). Eventos esses que são
relatados na Tabela1.
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Ano Histórico
1883
Charles Fritts, inventor americano, desenvolve a primeira célula solar construída com o
principio de camadas “wafers”.
1887
Henrich Hertz descobre a influencia da radiação ultravioleta na descarga elétrica entre
dois terminais metálicos.
1904
Hallwachs descobriu que uma faixa de materiais metálicos sofria interferência na
condução de corrente, quando expostos a luz.
1959 -1968
Primeiras aplicações desta tecnologia em programas espaciais (Satélites VANGUARD-
1, EXPLORER-6, OVI-13, Ônibus espacial NINBUS e observatório ORBITING).
1982
A produção mundial de energia foto voltaica atingiu o patamar 9,3MW e desde então
continuo avançando.
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3. As tecnologias de energia solar
Existem duas formas distintas de gerar e aproveitar a energia solar para produzir
eletricidade. A primeira que será apresenta e detalhada no próximo tópico, está a Energia
Solar Fotovoltaica (FCV) e a segunda Energia Solar Heliotérmica, ou também conhecida,
como energia solar concentrada.
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energia elétrica que pode ser utilizada para acionamento de equipamentos convencionais
como geladeira, televisão ou máquina de lavar.
A ciência por de trás desse efeito físico foi estuda pelo físico francês Alexandre-
Edmond Becquerel e verificada pela primeira vez no ano de 1839 (ABINEE, 2012). Porém, a
primeira célula solar foi construída apenas em 1883 por Charles Fritts. A eficiência do
dispositivo naquela época era de apenas 1%. Para entender mais a fundo sobre o
funcionamento de um painel solar, faz-se necessário uma breve revisão sobre materiais
semicondutores e as suas propriedades.
Os materiais semicondutores são chamados dessa forma por não serem excelentes
condutores ou isolantes. Na verdade, eles podem atuar como cada uma das situações citadas
anteriormente dependendo de como material é tratado. Para que seja possibilitado que
semicondutores possam conduzir energia elétrica, é necessário que seja realizado o processo
conhecido como dopagem, onde são adicionadas pequenas quantidades de outros elementos
ao material para que ele mude drasticamente as propriedades elétricas do material intrínseco,
sem dopagem (PINHO e GALDINO, 2014).
A Figura 1 abaixo apresenta a estrutura de separação das bandas de energia para
condutores, semicondutores e isolantes. Nesta figura é possível observar a existência de uma
banda de valência que representa a última camada de elétrons de um átomo qualquer, no caso
das placas solares seria um átomo de silício. Além disso, é encontrada na região mais externa
a banda de condução, ou seja, a superfície por onde os elétrons irão circular. Por fim, a banda
conhecida por proibida, bandgap, ou simplemente gap que realiza a distinção entre as duas
camadas anteriores e a sua característica é não permitir que elétrons saiam da banda de
valência, a menos que recebam uma quantidade certa de energia para realização da transição
para a banda de condução.
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Portanto, quando os painéis fotovoltaicos são expostos a radiação solar, uma grande
quantidade de energia é absorvida pelo material semicondutor. Essa energia associada a luz é
chamada de fóton. Se a quantidade de energia que chega a superfície da placa for superior a
limitação imposta pelo gap, elétrons migrarão para a banda de condução dando origem assim
a uma diferença de potencial que originará uma corrente elétrica. Logo, Nascimento (2004)
afirma que uma célula fotovoltaica não armazena energia elétrica, ela na verdade mantém um
fluxo de elétrons em um circuito enquanto ocorrer incidência do sol sobre a placa. Este efeito
é conhecido como Efeito Fotovoltaico.
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Figura 2 – Curva Característica I-V e curva de potência P-V para um módulo com potência nominal de 100 Wp
Para que seja possível observar a curva acima são necessários dois ensaios para
determinação da tensão de circuito aberto (VOC) e a corrente de curto circuito (ISC). O
primeiro pode ser medido através da utilização de um voltímetro colocando a ponteira do
medidor nos terminais positivo e negativo da placa enquanto a mesma está sob a incidência do
sol. Já para o segundo parâmetro, deve ser utilizado um amperímetro para medir a corrente
entre os terminais da placa (PINHO & GALDINO, 2014). A curva da potência pode ser
encontrada através do produto entre a tensão e a corrente. A tensão VMP e a corrente IMP
representam o ponto de máxima potência (PMP).
Tendo em vista o comportamento de pleno funcionamento do módulo fotovoltaico, é
possível determinar a influência dos fatores externos supracitados sob a potência de saída.
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pelo módulo aumenta com o aumento da radiação solar. Segundo Freitas (2008) a corrente de
curto circuito tem um aumento linear com a radiação. Além disso, percebe-se que a tensão
varia muito pouco com a incidência de radiação.
Figura 3: Efeito causado pela variação da incidência de radiação nas células sobre a curva característica I x V
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Figura 4: Efeito causado pela variação de temperatura das células sobre a curva característica I x V
Figura 5: Efeito causado pelo sombreamento das células sobre a curva característica I x V
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Fonte: Boso, Gabriel e Gabriel Filho (2015) apud Portal do Sol (2015).
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O principal componente utilizado nesse tipo de sistema é o inversor. Segundo os
autores Pereira e Oliveira (2015), a energia elétrica na saída dos módulos fotovoltaicos é em
corrente contínua (CC). Isto inviabiliza a utilização direta de energia para acionamento de
muitos equipamentos utilizados nas residências, já que eles geralmente trabalham em corrente
alternada (CA).
Portanto, a função do inversor é converter um sinal elétrico CC produzido pelos
módulos sem sinal elétrico CA. A tensão CA deve ter amplitude, frequência e formato de
onda adequado às cargas a serem alimentadas (PINHO & GALDINO, 2014). Ou seja, o
inversor faz a leitura das características da energia da rede de distribuição e “copia” para a
energia gerada pelos painéis para que os aparelhos domésticos possam funcionar
adequadamente.
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Fonte: Boso, Gabriel e Gabriel Filho (2015) apud Portal do Sol (2015).
Para os sistemas isolados da rede faz-se necessário o uso de baterias para armazenamento de
energia, logo para que não ocorram problemas com as mesmas é utilizado um controlador de
carga que possui a função de proteger o banco de baterias contra cargas e descargas
excessivas, aumentando a sua vida útil. Segundo Pinho e Galdino (2014) este componente é
crítico em sistemas isolados, pois, caso venha a falhar, a bateria pode sofrer danos
irreparáveis.
Portanto, este sistema se diferencia muito pouco em relação aos sistemas conectados a
rede em relação aos componentes. Porém, segundo Boso, Gabriel e Gabriel Filho (2015) esse
sistema necessita de mais investimento para produzir a mesma quantidade de KWh
consumida por uma residência tal qual se esta fosse produzida pelas concessionárias de
energia, ou seja, seu custo também será maior que um sistema conectado a rede.
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Figura 3 – Esquemático de usina com torre solar
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Esse último sistema é composto por espelhos em formato de disco parabólico com
ponto focal logo a frente do coletor, nesse ponto focal é colocado um motor Stirling em
conjunto com um gerador. Essa tecnologia ainda está sob desenvolvimento pois hoje ainda é
difícil realizar o armazenamento dessa energia, logo, ela acaba se equiparando com energia
fotovoltaica que é mais simples e barata.
Motor Stirling utiliza do calor para variar a pressão no interior de uma câmara de gás,
geralmente hidrogênio, movimentando pistões que por sua vez transferem a energia mecânica
gerada para um gerador elétrico, produzindo energia. Na figura 6 temos o sistema de disco
parabólico simplificado.
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Fonte: Elaborado pelos autores com base CRESESB (2012), Holl et al. (1989), Pilkington (1996), OECD/IEA
(1997)c SolarPACES (1999) e Müller-Steinhagen et al. (2004).
Tabela 3 - Comparativo das tecnologias de geração de energia heliotérmica quanto à aplicação, avanços
alcançados e características especiais
Grau de concentração >1000 vezes >1300 vezes >70-80 vezes >60 vezes
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exemplo a planta instalada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-
RS), que produz módulos fotovoltaicos com tecnologia competitiva.
Um dos grandes empecilhos para as indústrias implantarem placas solares, sejam,
fotovoltaicas ou concentradas, está no quesito da viabilidade econômica ser alta. Porém, Silva
(2015) explica que o número de empresas brasileiras com energias renováveis, pode
aumentar, devido às regras do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) para o
financiamento diferenciado direcionado ao Leilão de Energias de Reservas (LER) 2014, que
exigem a nacionalização progressiva de componentes e processos específicos. A fabricação
nacional de células de silício cristalino a partir de 2020 é um exemplo. Ressalta-se que, o
Brasil já transforma silício mineral para grau metalúrgico, restando a transformação do silício
grau metalúrgico para grau solar (que já foi feita no Brasil entre 1980 e 1990) e, depois, para
célula.
Para um maior entendimento da energia solar no Brasil, os próximos tópicos
apresentam como esta a energia solar fotovoltaica e a energia solar concentrada no contexto
brasileiro.
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Na pesquisa de 2014 da EPE, ficou evidente que as regiões mais povoadas apresentam
maior potencial de geração de energia solar no Brasil. Portanto, em todos os estados, a
capacidade de geração é substancialmente superior ao consumo. Essa relação é de 230%, ou
seja, a geração fotovoltaica em telhados residenciais tem o potencial de gerar o equivalente a
mais de 2 vezes o consumo residencial. Os estados brasileiros: Piauí, Alagoas, Paraíba,
Maranhão, Bahia, Ceará, Tocantins, Minas Gerais e Sergipe apresenta relação superior a
300%, conforme apresenta a tabela 1.
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5. Desafios e oportunidades de energia solar para futuro no Brasil
Um desafio do Brasil é incentivar e conscientizar as empresas, as indústrias e as
pessoas a utilizarem mais a energia renovável solar. Já que o país é considerado pelos
pesquisadores, um dos maiores abundantes de fontes naturais do mundo. Podendo focar em
diversas pesquisas de uso na geração de energias renováveis: solar, eólica e agro-energia.
Atualmente, existem alguns incentivos e programas para a utilização e implantação da
energia solar no Brasil, conforme apresentado no Anexo A. Um dos desafios que poderia ser
acrescentado no Brasil, em forma de regulamento ou legislação, que obrigasse os estados e
municípios que em novas construções, obtivesse aquecimento solar de água e placas solares
para a energia eletrica.
Outro desafio, está em disseminar pesquisas e o uso dos carros híbridos, elétricos e
solar no Brasil. Vinholes (2014) explica que veículos solares, são cobertos com painéis
solares fotovoltaicos, superfícies feitas com materiais que geram eletricidade ao serem
expostos a luz (como Silício e Gálio), geram sua própria energia para o motor elétrico. Para
funcionar, o carro deve ser extremamente leve e aerodinâmico, por isso ainda não chega às
ruas. A Ford, porém, já testa a tecnologia como uma fonte de força extra para seus carros
híbridos, com painéis instalados no teto.
Corroborando Silva (2015), traz que uma oportunidade de impulsionar a energia solar
no Brasil, faz-se-a devido a mudança na matriz energética brasileira nos próximos anos. O
autor explica que, o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDEE) 2023 prevê a queda, em
termos proporcionais, da geração de fonte hidráulica, e um aumento correspondente na
participação de outras fontes renováveis, em especial, a eólica. Antecipa-se um leve
crescimento na participação das fontes renováveis na matriz elétrica: de 82,9%, em 2013, para
83,8%, em 2023. Para a energia solar, o PDEE 2023 estima que a capacidade instalada dessa
fonte atingirá 3.500 MWp (548 MW médios) em 2023, frente aos 19 MWp outorgados
atualmente.
Para assegurar que os objetivos das políticas públicas dos governos federal e estaduais
sejam atingidos, garantindo o desenvolvimento de uma cadeia produtiva nacional e
proporcionando condições mínimas de competitividade frente a um mercado internacional
cada vez mais concorrido, é necessário que um conjunto de medidas estratégicas seja posto
em prática, de forma coordenada e bem planejada. Para isso, Camargo (2015, p. 34-37)
apresenta as recomendações para atingir esta competitividade ao mercado de energia solar,
sendo:
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de geração fotovoltaica nos programas de habitação do Governo Federal, como o Minha Casa
Minha Vida, e em programas estaduais, como o Casa Paulista, do CDHU-SP; 4. Em imóveis
já construídos, estender as condições de financiamento do Sistema Financeiro de Habitação
também para a aquisição de sistemas fotovoltaicos, por meio de uma linha especial dentro do
Construcard e/ou do Producard (com custos mais acessíveis, a exemplo das linhas do FGTS)
ou de outro programa específico para este fim; 5. Conceder incentivos fiscais no âmbito do
Governo Federal, como abatimento de parte dos custos de implantação de sistemas
fotovoltaicos no cálculo do imposto de renda para pessoas físicas e jurídicas devido, a
exemplo do bem-sucedido Income Tax Credit (ITC) dos EUA; 6. Coordenar esforços para
incentivar os Estados e municípios a estabelecer abatimentos no ISS incidente sobre a
instalação de sistemas fotovoltaicos e no IPTU de imóveis que investirem nesta tecnologia; 7.
Realizar campanhas de conscientização e educação para mostrar à sociedade brasileira os
benefícios que a geração distribuída e a energia solar fotovoltaica podem trazer ao país, em
especial nas esferas econômica, social, ambiental e de planejamento energético.
Desta forma, Rezende (2013) enfatiza que o “grande desafio da humanidade é gerar a
energia necessária para o consumo futuro de forma sustentável para o clima do Planeta”.
Portanto, sugere-se que sejam desenvolvidas mais pesquisas científicas e tecnológicas na área
de energia solar, para incentivar seu uso, sua eficiência e a contribuição que oferece ao meio
ambiente e ao homem. Uma vez, que possuem diversas formas de programas e incentivos
financeiros e políticos para o seu desenvolvimento no Brasil.
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231
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232
Panorama da Energia
Eólica: contexto brasileiro
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Panorama
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Eólica:
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1. INTRODUÇÃO
O uso do vento para gerar uma quantia notável de energia elétrica se deu pela primeira
vez em 1888 na cidade de Cleveland, Ohio - Estados Unidos, onde Charles F. Brush construiu
um aerogerador cujas 177 pás formavam uma estrutura de 17 metros de diâmetro, muito
pesada e pouco eficiente com 12 kW de potência (DODGE, 2016).
Alguns anos depois, na Dinamarca, Dane Poul La Cour aprimoraria seu design com
um rotor mais leve de quatro pás que contribuiria para uma maior velocidade de rotação e
uma potência que chegaria na ordem de 25kW já no final da Primeira Guerra Mundial. Porém,
sua utilização não se disseminou devido à abundância e aos baixos preços praticados de
combustíveis fósseis (DODGE, 2016).
Os aerogeradores desenvolvidos por Brush e Cour, foram utilizados por um período de
vinte anos e considerados inadequados para gerar uma quantidade significante de energia
elétrica.
Ainda assim, várias outras tentativas experimentais se sucederam ao redor do mundo,
como por exemplo, o gerador eólico Balaclava, na Rússia, em 1931, de 100kW de potência,
ou a notável Smith-Putnam, primeira a ultrapassar o marco de 1MW de capacidade em 1941,
nos Estados Unidos (DODGE, 2016).
O aerogerador desenvolvido na Rússia saiu de operação depois de dois anos, enquanto
o aerogerador americano resistiu quatro anos antes de uma de suas pás quebrar devido ao
grande estresse mecânico que a estrutura era sujeita (DODGE, 2016). A Figura 1 apresenta a
evolução dos estágios de desenvolvimento da exploração de energia eólica.
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Eólica:
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Diante deste favorável cenário, a energia eólica vem se tornando cada vez mais
competitiva e, portanto, cada vez mais presente no cenário mundial, o que faz crescer a
necessidade de ser melhor entendida e contextualizada.
Este capítulo está dividido em 5 seções principais. Após a presente introdução da
seção 1, encontra-se a seção 2, que busca expor a situação atual da geração de energia eólica
no mundo. Em seguida, na seção 3, é apresentada a estrutura política e funcional do setor
elétrico brasileiro. Na seção 4 é destacado o principal programa responsável pela difusão da
energia eólica no Brasil, e finalmente, na seção 5, são apresentadas às conclusões pertinentes
ao capítulo.
tenham sido integradas em decisões formais ou promulgadas em lei; ii) Cenário 450, que ao
invés de ser uma projeção influenciada por ações de política, seleciona deliberadamente um
caminho de energia plausível para alcançar a meta de ter cerca de 50% de chance de limitar o
aumento global de temperatura média para 2º C; iii) Cenário Moderado GWEC, que considera
as medidas políticas de apoio às energias renováveis já estabelecidas ou em fase de
planejamento em todo o mundo e, ao mesmo tempo, assume que os compromissos de redução
de emissões acordados pelos governos na COP21 serão implementados; e o iv) Cenário
Avançado GWEC, que é o cenário mais ambicioso, descrevendo até que ponto a indústria de
energia eólica poderia crescer no melhor caso. A Cenário de Novas Políticas da IEA é
adotado como o cenário base. As projeções para estes 4 cenários são apresentadas na Figura 3.
Vale destacar que, mesmo para o cenário mais modesto, as simulações da GWEC
projetam um crescimento da capacidade instalada de geração eólica mundial e de geração de
energia elétrica de mais de 650% e 850%, respectivamente, até o ano de 2050 em relação ao
nível atual, destacando o quanto esta fonte ainda irá se expandir no futuro.
A Figura 4 apresenta projeções para a representatividade da fonte eólica em relação à
outras fontes, de acordo com a demanda por energia elétrica mundial.
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Aqui, destaca-se o enorme potencial da energia eólica em relação às outras fontes, com
projeções de atender anualmente à mais de um terço da demanda elétrica mundial até o ano de
2050.
Através da análise dos quatro cenários simulados, fica destacada a importância
crescente dada à geração eólica, tanto atualmente quanto no futuro, ressaltando o quanto o
desenvolvimento deste tipo de fonte é importante para as nações que se dispõe a adotá-la.
Conselho
Nacional de
Política
Energética
CNPE
Ministério
de
Minas
e
Energia
MME
Câmera
de
Operador
Comercialização
Nacional
do
de
Energia
Sistema
Elétrica
CCEE ONS
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Uriona
Maldonado,
M.;
Lezana,
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240
Panorama
da
Energia
Eólica:
contexto
brasileiro
Ulian,
C.
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Mendonça,
A.
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Leusin,
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R.
241
Panorama
da
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Eólica:
contexto
brasileiro
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Maldonado,
M.;
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Tabela 1. Agentes de Mercado
Categoria Classificação
Geradores
Produtores Independentes
Geração Autoprodutores
Comercializadores
Importadores
Comercialização Exportadores
Distribuidores
Distribuição Consumidores Livres
Fonte:(CCEE, 2016c).
De acordo com Brasil (2016), o consumidor no ACL compra sua energia diretamente
de um gerador ou por intermédio de um agente comercializador. Com seu poder de escolha e
com a concorrência de mercado, o benefício econômico do insumo de energia elétrica em
comparação às tarifas praticadas no ambiente regulado é destacado.
243
Panorama
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contexto
brasileiro
Ulian,
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M.
E.;
Uriona
Maldonado,
M.;
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R.
(PIAs), aumentando a participação de fontes de energia renováveis, tais como, eólica,
biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCH), conectadas ao SIN.
O programa foi acordado para ser implementado em duas fases: a primeira para
implementação de projetos em curto prazo e a segunda para implementação em médio prazo.
De acordo com o Decreto (4541/2002), os participantes do PROINFA possuem um
contrato de pagamento de energia gerada com um prazo garantido de 20 anos. As contratações
dos projetos ficam sobre responsabilidade da ELETROBRAS - Centrais Elétricas Brasileiras
S.A, assim como a administração da conta PROINFA que inclui os custos da energia,
administrativos, financeiros e encargos tributários, todos regulamentados e fiscalizados pela
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), (ELETROBRAS, 2016).
Na sua primeira fase, o programa garantiu uma implantação de 3300 MW de
capacidade em projetos com as fontes eólica, biomassa e PCH, com início de operação
previsto até dezembro de 2008 (MME, 2005). Nesta fase, foi adotado um mecanismo para uso
de equipamentos nacionalizados, fixando um índice mínimo de 60% de nacionalização dos
equipamentos a serem utilizados nas três tecnologias participantes.
A segunda fase prevê que as fontes alternativas de energia deverão atender à 10% do
consumo anual de energia elétrica num prazo de 20 anos. O PROINFA ampliou nesta fase o
índice de nacionalização dos equipamentos para 90% (ELETROBRAS, 2016).
A seleção de projetos do PROINFA segue as diretrizes da Lei 10.438/02, que
estabelece que os projetos habilitados serão selecionados, considerando os seguintes
processos (ELETROBRAS, 2016):
1. Processo Global de seleção do PROINFA;
2. Processo de seleção de projetos PROINFA-Eólica.
O processo de seleção do PROINFA de forma global, para contratação de
empreendimentos tanto na primeira como na segunda fase do projeto, seguiram os processos
apresentados no fluxograma da Figura 6.
244
Panorama
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Energia
Eólica:
contexto
brasileiro
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C.
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Mendonça,
A.
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Leusin,
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2. A seleção dos projetos se inicia, novas listas são criadas separando os projetos por estados,
entretanto, no momento em que um estado atingir 220 MW, não serão selecionados mais
projetos daquele estado, até que todos os estados contemplados na lista sejam atendidos ou
que atinja o limite de 1.100 MW.
3. Na seleção dos empreendimentos, somente será considerado o limite de 220 MW por
estado, no entanto, se um empreendimento superar este limite de contratação, será
considerado apenas o montante em “MW” que complete os 220 MW;
6. Podem existir empreendimentos que foram selecionados para contratação parcial, após
análise de seleção. Diante disso, o empreendedor afetado será convocado pela
ELETROBRAS para decidir se aceita ter a potência de seu projeto reduzida.
247
1 apresenta a energia gerada pelos participantes do PROINFA, por tipo de fonte.
248
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contexto
brasileiro
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R.
Leilão PROINFA LER LER LFA LER A-3 A-5 A-5 LER A-3
2009 2010 2010 2011 2011 2011 2012 2013 2013
Potência 1.303,1 1.915,9 545,2 1.473,4 797,8 1.056,3 822,1 48,9 1.403,8 791,7
(MW)
N° de 53 71 20 49 31 44 33 2 62 39
Parques
Leilão A-5 A-3 LER A-5 LFA A-3 LER ACL P&D
Dez/2013 2014 2014 Nov/2014 2015 2015 Nov/2015
Potência 1.303,1 1.915,9 545,2 1.473,4 797,8 1.056,3 822,1 48,9 1.403,8
(MW)
N° de 97 21 31 36 3 19 20 109 1
Parques
250
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Eólica:
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Ulian,
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Maldonado,
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Lezana,
A.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme exposto, a energia eólica vive hoje uma fase sem precedentes em sua
história de crescente utilização e desenvolvimento. A energia elétrica vinda de tal fonte já se
encontra na faixa de 868 TWh/a, o que corresponde à 7% da produção total mundial, gerando
centenas de milhares de empregos pelo mundo, com perspectivas de aumento de até vinte
vezes mais (TWh/a) e representando uma fatia de até 40% do total em 2050.
No Brasil as instituições que regem o sistema de energia elétrica tiveram que se
adaptar ao novo cenário de necessidade da diversificação da sua matriz de energia elétrica,
criando dentre outras instituições, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica que ficou
responsável por promover leilões de contratação de energia elétrica que propiciaram
ambientes favoráveis à contratação de energias alternativas, dentre elas a eólica.
O primeiro leilão veio em decorrência do programa de mesmo nome, PROINFA,
criado em 2002, que fez vingar de uma vez por todas a até então inexpressiva energia eólica
brasileira. Atualmente, após vários e diversificadas classes de leilões e contando com os mais
variados tipos de suporte, a energia eólica nacional já possui mais de 11GW de capacidade de
potência instalada com projeções de passar dos 18GW em 2020.
251
Panorama
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Energia
Eólica:
contexto
brasileiro
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C.
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Mendonça,
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Uriona
Maldonado,
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Lezana,
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R.
REFERÊNCIAS
ABEEólica. Boletim de dados. ABEEólica – Associação Brasileira de Energia Eólica, novembro 2016.
Disponível em http://www.portalabeeolica.org.br/images/boletins/Boletim-de-Dados-BEEolica-Novembro-
2016%20-Publico.pdf, acessado em 01/11/2016.
ABRADEE. Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica – Leilões de Energia. Disponível em:
http://www.abradee.com.br/setor-eletrico/leiloes-de-energia, acessado em 19/11/2011.
ANEEL . Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/a-aneel, acessado em
01/11/2016.
BRASIL. Entenda o Mercado. Brasil Comercializadora de Energias. Disponível em:
http://www.brcomercializadora.com.br/Entenda-Mercado.php. Acessado em 1/11/2016.
CNPE . Conselho Nacional de Políticas Energética. CNPE, Ministério de Minas e Energia. Disponível em:
http://www.mme.gov.br/web/guest/conselhos-e-comites/cnpe, acessado em 01/11/2016.
CMSE. Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, CMSE. Disponível em:
http://www.mme.gov.br/web/guest/conselhos-e-comites/cmse, acessado em 01/11/2016.
CCEE(a). Entenda o Modelo Brasileiro. Disponível
em:https://www.ccee.org.br/portal/faces/pages_publico/onde-
atuamos/setor_eletrico?_afrLoop=95996718044871#%40%3F_afrLoop%3D95996718044871%26_adf.ctrl-
state%3Dyp5rfm970_154, acessado em 1/11/2016.
CCEE(b). História. Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Disponível em:
http://www.ccee.org.br/portal/faces/pages_publico/quem-somos/historia?_adf.ctrl-
state=3a2zfw58l_4&_afrLoop=72550898324040, acessado em 01/11/2016.
CCEE(c). Conheça as modalidades de Agentes. Câmera de Comercialização de Energia Elétrica.
Disponível em: https://www.ccee.org.br/portal/faces/pages_publico/como-
participar/participe/conheca_modalidades?_afrLoop=75996655552743#%40%3F_afrLoop%3D7599665555274
3%26_adf.ctrl-state%3D3a2zfw58l_105, acessado em 01/11/2016.
COSTA, Claudia do Valle; ROVERE, EMILIO LA; ASSMANN, Dirk. Technological innovation policies to
promote renewable energies: lessons from the European experience for the Brazilian case. Renewable and
Sustainable Energy Reviews, 2008, n.12, p.65-90.
DODGE, Darrell M. – Illustrated History of Wind Power. Littleton, Colorado – Disponível em:
http://www.telosnet.com/wind/index.html , acessado em dia 19/10/2016
252
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Uriona
Maldonado,
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G.
R.
http://www.eletrobras.com/elb/ProinfA/data/Pages/LUMISABB61D26PTBRIE.htm#Guias%20de%20Habilita%
E7%E3o%20e%20Minutas%20dos%20Contratos, acessado em 01/11/2016.
EPE. Empresa de Pesquisa Energética. Institucional. Disponível em:
http://www.epe.gov.br/acessoainformacao/Paginas/institucional.aspx, acessado em 01/11/2016.
GOVERNO FEDERAL – Saiba o que é o Acordo de Paris. Disponível em:
http://www2.planalto.gov.br/acompanhe-planalto/noticias/2016/09/saiba-o-que-e-o-acordo-de-paris-ratificado-
pelo-governo-nesta-segunda-feira. Acessado em 19/11/2016
MCDOWALL, Will; EKINS, Paul; RADOSEVIC, Slavo; ZHANG, Le-yin.. - The development of wind power
in China, Europe and the USA: how have policies and innovation system activities co-evolved? –
Technology Analysis & Strategic Management, v.25 (2), p. 163-185, 2013.
______. Decreto n° 4.541, de 23 de dezembro de 2002.Dispõe sobre a expansão da oferta de energia elétrica
emergencial, recomposição tarifária extraordinária, cria o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de
Energia Elétrica - PROINFA e a Conta de Desenvolvimento Energético – CDE. Presidência da Republica – Casa
Civil, Brasília, 2002.
253
Desenvolvimento
de
Competências
de
Gestão:
caso
do
Programa
Inova
Talentos
1. INTRODUÇÃO
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 INOVAÇÃO
256
Desenvolvimento
de
Competências
de
Gestão:
caso
do
Programa
Inova
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R.
a) Inovar pontualmente: projeto de inovação ou inovação de um produto, ou seja projeto para
melhorar os produtos existentes, criação ou adoção de uma nova tecnologia de ponta; e
b) Inovar permanentemente: inovação total ou gestão de inovação. Neste nível a inovação
transforma-se no pilar de estratégia da empresa.
Bessant e Tidd (2008) afirmam que a inovação assume muitas formas diferentes, mas
pode ser resumida em quatro diferentes tipos, a saber: Inovação de produtos, Inovação de
processos, inovação de posição / marketing e inovação de paradigma / organizacional.
Empresas inovadoras sabem que inovação não é algo fortuito. Nesse sentido,
estabelecem processos formais capazes de viabilizá-la. Trata-se de processos que estimulam a
geração de ideias, garantem feedback, favorecem a colaboração e múltiplas perspectivas na
avaliação, reconhecem e premiam aqueles que se aventuram a sugerir coisas novas e também
aqueles que trabalham para que as ideias se concretizem e gerem valor para a organização
TERRA (2007).
Existem diversos mecanismos que apoiam a inovação no ambiente industrial, dentre
elas, pode-se citar a Bússola da Inovação, uma iniciativa da Federação das Indústrias do
Estado do Paraná – FIEP e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Paraná –
SENAI/PR. Um dos aspectos observados nesta ação são as ferramentas utilizadas nos
processos de inovação das empresas. No quadro 1 estão descritas as ferramentas utilizadas
pelas indústrias que participaram da bussola da inovação de 2012-2013.
257
Desenvolvimento
de
Competências
de
Gestão:
caso
do
Programa
Inova
Talentos
Carelli,
F.
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Lezana,
A.
G.
R.
Percebe-se que a ferramenta de análise de competências foi utilizada apenas por 56%
das empresas, o que representa um potencial de expansão do uso desta ferramenta para as
indústrias. Isso pode ocorrer com a inserção de mecanismos de análise e desenvolvimento de
competências para potencializar os processos de inovação.
Inovar é surpreender a concorrência com algo novo. É transformar as habilidades e
atitudes em soluções para as partes envolvidas, ou seja, para a empresa, seus parceiros e a
sociedade como um todo.
2.2 COMPETÊNCIAS
258
Desenvolvimento
de
Competências
de
Gestão:
caso
do
Programa
Inova
Talentos
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F.
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Figura 01: Componentes da competência no trabalho
259
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de
Gestão:
caso
do
Programa
Inova
Talentos
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F.
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G.
R.
Outra forma de classificar as competências é como competências essenciais, em que se
tratam as competências da organização e competências profissionais, que descrevem as
competências requeridas dos indivíduos e se desmembram em competências estratégicas,
competências de liderança e competências técnicas. (PwC 2013, p.11).
Neste sentido, as empresas devem conhecer as competências necessárias para os seus
negócios e utilizar meios para atrair talentos capazes de impulsionar a inovação e o
crescimento empresarial.
Diversas pesquisas apontam a necessidade das empresas de canalizarem esforços para
atrair profissionais qualificados e de aprimorar os seus colaboradores e suas competências
para alcançarem os objetivos da organização. A figura 2 demonstra a dificuldade das
empresas em obter profissionais mais qualificados para desempenharem suas funções.
260
Desenvolvimento
de
Competências
de
Gestão:
caso
do
Programa
Inova
Talentos
Carelli,
F.
P.
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Lezana,
A.
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R.
Figura 3: Principais competências relacionadas com o trabalho
HABILIDADES
HABILIDADES HABILIDADES TRANSFUNCIONAIS
BÁSICAS
Fonte: World Economic Forum, baseado no Modelo de Conteúdo O * NET – 2016 p.21.
Figura 4: Mudança nas competências básicas relacionadas ao trabalho, 2015-2020, nas indústrias
Escala de
habilidades Atual
Demanda 2020 2020
Habilidades
cognitivas
Habilidades de
sistemas
Solução complexa
de problemas
Habilidades de
conteúdo
Habilidades de
processo
Habilidades sociais
Habilidades de
gerenciamento
de recursos
Habilidades técnicas
Habilidades físicas
261
Desenvolvimento
de
Competências
de
Gestão:
caso
do
Programa
Inova
Talentos
Carelli,
F.
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R.
O questionamento que ocorre ao apreciar estes dados está focado no desenvolvimento
das competências requeridas pelas indústrias nos próximos anos. Fazem-se necessários
métodos para o desenvolvimento destas competências para suprir as novas demandas do
mercado
Aprender
a
Aprender
a
CONHECER CONVIVER
Aprender
a
Desafiar
a
Gerar
o
interesse FAZER aprender
com
a
convivência Aprender
a
SER
Criar
disposição
Querer
adquirir
de
realizar Aprender
a
Despertar
o
reelaborar
e
respeitar
as
desenvolvimento
reconstruir
novos
diferenças da
personalidade
conhecimentos
• Situações
Tornar
aptas
a
• Riscos
Ensinar
a
Exercitar
a
Objetivar
viver
enfrentar • Errar
mesmo
aprender fraternidade
e
a
melhor
com
na
busca
de
paz responsabilidade
acertar pessoal
263
Desenvolvimento
de
Competências
de
Gestão:
caso
do
Programa
Inova
Talentos
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confrontar os outros por conta própria. Coopera e se comunica criativamente.
KODE® é o primeiro procedimento analítico no mundo que: Mede diretamente os
quatro tipos de competências humanas básicas; é concreta e consistentemente baseado em
teorias modernas de auto-organização (incluem Hermann Haken e, no sentido mais amplo,
Ilya Prigogine e Humberto R. Maturana); tem base na obra de gestão fundamental de Peter
Drucker, Fredmund Malik e Gilbert J.B. Probst; é orientado especificamente para o
desenvolvimento da competência, e não somente para a determinação das competências;
permite que pessoas, equipes e empresas sejam analisadas com precisão e de acordo com a
perspectiva conjunta (Heyse 2010).
O procedimento KODE®X / SKE-Center® pretende expor o potencial de competência
(Heyse, Erpenbeck 2007). Em princípio, competências estrategicamente importantes são
determinadas a partir das 64 competências parciais do KODE®X / SKE-Center®. Esse
processo é usado para analisar as exigências que uma atividade ou posição particular exigem.
Depois são definidos os perfis desejados para as tarefas e/ou posições, consistindo em 12 a 16
sub competências. Na figura 6 apresenta-se o atlas das competências.
264
Desenvolvimento
de
Competências
de
Gestão:
caso
do
Programa
Inova
Talentos
Carelli,
F.
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3. MÉTODO
O presente artigo classifica-se como uma pesquisa exploratória uma vez que a
proposta é investigar uma situação, torná-la mais explícita e construir hipóteses. Os dados
265
Desenvolvimento
de
Competências
de
Gestão:
caso
do
Programa
Inova
Talentos
Carelli,
F.
P.
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A.
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R.
apresentados são classificados como dados secundários, pois são provenientes de outras
fontes já estruturadas e a análise destes dados será qualitativa.
O objeto de estudo é o Programa Nacional Inova Talentos do Instituto Euvaldo Lodi -
IEL. A intenção neste artigo é apresentar o programa nacional Inova Talentos e analisar os
resultados da 1ª edição que ocorreu no estado do Paraná, afim de observar os aspectos do
programa e os pontos que indicam a relevância do desenvolvimento de competências em
gestão para apoiar as indústrias.
Identifica-se o Programa inova talentos do IEL como uma iniciativa que faz a ponte
entre o mercado de trabalho, as indústrias e os estudantes e profissionais que querem iniciar
sua carreira. No entanto, muitos destes profissionais têm uma formação acadêmica que não
atende plenamente as necessidades da indústria.
Desta forma, identificar as competências que a indústria necessita e promover o
desenvolvimento destas competências no público do Programa Inova Talentos, pode
alavancar a inovação e ampliar a competitividade do setor industrial.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
1 6
Mobilização e adesão Integração
das empresas e institutos dos profissionais/
de PD&I privados bolsistas
2 7
Elaboração e submissão Validação e Execução
dos Projetos de Inovação do Plano de Trabalho
10
Chamada CNPq/IEL do Projeto de PD&I
3 8
Análise e divulgação Capacitação
de resultados da dos profissionais/
Chamada CNPq/IEL bolsistas
PASSOS
4 9
DO PROGRAMA
Recrutamento e Seleção Acompanhamento
dos profissionais para os do Plano de Trabalho
Projetos de Inovação (profissionais e tutores)
5 10
Integração e Reconhecimento
Capacitação e premiação dos
dos tutores profissionais e tutores
Fonte: IEL Núcleo Central
Figura 8- Distribuição - Projetos Submetidos nas 4 Chamadas do Programa Inova Talentos do IEL
268
Desenvolvimento
de
Competências
de
Gestão:
caso
do
Programa
Inova
Talentos
Carelli,
F.
P.
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Lezana,
A.
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R.
O Programa contou com 561 empresas participantes que solicitaram bolsas, dentre as
empresas participantes destacam se as indústrias de médio e grande porte dos setores
automobilístico, aeronáutico, eletroeletrônico, máquinas e equipamentos, agrícola, energia,
alimentício dentre outros.
Analisando a perspectiva do estado do Paraná, na primeira edição do Programa Inova
Talentos do IEL/PR realizado no ano de 2014/2015, foram submetidos para avaliação do
269
Desenvolvimento
de
Competências
de
Gestão:
caso
do
Programa
Inova
Talentos
Carelli,
F.
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Lezana,
A.
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R.
CNPq 26 projetos, sendo que 23 projetos foram efetivamente aprovados e 19 executados.
Cada projeto pode contemplar mais de um bolsista para sua realização desta forma,
participaram 26 bolsistas que estavam responsáveis em dar andamento aos projetos de
inovação. Para classificar as empresas participantes foi utilizada a classificação do SEBRAE
para definir o porte de cada empresa, que define como microempresa indústrias com até 19
empregados, indústria de pequeno porte de 20 a 99 empregados, indústria de médio porte de
100 a 499 empregados e indústria de grande porte com mais de 499 empregados.
Com este critério participaram da 1ª Edição do Programa Inova Talentos 19 projetos,
sendo que 17 projetos foram propostos por grandes empresas, 1 por uma empresa de médio
porte e 1 por uma microempresa. O que aponta que 90% dos projetos submetidos são
provenientes de grandes empresas.
Entre os segmentos participantes a maioria dos projetos são do segmento automotivo
que é um dos segmentos mais representativos no estado do Paraná. Desta forma 11 projetos
foram do segmento automotivo, 2 projetos foram submetidos nos segmentos de implantes
dentários, institutos de pesquisa e de tecnologia de informação e comunicação e 1 projeto foi
submetido nos segmentos de alimentos e de automação.
Referente aos tipos de inovação propostos nos projetos destaca-se a inovação de
produto com 13 projetos atuando nesta perspectiva, muito comum em função da atuação da
indústria, no entanto as inovações de processo também merecem destaque sendo trabalhadas
em 4 projetos. Abaixo a figura 9 apresenta os tipos de inovação propostos.
270
Desenvolvimento
de
Competências
de
Gestão:
caso
do
Programa
Inova
Talentos
Carelli,
F.
P.
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Figura 9: Tipos de Inovação na 1ª Edição do Programa Inova Talentos – IEL/PR
Fonte: Os autores, 2016
Quanto a formação dos bolsistas participantes percebe-se que a grande maioria são
provenientes dos cursos de engenharia, sendo as engenharias elétrica e mecânica as mais
procuradas para os projetos de inovação, a figura 10 apresenta a formação dos bolsistas.
Figura 10: Formação dos bolsistas na 1ª Edição do Programa Inova Talentos – IEL/PR
Outro fator observado é que todos os projetos participantes trabalharam com inovação
incremental, pois a inovação radical exige um maior esforço e muitas vezes um sigilo que
neste tipo de iniciativa não se pode garantir integralmente.
Em vista a continuidade do programa e também para estimular e promover a inovação
muitas indústrias do Paraná efetivaram seus bolsistas e absorveram eles para o seu corpo
271
Desenvolvimento
de
Competências
de
Gestão:
caso
do
Programa
Inova
Talentos
Carelli,
F.
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Lezana,
A.
G.
R.
técnico, foram 9 bolsistas efetivados para dar continuidade aos trabalhos, cerca de 35% de
efetivação, o que comprova a relevância de iniciativas que apoiam a inovação dentro das
empresas.
No entanto ao observar os resultados da 1ª Edição do Programa Inova Talentos do
IEL/PR, percebe-se que as maiorias dos projetos foram submetidas por grandes empresas, que
percebem e reconhecem a necessidade de inovar. As empresas de micro, pequeno e médio
porte precisam começar a despertar para estas oportunidades por meio de programas de
incentivo a inovação para impulsionarem e internalizarem a inovação em seus negócios.
Iniciativa como o Programa Inova Talentos podem ser vistas como uma forma de
potencializar a inovação dentro das indústrias. No entanto, é preciso contar com profissionais
que detenham as competências necessárias para atuar em projetos de todos os níveis de
complexidade dentro da indústria e assim promover a inovação e elevar o nível de
competitividade do setor.
5. CONCLUSÃO
272
Desenvolvimento
de
Competências
de
Gestão:
caso
do
Programa
Inova
Talentos
Carelli,
F.
P.
L.;
Lezana,
A.
G.
R.
prática quais são as competências requeridas para atuar em projetos de inovação dentro das
indústrias, e de que forma é possível desenvolver estas competências nos jovens profissionais.
Para trabalhos futuros sugere-se mapear e identificar as competências de gestão por
meio de uma metodologia específica e pesquisar formas de desenvolver as competências que
estimulem a inovação.
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caso
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274
ECO$INOVAÇÃO:,um,novo,conceito,para,o,desenvolvimento,das,organizações,
Vaz,,C.,R.;,Viegas,,C.,V.;,Lezana,,A.,G.,R.,
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ECO-INOVAÇÃO: um novo
conceito para o
desenvolvimento das
!
organizações !
Caroline Rodrigues Vaz
Claudia Viviane Viegas
Álvaro Guillermo Rojas Lezana
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1. INTRODUÇÃO
Inovação, segundo o Manual de Oslo, é a implementação de um produto (bem ou
serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de
marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, nas organizações do
local de trabalho ou nas relações externas (OECD, 1997, p. 55).
Com base nessa definição, Kemp e Pearson (2008, p.7) definiram "eco-inovação"
como "a produção, assimilação ou exploração de um produto, processo de produção, serviço
ou método de gestão ou de negócio que é novo para a organização e que resulta, ao longo do
seu ciclo de vida, em reduções de riscos ambientais, poluição e outros impactos negativos do
uso de recursos, inclusive energia, comparado com alternativas pertinentes". Devido aos
impactos negativos que em geral acompanham as inovações, como emissões de poluentes e
esgotamento de recursos naturais, a definição enfatiza a redução de problemas, tendo como
pressuposto que os benefícios econômicos serão percebidos de alguma forma.
Nota-se que "eco-inovação" refere-se a "eco-eficiência", um modo de atuação que
resulta da interseção de duas dimensões da sustentabilidade, a econômica e a social. A eco-
eficiência é uma prática que se dá entre as linhas dos pilares econômicos e ambientais. Isso
implica desenvolver bens e serviços que satisfaçam as necessidades humanas a preços
competitivos e que reduzam progressivamente os impactos ambientais a um nível próximo
suportável pela Terra (ELKINGTON, 2001, p. 82).
Inovações ecoeficientes são, por exemplo, as que reduzem a quantidade de materiais e
energia por unidade produzida, eliminam substâncias tóxicas e aumentam a vida útil dos
produtos. Porém, elas podem gerar desemprego, destruir competências, prejudicar
comunidades ou segmentos da sociedade, entre outros problemas sociais. Por isso, a dimensão
social deve estar presente de forma explícita, para que a inovação ecoeficiente seja também
uma inovação sustentável (BARBIERI et al., 2010).
Seguindo o raciocínio dos autores Elkington (2001) e Barbieri et al. (2010), a
"inovação sustentável" é a introdução (produção, assimilação ou exploração) de produtos,
processos produtivos, métodos de gestão ou negócios, novos ou significativamente
melhorados para a organização, que traz benefícios econômicos, sociais e ambientais,
comparados com alternativas pertinentes. Note que não se trata apenas de reduzir impactos
negativos, mas de avançar em benefícios líquidos. A condição ressaltada, "comparação com
alternativas pertinentes", é essencial ao conceito de inovação sustentável, pois os benefícios
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esperados devem ser significativos ou não negligenciáveis nas três dimensões da
sustentabilidade.
Referente ao exposto, este artigo tem como objetivo trazer uma reflexão e
apresentação da junção dos termos sustentabilidade e inovação, em “eco-inovação”, sendo um
novo conceito para as organizações. O objetivo é proporcionar melhor entendimento sobre sua
origem e evolução, classificação, determinantes, barreiras e impactos que traz quando
implantado na organização.
O artigo se apresenta em seis seções, sendo a primeira composta por esta Introdução.
A segunda apresenta o estado da arte de eco-inovação, desde sua origem, conceito e
classificação. A terceira mostra o desenvolvimento evolucionário de eco-inovação. A quarta
seção apresenta os determinantes e as barreiras para o desenvolvimento de eco-inovação
dentro da organização. A quinta discute os impactos econômico, social e ambiental de eco-
inovação. E por último, o artigo apresenta as conclusões e recomendações.
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acompanhada pela educação, o turismo e o consumo em massa de produtos e serviços.
Sugeriu-se que a economia e a população mundiais entrariam em colapso no início do século
XXI por conta do crescimento contínuo, do esgotamento do fornecimento de materiais, dos
efeitos da poluição causada pela industrialização em massa, ou até de escassez de alimentos.
Essa escassez poderia levar a um padrão diferente de crescimento, havendo uma redução
significativa no consumo.
No entanto, o Maçaneiro e Cunha (2010) ressaltam que parte dessa redução de
consumo deve-se às mudanças estruturais, mas a maior parte é devido a tecnologias de
economia de energia e de material, tais como aquelas de redução do número e do tamanho dos
componentes de produtos, que consequentemente reduzem rejeitos e resíduos, mas não
impedem a geração de outro tipo de rejeito, causado pela obsolescência tecnológica
programada. Nesse sentido, a inovação se constitui em fator fundamental para que as
organizações estabeleçam padrões de sustentabilidade nas dimensões mencionadas, no
entanto, essas inovações devem ser caracterizadas por bases sistemáticas. Além disso,
Barbieri (2007) explica que elas devem ser equitativas com o suporte de recursos naturais
existentes, introduzindo novidades que atendam às múltiplas dimensões da sustentabilidade.
Desta maneira, surgiram algumas discussões em torno de inovações para a
sustentabilidade, que são chamadas de eco-inovações. Segundo Maçaneiro e Cunha (2010), o
termo “eco-inovação” foi utilizado pela primeira vez por Fussler e James em seu livro Driving
Eco-Innovation, publicado em 1996. O Quadro 1 sintetiza os conceitos apresentados pelos
principais autores da área.
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Kemp e Pearson (2008, [...] a produção, a aplicação ou a exploração de um bem, serviço, processo
p.7) produtivo, estrutura organizacional ou método de gestão de negócios que é novo
para empresa ou usuário e que resulta, ao longo ao seu ciclo de vida, na redução
de risco ambiental, da poluição e os impactos negativos do uso de recursos
(incluindo o uso de energia) em comparação com alternativas relevantes.
Könnölä; Carrillo- É um processo de mudança sistêmica tecnológica e/ou social que consiste na
Hermosilla; Gonzalez invenção de uma ideia e sua aplicação na prática da melhoria do desempenho
(2008) ambiental.
Reid e Miedzinski (2008) É a criação de novos e competitivos esforços de produtos, processos, sistemas,
serviços e procedimentos concebidos para satisfazer as necessidades humanas e
proporcionar melhor qualidade de vida para todos, com utilização mínima do ciclo
de vida de recursos naturais e liberação mínima de substâncias tóxicas.
OECD (2009a) Representa uma inovação que resulta em uma redução do impacto ambiental, não
importa se esse efeito é intencional ou não. O âmbito da eco-inovação pode ir
além dos limites convencionais das empresa em inovar e envolver um regime
social mais amplo, que provoca alterações das normas sócio-culturais e estruturas
institucionais.
OECD (2010) Eco-inovação será um fator-chave dos esforços do setor para enfrentar a mudança
climática e realizar "crescimento verde" na era pós-Quioto. Eco-inovação exige
uma mais rápida introdução de tecnologias de ponta e uma aplicação mais
sistêmica de soluções disponíveis, inclusive não as tecnológicas. Ela (eco-
inovação) também oferece oportunidades para envolver novos atores, desenvolver
novas indústrias e aumentar a competitividade. A mudança estrutural nas
economias será imperativa nas próximas décadas.
Marchi (2011) Todas as mudanças no portfólio de produtos ou nos processos de produção, os
quais buscam metas de sustentabilidade, como a gestão de resíduos, eco-
eficiência, redução das emissões, reciclagem, eco-design ou qualquer outra ação
implementada pelas empresas para reduzir a sua pegada ambiental. Vale a pena
notar que esta definição é baseada no efeito das atividades de inovação
independente da intenção inicial e inclui melhorias incrementais e radicais.
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
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Para maior entendimento, a próxima seção aborda o desenvolvimento evolucionário
que o termo eco-inovação apresentou e suas terminologias, suas métricas e suas políticas
adotadas dentro de uma organização.
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comportamento social. Também pode incluir mudança estrutural. Redefine os
papeis e relações por meio de entidades independentes; normalmente, depende
da aplicação da lei, de acordos internacionais ou arranjos multi-stakeholders,
voluntários ou formais. Soluções eco-inovadoras institucionais variam desde
fornecedores de água, plataforma para financiamento e desenvolvimento de
tecnologias ambiental e estabelecimento de sistemas de rotulagem ecológica e
sistemas de informações ambientais.
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a eco-inovação tem o potencial para conectar-se com as perspectivas de desenvolvimento
sustentável e sustentabilidade empresarial, o que a torna um conceito complexo e abrangente.
Rennings (1998), Andersen (2006, 2008), Kemp e Foxon (2007), Könnölä, Carrillo-
Hermosilla e Gonzalez (2008), Reid e Miedzinski (2008) Arundel e Kemp (2009), Foxon e
Andersen (2009), OECD (2009a, 2009b) apresentam taxonomias, tipologias, fatores, métricas
e políticas empregadas ao desenvolvimento de eco-inovação.
O Anexo A apresenta as tipologias criadas por Rennings (1998), Andersen (2006,
2008), Kemp e Foxon (2007), Könnölä, Carrillo-Hermosilla e Gonzalez (2008), que dividem
eco-inovação em tipologias com focos organizacional, operacional, ambiental e
governamental.
Na questão Organizacional, Rennings (1998) divide eco-Inovação em quatro formas,
sendo elas: tecnológicas, organizacional, social e institucional. Pode ser desenvolvida por
organizações sem fins lucrativos, sendo ou não transacionados em mercados. No foco
Operacional, Andersen (2006, 2008) explica que são empresas que trabalham com as
políticas ambientais, mais do que na dinâmica da inovação. Porém, essas tipologias
contribuem para as análises sobre a ecologização de sistemas de inovação nacional e regional,
para o entendimento da capacidade inovadora de eco-inovação. No quesito Ambiental, Kemp
e Foxon (2007) mostram que a eco-inovação não se limita apenas a novas ou melhores
tecnologias ambientais, e sim estão inseridas na noção melhoria de produto ou serviço
mudança organizacionais para o meio ambiente. E por fim, no foco de Gestão e
Governança, Könnölä, Carrillo-Hermosilla e Gonzalez (2008) desenvolvem as dimensões
para caracterizar os tipos de eco-inovação e chegar às respectivas implicações para a sua
gestão e governança. E sustentam que, juntas, as dimensões explicam os fatores de sucesso e
fracasso de uma organização.
O Anexo B mostra a caracterização das métricas desenvolvidas por Andersen (2006),
Arundel e Kemp (2009) e OECD (2009b) para eco-inovação. Porém, Andersen (2006) explica
que a mensuração de eco-inovação não é uma tarefa fácil, já que as maiorias dos dados
disponíveis estão relacionadas com as atividades inovativas formais, sendo que outras formas
de criação de conhecimento ou tecnologia também devem ser consideradas. A falta de uma
definição adequada também é um fator que contribui para essa dificuldade, a qual deveria
contemplar o nível e a estrutura de análise, o que deve ser incluído e o que não são questões
importantes.
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Para Arundel e Kemp (2009), a mensuração de eco-inovação é importante no sentido
de se considerar os benefícios ambientais, sendo que a competitividade das empresas, países e
mesmo regiões está cada vez mais ligada à sua capacidade de eco-inovação. Além disso, os
benefícios podem ser descritos em termos de: auxiliar nas decisões políticas para
compreensão e análise de tendências da atividade de eco-inovação; identificação dos
condutores e dos obstáculos; sensibilização dos stakeholders e incentivos às empresas no
aumento dos esforços de eco-inovação com base na análise dos benefícios; ajudar a sociedade
a dissociar o crescimento econômico da degradação ambiental; sensibilizar os consumidores
para as diferenças nas consequências ambientais de produtos e estilos de vida.
Maçaneiro e Cunha (2010) explicam que as políticas de inovação preveem a melhoria
da competitividade da economia e a contribuição para maior crescimento econômico e do
emprego, mas na prática não funcionam como medidas ambientais e socialmente sustentáveis.
Um aspecto importante a ser incluído nas políticas de inovação é a promoção da
competitividade das empresas, mas evitando os efeitos ambientais negativos e respeitando os
limites dos recursos.
No entanto, Rennings (1998) salienta que é necessária uma política específica para
eco-Inovação, com ênfase na identificação da especialidade de eco-inovação e a sua
diferenciação de outras inovações. Nesse caso, a política ambiental e a política de eco-
inovação podem ser vistas de forma complementar, onde a de inovação pode ajudar a reduzir
os custos da inovação social, institucional e tecnológica, especialmente nas fases de invenção
e introdução no mercado e, na fase de difusão, pode ajudar a melhorar as características de
desempenho de eco-inovações. Em vista disso, é de fundamental importância o quadro
regulatório e de política ambiental como um fator determinante para o comportamento eco-
inovativo nas empresas e instituições.
A OECD (2009a, 2009b) também destaca que é crucial para a promoção de eco-
inovação uma integração das políticas de inovação com as ambientais. Em face ao seu
potencial, são necessárias medidas para garantir que todo o ciclo de inovação seja eficiente,
com políticas que vão desde investimentos adequados em pesquisa até o apoio à
comercialização e tecnologias de ponta. Isso porque o menor preço é um dos melhores
gatilhos para o desenvolvimento e difusão de tecnologias verdes. Neste sentido, o Anexo C
apresenta as políticas empregadas pela OECD (2009a, 2009b) para eco-inovação.
Corroborando as ideias da OECD, Foxon e Andersen (2009) apresentam quatro
conceitos ancorados no pensamento dos sistemas de inovação, que eles consideram
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particularmente relevantes para o debate de políticas ambientais e de eco-inovação: 1) o
conceito de “falhas do sistema”: diz respeito à identificação e segmentação de falhas do
sistema específicas relacionadas à eco-inovação no dado sistema de inovação; ou seja são as
falhas nos mecanismos de mercado instituídos e a racionalidade limitada das empresas para
alcançar objetivos sociais definidos, que constituem em um guia mais adequado para
intervenções políticas; 2) a ênfase na path dependence e na causalidade cumulativa: os
processos de coevolução do sistema de inovação em particular, poderão dar origem a
dependências de caminho, por causa da interdependência de seus componentes; as mudanças
em uma parte do sistema podem exigir mudanças em outras partes complementares; 3) a
importância de associar as análises setoriais ou especialização para as análises nacionais e
globais: tenta ligar a análise em profundidade dos padrões de inovação de setor específico,
com ampla análise do sistema nacional de inovação; 4) entendimento da dinâmica industrial e
transformação de longo prazo: pensar os sistemas de inovação com potencial contribuição
para a dinâmica de longo prazo de mudanças industriais.
Após a compreensão da evolução e suas métricas e políticas, o item a seguir, apresenta
detalhadamente os determinantes e as barreiras enfrentadas pelas organizações quando
implementada eco-inovação.
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pressões regulatórias políticas ambientais do governo, aos interesses pelo lado do fornecedor
ou que tendam aos interesses do lado do mercado.
Diante do exposto, percebe-se que a forma pela qual eco-inovações, é dividido e
analisadas se assemelha muito à abordagem realizada pela Teoria Evolucionária (MOURA e
AVELAR, 2011), que introduz a ideia de capacidades como forma de explicar as diferenças
de competitividade entre firmas com perfil estrutural semelhante. Porém, eco-inovações
possuem certas características distintivas, tais como o problema da dupla externalidade e a
existência de determinantes regulatórios com “push/pull effects” (RENNINGS, 2000; DE
MARCHI, 2012). Quanto ao problema de dupla externalidade, para Beise e Rennings (2005),
ele ocorre porque a adoção de eco-inovações gera ‘transbordamentos’ que são facilmente
acessados pelos concorrentes devido aos benefícios gerados. Com isso, dado o elevado custo
dessas tecnologias em comparação com as tradicionais e o baixo nível de apropriabilidade
desses tipos de inovações, a consequência inevitável é a redução dos incentivos que as
empresas têm em investir em inovações ecológicas. A soma desses fatores leva ao principal
diferencial de eco-inovações com as demais, que é o papel das regulações e políticas
ambientais como um fator preponderante de incentivo à adoção de eco-inovações por parte
das firmas.
Segundo Rennings (2000), de modo geral os determinantes de eco-inovação podem ser
sumarizados em três fatores: o desenvolvimento tecnológico (technology push), os fatores
oriundos da demanda (market pull), e os fatores relacionados ao ambiente regulatório
(regulatory push/pull-effect).
Moura e Avelar (2011) apresentam as seguintes descrições para os três fatores
determinantes de Eco-Inovação:
i) Fatores regulatórios: O processo econômico gera externalidades negativas que são,
em última instância, inevitáveis. A externalidade é um fenômeno que pode acontecer entre
consumidores, entre empresas ou entre combinações de ambos. Como forma de minimizar
estes efeitos negativos, a regulação ambiental se torna um mecanismo de ação importante. A
regulação é um dos principais determinantes de eco-inovação, pois o desenvolvimento
tecnológico e a demanda, por si só, não conseguem ser suficientemente eficazes para
incentivar e alavancar este tipo de inovação, tal como as outras tecnologias. Isso ocorre
devido ao problema da dupla externalidade, uma vez que o conhecimento correspondente é
facilmente acessado pelos imitadores, e os benefícios ambientais gerados têm uma
característica de “bem público”. Assim, há uma dificuldade por parte do inovador de se
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apropriar dos lucros advindos de eco-inovação, reduzindo os incentivos privados em adotá-
las. Porém, as regulações e políticas ambientais podem beneficiar não só o meio ambiente,
mas também as indústrias reguladas. Uma vez que a regulamentação ambiental seja mais
rigorosa e específica, pode incentivar as empresas a buscarem inovações que minimizem o
impacto ambiental e que compensem, até mesmo, o custo de conformidade com os padrões
estipulados se utilizassem outras formas.
ii) Demand pull e Technology push: Inicialmente, nos estudos dos determinantes da
mudança técnica, duas abordagens distintas foram feitas, a primeira, indicando a demanda
como principal determinante da mudança técnica (teorias da indução pela demanda/Demand
Pull), e a segunda, definindo a tecnologia como sendo o fator preponderante de sua
explicação (teorias do impulso pela tecnologia/Technology Push). Ambos os modelos
evidenciam o caráter central atribuído aos fatores de mercado (oferta e demanda) como
principais determinantes do processo inovativo. A teoria do Demand Pull supõe o
reconhecimento das necessidades de mercado pelas unidades produtivas, que tomam medidas
para satisfazê-las através de suas atividades tecnológicas. Desse modo, o argumento básico é
de que, geralmente, existe a possibilidade de se saber, antes do processo inovativo, a direção
pela qual o mercado seguirá, induzindo assim a atividade inovativa dos produtores, guiando-
se por meio dos movimentos de preços relativos e das quantidades. Já ao considerar a teoria
do Technology Push o foco é o lado da oferta. Trata-se de um modelo linear no qual as
inovações são decorrentes do desenvolvimento cientifico e tecnológico. Desse modo, o
processo de inovação tem caráter sequencial, começando com a pesquisa básica, continuando
através da investigação aplicada e em seguida, entra na fase de desenvolvimento. Depois da
inovação realizada, a sua difusão só será feita se esta for aceita pelo mercado. Porém, estes
modelos de difusão tecnológica se mostraram limitados e incapazes de analisar
completamente as inovações.
iii) Teoria Evolucionária da Firma: Para a Economia Verde, as tecnologias e eco-
inovações desempenham um papel estratégico no processo de mudança do paradigma
produtivo, contribuindo decisivamente para a busca de processos de produção e de consumo
ambientalmente mais racionais, com menor intensidade energética e material. Uma vertente
teórica que vê a tecnologia e o processo de seleção destas tecnologias como fontes
transformadoras da economia e do sistema produtivo é a teoria evolucionária da firma.
Derivada das análises de Joseph Schumpeter, os neoschumpeterianos acreditam que a
utilização de tecnologias mais adequadas e mais eficientes gera um efeito cumulativo de lock-
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ECO$INOVAÇÃO:,um,novo,conceito,para,o,desenvolvimento,das,organizações,
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in, o qual é de difícil reversão, mudando as relações de produção e de relacionamento com os
demais agentes, sejam eles fornecedores ou clientes. Nesse sentido, a Economia Verde é uma
proposta que resgata ideias da Teoria Evolucionária, mas que também se fundamenta nos
desenvolvimentos teóricos da Economia do Meio Ambiente (Economia Ambiental e
Economia Ecológica). Nesse sentido, eco-inovações também pode ser tratado utilizando o
referencial teórico neoschumpeteriano, tais quais muitos estudos recentes sobre o tema. As
evidências dessa associação entre a Economia Verde e a Teoria Evolucionária, no que se trata
do papel das tecnologias verdes e de eco-inovações são muitas, embora não haja até um
momento um trabalho que trate de modo específico sobre essa inter-relação. No que tange aos
determinantes, a Teoria Evolucionária da Firma emerge como vertente teórica importante para
a compreensão do processo de mudança tecnológica. A evolução tecnológica das empresas
pode ser explicada pelos conceitos de rotina, busca e seleção. Outro fator fundamental para o
êxito do processo inovativo são as capacitações internas desenvolvidas ao longo do processo
de aprendizado da firma.
As barreiras a eco-inovação se apresentam pela ausência ou limitações de recursos e
capacidades, para promoverem mudanças e inovações ambientais que dificultam o
desempenho eco-inovador da empresa (SHARMA, ARAGÓN-CORREA e RUEDA-
MANZANARES, 2004). Porém, a superação de obstáculos internos e externos proporciona
benefícios que são relevantes para o desempenho econômico, ambiental e social das
empresas. Arundel e Kemp (2009) apontam as seguintes formas de superação de barreiras a
eco-inovação: economia de materiais por meio da sua redução na fonte ou pelo uso,
reciclagem e recuperação, ou menor consumo de energia e redução ou eliminação de resíduos
e efluentes, durante o processo de fabricação e transporte, além da melhoria da imagem e
aumento da capacidade de habilidade para criar e implantar inovações. O Anexo D apresenta
detalhadamente as barreiras encontradas a eco-inovação. A próxima seção apresenta os efeitos
e impactos ambientais, sociais e econômicos que a eco-inovação traz para as organizações.
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natureza. Esse esforço ficou conhecido como desenvolvimento de soluções end-of-pipe (fim
de tubo) porque eram aplicadas apenas no fim do processo produtivo tendo caráter corretivo.
Desta maneira, ao focar no impacto ambiental de eco-inovação, observam-se
características prós e contras. Há problemas com as definições que incidem sobre a intenção
dos inovadores (PUJARI, 2006). À medida que a indústria adota uma metodologia de
produtos do tipo “end-of-pipe” de soluções integradas para tecnologias e inovações de
produtos, a motivação ambiental para a inovação pode se envolver com outras motivações
(JÄNICKE, 2008). Ainda pode ser difícil estabelecer a relação entre as atividades ambientais
específicas das empresas e do desempenho ambiental da indústria. Em suma, é certamente
mais difícil verificar uma motivação ambiental do que um resultado ambiental, embora este
último também deva ser um desafio. Isso não exclui o fato de que podem existir tecnologias
destinadas à redução do impacto ambiental nas atividades de produção e consumo, além de
tecnologias que produzam ganhos ambientais como um efeito adjuvante. Como informado
pela OECD, a eco-inovação pode ser ambientalmente motivada, mas também pode ser
consequência de outras metas, como a redução dos custos de produção (OECD, 2009).
Porém, é importante destacar a noção de impacto ambiental que destaca o efeito da
ação humana sobre o ecossistema (SANCHEZ, 2008). Para esse autor, o impacto ambiental se
constitui na mudança de um parâmetro ambiental, num determinado período e numa
determinada área, resultante de uma atividade, comparada com a situação que ocorreria se
essa atividade não tivesse sido iniciada. Quando o impacto ambiental se mostra negativo, ele
gera degradação ambiental que é percebida pela redução das condições naturais e pela
alteração do estado original do ambiente. A ampliação da visão de gestão ambiental ao nível
da empresa foi direcionada para a produção com mínimo impacto, dentro de limites
tecnológicos e econômicos, não se contrapondo ao crescimento. Assim o conceito de
produção mais limpa (P+L) foi consolidado, expressando aspectos preventivos da gestão
ambiental nas empresas, incorporando essa temática desde a concepção, o planejamento, a
organização, até a operação produtiva da empresa, afastando-se a ideia de aguardar que
resíduos sejam gerados para depois procurar tratá-los e descartá-los (GASI e FERREIRA,
2006).
As metodologias e técnicas realizadas pelas empresas no sentido de atenderem metas
de gestão ambiental, inicialmente adotadas no âmbito dos processos internos, favoreceram a
estruturação de canais de distribuição reversos na economia. Acerca dessa abordagem, Leite
(2009) define um canal de distribuição reverso como aquele através do qual uma parcela de
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produtos, com pouco uso, com ciclo de vida útil ampliado ou depois de extinta sua vida útil,
retorna ao ciclo produtivo ou de negócio, readquirindo valor em mercados secundários pelo
reuso ou pela reciclagem de seus materiais constituintes. Muitas dessas formas de inovações
tecnológicas utilizadas como ferramentas de gestão ambiental nas empresas podem ser
observadas no Modelo Hohmeyer e Koeschel (apud RENNINGS, 2000), que analisa as
tecnologias ambientais de acordo com a etapa em que elas são incorporadas à atividade
produtiva de uma empresa. Esses autores propõem que as tecnologias ambientais podem ser
integradas ao processo, em diferentes momentos, como:
i)! Na entrada – por exemplo, através da substituição de insumos nocivos ao
meio ambiente ou através da substituição de recursos naturais primários por
material reciclado;
ii)! No processo de produção – através da otimização de um único componente
do processo, ou da integração de um novo componente ao processo, ou da
integração de componentes alternativos no processo, ou ainda, através da
utilização de um processo de produção alternativo;
iii)! Na saída – através da otimização de um componente do produto, ou através da
integração de um novo componente ao produto, ou através da troca de um
componente do produto, ou através da substituição completa do produto.
Além da possibilidade das inovações voltadas para a sustentabilidade serem
incorporadas diretamente ao processo produtivo em suas diferentes etapas, Hohmeyer e
Koeschel (apud RENNINGS, 2000), considera que esse tipo de inovação pode ocorrer de
forma adicionada, ou seja, pode ser incorporadas após a finalização do processo produtivo
como meio de proteção ambiental.
Ao incorporar na organização elementos de sustentabilidade na implantação de
inovações de processos e produtos, a eco-inovação propicia: a redução de custos; a
diminuição do risco de impactos ambientais; o aumento da lucratividade, pelo aumento das
vendas; o incremento da reputação da marca, além de propiciar capacidades valiosas para
inovação (KLEWITZ; ZEYEN; HANSEN, 2012).
Nesse caso, Costa, Farias e Freitas (2011) explicam que este tipo de inovação visa
reduzir os efeitos negativos da produção e do consumo, através do desenvolvimento de
tecnologias que viabilizem a remanufatura ou reciclagem dos produtos ou de seus
componentes, ou o tratamento dos resíduos industriais ou dos produtos descartados após o
consumo. É importante considerar que inovações de qualquer tipo exigem investimento em
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pesquisa e o desenvolvimento de habilidades técnicas e gerenciais por parte do agente
inovador, além de demandarem período de tempo significativo até estarem em condições de
serem adotadas como novo paradigma de produção. O esforço de uma empresa em inovar
gera custos que essa espera recuperar através dos benefícios resultantes de sua adoção. Sobre
o retorno do investimento em inovações, há significativa incerteza e dificuldade de
determinação porque uma inovação pode rapidamente ser copiada e assim, os benefícios
serem apropriados por concorrentes que não tiveram nenhum custo direto com a inovação. No
que se refere a inovações de conteúdo ambiental, esse risco é ainda mais presente uma vez
que nem sempre o consumidor percebe ou está disposto a pagar mais por um produto que
tenha um preço mais elevado porque foi elaborado considerando melhores práticas ambientais
no processo produtivo em sua composição.
Para minimizar essas dificuldades, Rennings (2000) afirma que políticas públicas de
apoio à inovação para a sustentabilidade podem ajudar a diminuir os custos tecnológicos,
institucionais e sociais, especialmente nas fases de invenção e de produção no mercado. Por
outro lado, a regulamentação ambiental das atividades produtivas pode ser um determinante
no comportamento eco-inovador das empresas, famílias e outras instituições, isso porque as
regulamentações frequentemente surgem em função de desastres ambientais decorrentes da
degradação gerada pela atividade humana e atua para evitar repetições desses desastres
(ROMEIRO, 1999).
De outra parte, Hall (2000) chama atenção para o fato de que as empresas mudam suas
estratégias em resposta a pressões de várias fontes, destacando que posturas organizacionais
podem ser modificadas como resposta a pressões sociais, econômicas ou regulatórias que
obrigam empresas a se preocuparem e tratarem as questões ambientais, principalmente se a
atividade produtiva é caracterizada como poluidora do meio ambiente. Corroborando com
esses pensamentos, Rennings (2000) apresenta um modelo de fatores determinantes para o
desenvolvimento ou adoção de eco-inovação nas empresas. De acordo com esse modelo,
inovações voltadas para a sustentabilidade ou eco-inovações podem ser: empurradas pelo
desenvolvimento tecnológico da atividade, empurradas pela regulamentação da atividade ou
puxadas pelo mercado consumidor. Eco-inovação empurrada pelo desenvolvimento
tecnológico se preocupa com a maior eficiência no uso de energia, no uso dos materiais, na
qualidade do produto, ou seja, visa a aperfeiçoar os recursos produtivos através da elevação
de sua produtividade. Esse tipo de eco-inovação pode ser desenvolvido pelos fornecedores de
tecnologia da atividade produtiva ou pelas próprias empresas produtoras, sendo incorporadas
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aos processos de produção à medida que essas empresas renovam ou ampliam sua capacidade
produtiva. A eco-inovação empurrada pela regulamentação da atividade visa a atender a
legislação ambiental estabelecida, incorporar padrões de segurança e saúde ocupacional para
os trabalhadores das empresas, ou ainda visa preparar a empresa para mudanças esperadas na
regulamentação da atividade produtiva (COSTA, FARIAS e FREITAS, 2011).
Já a eco-inovação puxada pelo mercado consumidor visa atender demandas de
consumidores que valorizam aspectos ecológicos incorporados aos produtos. Essas inovações
voltadas para a preservação ambiental, quando orientam as estratégias competitivas das
empresas, podem assegurar a entrada em novos mercados ou ampliar a parcela de mercados já
atendidos. Podem também contribuir para a redução de custos e podem também melhorar a
imagem das empresas e auxiliar no desenvolvimento de práticas socioambientais. Esses
fatores podem individualmente determinar o desenvolvimento de eco-inovações nas empresas
como também podem, conjuntamente, justificar a incorporação de inovações sustentáveis nas
empresas, ainda que seja possível identificar a predominância de algum deles (COSTA,
FARIAS e FREITAS, 2011).
Essa mudança em direção as eco-inovações, em parte, é devida à pressão que o
consumidor consciente e a sociedade de maneira geral exercem sobre a comunidade de
negócios industriais. A ideia básica é transformar os desafios de redução de impacto
ambiental em oportunidade de negócios e na implantação de mercados voltados para a
sustentabilidade. As eco-inovações de produto e de processos em um determinado sistema de
produção e de consumo alavancam a performance ambiental (BOONS et al., 2013).
Nesse sentido, Barbieri e Simantob (2007) afirmam que as inovações sustentáveis
constituem peça-chave para que as organizações possam contribuir para o desenvolvimento
sustentável.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Eco-inovação consiste não apenas na produção, mas na assimilação de produtos,
processos e serviços que traz benefícios combinados para o meio ambiente, a saúde, a
sociedade e gera um círculo virtuoso de crescimento baseado em premissas do
desenvolvimento sustentável. Inovações eco-eficientes reduzem a demanda por materiais e
energia, além de atenderem imperativos de impactos sociais.
Neste trabalho, revisaram-se conceitos, classificações, métricas, barreiras e
perspectivas a eco-inovação, que surgiu da necessidade de se estabelecer uma dimensão
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evolucionária à ideia de inovação sob o ponto de vista das variáveis sociais e ambientais.
Também se destacaram os diversos e plurais conceitos de eco-inovação presentes na literatura
acadêmica, com destaque para inovação verde, inovação sustentável e inovação limpa.
Observou-se que a inovação ambiental possui uma concepção mais restrita do que a eco-
inovação, uma vez que esta última não visa apenas à redução da degradação ambiental, mas
ao atendimento de imperativos de mercado e imperativos de políticas públicas, visando à
apresentação de soluções socioambientais. Verificou-se que a eco-inovação pode acelerar
mudanças incrementais e radicais e que está firmemente arraigada às ideias da Teoria
Evolucionária da Firma.
Existem diversas classificações de eco-inovação, podendo estar relacionadas a
produtos, processos, serviços, marketing, organizações e instituições. Outro aspecto
fundamental levantado no presente estudo diz respeito ao estabelecimento de métricas ou
indicadores de eco-inovação, os quais possibilitam acompanhar como ela é introduzida e
como pode trazer resultados para as organizações. Além disso, as políticas de eco-inovação
são dependentes de fatores como aporte de capital, P&D, políticas de mercado para a
comercialização das novidades, educação, formação de pessoal, redes, infraestrutura, bem
como da existência de normas e regulamentos para o mercado específico de eco-inovação.
As barreiras à eco-inovação são praticamente as mesmas enfrentadas pela inovação
tradicional, seja do lado da demanda (technology-pull), seja do lado da oferta (technology
push). Contudo, diferentemente das inovações convencionais, a eco-inovação traz um círculo
virtuoso por mudança cultural dos consumidores, que estarão mais sensíveis aos efeitos desse
tipo de inovação por ele estar arraigado a questões como qualidade de vida e condicionantes à
forma de sobrevivência das futuras gerações. É ainda importante observar que eco-inovações
devem ser acompanhado quanto aos seus próprios impactos ambientais, não obstante os
benefícios que geram. Elas são uma forma de transformação sócio-técnica e de transição para
a sustentabilidade ancoradas em complexas interfaces que relacionam cidadãos,
consumidores, governos e setor privado.
Recomenda-se maior atenção aos elementos de competitividade, criação de valor e ao
detalhamento e especificação das métricas de acompanhamento de eco-inovação como forma
de continuidade da pesquisa nesta área, visando ao aprimoramento de estudos atuais e
prospecção de novos estudos.
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Anexo A – Tipologias de Eco-Inovação
TIPOLOGIA COM FOCO ORGANIZACIONAL
AUTOR TIPO DESCRIÇÃO
I) Tecnologias curativas – reparam danos (por exemplo, solos contaminados).
II) Tecnologias preventivas – tentam evitar os danos ambientais, incluindo: 1) tecnologias aditivas ou de final de circuito (end-of-pipe), tais
Eco-inovações
como as medidas que ocorrem após a produção atual e o processo de consumo; 2) tecnologias limpas ou integradas, que tratam diretamente
tecnológicas
a causa das emissões durante o processo de produção ou no nível do produto, ou seja, medidas de redução de insumos energéticos e de
emissões durante a produção e o consumo.
Eco-inovações São as mudanças nos instrumentos de gestão na empresa (eco-auditorias) e inovações em serviços (gestão da demanda de energia e a
Rennings (1998)
organizacionais gestão do transporte de resíduos). Isso requer nova infra-estrutura e alterações no sistema que vai além das mudanças de uma determinada
tecnologia.
Eco-inovações sociais São expressões dos padrões de consumo sustentáveis que têm recebido atenção crescente, sendo consideradas como mudanças nos valores
das pessoas e seus estilos de vida para a sustentabilidade.
Eco-inovações São caracterizadas como as respostas institucionais inovadoras aos problemas de sustentabilidade, tais como as redes locais e agências,
institucionais assim como uma governança global e comércio internacional. São vistas como um alicerce fundamental para a política de sustentabilidade.
TIPOLOGIA COM FOCO OPERACIONAL
AUTOR TIPO DESCRIÇÃO
Eco-inovações add-on São as tecnologias de manipulação de recursos e serviços em relação à poluição, que melhoram o desempenho ambiental e são
desenvolvidas pelo setor ambiental.
Eco-inovações São os processos e produtos tecnológicos mais limpos do que os similares. Elas contribuem para as soluções dos problemas ambientais
integradas dentro da empresa ou em outras organizações, tais como órgãos públicos e famílias, por isso são integradas.
Eco-inovações de produto São as novas trajetórias tecnológicas que representam as inovações radicais, as quais não são mais “limpas” do que outros produtos
alternativo semelhantes, mas oferecem melhores soluções ambientais para produtos existentes. A dimensão ambiental encontra-se na
Andersen (2006,
produção/concepção do produto, como as tecnologias de energia renovável.
2008)
Eco-inovações São as estruturas organizacionais que implicam novas soluções para uma forma ecoeficiente de organização da sociedade. Significam
macroorganizacionais novas maneiras de organizar a produção e o consumo em nível mais sistêmico, que requerem novas interações funcionais entre as
organizações. São inovações organizacionais, mas podem incluir inovações técnicas, que enfatizam a importância da dimensão espacial
para a eco-inovação e a necessidade de mudança organizacional e institucional.
Eco-inovações de São aquelas tecnologias de uso geral que afetam profundamente a economia e o processo de inovação, contribuindo para uma série de
propósito geral outras inovações tecnológicas e definindo o paradigma tecnoeconômico dominante.
TIPOLOGIA COM FOCO AMBIENTAL
AUTOR TIPO DESCRIÇÃO
Tecnologias ambientais São as tecnologias de controle de poluição; processo de produção limpo; equipamentos de gestão de resíduos; monitoramento ambiental e
instrumentação; tecnologias verdes de energia, de abastecimento de água e de controle de ruído e de vibração.
Inovações É a introdução de métodos organizacionais e sistemas de gestão para lidar com as questões ambientais em produtos e produção. Exemplos
Kemp e Foxon
organizacionais para o são operações mais eficientes dos processos e mudanças em unidades de produção, gestão ambiental e sistemas de auditoria, gestão da
(2007)
ambiente cadeia de valor, dentre outros.
Inovações em produtos e Produtos novos ou ambientalmente melhorados e serviços ambientalmente benéficos. Exemplos: serviços de gestão de resíduos sólidos e
serviços que oferecem perigosos, gestão da água, consultoria ambiental, engenharia e serviços de testes e análises.
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benefícios ambientais
Sistema de inovações Sistemas alternativos de produção e consumo que são mais respeitadores do ambiente do que os existentes. Envolvem um conjunto de
verde mudanças nas tecnologias de produção, conhecimento, organização, instituições e infra-estruturas e, possivelmente, mudanças no
comportamento do consumidor. Exemplos: agricultura biológica e sistema energético baseado em energias renováveis.
Tecnologias de propósito São parte importante do cenário tecnológico, na medida em que dão seu nome a uma era. Elas não são rotuladas como tecnologias
geral completamente verdes, mas com certas configurações e tipos de usos ambientais. Exemplos: Biotecnologia e Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs).
TIPOLOGIA COM FOCO NA GESTÃO E GOVERNANÇA
AUTOR TIPO DESCRIÇÃO
Dimensão de Design – Desenvolvimento de componentes adicionais para melhorar a qualidade ambiental, minimizando e reparando os impactos negativos, sem
Adição de componente necessariamente alterar o processo e o sistema que produz o problema
(tecnologias end-of-pipe).
Dimensão de Design – Melhoria do desempenho ambiental por meio de mudanças de sub-sistemas criados pelo homem (usinas de energia ou carros). O objetivo é
Mudança de subsistema reduzir os impactos negativos por meio da criação de mais bens e serviços, utilizando menos recursos, com menos resíduos e poluição.
(eco-eficiência)
Dimensão de Design – Redesenho de sistemas e seus componentes que são projetados para soluções eco-eficazes, levando em consideração os seus impactos
Mudança do sistema (eco- negativos e positivos, em que os resíduos se tornam insumos para novos processos.
eficácia)
Dimensão do usuário - Incentivo e envolvimento para que os usuários (empresas ou consumidores individuais) desenvolvam eco-inovações.
Desenvolvimento
Könnölä, Carrillo-
Dimensão do usuário – A aceitação da eco-inovação pelo usuário e as mudanças necessárias no comportamento são cruciais para a sua disseminação.
Hermosilla
Aceitação pelo usuário
e Gonzalez (2008)
Dimensão de Mudanças na prestação serviços e distribuição de produtos, bem como na percepção da relação do cliente, ou seja, a eco-inovação requer
produto/serviço - Mudanças uma redefinição do conceito de produto/serviço e como ele é fornecido ao cliente.
na prestação de
serviços/distribuição de
produtos
Dimensão de Mudanças nas redes de valor e de outras relações e os processos que permitem a prestação do produto/serviço.
produto/serviço - Mudanças
de redes de valor e de
processos
Dimensão de governança - A governança de eco-inovação se refere a novas soluções institucionais e organizacionais para resolver conflitos sobre os recursos
governança ambientais, tanto no setor público como no privado.
Fonte: Adaptado de Maçaneiro e Cunha (2010).
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Anexo B – Caracterização das métricas de Eco-Inovação
DIMENSÕES DE MENSURAÇÃO
Autor Dimensão Categoria Descrição
O foco de análise é sobre a mensuração das indústrias produtoras de bens e serviços, relacionados com a reparação ou
Estudos sobre a
mensuração/diagnóstico de problemas ambientais (emissões, reciclagem, ruído, eco-sistemas), a extração de recursos naturais
indústria
(abastecimento de água, metais, minerais) e sobre os produtos verdes selecionados (tecnologias de energia renováveis e papel
ambiental
reciclado).
Como os indicadores de eco-eficiência podem ser usados para ilustrar a capacidade de inovação da indústria, nações e regiões. As
Métodos/experiências
comparações internacionais do desempenho eco-eficiente são especialmente interessantes a nível setorial detalhado (área de
de análise Eco-eficiência
conhecimento). No nível nacional, a análise de eco-eficiência reflete mais as diferenças estruturais da economia, ou seja, o grau de
indústrias ambientais fortes, que a evolução do desempenho ambiental.
Utilização de banco de dados ambientais existentes por setores de atividade, que podem fornecer novos dados ao nível do
Análises setoriais/
setor/empresa. Esses dados podem fornecer informações sobre questões econômicas, sociais e ambientais para avaliar e melhorar o
empresariais
desempenho de sustentabilidade das empresas.
Deve-se tomar cuidado na escolha das tecnologias a serem analisadas no trabalho empírico, uma vez que algumas classes de patentes
Patentes não são identificadas claramente como “tecnologias ambientais”, mas sim são caracterizadas como inovações ambientalmente
benéficas.
Andersen
Investimentos em Usados para mostrar o quanto é gasto em processos e equipamentos que impeçam ou reduzam a poluição, podendo mostrar os gastos
(2006) Fontes de dados
P&D para reais investidos por empresas privadas em P&D para fins ambientais.
proteção ambiental
Levantamentos As estatísticas de inovação precisam ser investigadas quer em surveys internacionais existentes ou em novos e/ou em banco de dados
(surveys) relacionados, tornando-se uma fonte de dados para os indicadores de eco-inovação.
Questões-chave para Desenvolvimento Diz respeito a dados das capacidades ambientais das empresas e estratégias de responsabilidade social proativas.
levantamento de organizacional
dados Eco- Dados sobre empreendedorismo ecológico, em relação ao papel das startups verdes para a eco-inovação.
empreendedorismo
Setor financeiro Estatísticas sobre as estratégias ambientais e atividades de investimento.
Instituições de Dados sobre as atividades de investigação em diferentes áreas do conhecimento e em relação à educação ambiental.
conhecimento e
educação
Levantamento de dados sobre a criação de políticas propícias à inovação ambiental, incluindo estudos comparativos de efeitos e
Política ambiental
regimes.
FATORES PARA MENSURAÇÃO
Autor Fatores Categorias Descrição
Natureza e escala Informações estatísticas sobre os investimentos e as taxas de inovação para produção mais limpa, eco-eficiência, uso da abordagem do
Arundel de uso ciclo de vida e de eco-design, da produção de ciclo fechado e da ecologia industrial.
Aspectos a serem
e Kemp Os condutores são a regulação, a demanda de usuários, a captação de novos mercados, a redução de custos e a imagem; e as barreiras
medidos Condutores e
(2009) são econômicas, de regulamentação e normas, de insuficientes esforços de pesquisa, baixa disponibilidade de capital de risco, falta de
barreiras
demanda do mercado e do setor público, as tecnológicas, relacionadas à força de trabalho, relacionadas ao consumo, ao fornecedor e
, 298,
,
ECO$INOVAÇÃO:,um,novo,conceito,para,o,desenvolvimento,das,organizações,
Vaz,,C.,R.;,Viegas,,C.,V.;,Lezana,,A.,G.,R.,
,
as barreiras gerenciais.
As empresas estão mais interessadas em micro-efeito, enquanto que os decisores políticos em efeitos meso (setor) e macro (nacional);
Efeitos os meso-efeitos podem ser estimados por meio da agregação de micro-efeitos; as ligações entre os efeitos micro e macro são
complexas, com efeitos inter-setoriais e loops de feedback.
Medida de Despesas com P&D, pessoal de P&D e despesas com inovação (incluindo o investimento em ativos intangíveis, tais como design,
insumos software e marketing).
Medida de Número de patentes e de publicações científicas.
produção
intermediária
Categorias para
Medida de Número de inovações, as descrições de inovações individuais, dados sobre as vendas de novos produtos, dentre outros.
medir e analisar o
produção direta
processo
Medida de Mudanças na eficiência e produtividade dos recursos por meio da análise de decomposição.
impacto
indireto derivada
de dados
agregados
Considerar tanto a inovação criativa quanto a adoção de tecnologia, criando um meio de distinguir entre os dois tipos.
Perguntar sobre investimento de P&D em inovação criativa, o número de pessoal ativo na pesquisa sobre a eco-inovação e patentes
relevantes.
Cobrir diferentes tipos de eco-inovação (produtos, processos e inovação organizacional, além de reciclagem, controle de poluição), a
fim de identificar onde, na cadeia de valor, a eco-inovação está ocorrendo.
Tópicos a serem Incluir tanto eco-inovações intencionais como não intencionais, para determinar onde os incentivos de política deverão centrar-se e
abordados em onde eles são desnecessários.
-
pesquisa de eco- Tipos de políticas e métodos organizacionais que a empresa utiliza para identificar e corrigir os impactos ambientais. Esta informação
inovação é valiosa para avaliar se essas políticas fazem ou não a diferença, os setores onde os governos devem concentrar esforços para
encorajar mais empresas a adotar políticas pró-ambientais.
Obter dados sobre os efeitos econômicos da eco-inovação nas vendas, nos custos de produção e no emprego, a fim de identificar esses
efeitos na competitividade e possíveis implicações mais amplas.
Os métodos de apropriação utilizados pela empresa para se beneficiar financeiramente da eco-inovação.
Os condutores de eco-inovação, incluindo políticas e outros incentivos (exploração de novos mercados, imagem, dentre outros).
CATEGORIAS PARA MENSURAÇÃO
Autor Categorias Fontes de Dados Pontos Fortes Pontos Fracos
Fontes genéricas de Gastos com P&D, Relativamente fácil de capturar os dados relativos. Tendem a capturar apenas atividades formais de P&D e inovação
dados – Medidas de pessoal de P&D e tecnológica.
insumos outros gastos.
OECD Explicitamente fornecem uma indicação de produção inventiva. Medem invenções ao invés de inovação e privilegiam tecnologias
Fontes genéricas de Número de
(2009b) Podem ser desagregados por grupos de tecnologia. Combinam end-of-pipe. Difícil detectar inovações de processos e
dados – Medidas de patentes e de
a cobertura e detalhes de várias tecnologias. organizacionais.
produção publicações
Não são comuns nas categorias de inovações ambientais, além de o
intermediárias científicas.
valor comercial das patentes variar substancialmente.
, 299,
,
ECO$INOVAÇÃO:,um,novo,conceito,para,o,desenvolvimento,das,organizações,
Vaz,,C.,R.;,Viegas,,C.,V.;,Lezana,,A.,G.,R.,
,
Número de Medida real da inovação e dados atualizados. É relativamente Necessidade de identificar fontes de informação adequadas.
inovações, fácil compilar os dados. Pode prover informações sobre tipos Inovações de processos e organizacionais são difíceis de serem
descrições de de inovação (radical ou incremental). contadas. É difícil identificar o valor relativo da inovação.
Fontes genéricas de inovações
dados – Medidas de individuais,
produção diretas vendas de novos
produtos a partir
de inovações.
Mudanças na Pode fornecer a ligação entre o valor do produto e o impacto Difícil de cobrir o impacto ambiental em toda a cadeia de valor.
Fontes genéricas de
eficiência e na ambiental. Podem ser compiladas em vários níveis: produto, Nenhuma relação causal simples entre eco-inovação e eco-
dados – Medidas de
produtividade dos empresa, setor, região e nação e representar diferentes eficiência.
impactos indireto
recursos. dimensões do impacto ambiental.
Levantamentos Taxa de resposta alta. Pode seguir as tendências em atividades Geralmente podem incluir algumas questões de relevância para a
Levantamentos por de inovação ao longo do tempo. eco-inovação. Eles não diferenciam despesas de capital para a eco-
especializados – questionários inovação das demais.
Levantamentos em oficiais
grande escala realizados
regularmente.
Levantamentos Levantamentos Pode incidir sobre a eco-inovação em maior profundidade, Baixas taxas de respostas.
especializados – únicos por possibilitando questionar sobre vários aspectos. Existem apenas alguns levantamentos internacionais.
Levantamentos em questionário,
pequena escala entrevista.
Coleta de Pode prover informações sobre tamanho, nível, direção e fontes Onerosa para conduzir.
Levantamentos
informações das de atividades de inovação. É possível identificar tendências e
especializados -
mesmas empresas mudanças no comportamento
Painéis de
ao longo do inovativo ao longo do tempo.
levantamento
tempo.
Fonte: Adaptado de Maçaneiro e Cunha (2010).
, 300,
,
ECO$INOVAÇÃO:,um,novo,conceito,para,o,desenvolvimento,das,organizações,
Vaz,,C.,R.;,Viegas,,C.,V.;,Lezana,,A.,G.,R.,
,
Anexo C - Políticas de Eco-inovação
, 301,
,
ECO$INOVAÇÃO:,um,novo,conceito,para,o,desenvolvimento,das,organizações,
Vaz,,C.,R.;,Viegas,,C.,V.;,Lezana,,A.,G.,R.,
,
Anexo D – Barreiras à Eco-Inovação
Barreiras Descrição
Disponibilidade de tecnologias para a aplicação especifica.
Capacidade de desempenho de tecnologias sob algumas exigências econômicas e padrões de desenho de processos.
Tecnológicas Maior grau de sofisticação com operações de algumas tecnologias de redução de resíduos.
Fracas alternativas substâncias para substituição de componentes perigoso.;
Ceticismo no desempenho de certas tecnologias e inflexibilidades dos processos.
Custo de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias.
Custos relacionados ao risco de mudanças dos processos com consideração à aceitação do cliente e qualidade do produto.
Não abrangência da avaliação dos custos e análise do custo-benefício, bem como método de cálculo dos custos.
Financeiras
Economias de escala que impedem as empresas menores de investir em opções de redução de resíduos (por exemplo, as tecnologias em estações
destinadas a recuperação).
Possibilidades que o investimento na modificação de processo pode ser ineficiente para as empresas mais antigas.
Limitação das pessoas no gerenciamento da mudança, controle e implementação das tecnologias de redução de resíduos.
Incapacidade de gerir um programa adicional dentro da empresa e, portanto, relutância para lidar com o programa de redução de resíduos.
Força de Trabalho Fraco compromisso da alta gerencia e falta de cooperação e comunicação interna, além da rigidez hierárquica para promover mudanças.
Relutância em principio para iniciar a mudança na empresa.
Fraca educação, treinamento e motivação dos empregados e fraca experiência dos supervisores.
Aumento da exigência legal e dos requisitos de conformidade ambiental.
Incerteza sobre o futuro das regulamentações ambientais.
Regulatórias
Foco no cumprimento da regulamentação pelo uso da tecnologia de tratamento convencional de fim-de-tubo (end-of-pipe), que pode resultar em
investimento nessas tecnologias de tratamento em vez das tecnologias de redução de resíduos na fonte.
Difíceis especificações do produto.
Exigência dos clientes para atendimento das conformidades ambientais aplicadas aos produtos.
Clientes e Fornecedores
Falta de apoio do fornecedor em termos de publicidade do produto, bom serviço de manutenção, experiência de ajustes de processos e assim por
diante.
Fonte: Galvão (2014).
, 302,
,
Análise da difusão da tecnologia solar
fotovoltaica no Brasil sob a ótica do
Sistema de Inovação
303
Análise da difusão da tecnologia solar fotovoltaica no Brasil sob a ótica do Sistema de Inovação
Bernardes, T. C. A.; Uriona Maldonado, M.
1. INTRODUÇÃO
O setor energético é de extrema importância para o desenvolvimento socioeconômico
de uma nação, existindo fortes indícios de que ocorre uma correlação entre o consumo de
energia e alguns indicadores sociais, como analfabetismo, mortalidade infantil e expectativa
de vida (GOLDEMBERG, 1998).
Atualmente, há uma busca intensa, por parte dos governos e organizações, por outras
fontes de energia renováveis, que apresentem um menor custo e impacto ambiental, uma vez
que o petróleo e o gás natural, que têm sido amplamente utilizados na geração de energia, se
tornam cada vez mais escassos e caros, além de serem responsáveis por parte da poluição
atmosférica e por crises políticas e econômicas em várias partes do planeta.
Facilitar a adoção de tecnologias de energia renováveis, tais como painéis
fotovoltaicos, tem sido uma das políticas preferidas para se vencer a este desafio energético.
A energia fotovoltaica funciona com o principio da conversão direta da energia solar em
energia elétrica ocorre pelos efeitos da radiação (calor e luz) sobre determinados materiais,
particularmente os semicondutores. Entre esses, destacam-se os efeitos termoelétrico e
fotovoltaico. O primeiro caracteriza-se pelo surgimento de uma diferença de potencial,
provocada pela junção de dois metais, em condições específicas. No segundo, os fótons
contidos na luz solar são convertidos em energia elétrica, por meio do uso de células solares
(ANEEL, 2008). Caracterizando-se assim como uma fonte de energia não poluente durante
sua utilização e com baixa manutenção, tendo fácil inserção em lugares remotos.
No caso do Brasil, o consumo per capita de energia ainda é baixo. A grande
quantidade de recursos naturais de que o país dispõe indica uma vantagem comparativa para o
desenvolvimento de uma matriz energética limpa e um acesso à energia barata (QUAGLIO,
2011).
Neste contexto, o presente trabalho busca avaliar o desenvolvimento do Sistema
Tecnológico de Inovação (STI) da geração de energia fotovoltaica no Brasil sob a óptica dos
indicadores presentes na metodologia de Hekkert et. al. (2007).
O trabalho está organizado da seguinte forma. Na Seção 2, uma breve explicação
sobre a abordagem teórica é dada. Na Seção 3, será apresentada a metodologia utilizada para
analisar os dados. Na secção 4, a evolução funcional do STI do Brasil e seu desempenho em
termos de capacidade energética fotovoltaica instalada são descritos. Secção 5 termina com
algumas conclusões e insights sobre o tema.
304
Análise da difusão da tecnologia solar fotovoltaica no Brasil sob a ótica do Sistema de Inovação
Bernardes, T. C. A.; Uriona Maldonado, M.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Um STI pode ser descrito como um grupo de rede (s) de agentes que interagem numa
especificada área econômico/industrial sob uma infra-estrutura institucional em particular ou um
conjunto de infra-estruturas e envolvida na geração, difusão, e a utilização de tecnologia
(STANKIEWICZ et. al, 1991).
Os componentes estruturais de um STI são atores, redes e instituições. Os atores são agentes
envolvidos como desenvolvedores, promotores, financiadores, fornecedores e usuários da tecnologia. Eles
podem ser governamental, não-governamental, de mercado ou não mercantil, organizações, grupos e
indivíduos. As redes são relacionamentos entre os atores. Eles se referem à comunicação, normativa e as
interações financeiras nas quais o conhecimento e as informações relativas à tecnologia são transmitidos a
partir de um agente para o outro. As instituições são as regras que regulam a ação e interação dos atores do
sistema (EDQUIST, 1997; JACOBSSON, 2004).
Um grande desenvolvimento teórico do quadro STI tem sido a alegação de que um STI executa
atividades chave e processos que contribui para o objetivo primário do sistema de inovação, ou seja,
desenvolvimento, difusão e adoção de tecnologias. Estas atividades e processos têm sido chamados funções do
sistema inovação (HEKKERT, 2007; JACOBSSON, 2004; JOHNSON, 1998). Uma vez que o
conceito é desenvolvido, várias listas de funções são identificadas. Bergek (2002),Suurs (2008), Negro (2007)e
Hekkert et al. (2007)fornecer uma análise das funções na literatura. Recentemente, Hekkert et al. (2007) propôs
sete funções que mensuram a performance do STI. Tabela 1 fornece estas funções com breves definições e suas
atividades ligadas aos indicadores baseadas em Hekkert et al. (2007).
Uma série de estudos empíricos analisaram STI na base de funções (ver, por exemplo
SUURS, 2009 ; ALPHEN, 2009; NEGRO, 2007). Esta abordagem tem sido chamada de
abordagem funcional para analisar inovação sistemas' (BERGEK, 2008). Embora uma análise
estrutural, ou seja, a entrada de atores, formação de redes e surgimento de instituições é muitas vezes
incluído, o foco principal dessa abordagem é na captura do que acontece no sistema como um
todo. Jacobsson e Bergek (2005) declarar que “... a principal vantagem em uma análise funcional...
é que se pode separar a estrutura do conteúdo. O foco está em o que é realmente alcançado no
sistema de inovação e não naquilo que os componentes são”. Portanto, o recente foco empírico tem
sido sobre o mapeamento do desenvolvimento e interação das funções, analisando o seu impacto
sobre a função global do STI. “A função global de um STI é produzir, difundir e utilizar inovações.
Em um nível mais específico, que é uma questão de focar nas coisas que influenciam o
desenvolvimento, difusão e utilização de inovações. Esses são as determinantes de inovações”
(EDQUIST, 2001).
305
Análise da difusão da tecnologia solar fotovoltaica no Brasil sob a ótica do Sistema de Inovação
Bernardes, T. C. A.; Uriona Maldonado, M.
306
Análise da difusão da tecnologia solar fotovoltaica no Brasil sob a ótica do Sistema de Inovação
Bernardes, T. C. A.; Uriona Maldonado, M.
3. MÉTODOS DE PESQUISA
O presente trabalho tem interesse em mapear a evolução funcional dos STI. Para isso, as
principais atividades e processos históricos relacionadas com atores, redes e instituições, ou seja, as
funções são mapeadas e as informações são cruzadas quando possível. Uma metodologia útil para
realizar esta é a análise de processos (VAN DE VEN, 1991).
O processo de coleta e análise de dados é guiado pela estrutura do STI. Foram analisados
eventos relacionados com a promoção da energia fotovoltaica no Brasil utilizando a estratégia de
revisar as fontes de arquivamento, tais como relatórios de projeto, documentos de política,
comércio, livros, e assim por diante. Teve-se acesso a arquivos completos de ministérios do
governo, institutos de pesquisa e empresas do ramo. Claramente coletar todos os eventos relacionados
à inovação e difusão de energia fotovoltaica no país é uma tarefa impossível. Isto porque nem todas
as atividades de produção de energia fotovoltaica foram documentadas. No entanto, a tentativa de
coletar o máximo dos eventos de importância que pode ter influenciado a difusão da tecnologia
fotovoltaica é válida.
Posteriormente, para estruturar eventos que necessitam serem catalogados em temas
teoricamente informados (POOLE, 1990). No presente trabalho, estes temas são as funções
STI. Ou seja, primeiro se reconheceu a atividade tema de cada evento e, em seguida,
atribuindo-o seu respectivo indicador na lista. Uma vez que o indicador foi encontrado, foi
possível de atribuir à função correspondente.
Esta seção descreve a evolução do STI. Para ser conciso, ela só fornecerá a visão geral
da evolução funcional com base nas funções apresentadas na tabela 2 da seção anterior.
307
Análise da difusão da tecnologia solar fotovoltaica no Brasil sob a ótica do Sistema de Inovação
Bernardes, T. C. A.; Uriona Maldonado, M.
4.1.Desenvolvimento de Empreendedorismo
A função Atividade Empreendedoras busca fazer uma avaliação dos novos entrantes
no sistema de inovação. Para analise desta função foram coletados os dados históricos das
usinas solares implantadas no Brasil, de acordo com o Banco Informações de Geração da
ANEEL, com o propósito de examinar o comportamento dos novos entrantes ao longo dos
anos. O gráfico apresentado na Figura 1 inicia no ano 2001, ano este em que foi inaugurada a
Usina de Araras a primeira usina solar brasileira a entrar em operação e termina no ano 2016.
50 39 42
45 33
40 23
35
26
30 26
25
20
14
15 9
7 8 8 9 9
10 3 5 7 6
4 5
3 2 3 3
5 1 1 0 1 0 1 0 0 0
0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
308
Análise da difusão da tecnologia solar fotovoltaica no Brasil sob a ótica do Sistema de Inovação
Bernardes, T. C. A.; Uriona Maldonado, M.
30000 27008
26307
25000
20000
15387
15000
309
Análise da difusão da tecnologia solar fotovoltaica no Brasil sob a ótica do Sistema de Inovação
Bernardes, T. C. A.; Uriona Maldonado, M.
FIGURA 3: NÚMERO DE PATENTES REGISTRADAS SOBRE ENERGIA SOLAR POR ANO E O VALOR
ACUMULADO
450
300 262
240
219
250
192
185
200 174
162 167
146
126133
150 116
103109
87 91 95
100 76 81
65 67
48 53 58 60 61
33 38 37
50 21 26 27 21 22 29 24
10 11 13 16 17 15
3 7
1 2 5 7 5 10 5 5 2 1 4 2 9 5 6 4 4 8 6 7 10 7 5 7 11 7 2 1
0
Vale destacar, que o período de 2007 á 2013 foi o período de maior número de
depósitos de patente.
Das patentes encontradas durante a pesquisa, se destacaram algumas empresas
multinacionais como maiores depositantes de patentes, em especial as chinesas, dentre as
quais as principais são apresentadas na tabela 2. Este fato revela que o Brasil não é um
detentor do capital intelectual desta tecnologia.
310
Análise da difusão da tecnologia solar fotovoltaica no Brasil sob a ótica do Sistema de Inovação
Bernardes, T. C. A.; Uriona Maldonado, M.
311
Análise da difusão da tecnologia solar fotovoltaica no Brasil sob a ótica do Sistema de Inovação
Bernardes, T. C. A.; Uriona Maldonado, M.
Castelão'
Tractebel Energia S/A Implantação de usina solar fotovoltaica (FV) R$ 60.847.400,00 3,000
(TRACTEBEL) de 3MWp e avaliação do desempenho técnico
e econômico da geração FV em diferentes
condições climáticas na matriz elétrica
brasileira
312
Análise da difusão da tecnologia solar fotovoltaica no Brasil sob a ótica do Sistema de Inovação
Bernardes, T. C. A.; Uriona Maldonado, M.
(CEMIG)
TOTAL R$ 24,578
395.904.169,00
313
Análise da difusão da tecnologia solar fotovoltaica no Brasil sob a ótica do Sistema de Inovação
Bernardes, T. C. A.; Uriona Maldonado, M.
50
38 41 42
45 41
32
40
35
25
30 22
25 18
15
20 12
15 9 12
7
10 4 7 6
2 3 3 3 3 4 3 3
5 2 2 2 1
0 0 0
0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Além da busca por produção acadêmica, foi realizada uma busca aos grupos de
pesquisa que abordam o tema, junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), que reúne informações sobre os grupos em atividade no país
abrangendo pesquisadores, estudantes, técnicos, linhas de pesquisa em andamento e as
produções científica, tecnológica e artística geradas pelos grupos (CNPq, 2016).
Apesar de ser uma base de informações de preenchimento opcional, seu universo tem
aumentado ao longo do tempo, podendo-se supor relativa representatividade da comunidade
científica nacional. As universidades, instituições de ensino superior e institutos que
ministram cursos de pós-graduação concentram mais de 90% dos grupos de pesquisa
cadastrados. Porém, as empresas privadas não fazem parte do diretório (CARNEIRO &
LOURENÇO, 2003).
As informações dos grupos de pesquisa estão disponíveis no site do CNPq
(http://lattes.cnpq.br) e podem ser obtidas através da base corrente e da base censitária. Os
Censos são “fotografias” estáticas da base corrente e são realizadas de dois em dois anos
(CNPq, 2016). A partir de 2002, os relacionamentos com o setor produtivo foram inseridos no
questionário respondido pelos líderes dos grupos de pesquisa, passando a ser uma importante
fonte de informação sobre a interação universidade-empresa no país.
314
Análise da difusão da tecnologia solar fotovoltaica no Brasil sob a ótica do Sistema de Inovação
Bernardes, T. C. A.; Uriona Maldonado, M.
De acordo com Branco (2008), a cadeia produtiva dos módulos fotovoltaicos segue a
seguinte trajetória:
Silício→Lâmina→Célula→Módulo→Sistema
Para a produção das células solares podem ser utilizadas matérias-primas como: silício
cristalino, silício monocristalino, silício multicristalino, silício amorfo, fitas ou filmes finos
(ambos de silício), entre outros. (ZANESCO E MOEHLECKE, 2008).
No Brasil, há uma grande reserva de silício, no entanto, existem indícios de realização
de pesquisas que gerem um material purificado, representado um ponto negativo devido o
grande interesse que ele representa no mercado. A produção do silício purificado, além de
representar uma evolução da tecnologia na energia solar fotovoltaica, oferece oportunidades
otimistas em relação ao sucesso do negócio.
317
Análise da difusão da tecnologia solar fotovoltaica no Brasil sob a ótica do Sistema de Inovação
Bernardes, T. C. A.; Uriona Maldonado, M.
O mercado para esta cadeia produtiva possui muitas barreiras à entrada e exige nível
elevado de investimentos, principalmente nos dois primeiros estágios da cadeia. Esta cadeia
produtiva garante a fabricação de um módulo fotovoltaico que permite transformar a energia
solar em energia elétrica.
Os sistemas fotovoltaicos são divididos em dois grandes grupos: os sistemas
autônomos e os sistemas interligados à rede. Os sistemas fotovoltaicos autônomos, que hoje
no Brasil podem ser usados no programa Luz para Todos, levam energia elétrica para
população isolada da rede elétrica. São constituídos de um painel de módulo fotovoltaicos e
baterias com controladores. Atualmente, o grande mercado mundial está voltado para sistemas
conectados e interligados com a rede elétrica. Estes podem ser em forma de sistemas
integrados nas edificações ou em grandes centrais fotovoltaicas. Eles são constituídos de
painéis fotovoltaicos, associação de módulos, um inversor. Este sistema troca energia com a
rede elétrica: durante o dia temos sol, produz-se energia elétrica e ela é injetada na rede; à
noite se obtém energia elétrica da rede (ZANESCO e MOEHLECKE, 2008).
Porém, em termos da produção industrial, há um gargalo que precisa ser equacionado.
O Brasil possui uma das maiores reservas de quartzo para a produção de silício grau solar, que
é a matéria-prima fundamental para a produção das células solares. No entanto, o país não
possui nenhuma indústria na área de silício grau solar nem de células solares fotovoltaicas
(CGEE, 2008). A partir da abertura econômica do país, empresas brasileiras que produziam
células/lâminas solares foram prejudicadas com o aumento da concorrência externa
inviabilizando a produção deste tipo de tecnologia que, atualmente, acontece em escala
laboratorial, ilustrando a fragilidade deste setor industrial.
Ainda referente a análise desta função vale destacar ação do o Programa de Incentivo
às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), criado em 2002 por meio da Lei
10.438. Em um primeiro momento do programa a compra e venda de energia funcionava de
acordo o sistema de self dealing, com preços teto pré-estipulados. No ano 2004 o programa
foi relançado através do Decreto 5.025/2004, desta vez já sob o Novo Modelo do Setor
Elétrico, criado pela lei 10.848/2004, que substituiu o self dealing por uma modalidade de
leilão de menor tarifa. O PROINFA instituiu que seriam realizados leilões exclusivos para
contratar energias renováveis provenientes de fontes eólica, solar, de biomassa e de Pequenas
Centrais Hidrelétricas (PCHs) como forma de incentivar o desenvolvimento e/ou aumento da
participação dessas fontes no Sistema Elétrico Interligado Nacional (SIN). Os projetos
vencedores desses leilões exclusivos assinam contratos de venda de energia válidos por 20
318
Análise da difusão da tecnologia solar fotovoltaica no Brasil sob a ótica do Sistema de Inovação
Bernardes, T. C. A.; Uriona Maldonado, M.
anos, a ainda tem o poder de optar por condições especiais para financiar até 70% dos projetos
pelo BNDES.
Até o dado momento como resultado deste programa ocorreram três leilões específicos
de energia fotovoltaica, como pode ser analisado na tabela 6.
equipamentos eólicos leva em conta uma taxa de nacionalização mínima, atualmente fixada
em 90% (até 2009 esta taxa era de 60%).
5. CONCLUSÃO
O presente trabalho investigou a evolução do STI da energia solar fotovoltaica no
Brasil, através da aplicação dos conceitos dos indicadores das funções Hekkert e da
metodologia de análise dessas funções. Por sua vez os indicadores se mostraram eficientes na
avaliação do desempenho do STI, sendo possível através de sua utilização mapear os
impasses no desenvolvimento do STI.
A análise expõe um distúrbio na função formação de mercado do sistema, a qual
320
Análise da difusão da tecnologia solar fotovoltaica no Brasil sob a ótica do Sistema de Inovação
Bernardes, T. C. A.; Uriona Maldonado, M.
desacelera a evolução do sistema de tecnologia solar fotovoltaico brasileiro. Ainda fica claro a
notoriedade do desempenho de outras funções específicas ao longo do tempo, de acordo com
cada fase de desenvolvimento do STI.
O programa PROINFA se apresentou um incentivo de extrema importância para o
desenvolvimento do STI da energia solar fotovoltaica no país na fase de evolução da
tecnologia, tendo em vista que no período pós a implantação do programa cresce o número de
novas usinas solares fotovoltaicas, que são apoiadas através de programas como a Chamada
de Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de 2011 onde empresas nacionais tem
oportunidade de apresentar seus projetos para obtenção de um possível financiamento do
Governo Federal, que por suas vezes muitas dessas empresas realizam parcerias junto a
universidades e instituições de ensino no intuito de obtenção de um auxilio nas pesquisas,
consequentemente alavancando o número de publicações sobre o tema e assim sendo possível
se desenvolver um possível capital intelectual na área.
Além de fornecer um panorama geral do Sistema Tecnológico de Inovação da Energia
Solar Fotovoltaica, o presente artigo serve como base aos indivíduos interessados nas
inovações do setor de energia solar brasileiro. Para futuros trabalhos sugere-se a aplicação de
outras metodologias que analisem a dinâmica de sistemas para analisar a difusão de Energia
Solar no Brasil sob outra perspectiva, e possibilitaria a comparação com o atual trabalho,
tornando mais fundamentada a base para serem construídas políticas condizentes com o
estágio atual de desenvolvimento desta tecnologia no país.
REFERENCIAS
ABINEE- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA ELÉTRICA E ELETRÔNICA. Propostas para
Inserção da Energia Solar Fotovoltaica na Matriz Elétrica Brasileira. 2012..
ABSOLAR - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA. Quem Somos.
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1. INTRODUÇÃO
A energia solar é uma fonte de energia limpa e com um grande potencial a ser explorado
no Brasil devido ao alto índice de irradiação solar no país, maior até do que em países líderes
no uso desta fonte de energia. Além disso, o Brasil possui grandes reservas de silício, material
base na constituição das placas solares.
Neste contexto, o presente capítulo tem como objetivo apresentar a situação atual do
Brasil a respeito do uso de energia solar fotovoltaica em edificações. A fim de proporcionar um
entendimento nesta área. Tendo em vista, que este trabalho é a fase inicial do desenvolvimento
do projeto de PIBIC (Programa Institucional de Iniciação Científica).
O artigo esta dividido em sessões, sendo a primeira composta por esta introdução. A
segunda sessão, apresenta uma revisão de literatura em relação a energia solar PV e edificações
em áreas urbanas. A terceira sessão, mostra os procedimentos metodológicos aplicados a este
estudo. A quarta sessão, apresenta o uso da energia solar em edificações urbanas. E por fim, a
quinta sessão esta as considerações finais e as recomendações de trabalhos futuros.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
Fontes renováveis são as que possuem ciclos de renovação natural e, portanto, são
praticamente inesgotáveis e não alteram o balanço térmico do planeta. Além disso, são
consideradas fontes não convencionais de energia, pois não provêm de combustíveis fósseis.
Inclui-se nesta categoria a energia solar, eólica, de biomassa, hidráulica, entre outras.
O ano de 2015 foi de grande importância para o mercado de energias renováveis. Devido
ao cenário internacional de escassez de petróleo e as mudanças de clima, novas questões
energéticas foram aprofundadas e, com isso, houve uma maior preocupação em pesquisas na
área. Conforme os dados do Relatório da Situação Global das Energias Renováveis de 2016,
houve um investimento de 286 mil milhões de dólares em eletricidade e combustíveis de origem
houve um investimento de 286 mil milhões de dólares em eletricidade e combustíveis de origem
renovável.
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A Figura 1, pode-se observar que a oferta de energia solar no Brasil é desprezível,
comparado com as outras fontes de energia renováveis. Entretanto, este tipo de energia obteve
grande impulso em vários países com área menor e condições menos privilegiadas que o Brasil.
COSTA in EcoDebate (2015) comenta o por quê de a energia solar não ser tão explorada
no Brasil:
O sol é uma fonte inesgotável de energia gratuita e renovável. Assim, a energia solar
nada mais é que o aproveitamento da luz e energia provenientes diariamente pelo sol para
diversos atos do dia a dia, como, por exemplo, aquecimento de água. Ademais, esta energia
pode ser aproveitada para o aquecimento do ambiente e para a produção de eletricidade.
O efeito fotovoltaico ocorre quando a luz é absorvida pela célula fotovoltaica, cujo
principal elemento é o silício, ocasionando na movimentação dos elétrons presentes no material
do semicondutor. Este movimento dos elétrons gera corrente elétrica, transformando a energia
luminosa em eletricidade. Este efeito foi descoberto em 1839 pelo físico Edmond Becquerel,
mas a primeira célula solar moderna só foi produzida em 1954 por cientistas da área espacial.
A Figura 2, ilustra uma célula solar composta por silício.
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Figura 2 - Célula solar composta por silício
O maior desafio para a energia solar é o alto custo de produção. Mas, conforme novos
investimentos em técnicas e materiais são feitos, além do crescimento da competitividade nesta
área, este custo deve ser bastante reduzido. Um exemplo é a Alemanha, líder mundial em
energia solar, que produz anualmente 24.700MW. Nos últimos cinco anos, o preço da instalação
de sistemas fotovoltaicos neste país reduziu cerca de 50%, devido aos grandes investimentos
feitos no país em energia solar.
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Um fator que desencadeou o início deste processo no Brasil foi à intensa industrialização
que ocorreu a partir de 1955, que resultou em uma maior atratividade das cidades. Porém, o
aumento populacional dos centros ocasionou a falta de espaço para moradias. Então, para
resolver este problema, foram construídos edifícios com mais pavimentos, possibilitando o
aumento do número de moradias ocupando um pequeno espaço no terreno. A Figura 3 ilustra o
aumento da verticalização no Brasil desde 1980 até o ano de 2012.
3. MÉTODO
Este artigo classifica-se como uma pesquisa descritiva e quantitativa. Segundo Diehl e
Tatim_(2004, p. 54), a pesquisa descritiva tem como objetivo descrever as características em
determinada população ou fenômeno, estabelecendo relações entre variáveis. Entretanto, a
pesquisa quantitativa, “caracteriza-se pelo uso da quantificação tanto na coleta quanto no
tratamento das informações por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples, como
percentual, (...) às mais complexas (...), objetivando garantir resultados e evitar distorções de
análise e de interpretação” (DIHEL e TATIM, 2004, p.51).
Portanto, primeiramente foi feito uma contextualização geral sobre a matriz energética
brasileira, mostrando pequena participação da energia solar. Após isto, mostraram-se as
vantagens em se obter geração de energia elétrica através do sol. Em seguida, as condições de
incentivo e uso. Para então, descrever a situação atual da energia solar PV em edificações no
Brasil. A Figura 4 mostra os passos realizados para descrever esta pesquisa.
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4. Uso de Energia Solar PV em edificações
O uso de placas solares em edificações é bastante desenvolvido na Europa, uma vez que
inúmeros países europeus investem neste tipo de tecnologia. Contudo, no Brasil, placas solares
dificilmente são encontradas nos condomínios, mesmo que as vantagens do uso desta energia
no país sejam imensas, como por exemplo o fato de ser uma forma de energia limpa, ou seja,
não gerar poluentes para o meio ambiente. Outra vantagem é o baixo custo das manutenções.
Entretanto, Ronald Honegger Thomé, diretor e fundador da empresa Energia Pura, tem uma
visão otimista para este panorama. “A consciência da população ainda é lenta, mas há uma boa
perspectiva de mudança. A energia solar em residências tem crescido muito e deve virar uma
tendência no futuro”.
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4.1 Razões ambientais
O aumento da temperatura do planeta, resultante da emissão dos gases de efeito estufa
na atmosfera, causa prejuízos econômicos e ambientais. Assim, intensificou-se a busca por uma
energia renovável que seja eficiente e economicamente viável. A partir disto, a energia solar
fotovoltaica se destacou dentre as outras, já que não polui o meio ambiente e é ilimitada. Outras
vantagens deste tipo de energia, em comparação às outras fontes renováveis, é a sua instalação
rápida e o fato de conter um sistema totalmente silencioso. Além disso, necessita de áreas
menores que as hidrelétricas que, atualmente, é a principal fonte de energia renovável do país.
Fonte: Atlas de irradiação solar no Brasil. 1998. (Adaptado), In: Atlas da Energia-Aneel.
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Os grandes desastres ambientais causados por fontes de energia, como o petróleo por
exemplo, geraram uma preocupação em encontrar uma fonte que não causasse danos ao
ecossistema. Assim, a principal vantagem ambiental da energia solar é o fato de ser uma
energia limpa, ou seja, não gera poluentes para o meio ambiente.
Como citado anteriormente, o Brasil possui uma vantagem no setor energético devido
aos altos índices de radiação solar anualmente. Contudo, o principal motivo de esta forma de
energia não ser tão explorada no país é o alto investimento inicial necessário principalmente
pelo custo de implantação das placas. Este valor dependerá do consumo e da demanda do
edifício, por exemplo, uma placa de 140W custa aproximadamente R$850 no mercado,
segundos os dados da Revista Síndico (2015), edição 208. Um painel com essas características,
em um local com cinco horas diárias de sol, pode gerar até 700W/dia.
Apesar deste alto investimento, a ausência de partes móveis e a durabilidades dos painéis
solares, fazem com que o custo de manutenção seja baixo. Portanto, em longo prazo, a
economia é considerável, mesmo a tarifa brasileira sendo de R$ 0,38 por kWh, uma das mais
caras do mundo. Ademais, segundo o Green BuildingCouncil (GBC Brasil) a instalação da
energia solar resulta em uma valorização imobiliária de cerca de 30%.
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Outra declaração à respeito da instalação de energia solar PV em edificações presente
na revista citada, foi a do síndico Nelson Barreto, do Condomínio Queen Victória, do estado do
Rio de:- “Solicitamos o orçamento de um projeto, que deve ser visto e votado até o fim do
semestre. A maior dificuldade é convencer os moradores de que é um investimento que
proporcionará uma boa economia. À primeira vista, o orçamento parece alto, mas a relação
custo-benefício compensa muito”, diz ele.
Nos últimos anos, diversos países criaram leis que impõem o uso de energia solar em
edificações. Por exemplo, em Abril deste ano (2016), foi aprovada uma lei que obriga que todo
novo edifício residencial ou comercial construído na cidade de São Francisco na Califórnia,
deverá instalar placas solares no telhado. Outras cidades do estado da Califórnia, já
implementaram leis similares, como Lancaster e Sebastopol, porém São Francisco foi a
primeira grande cidade dos Estados Unidos a criar uma lei desse tipo.
Antes da aprovação desta lei havia uma lei estadual anterior que determinava que todos
os novos prédios deveriam ter 15% da área do telhado pronta para a instalação dos painéis
solares. Assim, não houve uma mudança repentina na forma de promover esta energia,
facilitando, assim, a aceitação da população. A nova lei entra em vigor a partir de 2017. Ambas
as leis fazem parte do “California’s Title 24 Energy Standards”
No Brasil há algumas leis e programas que incentivam o uso de energia solar. Como a
Lei Complementar Nº 327, de 24 de Novembro de 2015, criada pelo prefeito de Palmas para
estabelecer incentivos ao desenvolvimento tecnológico, uso e instalação do sistema de
aproveitamento da energia solar em Palmas. Além disso há o Programa de Desenvolvimento da
Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD) criado pelo Ministro de Minas e Energia. Em
01 de Março de 2016 entrou em vigor as novas regras da Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL) para a geração de energia elétrica distribuída no Brasil. Estas regras incentivam que
o consumidor invista na sua própria geração de energia, facilitando o uso de energia solar no
país. O sistema de compensação criado disponibiliza que o consumidor obtenha crédito caso o
valor da energia gerada seja maior que a consumida, o qual poderá ser compensado na redução
da conta de luz.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta forma de energia, nos últimos anos, se destacou em vários países, principalmente
na Europa. Contudo, no Brasil, mesmo tendo grande extensão e alta radiação solar, esta
tecnologia ainda está em fase inicial de desenvolvimento. A falta de incentivo e legislação do
governo e o alto investimento inicial necessário são os principais motivos de esta energia não
ser tão utilizada no país.
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Prospecção Tecnológica de
Patentes sobre a Energia
Eólica no Brasil
Matheus Eduardo Leusin
Caroline Rodrigues Vaz
Mauricio Uriona Maldonado
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1. INTRODUÇÃO
Produzir energia elétrica utilizando fontes eólicas já é uma prática existente há mais de
40 anos em alguns países do mundo. A Dinamarca, por exemplo, começou a desenvolver
turbinas eólicas durante os anos 70 e já consagrou 2 das maiores empresas produtoras de
turbinas eólicas do mundo: Vestas e Siemens (DANISH ENERGY AGENCY, 2009). Já a
China chama a atenção pela rápida ascensão com que implantou a geração eólica na sua
matriz energética, ocorrida principalmente a partir dos anos 2000, que a levou a ocupar hoje a
liderança mundial em termos de capacidade instalada de usinas eólicas. Ainda há países como
a Holanda, que desde a instalação da sua primeira usina eólica, em 1996, manteve uma taxa
de crescimento modesta e constante (GWEC, 2016).
No Brasil, o desenvolvimento deste tipo de tecnologia é de grande importância para
aumentar a diversidade da matriz energética e diminuir a dependência do país em relação aos
ciclos hidrológicos das chuvas. A principal fonte de geração elétrica brasileira são as
hidrelétricas, conforme mostrado na Figura 1, que tem a sua capacidade de produção
drasticamente reduzida em períodos de secas prolongadas.
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brasileira estava mais robusta e conseguiu compensar a perda de capacidade de produção das
hidrelétricas utilizando termoelétricas para compensar a limitação de geração. Porém, o custo
de utilizar usinas termoelétricas é alto: elas possuem baixo rendimento (o que acarreta em
custos elevados de geração) e são grandes emissoras de gases do efeito estufa. Segundo Prado
et al. (2016), a Câmara de Comércio de Energia Elétrica (CCEE) declarou que entre 2013 e
2014 foram gastos U$ 20 bilhões a mais para manter as usinas termoelétricas funcionando em
virtude da falta de chuvas.
A geração eólica ainda possui características de complementaridade em relação às
fontes hídricas: em períodos mais secos do ano, os ventos são mais favoráveis a geração desse
tipo e vice-versa. Os impactos ambientais ocasionados pelas usinas eólicas também são quase
inexistentes, principalmente se comparados às usinas hidrelétricas de grande porte, que
inundam extensas áreas territoriais para utilizar como reservatórios. Os custos de geração
também devem ser levados em consideração. A geração por fonte eólica hoje é a segunda
mais competitiva em termos de custo de geração (WWF, 2015). Cabe ainda destacar as
dificuldades enfrentadas na continuidade do modelo atual dominado por hidrelétricas de
grande porte, devido ao fato de que o território brasileiro possui poucas áreas restantes que
possam ser inundadas sem trazer enormes prejuízos ambientais (PRADO et al.,2016).
Consciente das fragilidades do modelo atual, o governo brasileiro buscou aumentar a
diversidade da matriz energética brasileira. Em 2002 o governo nacional criou o Programa de
Incentivo às Fontes Renováveis (Proinfa), que inclui incentivos à geração eólica, de biomassa
e às pequenas centrais hidrelétricas, marcando o início de uma expansão da capacidade de
geração eólica instalada no Brasil. Apesar destas e de outras medidas de incentivo, a
capacidade total instalada no Brasil ao final de 2015, ano em que completaram-se 23 anos
desde a instalação da primeira usina eólica brasileira, chegou apenas próxima aos 9 GW,
distante do potencial total brasileiro estimado de 400 GW de capacidade onshore (GWEC,
2016).
Tais fatores motivaram que o presente artigo, que possui como objetivo geral analisar
a prospecção tecnológica das inovações em energias renováveis, mais especificamente da
energia eólica do Brasil, usando como fonte principal o registro de patentes do Instituto
Nacional de Propriedade Intelectual - INPI.
O presente capítulo está dividido em 5 seções, sendo a primeira composta por esta
introdução. A segunda seção, apresenta uma revisão de literatura em relação a energia eólica.
A terceira seção, mostra os procedimentos metodológicos aplicados a este estudo. A quarta
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seção, apresenta os resultados e discussões das patentes encontradas no INPI. E por fim, a
quinta seção esta as considerações finais e as recomendações de trabalhos futuros.
2. ENERGIA EÓLICA
A energia eólica é considerada uma das mais promissoras fontes naturais de energia,
devido ao fato deste tipo de geração ser renovável, livre de emissões, amplamente distribuída
globalmente e possuir custos de implementação cada vez mais baixos (PEREIRA, 2012).
McDowall et al., (2013) divide a história da energia eólica em 4 períodos distintos: i)
pré-história dos ventos modernos, que compreende o período anterior à 1974, marcada por
experimentações limitadas pelos custos e desafios físicos de construção de turbinas; ii) fase
formativa (1974-1989), produto das crises energéticas dos anos 70 que tiveram como
consequência um aumento expressivo das atividades de P & D em tecnologias energéticas,
incluindo o vento, e que levou a criação de pequenos mercados de energia eólica na
Dinamarca e a um desenvolvimento significativo deste tipo de mercado nos EUA, como
resultado de incentivos fiscais; iii) fase de crescimento (1990-1998), impelida pelo acidente
de Chernobyl e das crises de chuva ácida, teve como principais resultados a melhoria da
tecnologia e redução dos custos de geração e o desenvolvimento de uma indústria de
relevância e com voz política em alguns países do mundo; e iv) maturidade e fase de
transferência (1999-2010), marcada pela entrada de grandes empresas dos setores de
engenharia e de energia, pela difusão de metas políticas globais cada vez mais ambiciosas
para a energia eólica e pela expansão das atividades inovadoras focadas na melhoria das
tecnologias, redução de custos e expansão offshore.
A Figura 2 mostra uma turbina eólica de eixo horizontal de 3 pás, o tipo mais
difundido atualmente. Uma turbine eólica é uma máquina que converte a energia disponível
no vento em energia elétrica. O motor converte o movimento do ar em movimento mecânico
utilizável. O ar fluindo pelas pás do motor faz o motor girar. O cubo transmite o movimento
do motor ao gerador na turbina através de um eixo.O movimento rotativo do eixo é convertido
em eletricidade pelo gerador. No gerador, um campo magnético de rotação induz um
potencial elétrico em uma bobina do extrator, que aciona uma corrente elétrica quando o
gerador está ligado em uma rede ou outra carga. Um multiplicador de velocidade é utilizado
para aumentar a velocidade de rotação (KAMP, 2002).
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Figura 2: Turbina de eixo horizontal
A indústria eólica atingiu 433 GW de capacidade instalada ao final de 2015, dos quais
63 GW foram instalados somente no referido ano, consagrando-se como a fonte que forneceu
mais geração de energia nova do que qualquer outra tecnologia. A indústria eólica global está
presente hoje em mais de 80 países, dos quais 8 já possuem sozinhos mais de 10 GW
instalados, incluindo o Brasil. O país lidera o mercado latino-americano e é considerado o
mercado onshore mais promissor para a energia eólica na região até 2020(GWEC, 2016).
A seguir será detalhada a metodologia adotada para a coleta dos dados, que permitiu a
análise e discussões dos resultados.
3. MÉTODO
Este estudo visa traçar e analisar o panorama dos depósitos de patentes sobre o tema
energia eólica na base de dados do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) até o
último documento disponível na data da pesquisa. O INPI é uma autarquia federal brasileira
criada em 1970 e vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC), que tem por finalidade principal executar a âmbito nacional as normas que regulam a
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados estão apresentados em duas partes: 4.1) patentes registradas no Brasil
relacionadas a energia eólica e, 4.2) perspectivas sobre a energia eólica no Brasil.
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4.1. Patentes
Foram analisadas as patentes registradas com o termo "Energia Eólica" no título no
banco de dados do Instituto Nacional de Patentes Industriais (INPI), através de uma pesquisa
feita no mês de abril de 2016. Ao todo foram encontradas 439 patentes registradas, conforme
mostra a Figura 3.
Figura 3 – Patentes de Energia eólica por países
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Figura 4 - Patentes registradas no INPI
60
50 Patentes
Brasileiras
Total de patentes
40
30
Wobben
20
10
0
Total de patentes
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
registradas no
ano
12
10
8
Total
de
Patentes
0
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Pode-se observar, nas patentes brasileiras, que77 são registradas por pessoas físicas e
12 patentes por empresas/industrias, conforme mostra a Figura 6.
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Prospecção
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Eólica
no
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Figura 6–Distribuição das patentes registradas
Empresa
13%
Pessoa
Fisica
87%
BA;
2 CE;
3
DF;
4
ES;
2
GO;
1
SP; 27
MG; 9
MS; 2
PI; 1
RJ;
8 PR;
2
SE;
2
RS;
3
SC;
1 RN;
1
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Eólica
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Brasil
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C.
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Maldonado,
M.
Nota-se que os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro sobressaem-se
sobre os demais, com representatividades de 40, 13 e 12%, respectivamente.
Em relação ao conteúdo das patentes registradas, analisou-se a Classificação
Internacional de Patentes (IPC). O IPC é um sistema de classificação internacional, utilizado
pelo INPI, que divide as áreas tecnológicas em seções de A à H, onde cada seção representa o
corpo completo de conhecimentos que pode ser considerado como próprio do campo das
patentes de invenção. Dentro de cada seção existem subclasses, grupos principais e grupos
secundários, utilizados de acordo com um sistema hierárquico. As oito seções utilizadas e
suas respectivas áreas de conhecimento são apresentadas na Tabela 1.
De acordo com a classificação das referidas seções para cada patente, o conteúdo das
439 patentes registradas no INPI para o tema e período analisado, menos 3 patentes que se
encontravam sem registro de IPC, é apresentado na Figura 8.
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Figura 8 – Representatividade do total de patentes registradas de acordo com as seções do IPC
Seção B
8%
Seção H
16%
Seção F
68%
Figura 9 – Representatividade das patentes brasileiras registradas de acordo com as seções do IPC
Seção
Seção
C G Seção E
Seção A 0%
1% 1%
0%
Seção H
6%
Seção B
12%
Seção F
80%
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Pode-se notar pelas Figuras 8 e 9 apresentadas anteriormente, que as principais áreas
de conhecimento abrangidas pelo registro de patentes em relação ao tema "Energia Eólica"
referem-se às Seções F, Be H, com uma representatividade agregada de 92% para os registros
de todas as patentes e de 97% para os registros de nacionalidade brasileira.
De uma forma geral, os dois gráficos possuem valores relativos semelhantes, com
destaque um pouco maior para a Seção E no gráfico de registro de todas as patentes. A Seção
F, detentora de 68 e 80% dos registros de todas as patentes e registros brasileiros,
respectivamente.
Pode-se ser dividida as áreas em sete subclasses principais de acordo com as patentes
encontradas, das quais seis relacionam-se exclusivamente às subclasses do tipo F0-3D, que
abrangem às competências relacionadas à motores movidos a vento. As subclasses e suas
competências são apresentadas na Tabela 2.
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Prospecção
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Figura 10 – Comparação entre as competências da totalidade de patentes registradas e as patentes de origem
brasileira
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Figura 11 – Registro ao longo do tempo das patentes brasileiras relacionadas à Seção F
8
7 F03D
1/00
a
06
6 F03D
3/00
a
06
5
F03D
5/00
a
06
4
F03D
7/00
a
06
3
F03D
9/00
a
06
2
F03D
11/00
a
06
1
Outros
0
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
Fonte: Elaborado pelos autores, 2016.
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4.2. Perspectivas
Nota-se que apesar do registro de patentes ter sido iniciado em 1976, não houve
qualquer aumento significativo em outras variáveis relacionadas à energia eólica no sistema,
ou mesmo na taxa de registro de patentes, que apresentou evolução apenas a partir de 1998. A
entrada em operação do primeiro fornecedor brasileiro com foco na geração de energia eólica,
a Wobben Wind power em 1995, mostrou impacto também no registro de patentes, uma vez
que o próprio fornecedor começou a registrar algumas baseadas em suas experiências no
Brasil. Três anos depois é lançado o Atlas eólico da região Nordeste, seguido pelo lançamento
do primeiro Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, em 2001. O período entre o lançamento dos
dois Atlas coincidiu com um aumento expressivo do número de patentes registradas, que pode
ser notado principalmente a partir de 1999 e atinge o seu primeiro pico em 2002.
Os dados das variáveis analisadas para o período posterior à 2002 são apresentados na
Figura 12. As variáveis foram parametrizadas através da divisão de cada valor individual pelo
maior valor registrado da série para todas as características analisadas.
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Novos
fornecedores Novas
usinas
eólicas
Total de patentes registradas no ano Nº de publicações sobre o tema energia eólica
O ano de 2002 foi marcado pela criação da ABEEólica, que busca a partir dessa data
defender os interesses do setor eólico. O ano também registrou um grande aumento no
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número de patentes criadas sobre a tecnologia eólica e o primeiro registro de um artigo
brasileiro referente ao tema (Scielo, 2016). Em 2003 surgem novos fornecedores de
tecnologia eólica (ABDI & DICE, 2014)e é criado o Proinfa. Em 2004 há novo
direcionamento de pesquisa, através da Resolução Normativa 77 e a ocorrência do primeiro
leilão do Proinfa, que resultou na contratação de potência de geração eólica (ANEEL, 2016).
A partir de 2006, surgem novas usinas eólicas e há aumento no número de
publicações. Em 2007 nota-se aumento expressivo na taxa de entrada de novos fornecedores.
No ano seguinte é verificado aumento expressivo na taxa de novas publicações sobre energia
eólica, bem como o início da retomada de investimentos no setor (ABEEÓLICA, 2015, p.
13).
O período de 2009 marca importantes desenvolvimentos do mercado eólico brasileiro:
os primeiros projetos eólicos fora do âmbito do Proinfa são contratados e a partir de então a
energia desse tipo de fonte é contratada em todos os anos seguintes, independente da
ocorrência dos leilões voltados às fontes alternativas (Cenários Eólica, 2015, p. 15). O ano
também foi marcado pela realização do primeiro Wind power do Brasil (Brazil Wind power,
2016), conhecido como o maior evento de energia eólica da América Latina, e da maior taxa
de registro de patentes averiguada - além de ser o ano em que a taxa do Finame passou a
exigir 90% de conteúdo local para financiamentos, o que pode ser uma das causas para o
aumento do número de fornecedores verificado em 2010 e 2011. O ano de 2011 também
marcou um aumento expressivo no volume de investimentos no setor.
O ano de 2012 registrou um aumento perceptível no número de publicações. O ano
ainda registrou o maior pico de registro de patentes já verificado. A ABEEólica passa a se
destacar mais a nível nacional, criando a rede de inovações, e em 2013, a GT Logística, além
de participar da criação do programa de certificação de energia renovável no mesmo ano. Os
investimentos no setor, que haviam registrado uma suave queda em 2012, voltam a subir até o
fim do período analisado. Apesar disso, há uma queda expressiva no volume de capacidade
eólica contratada, que volta a crescer abruptamente em 2013, ano em que é registrado o maior
volume de potência de geração eólica contratada do período analisado. O biênio 2013/2014
consagrou ainda a criação de 4 medidas específicas para o setor eólico (Cenários Eólica,
2014, p. 57) e queda no número de novos fornecedores. Em relação à 2014, houve o maior
número de publicações verificado, além da inserção no sistema de novas usinas eólicas e
aumento significativo dos investimentos no setor.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente capítulo mapeou o desenvolvimento do sistema de tecnologia eólica no
Brasil, através do uso de prospecção tecnológica com a fonte de informação do INPI e de
outras fontes de informações, necessárias para contextualização. A produção intelectual
através da proteção intelectual por meio das patentes são importantes indicadores de CT&I,
contudo não deve ser analisado isoladamente sem levar em consideração o contexto social,
político e econômico.
A análise de patentes contextualizadas com o cenário nacional e internacional permite
concluir que o Brasil encontra-se no estágio de desenvolvimento de tecnologia básica em
relação à energia renovável, especificamente em energia eólica, enquanto que a Europa
encontra-se no estágio de uso comercial da tecnologia. A importação de tecnologia pode ser
considerada uma das responsáveis pelo não desenvolvimento de novas tecnologias nacionais,
além do baixo incentivo do governo. A participação majoritária de pessoas físicas no registro
de patentes brasileiras sublinha o fato de que o desenvolvimento de patentes ainda desperta
pouca atenção empresarial no Brasil.
Cabe destacar ainda a importância da região sudeste do Brasil para o desenvolvimento
de suas patentes eólicas. Os três estados que lideram o registro de patentes brasileiras são
desta região (SP, MG e RJ), considerada também a região mais desenvolvida do país, com o
maior PIB per capita de todas as regiões brasileiras. Nesse aspecto, percebe-se que o
desenvolvimento de patentes relacionam-se melhor ao nível de desenvolvimento da região,
principalmente ao se considerar que a região Nordeste, nacionalmente conhecida como a
região com os melhores ventos para geração eólica e também o estado com a maior
capacidade de geração eólica instalada no Brasil - 81,4% de representatividade, comparados à
0,7% de representatividade do Sudeste (ABEEÓLICA, 2016, p. 7), possui pouca
representatividade no registro de patentes.
Por fim, vale destacar o conteúdo das patentes brasileiras registradas, majoritariamente
relacionado à motores movidos a vento. O conteúdo das patentes brasileira destoa da
tendência percebida pelo número total de patentes mundiais, principalmente em relação às
subclasses referentes à motores a vento com o eixo de rotação substancialmente perpendicular
ao fluxo de ar na entrada do rotor e à subclasse de conteúdo referente à adaptações de motores
a vento para uso especial/combinações de motores a vento com aparelhos por eles acionados.
A primeira subclasse citada destaca um foco mais direcionado à motores típicos de turbinas
de eixo horizontal, que representam quase a totalidade de turbinas em operação no Brasil.
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Constata-se com esse dado que o foco das patentes brasileiras é majoritariamente
unidirecional em relação às turbinas de eixo horizontal, típicas de áreas pouco povoadas -
como os litorais nordestinos- diferente da tendência mundial um pouco mais diversificada que
abrange também turbinas de eixo vertical. Já a segunda subclasse denota um comportamento
brasileiro de adaptação de outros motores, evidenciando a dependência nacional de importar
tecnologia estrangeira e adaptá-la ao próprio contexto.
Já a análise de perspectiva mostrou que alguma disfunção está desacelerando o
desenvolvimento do sistema de tecnologia eólica brasileiro. O programa Proinfa em especial,
mostrou-se um incentivo de extrema eficiência para potencializar o desenvolvimento do
sistema de inovaçãode energia eólica do Brasil nas fases iniciais de desenvolvimento. Porém,
em fases ainda mais primitivas, ficou evidenciada a importância do direcionamento de
pesquisa e das atividades empreendedoras, em conjunto com o desenvolvimento de
conhecimento, para a maturação inicial do sistema de inovação eólico brasileiro.
Para futuros trabalhos sugere-se a aplicação de outras metodologias que analisem a
difusão de energia eólica no Brasil sob outra perspectiva, e possibilitar a comparação com o
presente artigo.
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REFERENCIAS
AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL (ABDI) & MINISTÉRIO DO
DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR (DICE). Mapeamento da cadeia
produtiva da Indústria eólica no Brasil. Publicado em agosto de 2014. Disponível em:
http://investimentos.mdic.gov.br/public/arquivo/arq1410360044.pdf. Acesso em 5 de maio de 2016.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA EÓLICA (ABEEÓLICA). Boletim Anual de Geração Eólica
2014. Publicado em 2015. Disponível em: http://abeeolica.org.br/pdf/Boletim-Anual-de-Geracao-%20Eolica-
2014.pdf. Acesso em: 17 de abril de 2016.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA EÓLICA (ABEEÓLICA). Boletim Anual de Geração Eólica
2015. Publicado em 2016. Disponível em: http://www.portalabeeolica.org.br/pdf-
encontro/Abeeolica_BOLETIM-2015_low.pdf. Acesso em: 17 de abril de 2016.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Banco de Informações de Geração
(BIG). http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.cfm. Acesso em: 22 de abril de
2016.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Boletim de Informações Gerenciais -
Dezembro 2015. Publicado em 2015. Disponível em:
http://www.aneel.gov.br/documents/656877/14854008/Boletim+de+Informa%C3%A7%C3%B5es+Gerenciais+-
+Dezembro+2015/74ec6b73-0a7d-459b-b9ca-bb47ddb14e88. Acesso em: 18 de abril de 2016.
BrazilWindpower. O maior mercado de energia eólica da América Latina sediando o maior evento!
Disponível em: http://www.brazilwindpower.com.br. Acesso em: 15 de maio de 2016.
CENÁRIOS: ENERGIA EÓLICA. Anuário 2014/2015. Editora Brasil Energia. Publicado em agosto de 2014.
CENÁRIOS: ENERGIA EÓLICA. Anuário 2015/2016. Editora Brasil Energia. Publicado em agosto de 2015.
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http://www.ens.dk/sites/ens.dk/files/dokumenter/publikationer/downloads/wind_turbines_in_denmark.pdf.
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GLOBAL WIND ENERGY COUNCIL (GWEC). Global Wind Energy Outlook 2016. Publicado em outubro
de 2016. Disponível em: http://www.gwec.net/publications/global-wind-energy-outlook. Acesso em: 2 de
novembro de 2016.
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KAMP, L. M. Learning in wind turbine development - A comparison between the Netherlands and
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MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Metodologia Científica. 5a ed. São Paulo: Atlas, 2011.
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públicas. Publicado em maio de 2015. Disponível em:
http://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/15_6_2015_wwf_energ_eolica_final_web.pdf. Acesso em: 12
de maio de 2016.
354
Inovação tecnológica na
Geração de Energia Eólica
com uso de Aerofólios
Cabeados
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Inovação
tecnológica
na
Geração
de
Energia
Eólica
com
uso
de
Aerofólios
Cabeados
MENDONÇA,
A.
K.
S.;
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G.
R.
De acordo com o secretario geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-
moon (2011), a transição de energia convencional (fóssil) para sistemas sustentáveis é uma
perspectiva imperativa para século XXI. Os países industrializados devem acelerar a transição
para tecnologias de baixo carbono e os países em desenvolvimento têm a oportunidade de
abandonar as opções de energia convencional a favor de fontes alternativas de energia limpa
que vão impulsionar o crescimento e promover o desenvolvimento econômico e social.
Neste contexto, este capítulo tem como objetivo apresentar um panorama da energia
mundial, bem como da energia eólica e relatar avanços tecnológicos no uso da Energia Eólica
com Dispositivos Aéreos (Airborne Wind Energy - AWE) devido ao fato de ser uma
tecnologia inovadora que usa dispositivos aéreos para aproveitar a energia cinética dos ventos
e são capazes de se manter no ar através de forças aerodinâmicas.
Este artigo esta dividido em cinco seções, sendo a primeira composta por esta
introdução. A segunda seção apresenta o panorama da energia mundial, a terceira seção
descreve rapidamente o desenvolvimento da energia eólica atual. A quarta seção apresenta a
tecnologia inovadora de exploração de energia renovável denominada Airborne Wind Energy
System (AWE), seu modo de operação e os protótipos de pesquisa desenvolvidos por
empresas e universidades. As conclusões são apresentadas na quinta seção.
358
Inovação
tecnológica
na
Geração
de
Energia
Eólica
com
uso
de
Aerofólios
Cabeados
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G.
R.
Pode ser observado que 81% de TPED são cobertos por fontes fósseis (petróleo,
carvão e gás natural), e que 61% da TPED está relacionada com países não membros da
OECD, que representam um pouco mais da metade do consumo mundial de energia.
Tabela 2: Geração de energia elétrica mundial por fonte e região e sua distribuição por fonte em 2013
Fonte OECD Não-OECD Mundo Distribuição
Carvão 661 1217 1878 31%
Petróleo 209 243 452 8%
Gás-natural 880 650 1530 26%
Nuclear 315 78 392 7%
Hidroelétrica 469 659 1128 19%
Bioenergia 68 38 106 2%
Wind 194 123 317 5%
Geotérmica 7 4 12 0%
Solar 109 27 136 2%
CSP 3 0 4 0%
Maré 1 0 1 0%
Capacidade total (GW) 2917 3039 5956 100%
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Inovação
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Geração
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A.
G.
R.
A fonte geradora de energia mais representativa no mundo são as fontes fósseis, que
juntamente com a nuclear respondem por 72% da geração mundial de energia. As emissões
total de CO2 em 2013 corresponde por 32.192 Mt (milhões de tonelada), sendo o carvão
responsável por 14.324, petróleo por 11.305 e o gás-natural por 6.564 Mt de sua emissão.
Apesar de um número crescente de politicas públicas para a mitigação das alterações
climáticas, as emissões de gases de efeito estufa têm aumentado, ultrapassando muito os
resultados da década de 90 que foi de 20.934 Mt, colocando em risco o sistema climático
(IEA 2015, p.155).
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Inovação
tecnológica
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Geração
de
Energia
Eólica
com
uso
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LEZANA,
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G.
R.
densidade de potência superior a 10W/m2 por mais de 95% do tempo. A região norte-nordeste
do Brasil, a partir dos 1000m de altura apresenta uma densidade de energia significativa,
maior que 100W/m2 por mais de 95% do tempo e praticamente todo o mundo possui
densidade de potência maior que 100W/m2 por pelo menos 50% do tempo, sendo que os
melhores locais apresentam densidade de potência maior que 500W/m2 por mais de 50% do
tempo, como nas regiões norte/nordeste do Brasil, sul da América do Sul. Para aproveitar a
potência do vento alcançada em um valor determinado do vento que for excedido pelo menos
95% do tempo, as altitudes ideais estariam essencialmente na faixa entre 500m e 1.000m em
todo o mundo, bem acima do limite atual de turbinas eólicas atuais (150m), (ARCHER e
CALDEIRA, 2008).
Figura 3: Densidade de potência eólica (KW/m2) excedido durante 50%, 68% e 95% do tempo entre os anos de
1979 - 2006.
Segundo Fagiano, (2010), este potencial eólico disponível não pode ser aproveitado
com custos competitivos, pela tecnologia eólica atual com base em rotor e torres. Um
exemplo para comparar um sistema de geração de energia eólica com rotor e torres com um
sistema baseado em aerofólios é apresentado por Fagiano, (2009), onde uma turbina eólica de
2MW, tem na sua estrutura (rotor e torres) um peso de cerca de 300 toneladas, enquanto que
um gerador de alta altitude de mesma potência nominal é estimado ser obtido com um
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aerofólio de 500m2 e 1000m de cabos, com cerca de 2 toneladas. Para explorar ventos em alta
altitudes, uma nova classe de conversores de energia eólica com conceitos inovadores de
geração, foi concebido sob o nome de Airborne Wind Energy System (AWEs) ou ainda High
Altitude Wind Energy (HAWE) (FAGIANO e MILANESE 2010).
Energia Eólica em Alta Altitude ou Airborne Wind Energy System (AWE) é uma
tecnologia inovadora de exploração de energia renovável que usa dispositivos aéreos que
aproveitam a energia cinética do vento e são capazes de se manter no ar através de forças
aerodinâmicas. Esses dispositivos denominados aerofólios cabeados (Tethered airfoils), em
alguns casos usam asas similares à de um parapente ou kitesurf. Varias estruturas com
aerofólios cabeados tem sido estudada para o aproveitamento da energia dos ventos em altas
altitudes. Elas diferem, por exemplo, em relação ao tipo de asa, que pode ser rígida, flexível
ou híbrida, quanto ao local do gerador elétrico, que pode ser no solo ou em voo, quanto à
força aerodinâmica explorada, de arrasto (drag) ou sustentação (lift), quanto à forma de
controlar o voo do aerofólio, que depende do número de cabos e da posição dos atuadores e
sensores. Dentre essas possibilidades, uma configuração denominada pumping kite tem se
destacado por ser mais simples e com menor custo.
Um sistema pumping kite pode utilizar aerofólios rígidos ou flexíveis, explora a força
de sustentação do aerofólio, possui gerador no solo e pode ter diferentes formas de controle de
voo do aerofólio, com atuadores no solo ou em voo. A Figura 4 apresenta os principais
componentes de um sistema de geração de energia com uso de aerofólios cabeados.
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Figura 4: Componentes de um sistema de geração de energia elétrica com uso de aerofólios cabeados.
Esta tecnologia começou a ser intensivamente estudada nos últimos anos, embora
ainda não exista atualmente produtos comerciais disponíveis, pesquisas e investimentos
significativos estão sendo feitos. Um panorama sobre o estado da arte da tecnologia AWE,
foi publicado por Ahrens et al. (2014), e esta apresentado na Figura 5, onde diversos grupos
de pesquisas, incluindo academia e indústria envolvidos com atividades de pesquisa e
desenvolvimento (P&D) nesta área é apresentado. Estes grupos têm como objetivo, aproveitar
a energia do vento disponível em altitudes mais elevadas em relação a tecnologia eólica atual.
O potencial da tecnologia AWE utilizando aerofólios cabeados, tem sido investigado
há mais de 3 décadas. Sendo Loyd (1980), o precursor dos estudos da tecnologia AWE.
Loyd (1980) mostrou que, se os aerofólios são levados a voar em manobras em alta
velocidade, as forças aerodinâmicas resultantes podem gerar valores de potência
surpreendentemente elevadas.
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Figura 5: Instituições envolvidos com P&D em tecnologia AWE em 2015.
Loyd (1980) descreveu nesse artigo, intitulado Crosswind kite power (for large-scale
wind power production), dois modos de gerar energia elétrica por meio da tecnologia AWE, o
modo de sustentação com geradores no solo e o modo de arrasto com geradores suspensos. A
seguir serão apresentados os dois modos de geração de energia elétrica investigado pelos
grupos de P&D.
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Figura 6: Configurações para conversão de energia mecânica em energia elétrica com aerofólios cabeados
A configuração Ioiô, também conhecida como Pumping Kite, tem sido a estrutura
mais estudada na geração de energia através de aerofólios cabeados. O interesse pelo sistema
Ioiô se deve, provavelmente, ao seu conceito com uma estrutura eletromecânica de geração
mais simples e apenas um aerofólio necessário para movimentar a estrutura. As principais
variantes dessa configuração estão relacionadas ao tipo de aerofólio utilizado, eles podem
variar, por exemplo, no número de asas (simples ou múltiplos), a sua rigidez (rígido ou
flexível), e a localização dos atuadores de controle de voo (solo ou suspenso).
O sistema possui duas fases em um ciclo completo de operação (HOUSKA, 2007):
• a primeira é a fase de geração, em que a pipa é levada pelo vento, desenrolando o
carretel através do cabo e com isso provocando um torque no eixo do gerador
levando-o a produzir energia elétrica. Além disso, de modo a evitar torção no
cabo, uma trajetória do tipo "oito deitado" (∞) é em geral utilizada. O aerofólio
percorre essa trajetória com velocidade muito maior que a do vento, o que permite
aumentar de forma marcante a eficiência no aproveitamento da energia dos ventos.
• a segunda é a fase de recolhimento do cabo ou fase passiva, ela começa quando
o cabo atinge o seu comprimento máximo. Nessa situação o ciclo de geração se
encerra e o aerofólio é reconfigurado para oferecer menor resistência ao
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recolhimento do cabo. Uma pequena parte da energia gerada é utilizada para
recolher o cabo até o comprimento inicial onde a fase de geração teve início. Uma
vez recolhido a esse ponto, a fase de geração recomeça.
A energia produzida na fase de geração menos a energia gasta na fase de recolhimento é a
energia que efetivamente o sistema Ioiô consegue produzir.
Uma variante para a configuração Ioiô é o uso de Múltiplos Aerofólios fixados no
mesmo cabo ao solo. A Figura 7 apresenta esta configuração.
Uma ideia similar também é aplicável num sistema convencional onde turbinas eólicas
com múltiplas pás podem ser utilizadas. Esta abordagem apesar de interessante, possui
algumas dificuldades relacionadas ao controle da trajetória conjunta dos aerofólios, pois evitar
o choque entre os aerofólios e realizar as manobras de pouso e decolagem tornam-se tarefas
mais complexas.
Mais informações sobre arranjos com múltiplos aerofólios podem ser encontrados nos
trabalhos de Houska (2007), e Sequoia (2014).
Na configuração Carrossel, vários aerofólios são fixados sobre os braços de um
sistema mecânico de rotação acoplado a um gerador com rotor de eixo vertical, como
apresentado na figura 6(b). Nesta configuração, a geração de energia ocorre com o
movimento rotativo e necessita de um sistema de controle coordenado e sincronizado para
evitar colisões entre os aerofólios (KITEGEN, 2014), assim como a estrutura baseada com
múltiplos aerofólios também necessita.
4.2 Modo de Arrasto
Uma configuração baseada no modo de arrasto, consiste de um aerofólio rígido
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cabeado (asa rígida ligada ao solo por um cabo), semelhantes as asas de aviões. Nele são
embarcadas pequenas turbinas responsáveis pela geração de energia, semelhantes às turbinas
eólicas atuais, no entanto, a velocidade do aerofólio é geralmente muito maior fazendo com
que a rotação da turbina seja grande em comparação com uma turbina eólica. A energia
gerada é transmitida ao solo através do mesmo cabo que sustenta o aerofólio. Tem eficiência
aerodinâmica superior as dos aerofólios flexíveis, entretanto, os aerofólios rígidos tem uma
estrutura mais robusta e, portanto, são mais caros e mais pesados (VERMILLION;
GRUNNAGLE; KOLMANOVSKY, 2012 e MAKANIPOWER, 2014). A Figura 8 apresenta
protótipos de sistemas AWE em modo de arrasto das empresas Altaeros (esquerda), Makani
Power (direita).
Figura 8: Aerofólio cabeado em modo de arrasto, das empresas Altaeros e Makani Power
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3.2.2.2 Protótipos Makani Power
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Dentre as quais, WO2010134997, descreve um sistema para geração de energia que
compreende uma asa, uma turbina, um cabo e um sensor de tensão do cabo (GRIFFITH et al,
2009a). O deposito da patente US20090072092, pretende resolver o problema de pouso e
decolagem com um voo bimodal, (Griffith et al, 2009). O cabo tem uma seção transversal
não circular, que é concebida para ter menos arrasto aerodinâmico, (Griffith et al, 2009b). O
arrasto aerodinâmico é formado pelo fluxo de ar que reflete sobre a superfície dos cabos que
fixam o aerofólio no solo, agindo no sentido de diminuir ao mínimo possível a velocidade de
deslocamento do aerofólio.
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Figura 9: Sistema SkySails para propulsão de navios
A equipe de pesquisa da empresa Italiana KiteGen (2016), está envolvida desde 2003
no desenvolvimento de uma nova tecnologia para a transformação da energia do vento
presente em alta altitude em energia elétrica. Esta tecnologia denominada KiteGen, foca na
captura de energia eólica, com uso e controle de aerofólios cabeados, (CANALE, FAGIANO
E MILANESE, 2006), (MILANESE e IPPOLITO, 2007) e (MILANESE, MILANESE e
NOVARA, 2007).
Um sistema para realização do controle automático do voo de um aerofólio cabeado,
controlado e conduzido adequadamente por uma unidade de controle automático foi descrito
em (MILANESE, MILANESE e NOVARA, 2007), (IPPOLITO, 2008).
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KiteGen, como primeiro passo do projeto, desenvolveu um protótipo em pequena
escala para demonstrar a capacidade de controlar o voo e produzir uma quantidade
significativa de energia.
Para geradores de médio à grande escala, uma configuração alternativa teve inicio com
as pesquisas de Canale, Fagiano e Milanese (2007): a configuração em carrossel.
A configuração em carrossel é composta por uma série de unidades de pipa - Kite
Steering Units (KSUs), com geradores e motores montados sobre trilhos e que se
movimentam em uma trajetória circular, figura 6(b). Cada aerofólio é controlado por uma
KSUs colocados sobre o braço rígido de um rotor de eixo vertical a um motor no centro do
carrossel, onde o gerador está localizado. Para conceber o controle das asas, altera-se o
comprimento dos cabos, de modo a obter as trajetórias ótimas para a geração de energia.
De acordo com Ippolito, Taddei (2008), esta invenção refere-se a um processo para a
produção de energia elétrica através de um sistema conversão da energia cinética do vento
para energia elétrica, utilizando um modulo ferroviário arrastado por aerofólios. Uma asa com
operação em dois modos foi patenteada para passar de uma forma em círculo para uma forma
plana, composto por três ou mais aerofólios ligados em serie e mutuamente articulado entre
pelo menos, um par de aerofólios, (IPPOLITO, 2014).
A KiteGen também tem investido em infraestrutura offshore para gerador eólico troposférico,
no qual compreende uma plataforma flutuante (navio) capaz de alojar um gerador eólico
impulsionados por aerofólios cabeados, (IPPOLITO, 2010). Outras propriedades intelectuais da
empresa KiteGen podem ser encontradas na tabela 6.
WO2016129004 07.01.2016 18.08.2016 Massimo Ippolito Improved infrastructure for driving kites
of a tropospheric wind generator
WO2016113765 07.01.2016 21.07.2016 Massimo Ippolito Ground station of a tropospheric wind
generator
US20160145082 26.03.2014 26.05.2016 Massimo Ippolito Improved pulley for high-efficiency
winch
US20160138566 05.06.2014 19.05.2016 Massimo Ippolito System and process for starting the flight
of power wing airfoils, in particular for
wind generator
US20160108888 05.06.2014 21.04.2016 Massimo Ippolito Kite wind energy collector
WO2015181841 05.03.2015 03.12.2015 Massimo Ippolito Apparatus for converting mechanical
energy into electric energy
WO2015136560 02.02.2015 17.09.2015 Massimo Ippolito Bi-mode wing for power wing profile
WO2015136559 02.02.2015 17.09.2015 Massimo Ippolito Modulating circuit breaking phase-meter
EP2929181 07.12.2012 14.10.2015 Massimo Ippolito Wind energy conversion system with
kites towing modules on a rail
WO2015107556 26.11.2014 23.07.2015 Massimo Ippolito Arc-type wing equipped with adjustable
junction system of bridles
WO2015102028 26.11.2014 09.07.2015 Massimo Ippolito High efficiency rope, in particular for
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controlling wing profiles
WO2015037025 04.09.2014 19.03.2015 Massimo Ippolito Method for setting up an arc-type wing
WO2015037027 04.09.2014 19.03.2015 Massimo Ippolito Tensioning and tension measuring device
of at least one rope
WO2014199405 13.05.2014 18.12.2014 Massimo Ippolito System for measuring the wind speed at a
certain height
WO2014199406 05.06.2014 18.12.2014 Massimo Ippolito System and process for starting the flight
of power wing airfoils, in particular for
wind generator
EP2685091 13.02.2008 15.01.2014 Massimo Ippolito, Franco Wind energy converter using kites
Taddei
ZA2011/05137 12.07.2011 28.03.2012 Dr Gerntholtz Incdr Tether for tropospheric aeolian generator
Gerntholtz Inc
EP2393980 20.01.2010 14.12.2011 Massimo Ippolito Tropospheric aeolian generator
comprising a tether
IL209442 18.11.2010 31.01.2011 Massimo Ippolito Infrastructure for tropospheric aeolian
generator
TN2009000385 18.09.2009 31.12.2010 Taddei Franco, Massimo Wind system for converting energy by
Ippolito translating on a rail modules dragged by
kittes and process for producing electric
energy through such system
TN2008000452 10.11.2008 14.04.2010 Massimo Ippolito System and process for automatically
controlling the flight of power wing
airfoils
WO2008072269 30.11.2007 19.06.2008 Mario Milanese, Andrea System for perfoming the automatic
Milanese, Carlo Novara control of the flight of kites
US20100019091 30.11.2007 28.01.2010 Mario Milanese, Andrea Automatic kite flight control system
Milanese, Carlo Novara
za2008/08778 15.10.2008 28.10.2009 Massimo Ippolito, Taddei Aeolian system comprising power wing
Franco, Dr Gerntholtz Incdr profiles and process for producing eletric
Gerntholtz Inc energy
WO2009147692 29.05.2009 10.12.2009 Massimo Ippolito Infrastructure for driving and assisted
take-off of airfoils for tropospheric
aeolian generator
WO2007135701 03.05.2007 29.11.2007 Mario Milanese, Massimo Automatic control system and process for
Ippolito, the flight of kites
WO2010143214 12.06.2009 16.12.2010 Massimo Floating offshore kite powered generator
Fonte: Elaborado pelos autores baseados no WIPO (2016).
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5. CONCLUSÃO
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Mauricio Uriona Maldonado
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1. Introdução
Como pode-se perceber nos capítulos apresentados anteriormente, há uma clara inter-
relação entre as três áreas de pesquisa (Empreendedorismo, Inovação e Sustentabilidade),
principalmente, no que se refere a co-evolução delas.
Assim, ao nosso ver, existem alguns desafios que ainda devem ser superados
individualmente, mas também existem outros que devem ser superados em conjunto, este
capítulo apresenta, de uma forma sucinta, esses desafios.
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empresa? iv) meu produto esta de acordo com as legislações e regulamentações ambientais?,
entre outros questionamentos que o empreendedor deve ter ao momento de lançar novos
produtos.
Outro fator que o empreendedor deve ter preocupação é com a gestão de lançar produtos
inovadores e que causem satisfação o consumidor. Pensando sempre, como este produto
impactara na sociedade, na região, no país e nas legislações.
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CALIARI, 2016; ZIMMER et al., 2016). Do ponto de vista do sistema de inovação, o foco das
pesquisas deve aprofundar em evidências mais objetivas dos impactos positivos (negativos) do
financiamento e fomento as atividades de inovação nas empresas e em como o marco
institucional pode ser modificado para facilitar o acesso a essas fontes.
Por fim, a nível macro, a abordagem dos sistemas de inovação tem um desafio
importante, que está relacionado com a mensuração e avaliação mais apropriada do sistema. As
pesquisas na área salientam a chamada ‘análise estática’ como uma das maiores limitações da
abordagem, isto é, o uso de indicadores tradicionais para mensurar o desempenho inovativo,
tais como o número de patentes, os dispêndios em P&D ou o número de doutores e
pesquisadores. Para os críticos destes indicadores, os mesmos apenas mensuram resultados
pontuais e falham na visualização da evolução positiva ou negativa dos mesmos ao longo do
tempo (HEKKERT et al., 2007). Trabalhos mais recentes têm procurado oferecer alternativas
de mensuração dinâmica do sistema de inovação, ao propor ferramentais alternativos aos
utilizados tradicionalmente, tais como o método de painel de cointegração econométrico
(CASTELLACCI; NATERA, 2013), as funções do sistema de inovação (HEKKERT; NEGRO,
2009) e a simulação dinâmica (URIONA; GROBBELAAR, 2016).
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5. Considerações Finais
Este capítulo tem apresentado, de forma sintética, quais são alguns dos principais
desafios do empreendedorismo, da inovação e da sustentabilidade, como áreas de pesquisa do
Laboratório de Empreendedorismo e Inovação, da Universidade Federal de Santa Catarina.
Porém, sabemos que ainda existem mais desafios e oportunidades de pesquisas a serem
superados e enfrentados pela sociedade acadêmica e empresários em prol do Desenvolvimento
Sustentável das Organizações, nestas temáticas.
Fica evidente, nas pesquisas apresentadas neste livro, que as três áreas do conhecimento
(Empreendedorismo, Inovação e Sustentabilidade) necessitam de mais desdobramentos e
descobertas, deixando um campo vasto de lacunas de pesquisas.
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Case Study in Brazil Managing Innovation in Small High-Technology Firms: A Case Study in Brazil
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Esta obra foi elaborado com intuito de proporcionar ao leitor um
entendimento teórico para colocar em prática em suas organizações e/ou
pesquisas sobre o tema de Empreendedorismo, Inovação e
Sustentabilidade. Este primeiro volume é destinado à estudantes,
professores, pesquisadores e empresários interassados na aréa.
Todos os capítulos foram escritos pelos integrantes do Laboratório
de Empreendedorismo e Inovação da Universidade Federal de Santa
Catarina, do Departamento de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção.
Deixamos aqui os nossos agredecimentos a todos os participantes e
o nosso desejo de uma excelente e produtiva leitura!