Meta 02 - Etapa 01

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Curso RDP

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t

INTENSIVO
DEFENSORIAS

Meta 02, etapa 01

www.rumoadefensoria.com
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

SUMÁRIO

EXECUÇÃO PENAL ...................................................................................................................................... 4


1. PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO PENAL ..............................................................................................5

1.1 PRINCÍPIO DA NÃO MARGINALIZAÇÃO (OU NÃO DISCRIMINAÇÃO) ...............................................6

1.2 PRINCÍPIO DA TRANSCENDÊNCIA MÍNIMA .................................................................................7

1.3 PRINCÍPIO DO NUMERUS CLAUSUS...........................................................................................8

2. NATUREZA JURÍDICA DA EXECUÇÃO PENAL ............................................................................... 10

3. OUTROS PRINCÍPIOS - NÃO ÓBVIOS - IMPORTANTES .................................................................. 13

3.1PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO PRESO............................................................................. 13

3.2 PRINCÍPIO RESSOCIALIZADOR ................................................................................................ 13

3.3 PRINCÍPIO DA COMPLEXIDADE ............................................................................................... 14

3.4 PRINCÍPIO DA NORMATIVIDADE/ E DA NORMATIVIDADE ANTERIOR ........................................... 15

3.5 PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE DA PENA ....................................................................... 16

3.6 PRINCÍPIO DA IGUALDADE ..................................................................................................... 16

4. EXAME CRIMINOLÓGICO: O QUE DEVEMOS SABER? ................................................................... 16

5. EXECUÇÃO PENAL: PERSPECTIVA REDUTORA DE DANOS ............................................................. 22

6. TRABALHO PENITENCIÁRIO ..................................................................................................... 25

6.1 TRABALHO EXTERNO ............................................................................................................ 27

7. DEVERES DO PRESO ............................................................................................................... 31

8. DIREITOS DAS PESSOAS PRESAS ............................................................................................... 32

9. REVISTA ÍNTIMA EM PRESÍDIOS. ISSO PODE? ............................................................................. 36

9.1 REVISTA ÍNTIMA E MEDIDA PROVISÓRIA DO COMPLEXO DE CURADO – PE ................................... 37

10. DISCIPLINA DOS PRESOS ....................................................................................................... 39

10.1 FALTAS DISCIPLINARES ........................................................................................................ 40

10.2 FALTAS GRAVES EM ESPÉCIE ................................................................................................ 42

10.3 REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (RDD) ........................................................................... 49

10.4 ESPÉCIES DE SANÇÕES DISCIPLINARES................................................................................... 54

11. ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL .............................................................................................. 58

12. ENUNCIADOS SOBRE EXECUÇÃO PENAL .................................................................................. 62

DIREITO ADMINISTRATIVO........................................................................................................................ 71
1. INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................. 71

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1.1 PODERES DO ESTADO ........................................................................................................... 71

1.2 GOVERNO X ESTADO ............................................................................................................ 72

1.3 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – ESTRUTURA E EXERCÍCIO DA FUNÇÃO ADMINISTRATIVA ................ 72

1.4 CRITÉRIOS DE DEFINIÇÃO DO QUE É ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................. 73

1.5 ADMINISTRAÇÃO DIRETA, INDIRETA E TERCEIRO SETOR – CONCEITOS ESSENCIAIS ........................ 75

1.6 GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – DISTINÇÕES .............................................................. 76

1.7 CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO ................................................... 79

2. ÓRGÃOS PÚBLICOS ................................................................................................................ 82

3. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO ..................................................................................... 84

4. INTERPRETAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO ......................................................................... 85

5. SISTEMAS DE CONTROLE DA ATIVIDADE DO ESTADO .................................................................. 85

6. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO ........................................................................................ 89

7. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................................................ 90

7.1 PRINCÍPIOS EXPRESSOS ......................................................................................................... 90

7.2 PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS ........................................................................................................ 95

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EXECUÇÃO PENAL

Princípios constitucionais que regem a execução penal. Objeto e aplicação da lei de execução penal.
Do exame de classificação e criminológico. Trabalho penitenciário.

Fala galera!!!! Estamos de volta!

Hoje damos continuidade ao nosso Curso Intensivo. Estamos trabalhando MUITO para que o
material fique o mais completo possível sem, contudo, deixá-lo absolutamente extenso ao ponto de
você não dar conta de lê-lo.

Agora vamos ao que interessa.

Começaremos Execução Penal (em um viés crítico, para te preparar para qualquer prova da
DPE do Brasil).

Meus amig@s, temos mais ou menos 8 meses para estudarmos os pontos mais importantes
para nossa prova, portanto não abordaremos absolutamente TUDO, porque isso seria impossível
nesse período.

Selecionamos quase 90% dos pontos do edital, justamente aqueles que vocês não podem
deixar passar nunca (pois são esses que aparecem nas provas, como vocês verão). Mas atenção:
fugiremos do óbvio.

Feitas essas observações, vamos lá.

Execução penal uma é das melhores disciplinas para a Defensoria Pública. O conteúdo não é
extenso e geralmente são pelo menos 5 questões na prova objetiva, além, é claro, de sempre estar
presente na prova discursiva e prova oral. Então vale MUITO a pena investir nessa matéria.

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O melhor livro de execução penal hoje para a Defensoria Pública, é, sem dúvidas, a obra do
Professor e Defensor Público Rodrigo Roig, que se chama “Execução Penal: teoria crítica”. Aconselho
demais a leitura. O livro é simplesmente sensacional! Trataremos de muitos detalhes desta obra em
nosso curso, razão pela qual não se faz obrigatória a compra do livro (apenas se você puder e
quiser).

Agora vamos lá!

Inicialmente, precisamos saber os principais princípios que regem a execução penal,


segundo Roig, certo?

1. PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO PENAL1

1. PRINCÍPIO DA HUMANIDADE
2. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
3. PRINCÍPIO DA NÃO MARGINALIZAÇÃO (OU NÃO DISCRIMINAÇÃO) DAS PESSOAS PRESAS OU
INTERNADAS
4. PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
5. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
6. PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
7. PRINCÍPIO DA LESIVIDADE
8. PRINCÍPIO DA TRANSCENDÊNCIA MÍNIMA
9. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
10. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
11. PRINCÍPIO DA CELERIDADE (OU RAZOÁVEL DURAÇÃO) DO PROCESSO DE EXECUÇÃO PENAL
12. PRINCÍPIO DO NUMERUS CLAUSUS

CAIU NA DPE-MA-2018-FCC: “Sobre os princípios constitucionais que regem a execução penal, é

1Em nossa área do aluno, há três videoaulas objetivas e bemmmmm sangue-verde sobre princípios na execução penal
gravadas em 2021 pelo professor e Defensor Público Mário Sérgio. Basta clicar em videoaulas (abaixo de rankings) na
plataforma.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 5
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correto afirmar que o princípio da intranscendência da pena impede que a progressão de regime
ocorra de forma automática”.2

Segundo Roig, esses são os princípios que regem a execução penal. Acredito que a maioria
deles seja de conhecimento de vocês, razão pela qual farei alguns comentários acerca daqueles
menos conhecidos, como o princípio da não marginalização, transcendência mínima e numerus
clausus, que embora sejam os menos conhecidos, são os mais afetos à Defensoria (como falamos,
fugiremos do óbvio, pois esse curso é para você desenvolver raciocínio crítico para Defensoria
Pública).

1.1 PRINCÍPIO DA NÃO MARGINALIZAÇÃO (OU NÃO DISCRIMINAÇÃO)

Para Roig, “apesar da difusão das posições que passaram a enxergar o recluso como sujeito
de direitos, jamais foi abandonada que as pessoas presas deveriam ter necessariamente menos
garantias ou menos direitos do que as pessoas livres”. Na verdade, é justamente nessa falsa ideia
que se pauta o princípio da “Less Eligibility”3.

No entanto, nós devemos ter um senso crítico para entender que essas ideias, ainda que
existentes no senso comum, não devem prevalecer. Principalmente pelo fato de que é
demasiadamente raso (e, por vezes, feito com má fé por parte do interlocutor, que se vale de uma
narrativa ad terrorem para convencer o público de suas ideias) o argumento de que a criminalidade
é uma “escolha”.

CAIU NA DPE-PR-2017-FCC: “As condições de vida no cárcere devem ser necessariamente piores do
que as condições de vida dos trabalhadores livres”. O princípio correspondente à assertiva acima é o

2 ERRADO. A questão está errada, pois o princípio da intranscendência da pena não guarda relação com a explicação
dada. Certamente o princípio mais adequado ao caso seria o da individualização da pena.
3 Segundo Patrick Lemos Cacicedo, examinador da FCC em diversos concursos de Defensoria Pública, “A partir do Poor

Law Amendment Act, de 1834, o princípio da Less EIigibility determina que as condições de vida no cárcere devem ser
acentuadamente piores que as condições de vida dos mais precários trabalhadores livres, para que preserve seu caráter
punitivo e se mantenha devidamente dissuador diante do custo da opção de delinquir.” Para aprofundamentos, acesse
seu trabalho. Disponível em: http://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista67/revista67_306.pdf.
Acesso em 26/01/2021.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 6
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Less Eligibility4.
A Defensoria Pública, como já dissemos em algumas oportunidades, exerce uma função
contramajoritária, pois atuamos em favor de grupos vulneráveis e de pessoas necessitadas, seja
financeira, jurídica ou organizacional.

SE LIGA, ALUN@ RDP: vamos relembrar que, segundo o Ministro Barroso, o Poder Judiciário
também possui função contramajoritária (em conjunto com a função iluminista e de
representatividade). Ocorre que o Judiciário é pautado por princípios que limitam sua atuação,
mormente os princípios da inércia e da adstrição. Sendo assim, quando falamos que a Defensoria
Pública possui função contramajoritária, queremos dizer que seu papel nesse aspecto vai muito
além daquele relacionado ao Judiciário; assim, caberá a você futur@ Defensor(a) de forma
independente, no uso de suas atribuições, prezar pelos objetivos da instituição, que se coadunam, e
muito, com os objetivos da República.

Nessa esteira, devemos combater justamente essa ideia de que as pessoas presas devem ser
marginalizadas, até porque isso faz com que a prevenção, tanto especial como geral, efetivamente
não funcionem.

1.2 PRINCÍPIO DA TRANSCENDÊNCIA MÍNIMA

Certamente você já ouviu falar no princípio da intranscendência da pena, certo? Pois é, para
o Defensor Público Rodrigo Duque Estrada Roig, o mais técnico seria falar em “transcendência
mínima”, pois colocar alguém no cárcere SEMPRE trará efeitos deletérios a outras pessoas.

Imaginem que um pai de família cometa um roubo qualificado por emprego de arma de
fogo. O magistrado converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva. Pergunta-se: a família
desse homem (filhos, esposa, etc.), vai sofrer ou não com essa prisão? Evidentemente que sim.

Imaginem, ainda, que uma mulher, mãe de duas crianças, tenta entrar com droga em uma

4 CORRETO.

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penitenciária, mas é presa em flagrante. Os filhos dela vão ou não sofrer? É inegável que sim.

Por esses motivos, o professor entende que sempre haverá a transcendência, mas ela deve
ser mínima, razão pela qual o nome técnico do princípio seria transcendência mínima, certo?
#ALUNORDPÉDIFERENCIADO #PODEVIRFCC #CESPEVENHAQUETÔPREPARADO

Por fim, vamos falar sobre um princípio que causou bastante terror na DPE-PR: numerus
clausus.

1.3 PRINCÍPIO DO NUMERUS CLAUSUS

Esse princípio foi responsável por uma reprovação em massa na discursiva da DPE-PR, em
2017, conduzida pela FCC, mas com banca própria. O examinador pediu para que o candidato
dissertasse, em execução penal, sobre o princípio numerus clausus (veja abaixo):

Centenas de pessoas escreveram o que parecia mais óbvio, isto é, que as penalidades
previstas para aplicação no âmbito da execução penal são previstas em rol taxativo, isto é, em
“numerus clausus” (rol fechado). E quem escreveu isso teve toda sua questão atribuída a zero,
porque esse princípio não tem qualquer relação com essa explicação.

Quem havia lido o livro do Roig conseguiu acertar a questão.

Vamos lá.

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Segundo o professor e Defensor Rodrigo Estrada Roig, o princípio do “numerus clausus” é, na


verdade:

“Um princípio por meio do qual cada nova entrada de uma pessoa no
âmbito do sistema carcerário deve necessariamente corresponder ao menos
a uma saída, de forma que a proporção presos-vagas se mantenha sempre
em estabilidade ou tendencialmente em redução.”

É isso. Cada entrada, uma saída. Mas o contrário não é verdadeiro. Viu como não é difícil?

#APROFUNDARDP: Acharam que tinha acabado a explicação sobre o princípio? Acharam erraaaado.
Amig@s, o princípio do numerus clausus se subdivide em três espécies, cada qual atinente a uma
ótica da execução penal:
a) numerus clausus preventivo: nesta modalidade, há vedação da entrada de novos presos no
sistema penitenciário em caso de falta de vaga. Dessa forma, o condenado fica em prisão domiciliar
“aguardando” que surja uma vaga para ele cumprir a pena em local adequado. Mas ATENÇÃO:
enquanto estiver em prisão domiciliar, o condenado já está cumprindo pena e esse tempo de
“cárcere” será computado para obtenção dos direitos inerentes à execução penal.
b) numerus clausus direto: nessa perspectiva, a tentativa de se aliviar a superlotação carcerária é
mais incisiva, de maneira que o numerus clausus direto prega que os presos com pena próxima ao
seu cumprimento devem ou receber indulto ou terminar de cumprir a reprimenda em prisão
domiciliar (neste último caso, basta lembrar que em nosso ordenamento jurídico determinados
crimes obstam a concessão de indulto).
c) numerus clausus progressivo: neste caso, vê-se a clara tentativa de se equilibrar a lotação
carcerária, eis que para cada entrada no sistema penitenciário haverá, como um efeito em cascata,
uma saída. Assim, quando alguém entra no sistema em regime fechado, um preso que já estava
nesse regime para o semiaberto; por sua vez, um preso do regime semiaberto progride para o
aberto e, por fim, um preso do regime aberto recebe liberdade condicional. Contudo, deve-se
atentar que:

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(...) Para evitar subjetivações e iniquidades, os critérios de inclusão no numerus clausus progressivo
também deveriam ser bem definidos. Como requisito subjetivo restaria então a verificação do índice
comportamental da pessoa presa, presente no atestado de conduta carcerária (ou, caso a pessoa
esteja em prisão domiciliar, a verificação de seu regular cumprimento). Como requisito objetivo,
figuraria a maior proximidade temporal de atingimento da progressão de regime (ou livramento
condicional, para os que se encontrarem em regime aberto ou prisão domiciliar) 5.
Obs.: gente, na nota de rodapé está o link do artigo do próprio Roig em que ele faz uma explanação
completa sobre o princípio. LEIAM O ARTIGO NA INTEGRALIDADE, por favor. O aprofundamento em
certos temas pode ser crucial para sua aprovação.

2. NATUREZA JURÍDICA DA EXECUÇÃO PENAL

A execução penal tem natureza jurídica jurisdicional ou administrativa? Porque perceba que
há diversos atos praticados pelo diretor do estabelecimento, por exemplo, e outros pelo magistrado.
E agora?

Sobre o tema, Lembra Roig:

(...) Sobre a natureza da execução penal, desenvolveu-se inicialmente a


compreensão de que aquela possuía caráter administrativo, ideia esta
fundada na doutrina política de Montesquieu sobre a separação dos
poderes. Ao longo do tempo, tal concepção perdeu força, sobretudo após a
tendência jurisdicionalizante inaugurada após a Segunda Guerra. Em nosso
país, esta concepção não mais encontra guarida na doutrina.
Minoritariamente em defesa do caráter administrativo da execução penal,
Adhemar Raymundo da Silva observava que “cessada a atividade do Estado-
jurisdição com a sentença final, começa a do Estado-administração com a

5 ROIG. Rodrigo Duque Estrada. Um princípio para a execução penal: numerus clausus. In Revista Liberdades – nº 15 –
janeiro/abril 2014. IBCCRIM. Disponível em: http://www.revistaliberdades.org.br/_upload/pdf/20/artigo4.pdf. Acesso
em: 26/01/2021.

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execução penal”.6 (GRIFOS NOSSOS).

O autor lembra que nos dias atuais há duas principais correntes: 1) natureza mista
(jurisdicional/administrativa) e 2) jurisdicional.

(...) Nos dias atuais, a doutrina se divide basicamente em duas correntes.


Afirma-se, por um lado, que a execução penal possui natureza mista, uma
vez que embora os incidentes do processo se desenvolvam em âmbito
judicial, diversos aspectos da execução dependem de atuação
administrativa, sobretudo da direção, chefia de disciplina e secretaria dos
estabelecimentos penais. Nesse sentido, destaca-se a assertiva de Ada
Pellegrini Grinover: “não se nega que a execução penal é atividade
complexa, que se desenvolve entrosadamente nos planos jurisdicional e
administrativo. Nem se desconhece que dessa atividade participam dois
Poderes estatais: o Judiciário e o Executivo.7 (GRIFOS NOSSOS).

No entanto, Roig é enfático ao lembrar que a existência de atividades de cunho


administrativo no curso da execução da pena não desnatura sua natureza jurisdicional, assim como
atividades de cunho administrativo não afastam a natureza jurisdicional do processo de
conhecimento8.

CAIU NA DPE-MG-2019-FUNDEP: “É mista ou complexa a natureza jurídica da execução penal, por


envolver atividade jurisdicional e administrativa, prevalecendo a primeira, conforme sustenta parte
da doutrina”.9

PROVA ORAL DPE-MG-2019-FUNDEP: Fale sobre o princípio da complexidade na execução penal.10

6 Execução penal: teoria crítica/Rodrigo Duque Estrada Roig. – 4. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 55.
7 Execução penal: teoria crítica/Rodrigo Duque Estrada Roig. – 4. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 55.
8 Execução penal: teoria crítica/Rodrigo Duque Estrada Roig. – 4. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 55/56.
9 CORRETO. Ou seja, embora mista/complexa (administrativa e jurisdicional), prevalece a esfera jurisdicional.
10 Excelência, sobre a natureza da execução penal, desenvolveu-se inicialmente a compreensão de que aquela possuía

caráter administrativo, ideia esta fundada na doutrina política de Montesquieu sobre a separação dos poderes. Ao

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APROFUNDA RDP: PRIVATIZAÇÃO DOS PRESÍDIOS (CO-GESTÃO E PPP)


Precisamos falar sobre a privatização dos presídios. É um tema presente em praticamente todos os
editais das DPEs. Devemos criticar duramente a ideia de privatização de presídios. Não se pode
aceitar a mercantilização do sofrimento. A execução penal tem caráter jurisdicional, e transferir o
poder de executar penas a pessoas jurídicas de direito privado (que inegavelmente objetivam o
lucro) é um grande absurdo. Portanto, seja qual for a modalidade de privatização (PPP, co-gestão,
etc.), o candidato deverá apresentar duras críticas, sempre de maneira técnica e fundamentada. É
bom lembrar que Joe Biden, atual presidente dos Estados Unidos, “mudou quatro pilares do
governo americano com quatro decretos. O primeiro determina que o Departamento de Habitação
implemente políticas não discriminatórias; o segundo ordena a eliminação dos presídios privados;
outro aumenta a soberania das tribos nativo-americanas; e o último pede o combate à xenofobia
contra americanos de origem asiática”.11 Mas calma, estudaremos isso afundo em outra
oportunidade.

Em Minas Gerais, por exemplo, o MPT já ajuizou Ação Civil Pública por considerar ilícita a
terceirização de funções integrantes do sistema prisional, no caso do presídio de Ribeirão das
Neves.

De acordo com o Procurador do Trabalho Geraldo Emediato de Souza, entre os postos de


trabalho terceirizados estão atividades relacionadas com custódia, guarda, assistência material,
jurídica e à saúde.

longo do tempo, tal concepção perdeu força, sobretudo após a tendência jurisdicionalizante inaugurada após a
Segunda Guerra. Em nosso país, esta concepção não mais encontra guarida na doutrina. Nos dias atuais, a doutrina se
divide basicamente em duas correntes: a) natureza mista (complexa) e b) jurisdicional. Afirma-se, por um lado, que a
execução penal possui natureza mista, uma vez que embora os incidentes do processo se desenvolvam em âmbito
judicial, diversos aspectos da execução dependem de atuação administrativa, sobretudo da direção, chefia de disci plina
e secretaria dos estabelecimentos penais. Parte da doutrina afirma que “não se nega que a execução penal é atividade
complexa, que se desenvolve entrosadamente nos planos jurisdicional e administrativo. Nem se desconhece que dessa
atividade participam dois Poderes estatais: o Judiciário e o Executivo”. No entanto, não é demais reforçar que parcela
da doutrina, a exemplo de Rodrigo Roig, sustenta que a existência de atividades de cunho administrativo no curso da
execução da pena não desnatura sua natureza jurisdicional, assim como atividades de cunho administrativo não
afastam a natureza jurisdicional do processo de conhecimento.
11 Disponível em: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/01/26/biden-assina-ordens-executivas-

para-combater-o-racismo-nos-estados-unidos.ghtml. Acesso 28 de Janeiro de 2021.

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“Além de ser uma medida extremamente onerosa para os cofres públicos,


poderá dar azo a abusos sem precedentes”, frisa o procurador. Na ação,
proposta em 2011, Emediato classifica a privatização de prisões como
inaceitável, tanto do ponto de vista ético como moral: “Numa sociedade
democrática, a privação da liberdade é a maior demonstração de poder do
Estado sobre seus cidadãos. Licitar prisões é o mesmo que oferecer o
controle da vida de homens e mulheres para quem der o menor preço,
como se o Estado tivesse o direito de dispor dessas vidas como bem lhe
aprouvesse”.12

3. OUTROS PRINCÍPIOS - NÃO ÓBVIOS - IMPORTANTES

O apenado está evidentemente em situação de vulnerabilidade diante do


Estado e é justamente por essa razão que o preso, por exemplo, deve ter
3.1PRINCÍPIO DA
VULNERABILIDADE DO assistência jurídica em um processo disciplinar para aplicação de faltas
PRESO graves. Há, sem dúvidas, uma relação de verticalidade em que o Estado
exerce superioridade.
Não é difícil entender esse princípio. Todos vocês sabem que a pena tem
uma função preventiva e retributiva. O princípio ressocializador reza,
evidentemente, que a pena deve ter a função de ressocializar, isto é, de
clara prevenção especial positiva.

3.2 PRINCÍPIO
RESSOCIALIZADOR Alguns examinadores não gostam muito da expressão “ressocialização”,
ou pelo menos enxerga esse conceito sob uma perspectiva crítica.

Explico.

12Disponível em: https://www.sindcop.org.br/blog/ler?link=ppp-em-presidio-de-ribeirao-das-neves-e-“ilicita”-segundo-


ministerio-publico-do-trabalho-de-minas-gerais. Acesso em: 26/01/2021.

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Quando falamos em “ressocializar”, pressupomos que aquele indivíduo


um dia já foi “socializado”, e agora a pena aplicada deve (re)socializar.

Mas o que significa dizer que alguém está socializado?

Sabemos que a maioria dos presos em nosso país não terminou a quinta
série ou nunca entrou em uma escola, sendo a maioria esmagadora
negros e pobres. Será que posso mesmo dizer que essas pessoas foram
socializadas antes da prisão? Elas tiveram direito a ser socializadas pelo
Estado? Houve distribuição de serviços de educação, saúde, lazer e
assistência social de qualidade? Se não, como posso dizer que agora, na
prisão, ele será re-ssocializado?

Apesar das críticas, o princípio é muito importante para nossa prova.


Esse, sem dúvidas, é o que menos a gente escuta falar. Caiu na prova oral
da DPE-MG, em 2020.

Em direito administrativo, estudamos os atos complexos, que são atos


que emanam de duas vontades, mas que na verdade representam um
mesmo ato, como é o caso do ato de aposentadoria. É que quando
alguém consegue se aposentar, o setor administrativo do órgão defere a
aposentadoria e encaminha para o Tribunal de Contas para que esta seja
3.3 PRINCÍPIO DA
COMPLEXIDADE homologada ou não.

Pronto, esse ato é um ato complexo, pois sua eficácia (escada ponteana,
lembra?) depende da análise por um outro órgão.

Certo, até aí eu entendi. Mas o que isso tem a ver com a “complexidade
na execução penal”?

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Tem simplesmente tudo a ver.

A execução penal é basicamente dividida em atos praticados pela


administração (diretor do presídio, por exemplo) e atos eminentemente
judiciais.

Imagine que o assistido João cometa uma falta grave. Será aberto um
processo administrativo para a apuração. Ao final, poderá ser aplicada
uma sanção. No entanto, o magistrado (juiz da execução), precisa
homologar essa falta grave.

Perceba, portanto, que a execução penal tem natureza complexa: ora


administrativa, ora judicial. Isso, inclusive, caiu na prova da primeira fase
da DPE-MG e na prova oral.
Realizando uma interpretação literal, entendo que normatividade é
desdobramento da legalidade. Por exemplo, a execução penal é regida
por diversas leis e atos normativos.

Se não há previsão, por exemplo, de uma determinada penalidade para o


caso de falta grave, não pode o diretor do presídio ou o juiz da execução
aplicar uma sanção, face ao princípio da normatividade.
3.4 PRINCÍPIO DA
Certo.
NORMATIVIDADE/ E DA
NORMATIVIDADE
ANTERIOR
Mas e normatividade anterior?

A ideia é a mesma.

Imagine que dia 24 de janeiro de 2015 o assistido Ricardo tenha sido


encontrado com um livro de Miguel de Cervantes. Em 19 de julho de
2016, todos aqueles que fossem encontrados com livros cometeriam

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 15
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falta grave.

No entanto, em razão da normatividade anterior, não posso prejudicar o


assistido Ricardo, pois à época não era proibido utilizar livro na cela.
Para esse princípio, a pena deve ser a menos onerosa possível. Podemos
dizer que ele é um desdobramento lógico do princípio da humanização
3.5 PRINCÍPIO DA
MENOR ONEROSIDADE (ou humanidade) das penas. Vimos que a pena tem ampla função
DA PENA preventiva, além, é claro, de retribuição. No entanto, não se pode aceitar
que a pena seja cruel, humilhante ou de trabalhos forçados, por exemplo.
Este não é muito difícil de interpretar. Há diversos autores que escrevem
sobre o tema. Vocês precisam saber que não pode haver tratamento
3.6 PRINCÍPIO DA
IGUALDADE desigual para presos em situações semelhantes. É a ideia de isonomia.
Por aqui, sem muitas dificuldades.

4. EXAME CRIMINOLÓGICO: O QUE DEVEMOS SABER?

Gente, muita atenção aqui. Sobre exame criminológico vocês precisam saber que a Lei nº
10.792/2003 alterou a redação do art. 112, caput, e §2º, da LEP e retirou do nosso ordenamento a
antiga exigência do exame criminológico, tanto para progressão, quanto para livramento
condicional. É isso mesmo. Não há qualquer previsão hoje, no país, para que seja feito o exame
criminológico para fins de concessão de benefícios (leia-se direito subjetivo).

#APROFUNDARDP: BENEFÍCIO OU DIREITO SUBJETIVO?


Amigos, alguns examinadores em provas abertas de Defensoria Pública não gostam da expressão
“benefício”, pois soa como algo de uma grande margem de discricionariedade. Portanto, não se
deve falar, por exemplo, que “cumpridos os requisitos objetivos e subjetivos, o apenado tem direito
ao benefício da progressão”. Na verdade, cumpridos os requisitos, o juiz não pode negar, porque é
um direito subjetivo e não um benefício, tá bom? #RDPDICAS #VEMCOMAGENTE
#AQUIÉDIRECIONADO

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 16
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META 2, ETAPA 1
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Dando continuidade ao estudo sobre o exame criminológico, cuidado com o enunciado 26


da Súmula Vinculante:

SÚMULA VINCULANTE Nº 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por
crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da
Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os
requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico.

Cuidado, pois o STJ também editou o enunciado 439 de sua Súmula:

SÚMULA 439-STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em
decisão motivada.

CAIU NA DPE-RS-2018: “A gravidade abstrata do delito constitui fundamento idôneo para a


determinação de realização de exame criminológico”. 13

Percebam que o enunciado da súmula vinculante mencionado contraria o nosso


ordenamento jurídico brasileiro, pois desde 2003 não é mais obrigatória a realização de exames
criminológicos para concessão de direitos subjetivos. Isso viola de morte o princípio da legalidade na
execução penal. O STF não pode, através de enunciado de súmula, legislar para criar um ônus para o
apenado que não tem previsão legal.

APROFUNDA RDP: CONSELHO DE PSICOLOGIA E EXAME CRIMINOLÓGICO


Talvez esse seja o ponto crucial do seu estudo de hoje.
O Conselho Federal de Psicologia editou a Resolução nº 12/2012, que veda o psicólogo que atua
nos estabelecimentos prisionais realizar exame criminológico e participar de ações e decisões que
envolvam práticas de caráter punitivo e disciplinar, bem como documento escrito oriundo da
avaliação psicológica com fins de subsidiar decisão judicial durante a execução da pena do
sentenciado. Perfeito. Sabem o que aconteceu? O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação

13 ERRADO.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 17
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

civil pública contra o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e o Conselho Regional de Psicologia da 7ª
Região, requerendo, dentre outros pedidos, a suspensão e a anulação da Resolução CFP 12/2011. A
juíza da 1ª Vara Federal de Porto Alegre (RS) julgou procedente os pedidos de suspensão e nulidade
da resolução.
Perceba que o próprio Conselho Federal de Psicologia não concorda com o exame criminológico,
pelo fato dele ser baseado em elementos de futurologia, como “verificar se o réu não virá a
delinquir”, por exemplo.
Essa informação fará com que você passe voando na frente dos concorrentes certo?
#RDPEUTELOVO<3

CAIU NA DPE-AP-FCC-2018: “A saída temporária depende da realização de exame criminológico que


comprove que o sentenciado não irá fugir ou cometer novos delitos durante o gozo do benefício”. 14

Para finalizarmos, cuidado com o chamado “exame de classificação”, que não é a mesma
coisa que “exame criminológico”. Esse “exame de classificação” tem expressa previsão na LEP, e é
permitido, pois não interfere na concessão ou não de direitos, mas apenas na melhor
individualização da pena:

Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para


orientar a individualização da execução penal.
Art. 6o A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programa
individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório.
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será presidida pelo
diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e
1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade.
Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada
por fiscais do serviço social.

14 ERRADO. O exame criminológico não está entre os requisitos para a saída temporária.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 18
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será


submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada
classificação e com vistas à individualização da execução.
(ATENÇÃO: embora a expressão aqui seja exame criminológico, ele está se referindo, em tese, ao
exame de classificação).
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao
cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semiaberto.
Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da personalidade, observando
a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou informações do processo, poderá:
I - entrevistar pessoas;
II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a respeito do
condenado;
III - realizar outras diligências e exames necessários.

Gente, pausa para comentarmos um detalhe importante. É que a Lei nº 13.964/2019,


conhecida como “Pacote Anticrime”, alterou o art. 9-A da Lei de Execução Penal, embora parte dele
tenha sido vetado pelo Executivo.

Vejamos.

COMO ERA A LEP COMO FICOU COM O PACOTE ANTICRIME


Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado, Art. 9º-A O condenado por crime doloso
dolosamente, com violência de natureza grave praticado com violência grave contra a pessoa,
contra pessoa, ou por qualquer dos crimes bem como por crime contra a vida, contra a
previstos no art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de liberdade sexual ou por crime sexual contra
julho de 1990, serão submetidos, vulnerável, será submetido, obrigatoriamente, à
obrigatoriamente, à identificação do perfil identificação do perfil genético, mediante
genético, mediante extração de DNA - ácido extração de DNA (ácido desoxirribonucleico), por
desoxirribonucleico, por técnica adequada e técnica adequada e indolor, por ocasião do
indolor. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) ingresso no estabelecimento prisional). (VETADO

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 19
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

PELO EXECUTIVO).

RAZÕES DO VETO: “A proposta legislativa, ao


alterar o caput do art. 9º-A, suprimindo a menção
expressa aos crimes hediondos, previstos na Lei
nº 8.072, de 1990, em substituição somente a
tipos penais específicos, contraria o interesse
público, tendo em vista que a redação acaba por
excluir alguns crimes hediondos considerados de
alto potencial ofensivo, a exemplo do crime de
genocídio e o de posse ou porte ilegal de arma de
fogo de uso restrito, além daqueles que serão
incluídos no rol de crimes hediondos com a
sanção da presente proposta, tais como os
crimes de comércio ilegal de armas, de tráfico
internacional de arma e de organização
criminosa.”
§ 1º A identificação do perfil genético será 1º A identificação do perfil genético será
armazenada em banco de dados sigiloso, armazenada em banco de dados sigiloso,
conforme regulamento a ser expedido pelo conforme regulamento a ser expedido pelo Poder
Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 12.654, Executivo. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)
de 2012) § 1º-A A regulamentação deverá fazer constar
garantias mínimas de proteção de dados
genéticos, observando as melhores práticas da
genética forense.
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual,
poderá requerer ao juiz competente, no caso
de inquérito instaurado, o acesso ao banco de Sem alterações
dados de identificação de perfil genético.
(Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 20
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

§ 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados


genéticos o acesso aos seus dados constantes
nos bancos de perfis genéticos, bem como a
todos os documentos da cadeia de custódia que
gerou esse dado, de maneira que possa ser
contraditado pela defesa.

§ 4º O condenado pelos crimes previstos no


caput deste artigo que não tiver sido submetido à
identificação do perfil genético por ocasião do
ingresso no estabelecimento prisional deverá ser
submetido ao procedimento durante o
Sem correspondência cumprimento da pena.

§ 5º A amostra biológica coletada só poderá ser


utilizada para o único e exclusivo fim de permitir
a identificação pelo perfil genético, não estando
autorizadas as práticas de fenotipagem genética
ou de busca familiar. (VETADO PELO
EXECUTIVO).15

§ 6º Uma vez identificado o perfil genético, a


amostra biológica recolhida nos termos do caput
deste artigo deverá ser correta e imediatamente
descartada, de maneira a impedir a sua utilização

15RAZÕES DO VETO DO § 5º: “A propositura legislativa, ao vedar a utilização da amostra biológica coletada para fins de
fenotipagem e busca familiar infralegal, contraria o interesse público por ser uma técnica que poderá auxiliar no
desvendamento de crimes reputados graves, a exemplo de identificação de irmãos gêmeos, que compartilham o
mesmo perfil genético, e da busca familiar simples para identificar um estuprador, quando o estupro resulta em
gravidez, valendo-se, no caso, do feto abortado ou, até mesmo, do bebê, caso a gestação seja levada a termo.”

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 21
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

para qualquer outro fim. (VETADO PELO


EXECUTIVO).16

§ 7º A coleta da amostra biológica e a elaboração


do respectivo laudo serão realizadas por perito
oficial. (VETADO PELO EXECUTIVO).17

§ 8º Constitui falta grave a recusa do condenado


em submeter-se ao procedimento de
identificação do perfil genético.

5. EXECUÇÃO PENAL: PERSPECTIVA REDUTORA DE DANOS

Peço que enxerguem a execução penal em uma perspectiva redutora de danos. Essa
perspectiva redutora de danos é MUITO trabalhada no livro do professor Roig, adotado por diversos
examinadores da Defensoria, considerando que ele é um grande crítico desta área no Brasil (ele
também é Defensor Público), como já falamos. Em síntese, enxergue o cumprimento de uma pena
sempre com o viés redutor dos danos. Assim, não se pode aceitar que o apenado sofra além do que
já lhe é possível em razão de uma pena aplicada.

Sob as ideias trazidas pela teoria da prevenção especial positiva, a pena tem finalidade de
“ressocialização”, embora essa expressão também seja criticada (inclusive, conforme abordado
acima, não recomendamos utilizá-la em provas discursivas e orais, pois no cárcere não há como

16 RAZÕES DO VETO DO § 6º: “A proposta legislativa, ao prever o descarte imediato da amostra biológica, uma vez
identificado o perfil genético, contraria o interesse público tendo em vista que a medida pode impactar diretamente no
exercício do direito da defesa, que pode solicitar a refeitura do teste, para fins probatórios. Ademais, as melhores
práticas e recomendações internacionais dizem que após a obtenção de uma coincidência (match) a amostra do
indivíduo deve ser novamente testada para confirmação do resultado. Trata-se de procedimento de controle de
qualidade com o objetivo de evitar erros.”
17 RAZÕES DO VETO DO § 7º: “A proposta legislativa, ao determinar que a coleta da amostra biológica ficará a cargo de

perito oficial, contraria o interesse público, notadamente por se tratar de mero procedimento de retirada do material.
Ademais, embora a análise da amostra biológica e a elaboração do respectivo laudo pericial sejam atribuições exclusivas
de perito oficial, já existe um consenso que a coleta deve ser supervisionada pela perícia oficial, não necessariamente
realizada por perito oficial. Além disso, tal restrição traria prejuízos à execução da medida e até mesmo a inviabilizaria
em alguns estados em que o número de peritos oficiais é insuficiente.”

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 22
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

(re)ssocializar alguém que nunca teve condições mínimas para se educar); o Estado não ofereceu
políticas públicas efetivas, tais como educação de qualidade, moradia, lazer, saúde, etc. O Estado
não oferece educação de qualidade fora dos estabelecimentos prisionais, que dirá dentro deles. Por
isso alguns examinadores criticam a expressão “ressocializar”).

Não é demais relembrarmos que na ADPF-347 (tão cara aos estudos para Defensoria Pública)
o STF reconheceu que o sistema penitenciário brasileiro vive hoje o que se chamou de “Estado de
Coisas Inconstitucional”18, considerando a existência de quadro generalizado e sistêmico de violação
aos direitos fundamentais das pessoas presas:

“O Estado de Coisas Inconstitucional ocorre quando se verifica a existência


de um quadro de violação generalizada e sistêmica de direitos
fundamentais, causado pela inércia ou incapacidade reiterada e persistente
das autoridades públicas em modificar a conjuntura, de modo que apenas
transformações estruturais da atuação do Poder Público e a atuação de uma
pluralidade de autoridades podem modificar a situação inconstitucional. O
STF reconheceu que o sistema penitenciário brasileiro vive um "Estado de
Coisas Inconstitucional", com uma violação generalizada de direitos
fundamentais dos presos. As penas privativas de liberdade aplicadas nos
presídios acabam sendo penas cruéis e desumanas. Vale ressaltar que a
responsabilidade por essa situação deve ser atribuída aos três Poderes
(Legislativo, Executivo e Judiciário), tanto da União como dos Estados-
Membros e do Distrito Federal. A ausência de medidas legislativas,
administrativas e orçamentárias eficazes representa uma verdadeira "falha
estrutural" que gera ofensa aos direitos dos presos, além da perpetuação e
do agravamento da situação. Assim, cabe ao STF o papel de retirar os
demais poderes da inércia, coordenar ações visando a resolver o problema e
monitorar os resultados alcançados. Diante disso, o STF, em ADPF, concedeu

18Segundo Márcio do Dizer o Direito, a ideia de que pode existir um Estado de Coisas Inconstitucional e que a Suprema
Corte do país pode atuar para corrigir essa situação surgiu na Corte Constitucional da Colômbia, em 1997, com a
chamada "Sentencia de Unificación (SU)". Foi aí que primeiro se utilizou essa expressão.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 23
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

parcialmente medida cautelar determinando que: • juízes e Tribunais de


todo o país implementem, no prazo máximo de 90 dias, a audiência de
custódia; • a União libere, sem qualquer tipo de limitação, o saldo
acumulado do Fundo Penitenciário Nacional para utilização na finalidade
para a qual foi criado, proibindo a realização de novos contingenciamentos.
Na ADPF havia outros pedidos, mas estes foram indeferidos, pelo menos na
análise da medida cautelar. STF. Plenário. ADPF 347 MC/DF, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 9/9/2015 (Info 798). 19

Nesse sentido, mais recentemente, o Plenário do STF decidiu que a decisão do Ministro
Relator que, de ofício, na ADPF que trata sobre o Estado de Coisas Inconstitucional no sistema
prisional, determina medidas para proteger os presos do Covid-19 amplia indevidamente o objeto
da ação. Isso porque no dia 18/03/2020, o Ministro Relator Marco Aurélio, de ofício decidiu
“conclamar” os juízes de Execução Penal a adotarem junto à população carcerária procedimentos
para evitar o avanço da doença dentro dos presídios.

“É certo que no controle abstrato de constitucionalidade, a causa de pedir é


aberta. No entanto, o pedido é específico. Nenhum dos pedidos da ADPF
347 está relacionado com as questões inerentes à prevenção do Covid-19
nos presídios. Não é possível, portanto, a ampliação do pedido cautelar já
apreciado anteriormente. A Corte está limitada ao pedido. Aceitar a sua
ampliação equivale a agir de ofício, sem observar a legitimidade
constitucional para propositura da ação. Ademais, em que pese a
preocupação de todos em relação ao Covid-19 nas penitenciárias, a medida
cautelar, ao conclamar os juízes de execução, determina, fora do objeto da
ADPF, a realização de megaoperação para analisar detalhadamente, em um
único momento, todas essas possibilidades e não caso a caso, como
recomenda o Conselho Nacional de Justiça. O STF entendeu que, neste

19CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Estado de Coisas Inconstitucional. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível
em: https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/4e732ced3463d06de0ca9a15b6153677.
Acesso em: 26/01/2021.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 24
CURSO RDP
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INTENSIVO 2021.1

momento, o Poder Judiciário deve seguir as recomendações sobre a questão


emitidas pelo Conselho Nacional de Justiça CNJ e por portaria conjunta dos
Ministérios da Saúde e da Justiça. Para evitar a disseminação do novo
coronavírus nas prisões, o CNJ recomendou a análise de situações de risco
caso a caso. A Recomendação 62/2020 do CNJ traz orientações aos Tribunais
e aos magistrados quanto à adoção de medidas preventivas contra a
propagação do Covid-19 no âmbito dos sistemas de justiça penal e
socioeducativo. STF. Plenário. ADPF 347 TPI-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/3/2020 (Info
970).20

Feitas essas divagações, trataremos sobre o “trabalho penitenciário”, ponto expresso em


todos os editais.

6. TRABALHO PENITENCIÁRIO

Vamos lá?

Segundo Roig, o trabalho do preso possui características interessantes. Primeiro, atente-se


para o fato de que o trabalho é direito subjetivo do condenado e também um dever. O artigo 31 da
LEP estabelece que o condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida
de suas aptidões e capacidades (cuidado: preso provisório e o condenado por crime político não
estão obrigados ao trabalho – ATENÇÃO QUE ISSO JÁ CAIU EM PROVA, INCLUSIVE NA ETAPA ORAL).

Por outro lado, no artigo 39 da Lei de Execução Penal o trabalho é um dever imposto ao
condenado e sua recusa caracteriza falta grave. Isso deve ser duramente criticado. Punir o
condenado com falta grave (que interfere diretamente na execução da pena) pela não realização do

20 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Relator não pode, de ofício, na ADPF que trata sobre o Estado de Coisas
Inconstitucional dos presídios, determinar medidas para proteger os presos do Covid-19. Buscador Dizer o Direito,
Manaus. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/488b084119a1c7a4950f00706ec7ea16. Acesso
em: 26/01/2021.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 25
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

trabalho viola a Constituição e diversos tratados internacionais. Deve-se sustentar, em provas


discursivas e orais, que isso caracteriza claramente uma pena de trabalho forçado, vedada pela
CF/88.

CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: “O trabalho do preso deve ser remunerado quando consistir em tarefas
executadas como prestação de serviço à comunidade, sob pena de configurar trabalho escravo”. 21

#APROFUNDARDP: NÃO APLICABILIDADE DA CLT E VIOLAÇÃO À DIGNIDADE HUMANA (DURAS


CRÍTICAS)
Segundo o art.28, § 2º da LEP, o trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consolidação das
Leis do Trabalho.
Como assim?
Existem todas as características de trabalho, mas não é trabalho? E para piorar, a LEP traz previsão
expressa de que o trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não podendo ser
inferior a 3/4 (três quartos) do salário mínimo. Temos aqui, mais uma vez, as ideias da “Less
Eligibility”, o que deve ser duramente criticado.

CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: “Conforme a Lei de Execução Penal, o trabalho do preso deve ser
remunerado mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a um salário-mínimo”.22

O condenado trabalha como um empregado, com todas as características de uma relação de


emprego, e o seu salário poderá ser inferior a um salário mínimo? Esse tema foi objeto de
questionamento na prova oral da DPE-BA, e o examinador esperava ouvir essas críticas do
candidato. Veja, portanto, que o estudo para a Defensoria Pública é um estudo diferente!

O candidato que estuda para outros concursos, inclusive magistratura, aprende o que a lei, a
jurisprudência e a doutrina majoritária dizem. Nós não. Se a tese violar direitos fundamentais e
humanos, ainda que seja amplamente majoritária, não importa, nossa missão é revertê-la, nem que

21 ERRADO. LEP: Art. 30. As tarefas executadas como prestação de serviço à comunidade não serão remuneradas.
22 ERRADO. LEP: Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4
(três quartos) do salário mínimo.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 26
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

seja na Corte IDH. Então, muito cuidado ao enfrentar esse tipo de questionamento!

CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: “Conforme a Lei de Execução Penal, o trabalho do preso sujeita-se aos
ditames da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)”.23

6.1 TRABALHO EXTERNO

Agora vamos falar sobre o trabalho externo.

Vimos que o trabalho tem um caráter dúplice: isso porque é, ao mesmo tempo, um dever e
um direito.

Vamos aprofundar aqui no trabalho externo.

Olha, isso cai muito! Vamos ficar atentos aqui, tá?

O trabalho externo exige o cumprimento mínimo de 1/6 da pena (requisito objetivo),


aptidão, disciplina, e outros requisitos subjetivos.

Então, imagine que alguém esteja cumprindo pena em regime semiaberto. Para ter direito
ao trabalho externo ele terá que cumprir 1/6 da pena para trabalhar, não é?

Não, pessoal. Cuidado aqui.

O STF já decidiu que a exigência objetiva do art. 37 da LEP24 (de que o condenado tenha
cumprido no mínimo 1/6 da pena), para fins de trabalho externo, aplica-se apenas aos condenados
que se encontrem em regime fechado.

23ERRADO. LEP: Art. 28, § 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho.
24Art. 37, LEP. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do estabelecimento, dependerá de
aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 27
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

JURISPRUDÊNCIA: “Assim, o trabalho externo é admissível aos apenados que estejam no regime
semiaberto ou aberto mesmo que ainda não tenham cumprido 1/6 da pena. Em tese, o condenado
ao regime semiaberto ou aberto poderia ter direito ao trabalho externo já no primeiro dia de
cumprimento da pena. O art. 37 da LEP (que exige o cumprimento mínimo de 1/6 da pena)
somente se aplica aos condenados que se encontrem em regime inicial fechado. STF.” Plenário. EP
2 TrabExt-AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/6/2014 (Info 752).

Aliás, vejam ainda o voto do Ministro Barroso:

“Isso fica mais óbvio se levarmos em consideração que, por previsão expressa do artigo 112 da LEP,
poderá o réu progredir de regime após o cumprimento de 1/6 da pena. Ou seja, se a benesse para
progressão de regime ocorre com o cumprimento de 1/6 da pena, neste caso do regime semiaberto
para o aberto, como falar em cumprimento do mesmo prazo para ter direito ao trabalho? Admitir o
contrário é vedar ao sentenciado do regime semiaberto o direito ao trabalho”.

Agora vejam o que diz o enunciado 40 da Súmula do STJ:

Para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho externo, considera-se o tempo de
cumprimento da pena no regime fechado.

Prosseguindo...

Vocês precisam saber que estando o apenado no regime fechado, o trabalho externo é
admitido apenas em serviços ou obras públicas realizadas por órgãos da administração direta ou
indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra fuga e em favor da disciplina.

É exatamente isso. Cuidado com esse detalhe.

Já no regime aberto, não há vigilância direta, pois é baseado na autodisciplina e senso de


responsabilidade, permanecendo recolhido durante o período noturno e nas folgas.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 28
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

COVID-19 E JURISPRUDÊNCIA: É cabível a concessão de prisão domiciliar aos reeducandos que


cumprem pena em regime semiaberto e aberto que tiveram suspenso o exercício do trabalho
externo, como medida preventiva de combate à pandemia, desde que não ostentem procedimento
de apuração de falta grave. HC 575.495-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 02/06/2020, DJe 08/06/2020.

No HC 575.112-RJ, o STJ também decidiu que “a Recomendação nº 62/2020 do CNJ não é aplicável
ao acusado que não está privado de liberdade no sistema penal brasileiro”. AgRg no HC 575.112-RJ,
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 02/06/2020, DJe
10/06/2020.

#APROFUNDARDP: O QUE É REMIÇÃO FICTA?

Vimos que trabalhar é tanto um direito como um dever. Veremos mais à frente que com o
trabalho é possível remir (abater) a pena do condenado. No entanto, se o apenado quiser trabalhar,
mas não conseguir em razão de motivos alheios à sua vontade, mesmo assim é possível remir a
pena? É isso que a doutrina chama de remição ficta, e não tem admitido, salvo quando o
impedimento decorre de acidente (art. 126, §4º, LEP). Para Roig, a vedação da remição ficta implica
dupla punição: a impossibilidade de exercer os direitos constitucionais ao trabalho ou estudo e a
inviabilidade de valer-se da remição. Assim, deve o candidato entender que a jurisprudência dos
tribunais superiores se inclina para não aceitar a remição ficta, mas o entendimento é passível de
crítica.

Para a doutrina25:

(...) Quando nos damos conta da dimensão dada ao trabalho pela


Constituição de 1988 e pela LEP – princípio fundamental da República, base
da ordem social e fundamento da ordem econômica brasileiras, direito
social, dever social e condição de dignidade humana – não há como

25 Execução penal: teoria crítica/Rodrigo Duque Estrada Roig. – 4. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 202.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 29
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

deixarmos de reconhecer legítima a compensação do preso pela ineficiência


estatal. Apropriada, nesse sentido, a constatação de que “o direito ao
trabalho constitucionalmente consagrado, como direito positivo à obtenção
de trabalho, não sofre qualquer restrição em virtude da reclusão. O Estado
tem, portanto, o dever de providenciar trabalho destinado aos reclusos”.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 30
CURSO RDP
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INTENSIVO 2021.1

EXECUÇÃO PENAL

Direitos e Deveres dos Presos. Faltas disciplinares. Sanções e recompensas. Aplicação das sanções.
Procedimento disciplinar. Órgãos da Execução Penal. Do Juízo da execução penal. Defensoria
Pública. Ministério Público. Conselho Penitenciário.

Ainda dentro de Execução Penal, esse ponto é extremamente relevante para nossa prova. De
início, informo que é um ponto extenso, mas que é tão bom de estudar que passa voando (aliás, a
gente tenta escrever de uma forma tão leve que você nem vai notar o quanto está aprofundando no
conteúdo).

Volto a repetir, só para que vocês não se esqueçam, que a matéria de execução penal é a
que mais exige a postura crítica do candidato, tá bom? Vamos lá.

7. DEVERES DO PRESO

Antes de tudo, existe distinção entre preso e detento? Talvez essa pergunta possa não fazer
sentido para você, mas veja o que diz o art. 13, caput, da nova Lei de Abuso de autoridade:

[...] Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave


ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: [...]

Logo, o legislador faz uma distinção entre a pessoa presa e a pessoa que está detenta. Mas
será que existe mesmo essa diferença?

Segundo Rogério Sanches, é no âmbito internacional que há essa distinção, isso porque a
Resolução 43/173 da Assembleia Geral da ONU de 1988 aponta que detido é o preso provisório,
enquanto o preso em sentido estrito é aquele que há contra si uma condenação transitada em
julgado. No entanto, o professor deixa claro que o nosso ordenamento jurídico não adotou essa
classificação, tendo em vista que desde a prisão em flagrante até, passando pelas prisões

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 31
CURSO RDP
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INTENSIVO 2021.1

temporária e preventiva, e chegando à prisão decorrente de sentença penal condenatória


transitada em julgado, quando alguém está privado de liberdade é comumente chamado de preso.

Agora, vamos entender quais são os deveres do preso (estabelecidos no art. 39 da LEP):

Art. 39. Constituem deveres do condenado:


I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença;
II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se;
III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados;
IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à
disciplina;
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;
VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
VII - indenização à vítima ou aos seus sucessores;
VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com a sua manutenção,
mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho;
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
X - conservação dos objetos de uso pessoal.
Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que couber, o disposto neste artigo.

8. DIREITOS DAS PESSOAS PRESAS

Com relação aos direitos das pessoas presas, pontua a LEP:

Direitos do preso
Art. 41 - Constituem direitos do preso:
I - alimentação suficiente e vestuário;
II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
III - Previdência Social;
IV - constituição de pecúlio;
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;

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VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que
compatíveis com a execução da pena;
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;
XI - chamamento nominal;
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena;
XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento;
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;
XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros
meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes.
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade
judiciária competente. (Incluído pela Lei nº 10.713, de 2003)

Sabemos que a grande maioria dos direitos dos presos, na prática, é violada. Por exemplo,
em centenas de estabelecimentos prisionais do país não têm água potável, luz, comida, sanitário,
chuveiro, etc. Essa conduta, por si só, viola a Constituição, a LEP e as Regras de Mandela e Bangkok.
Infelizmente, esse é o Brasil! #OBRASILQUEEUNÃOQUERO #TRISTEREALIDADE

Como Defensoras e Defensores Públicos, estaremos atuando em varas de execuções


criminais um dia, a ideia é sempre tentar inicialmente o diálogo institucional. Em provas abertas,
sobretudo em segunda fase, costumam ser cobradas ações civis públicas ajuizadas em face do
Estado, a fim de que sejam garantidos os direitos previstos na Constituição e na LEP, além de outros
previstos em tratados internacionais. Acrescente-se, ainda, que o Defensor poderá requerer, em
último caso, a interdição do presídio através de uma ação civil pública.

APROFUNDA RDP: RELAXAMENTO DE PRISÃO-PENA POR ILEGALIDADE (TESE IMPORTANTE)


Uma tese muito interessante é o relaxamento da prisão, no âmbito da execução penal, por
ilegalidade da prisão. Imagine que o assistido (algumas Defensorias proferem chamar de usuário,

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 33
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como é o caso da DPE-SP) está cumprindo pena, mas o presídio não fornece material de higiene
pessoal, banheiros, água potável, etc. Temos ou não temos uma prisão ilegal, inconstitucional e
inconvencional? Claro que temos. E o que deve fazer o juiz se a prisão é ilegal? Deve imediatamente
relaxá-la. Por fim, sabemos que essa é uma tese minoritária, mas que não pode ser esquecida por
aqueles que prestam os certames da Defensoria Pública.

Continuando o ponto...

Outro detalhe: o Estado não pode obrigar preso a cortar cabelo, vestir roupas vexatórias,
chamar os presos por números (ex.: preso zero 1), etc. Não pode!

Recentemente o STF entendeu, no Recurso Extraordinário 580.252-MG, que esse tipo de


violação aos direitos das pessoas presas implica na responsabilização do estado em danos morais e
materiais.

JURISPRUDÊNCIA: “A violação a direitos fundamentais causadora de danos pessoais a detentos em


estabelecimentos carcerários não pode ser simplesmente relevada ao argumento de que a
indenização não tem alcance para eliminar o grave problema prisional globalmente considerado,
que depende da definição e da implantação de políticas públicas específicas, providências de
atribuição legislativa e administrativa, não de provimentos judiciais. Esse argumento, se admitido,
acabaria por justificar a perpetuação da desumana situação que se constata em presídios como o de
que trata a presente demanda. A garantia mínima de segurança pessoal, física e psíquica, dos
detentos, constitui dever estatal que possui amplo lastro não apenas no ordenamento nacional.
Recurso extraordinário provido para restabelecer a condenação do Estado ao pagamento de
R$ 2.000,00 (dois mil reais) ao autor, para reparação de danos extrapatrimoniais, nos termos do
acórdão proferido no julgamento da apelação”.26

26CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Estado deve indenizar preso que se encontre em situação degradante. Buscador
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a3f61f3a8034cbfb5ecf0d785e750fb3. Acesso
em: 26/01/2021.

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Em 25 de novembro de 2018 foi notícia no Conjur, um dos maiores sites de notícias do


Brasil, decisão inédita do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, ao fixar o valor de R$ 500,00
para cada ano ou fração de ano de efetivo cumprimento da pena em regime fechado em uma
instituição prisional, com base justamente no Recurso Extraordinário 580.252-MG visto
anteriormente.

Vejam:

“Se o estado tem o dever de manter seus presídios em padrões mínimos de humanidade, também
é de sua responsabilidade ressarcir os danos causados aos detentos, inclusive na esfera moral,
como prevê o Recurso Extraordinário 580.252, julgado pelo Supremo Tribunal Federal em 2017 e
com repercussão geral reconhecida.
Com este fundamento, a 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul manteve
sentença que condenou o estado a pagar danos morais a detento que ficou quase um ano
cumprindo pena no Presídio Central de Porto Alegre, conhecido pela excessiva lotação e condições
degradantes.

O colegiado, no entanto, reduziu o quantum indenizatório de R$ 1 mil para parcos R$ 500,


‘‘parâmetro norteador’’ aplicado pelos desembargadores para cada ano ou fração de ano de efetivo
cumprimento da pena em regime fechado nesta instituição prisional.”

Atenção a um detalhe especial:

#APROFUNDARDP: BARROSO PROPÔS REMIÇÃO EM VEZ DE INDENIZAÇÃO EM DINHEIRO (CRÍTICAS)


Interessante demais esse detalhe, e que foi objeto de pergunta na prova oral da DPE-BA.
O Ministro Barroso concordou que em havendo uma violação o estado deve ser responsabilizado.
Mas em vez de propor o pagamento em dinheiro, Barroso lançou a absurda proposta de “remição”
de um a três dias de desconto na pena, a cada sete dias que o apenado passar preso
inadequadamente. A proposta não condiz com a Constituição. O examinador da prova oral esperava
ouvir do candidato duras críticas ao posicionamento do ministro Barroso, uma vez que seria possível
a remição e a indenização, visto que uma não anula a outra.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 35
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Ademais, podemos também pensar que a remição nessas circunstâncias, sem a necessidade de
pagamento de compensação por dano moral, seria um “estímulo” para que o Estado não tomasse
providência para melhoria no sistema carcerário. Isso porque poderia, digo “poderia”, mas talvez a
melhor palavra é “certamente”, surgir o absurdo pensamento dos administradores públicos de que
não seria preciso tomar ações para redução dos problemas em presídios, haja vista que, no fim das
contas, os presos estariam sendo “beneficiados” com essa remição.

Não é demais reforçar que as Regras de Mandela27, que são regras mínimas da ONU para o
tratamento de pessoas presas (prevista em quase 100% dos editais), também estabelece que todo
preso deve ter acesso a água potável, etc. Em caso de violação a essa previsão, o Defensor da
execução penal deve se utilizar de instrumentos à sua disposição, para fazer cumprir a Constituição
e os atos normativos internacionais.

9. REVISTA ÍNTIMA EM PRESÍDIOS. ISSO PODE?

O tema é muito recheado de nuances.

A Lei nº 13.271/2016 dispõe sobre a proibição de revista íntima a funcionárias nos locais de
trabalho:

Art. 1º As empresas privadas, os órgãos e entidades da administração pública, direta e indireta,


ficam proibidos de adotar qualquer prática de revista íntima de suas funcionárias e de clientes do
sexo feminino.

As Regras de Mandela trazem as seguintes previsões:

Regra 50
As leis e regulamentos acerca das revistas íntimas e inspeções de celas devem estar em
conformidade com as obrigações do Direito Internacional e devem levar em conta os padrões e as

27 Estudaremos as Regras de Mandela em meta oportuna!

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 36
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normas internacionais, considerando-se a necessidade de garantir a segurança nas unidades


prisionais. As revistas íntimas e inspeções serão conduzidas respeitando-se a inerente dignidade
humana e privacidade do indivíduo sob inspeção, assim como os princípios da proporcionalidade,
legalidade e necessidade.
(...)
Regra 52
1. Revistas íntimas invasivas, incluindo o ato de despir e de inspecionar partes íntimas do corpo,
devem ser empreendidas apenas quando forem absolutamente necessárias. As administrações
prisionais devem ser encorajadas a desenvolver e utilizar outras alternativas apropriadas ao invés de
revistas íntimas invasivas.
As revistas íntimas invasivas serão conduzidas de forma privada e por pessoal treinado do mesmo
gênero do indivíduo inspecionado.
2. As revistas das partes íntimas serão conduzidas apenas por profissionais de saúde qualificados,
que não sejam os principais responsáveis pela atenção à saúde do preso, ou, no mínimo, por
pessoal apropriadamente treinado por profissionais da área médica nos padrões de higiene, saúde e
segurança.

As Regras, de Bangkok (ONU, 2010), tratam apenas das revistas em mulheres presas,
prevendo, porém, que crianças que visitam presas devem ser revistadas com respeito a dignidade
humana.

Para finalizar essa parte, vocês precisam saber a respeito da medida provisória28 emitida pela
Corte IDH a respeito do Complexo Penitenciário de Curado, em Pernambuco.

9.1 REVISTA ÍNTIMA E MEDIDA PROVISÓRIA DO COMPLEXO DE CURADO – PE

A Corte IDH, em 22.05.2014, emitiu uma medida provisória (que tem força vinculante),
manifestando-se sobre a impossibilidade do Estado do Pernambuco, mais precisamente sobre o
Complexo Penitenciário de Curado, realizar revistas íntimas vexatórias. O Estado deve criar

28 Apenas um adendo (e isso já caiu em prova): a Corte IDH expede medida PROVISÓRIA, enquanto, que a Comissão
Interamericana (CIDH) expede medida CAUTELAR.

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mecanismos para evitar esse tipo de comportamento (como é o caso do raio x, por exemplo) tendo
em vista clara violação à dignidade da pessoa humana e também o princípio da transcendência
mínima da pena (lembram que vimos isso em Roig?)

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, no caso X e T Vs. Argentina, em 2006,


entendeu que os visitantes somente podem ser submetidos à revista íntima quando observadas as
seguintes condições:

a) Ser absolutamente necessário para alcançar o objetivo de segurança no caso específico.


b) Não existir qualquer alternativa;
c) Em princípio, deve ser autorizado por ordem judicial;
d) Deve ser realizado unicamente por profissionais da saúde.

O Subcomitê da ONU para a Prevenção da Tortura, no Relatório a visita ao Brasil, em 2002,


estabelece que as revistas sem roupa e íntimas devem se ajustar aos critérios da necessidade,
razoabilidade e proporcionalidade. Somente podem ser realizadas em condições higiênicas, por
pessoal qualificado e do mesmo sexo que a pessoa revistada. Deve, ainda, ser compatível com a
dignidade humana, devendo ser proibidas as revistas vaginais e anais invasivas.

No Comitê de Direitos Humanos da ONU, no Caso Clement Boodoo vs Trininidad e Tobago,


em 996, estabeleceu-se que as revistas intimas realizadas sob ameaças e sem que sejam
apresentadas justificativas, violam o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos.

Já o Estado de São Paulo editou a Lei nº 15.552/2014 proibindo revistas íntimas em


visitantes:

Artigo 1º - Ficam os estabelecimentos prisionais proibidos de realizar revista íntima nos visitantes.
Parágrafo único - Os procedimentos de revista dar-se-ão em razão de necessidade de segurança e
serão realizados com respeito à dignidade humana.
(...) Artigo 3º - Todo visitante que ingressar no estabelecimento prisional será submetido à revista

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 38
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mecânica, a qual deverá ser executada, em local reservado, por meio da utilização de equipamentos
capazes de garantir segurança ao estabelecimento prisional, tais como:
I - “scanners” corporais;
II - detectores de metais;
III - aparelhos de raios X;
IV - outras tecnologias que preservem a integridade física, psicológica e moral do visitante revistado.

10. DISCIPLINA DOS PRESOS

Sobre a disciplina do preso, você precisa ler do art. 44 ao art. 48 da LEP:

Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a ordem, na obediência às determinações das
autoridades e seus agentes e no desempenho do trabalho.
Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o condenado à pena privativa de liberdade ou restritiva
de direitos e o preso provisório29.
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão legal ou
regulamentar.
§ 1º As sanções não poderão colocar em perigo a integridade física e moral do condenado.
§ 2º É vedado o emprego de cela escura.
§ 3º São vedadas as sanções coletivas.
Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da execução da pena ou da prisão, será cientificado
das normas disciplinares.
Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena privativa de liberdade, será exercido pela
autoridade administrativa conforme as disposições regulamentares.
Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos, o poder disciplinar será exercido pela
autoridade administrativa a que estiver sujeito o condenado.
Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade representará ao Juiz da execução para os fins dos
artigos 118, inciso I, 125, 127, 181, §§ 1º, letra d, e 2º desta Lei.

29Isso DESPENCA EM PROVA: condenado em LIVRAMENTO CONDICIONAL NÃO SE SUBMETE AO REGIME DISCIPLINAR,
pois, segundo a LEP, quem está em condicional é considerado EGRESSO.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 39
CURSO RDP
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INTENSIVO 2021.1

10.1 FALTAS DISCIPLINARES

Queridos alunos, essa parte de faltas disciplinares é um dos temas prováveis em qualquer
prova. #SIMBORA #AQUEÇAMOSMOTORES

Primeiro, as faltas disciplinares podem ser classificadas em leves, médias e graves. A LEP, por
outro lado, só cuida das infrações graves.

Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves, médias e graves. A legislação local
especificará as leves e médias, bem assim as respectivas sanções.

É importante que você saiba que se a falta for tentada, ou seja, não chega a se consumar, a
sanção corresponderá à falta consumada. Amigos, isso viola claramente a Constituição. A
individualização da pena abrange não apenas a aplicação da pena, mas também sua execução.
Prestem atenção nesses detalhes e apresente críticas em eventual prova discursiva e oral.

Nessa esteira, o problema de sancionar da mesma forma aquele que consuma a falta
disciplinar com aquele que não encerra o iter (numa espécie de “crime de atentado30 aplicado à
execução penal”) é que não há individualização. Cada um deve responder na medida da sua
culpabilidade, de maneira que a sanção daquele que pratica falta disciplinar tentada
NECESSARIAMENTE DEVERIA ser mais branda do que daquele preso que consuma a falta grave.

O art. 49, parágrafo único da LEP diz que a tentativa é punida com a sanção correspondente
à falta disciplinar consumada:

Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção correspondente à falta consumada.

CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: “Sobre a disciplina na execução penal, é correto afirmar que a

30 Na teoria do crime, o chamado “crime de atentado” é aquele cuja sanção é idêntica tanto para quem consuma o
crime quanto para aquele que não consegue completar o iter criminis. Por todos, tome como exemplo o crime do art.
352, CP.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 40
CURSO RDP
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tentativa é impunível em razão de escolha legislativa de minoração dos efeitos criminógenos do


cárcere”.31

Vamos a um detalhe: existem várias teorias que tratam sobre com se dá a punição da
tentativa na execução penal.

Vejamos as principais:

Analisa o elemento subjetivo (a vontade de consumação do agente).


SISTEMA OU TEORIA Como tanto na tentativa como no crime consumado o elemento
SUBJETIVA OU MONISTA subjetivo é o mesmo, ambas merecem o mesmo tratamento. A
tentativa merece a mesma pena do crime consumado;
Analisa a periculosidade do agente, possibilitando a punição, inclusive,
TEORIA SINTOMÁTICA
dos atos preparatórios;
O que deve ser observado é o aspecto objetivo do delito, o caminho
TEORIA OBJETIVA OU percorrido, autorizando punição menos rigorosa quando o crime for
REALISTA tentado (adotado, em regra, pelo Código Penal no Art. 14, parágrafo
único);
Tem o mesmo substrato da teoria subjetiva, mas visa limitar o seu
alcance para tornar possível a punição somente a partir do momento
TEORIA DA IMPRESSÃO
em que a conduta do agente seja capaz de abalar a confiança no
OU OBJETIVA-SUBJETIVO
ordenamento ou de transmitir a ideia de perturbação da segurança
jurídica a quem dela tomar conhecimento.

Desta forma, podemos observar que a LEP adotou a teoria subjetiva ou monista ao
prescrever que a tentativa deve ser punida com a sanção correspondente à falta consumada.

Nesse sentido é a lição do professor Rodrigo Duque Estrada Roig (2017):

31ERRADO. LEP: Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves, médias e graves. A legislação local especificará as
leves e médias, bem assim as respectivas sanções. Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção correspondente à
falta consumada.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 41
CURSO RDP
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INTENSIVO 2021.1

“Inicialmente – em conformidade com as observações de Andrei Zenkner


Schmidt –, cumpre salientar que punir uma falta tentada da mesma forma
que a consumada significa consagrar a punição com base em aspectos
volitivos da infração, desprezando-se o desvalor do resultado, o que
revelaria a influência do direito penal do autor na Lei de Execução Penal.
Trata-se, em outros termos, da consagração da teoria subjetiva da tentativa,
que por fundar-se na mera manifestação de vontade contrária à norma
(carcerária), despreza a potencialidade lesiva da conduta. Tudo em nome da
“necessidade” de neutralização de um indivíduo – politicamente,
securitariamente, normativamente ou funcionalmente – visto como
perigoso.”32

10.2 FALTAS GRAVES EM ESPÉCIE

Vamos às faltas graves em espécie para aqueles que estejam cumprindo pena privativa de
liberdade, dando atenção especial ao inciso VIII, nova espécie de falta grave inserida pelo
denominado “Pacote Anticrime”.

Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina;
II - fugir;
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem;
IV - provocar acidente de trabalho;
V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007)

32Roig, Rodrigo Duque Estrada. Execução penal: teoria crítica/Rodrigo Duque Estrada Roig. – 3. ed. – São Paulo: Saraiva,
2017. p. 152.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 42
CURSO RDP
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INTENSIVO 2021.1

VIII - recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético (INCISO INSERIDO


COM O PACOTE ANTICRIME).
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso provisório.

ATENÇÃO: Enunciado 16 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal do CJF/STJ - realizada nos
dias 10 a 14 de agosto de 2020: O rol trazido pelo artigo 50 da Lei de Execução Penal é taxativo, não
comportando interpretação extensiva ou equiparação analógica.

Agora comentaremos os mais polêmicos incisos do art. 50.

Vamos lá.

Primeiro, com relação ao inciso I, as críticas a serem feitas são em relação aos termos
abstratos e genéricos utilizados pela LEP. O que é “subverter a disciplina”? Gritar, por exemplo, é
incitar movimento para subverter a ordem? Deveria a lei ter mais clareza, pois conceitos jurídicos
indeterminados, nessas situações, representam uma afronta à legalidade.

Com relação ao inciso III (possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a


integridade física de outrem), o que pode ser caracterizado como “instrumento capaz de ofender a
integridade”? Uma caneta, por exemplo, pode ser utilizada para escrever ou para matar, a
depender da vontade. Mais uma vez, críticas aos conceitos jurídicos indeterminados, em claro
arrepio à legalidade.

Já o inciso IV (provocar acidente de trabalho) é um absurdo. O artigo não deixa claro: o preso
sendo vítima de um acidente de trabalho, ele será punido por isso?

Um preso que está trabalhando pintando uma parede, por exemplo, e cai de uma escada e
quebra o braço, foi ele quem provocou o acidente de trabalho? Pois é. Não sei, não há clareza na
expressão “provocar acidente”.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 43
CURSO RDP
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CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: “Comete falta disciplinar de natureza grave aquele que causa acidente
de trabalho no cumprimento de pena de prestação de serviços à comunidade”. 33

Com relação ao inciso VII, a jurisprudência STF tem entendido que encontrar chips e outros
acessórios de celular com o preso caracteriza falta grave. Isso fere de morte a reserva legal
(taxatividade). O inciso é muito claro ao indicar que “utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de
rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo”. Um
carregador de celular ou um chip, desacompanhado de celular, não é capaz de permitir a
comunicação com o ambienta externo, a não ser que ele seja o Professor Xavier ou Jean Grey dos X-
Men.

CAIU NA DPE-MA-2018-FCC: “O princípio da taxatividade é observado na disposição legal da falta


grave de posse de celular, mas relativizado pela jurisprudência em prejuízo do condenado.” 34

De certo, a jurisprudência realmente entende que se o apenado for encontrado com um chip
está caracterizada falta grave, no entanto, não esqueçam do olhar crítico! #RDPNAMEDIDACERTA

Veremos agora o polêmico inciso VIII inserido através da denominado “Pacote Anticrime”.
(VIII - recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético).

Segundo Leonardo Marcondes Machado35:

“(...) Diante do projeto Moro, "a coleta compulsória de DNA deixa de ser
exceção e torna-se a regra, como se tal procedimento fosse algo
absolutamente corriqueiro e não suscitasse complexas discussões sobre os

33 ERRADO. Apesar do art. 50 – IV, da LEP prevê que comete falta grave quem provocar acidente de trabalho, esse
artigo trata das penas privativas de liberdade, e não das restritivas de direito, que são elencadas no art. 51 e não
incluem o acidente de trabalho
34 CERTO.
35 Texto disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-mar-05/academia-policia-banco-nacional-perfil-genetico-

nem-tudo-reluz-ouro. Acesso em: 26/01/2021.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 44
CURSO RDP
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INTENSIVO 2021.1

direitos dos condenados, tanto sob o prisma criminal, como sob o prisma da
proteção de dados".

(....) De fato, em que pese ares de modernização e aprimoramento


investigativo, a compulsoriedade na extração de material genético com o
fito de estabelecer um banco de dados formado exclusivamente pelo DNA
de condenados criminais mostra-se bastante questionável à luz da garantia
de não autoincriminação (art. 5º, LXIII, da CRFB; art. 14, 3, g, do Pacto
Internacional sobre Direitos Civis e Políticos da ONU; art. 8º, 2, g, da
Convenção Americana de Direitos Humanos / Pacto de San Jose da Costa
Rica) para além de outros direitos individuais necessários à histórica
contenção do (ab)uso do poder punitivo estatal e da seletividade criminal.

Segundo Machado de Carvalho, a utilização do corpo do imputado como


forma de aplacar uma vontade de verdade em torno do caso penal remonta
à metodologia inquisitiva e sua racionalidade eficientista. Nesse viés, a
"intervenção corporal obrigatória" aos condenados, despida de um concreto
fim processual probatório, efetivada sob a declaração oficial de servir a uma
situação futura, incerta e hipotética, não estaria em consonância com um
juízo de proporcionalidade apto a sustentar a compulsoriedade de tamanha
intromissão.[2]

Maria Thereza Rocha de Assis Moura e Mohamad Mahmoud também


negam validade jurídica ao banco de dados genéticos de condenados
enquanto base informativa de suspeição criminal permanente. Afirmam que
"a modificação da Lei de Execução Penal assenta-se num ideal político-
criminal de direito penal máximo, que não pode ser chancelado pela ordem
constitucional vigente".[3]”

Além disso, é importante que você saiba da existência do enunciado 533 da Súmula do STJ:

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 45
CURSO RDP
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“Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é


imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento
prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor
público nomeado.”

Não se aplica, no âmbito da execução penal, o enunciado nº 5 da Súmula Vinculante:

A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição.

Além disso, em 30/04/2020, o STF fixou uma importante tese com repercussão geral, que,
embora já esperada, traz consigo nítida violação ao devido processo administrativo na execução
penal e ao direito à defesa técnica:

“A oitiva do condenado pelo Juízo da Execução Penal, em audiência de


justificação realizada na presença do defensor e do Ministério Público, afasta
a necessidade de prévio Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD),
assim como supre eventual ausência ou insuficiência de defesa técnica no
PAD instaurado para apurar a prática de falta grave durante o cumprimento
da pena”. (RE 972.598, Relator Ministro Roberto Barroso). Sessão Virtual de
24.4.2020 a 30.4.2020.”

O Professor e Defensor Público Rodrigo Roig, em sua obra sobre Execução Penal (2018,
13436), já comungava do entendimento de que, mesmo que tenha ocorrido o exercício do
contraditório e da ampla defesa durante a audiência de justificação, certo é que ela não tem o
condão de suprimir a exigência de instauração do procedimento administrativo disciplinar,
entendimento também compartilhado pelo STJ à época.

36 Execução penal: teoria crítica/Rodrigo Duque Estrada Roig. – 4. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 46
CURSO RDP
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INTENSIVO 2021.1

“(...) Ainda que ocorra o exercício do contraditório e da ampla defesa


durante a audiência de justificação, certo é que ela não tem o condão de
suprimir a exigência de instauração do procedimento administrativo
disciplinar (STJ, HC 347562/RS, 6ª T., j. 9-8-2016). Durante a realização dos
atos referentes ao processo administrativo disciplinar, o acusado deve ser
acompanhado por defensor, sob pena de nulidade tanto por inobservância
dos princípios do contraditório e da ampla defesa, quanto pela violação do
art. 8º, item 2, alínea d, da Convenção Americana de Direitos Humanos e
art. 14, item 3, alínea d, do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e
Políticos. A propósito, a própria Corte Americana de Direitos Humanos, no
caso Castro-Veneroso, afirmou a necessidade do direito de defesa técnica
nos processos administrativos. Nem mesmo a realização da audiência
judicial de justificação com a defesa técnica pode sanar a nulidade da oitiva
administrativa do acusado sem a presença de seu advogado: “a prática da
falta disciplinar pelo apenado clama pela instauração do procedimento
administrativo disciplinar, visto que a mens legis da norma de execuções
penais foi justamente possibilitar o devido esclarecimento sobre o evento
durante o procedimento, em perfeita concretização do princípio do devido
processo legal, sendo que a sua exigência não apregoa um culto exagerado à
forma, mas sim uma formalidade legal que deve ser seguida, pois, do
contrário, o legislador não a teria normatizado. (GRIFOS NOSSOS).”

Atentem-se, ainda, ao Enunciado 21 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ:

Enunciado 21: A decisão do Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD)


que avalia a falta disciplinar sujeita-se a posterior análise e decisão judicial,
podendo ser novamente examinadas as questões de fato e de direito, bem
como o magistrado proferir nova decisão, para reconhecimento ou não da
referida falta.

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INTENSIVO 2021.1

Continuando.

PERGUNTA DE PROVA ORAL: pessoas condenadas à pena restritiva de direito praticam falta grave?

Essa pergunta é simples e foi feita na DPE-BA (FCC, 2016). A resposta é afirmativa e está no
art. 51 da LEP:

Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos que:
I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta;
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.

SELIGA: Enunciado 18 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal do CJF/STJ - realizada nos dias
10 a 14 de agosto de 2020: Na execução penal, o não pagamento da multa pecuniária ou a ausência
do seu parcelamento não impedem a progressão de regime, desde que os demais requisitos a tanto
estejam preenchidos e que se demonstre a impossibilidade econômica de o apenado adimpli-la.

Por fim, lembre-se que as faltas disciplinares na execução penal prescrevem em 3 anos. Por
que 3 anos? Como não há prazo fixado em Lei, utiliza-se o menor prazo previsto no Código Penal.

Nesse sentido o STF

JURISPRUDÊNCIA: 1. Habeas corpus. 2. Execução penal. Falta grave (fuga). 3. PAD não homologado,
ao fundamento de não ter sido observado o prazo máximo de conclusão previsto no Regimento
Disciplinar Penitenciário do Estado do Rio Grande do Sul (prazo de 30 dias). 4. A jurisprudência do
STF é no sentido de que, diante da ausência de norma específica quanto à prescrição da infração
disciplinar, utiliza-se, por analogia, o Código Penal (HC 92.000/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 1ª
Turma, DJe 30.11.2007). 5. Quanto ao prazo de 30 dias para o encerramento do PAD, esta Corte já
considerou que compete privativamente à União legislar sobre direito penal (HC 97.611/RS, Rel.
Min. Eros Grau, 2ª Turma, DJe 7.8.2009). 6. Ordem denegada. (HC 114422, Relator(a): Min. GILMAR

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MENDES, Segunda Turma, julgado em 06/05/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-100 DIVULG 26-05-
2014 PUBLIC 27-05-2014)

Continuando o ponto...

Agora vamos falar sobre o RDD.

10.3 REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (RDD)

O RDD é o Regime Disciplinar Diferenciado. Tem expressa previsão na LEP e vocês precisam
decorar TUDO sobre ele (porque cai e não é pouco), sobretudo depois do chamado “Pacote
Anticrime”, que o alterou substancialmente.

Veremos abaixo como era e como ficou.

COMO ERA O RDD ANTES COMO FICOU APÓS O PACOTE ANTICRIME


Art. 52. A prática de fato previsto como crime Art. 52. A prática de fato previsto como crime
doloso constitui falta grave e, quando doloso constitui falta grave e, quando ocasionar
ocasione subversão da ordem ou disciplina subversão da ordem ou disciplina internas,
internas, sujeita o preso provisório, ou sujeitará o preso provisório, ou condenado,
condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção
regime disciplinar diferenciado, com as penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as
seguintes características: seguintes características:37
I - duração máxima de trezentos e sessenta I – duração máxima de até 2 (dois) anos, sem
dias, sem prejuízo de repetição da sanção por prejuízo de repetição da sanção por nova falta
nova falta grave de mesma espécie, até o grave de mesma espécie;
limite de um sexto da pena aplicada;
II - recolhimento em cela individual; II – recolhimento em cela individual;
III - visitas semanais de duas pessoas, sem III – visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por

37 Deve-se sustentar, em provas abertas, que o RDD continua a violar as chamadas Regras de Mandela.

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contar as crianças, com duração de duas horas vez, a serem realizadas em instalações equipadas
para impedir o contato físico e a passagem de
objetos, por pessoa da família ou, no caso de
terceiro, autorizado judicialmente, com duração
de 2 (duas) horas;
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 IV – direito do preso à saída da cela por 2 (duas)
horas diárias para banho de sol. horas diárias para banho de sol, em grupos de
até 4 (quatro) presos, desde que não haja
contato com presos do mesmo grupo criminoso;
Sem correspondência na LEP antes do Pacote V – entrevistas sempre monitoradas, exceto
Anticrime aquelas com seu defensor, em instalações
equipadas para impedir o contato físico e a
passagem de objetos, salvo expressa autorização
judicial em contrário;

§ 1º O regime disciplinar diferenciado também VI – fiscalização do conteúdo da


poderá abrigar presos provisórios ou correspondência;
condenados, nacionais ou estrangeiros, que
apresentem alto risco para a ordem e a VII – participação em audiências judiciais
segurança do estabelecimento penal ou da preferencialmente por videoconferência,
sociedade. garantindo-se a participação do defensor no
mesmo ambiente do preso.

§ 1º O regime disciplinar diferenciado também


será aplicado aos presos provisórios ou
§ 2º Estará igualmente sujeito ao regime condenados, nacionais ou estrangeiros:
disciplinar diferenciado o preso provisório ou
o condenado sob o qual recaiam fundadas I – que apresentem alto risco para a ordem e a
suspeitas de envolvimento ou participação, a segurança do estabelecimento penal ou da
qualquer título, em organizações criminosas, sociedade;

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quadrilha ou bando.
II – sob os quais recaiam fundadas suspeitas de
envolvimento ou participação, a qualquer título,
em organização criminosa, associação criminosa
ou milícia privada, independentemente da
prática de falta grave.
REVOGADO: § 2o Estará igualmente sujeito ao
regime disciplinar diferenciado o preso provisório
ou o condenado sob o qual recaiam fundadas
suspeitas de envolvimento ou participação, a
qualquer título, em organizações criminosas,
quadrilha ou bando. (Incluído pela Lei nº 10.792,
de 2003)

§ 3º Existindo indícios de que o preso exerce


liderança em organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, ou que tenha
atuação criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da
Federação, o regime disciplinar diferenciado será
obrigatoriamente cumprido em estabelecimento
prisional federal.

§ 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o


regime disciplinar diferenciado poderá ser
prorrogado sucessivamente, por períodos de 1
(um) ano, existindo indícios de que o preso:

I - continua apresentando alto risco para a ordem


e a segurança do estabelecimento penal de
origem ou da sociedade;

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Sem correspondência na LEP antes do Pacote II - mantém os vínculos com organização


Anticrime criminosa, associação criminosa ou milícia
privada, considerados também o perfil criminal e
a função desempenhada por ele no grupo
criminoso, a operação duradoura do grupo, a
superveniência de novos processos criminais e os
resultados do tratamento penitenciário.

§ 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o


regime disciplinar diferenciado deverá contar
com alta segurança interna e externa,
principalmente no que diz respeito à necessidade
de se evitar contato do preso com membros de
sua organização criminosa, associação criminosa
ou milícia privada, ou de grupos rivais.

§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput


deste artigo será gravada em sistema de áudio ou
de áudio e vídeo e, com autorização judicial,
fiscalizada por agente penitenciário.

§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime


disciplinar diferenciado, o preso que não receber
a visita de que trata o inciso III do caput deste
artigo poderá, após prévio agendamento, ter
contato telefônico, que será gravado, com uma
pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês e por
10 (dez) minutos.”(NR)

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 52
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Não preciso nem dizer as críticas existentes, não é? São muitas!

Alguns autores, a exemplo de Roig, entendem pela inconstitucionalidade do RDD. Viola as


Regras de Mandela, além de princípios constitucionais, como a dignidade da pessoa humana e a
proibição de tratamentos cruéis e degradantes. O pacote anticrime trouxe, sem dúvidas, o
recrudescimento do referido instituto.

O §1º acima traz, mais uma vez, conceitos jurídicos indeterminados, como por exemplo
“que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade;
ou II – sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título,
em organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, independentemente da prática
de falta grave”.

Nós vimos que esse tipo de comportamento viola de morte a legalidade, um dos vetores
básicos da execução e do direito penal.

Esse tipo de conduta pode trazer diversas arbitrariedades, pois é muito fácil justificar o RDD
com base no “alto risco para a ordem e segurança”. Como a defesa vai conseguir, através de HC, que
tem reduzidíssima possibilidade de análise probatória, provar que o apenado não oferece “alto
risco”, se o requisito é apenas esse? #FCCNÃOBRINCACOMIGO #CESPESELIGUEQUEEUFAÇORDP

SE LIGA, ALUN@ RDP: vimos que o direito de receber visita de quem está no RDD é limitado;
pergunta-se: o advogado (Defensor) está incluído nessa limitação?
Amig@s, de forma alguma. O direito de ser assistido por um advogado constituído ou Defensor
Público nomeado é direito fundamental atrelado à dignidade da pessoa humana. Dessa maneira,
as visitas técnicas de advogado não estão sujeitas às limitações do RDD, salvo se houver
justificativa apresentada pela direção do presídio, baseada em elementos CONCRETOS para tanto
(HC 383.757, Rel. Min. Laurita Vaz).

De acordo com o que foi decidido pela Corte IDH no Caso Bámaca, segundo a doutrina de

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Caio Paiva e Thimotie Aragon, “é possível argumentar que o RDD é inconvencional e viola direitos
previstos na CADH, além de também conflitar com as Regras Mínimas da ONU para o Tratamento de
Presos (Regras de Mandela)”.38

Finalizando isso, vamos para os tipos de sanções disciplinares.

10.4 ESPÉCIES DE SANÇÕES DISCIPLINARES

O art. 53 traz as sanções disciplinares possíveis de serem aplicadas aos apenados:

Art. 53. Constituem sanções disciplinares:


I - advertência verbal;
II - repreensão;
III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo único);
IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos que possuam
alojamento coletivo, observado o disposto no artigo 88 desta Lei.
V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

Quem aplica as sanções? Segundo o art.54 da LEP, o diretor do estabelecimento aplica todas
as sanções, exceto a inclusão no RDD.

Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão aplicadas por ato motivado do diretor do
estabelecimento e a do inciso V (RDD), por prévio e fundamentado despacho do juiz competente.
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
§ 1º A autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar dependerá de requerimento
circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa.
§ 2º A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime disciplinar será precedida de
manifestação do Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo de quinze dias.

38PAIVA, Caio. HEEMANN, Thimotie Aragon. Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos. 3º Edição. Belo
Horizonte. Editora CEI, 2020, p. 87.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 54
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É importante que você saiba que, conforme enunciado 534-STJ, a prática de falta grave
interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se
reinicia a partir do cometimento dessa infração. No entanto, até a publicação do “Pacote
Anticrime” não havia previsão legal.

Agora, com a Lei nº 13.964/2019, fora acrescido o § 6º ao art. 112 da LEP, segundo o qual “o
cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade interrompe o prazo
para a obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício da
contagem do requisito objetivo terá como base a pena remanescente”.

CAIU NA DPE-RS-2018-FCC: “A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a


progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa
infração”.39

Sobre o tema, importante trazer à colação algumas súmulas sobre a interrupção ou não do
prazo com o cometimento de falta grave.

Enunciado 441-STJ: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção do livramento condicional.
Enunciado 535-STJ: A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena
ou indulto.
Enunciado 534-STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de
regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.

CAIU-DP-DF-2019-CESPE: “A prática de falta grave não interrompe os prazos para fins de comutação
de pena nem para a concessão de indulto, tampouco para obtenção de livramento condicional”.40

CAIU-DPE-RS-2018-FCC: “A prática de falta grave interrompe o prazo para obtenção de livramento

39CORRETO.
40CORRETO. Súmula 441: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional. Súmula 535: A
prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 55
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INTENSIVO 2021.1

condicional”. 41

Tabela feita pelo Dizer o Direito42 que resume tudo isso:

EXECUÇÃO PENAL
Consequências decorrentes da prática de FALTA GRAVE:
ATRAPALHA NÃO INTERFERE
• PROGRESSÃO: interrompe o prazo para a • INDULTO E COMUTAÇÃO DE PENA: a prática
progressão de regime. de falta grave não interrompe o prazo para fim
• REGRESSÃO: acarreta a regressão de regime. de comutação de pena ou indulto (Súmula 535-
• SAÍDAS: revogação das saídas temporárias. STJ). A concessão de comutação de pena ou
• TRABALHO EXTERNO: revogação do trabalho indulto deverá observar o cumprimento dos
externo. requisitos previstos no decreto presidencial.
• REMIÇÃO: revoga até 1/3 do tempo remido.
• RDD: pode sujeitar o condenado ao RDD. • SAÍDA TEMPORÁRIA E TRABALHO EXTERNO
• DIREITOS: suspensão ou restrição de direitos. (requisito objetivo): a prática de falta grave
• ISOLAMENTO: na própria cela ou em local durante o cumprimento da pena não acarreta a
adequado. alteração da data-base para fins de saída
temporária e trabalho externo.
LIVRAMENTO CONDICIONAL: para ter direito ao benefício o réu não pode ter cometido falta grave
nos últimos 12 meses. Por outro lado, a falta grave não interrompe o prazo para obtenção do
livramento condicional (Súmula 441-STJ).

Por fim, é preciso que vocês também conheçam o enunciado 526 da súmula do STJ, também
muito criticada, vejam:

41ERRADO.
42CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Resumo das consequências decorrentes da prática de falta grave. Buscador Dizer
o Direito, Manaus. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/861578d797aeb0634f77aff3f488cca2. Acesso em:
26/01/2021.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 56
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“O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime doloso
no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no
processo penal instaurado para apuração do fato.”

Pessoal, não sei se vocês entenderam o que a súmula diz, mas é simples.

Pedro está cumprindo pena em regime fechado, e praticou um crime doloso dentro do
presídio (lesão corporal, por exemplo). Assim, instaurou-se um procedimento administrativo para
apurar a referida infração e também uma ação penal intentada pelo MP. Pode haver o julgamento
do processo administrativo, e efetivamente aplicar a sanção antes do trânsito em julgado da
sentença penal condenatória? Segundo esse enunciado, sim.

CAIU NA DPE-RS-2018-FCC: “Para o reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de


fato definido como crime doloso no cumprimento da pena, é necessária a ocorrência do trânsito em
julgado de sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato”. 43

Esse entendimento do STJ viola a presunção de inocência e a inafastabilidade jurisdicional. O


reconhecimento da falta grave vai interferir, por exemplo, na progressão de regime. Se o réu for
absolvido na sentença penal por negativa de autoria ou inexistência do fato 44, e aí? O Estado vai se
responsabilizar pelos danos causados?

Temos que adotar, sempre, uma postura redutora de danos. Sabemos muito bem que a
prevenção especial positiva não funciona no Brasil! #TEORIAAGNÓSTICAEUTEAMO
#FUNÇÕESNÃODECLARADASDAPENAÉNÓS #ÉNÓSCOMASTEORIASDESLEGITIMADORAS

CAIU NA DP-DF-2019-CESPE: “O reconhecimento de falta grave decorrente da prática de fato

43ERRADO.
44Foi mencionada a absolvição por negativa de autoria ou inexistência de fato pois são essas as hipóteses que vinculam
as esferas administrativa e civil (o que inclui, em relação à esfera administrativa, a execução penal).

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 57
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definido como crime doloso independe do trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. 45

JURISPRUDÊNCIA EM TESES – STJ – FALTAS GRAVES

Faltas graves - Edição I Faltas graves – Edição III

Faltas graves - Edição II Faltas graves - Edição IV

11. ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL

Por fim (#ESTAMOSACABANDO), vocês precisam ler sobre os órgãos da execução penal. Não
vou transcrever aqui para não ficar muito extenso e causar aquela sensação de MUITO conteúdo,
mas leia do art. 61 ao 81 da LEP depois volte aqui! Estou esperando!

Dando continuidade, abaixo transcrevo o artigo MAIS importante sobre os órgãos da


execução penal #ADIVINHAQUALÉ #SANGUEVERDE #ACERTÔMISARAVI

Nesse sentido, cuidado, pois foi a Lei nº 12.313/2010 que alterou a Lei de Execução Penal
para prever a assistência jurídica ao preso dentro do presídio e atribuir competências à Defensoria

45CERTO. Súmula 526-STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime
doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no processo penal
instaurado para apuração do fato.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 58
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Pública.

Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela regular execução da pena e da medida de segurança,
oficiando, no processo executivo e nos incidentes da execução, para a defesa dos necessitados em
todos os graus e instâncias, de forma individual e coletiva. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública: (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
I - requerer: (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do processo executivo; (Incluído pela
Lei nº 12.313, de 2010).
b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que de qualquer modo favorecer o
condenado; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
c) a declaração de extinção da punibilidade; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
d) a unificação de penas; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
e) a detração e remição da pena; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de execução; (Incluído pela Lei nº 12.313,
de 2010).
g) a aplicação de medida de segurança e sua revogação, bem como a substituição da pena por
medida de segurança; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, a suspensão condicional da pena, o
livramento condicional, a comutação de pena e o indulto; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
i) a autorização de saídas temporárias; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
j) a internação, a desinternação e o restabelecimento da situação anterior; (Incluído pela Lei nº
12.313, de 2010).
k) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra comarca; (Incluído pela Lei nº
12.313, de 2010).
l) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1º do art. 86 desta Lei; (Incluído pela Lei
nº 12.313, de 2010).
II - requerer a emissão anual do atestado de pena a cumprir; (Incluído pela Lei nº 12.313, de
2010).

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 59
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III - interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade judiciária ou administrativa


durante a execução; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
IV - representar ao Juiz da execução ou à autoridade administrativa para instauração de
sindicância ou procedimento administrativo em caso de violação das normas referentes à execução
penal; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
V - visitar os estabelecimentos penais, tomando providências para o adequado funcionamento,
e requerer, quando for o caso, a apuração de responsabilidade; (Incluído pela Lei nº 12.313, de
2010).
VI - requerer à autoridade competente a interdição, no todo ou em parte, de estabelecimento
penal. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública visitará periodicamente os estabelecimentos penais,
registrando a sua presença em livro próprio. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

SE LIGA, ALUN@ RDP: a doutrina institucional entende que o art. 81-A, LEP é uma forma expressa
pelo ordenamento de dispor sobre a atuação da Defensoria como custos vulnerabilis na execução
penal.

Enquanto o MP atua em diversas demandas, individuais ou coletivas, na condição de custos juris, ou


seja, fiscal da ordem jurídica (evolução da visão mais simplista de custos legis), os membros da
Defensoria atuam como vigilantes das garantias fundamentais, mormente na seara penal.

Frisa-se que, na atuação como custos vulnerabilis, a DPE ou DPU atua em nome próprio, não
representando diretamente nenhuma das partes. Inclusive, mesmo que no processo concreto todas
as partes já tenham representantes judiciais, a Defensoria poderá requerer atuação como custos
vulnerabilis.

NÃO CONFUNDAM: amicus curiae não é a mesma coisa que custos vulnerabilis. Conforme Bheron
Rocha46:

46 ROCHA, Jorge Bheron. A Defensoria como custos vulnerabilis e a advocacia privada. Disponível em:
https://www.conjur.com.br/2017-mai-23/tribuna-defensoria-defensoria-custos-vulnerabilis-advocacia-privada. Acesso
em: 26/01/2021.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 60
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INTENSIVO 2021.1

“Diferencia-se o atuar como custos vulnerabilis daquele efetivado como


amicus curiae, porque neste a Defensoria Pública atua como amigo da corte,
possui restrição recursal aos embargos de declaração e necessita comprovar
a repercussão social da controvérsia, enquanto que, naquela, trata-se de
atuação em prol do vulnerável, sendo também cabível interpor todo e
qualquer recurso (até porque, muitas vezes, a própria instituição poderia ter
ajuizado a demanda em nome próprio, como nos casos de ações civis
públicas ou Habeas Corpus) e, ainda, porque a demanda pode ter cunho
exclusivamente individual, relacionado à dignidade humana e aos direitos
fundamentais da pessoa.

[...]

A intervenção defensorial custos vulnerabilis tem como escopo aportar, em


prol do vulnerável, argumentos, informações e documentos aptos a instruir
sobejamente o processo, de forma a possibilitar ao julgador uma cognição
ampla e profunda da problemática posta, enfrentando com maior grau de
certeza e confiança o mérito do pedido, sem com isso dispensar ou
substituir o importante papel desempenhado pelo causídico particular
representante judicial do preso, uma vez que o advogado privado presta
serviço público e exerce função social (artigo 2º, parágrafo 1º, Estatuto da
OAB) indispensável à administração da justiça (artigo 133, CRFB), cuja
atuação livre está protegida (artigo 7º, I, Estatuto da OAB).”

Por fim, trago diversos enunciados de súmula que já foram objeto de questionamento em
provas da Defensoria.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 61
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12. ENUNCIADOS SOBRE EXECUÇÃO PENAL

491-STJ: É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.

Súmula 562-STJ: É possível a remição de parte do tempo de execução da pena quando o condenado,
em regime fechado ou semiaberto, desempenha atividade laborativa, ainda que extramuros.

Súmula 717-STF: Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não
transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.

Súmula 716-STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação


imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença
condenatória.

Súmula vinculante 26-STF: Para efeito de progressão de regime de cumprimento de pena, por crime
hediondo ou equiparado, praticado antes de 29 de marco de 2007, o juiz da execução, ante a
inconstitucionalidade do artigo 2º, parágrafo 1º da Lei 8.072/90, aplicará o artigo 112 da Lei de
Execuções Penais, na redação original, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche ou não os
requisitos objetivos e subjetivos do benefício podendo determinar para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico.

Súmula 715-STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros
benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução.47

Súmula vinculante 9-STF: O disposto no artigo 127 da Lei 7.210/84 foi recebido pela ordem
constitucional vigente e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do artigo 58.

47Com as alterações promovidas pela Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), o tempo máximo de cumprimento de
pena aumentou para 40 anos.

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CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

Súmula 535-STJ: A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou
indulto.

Súmula 534-STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de
regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração. 48

Súmula 526-STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido


como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal
condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato.

Súmula 533-STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal,
é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento
prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor
público nomeado.

Súmula 341-STJ: A frequência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de
execução de pena sob regime fechado ou semiaberto.

Súmula 40-STJ: Para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho externo, considera-se o
tempo de cumprimento da pena no regime fechado.

Súmula 520-STJ: O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional
insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional

Súmula 471-STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da


vigência da Lei nº 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no artigo 112 da Lei 7.210/1984 (Lei de
Execução Penal) para a progressão de regime prisional.

48 O tema foi tratado expressamente com o Pacote Anticrime, não sendo mais apenas criação jurisprudencial.

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META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

Súmula 192-STJ: Compete ao juízo das execuções penais do Estado a execução das penas impostas a
sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos
sujeitos à administração estadual.

Súmula 441-STJ: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção do livramento condicional.

Súmula 439-STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em
decisão motivada.

Súmula 617-STJ: A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do término


do período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena 49. •
Aprovada em 26/09/2018, DJe 01/10/2018.

Súmula 700-STF: É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da
execução penal. • Válida (art. 586 do CPP).

Súmula vinculante 56-STF: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção
do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nesta hipótese, os
parâmetros fixados no Recurso Extraordinário (RE) 641320.

Súmula 493-STJ: É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial
ao regime aberto50.

49 Por outro lado, lembrem-se que, conforme os próprios tribunais superiores, se durante o período de prova do
SURSIS, a pessoa praticar alguma violação das condições, mesmo que apurada após o transcurso do prazo
supramencionado, o MP poderá dar prosseguimento ao processo penal.
50 Contudo, quando falamos em SURSIS, a situação muda de figura, já que o STJ entende que, nesse caso, o juiz poderá

impor condições que no plano prático se caracterizem como pena substitutiva.

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QUESTÕES PARA FIXAR


Questão 01

O princípio do “numerus clausus” é um princípio por meio do qual cada nova entrada de uma
pessoa no sistema carcerário deve necessariamente corresponder ao menos a uma saída, gerando
uma estabilidade ou uma redução na proporção presos-vagas.

CERTO ERRADO

Questão 02

A execução penal tem natureza complexa, já que ora pratica atos administrativos, ora pratica atos
judiciais. Tal afirmação revela o princípio da complexidade na execução penal.

CERTO ERRADO

Questão 03

O exame criminológico é imprescindível para a progressão de regime e para o livramento


condicional.

CERTO ERRADO

Questão 04

Segundo a LEP, o trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não podendo ser
inferior a 3/4 (três quartos) do salário-mínimo, estando sujeito a aplicabilidade da CLT.

CERTO ERRADO

Questão 05

É vedado o trabalho aos maiores de 60 anos, aos presos provisórios e ao condenado por crime
político.

CERTO ERRADO

Questão 06

Segundo a LEP, a prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do estabelecimento,
dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 (um
sexto) da pena.

Questão
CERTO07 ERRADO

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INTENSIVO 2021.1

Questão 07

Conforme a LEP, o diretor do estabelecimento aplica todas as sanções disciplinares aos presos,
inclusive a inclusão no Regime Disciplinar Diferenciado.

CERTO ERRADO

Questão 08

Segundo a LEP, na punição de faltas disciplinares, pune-se a tentativa com a sanção correspondente
à falta consumada.

CERTO ERRADO

Questão 09

Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que recusar submeter-se ao
procedimento de identificação do perfil genético.

CERTO ERRADO

Questão 10

O STF fixou tese que dispõe que a oitiva do condenado pelo Juízo da Execução Penal, em audiência
de justificação realizada na presença do defensor e do Ministério Público, não afasta a necessidade
de prévio Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD).

CERTO ERRADO

Questão 11

Os indivíduos submetidos às penas restritivas de direitos não praticam falta grave.

CERTO ERRADO

Questão 12

O Regime Disciplinar Diferenciado terá duração máxima de 360 dias, com visitas semanais de duas
pessoas, tendo o preso direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol.

CERTO ERRADO

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 66
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INTENSIVO 2021.1

Questão 13

A falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime e o prazo para
obtenção do livramento condicional.

CERTO ERRADO

GABARITO

1.C 2.C 3.E 4.E 5.E 6.C 7.E

8.C 9.C 10.E 11.E 12.E 13.E

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QUESTÕES PARA FIXAR - COMENTÁRIOS


Questão 01

O princípio do “numerus clausus” é um princípio por meio do qual cada nova entrada de uma
pessoa no sistema carcerário deve necessariamente corresponder ao menos a uma saída, gerando
uma estabilidade ou uma redução na proporção presos-vagas.

GAB: C. É a exata definição do princípio do “numerus clausus”.

Questão 02

A execução penal tem natureza complexa, já que ora pratica atos administrativos, ora pratica atos
judiciais. Tal afirmação revela o princípio da complexidade na execução penal.

GAB: C. O princípio da complexidade da execução penal preleciona que a execução penal é dividida
em atos praticados pela administração (diretor do presídio, por exemplo) e atos eminentemente
judiciais, o que a torna complexa.

Questão 03

O exame criminológico é imprescindível para a progressão de regime e para o livramento


condicional.

GAB: E. A Lei nº 10.792/2003 alterou a redação do art. 112, caput, e §2º, da LEP e retirou do nosso
ordenamento a antiga exigência do exame criminológico, tanto para progressão, quanto para
livramento condicional.

Questão 04

Segundo a LEP, o trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não podendo ser
inferior a 3/4 (três quartos) do salário-mínimo, estando sujeito a aplicabilidade da CLT.

GAB: E. O erro do enunciado consiste em considerar a aplicabilidade da CLT ao trabalho do preso, o


que é vedado pelo art. 28, §2º, da LEP.

Questão 05

É vedado o trabalho aos maiores de 60 anos, aos presos provisórios e ao condenado por crime
político.

GAB: E. Não há vedação ao trabalho para os maiores de 60 anos. A LEP assegura que estas pessoas
possam solicitar ocupação adequada à sua idade (art. 32, §2º, da LEP).

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Questão 06

Segundo a LEP, a prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do estabelecimento,
dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 (um
sexto) da pena.

GAB: C. Previsão do art. 37 da LEP.

Questão 07

Conforme a LEP, o diretor do estabelecimento aplica todas as sanções disciplinares aos presos,
inclusive a inclusão no Regime Disciplinar Diferenciado.

GAB: E. Segundo o art. 54 da LEP, o diretor de estabelecimento não aplica a inclusão no RDD.

Questão 08

Segundo a LEP, na punição de faltas disciplinares, pune-se a tentativa com a sanção correspondente
à falta consumada.

GAB: C. Previsão do parágrafo único, do art. 49 da LEP.

Questão 09

Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que recusar submeter-se ao
procedimento de identificação do perfil genético.

GAB: C. Previsão do art. 50, VIII, da LEP, inserido pelo Pacote Anticrime.

Questão 10

O STF fixou tese que dispõe que a oitiva do condenado pelo Juízo da Execução Penal, em audiência
de justificação realizada na presença do defensor e do Ministério Público, não afasta a necessidade
de prévio Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD).

GAB: E. Na verdade o STF entendeu que a referida oitiva teria capacidade de afastar a necessidade
de prévio Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD).

Questão 11

Os indivíduos submetidos às penas restritivas de direitos não praticam falta grave.

GAB: E. O art. 51 da LEP dispõe acerca das hipóteses em que há falta grave para condenados à pena
restritiva de direitos.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 69
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Questão 12

O Regime Disciplinar Diferenciado terá duração máxima de 360 dias, com visitas semanais de duas
pessoas, tendo o preso direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol.

GAB: E. Com o advento do Pacote Anticrime, o prazo de duração máxima do RDD foi alterado para
02 anos, bem como as visitas passaram a ser quinzenais. Vale a leitura completa do art. 52 da LEP.

Questão 13

A falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime e o prazo para
obtenção do livramento condicional.

GAB: E. A falta grave não interrompe o prazo para obtenção do livramento condicional (Súmula 441
do STJ).

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INTENSIVO 2021.1

DIREITO ADMINISTRATIVO

Noções introdutórias: Poderes do Estado. Governo X Estado. Administração Pública. Estrutura e


exercício da função administrativa. Critérios para definição do que é Administração Pública.
Administração Direita, Indireta e Terceiro Setor. Governo e Administração Pública – Distinções.
Centralização. Descentralização e Desconcentração. Fontes do Direito Administrativo. Interpretação
do Direito Administrativo. Sistemas de Controle da Atividade Administrativa. Regime Jurídico
Administrativo. Princípios.

1. INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

Entraremos agora em Direito Administrativo.

1.1 PODERES DO ESTADO

O Brasil adotou a teoria clássica de tripartição das funções, organizada por Montesquieu.
Neste sentido, restou definido o funcionamento dos seguintes “poderes”: legislativo, executivo e
judiciário.

SE LIGA, ALUN@ RDP: a rigor, o Poder estatal é uno e indivisível. Isso porque apenas existe um
único poder soberano. Mas, para fins de melhor governabilidade, há a divisão das FUNÇÕES desse
poder. Assim, a denominação mais técnica (que, a depender do examinador, fará você ganhar
mais pontos do que os outros candidatos que não souberem essa tecnicidade) é FUNÇÃO
legislativa, FUNÇÃO judiciária e FUNÇÃO política e de governo.

Cada um deles tem sua atividade principal e outras secundárias. Sendo a principal chamada
de função típica e a secundária de atípica.

A FUNÇÃO LEGISLATIVA estabelece a possibilidade de se instituir normas gerais e abstratas,


que inovam o ordenamento jurídico criando direitos e obrigações aos particulares; a FUNÇÃO
JUDICIAL, por seu turno, possibilita o julgamento dos litígios com a finalidade de pacificação social –

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 71
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META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

a jurisdição tem o poder de proferir decisões com caráter de definitividade, produzindo a coisa
julgada e, por fim, a FUNÇÃO EXECUTIVA/FUNÇÃO ADMINISTRATIVA permite a aplicação das
normas administrativas ao caso concreto, sendo, portanto, a função que atua na defesa concreta
dos interesses públicos.

Ressalte-se, ainda, que há na doutrina quem fale na existência da FUNÇÃO POLÍTICA DO


ESTADO/FUNÇÃO DE GOVERNO DO ESTADO – que, no entender de Celso Antônio Bandeira de
Melo, abarca os atos jurídicos que não estão abarcados nas funções anteriores. Matheus Carvalho
cita como exemplo desta função os atos de sanção e veto de lei, a declaração de guerra e a
decretação de estado de calamidade, isto porque, nestes casos a atuação do Estado versa sobre a
gestão superior da vida estatal, tratando-se de decisão de natureza política.

1.2 GOVERNO X ESTADO

Não se deve confundir as definições de Estado e de Governo. O Estado é uma instituição


organizada política, jurídica e economicamente. O governo é, por sua vez, elemento formador do
Estado e com ele não se confunde.

O governo em sentido subjetivo/formal delimita a cúpula diretiva do Estado responsável


pela condução das atividades estatais; já em sentido objetivo/material é a atividade diretiva do
Estado, confundindo-se com seu complexo de funções básicas.

1.3 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – ESTRUTURA E EXERCÍCIO DA FUNÇÃO ADMINISTRATIVA

Pelo exposto, pode-se concluir que a função administrativa é típica do Poder Executivo, mas
há possibilidade de atuação administrativa atipicamente pelos demais Poderes do Estado.

A expressão Administração Pública em sentido formal, orgânico ou subjetivo designa o


conjunto de órgãos e agentes estatais no exercício da função administrativa, ao passo que aquela

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 72
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META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

expressão empregada em seu sentido objetivo ou material se confunde com a definição de função
administrativa e designa a atividade estatal que objetiva a defesa concreta dos interesses públicos.

A doutrina costuma apontar quatro tarefas precípuas da Administração Pública:

• Prestação de serviços públicos;


• Exercício do poder de polícia – limitação e condicionamento da
liberdade e propriedade privadas em favor do interesse público;
• Regulação de atividades de interesse público com fomento de
atividades privadas – manifesta-se pelo incentivo de setores sociais
específicos em atividades exercidas por particulares, estimulando o
desenvolvimento da ordem social e econômica; e
• Controle da atuação do estado – surge com o poder-dever atribuído ao
Estado de verificar a correção e legalidade da atuação exercida pelos
seus próprios órgãos.

1.4 CRITÉRIOS DE DEFINIÇÃO DO QUE É ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Pode-se apontar sete critérios que procuram definir o conceito de administração pública,
vejamos:

01. CRITÉRIO DA ESCOLA DO SERVIÇO PÚBLICO OU TEORIA DA ESCOLA FRANCESA: para essa Escola
toda atividade do Estado é prestação de serviços públicos – ou seja, o objeto do direito
administrativo é a prestação de serviço público.

Crítica à escola francesa: a administração pública moderna desempenha muitas atividades que não
podem ser consideradas prestação de serviço público, como é o caso do exercício do poder de
polícia. Ainda, há exemplos de serviços públicos tão relevantes que fazem parte do objeto de
estudo de outros ramos do direito, como é o caso do direito tributário que se vale da prestação de
serviços públicos para a cobrança de taxas e outros tributos.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 73
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META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

02. CRITÉRIO DO PODER EXECUTIVO: de acordo com este critério, toda atividade administrativa se
restringe ao poder executivo. Portanto, o objeto de estudo do direito administrativo seria a
complexo de leis disciplinadoras da atuação daquele poder.

Crítica ao critério do poder executivo: este critério também se mostra insuficiente porque ignora
que as demais funções do Estado que exercem função administrativa atipicamente; além disto, nem
toda atividade do poder executivo diz respeito a função administrativa.

03. CRITÉRIO LEGALISTA: também chamado de escola exegética, para este critério, o direito
administrativo se resume ao estudo do conjunto de legislação existente no país.

Crítica ao critério exegético: Este critério é insuficiente porque é reducionista. Desconsidera o papel
fundamental da doutrina e da jurisprudência na identificação dos princípios básicos informadores
do direito.

04. CRITÉRIO DAS RELAÇÕES JURÍDICAS: este critério pretende definir o direito administrativo como
a disciplina que trata das relações jurídicas entre o Estado e o administrado.

Crítica ao critério das relações jurídicas: trata-se de delimitação também insuficiente porque tais
relações são tratadas em todos os ramos do direito público. Nem todas as relações jurídicas entre o
Estado e o Particular são tratadas pelo direito administrativo.

05. CRITÉRIO NEGATIVISTA OU RESIDUAL: surgiu diante da dificuldade de definição de qual seria o
objeto de estudo do direito administrativo. Para este critério, toda função do Estado que não
configurar função legislativa, política ou judicial, é função administrativa.

Crítica ao critério negativista: não é possível fazer um conceito pelo que não se é. Conceitua-se uma
disciplina pelo que ela representa, pelo que ela é; assim, muito embora o conceito residual não
esteja errado, ele não supre as necessidades do direito administrativo.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 74
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META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

06. CRITÉRIO TELEOLÓGICO OU FINALÍSTICO: defendido por Osvaldo Aranha e Celso Antônio
Bandeira de Melo – Para os autores, o direito administrativo deve ser conceituado como o sistema
de princípios que regula toda atividade do Estado direcionada à garantia do interesse público.

Crítica ao critério teleológico: embora não esteja errado, entende-se que todos os outros ramos do
direito público também visam garantir o interesse público.

07. CRITÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA OU CRITÉRIO FUNCIONAL: defendido por Hely Lopes
Meireles. Segundo o autor, o direito administrativo é o conjunto harmônico de princípios que
regem os órgãos, entidades e agentes da administração pública para realizarem os fins do Estado
(quem diz quais são os fins é o direito constitucional) de forma concreta (difere da função legislativa
que é abstrata), direta (difere da função judicial que é inerte) e imediata (difere da função política
que atua de forma mediata).

1.5 ADMINISTRAÇÃO DIRETA, INDIRETA E TERCEIRO SETOR – CONCEITOS ESSENCIAIS

ADMINISTRAÇÃO DIRETA: conjunto de órgãos e agentes públicos que compõem os entes


federativos (União, Estados, DF e Municípios).

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA: conjunto de pessoas jurídicas, especialmente criadas pelos entes


federativos para a realização de atividades administrativas específicas, ou, ainda, para explorarem
atividades econômicas, mediante processo de descentralização. São elas: as autarquias, as
fundações públicas, as empresas públicas e as sociedades de economia mista.

ENTIDADES PARAESTATAIS: são pessoas jurídicas de direito privado que não integram a
Administração Pública, mas colaboram com o Estado desempenhando atividades de interesse
público, sem fins lucrativos. Exemplos: Serviços Sociais Autônomos, Organizações Sociais e
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 75
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
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1.6 GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – DISTINÇÕES

Governo, como já fora dito, para fins de Direito Administrativo, é expressão ligada ao
desempenho da função política do Estado. Vale dizer: está relacionado à fixação de políticas
públicas, de diretrizes gerais de atuação dos demais órgãos que integram a estrutura do Estado.

Para melhor compreensão do conceito de governo, apresento, abaixo, algumas lições


extraídas das obras de Hely Lopes Meirelles e de Maria Sylvia Di Pietro:

O primeiro autor assim se posiciona sobre o tema:

“Governo – Em sentido formal, é o conjunto de Poderes e órgãos


constitucionais; em sentido material, é o complexo de funções estatais
básicas; em sentido operacional, é a condução política dos negócios
públicos. Na verdade, o Governo ora se identifica com os Poderes e órgãos
supremos do Estado, ora se apresenta nas funções originárias desses
Poderes e órgãos como manifestação da Soberania. A constante, porém, do
Governo é a sua expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de
objetivos do Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente.”

Agora vejamos o que ensina a Prof. Di Pietro:

“(...) A função política ou de governo, que ‘implica uma atividade de ordem


superior referida à direção suprema e geral do Estado em seu conjunto e em
sua unidade, dirigida a determinar os fins da ação do Estado, a assinalar as
diretrizes para as outras funções, buscando a unidade da soberania estatal.’

(...) Além disso, podem ser assim considerados os atos decisórios que
implicam a fixação de metas, de diretrizes ou de planos governamentais.
Estes se inserem na função política do Governo e serão executados pela

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 76
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

Administração Pública (em sentido estrito), no exercício da função


administrativa propriamente dita.”

A partir das lições acima expostas, é possível afirmar que os órgãos que exercem função de
governo correspondem, sobretudo, às Chefias do Poder Executivo (Presidência da República,
Governadores e Prefeitos), bem assim seus auxiliares diretos (Ministros de Estado, Secretários
Estaduais e Municipais) e as Casas Legislativas (Congresso Nacional, Senado da República, Câmara
dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais).

Administração Pública, por sua vez, admite diferentes acepções ou sentidos, como adverte a
doutrina. São os seguintes os sentidos comumente mencionados pelos estudiosos do assunto:

• Administração Pública em sentido amplo: abrange tanto os órgãos que exercem função de
governo como também os órgãos estritamente administrativos, ou seja, aqueles
encarregados de tão somente executar tais diretrizes gerais de atuação do Estado.

• Administração Pública em sentido estrito: limita-se a abarcar os órgãos e pessoas


incumbidos da execução das políticas públicas, e não de sua fixação.

• Administração Pública em sentido subjetivo, formal ou orgânico: a Administração Pública,


neste sentido, abrange os órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos aos quais a lei atribui
essa condição. Não importa a atividade exercida, e sim quem a exerce.

Nosso ordenamento jurídico abraçou esse critério para fins de definição de Administração
Pública, no art. 4º do Decreto-lei 200/67, vide:

Art. 4º A Administração Federal compreende:


I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na
estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 77
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de


entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
d) fundações públicas. (Incluído pela Lei nº 7.596, de 1987)
Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administração Indireta
vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência estiver enquadrada
sua principal atividade.

Aí estão contidos os órgãos que integram a chamada Administração Direta, bem como as
pessoas jurídicas que compõem a Administração Indireta. Além, é claro, dos agentes públicos
(pessoas físicas, indivíduos) que atuam nestes dois segmentos administrativos.

Vejam que o importante, de acordo com esse critério formal, volto a frisar, é quem exerce a
atividade, e não a atividade em si.

Ex.: As sociedades de economia mista e empresas públicas, que exploram atividade


econômica, integram a Administração Pública, em sentido subjetivo, porque a lei assim determina,
mas tais entidades não desempenham função administrativa, e sim atividade econômica, inclusive
em regime de competição com a iniciativa privada.

• Administração Pública em sentido objetivo, material ou funcional: conjunto de atividades


tidas como função administrativa. Incluem-se aqui os serviços públicos, o exercício do poder
de polícia administrativa, o fomento público e a intervenção do Estado no setor privado (à
exceção da intervenção do Estado como agente econômico). À luz desse critério – que não é
o aceito pelo ordenamento jurídico brasileiro – o que importa é a atividade desempenhada,
e não quem a exerce.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 78
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

Ex.: As empresas privadas prestadoras de serviços públicos, mediante contratos de


concessão ou permissão, apesar de serem originárias da iniciativa privada, desempenham função
administrativa. Afinal, prestam serviços públicos. Entretanto, não estão englobadas no conceito de
Administração Pública, de acordo com o ordenamento jurídico pátrio.

1.7 CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO

Tais conceitos dizem respeito à forma através da qual o Estado irá exercer a função
administrativa.

Na CENTRALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA o Estado (União, estados-membros, DF e Municípios)


DESEMPENHA a função administrativa DIRETAMENTE através de seus próprios órgãos e agentes
públicos.

Na DESCENTRALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA há distribuição de competência e o Estado exerce


suas tarefas INDIRETAMENTE, através de OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS (diversas da União, dos
Estados, do DF e dos Municípios).

A descentralização pode se dar das seguintes maneiras:

a) DESCENTRALIZAÇÃO POR OUTORGA OU POR SERVIÇOS: aqui o Estado institui, ou seja, cria
uma nova pessoa jurídica para executar uma dada atividade administrativa ou prestar um
dado serviço público. A criação se dá por lei criadora ou lei autorizadora da criação. Na
descentralização por outorga, transfere-se a própria titularidade da atividade ou serviço.

PONTOS IMPORTANTES SOBRE DESCENTRALIZAÇÃO POR OUTORGA

• É possível haver retomada pelo Estado, da titularidade, no entanto,


deve haver nova lei neste sentido em razão do princípio da simetria das
formas;

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 79
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

• As entidades criadas por meio de descentralização, em regra, “nascem”


sem um prazo determinado “de vida”. São criadas, portanto, com prazo
indeterminado;

• NÃO HÁ RELAÇÃO DE HIERARQUIA ENTRE AS ENTIDADES CRIADAS PELO


ESTADO E ESTE, O QUE HÁ É MERA VINCULAÇÃO! Ou seja, ente
federativo que houver criado a entidade (autarquia, fundação pública,
empresa pública ou sociedade de economia mista), não é
hierarquicamente superior a ela;

• Existe controle do Estado sobre a entidade, mas este controle não é


exercido com base em relação de hierarquia, e sim em mera vinculação.
Fala-se, nesse caso, em CONTROLE FINALÍSTICO, OU TUTELA
ADMINISTRATIVA OU AINDA EM SUPERVISÃO MINISTERIAL. Significa
dizer, portanto, que o controle se limita à verificação dos objetivos para
os quais fora criada a entidade, limita-se à verificação do cumprimento
de suas funções institucionais. O controle é exercido nos estritos limites
da lei. A fiscalização, portanto, é condicionada aos termos da lei.

• Cada uma dessas entidades encontra-se vinculada a um dado órgão da


Administração Pública, normalmente àquele com competência na área
em que atuar a entidade. É neste sentido, a propósito, art. 4º, parágrafo
único, do DL 200/67: as entidades compreendidas na Administração
Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência estiver
enquadrada sua principal atividade.

Exemplo: O INSS é uma autarquia federal, responsável por gerir os benefícios


previdenciários do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), e encontra-se hoje vinculada ao
Ministério da Economia (até 2019 era vinculada ao Ministério da Previdência Social).

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 80
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INTENSIVO 2021.1

b) DESCENTRALIZAÇÃO POR DELEGAÇÃO OU POR COLABORAÇÃO: aqui o Estado transfere, por


contrato (concessões e permissões) ou por ato unilateral (autorização), a uma pessoa
delegada (delegatário), apenas a execução do serviço público. Você não vai errar isso, veja
de novo: NÃO HÁ TRANSFERÊNCIA DA TITULARIDADE!

PONTOS IMPORTANTES SOBRE DESCENTRALIZAÇÃO POR COLABORAÇÃO! ANOTE:

• O serviço é prestado sob a responsabilidade do delegatário, mediante


fiscalização do Estado;

• Em regra, há prazo determinado no contrato ou ato;

Fique atento(a): autorização administrativa – pode não conter prazo certo, em vista da
precariedade de que se reveste, é passível de revogação a qualquer tempo, sem direito a
indenização (via de regra).

• Também não há relação de hierarquia. Porém, o controle é mais amplo


porque envolve diversas prerrogativas inerentes aos contratos
administrativos (ex.: rescisão e alteração unilateral do contrato,
fiscalização constante de sua execução, aplicação de sanções ao
delegatário em caso de irregularidades contratuais, entre outras
medidas).

c) DESCENTRALIZAÇÃO TERRITORIAL OU GEOGRÁFICA: corresponde à criação da figura dos


Territórios Federais (art. 18, § 2º, CRFB/88). Em suma, o Estado delimita uma dada área de
seu território e atribui a ela personalidade jurídica de direito público.

Traço marcante: aos Territórios são atribuídas competências administrativas genéricas, ao


passo que as demais entidades objeto de descentralização recebem atribuições específicas, ou seja,
atuam em segmentos administrativos ou econômicos específicos.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 81
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META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

PERGUNTA PROVÁVEL DE PROVA ORAL: Candidat@, qual a natureza jurídica do Território? 51

Por fim, a DESCONCENTRAÇÃO ADMINISTRATIVA é uma técnica de organização


administrativa pela qual o Estado realiza uma distribuição interna de competências no âmbito da
própria estrutura organizacional de uma mesma pessoa jurídica.

A desconcentração tem como objetivo otimizar a prestação dos serviços; torná-lo mais
célere e eficiente. A criação de órgãos públicos, portanto, resulta do processo de desconcentração.

Exemplos: Ministérios, Secretarias, Superintendências, Departamentos, etc.

Veja, aqui existe relação de hierarquia ou subordinação e o controle exercido pelo estado é
hierárquico (ampla fiscalização e revisão dos atos, eventual punição, delegação e avocação de
competências, etc.).

2. ÓRGÃOS PÚBLICOS

Os entes federativos que integram o Estado brasileiro constituem pessoas jurídicas, vale
dizer, entes personalizados. No entanto, é evidente que tais entes são seres abstratos, de modo
que não possuem vontade própria. Suas manifestações de vontade se dão através de seus
respectivos agentes públicos, pessoas físicas, estas sim, capazes de expressar as decisões
administrativas, de praticar atos administrativos, de celebrar contratos administrativos, etc.

Nessa esteira, entre as pessoas jurídicas e os agentes públicos existem os órgãos públicos,
que correspondem às unidades organizacionais, ou, em outras palavras, às repartições internas de
competências, previamente definidas em lei.

51 Possui natureza de Autarquia Federal.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 82
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META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

CONCEITO:

Na linha do que acima se desenhou, órgãos públicos, segundo autorizada lição doutrinária
de Hely Lopes Meireles, são “centros de competência instituídos para o desempenho de funções
estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem.”

CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES:

Órgãos públicos são entes despersonalizados, isto é, desprovidos de personalidade jurídica;


não têm aptidão para adquirirem direitos e contraírem obrigações em nome próprio. Não são
sujeitos de direitos.

Resultam de um processo de desconcentração administrativa.

Obs.: existem órgãos públicos na administração indireta. Ex.: O INSS, que é uma autarquia
federal possui como órgãos a gerência executiva, as agências de atendimento, etc.

Capacidade processual em caráter excepcional: os órgãos públicos, justamente por não


ostentarem personalidade jurídica própria, não detêm, como regra geral, capacidade de serem
parte no âmbito de relação jurídica processual. Nada obstante, excepcionalmente, a jurisprudência
tem admitido que determinados órgãos públicos, vale dizer, aqueles situados na cúpula da
Administração Pública, os quais têm sua disciplina prevista diretamente na Constituição da
República, possam ir a juízo, em nome próprio, sobretudo na defesa de suas competências
constitucionais, acaso se verifique indevida usurpação destas por parte de outro órgão.

A propósito desse tema, eis as palavras de José dos Santos Carvalho Filho:

“De algum tempo para cá, todavia, tem evoluído a ideia de conferir capacidade a
órgãos públicos para certos tipos de litígio. Um desses casos é o da impetração de
mandado de segurança por órgãos públicos de natureza constitucional, quando se

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 83
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META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

trata da defesa de sua competência, violada por ato de outro órgão. (...) Em outra
hipótese, já se admitiu mandado de segurança impetrado por Câmara Municipal
contra o Prefeito para o fim de obrigá-lo à devida prestação de contas ao
Legislativo, tendo sido concedida a segurança.”

Reitero, contudo, que as hipóteses em que se admite a presença de órgão público como
parte, no âmbito de processo judicial, devem ser vistas como excepcionais. O próprio doutrinador,
acima citado, inicia seu raciocínio procurando deixar bem clara essa ideia. Veja-se: Sendo assim, o
órgão não pode, como regra geral, ter capacidade processual, ou seja, idoneidade para figurar em
qualquer dos polos de uma relação processual. Faltaria a presença do pressuposto processual
atinente à capacidade de estar em juízo.

Vejam o que diz o enunciado 525 da Súmula do STJ: A Câmara de Vereadores não possui
personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para
defender os seus direitos institucionais.

3. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO

A doutrina costuma apresentar a existência de cinco fontes principais do direito


administrativo, são elas:

• Lei – princípio da legalidade estrita – a atuação do Estado depende de autorização da lei em


sentido material - atos normativos que inovam no ordenamento jurídico, ex.: LO, LC, Norma
constitucional, medida provisória..., ademais, podem ser incluídas como fontes secundárias
os atos normativos infralegais expedido pela administração pública, que, nos limites da lei,
configuram manifestação do poder normativo do Estado;
• Jurisprudência – o novo código de processo civil trouxe importante modificação no
ordenamento jurídico brasileiro com a instituição de precedentes vinculantes, portanto,
para além das súmulas vinculantes do STF, que são consideradas como fonte primária, deve-
se levar em conta a modificação legal ora apontada. Temos, assim, que a jurisprudência é
considerada como orientadora do direito administrativo e fonte deste ramo jurídico;

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 84
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INTENSIVO 2021.1

• Doutrina – fonte secundária, interpretativa, teórica, não vinculante, mas orientadora;

• Costumes – no direito brasileiro não podem ser usados contra legem, são orientadores
quando as leis exibem conceito indeterminados. O costume é fontes secundárias e indireta
porque influenciam na elaboração da lei;

• Princípios gerais do direito – não são os princípios do direito administrativo. São os vetores
gerais do sistema, tais quais os princípios de direito constitucional. Orienta a formação da
norma.

4. INTERPRETAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO

Os critérios hermenêuticos do direito civil se aplicam à interpretação das normas de direito


administrativo, mas a interpretação de qualquer norma administrativa deve se basear em três
princípios básicos (pressupostos de interpretação):

• desigualdade entre a administração e o particular em decorrência da supremacia do


interesse público;

• presunção de legitimidade da atuação administrativa (juris tantum) e

• necessidade de discricionariedade pública (forma de evitar o engessamento do direito


administrativo): oportunidade e conveniência.

5. SISTEMAS DE CONTROLE DA ATIVIDADE DO ESTADO

Os sistemas de controle são os mecanismos utilizados pelos Estados para garantir ao


administrado a fiscalização da atividade administrativa do Estado. Isso se dá porque o Estado não é

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 85
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INTENSIVO 2021.1

o titular do interesse público, mas apenas o seu representante, devendo, portanto, submeter-se à
verificação de ilegalidade ou de ilegitimidade de seus atos em todas as áreas de governo.

A doutrina costuma estudar dois principais sistemas de controle. São eles:

• SISTEMA DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO (FRANCÊS) - no qual compete ao judiciário


resolver todas as controvérsias existentes no Estado, exceto as que a administração pública
seja parte. Segundo essa doutrina quem deve julgar a administração pública é a própria
administração pública em nome da separação dos poderes. Na França, o Conselho de
Estado é o órgão que tem competência para julgar com caráter de definitividade as
controvérsias nas quais a administração pública é parte. No entanto, este sistema recebe
críticas porque, apesar de garantir a absoluta separação dos poderes, peca pela falta de
imparcialidade. Neste, a administração pública é julgada e julgadora.

• SISTEMA DA JURISDIÇÃO ÚNICA (INGLÊS) – Estabelece que existe um processo


administrativo e um contencioso dentro da administração pública, mas essas decisões não
possuem caráter de definitividade – não fazem coisa julgada, podendo ser revistas pelo
poder judiciário em nome do princípio da inafastabilidade. Entenda: a coisa julgada
administrativa existe para dizer que a matéria não pode ser analisada dentro da esfera
administrativa; mas essa coisa julgada não afasta a apreciação do poder judiciário e não há
necessidade de esgotamento das instâncias, exceto nos casos da justiça desportiva onde o
esgotamento é requisito para se buscar intervenção do poder judiciário.

Na prova oral para Defensor Público do DF (2019, CEBRASPE), uma das questões era para o
candidato dissertar sobre o conceito, o fundamento constitucional e o alcance do controle judicial
dos atos administrativos; [valor: 5,00 pontos]

O espelho da banca veio da seguinte forma:

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 86
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“O controle judicial dos atos administrativos é “o poder de fiscalização que


os órgãos do Poder Judiciário exercem sobre os atos administrativos do
Executivo, do Legislativo e do próprio Judiciário (...) incide especificamente
sobre a atividade administrativa do Estado, seja qual for o Poder onde esteja
sendo desempenhada. Alcança os atos administrativos do Executivo,
basicamente, mas também examina os atos do Legislativo e do próprio
Judiciário” (José dos Santos Carvalho Filho. Manual de direito
administrativo. 30ª ed. São Paulo: Atlas, 2016). Trata-se do controle de
correção por excelência nos Estados de direito (cf. Diogo de Figueiredo
Moreira Neto. Curso de direito administrativo. 16ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2014).
No Brasil, adota-se o sistema da unidade de jurisdição, também conhecido
como sistema do monopólio de jurisdição ou sistema inglês, segundo o qual
todos os litígios que envolvam a administração pública ou de caráter
unicamente privado são sujeitos à apreciação e à decisão do Poder
Judiciário. Seu fundamento está sufragado no art. 5º, XXXV, da CF: “a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Não
se adota, portanto, o sistema do contencioso administrativo, também
chamado sistema da dualidade da jurisdição ou sistema francês, em que o
ordenamento contempla uma justiça administrativa (José dos Santos
Carvalho Filho. Ibidem). No plano dos atos administrativos, o controle
judicial é exclusivamente de legalidade. (...) o Judiciário tem o poder de
confrontar qualquer ato administrativo com a lei e com a Constituição e
verificar se há ou não compatibilidade normativa. Se o ato for contrário à lei
ou à Constituição, o Judiciário declarará sua invalidação de modo a não
permitir que continue produzindo efeitos ilícitos (...) O que é vedado ao
Judiciário, como corretamente têm decidido os tribunais, é apreciar o que
se denomina normalmente de mérito administrativo, vale dizer, a ele é
interditado o poder de reavaliar critérios de conveniência e oportunidade

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 87
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

dos atos, que são privativos do administrador público. (José dos Santos
Carvalho Filho. Ibidem)”.
É importante mencionar que alguns autores afirmam que o Poder Judiciário
pode controlar o mérito dos atos da administração pública, desde que tenha
como parâmetro a legalidade ou legitimidade desses atos. O Poder
Judiciário, contudo, não pode exercer o controle levando em consideração
aspectos de mérito. Todavia, atualmente vem se reconhecendo ao Poder
Judiciário a competência para controlar o mérito dos atos da administração
pública, desde que tenha como parâmetro a legalidade ou legitimidade
destes atos. Isto é, o Judiciário não examina propriamente o mérito dos atos
da Administração a partir das considerações sobre a sua oportunidade e
conveniência, mas sim relativamente à sua conformação com os princípios
constitucionais, notadamente com os princípios da razoabilidade,
proporcionalidade, eficiência e moralidade. Enfim, a partir de considerações
acerca da legitimidade ou legalidade, nenhum ato da administração escapa
ao controle judicial. (Dirley da Cunha Jr. Curso de direito administrativo.
16.a ed. Salvador: Juspodivm, 2018, p. 636.) Autores como José Carvalho
entendem que isso é uma distorção, pois, em última análise, trata-se de
controle de legalidade, e não de mérito. Ou seja, seria apenas uma confusão
conceitual que se faz, pois o controle de mérito com parâmetro na
legalidade é, em verdade, controle da legalidade. Celso Antônio Bandeira de
Mello, de forma didática, desfaz essa confusão, esclarecendo que, em
verdade, o mérito administrativo tem aspectos de discricionariedade
(conveniência e oportunidade) e aspectos de legalidade (vinculação), ou
seja, a discricionariedade que existe no mérito administrativo não implica
ausência de lei.”

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 88
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

6. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

Inicialmente, deve-se ter em mente que a atuação da administração pública deve buscar o
interesse público e que a doutrina qualifica o interesse público em primário e secundário.

INTERESSE PÚBLICO PRIMÁRIO INTERESSE PÚBLICO SECUNDÁRIO


O interesse público primário é composto Ao passo que o interesse público secundário
pelas necessidades dos cidadãos. corresponde aos interesses legítimos da máquina
estatal enquanto pessoa jurídica própria e,
portanto, não se confunde com o primário.

Decorre daí que a busca indevida de interesses secundários, abrindo-se mão do interesse
primário, corresponde a abuso de poder e, em face de conflito entre esses interesses, deve
prevalecer o primeiro.

Feitas estas considerações, importa dizer que é o interesse público primário que norteia o
regime jurídico administrativo, que é formado, por sua vez, pelas prerrogativas e limites do Estado
na administração da coisa pública.

Temos, assim, que o Regime Jurídico Administrativo contém:

• a supremacia do interesse público sobre o interesse privado – aqui, havendo necessidade, o


Estado pode restringir direitos individuais em nome de uma coletividade. Essa supremacia
faz com que o Estado esteja em desigualdade com o particular, ex.: desapropriação,
presunção de veracidade, cláusulas contratuais exorbitantes. Da supremacia do interesse
público sobre o interesse privado decorrem as prerrogativas e garantias da administração
pública e a

• a indisponibilidade do Interesse Público – nesta, o ordenamento jurídico estabelece


limites/restrições ao administrador para se evitar que a atuação administrativa do Estado

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 89
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

abra mão de interesses coletivos na defesa de interesses individuais. A indisponibilidade do


interesse público estabelece as limitações da administração pública.

ANOTE: Todos os princípios do Direito Administrativo decorrem da Constituição (Expressos ou


Implícitos) e do Regime Jurídico Administrativo.

SE LIGA, ALUN@ RDP: se em alguma etapa do concurso você se deparar com a expressão “pedras
de toque” do Direito Administrativo, saiba que o examinador quer que você mencione justamente
os princípios da supremacia do interesse público sobre o privado e o princípio da indisponibilidade
do interesse público. São chamadas de pedras de toque justamente pelo fato de serem a base do
regime jurídico administrativo brasileiro. Ah, se lembrar, mencione também que foi Celso Antônio
Bandeira de Melo quem cunhou tal expressão (agregará valor a sua resposta).

7. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Esse ponto já é super batido e aposto que vocês já estão cansados de estudar. No entanto, é
necessário! Vamos lá!

Os princípios são relevantes para a definição da atuação estatal e orienta as condutas dos
agentes públicos, de forma a buscar a satisfação dos interesses da coletividade. Na CF/88, são
expressos cinco princípios no artigo 37, caput. Além desses, outros decorrem implicitamente e
expressamente, como é o caso da isonomia, do contraditório, da motivação, da autotutela, dentre
outros. Mas vamos analisar os mais importantes separadamente, certo?

7.1 PRINCÍPIOS EXPRESSOS

• LEGALIDADE – subordinação à lei – Define que a atuação do Estado depende de previsão


legal (art. 37 da CF); é diferente da legalidade para o particular, que se resume a não
contradição à lei (art. 5º, inciso II, CF).

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 90
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INTENSIVO 2021.1

• IMPESSOALIDADE – não discriminação da atuação administrativa. A pessoa que vai ser


beneficiada ou prejudicada com o ato é indiferente para a administração pública. Di Pietro,
por sua vez, aborda o princípio da impessoalidade aproximando-o da teoria do órgão ou da
imputação. Para ela, o princípio da impessoalidade denota que o agente público atua em
nome do Estado – ‘presenta’ a administração pública.

• MORALIDADE JURÍDICA – é diferente da moralidade social. Este princípio se liga à boa fé de


conduta, à lealdade no trato com a coisa pública, a não corrupção;

O que mais saber sobre a aplicação do princípio da moralidade:

Súmula vinculante 13-STF: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente


em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da
autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em
cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na Administração
Pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante
designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

É inconstitucional lei estadual que excepciona a vedação da prática do


nepotismo, permitindo que sejam nomeados para cargos em comissão ou
funções gratificadas de até dois parentes das autoridades estaduais, além
do cônjuge do Governador. STF. Plenário. ADI 3745/GO, rel. Min. Dias Toffoli,
15/5/2013 (Info 706).

A Constituição do Estado do Espírito Santo prevê, em seu art. 32, VI, que é
“vedado ao servidor público servir sob a direção imediata de cônjuge ou
parente até segundo grau civil”. Foi proposta uma ADI contra esta norma. O
STF julgou a norma constitucional, mas decidiu dar interpretação conforme

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 91
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

à Constituição, no sentido de o dispositivo ser válido somente quando incidir


sobre os cargos de provimento em comissão, função gratificada, cargos de
direção e assessoramento. Em outras palavras, o STF afirmou que essa
vedação não pode alcançar os servidores admitidos mediante prévia
aprovação em concurso público, ocupantes de cargo de provimento efetivo,
haja vista que isso poderia inibir o próprio provimento desses cargos,
violando, dessa forma, o art. 37, I e II, da CF/88, que garante o livre acesso
aos cargos, funções e empregos públicos aos aprovados em concurso
público. STF. Plenário. ADI 524/ES, rel. orig. Min. Sepúlveda Pertence, red. p/
o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/5/2015 (Info 786).

Não há nepotismo na nomeação de servidor para ocupar o cargo de


assessor de controle externo do Tribunal de Contas mesmo que seu tio
(parente em linha colateral de 3º grau) já exerça o cargo de assessor-chefe
de gabinete de determinado Conselheiro, especialmente pelo fato de que o
cargo do referido tio não tem qualquer poder legal de nomeação do
sobrinho. A incompatibilidade da prática enunciada na SV 13 com o art. 37
da CF/88 não decorre diretamente da existência de relação de parentesco
entre pessoa designada e agente político ou servidor público, mas de
presunção de que a escolha para ocupar cargo de direção, chefia ou
assessoramento tenha sido direcionado à pessoa com relação de parentesco
com quem tenha potencial de interferir no processo de seleção. STF. 2ª
Turma. Rcl 18564/SP, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min.
Dias Toffoli, julgado em 23/2/2016 (Info 815).

A contratação, por agente político, de parentes para cargos em comissão


ocorrida antes da Súmula Vinculante 13 configura ato de improbidade
administrativa?

• NÃO. Não configura improbidade administrativa a contratação, por agente

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 92
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

político, de parentes e afins para cargos em comissão ocorrida em data


anterior à lei ou ao ato administrativo do respectivo ente federado que a
proibisse e à vigência da Súmula Vinculante 13 do STF. STJ. 1ª Turma. REsp
1.193.248-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 24/4/2014
(Info 540).

• SIM. A prática de nepotismo configura grave ofensa aos princípios da


administração pública, em especial aos princípios da moralidade e da
isonomia, enquadrando-se, dessa maneira, no art. 11 da Lei nº 8.429/92. A
nomeação de parentes para ocupar cargos em comissão, ainda que ocorrida
antes da publicação da Súmula vinculante 13, constitui ato de improbidade
administrativa, que atenta contra os princípios da administração pública,
nos termos do art. 11 da Lei nº 8.429/92, sendo despicienda a existência de
regra explícita de qualquer natureza acerca da proibição. STJ. 2ª Turma.
REsp 1643293/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/03/2017.

A nomeação do cônjuge de prefeito para o cargo de Secretário Municipal,


por se tratar de cargo público de natureza política, por si só, não caracteriza
ato de improbidade administrativa. STF. 2ª Turma. Rcl 22339 AgR/SP, Rel.
Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/9/2018
(Info 914).

Em regra, a proibição da SV 13 não se aplica para cargos públicos de


natureza política, como, por exemplo, Secretário Municipal. Assim, a
jurisprudência do STF, em regra, tem excepcionado a regra sumulada e
garantido a permanência de parentes de autoridades públicas em cargos
políticos, sob o fundamento de que tal prática não configura nepotismo.
Exceção: poderá ficar caracterizado o nepotismo mesmo em se tratando de
cargo político caso fique demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na
nomeação por manifesta ausência de qualificação técnica ou inidoneidade

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 93
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

moral do nomeado. STF. 1ª Turma. Rcl 28024 AgR, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 29/05/2018.

O STF tem afastado a aplicação da SV 13 a cargos públicos de natureza


política, como são os cargos de Secretário Estadual e Municipal. Mesmo em
caso de cargos políticos, será possível considerar a nomeação indevida nas
hipóteses de: nepotismo cruzado; fraude à lei e inequívoca falta de
razoabilidade da indicação, por manifesta ausência de qualificação técnica
ou por inidoneidade moral do nomeado. STF. 1ª Turma. Rcl 29033 AgR/RJ,
rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/9/2019 (Info 952).

• PUBLICIDADE – possibilita o controle e eficácia dos atos administrativos, exceto para atos
administrativos que violem a intimidade, vida privada, honra e segurança nacional e
relevante interesse coletivo. O princípio da publicidade não é elemento formativo do ato
administrativo, mas é requisito de eficácia dele (gente, atenção para este ponto; não é
requisito de existência pois este se refere aos elementos formadores do ato. Não é requisito
de validade pois neste se analisa a licitude em relação aos elementos formadores. É,
portanto, requisito de EFICÁCIA, inerente à devida produção de efeitos).
#VAICAIRNASUAPROVA.

Sobre o tema:

É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela


Administração Pública, dos nomes de seus servidores e do valor dos
correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. STF. Plenário. ARE
652777/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/4/2015 (repercussão
geral) (Info 782)

• EFICIÊNCIA – foi inserido pela EC 19 e corresponde à busca por resultados positivos na


administração pública: grande produção com pouco gasto. Para doutrina moderna é

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 94
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

dispositivo de aplicabilidade imediata e eficácia plena, pois não precisa de regulamentação,


dado o fato de a própria CF concretizar esse princípio. Foi o que aconteceu, por exemplo,
quando a própria EC 19 inseriu no art. 41 a necessidade de avaliação especial de
desempenho do servidor público como requisito de estabilidade.

• CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA – o cidadão tem direito de saber o que há no processo e


o direito de falar sobre o assunto. São exemplos de observância deste princípio a defesa
prévia (que é excetuada em caso de relevante interesse público, visto que aqui o
contraditório é diferido/postergado), a defesa técnica como possibilidade (lembre-se que a
ausência desta não gera a nulidade do processo – vide Súmula Vinculante nº 5) e o duplo
grau de julgamento, que é inerente à ampla defesa (lembre-se que “é inconstitucional a
exigência de depósito prévio para a interposição de recurso na esfera administrativa” - vide
SV 21 do STF).

7.2 PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS

• CONTINUIDADE – é princípio implícito na CF/88 e expresso na Lei nº 8987/95. Trata-se do


dever de atuação do Estado de forma ininterrupta. Este princípio justifica, por exemplo, os
institutos da substituição e da suplência no serviço público.

PONTOS RELEVANTES SOBRE O PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE

Há direito de greve para servidor público? Depende! O art. 142, § 3º, IV da CRFB/88 proíbe a
greve e a sindicalização dos militares, dos membros do corpo de bombeiros e da polícia militar, mas
servidores civis têm direito à greve, na forma do art. 37 da CRFB/88. É neste sentido a
jurisprudência do STF, veja:

O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado


aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na
área de segurança pública. STF. Plenário. ARE 654432/GO, Rel. orig. Min.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 95
CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017


(repercussão geral) (Info 860).

É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos


órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165
do CPC, para vocalização dos interesses da categoria. STF. Plenário. ARE
654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860).

SE LIGA, ALUN@ RDP: recentemente a EC 104/19 instituiu a chamada polícia penal no art. 144, VI,
CRFB, considerando-a, portanto, como um órgão de segurança pública.

Ademais, o STF pacificou a controvérsia doutrinária que existia quanto à natureza jurídica do
art. 37 da CRFB/88, se de norma de eficácia contida ou norma de eficácia limitada. O Supremo
considerou que o direito de greve dos servidores públicos depende de regulamentação por lei
específica (não é lei complementar), no entanto, em 2008, em Mandado de Injunção, a corte
determinou que enquanto não vier lei específica para regulamentar o direito de greve do servidor
público, este direito deverá ser exercido com a aplicação analógica da lei geral de greve.

OBS 1: O servidor público em estágio probatório também tem direito de greve e o seu exercício não
pode ser usado como ponto para sua avaliação.

OBS 2. Servidor público não tem direito a remuneração por serviço não prestado, mas pode receber
e compensar os dias parados.

A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação


decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em
virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É permitida a
compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se
ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 96
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META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

Público. STF. Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em


27/10/2016 (repercussão geral) (Info 845).

Não se mostra razoável a possibilidade de desconto em parcela única sobre


a remuneração do servidor público dos dias parados e não compensados
provenientes do exercício do direito de greve. STJ. 2ª Turma. RMS 49.339-SP,
Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 6/10/2016 (Info 592).

OBS 3: Lei 8987- Art. 6, parágrafo 3º - É possível a interrupção por motivo de ordem técnica, de
segurança das instalações e inadimplemento do usuário, deste que haja situação de urgência e
aviso com antecedência. Há entendimento minoritário de que esta paralisação por inadimplemento
é inconstitucional, mas os Tribunais têm dado interpretação literal ao dispositivo (no entanto, deve-
se resguardar os interesses da coletividade). O STF entende que não se pode paralisar serviço
essencial à coletividade como Iluminação pública, que é serviço essencial à segurança pública.

Veja como decide os Tribunais Superiores neste ponto:

É legítima a interrupção do fornecimento de energia elétrica por razões de ordem


técnica, de segurança das instalações, ou ainda, em virtude do inadimplemento do
usuário, quando houver o devido aviso prévio pela concessionária sobre o possível
corte no fornecimento do serviço. STJ. 1ª Turma. REsp 1270339/SC, Rel. Min.
Gurgel de Faria, julgado em 15/12/2016.

O corte de serviços essenciais, tais como água e energia elétrica, pressupõe o


inadimplemento de conta regular, sendo inviável, portanto, a suspensão do
abastecimento em razão de débitos antigos. STJ. 1ª Turma. AgRg no Ag
1320867/RJ, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 08/06/2017.

A obrigação de pagar por serviço de natureza essencial, tal como água e energia,
não é propter rem, mas pessoal, isto é, do usuário que efetivamente se utiliza do

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META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

serviço. STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 45.073/MG, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, julgado em 02/02/2017.52

É ilegítima a suspensão de fornecimento de energia elétrica por dívida pretérita, a


título de recuperação de consumo, devendo o valor ser cobrado pelas vias
ordinárias. STJ. 1ª Turma. EDcl no REsp 1339514/MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, DJe
05/03/2013.

Na hipótese de débito estrito de recuperação de consumo efetivo por fraude no


aparelho medidor atribuída ao consumidor, desde que apurado em observância
aos princípios do contraditório e da ampla defesa, é possível o corte administrativo
do fornecimento do serviço de energia elétrica, mediante prévio aviso ao
consumidor, pelo inadimplemento do consumo recuperado correspondente ao
período de 90 (noventa) dias anterior à constatação da fraude, contanto que
executado o corte em até 90 (noventa) dias após o vencimento do débito, sem
prejuízo do direito de a concessionária utilizar os meios judiciais ordinários de
cobrança da dívida, inclusive antecedente aos mencionados 90 (noventa) dias de
retroação. STJ. 1ª Seção. REsp 1.412.433-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado
em 25/04/2018 (recurso repetitivo) (Info 634).

A suspensão do serviço de energia elétrica, por empresa concessionária, em razão


de inadimplemento de unidades públicas essenciais - hospitais; pronto-socorros;
escolas; creches; fontes de abastecimento d'água e iluminação pública; e serviços
de segurança pública -, como forma de compelir o usuário ao pagamento de tarifa
ou multa, despreza o interesse da coletividade. STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp
543.404/RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 12/02/2015.

52Inclusive, em provas de segunda fase, uma das teses da peça cível que trata de direito do consumidor é justamente
essa: alegar que o assistido (usuário) não deu causa ao inadimplemento, pois não foi ele quem fez o uso do serviço
público, mas sim um terceiro (situação muito comum em casos de locação residencial).

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 98
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META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

A legitimidade do corte no fornecimento do serviço de telefonia quando


inadimplentes entes públicos, desde que a interrupção não atinja serviços públicos
essenciais para a coletividade, tais como escolas, creches, delegacias e hospitais.
STJ. 1ª Turma. EDcl no REsp 1244385/BA, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
13/12/2016.

Quando o devedor for ente público, não poderá ser realizado o corte de energia
indiscriminadamente em nome da preservação do próprio interesse coletivo, sob
pena de atingir a prestação de serviços públicos essenciais, tais como hospitais,
centros de saúde, creches, escolas e iluminação pública. STJ. 2ª Turma. AgRg no
Ag 1329795/CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 19/10/2010.

O débito de energia elétrica/água é de natureza pessoal, não se vinculando ao


imóvel. Não se trata, portanto, de obrigação propter rem. Desse modo, o
consumidor não pode ser responsabilizado pelo pagamento de serviço de
fornecimento de energia elétrica utilizado por outra pessoa. A obrigação de pagar
por serviço de natureza essencial, tal como água e energia, não é propter rem,
mas pessoal, isto é, do usuário que efetivamente se utiliza do serviço. STJ. 1ª
Turma. AgRg no AREsp 45.073/MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado
em 02/02/2017.

Comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente


os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
costumes (art. 187 do Código Civil). A concessionária, ao suspender o
fornecimento de energia elétrica em razão de um débito de R$ 0,85, não agiu no
exercício regular de direito, e sim com flagrante abuso de direito. Aplicação dos
princípios da razoabilidade e proporcionalidade. STJ. 1ª Turma. REsp 811.690/RR,
Rel. Min. Denise Arruda, julgado em 18/05/2006.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 99
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META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

Por ser a interrupção no fornecimento de energia elétrica medida excepcional, o


art. 6º, § 3º, II, da Lei nº 8.987/95 deve ser interpretado restritivamente, de forma
a permitir que o corte recaia apenas sobre o imóvel que originou o débito, e não
sobre outros imóveis de propriedade do inadimplente. STJ. 1ª Turma. REsp
662.214/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 06/02/2007.

OBS 4: É possível valer-se da excepitio non adimplenti contract (instituto do direito civil que
possibilita o descumprimento de um contrato porque a outra parte não cumpriu a parte que lhe
cabia). O art. 78, XV da Lei nº 8.666/93 determina que o particular tem que suportar até 90 dias de
inadimplemento da Administração Pública; passados esses 90 dias, o particular tem direito de
suspender a execução do contrato, independentemente do judiciário (excepitio non adimplenti
contract diferida).

• AUTOTUTELA OU SINDICABILIDADE: poder que a administração pública tem de rever os seus


próprios atos, independentemente de provocação (súmulas 473 e 346 do STF). A
administração pode controlar para anular – por motivo de ilegalidade, ou revogar – por
motivo de interesse público.

Saiba mais sobre este princípio:

Enunciado 473 da Súmula - STF: A administração pode anular seus próprios atos,
quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Enunciado 346 da Súmula - STF: A administração pública pode declarar a nulidade


dos seus próprios atos.

O STJ possui o entendimento de que o prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei


nº 9.784/99, quanto aos atos administrativos anteriores à sua promulgação,

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 100


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META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

inicia-se a partir da data de sua entrada em vigor, ou seja, na data de sua


publicação, em 1/2/99. Assim, caso o ato ilegal tenha sido praticado antes da Lei
nº 9.784/1999, a Administração tem o prazo de 5 anos a contar da vigência da
aludida norma para anulá-lo. STJ. 2ª Turma. REsp 1.270.474-RN, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 18/10/2012.

Se a invalidação do ato administrativo repercute no campo de interesses


individuais, faz-se necessária a instauração de procedimento administrativo que
assegure o devido processo legal e a ampla defesa. STJ. 6ª Turma. RMS 26.261-AP,
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 7/2/2012.

O disposto no art. 54 da Lei 9.784/99 aplica-se às hipóteses de auditorias


realizadas pelo TCU em âmbito de controle de legalidade administrativa. Em
outras palavras, ao realizar controle de legalidade administrativa, o TCU somente
poderá questionar a validade de atos que não tenham mais de 5 anos. Passado
este prazo, verifica-se a decadência. STF. 1ª Turma. MS 31344/DF, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 23/4/2013 (Info 703).

ATENÇÃO: gente, CUIDADO em relação ao julgado acima. Isso porque o prazo da Lei nº 9.784 se
aplica ao TCU em relação à atuação no controle de legalidade administrativa. Ocorre que o STF
recentemente afastou a incidência dessa lei no que tange a TOMADA DE CONTAS ESPECIAL feita
pelo TCU. Isso porque em relação à tomada de contas incide lei especial, o que afasta a incidência
da Lei nº 9784. Veja53:

O prazo decadencial previsto na Lei nº 9.784/99 não se aplica às tomadas de contas regidas pela
Lei nº 8.443/92.
O prazo decadencial quinquenal, previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99, não se aplica para a

53CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O prazo decadencial previsto na Lei nº 9.784/99 não se aplica às tomadas de
contas regidas pela Lei nº 8.443/92. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9fa83fec3cf3810e5680ed45f7124dce. Acesso em:
26/01/2021.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 101


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META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

atuação do TCU em processo de tomada de contas, considerando que se trata de procedimento


regido pela Lei nº 8.443/92, que se constitui em norma especial. Em suma, o prazo decadencial de
5 anos, previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99, não se aplica aos processos de tomada de contas
conduzidos pelo TCU considerando que existe uma lei específica que rege o tema, que é a Lei nº
8.443/92. STF. 1ª Turma. MS 35038 AgR/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/11/2019 (Info
959).

Durante o processo administrativo instaurado para apurar a legalidade de


determinada gratificação, a Administração Pública pode determinar, com
fundamento no poder cautelar previsto no art. 45 da Lei nº 9.784/1999, a
suspensão do pagamento da verba impugnada até a decisão definitiva do órgão
sobre a sua validade no âmbito do procedimento aberto. STF. 2ª Turma. RMS
31973/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 25/2/2014 (Info 737).

Não existe direito adquirido à efetivação na titularidade de cartório quando a


vacância do cargo ocorre na vigência da CF/88, que exige a submissão a concurso
público (art. 236, § 3º). O prazo decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se
aplica quando o ato a ser anulado afronta diretamente a Constituição Federal. O
art. 236, § 3º, da CF é uma norma constitucional autoaplicável. Logo, mesmo
antes da edição da Lei 8.935/1994 ela já tinha plena eficácia e o concurso público
era obrigatório como condição para o ingresso na atividade notarial e de registro.
STF. Plenário. MS 26860/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2/4/2014 (Info 741).

A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando estes forem
ilegais. No entanto, se a invalidação do ato administrativo repercute no campo de
interesses individuais, faz-se necessária a instauração de procedimento
administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla defesa. Assim, a
prerrogativa de a Administração Pública controlar seus próprios atos não dispensa
a observância do contraditório e ampla defesa prévios em âmbito administrativo.
STF. 2ª Turma. RMS 31661/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/12/2013

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 102


CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

(Info 732). STF. Plenário. MS 25399/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
15/10/2014 (Info 763).

A Administração Pública não pode, depois de terem se passado mais de 5 anos,


anular a anistia política concedida mesmo que, antes de completar este prazo, a
AGU tenha emitido nota questionando os critérios adotados na concessão. A nota
emitida pela AGU teve efeito similar ao de um parecer e, por isso, não impediu o
fluxo do prazo decadencial, não podendo ser classificada como "exercício do
direito de anular", para os fins do § 2º do art. 54 da Lei nº 9.784/99. Vale ressaltar
que, no caso concreto, não ficou demonstrada má-fé do interessado. Além disso,
não houve flagrante inconstitucionalidade na concessão de anistia, mas sim nova
interpretação da Administração Pública quanto ao efetivo enquadramento como
anistiado político. STF. 1ª Turma. RMS 31841/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado
em 2/8/2016 (Info 833).

O art. 54 da Lei nº 9.784/99 prevê que a Administração Pública federal possui o


prazo de 5 anos para anular um ato administrativo ilegal, salvo comprovada má-fé
(quando, então, não haverá prazo). Trata-se, portanto, de um prazo para o
exercício da autotutela. A Lei nº 9.784/99, em princípio, deveria regular apenas e
unicamente o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta
e indireta. O processo administrativo na esfera dos Estados e dos Municípios deve
ser tratado por meio de legislação a ser editada por cada um desses entes, em
virtude da autonomia legislativa que gozam para regular a matéria em seus
territórios. No entanto, o STJ entende que, se o Estado ou o Município não possuir
em sua legislação previsão de prazo decadencial para a anulação dos atos
administrativos, deve-se aplicar, por analogia integrativa, o art. 54 da Lei nº
9.784/99. Essa conclusão é baseada nos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade. STJ. 1ª Seção. MS 18338/DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
julgado em 14/06/2017.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 103


CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

Súmula 633-STJ (Aprovada em 12/06/2019): A Lei 9.784/99, especialmente no que


diz respeito ao prazo decadencial para revisão de atos administrativos no âmbito
da administração pública federal, pode ser aplicada de forma subsidiária aos
Estados e municípios se inexistente norma local e específica regulando a matéria.

• MOTIVAÇÃO (ART. 50 DA LEI Nº 9784/99): A fundamentação do ato é, em regra, necessária


tanto para os atos discricionários quanto para os atos vinculados. José Carvalho dos Santos
Filho entende que a motivação não é princípio.

Anote:

O ato de remoção de servidor público por interesse da Administração Pública


deve ser motivado. Caso não o seja, haverá nulidade. No entanto, é possível
que o vício da ausência de motivação seja corrigido em momento posterior à
edição dos atos administrativos impugnados. Assim, se a autoridade
removeu o servidor sem motivação, mas ela, ao prestar as informações no
mandado de segurança, trouxe aos autos os motivos que justificaram a
remoção, o vício que existia foi corrigido. STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS
40427-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 3/9/2013 (Info 529).

• RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE: A razoabilidade varia de acordo com o tempo e


espaço – é utilizado o padrão do homem médio - bone pater famíliae – este princípio visa
impedir uma atuação desarrazoada ou despropositada do administrador; representa certo
limite para a discricionariedade, que, mesmo diante de situações em que a lei define mais
de uma possibilidade de atuação, leva a escolha do administrador pela opção que melhor se
enquadra dentro dos padrões de escolha efetivados pelo homem médio. A
proporcionalidade, por seu turno, é inerente à razoabilidade segundo doutrina majoritária, e
consiste na adequação entre fins e meios, ou seja, no equilíbrio entre os motivos que deram
ensejo à prática do ato e a consequência jurídica desta conduta.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 104


CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

OUTROS JULGADOS IMPORTANTES ENVOLVENDO OS PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:

A Polícia Militar pode, mediante decisão administrativa fundamentada,


determinar a suspensão cautelar do porte de arma de policial que responde a
processo criminal. STJ. 2ª Turma. RMS 42620-PB, Rel. Min. Humberto Martins,
julgado em 25/2/2014 (Info 537).

É inconstitucional lei estadual que preveja que o escritório de prática jurídica da


Universidade Estadual deverá manter plantão criminal nos finais de semana e
feriados para atender pessoas hipossuficientes que sejam presas em flagrante.
Esta lei viola a autonomia administrativa, financeira, didática e científica
assegurada às universidades no art. 207 da CF/88 (inconstitucionalidade material).
Além disso, contém vício de iniciativa (inconstitucionalidade formal), na medida
em que foi usurpada a iniciativa privativa do Governador. STF. Plenário. ADI
3792/RN, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/09/2016 (Info 840).

PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA SUBJETIVA DAS SANÇÕES:

O Estado só pode sofrer restrições nos cadastros de devedores da União por atos
praticados pelo Poder Executivo. Dessa forma, atos do Legislativo, Judiciário,
Ministério Público, Tribunal de Contas e dos entes da Administração Pública
indireta (como as autarquias e as empresas públicas) não podem gerar sanções da
União contra o Estado, diante da ausência de ingerência direta do Executivo sobre
eles. STF. Plenário. ACO 1612-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, DJe 13/2/2015. STF.
Plenário. ACO 2099 AgR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/12/2015.

Segundo a posição que prevalece no STF, se a irregularidade no convênio foi


praticada pelo gestor anterior e a gestão atual, depois que assumiu, tomou todas

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 105


CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

as medidas para ressarcir o erário e corrigir as falhas (exs.: apresentou todos os


documentos ao órgão fiscalizador, ajuizou ações de ressarcimento contra o antigo
gestor etc.), neste caso, o ente (Estado ou Município) não poderá ser incluído nos
cadastros de inadimplentes da União. Assim, de acordo esta acepção, o princípio
da intranscendência subjetiva das sanções proíbe a aplicação de sanções às
administrações atuais por atos de gestão praticados por administrações
anteriores. Nesse sentido: STF. 1ª Turma. AC 2614/PE, AC 781/PI e AC 2946/PI, Rel.
Min. Luiz Fux, julgados em 23/6/2015 (Info 791). Vale ressaltar, no entanto, que o
Min. Marco Aurélio recentemente manifestou-se contrariamente à tese afirmando
que: "a inscrição do nome do Estado-Membro em cadastro federal de
inadimplentes em face de ações e/ou omissões de gestões anteriores não
configura ofensa ao princípio da intranscendência." (STF. 1ª Turma. ACO 732/AP,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/5/2016. Info 825).

Enunciado 615 da Súmula - STJ: Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do


município em cadastros restritivos fundada em irregularidades na gestão anterior
quando, na gestão sucessora, são tomadas as providências cabíveis à reparação
dos danos eventualmente cometidos. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 09/05/2018, DJe
14/05/2018 (Info 624).

PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL:

É necessária a observância da garantia do devido processo legal, em especial, do


contraditório e da ampla defesa, relativamente à inscrição de entes públicos em
cadastros federais de inadimplência. Assim, a União, antes de incluir Estados-
membros ou Municípios nos cadastros federais de inadimplência (exs: CAUC, SIAF)
deverá assegurar o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa. STF.
Plenário. ACO 1995/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/3/2015 (Info 779).
STF. 1ª Turma. ACO 732/AP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/5/2016 (Info
825).

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 106


CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

O cadastro restritivo não deve ser feito de forma unilateral e sem acesso à ampla
defesa e ao contraditório. Isso porque, muitas vezes, a inscrição pode ter, além de
motivação meramente financeira, razões políticas. Assim, ao poder central (União)
é possível suspender imediatamente o repasse de verbas ou a execução de
convênios, mas o cadastro deve ser feito nos termos da lei, ou seja, mediante a
verificação da veracidade das irregularidades apontadas. Isso porque o cadastro
tem consequências, como a impossibilidade da repartição constitucional de verbas
das receitas voluntárias. A tomada de contas especial, procedimento por meio do
qual se alcança o reconhecimento definitivo das irregularidades, com a devida
observância do contraditório e da ampla defesa, tem suas regras definidas em lei.
Ao final, é possível tornar o dano ao erário dívida líquida e certa, e a decisão tem
eficácia de título executivo extrajudicial. STF. Plenário. ACO 2892 AgR/DF, rel. orig.
Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/9/2019
(Info 951).

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 107


CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

QUESTÕES PARA FIXAR


Questão 01

A expressão “Administração Pública em sentido objetivo” designa o conjunto de órgãos e agentes


estatais no exercício da função administrativa.

CERTO ERRADO

Questão 02

Para o critério de definição teleológico ou finalístico, o direito administrativo deve ser conceituado
como o sistema de princípios que regula toda atividade do Estado direcionada à garantia do
interesse público.

CERTO ERRADO

Questão 03

As entidades paraestatais são pessoas jurídicas de direito privado que integram a Administração
Pública, colaborando com o Estado no desempenho de atividades de interesse público, sem fins
lucrativos.

CERTO ERRADO

Questão 04

Na desconcentração o Estado institui, ou seja, cria uma nova pessoa jurídica para executar uma
dada atividade administrativa ou prestar um dado serviço público.

CERTO ERRADO

Questão 05

Na descentralização por outorga o Estado exerce um controle finalístico, ou seja, se limita à


verificação dos objetivos para os quais fora criada a entidade, bem como acerca do cumprimento
de suas funções institucionais.

CERTO ERRADO

Questão 06

A natureza jurídica do Território Federal é de Autarquia Federal.

CERTO ERRADO

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 108


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META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

Questão 07

Órgãos públicos são entes despersonalizados, isto é, desprovidos de personalidade jurídica; não
têm aptidão para adquirirem direitos e contraírem obrigações em nome própria, e resultam de um
processo de desconcentração administrativa.

CERTO ERRADO

Questão 08

No Brasil, adota-se o sistema do contencioso administrativo, também conhecido como sistema


francês, segundo o qual todos os litígios que envolvam a administração pública ou particulares são
sujeitos à apreciação e à decisão do Poder Judiciário.

CERTO ERRADO

Questão 09

O interesse público primário corresponde aos interesses legítimos da máquina estatal enquanto
pessoa jurídica própria.

CERTO ERRADO

Questão 10

A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido
em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta em qualquer
dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

CERTO ERRADO

Questão 11

A publicidade é um requisito de validade do ato administrativo.

CERTO ERRADO

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 109


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META 2, ETAPA 1
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Questão 12

A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

CERTO ERRADO

GABARITO

1.E 2.C 3.E 4.E 5.C 6.C

7.C 8.E 9.E 10.C 11.E 12.C

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 110


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META 2, ETAPA 1
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QUESTÕES PARA FIXAR - COMENTÁRIOS


Questão 01

A expressão “Administração Pública em sentido objetivo” designa o conjunto de órgãos e agentes


estatais no exercício da função administrativa.

GAB: E. Trata-se do sentido subjetivo da Administração Pública.

Questão 02

Para o critério de definição teleológico ou finalístico, o direito administrativo deve ser conceituado
como o sistema de princípios que regula toda atividade do Estado direcionada à garantia do
interesse público.

GAB: C. Este critério é defendido por Osvaldo Aranha e Celso Antônio Bandeira de Melo.

Questão 03

As entidades paraestatais são pessoas jurídicas de direito privado que integram a Administração
Pública, colaborando com o Estado no desempenho de atividades de interesse público, sem fins
lucrativos.

GAB: E. As entidades paraestatais não integram a Administração Pública.

Questão 04

Na desconcentração o Estado institui, ou seja, cria uma nova pessoa jurídica para executar uma
dada atividade administrativa ou prestar um dado serviço público.

GAB: E. Na verdade este é o conceito de descentralização por outorga.

Questão 05

Na descentralização por outorga o Estado exerce um controle finalístico, ou seja, se limita à


verificação dos objetivos para os quais fora criada a entidade, bem como acerca do cumprimento
de suas funções institucionais.

GAB:C. Não há hierarquia na descentralização por outorga, o Estado somente exercerá uma espécie
de controle sobre a entidade.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 111


CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

Questão 06

A natureza jurídica do Território Federal é de Autarquia Federal.

GAB:C. É exatamente esta a natureza jurídica do Território Federal.

Questão 07

Órgãos públicos são entes despersonalizados, isto é, desprovidos de personalidade jurídica; não
têm aptidão para adquirirem direitos e contraírem obrigações em nome próprio, e resultam de um
processo de desconcentração administrativa.

GAB: C. Estas são as características dos órgãos públicos.

Questão 08

No Brasil, adota-se o sistema do contencioso administrativo, também conhecido como sistema


francês, segundo o qual todos os litígios que envolvam a administração pública ou particulares, são
sujeitos à apreciação e à decisão do Poder Judiciário.

GAB: E. O Brasil adotou o sistema de jurisdição única (ou una), também conhecido como sistema
inglês, segundo o qual todos os litígios que envolvam a administração pública são sujeitos à
apreciação e à decisão do Poder Judiciário.

Questão 09

O interesse público primário corresponde aos interesses legítimos da máquina estatal enquanto
pessoa jurídica própria.

GAB: E. Trata-se do conceito de interesse público secundário.

Questão 10

A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido
em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta em qualquer
dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

GAB: C. Exatos termos da Súmula Vinculante nº 13 do STF.

Questão 11

A publicidade é um requisito de validade do ato administrativo.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 112


CURSO RDP
META 2, ETAPA 1
INTENSIVO 2021.1

GAB: E. A publicidade é um requisito de eficácia do ato administrativo.

Questão 12

A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

GAB: C. Trata-se do conceito de autotutela administrativa estabelecido na Súmula nº 473 do STF.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 113

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