Teste Adaptado - 8ano
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Professor(a)_______________________E. de Educação__________________________
GRUPO I – LEITURA
Durante uns dias não escrevi nada porque, primeiro quis pensar seriamente na
finalidade e no sentido de um diário. Experimento uma sensação singular ao escrever o
meu diário. Não é só por nunca ter escrito, suponho que, mais tarde, nem eu nem
ninguém achará interesse nos desabafos de uma rapariga de treze anos. Mas na
realidade tudo isso não importa. Apetece-me escrever e quero aliviar o meu coração
de todos os pesos.
- O papel é mais paciente do que os homens -. Era nisso que eu pensava muitas vezes
quando, nos meus dias melancólicos, punha a cabeça entre as mãos e sem saber o que
havia de fazer comigo. Ora queria ficar em casa, ora queria sair e, a maior parte das
vezes, ficava-me a cismar sem sair do sítio. Sim, o papel é paciente! E não tenciono
mostrar este caderno com o nome pomposo de – Diário - seja a quem for, a não ser
que venha a encontrar na minha vida o tal - grande amigo -, ou a tal - grande amiga-.
De resto, a mais ninguém poderá́ interessar o que vou escrever. E pronto! Cheguei ao
ponto principal de todas estas considerações: não tenho uma verdadeira amiga! Vou-
me explicar melhor, pois ninguém pode compreender que uma rapariga de treze anos
se sinta só. É, de facto, coisa estranha. Tenho pais simpáticos e bons, tenho uma
irmã de dezasseis anos, ao todo, por aí uns trinta conhecidos ou o que se chama
geralmente – amigos -. Tenho uma comitiva de admiradores que me fazem todas as
vontades. Mesmo na aula tentam ver-me o rosto com um espelhinho de bolso e só se
dão por satisfeitos quando lhes sorrio. Tenho parentes, tias e tios, muito simpáticos,
uma casa bonita, e, pensando bem, não me falta nada, senão uma amiga! Com todos
os meus numerosos conhecidos, só consigo fazer tolices ou falar sobre coisas banais.
Não me é possível abrir-me, sinto-me como que "abotoada". Pode ser que esta falta de
confiança seja defeito meu.
Mas não há nada a fazer e tenho pena de não poder modificar as coisas.
Por tudo isto é que escrevo um diário. E para evocar na minha fantasia a ideia da
amiga há tanto tempo desejada, não quero, como qualquer pessoa, assentar só factos.
Este diário é que há-de ser a minha amiga, e vou-lhe pôr um nome. Essa amiga chama-
se Kitty.
In, https://professordiegodelpasso.files.wordpress.com/2016/05/o-dic3a1rio-de-anne-
frank.pdf
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
e. Este diário é que há-de ser a minha amiga, e vou-lhe pôr um nome.
f. Era nisso que eu pensava muitas vezes quando, nos meus dias melancólicos, punha a
cabeça entre as mãos e sem saber o que havia de fazer comigo.
g. Tenho parentes, tias e tios, muito simpáticos, uma casa bonita, e, pensando bem,
não me falta nada, senão uma amiga!
2. Assinala, para cada uma das alíneas seguintes (2.1. a 2.3.), a opção correta, de
acordo com o texto.
3.1. “(... ) Era nisso que eu pensava muitas vezes (...).” (linha 6).
Um dia, aproximadamente por esta mesma época, fui de excursionista a Mafra. Tinha
nascido na Azinhaga, vivia em Lisboa, e agora, quem sabe se por um cúmplice aceno
dos fados, uma piscadela de olhos que então ninguém poderia decifrar, levavam-me a
conhecer o lugar onde, mais de cinquenta anos depois, se decidiria, de maneira
definitiva, o meu futuro como escritor. Não recordo que os Baratas tivessem ido
connosco.
Tenho mesmo a ideia vaga de que nos levou de automóvel um conhecido qualquer de
meu pai que, tanto quanto sei, não deixou outro sinal de passagem nas nossas vidas.
Dessa breve viagem (não entrámos no convento, apenas visitámos a basílica) não
guardo mais viva lembrança que a de uma estátua de S. Bartolomeu colocada, e aí
continua, na segunda capela do lado esquerdo de quem entra, a que chamam, creio,
em linguagem litúrgica, o lado do Evangelho. Andando eu, pela minha pouca idade, tão
falto de informação sobre o mundo das estátuas e sendo a luz que havia na capela tão
escassa, o mais provável seria que não me tivesse apercebido de que o desgraçado
Bartolomeu estava esfolado se não fosse a parlenga do guia e a eloquência
complacente do seu gesto ao apontar as pregas de pele flácida (ainda que de
mármore) que o pobre martirizado sustinha nas suas próprias mãos. Um horror. No
Memorial do Convento não se fala de S. Bartolomeu, mas é bem possível que a
recordação daquele angustioso instante estivesse à espreita na minha cabeça quando,
aí pelo ano de 1980 ou 1981, contemplando uma vez mais a pesada mole do palácio e
as torres da basílica, disse às pessoas que me acompanhavam: «Um dia gostaria de
meter isto dentro de um romance.» Não juro, digo só que é possível.
In, https://www.jaimemoniz.com/images/docs/recursos/PequenasMemórias.pdf
2. Produção escrita
Bom trabalho!