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LUSIADAS

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OS LUSÍADAS

Matéria épica:
-> os Lusíadas é um poema narrativo que enaltece os feitos gloriosos do povo português. O
conteúdo de todos os acontecimentos narrados é verdadeiro, grandioso e singular
-> o período dos descobrimentos marítimos constitui o período mais admirável da história
portuguesa, por esse motivo o poeta decide fazer da exemplar viagem de Vasco da Gama o
assunto da ação principal. Esta expedição representa o momento áureo da iniciativa dos
Descobrimentos. O poeta opta por inserir no seu poema toda a história de Portugal que ele
conhece: até ao reinado de D. Sebastião
-> este é o primeiro poema épico a cantar acontecimentos verídicos do passado de um povo

Imaginário épico:
-> a construção da matéria épica:
o Canto I
-> est. 1 e 3 – proposição – proposta do assunto da epopeia
-> est. 4 e 5 – invocação – invocação às Tágides
-> est. 6 a 18 – dedicatória – dedicatória ao rei D. Sebastião (descrição do monarca
escolhido por Deus para feitos gloriosos, exortação à expansão do império e difusão
da fé cristã

o Canto IX
-> est. 52 e 53 – a Ilha dos Amores – a recompensa dos heróis
-> est. 66 a 70 – avistamento das Ninfas – o casamento com as Ninfas
-> est. 89 a 95 – simbologia da Ilha – a imortalização do povo

o Canto X
-> est. 75 a 91 – a máquina do mundo – a imortalização do povo

Sublimidade do canto:
-> os Lusíadas adotam um estilo nobre e sublime, um tom elevado por ser uma obra de
glorificação e imortalização de um povo. O estilo adotado coincide-se com a grandiosidade
das ações narradas
-> seguindo as influências renascentistas, a epopeia portuguesa transpõe as dimensões de
enaltecimento do povo português, pois, na realidade, faz a exaltação do Homem que
ultrapassa os seus limites e se supera. Deste modo, o poema épico celebra o Homem, o
saber, a interculturalidade e respeito pelo outro, que os Descobrimentos proporcionaram
-> o poema é sublime, dado que se trata de um texto narrativo que enaltece heróis, mas que
os glorifica frequentemente com o recurso a passagens líricas (episódio das despedidas de
Belém) que permitem exprimir sentimentos e ideais humanos

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-> Camões entende o seu canto também como uma contribuição para o engrandecimento
do futuro. O poeta não vive o período de euforia dos Descobrimentos, a sua época é já de
decadência. Por essa razão, o poeta preconiza uma série de valores cívicos, éticos, culturais e
até políticos que devem nortear a ação do rei recentemente chegado ao trono
-> a obra constitui um canto ao amor, à poesia e ao próprio Homem

Mitificação do herói:
-> um herói é um protagonista de exceção, tradicionalmente associado à epopeia. Por um
lado, representa a condição humana, na sua complexidade psicológica, social e ética; por
outro, transcreve essa mesma condição, ao representar facetas e virtudes que não estão ao
alcance do homem comum. Na epopeia, o herói é uma figura de excelência, distingue-se
pelo mérito e pelos valores e realiza feitos extraordinários
-> em Camões, o herói representa um ideal humano. Ascende à categoria de herói pelo seu
mérito, esforço, atos realizados, pelo caminho da virtude. No fundo, chega a herói aquele
que ultrapassa a sua condição humana e se eleva a um plano superior. Define-se através de
um perfil militar, intelectual, cívico e ético: despreza os valores mundanos, a riqueza e o
poder e rege-se por ideais nobres
-> N’os Lusíadas encontramos um herói coletivo – o povo português, que realiza feitos
extraordinários por terra e por mar, ultrapassa obstáculos, resiste às provações e atinge a
imortalidade. A divinização do povo português é metaforicamente representada na Ilha dos
Amores

Estrutura interna:
o PROPOSIÇÃO -> o poeta expõe os propósitos que o irão conduzir na criação do poeta.
Irá, assim, cantar:
• os guerreiros e os navegadores
• os reis que permitiram a expansão da Fé e do Império
• todos os que, pelas suas obras, se imortalizaram

o INVOCAÇÃO -> o poeta apela às musas para que lhe concedam a inspiração e o talento
necessários para cantar dignamente os feitos heroicos dos portugueses.
• Canto I, 4-5 -> Tágides (musas do Tejo)
• Canto III, 1-2 -> Calíope (musa da epopeia)
• Canto VII, 78 e seguintes -> Ninfas do Tejo e do Mondego
• Canto X, 8-9 -> Calíope

o DEDICATÓRIA -> a D. Sebastião (que reinava em Portugal), a quem tece vários elogios
e aconselha a novas empresas guerreiras
-> a dedicatória não era um elemento estrutural obrigatório do género épico, mas
Camões decidiu dedicar o seu poema a D. Sebastião, a quem louva pelo que
representa para a independência de Portugal e para o aumento do mundo cristão
2
-> referindo-se com modéstia à sua obra que designa como “um pregão do ninho (...)
paterno”, pede ao rei que a leia. Na breve exposição que faz do assunto d’os lusíadas,
o poeta evidencia um aspecto particularmente importante: a obra não abordará
heróis ou factos lendários ou fantasiosos, como em todas as epopeias anteriores, mas
matéria histórica. Documenta-o nomeando alguns heróis nacionais que valoriza pelo
confronto com os de outras epopeias
-> o discurso da dedicatória organiza-se segundo essa lógica: louvor, apelo de caráter
pessoal e argumentos que o fundamentem, incitamento/apelo de caráter nacional e,
em jeito de conclusão, breve reforço do apelo pessoal
-> na estância 6, D. Sebastião é-nos apresentado como defensor nato da liberdade da
nação, como o continuador da dilatação da fé e do Império, como o rei temido pelo
infiel, como o homem certo no tempo certo, “dado ao mundo por Deus”
-> na estância 10 e 11, o poeta pede a D. Sebastião que ponha os olhos no poema que
desinteressadamente fez e lhe dedica, no qual ele verá os grandes feitos dos
portugueses, reais e não fingidos, maiores do que os narrados nas Antigas Epopeias,
de tal forma que o jovem rei se poderia julgar mais feliz como rei de tal gente do que
como rei do mundo todo (hipérbole)
-> o poeta desliga a glória de ser conhecido pela sua obra do “prémio vil”, já que o
moveu o “amor da pátria”
-> “Os Lusíadas” são fonte de glória para Camões (pode ver-se nos quatro primeiros
versos da décima estância), em que o poeta afirma que foi levado a escrever o seu
poema, não pelo desejo de um prémio vil (material), mas de um prémio alto e quase
eterno. Esse prémio é a fama de grande poeta entre os portugueses
-> o poeta exalta D. Sebastião como jovem rei destinado pelo fado (destino) a grandes
feitos, num império já imenso, mas que ele acrescentaria ainda, dilatando a fé e o
Império
-> o louvor de D. Sebastião está em ser representado como um jovem, rei de quem os
portugueses tudo espera, rei que a providência faz surgir para retomar a grandeza dos
feitos portugueses. A ideia do jovem rei como salvador da pátria reflete a crise em que
a nação já se encontrava, mas ela estava lá tão firme no passado que não desapareceu
da sua alma, nem com a morte do rei. O sebastianismo é precisamente isso: a imagem
de um rei fatalmente destinado a ser salvador de uma nação em crise

o NARRAÇÃO -> “in media res” – do Canto I (est. 19) ao Canto X, serão narrados os
factos da história de Portugal, dignos de memória, realizados:
• no passado (desde as origens de Portugal até D. Manuel I) -> história de
Portugal (analepse)
• no presente (tempo da ação central do poema) -> viagem de Vasco da Gama
(tempo do narrador)
• no futuro -> profecias (dos deuses) e sonhos de Vasco da Gama e D. Manuel I
(prolepse)
• as ações e intrigas de figuras mitológicas gregas e romanas que acompanham,
atentamente, a viagem dos nautas portugueses rumo à Índia: maravilhoso

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Planos:
o plano da viagem -> viagem de Vasco da Gama à Índia (ação central do poema –
Cantos I, II, V, VI, VII e VIII)
o plano dos deuses -> intervenção dos deuses (Cantos I, II, VI, IX e X)
o plano da história de Portugal -> analepse e prolepse (Cantos III, IV e VIII)
o plano das considerações do poeta -> não só glorifica os feitos dos portugueses, como
denuncia os seus erros/defeitos, numa espécie de consciência crítica (finais de cada
Canto)

Estrutura externa:
o forma narrativa
o versos decassilábicos
o rimas com esquema abababcc (rima cruzada nos primeiros 6 versos e emparelhada
nos 2 últimos)
o estâncias – oitavas (oito versos) com número variável de estrofes
o poema dividido em 10 cantos (1102 estâncias)

Canto I:
-> o poeta indica o assunto global da obra na proposição, pede inspiração às ninfas do Tejo
na invocação e dedica o poema ao rei D. Sebastião na dedicatória
-> a narração inicia-se “in media res”, isto é, a meio da viagem entre Lisboa e a Índia, no
momento em que os deuses do Olimpo se reúnem em consílio para decidirem se os
portugueses deverão chegar à Índia. Vénus e Marte defendem e apoiam os portugueses
enquanto Baco é-lhes contrário
-> apesar de a decisão final, tomada por Júpiter, ir ao encontro do interesse dos lusitanos,
Baco prepara-lhes várias ciladas que culminam com o fornecimento de um piloto por ele
instruído para os conduzir à destruição no porto de Quíloa. Vénus intervém, afastando a
armada do perigo com “ventos contrários” e fazendo-a retomar o caminho em direção a
Mombaça
-> no final do canto, o poeta reflete sobre a fragilidade do Homem, o “bicho da terra tão
pequeno”, mero joguete nas mãos dos deuses

Canto II:
-> o rei de Mombaça, influenciado por Baco, convida os portugueses a entrarem no porto da
sua cidade para os destruir. Vasco da Gama, ignorando estas intenções, aceita o convite,
pois, os dois condenados que mandara à terra colher informações tinham regressado com a
boa notícia de que aquela era uma terra de cristãos
-> na realidade, tinham sido enganados por Baco, disfarçado de sacerdote. Mas Vénus estava
atenta e, ajudada pelas Nereidas, afasta a armada, da qual se põem em fuga os emissários
do rei de Mombaça e o falso piloto
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-> Vasco da Gama, apercebendo-se do perigo que corria, dirige uma prece à “Divina Guarda”
para que lhe mostre como atingir a terra que procura. Vénus comove-se e sobe ao Olimpo
para pedir ajuda a Júpiter que proteja os portugueses, ao que ela acede e, para a consolar,
vaticina futuras glórias aos lusitanos. Envia então Mercúrio a terra que, em sonhos, indica a
Vasco da Gama o caminho até Melinde onde, entretanto, lhe prepara uma calorosa receção
-> os portugueses são efusivamente recebidos em Melinde e o rei visita a armada, pedindo a
Vasco da Gama que lhe conte a história do seu país

Canto III:
-> após a invocação do poeta a Calíope, musa da epopeia, Vasco da Gama inicia a narrativa
da História de Portugal. Começa por situar Portugal na Europa e referir as histórias de Luso e
de Viriato. Segue-se a formação da nacionalidade e depois o tratamento dos feitos
guerreiros dos reis da primeira dinastia, desde D. Afonso Henriques a D. Fernando
-> nesta narrativa, Vasco da Gama procura sobretudo destacar a ação dos reis e heróis que
forjaram o território nacional em lutas com castelhanos e mouros. Salientam-se os episódios
da Batalha de Ourique no reinado de D. Afonso Henriques e os da Fermosíssima Maria, da
Batalha do Salado e de Inês de Castro, no reinado de D. Afonso IV

Canto IV:
-> continuação da narração da História de Portugal por Vasco da Gama: acontecimentos
relativos ao Interrego, que se segue à morte de D. Fernando; discurso de Nun’Álvares Pereira
na Batalha de Aljubarrota; acontecimentos da segunda dinastia: sonho profético de D.
Manuel relativamente à nomeação de Vasco da Gama como chefe da expedição à Índia;
partida de Belém; episódio do velho do Restelo

Canto V:
-> terminada a narração do reinado de D. Manuel, Vasco da Gama vai contar as diversas
peripécias da viagem entre Lisboa e Melinde, onde se encontra, dando especial relevo às
“perigosas/cousas do mas”. Chama a atenção do rei para fenómenos naturais
extraordinários como o Fogo de Santelmo ou a Tromba Marítima, bem como para os
inúmeros perigos e obstáculos que os portugueses tiveram de enfrentar, desde a hostilidade
dos nativos na costa ocidental africana (episódio de Fernão Veloso), à passagem do Cabo das
Tormentas (episódio do Adamastor), sem esquecer a terrível doença do escorbuto
-> o canto termina com a censura do poeta aos seus contemporâneos que desprezam a arte
e a poesia – necessárias para o conhecimento e louvor dos feitos dos heróis

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Canto VI:
-> terminada a narrativa de Vasco da Gama, a armada sai de Melinde conduzida por um
piloto que orientará os navegadores até Calecute. Temendo que com a chegada à Índia os
portugueses façam esquecer os seus feitos, Baco decide incitar os deuses contra eles,
pedindo a Neptuno que convoque o consílio dos “deuses do mar” aos quais apresenta os
seus argumentos. Apesar da oposição de Vénus, os deuses, indignados, apoiam as
pretensões de Baco e mandam “soltar os ventos”
-> Surge, então, uma violenta tempestade (episódio da tempestade) que apanha os
marinheiros desprevenidos. Perante a violência dos elementos e vendo a armada em perigo,
Vasco da Gama dirige uma prece à “Divina Guarda” ouvida por Vénus que, desta maneira,
contraria a “danada tenção” de Baco, mandando as Ninfas seduzir os ventos para os
acalmar. Passada a tempestade, a armada avista Calecute e Vasco da Gama agradece a Deus
-> o canto termina com considerações do poeta sobre o valor da fama e da glória

Canto VII:
-> a armada chega finalmente a Calecute. O poeta elogia a expansão portuguesa como
cruzada, criticando as nações europeias que não seguem o exemplo português. Após a
descrição da Índia, conta os primeiros contactos entre os portugueses e os nativos, através
de um mensageiro enviado por Vasco da Gama a anunciar a sua chegada
-> por seu lado, um mouro indiano, Monçaide, visita a nau de Vasco da Gama e descreve-lhe
a província do Malabar, onde se encontram, após o que o capitão e outros nobres
portugueses desembarcam e são recebidos pelo governador da cidade (o Catual) e depois
pelo rei de Calecute (o Samorim)
-> o Catual visita a armada e pede a Paulo da Gama, irmão de Vasco da Gama, que lhe
explique o significado das figuras das bandeiras portuguesas. A terminar, o poeta invoca as
ninfas do Tejo e do Mondego, ao mesmo tempo que se lamenta da incompreensão e
perseguição de que é alvo, e promete apenas cantar quem o merecer

Canto VIII:
-> Paulo da Gama explica ao Catual o significado dos símbolos das bandeiras portuguesas,
contando-lhe episódios da História de Portugal nelas contidas. Baco intervém novamente
contra os portugueses, aparecendo em sonhas a um sacerdote maometano, colocando-o
contra os portugueses através da informação de quem vêm com o intuito da pilhagem
-> após violenta discussão, o Samorim ordena a Vasco da Gama que regresse às naus
pretendendo a troca de fazendas portuguesas por especiarias. No entanto, o Catual,
subornado pelos muçulmanos, retém Vasco da Gama no caminho pedindo-lhe que aproxime
as suas naus de terra com o intuito de as destruir. Perante a recusa de Vasco da Gama, o
Catual propõe a partida dos portugueses mediante a entrega das fazendas que traziam
-> o sujeito da escrita narra as suspeitas de Vasco da Gama quanto às ciladas muçulmanas;
revolta dos muçulmanos contra Gama por causa do cristianismo que os portugueses
anunciam. O canto termina com considerações do poeta sobre o poder do ouro

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Canto IX:
-> vencidas as dificuldades encontradas na Índia, a armada enceta o regresso à pátria. Vénus
prepara uma recompensa para os portugueses (episodio da Ilha dos Amores). Com esse
intuito, dirige-se a Cupido, seu filho, e com ele forma a ‘ínsula divina” habitada por ninfas, às
quais influirá “secretas afeições” para bem receberem os navegadores lusos. Os nautas
avistam a ilha e, quando desembarcam, veem as ninfas, as quais se deixam perseguir e
seduzir
-> conduzindo o Gama ao cume de um “monte alto e divino”, Tétis mostra-lhe a razão
daquele encontro – o prémio merecido pelos “longos trabalhos”. Após a explicação da
simbologia da ilha, o poeta termina com uma exortação aos que pretendem alcançar a fama,
incitando-os a refrearem a cobiça, a ambição e a tirania, e a praticarem a justiça com leis
equitativas para grandes e pequenos

Canto X:
-> ainda na Ilha dos Amores, Tétis e as ninfas oferecem um banquete aos marinheiros. Após
nova invocação a Calíope e das profecias de uma ninfa sobre as proezas futuras dos
portugueses no Oriente, Tétis conduz Vasco da Gama ao cume de um monte para lhe revelar
a Máquina do Mundo, mostrando-lhe os lugares onde chegará o império português. Por fim,
Tétis despede-se dos navegadores que embarcam para a Pátria
-> o poeta termina o seu poema manifestando grande desencanto pela decadência da
pátria, que vive uma “apagada e vil tristeza”, e lamentando-se pelo esquecimento a que se
foi votado por aqueles a quem canta – uma “gente surda e endurecida”
-> conclui com uma exortação ao rei D. Sebastião, incitando-o a continuar a glória dos
portugueses

Ninfas do Tejo e do Mondego:


-> est. 78 -> nova invocação às Ninfas do Tejo e do Mondego -> apóstrofe
-> tripla adjetivação -> poeta: ser sofredor / autocaracterização: eu – “cego”,
“insano” e “temerário” // metáfora -> a escrita do poeta é um labor difícil e temerário //
escrita da epopeia: “caminho tão árduo, longo e vário!” / “navegação por alto mar, com
vento tão contrário” (mar da escrita -> metáfora marítima)
-> est. 79-80 -> enumeração das contrariedades, dos obstáculos e dos perigos por quem tem
passado
• poeta como vítima da tortura -> poeta como exemplo do seu próprio heroísmo ->
“Numa ao sempre a espada e noutra a pena”
• perigos de natureza variada: mar, guerra, pobreza, naufrágios -> repetição do
advérbio “agora” -> a presença do perigo é constante
-> est. 81-83 -> ingratidão -> crítica aos portugueses – no seu canto, o poeta louva os
portugueses; os portugueses não o honram, nem sentem orgulho pela tarefa do poeta ->
sofrimento -> consequências: existirão poetas ou escritores que queiram produzir obras

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sobre os portugueses / o poeta precisa da ajuda das ninfas para não louvar quem não
merece
• nobres que não merecem louvores: os que são egocêntricos (est. 84, vv 2 e 3), os que
são ambiciosos (est. 84, vv 5-7), os que são corruptos, manipuladores e falsos (est. 85,
vv 1-4), os que são dissimulados (est. 85, vv 6-8), os que aplicam a lei conforme a
classe social dos destinatários (est. 86, vv 1-4), os que não têm experiência e julgam o
trabalho dos outros de forma injusta (est. 86, vv 5-8)
• identificação dos verdadeiros heróis: aqueles que arriscam a vida por Deus, pelo rei ->
ideal de sacrifício vitorioso

A partida de Vasco da Gama:


-> Vasco da Gama mostra ao rei de Melinde como a sua viagem deve ser louvada
-> est. 92 -> os feitos devem ser celebrados – papel da memória; o enaltecimento dos
grandes feitos incentiva os povos a tentar igualar ou superar os feitos referidos
-> est. 93-96 -> exemplos dos heróis da antiguidade clássica que se dedicaram à poesia ou à
cultura
-> est. 97 -> guerreiros da antiguidade clássica: cultos e interessados no poder da arte –
“Enfim, não houve forte capitão, que não fosse também douto e ciente” (est. 97, vv 1 e 2)
-> guerreiros portugueses: não dão importância à poesia ou à cultura -> quem não
pratica a poesia, não sabe dar-lhe o merecido valor – “É não se ver prezado o verso e
rima/Porque quem não sabe arte, não na estima” (est. 97, vv 7 e 8)
-> est. 98 -> falta de incentivos à poesia -> causará a perda das memórias das façanhas ->
originará uma falha na passagem dos exemplos vitoriosos da história de Portugal -> falta de
heróis nas gerações futuras -> falta de cultura
-> aviso a Vasco da Gama – devem agradecer às musas (e a Calíope) o facto de
existir quem louve os feitos portugueses -> a falta de cultura da família Gama não devia
merecer a inspiração das Tágides, nem de Calíope -> indignação do poeta
-> est. 99-100 -> apelo dos poetas que desejam louvar os feitos da pátria – a função das
Tágides é inspirar o amor da pátria através do louvor -> estas ninfas inspirarão sempre quem
quiser escrever “grandes obras” -> conclusão do poeta: caracterização positiva dos poetas
pela sua dedicação ao louvor dos feitos lusitanos; censura dos guerreiros (personificados na
família de Vasco da Gama) que não incentivam a cultura e a arte

Ilha dos Amores:


-> em pleno oceano, repleta de coisas boas, festa para os cinco sentidos, marinheiros
descansam e saciam-se
-> “insulta divina”
-> água + verde + animais = fecundidade -> atmosfera amorosa -> relação amorosa entre os
nautas e as ninfas -> amor sensual (grandeza de prémio espiritual máximo)
-> recompensa de Vénus pela coragem dos navegadores (humanos que bem amavam) ->
ligações amorosas com ninfas -> nova geração de humanos

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-> auxílio de Cupido -> preparava expedição contra os humanos: culpados de mal amarem
-> Vénus – divindade protetora dos portugueses; adjuvante na missão -> impulsiona os
humanos para o bem, a grandeza, a honra, a glória

Reflexões do poeta:
o “bicho da terra tão pequeno” (Canto I – 105-106)
-> o poeta reflete sobre a vida humana e os perigos que lhes estão sujeitos, a
fragilidade da vida humana, perigos na terra e no mar, efemeridade da vida e sobre o
Homem ser um ser indefeso
-> (est. 105, vv 1-4) – o poeta mostra-nos que o povo de Mombaça se finge de amigo
dos portugueses para os traírem, mas são descobertos pelos próprios portugueses
-> (est. 105, vv 5-8) – o sujeito poético fala dos perigos e inseguranças que a vida tem
e da esperança que as pessoas colocam na vida e no futuro
-> (est. 106, vv 1-4) – o sujeito poético fala do mar e da terra, onde o mar simboliza a
morte e perigos e a terra simboliza a guerra e o engano
-> (est. 106, vv 5-8) – o sujeito poético fala do ser humano como um ser fraco diante
da natureza e por ele ser fraco e pequeno nunca vai encontrar segurança
-> os portugueses são considerados “bichos da terra”, mas eles
conseguem/conseguiram vencer batalhas e fazer feitos históricos e, por isso, são
considerados heróis

o valor da arte (Canto V – 92-100)


-> o poeta lastima o desdém a que os portugueses votam as letras, pois apesar de
serem de terra de heróis, não reconhecem o valor da arte

o valor das honras e da glória (Canto VI – 95-99)


-> o poeta realça o verdadeiro valor das honras e da glória alcançado por mérito
próprio
-> o herói faz-se pela sua coragem e virtude, pela generosidade da sua entrega a
causas desinteressadas

o invocação das ninfas (Canto VII – 2 e 3 e 78-93)


-> Camões elogia o espírito de cruzadas dos portugueses, destacando-os de outros
povos
-> o poeta invoca as ninfas queixando-se da ingratidão de que é vítima. Ele, que
sonhava com a coroa de louros do poeta, vê-se votado ao esquecimento e à sorte
mais mesquinha, não lhe reconhecendo, os que detêm o poder, o serviço que presta a
pátria

o o poder corrupto do dinheiro (Canto VIII – 96-99)


-> surge no seguimento das ciladas sofridas por Vasco da Gama em Calecute
-> crítica: o dinheiro é fonte de corrupção

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-> aviso do poeta: o poder do dinheiro (de que nem ricos nem pobres se libertam) é
fatal
-> a avidez deprava quer os ricos quer os pobres (todos os homens são afetados pelo
poder corrupto do “vil metal”)
-> Vasco da Gama: a figura da prudência -> permanece nas naus, decide não tornar
desembarcar, desconfia de Catual

o a glorificação dos heróis (Canto IV – 93-99)


-> o poeta incita os homens a alcançarem a verdadeira glória e a fama, que não se
conseguem pela cobiça, pela ambição ou pela tirania, mas sim pela justiça, coragem e
o heroísmo desinteressado

o exortação à excelência e considerações finais (Canto X – 145-156)


-> o poeta volta a referir-se à importância das letras (literatura) e desabafa que já está
cansado de se dirigir a quem não quer escutar o seu canto, “gente surda e
endurecida”
-> exorta o rei a concretizar novas glórias

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