Resumo Dos Episódios de Os Lusíadas
Resumo Dos Episódios de Os Lusíadas
Resumo Dos Episódios de Os Lusíadas
► "E aqueles que por obras valerosas — todos os que são dignos de
serem recordados pelos feitos heroicos cometidos em favor da pátria e
que por isso nem mesmo a morte os pode votar ao esquecimento, "Se vão
da lei da Morte libertando", pois foram imortalizados.
Repara também no exemplo: "O padre Baco ali não consentia/No que
Júpiter disse, conhecendo...". Neste exemplo, não foi Baco que transmitiu
a sua opinião, mas sim o Poeta que a deu a conhecer.
Há ainda uma terceira forma de discurso que não surge neste caso,
mas que deves conhecer, o chamado discurso indireto livre.
A paragem em Melinde...
É por isso que o Canto III abre com uma nova invocação, desta vez a
Calíope, musa da epopeia e da eloquência, a quem o Poeta pede que o
ensine a narrar com exatidão aquilo que Vasco da Gama contou ao rei de
Melinde.
A partir da terceira estrofe deste canto, há uma mudança de narrador
da ação, pois deixa de ser o Poeta, narrador não participante, para ser
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Vasco da Gama, um narrador autodiegético. Vasco da Gama revela nas
suas palavras o prazer que tem em contar ao rei a história do seu povo:
"Mandas-me, ó Rei, que conte declarando/De minha gente a grão
genealogia;/Não me mandas contar estranha história,/Mas mandas-me
louvar dos meus a glória." Vasco da Gama torna-se narrador, aquele que
conta, e o rei de Melinde, narratário, aquele a quem a história é narrada.
E é assim que Vasco da Gama inicia a narração da História de Portugal,
através de uma longa analepse, desde a fundação da nacionalidade até
ao momento da viagem, dando-se lugar na ação a um outro plano diferente
do da viagem e da mitologia, o plano da história.
• Vasco da Gama anuncia que a história que se segue na narração era "O
caso triste e digno de memória", cujo responsável é somente o Amor: "Tu,
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só tu, puro Amor, com força crua" - este verso apresenta uma apóstrofe
do amor que surge personificado.
• Diante do rei, D. Inês, rodeada pelos seus filhos, apela para que ele
tenha piedade dela e não a mate (estrofes 125 a 129). Inês não pede
apenas que o rei seja justo, mas implora-lhe misericórdia:"A morte sabes
dar com fogo e ferro/Sabe também dar a vida, com clemência" (estrofe
128, vv. 2 e 3). Se reparares bem nestes dois versos, há duas ideias que
se contrapõem: a morte e a vida. Trata-se de uma antítese, que tem como
valor expressivo realçar a soberania do rei ao decidir sobre a morte ou a
vida de uma pessoa.No discurso que profere, Inês de Castro revela
enorme coragem que se contrapõe com a fragilidade, que inicialmente
apresenta.
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"Cena da morte de Inês de Castro", quadro de Columbano, no Museu Militar, em Lisboa
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► Despedidas em Belém — Canto IV (estrofes 84 a 93)
Mas o propósito de partir era firme, por isso Vasco da Gama diz ao rei de
Melinde que, apesar de "Cheio dentro de dúvida e receio"(estrofe 87),
embarcaram "Sem o despedimento costumado" (estrofe 93) antes que se
arrependessem. É notória nesta estrofe a emotividade do capitão, que
revela também a sua experiência vivida.
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► Adamastor — Canto V (estrofes 37 a 60
Mas, na estrofe 49, Vasco da Gama dá mais uma prova da ousadia desta
gente lusitana, mesmo mediante as trágicas profecias, dirigindo-se ao
gigante e perguntando-lhe quem era. Esta simples pergunta "Quem és tu?"
provoca uma brutal mudança na intenção, na postura e até no tom de voz
do Adamastor que, da estrofe 50 à estrofe 59, narra a história da sua vida,
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fazendo a sua triste biografia, fruto de um amor frustrado, que vai dando
conta de uma forma lastimosa e magoada, comovendo-se e até chorando
(narrativa secundária).
Com esta história, o Adamastor retira-se, tal como tinha surgido, deixando
o caminho livre para os navegadores passarem (estrofe 60), e Vasco da
Gama intercede pela sua vida e a dos marinheiros dirigindo-se a Deus,
pedindo-lhe que fossem guardados dos males anunciados pelo gigante:
"A Deus pedi que removesse os duros/Casos, que Adamastor contou
futuros." Este adjetivo "futuros" refere-se a "casos", mas como podes
verificar está bastante afastado desse substantivo. Esse afastamento tem
o nome de hipérbato.
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entro já do segundo ciclo épico, surge este episódio naturalista, por
envolver elementos da Natureza, e é a última grande dificuldade que
surge aos navegadores antes da chegada à Índia.
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• a presença da sinestesia sugerida nas várias sensações apresentadas:
visuais "Daquela nuvem negra que aparece."; auditivas - "O céu fere com
gritos nisto a gente"; e, sobretudo, cinéticas (movimento) - "Correm logo
os soldados animosos/a dar à bomba...".
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► Ilha dos amores — Canto X (estrofes 75 a 84)
Tal como planeado por Vénus e Cupido, a Ilha dos Amores recebe os
bravos navegadores portugueses. Um desses navegadores é Lionardo,
soldado corajoso e com boa presença. Mas, apesar de namoradeiro,
Lionardo não tinha sorte ao amor (estrofe 75).
Efire, uma bela ninfa, chama a atenção de Lionardo. E, tal como os seus
companheiros corriam atrás de outras ninfas, Lionardo tenta alcançá-la.
Contudo, o seu esforço parece ser em vão, pois a ninfa foge mais do que
as outras (estrofe 77).
Teto da Sala dos Descobrimentos no Convento de Mafra, obra do pintor, escultor e arquiteto Cirilo
Volkmar Machado
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Chega a hora de sair da Ilha dos Amores e voltar a Portugal. Depois,
Camões faz as considerações finais da obra.
O poeta acredita que o rei vai conquistar as terras do norte de África e será
ele próprio, Luís Vaz de Camões, a cantar os seus feitos por todo o mundo
(estrofe 156).
FIM
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