Ciopc - Resumo Historico 2022
Ciopc - Resumo Historico 2022
Ciopc - Resumo Historico 2022
A origem
A história nos revela que preparar militares para torná-los aptos ao confronto em qualquer
terreno operacional é um dos fatores da vitória e, portanto, uma necessidade imprescindível a todos os
exércitos do mundo.
Por isso surgiram os estágios e cursos de adaptação e/ou especialização em ambientes das mais
diversas formações morfoclimáticas, com o fim de qualificar profissionais, reformar ou apresentar
novos conceitos doutrinários.
No caso do Exército Brasileiro, a Guerra de Canudos2 e o Cangaço,3 movimentos de resistência e
rebeldia ocorridos no Nordeste entre o final e início dos séculos XIX e XX, colocou em discussão se
deveria ambientar seus integrantes no terreno de caatinga, cuja fauna e flora o tornam um ecossistema
com características únicas, diferente dos demais encontrados no país.
A carência de militares com conhecimento sobre táticas de combate e técnicas de sobrevivência
nesse bioma ou conhecedores das aptidões, hábitos e valores das populações que habitam o Semiárido
nordestino, fez com que no dia 23 de março de 1984 uma comitiva chefiada pelo general de divisão
Harry Alberto Schnarndorf, comandante da 7ª RM/7ª DE, 4 visitasse o Batalhão, o qual, por sua
localização geográfica e importância econômica, demonstrava ser o local ideal para elencar
informações e permitir a Força Terrestre elaborar uma metodologia viável ao emprego de seus
recursos humanos e materiais nesse tão peculiar ambiente operacional.
Essa visita foi tão mensurável que, no ano seguinte, período de 24 de fevereiro a 1º de março de
1985, houve na área da guarnição de Petrolina o primeiro Estágio de Caatinga, tendo no coronel João
Leitão Alencar, comandante do 72º BI Mtz, seu diretor, nos majores Álvaro de Souza Pinheiro, Luís
Carlos Gomes Mattos e Júlio Lima Verde Campos de Oliveira e nos capitães José Ricardo Godinho
1 Nos OSP estão inseridos policiais civis e militares, bombeiros militares, policiais federais e rodoviários federais, guardas
civis, etc.
2 A Guerra de Canudos ocorreu entre 1896 e 1897 e envolveu tropas dos governos estadual e federal contra os habitantes
de Canudos, cidade que surgiu no norte da Bahia graças ao movimento messiânico liderado pelo beato Antônio
Conselheiro. Desenvolvendo-se de maneira autônoma e sem reconhecer o regime republicano, a cidade entrou em choque
com as autoridades locais o que levou o governo federal a intervir e empregar o Exército Brasileiro. Foram necessárias
quatro expedições militares para que a cidade e sua população fossem subjugados.
3 O Cangaço foi um movimento de rebeldia que surgiu no final do século XIX e perdurou até a década de 1940,
caracterizado pela ação violenta de grupos justiceiros, denominados Cangaceiros, que povoaram os estados nordestinos,
desafiando o poder dos latifundiários e das autoridades locais. O maior expoente desse movimento foi Virgulino Ferreira
da Silva, vulgo Lampião, que, depois de alto proclamar-se Rei do Cangaço, vagou pelos sertões nordestinos de 1920 a
1938, disseminando seu prestígio e poder, amedrontando populações, angariando seguidores e desafiando as autoridades
até ser morto por uma volante da polícia alagoana apoiada com recursos federais às margens do rio São Francisco no
estado de Sergipe, em 1938. Com a morte desse personagem, o Cangaço entrou em declínio e praticamente foi extinto
durante o governo de Getúlio Vargas.
4 Integravam essa comitiva os seguintes oficiais: coronel Mário Rosas Fialho, tenentes-coronéis Antônio Mendonça,
Daniel Cunha Paiva e Luís da Silva Cardoso, majores Ayrton Cunha da Cunha, Antônio Gabriel Esper e Severino Ramos
de Oliveira e capitão Eliezer Girão Monteiro Filho. Para recepcionar essa comitiva e acompanhar suas atividades, foi
designado o capitão José Ricardo Godinho Rodrigues, então chefe da 4ª Seção do 72º BI Mtz.
Rodrigues e Luiz Fernando Ferreira, instrutores,5 e como concluintes os 1º tenentes Cláudio Farias
Gonçalves, Clezide Francisco da Silva Júnior, Eraldo Marques Viegas, Eliceu Degraf Mateus, Hélio
Gondim dos Santos, Hélvio Tadeu Gouveia, João Márcio Moreira, José Agmar Davin, José Bernardo
Gurgel de Faria, José Hermes Lima Cruz, Vilemar Cardoso de Brito e Walter Ribeiro Benvindo, 2º
tenentes André Gustavo Ferreira Silva, Antônio Eudes Lima da Silva, Edmir Rodrigues Bezerra,
Francisco Djalma Gessé da Silva, Henrique dos Santos Weber, Luiz Cláudio Gudin, Narciso Marcelo
Gonçalves, Sérgio Murilo Ferreira Silva e Valdicler Almeida Pinto, aspirantes a oficial Anísio David
de Oliveira Júnior, Antônio Oliveira da Silva, Carlos Alberto Castro Teixeira, Cláudio Humberto
Montenegro Alencar, Luzan Tomás Ferrer, Jarbas Arrais de Souza, Murilo Cabral Monteiro, Rui
Bernardes do Nascimento e Walter José Curvello Bloise.
Por outro lado, é importante registrar que antes desse estágio, o Batalhão já desenvolvia, desde o
início da década de 1980, trabalhos sobre o tema, particularmente exercícios de sobrevivência em
regiões próximas do quartel (Morro do Capim). Uma dessas atividades foi a participação de um
pelotão numa missão intitulada Pesquisa de Operações em Caatinga, realizada na região de Serra de
Bico Torto, estado da Bahia, nos dias 2 a 4 de agosto e 30 de agosto a 3 de setembro de 1982, 6 cujo
comandante, 1º tenente Paulo Roberto de Albuquerque Bezerra, seria elogiado nesses termos:
A instrução na caatinga é desenvolvida em uma das regiões mais agressivas do planeta, de clima
quente e seco, com baixa pluviosidade, pouca umidade e uma vegetação que se apresenta bastante
agressiva, espinhosa e de difícil penetração, sobre um solo arenoso ou pedregoso, e num relevo que,
embora modesto e de paisagem uniforme, as moradias são dispersas e a água e os alimentos para
consumo humano escassos.12
8 BI nº 134, de 18/07/1984, do 72º BI Mtz. Outro personagem de destaque nesses primeiros passos dados pelo Batalhão no
desenvolvimento da doutrina de combate na caatinga foi o 1º tenente Ribeiro Costa, citado pelo capitão Fermiano, na obra
“A história do Centro de Instrução de Operações na Caatinga”.
9 Guerra que, entre 1990 e 1991, envolveu as forças da ONU, lideradas pelos EUA, e do Iraque, comandadas pelo ditador
Saddam Hussein. Tudo começou quando em agosto de 1990, o Kuwait foi invadido e anexado ao Iraque por determinação
de Saddam Hussein. Essa agressão teve grande repercussão internacional, com reflexões no meio econômico, devido a
grande produção de petróleo na região (Oriente Médio), o que fez os EUA, com o aval da ONU e no comando de uma
força de coalizão formada por vários países, invadir em fevereiro de 1991 o território kuwaitiano para expulsar as tropas
iraquianas e reestabelecer a autonomia daquele país. A guerra teve grande cobertura da mídia internacional e revelou novas
armas e conceitos doutrinários sobre as táticas de guerra no deserto. No ano de 2003 ocorreu outra guerra naquela região,
denominada Segunda Guerra do Golfo, envolvendo diretamente EUA e Iraque, que resultou no fim da ditadura imposta
por Saddam Hussein aos iraquianos e numa prolongada guerra civil com atuação de grupos fundamentalistas e terroristas
que perdurou até 2011.
10 Compunham a delegação de visitantes desse ICE, realizado no 72º BI Mtz (20 a 24 de setembro de 1993), os oficiais
norte-americanos a seguir: tenentes-coronéis Johnny L. West e R. Dennis Mcconnell, major Roy A. Herman e os capitães
Matthew P. Halder e Michael P. Bowman, os quais se fizeram acompanhar dos coronéis Nelson Beust, Adyr da Silva
Sampaio, Jomar Nascimento Telles e do tenente-coronel Aldemir Mendes da Silva, do EME, e do coronel Aloysio Oséas
de Toledo Pinto, da 10ª Bda Inf Mtz. Nesse intercâmbio ministraram instruções o tenente-coronel Pedro Paulo da Silva,
capitão Heitor Bezerra Leite e os 2º tenentes Wander Robson Caetano Padilha e Greisson Alessandro de Sales, do 72º BI
Mtz, além dos próprios oficiais norte-americanos que ministraram instrução sobre Infantaria Leve (organização, apoio
logístico, apoio de fogo, experiência da Guerra do Golfo). Participaram também o major José Goes Sarquis, capitão
Valdicler Almeida Pinto e 2º tenente Anselmo de Araújo Lima, do 72º BI Mtz. Detalhes BI nº 177, de 29/09/1993, do 72º
BI Mtz.
11 BE nº 1, de 06/01/2006.
12 Em língua tupi, Caatinga significa “Mata Branca” e trata-se de um ecossistema exclusivo e típico do Brasil, cuja média
anual de chuvas e as temperaturas elevadas são semelhantes às registradas em regiões desérticas. Nesse terreno, que ocupa
uma área de 850.000 km², cerca de 10% do território nacional, e englobam os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão,
Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, o CMNE emprega milhares de homens para
integrar e ajudar no desenvolvimento socioeconômico da região.
Assim, para melhor conduzir os estágios ofertados, atender os apoios solicitados e cumprir os
demais objetivos discriminados na Portaria de sua implantação, o CIOpC conta com uma equipe de
militares capacitados num organograma que se estrutura em Chefia (Instrutor-chefe), Divisão de
Ensino (Ensino e Doutrina), Seção Auxiliar de Ensino e Pelotão de Comando (Logística).
Como base de instrução utiliza, além de sua Sede e do Parque Zoobotânico da Caatinga
localizados no quartel do 72º BI Mtz,13 o Campo de Instrução Fazenda Tanque do Ferro (CIFTF),
situado no município de Lagoa Grande a cerca de 100 km de Petrolina e, quando a necessidade exige,
faz uso de espaços públicos ou privados alocados em Juazeiro, Petrolina e Sobradinho, tais como:
Fazenda Campo dos Cavalos, Hidroelétrica de Sobradinho, regiões do Açude do Saco, do Capim e da
Itamotinga, Pedrinhas e serras do Angico e do Parafuso. Tudo para proporcionar ao combatente de
caatinga um treinamento diferenciado e especializado.
Ao longo de uma ou duas semanas de instrução, o CIOpC, através dos Estágios de Adaptação e
de Adaptação e Operações na Caatinga (EAC e EAOC) e por meio de um ritmo intenso de atividades
que intentam reproduzir as condições ideais do combate, proporciona aos seus estagiários
ambientação, preparação física e psicológica, informações sobre abrigos e armadilhas, alimentos de
origem animal e vegetal, efeitos fisiológicos do calor, ofidismo, primeiros socorros, topografia e
orientação na caatinga (aferição do passo e desvio, leitura carta-terreno, bússola e GPS), tiros com
meios optrônicos, táticas e técnicas especiais de sobrevivência e de combate na caatinga.
Embora atualmente realize o EAC e o EAOC, o CIOpC já disponibilizou outros estágios, assim
discriminados:
Estágio do Combatente de Caatinga (ECC) – semelhante ao EAOC, tinha duração de duas
semanas e objetivo de capacitar os quadros (oficiais, subtenentes e sargentos) no planejamento e
emprego de tropas em operações continuadas (missões de patrulha) no ambiente de caatinga;
Estágio de Operações na Caatinga (EOC) – criado em caráter experimental com o propósito de
transformar o estágio em curso, estendia-se por cerca de um mês e vislumbrava a especialização do
combatente na fase de patrulhas, através do nivelamento de conhecimentos, bem como do acréscimo
de instruções específicas, como operações ribeirinhas (fluvial) e de GLO (tipo polícia).15
Estágio do Caçador de Caatinga – caracterizava-se por habilitar militares para executar tiros
diretos e precisos a pequenas, médias e longas distâncias, em alvos selecionados (pessoal e material) e
considerados relevantes na caatinga.
Além do treinamento militar, o CIOpC viabiliza estudos para otimizar conhecimentos e técnicas
13 Durante os anos de 2005 a 2017, o CIOpC funcionou no Pavilhão que já abrigou a CCAp e a B Adm e que atualmente
comporta a 3ª Cia Fuz. Foi por motivo da criação dessa Cia em 2018, que o CIOpC passou a ocupar parte das instalações
do Pavilhão da B Adm, onde funcionou o NuSuEs e o Departamento de Educação Física (DEF).
14 Arquivo Fotográfico do 72º BI Mtz. (Foto do soldado Deivid de Lima Menezes).
15 Na época da realização desses estágios, entre a década de 1990 e os primeiros anos do novo milênio, quem realizava o
EAC/ECC era denominado “combatente de caatinga” e o EOC “guerreiro de caatinga”.
que possam ser usados como recursos em operações militares.16
Entre os projetos de pesquisa desenvolvidos, sobressaíram-se:
Coturno – em 2010 teve início o projeto para desenvolver um novo e mais adequado coturno
(calçado) a ser utilizado na região do Semiárido. Com esse intuito, chegou-se a um produto de lona
resistente à vegetação e ao terreno, mais confortável e confeccionado em couro na cor safári africano,
tendo forro controlador de temperatura e umidade, palmilhas antiperfurante e resistente a 300º C;
Emprego de Muares na Caatinga – também em 2010, gestão do major Antônio Anísio Oliveira
Leite, instrutor-chefe do CIOpC, iniciaram-se os estudos e pesquisas para verificar a utilização de
jumentos e mulas, animais adaptados às condições climáticas da região, como elementos de apoio
logístico (transporte de pessoal e material) durante operações no ambiente de caatinga, a exemplo do
que ocorre na região amazônica com o emprego de búfalos;17
Ração Operacional de Caatinga – no ano de 2007 começou o estudo sobre a confecção de uma
ração operacional mais adequada à restrição de água, de baixo custo, porém com alto grau nutritivo,
que permitisse ao militar permanecer atuando mesmo estando longe do apoio logístico;18
Caderneta Operacional – idealizada pelo 1º tenente Samuel Schilling da Silveira em 2010, a
caderneta operacional do CIOpC foi confeccionada pelos instrutores e monitores com a finalidade de
permitir aos estagiários acesso as peculiaridades desse ambiente operacional, tanto no quesito relativo
às operações militares quanto na vida na caatinga; e
Mística do Combatente de Caatinga – esse foi provavelmente o mais importante projeto
desenvolvido pelo CIOpC, cujo alcance visava construir para o combatente de caatinga uma
identidade que lhe fosse própria e indissolúvel. Iniciado o projeto em 2010, os integrantes do CIOpC
observaram que somente através de uma linguagem objetiva e ao mesmo tempo simbólica seria
possível idealizar a figura de um combatente aguerrido que retratasse a simplicidade, ferocidade e
rusticidade do sertanejo. Foi a partir desse contexto que surgiu toda uma simbologia representativa
(uniforme e facão), práticas ritualistas (chama e badernaço) e uma literatura evocativa (Canção do
CIOpC, Oração e Leis do Combatente de Caatinga) com o propósito de exaltar e reconhecer a
performance desse soldado especializado.19
Além dos intercâmbios, pesquisas, estágios, seminários e simpósios, o CIOpC atende aos
Pedidos de Cooperação de Instrução (PCI). Trata-se de um tipo de apoio com duração de uma ou duas
semanas que, por meio do conhecimento das peculiaridades que condicionam o ambiente operacional
de caatinga, proporciona o adestramento de tropas operacionais (comandos, forças especiais, forças de
ação rápida, paraquedistas, etc), centros de instrução (CIPqdt GPB e CIOpEsp), estabelecimentos de
ensino (AMAN, EsSA, CPOR e NPOR) e frações de outras unidades.
Um dos mais importantes PCI promovido pelo CIOpC ocorreu em 2011 na região de Canudos
em atenção a uma solicitação da AMAN.
Sobre esse PCI, idealizado pelo coronel Helvétius da Silva Marques, comandante do 72º BI Mtz,
o major José Carlúcio Gomes de Sousa Júnior, atual instrutor-chefe do CIOpC e à época encarregado
de planejar e coordenar essa atividade, relatou que:
16 Para tanto conta com a parceria informal de importantes instituições: Companhia de Desenvolvimento dos Vales do
São Francisco e Parnaíba (CODEVASF), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e Universidade
Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).
17 Destacou-se no desenvolvimento desse projeto o 1º tenente Schilling.
18 Foram importantes durante a evolução desse projeto o capitão Rodrigo Eugênio Paiva e o 1º tenente Gabriel Santos
Alcântara.
19 A Chama, idealizada pelo 1º tenente Jefferson Oliveira, e exposta no saguão das placas do CIOpC, foi acesa pela
primeira vez em 5 de dezembro de 2011, no Morro do Capim, após marcha realizada pelos integrantes no CIOpC. O
Badernaço é uma atividade de exaltação realizada no âmbito de tropas operacionais que no caso do CIOpC foi idealizada
pelo coronel Paiva Dias e tem filtro no entoar da Canção dos Carcarás da Caatinga. Sobre as Canções, a Oração e as Leis
do Combatente de Caatinga ver documentos Anexos.
Durante as patrulhas, a “força oponente” – constituída por nossos auxiliares – procurou
ocupar as mesmas posições que os sertanejos ocuparam naquele combate e, assim, o
estagiário pôde sentir a dificuldade que a tropa brasileira encontrou durante a batalha,
podendo identificar inclusive como se comportavam os jagunços, que se camuflavam de
maneira impecável...
[...]
O estágio foi encerrado no Alto da Favela, zona de reunião das tropas da quarta expedição e
importante acidente capital da área de operações, pois proporcionava comandamento sobre
toda Canudos. Ali foi realizado um giro do horizonte, onde foram vistas as elevações que
dominavam Canudos e visualizada a Canudos submersa pela Barragem do Cocorobó:
represamento do Rio Vaza Barris. Com certeza foi uma oportunidade ímpar não só para os
cadetes, mas também para a equipe de instrução. 20
Consta ainda no histórico do Batalhão que desde 1983, antes mesmo da criação do NuSuEs e do
CIOpC, já prestava esse tipo de cooperação, quando naquele ano (28 de abril a 3 de maio e de 8 a 12
de maio) apoiou militares do Curso Precursor da Brigada Paraquedista e da FAB.
Sobre a relevância desses PCI para a evolução e doutrinação da Força Terrestre e de outras
instituições militares e de segurança pública, segue o registro de personalidades que vivenciaram essa
particularidade do 72º BI Mtz através do CIOpC.
Venho por meio do presente ofício apresentar os mais sinceros agradecimentos a esse
comando, pelo elevado espírito de colaboração demonstrado no decorrer do 84/1 Curso de
Ações de Comandos.
Devido a precariedade de meios e pessoal (cabos e soldados), sem a valiosa colaboração
prestada espontaneamente por essa briosa OM, não teríamos atingido os objetivos propostos
do Curso.
Muito nos envaidece o espírito de apoio eficiente e prestativo dessa OM. 22
Na década de 1990, a Base Aérea do Recife (BARF) em duas oportunidades manifestou seu
reconhecimento. Na primeira, a consideração foi encaminhada pelo coronel-aviador Rivaldo Paurílio
Cardoso, comandante da BARF, ao Comando da 10ª Bda Inf Mtz, através de expediente datado de 25
20 FERMIANO, Thyago Augusto Rabello. A história do Centro de Instrução de Operações na Caatinga. Petrolina: Seção
de Doutrina e Pesquisa/CIOpC, 2016. p. 22.
21 Arquivo Fotográfico do 72º BI Mtz.
22 BI nº 181, de 25/09/1984, do 72º BI Mtz.
de maio de 1990:
Em 2003, o general de brigada Luiz Carlos Gomes Mattos, comandante da Brigada Paraquedista,
e o coronel Carmo Antônio Russo, chefe do Estado-Maior da Brigada Aeromóvel (12ª Brigada de
Infantaria Leve – Aeromóvel), exteriorizaram ao Comando da 10ª Bda Inf Mtz estas apreciações:
O general de brigada Carlos César Araújo Lima, comandante da 12ª Bda Inf L (Amv), no ano de
2008, formulou o seguinte:
Agradeço pelo importante apoio à Brigada durante a execução do PCI, atendido por essa
OM aos militares da Brigada Aeromóvel, objetivando a adaptação ao ambiente operacional
da Caatinga.
Destaco a excelente acolhida proporcionada por parte do Comando do Batalhão, sem o qual
as atividades desenvolvidas não teriam o brilhantismo alcançado.
Aproveito a oportunidade para desejar felicidades e sucesso na continuidade dos trabalhos à
frente do 72º Batalhão de Infantaria Motorizado. 27
Gostaria de externar a V.S.ª os meus sinceros agradecimento pelo inestimável apoio prestado
à Escola de Formação Complementar do Exército (EsFCEx) por ocasião do Estágio de
Caatinga do Curso de Formação de Oficiais do Quadro Complementar e do Serviço de
Saúde, ocorrido no mês de setembro. Este apoio contribuiu sobremaneira para o
prosseguimento da formação dos futuros Oficiais do Quadro Complementar e Serviço de
Saúde.28
Senhor Comandante
Ao cumprimentar V. S.ª, apresento os agradecimentos pelo préstimo e indispensável apoio
prestados por seu Batalhão, bem como de todos os seus comandados, ao Esquadrão
Aeroterrestre de Salvamento - PARA SAR, no decorrer do curso de PARACOMANDOS
2013.29
Por fim, o juiz Vitor Moreira Lima, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, ao término das
atividades realizadas com os magistrados federais (9 a 12 de junho de 2015), e o tenente-coronel PM
Carlos Alberto Neves da Silva, do Comando de Policiamento da Região Norte da Bahia,
manifestaram-se nesses termos:
O uniforme de caatinga
Como a área onde se desenvolvem as operações na caatinga é considerada uma das mais arredias
do mundo, sentiu-se a necessidade de utilizar um uniforme que, ao infiltrar-se no terreno, não se
danificasse com facilidade e nem comprometesse a integridade física e o desempenho do combatente.
Após estudos realizados, chegou-se ao entendimento de que o fardamento a ser utilizado deveria
se inspirar nas vestimentas utilizadas pelo sertanejo, homem adaptado e conhecedor das dificuldades
que a região naturalmente impõe aos seus moradores.
Assim surgiu o Uniforme Especial de Caatinga, tipo de fardamento específico e diferente dos
demais utilizados pelo Exército Brasileiro, confeccionado em tecido de brim na cor cáqui e com a
aplicação de couro nas partes normalmente mais atingidas pelos espinhos ou galhos secos da região.
De maneira geral, esse uniforme, que por sua cor amarronzada confunde o homem com o meio
ambiente de caatinga, é constituído de cobertura (chapéu especial de caatinga ou beija santo) dotada
de abas para proteger o rosto e a nuca contra o sol, blusa, calça e luva cáqui especial de caatinga, com
reforços de couro no peito, nos braços, nas pernas e nas palmas das mãos, para melhor suportar a
agressão da vegetação e do solo.
No BI nº 233, de 26 de dezembro de 1983, do 72º BI Mtz, consta o recebimento da primeira
remessa desse fardamento e de equipamento para instrução na caatinga, num total de 40 uniformes
(calça, camisa e gorro) e 40 cantis de couro com correia a tiracolo, os quais foram confeccionados na
cidade de Garanhuns e adquiridos pela 10ª Bda Inf Mtz para serem incluídos na carga do 72º BI Mtz.
Esse mesmo documento detalhava a originalidade do material:
O uniforme para a caatinga foi desenvolvido com a finalidade de permitir aos combatentes
das regiões onde predomina a vegetação de caatinga, a necessária penetração sem que haja
grande desgaste humano com uniformização adequada, atendendo às necessidades de
proteção do homem contra a agressividade da vegetação seca (espinhosa) e dos rigores
climáticos (arides e elevadas temperaturas).
Assim, sendo, o referido uniforme atende as seguintes especificidades:
1. confeccionado em tecido de brim seridó, 100% algodão, de cor cáqui, tendo em vista a cor
clara não permitir a infiltração de raios solares, oferecendo também melhores condições de
camuflagem;
2. costura em linha de nylon plastificado, assegurando maior resistência nas costuras;
3. aplicação de couro especial na cor cajá nas partes principais que serão atingidos pelos
espinhos e pelo solo, permitindo melhores condições de penetração e locomoção do
combatente;
4. aplicação de vaqueta tingida de cor cajá, tudo de primeira qualidade,permitindo assim
resistência da roupa e proteção do homem, dando ótimas condições de camuflagem; e
5. chapéu de abas longas com finalidade de proteção do homem do sol direto sobre a sua
cabeça.
O Cantil para caatinga foi desenvolvido com a finalidade de ser usado para condução de
água na caatinga, podendo ser usado em qualquer circunstância climática, atendendo as
seguintes especificações: capacidade para transportar 2,5 litros de água; não vazar água; não
evaporar; e manter a água fria em qualquer condição climática.
O documento ainda especificava que o Batalhão deveria ao final do ano de instrução apresentar
A partir da segunda metade do século XX, as mulheres, ao destravar amarras e remover tabus,
começaram, paulatinamente, a ampliar sua participação no seio social, inclusive adentrando em áreas
de exclusividade masculina.
Da mesma maneira, nas Forças Armadas as mulheres estão ocupando seu espaço, inicialmente
no exercício de funções e encargos de natureza técnico-administrativa, porém evoluindo
progressivamente para outras camadas, até mesmo as de nível operacional.
A exemplo do que atualmente ocorre nos centros de formação, sobretudo na Brigada
Paraquedista, com a diplomação de paraquedistas do segmento feminino, a Casa do Combatente de
Caatinga tem contribuído nesse processo evolutivo, proporcionando que mulheres também sejam
habilitadas a operar no ambiente de caatinga.
A tradição relata que foi no Estágio de Adaptação à Caatinga de 7 a 11 de março de 2005, que se
formou a primeira mulher Combatente de Caatinga do Exército Brasileiro, a aspirante a oficial
veterinária Michelle da Luz Paschoal, que ingressou nas fileiras da Força Terrestre em 2 de agosto de
2004, considerada também precursora desse segmento nos quadros do 72º BI Mtz.
Sobre essa personagem, ao concluir o serviço militar para a qual fora convocada e ingressar na
reserva, o coronel Antônio Anibal Rocha Pontes formulou o seguinte elogio:
É por dever de justiça e com grande satisfação que concedo a presente referência elogiosa a
2º Ten MICHELLE da Luz Paschoal, que deixa o nosso convívio nesta data por ocasião do
licenciamento do serviço ativo do Exército.
Oficial dotada de inúmeras qualidades, ressalto, como traço marcante de sua personalidade,
a franqueza e o trato ameno com superiores, pares e subordinados.
Durante este período que passou entre nós, desempenhou a função de médica veterinária,
incorporando com profissionalismo as diretrizes emanadas pelo Comandante do Batalhão,
tendo como responsabilidade a construção e implantação do nosso Parque Zoobotânico.
Destaco, ainda, sua participação como a primeira mulher Guerreira de Caatinga no âmbito
de nossa Força. Foi Instrutora do Núcleo de Subunidade Escolar (Nu SU Es) e Centro de
Instrução e Operações da Caatinga (CIOpC), participou, também, da Missão Pipa, Projeto
Soldado por um Dia, Intercâmbio Técnico Profissional do CMNE a CMA (CIGS), intérprete
no Intercâmbio com Oficiais Americanos, Auxiliar das Relações Públicas; possibilitando
que a Unidade cumprisse todas as missões que lhe foram atribuídas, fatores primordiais para
a manutenção da imagem altamente positiva que o Batalhão desfruta no âmbito de nossa
Instituição e no seio da sociedade.
Nesta oportunidade, apresento a 2 o Ten MICHELLE da Luz Paschoal, o reconhecimento e
32 Desde 2007 o CIOpC continua realizando estudos e pesquisas sobre o uniforme de caatinga, no sentido de melhorar sua
camuflagem, proteção, conforto e permitir maior mobilidade ao combatente.
agradecimento pelo trabalho desenvolvido e pela valiosa colaboração prestada ao Batalhão
General Victorino Carneiro Monteiro, pedindo a Deus que a ilumine e a acompanhe nessa
nova empreitada e augurando-lhe votos de muitos sucessos em sua vida profissional e de
grandes realizações pessoais, extensivos à sua digníssima família.
PÁTRIA! BRASIL! CAATINGA!33
O legado
Como parte da superfície terrestre é constituída de regiões de clima árido e semiárido e que os
principais conflitos mundiais atualmente estão ocorrendo em lugares com esse tipo de formação
morfoclimática, como no Norte da África, Oriente Médio e Sudoeste da Ásia, regiões de acentuada
importância histórica, geopolítica e econômica, o Brasil, por estar inserido no contexto de missões
internacionais de paz e possuir uma região com características semelhantes a desértica, precisa
adestrar continuadamente seus militares para que possam cumprir as missões que lhes forem
delegadas.
Assim, cresce de importância o CIOpC que, através do trabalho que desenvolve na região do
Polígono da Secas, em pleno Semiárido nordestino, lega as Forças Armadas e ao Estado brasileiro,
uma doutrina militar terrestre sólida e confiável para operar com seus recursos humanos e material
nesse tipo de ambiente e em ambientes operacionais semelhantes.
O Campo de Instrução
O 72º BI Mtz é uma das poucas unidades do Exército Brasileiro e a única do CMNE que tem um
campo de instrução.
Com o surgimento da doutrina de combate no terreno de caatinga entre o final e início das
décadas de 1980 e 1990, tornou-se imperioso para o Batalhão Sertão a procura por um local onde fosse
possível desenvolver, aperfeiçoar e propagar esta doutrina, o que levou o coronel Marcelo Diniz Paiva
designar em 1984 uma comissão, presidida pelo major Juraci Guimarães, para apresentar uma
proposta de aquisição de um campo de instrução para a guarnição.
Esta necessidade passou a se tornar realidade ainda na década de 1980 quando a União recebeu
do Ministério Público Federal, por meio de Carta de Adjudicação de 27 de setembro de 1988, da 8ª
Vara da Justiça Federal do Estado de Pernambuco, a doação de uma área de 2.800 hectares, localizada
no distrito de Jutaí, município de Lagoa Grande, a cerca de 100 km de Petrolina, denominada Fazenda
Tanque do Ferro.
Levando em consideração a distância desta área com outras guarnições do Nordeste e sua
relativa proximidade com o quartel de Petrolina, o procurador da República Ademar Viana Filho, após
gestões junto à 8ª Vara e através do Ofício PR/PE nº 24/88, de 19 de agosto de 1988, resolveu colocar
este imóvel sob a responsabilidade do 72º BI Mtz, à época comandado pelo coronel José Jefferson
Melo Rebouças, de acordo com os seguintes termos:
Senhor Comandante,
Tendo em vista que a UNIÃO FEDERAL, representada por este Procurador da República,
requereu e lhe foi deferida a ADJUDICAÇÃO do imóvel rural: “Fazenda Tanque de Ferro”,
antes pertencente ao Sr. EDMILSON SOARES LINS, sita no vizinho Município de Santa
Maria da Boa Vista, neste Estado, e que a partir desta data a União é detentora dos direitos
de propriedade daquele imóvel, bem como este Procurador esta imitido na posse do mesmo
bem, e como não disponho de pessoal para ocupar efetivamente dito imóvel, venho
requisitar de V. Sa. tropas sob o seu comando, para guarnecerem e protegerem contra furtos
e depredações, o imóvel ora adquirido pela União.
Essas tropas poderão estacionar dentro dos limites da propriedade, que estão perfeitamente
definidos por marcos de concreto, e se utilizarem de todas as benfeitorias e recursos naturais
nela existente, mas não poderão abater quaisquer dos semoventos nelas criados, tais como
gado bovino e caprino, pois estes estão penhorados para garantia de créditos privilegiados da
União.
Agradecendo a atenção que dispensa ao assunto, renovo protestos de elevada e distinta
consideração. Atenciosamente, ADEMAR VIANA FILHO – Procurador da República.
Em consequência do acima publicado, devidamente autorizado pelo Esc Sup, visando
manter e proteger o citado patrimônio da União, este Comando determina que seja
efetivamente guarnecida e protegida a propriedade denominada Fazenda TANQUE DE
Diante da possibilidade de sua exploração para fins militares, várias medidas foram adotadas
pelo 72º BI Mtz no sentido de tornar a Fazenda um local apropriado para a prática de instruções e
exercícios, como a designação de militares para residir na propriedade e o envio de grupamentos para
realizar reconhecimentos e trabalhos de limpeza dos campos e construção de instalações.38
O tenente-coronel Pedro Paulo da Silva, em referência consignada ao 3º sargento Givaldo
Rodrigues de Souza, caracterizou a importância dos militares que residiram e guarneceram este
imóvel:
Revista individual e de material durante cerimonial do EAC – Adestramento de Pelotões do CMNE, 2019.41
Detalhe interessante sobre a origem do terreno que se tornou o Campo de Instrução do 72º BI
Mtz estar registrado em documentação do acervo do CIOpC do qual extraímos o seguinte texto:
Essas terras foram confiscadas pela União Federal após o famoso Escândalo da Mandioca,
que ficou conhecido como o maior escândalo financeiro de Pernambuco, ocorrido no
período entre 1979 e 1981 na agência do Banco do Brasil de Floresta, resultando no desvio
de Cr$ 1,5 bilhão do Proagro – programa de incentivo agrícola criado pelo Governo Federal
em 1973.
O golpe consistiu na obtenção de documentos falsos para conseguir créditos agrícolas para o
plantio de mandioca, feijão, cebola, melão e melância, utilizando cadastros frios,
propriedades fictícias e agricultores fantasmas.
Os empréstimos eram feitos ao banco supostamente para o plantio; em seguida alegava-se
que a seca destruíra as plantações (que na verdade nunca foram feitas) e ninguém pagava
nada, sendo os prejuízos cobertos pelo seguro agrícola, e que teve 26 envolvidos, entre eles
o então gerente dessa agência, Edmilson Soares Lins (antigo proprietário da Fazenda Tanque
de Ferro) e vários funcionários do Banco do Brasil, pequenos e grandes agricultores,
comerciantes e políticos de Floresta, que cujo processo criminal tem 70 volumes e pouco
mais de 20.000 páginas, e que até recentemente não teve solução.
No primeiro semestre de 1981, o tenente reformado da Polícia Militar David Jurubeba,
proprietário de uma fazenda na cidade de Floresta, no interior de Pernambuco, teve pedido
de financiamento negado pelo gerente da agência do Banco do Brasil na mesma cidade.
Sentindo-se injustiçado, o tenente denunciou a ocorrência de fraudes em Floresta, município
que fazia parte do programa PROAGRO, de incentivo agrícola. Tratava-se do desvio de
milhões de cruzeiros (moeda corrente na época).
Foram mais de 300 financiamentos irregulares para o plantio de mandioca segundo
40 Em 2015, a 10ª Companhia de Engenharia de Combate (10ª Cia Eng Cmb), sediada em São Bento do Una/PE, realizou
trabalhos de terraplanagem para a construção do estande de tiro do CIFTF.
41 Arquivo Fotográfico do 72º BI Mtz. (Foto do soldado Deivid de Lima Menezes).
investigação de auditores do Banco do Brasil e do Banco Central. 30% dos créditos
destinados ao custeio agrícola foram concedidos a pessoas de nomes fictícios. Em 50% dos
casos, agricultores pobres assinaram, sem saber, documentos bancários que os tornaram
devedores do Banco do Brasil em milhões de cruzeiros.
O “Escândalo da Mandioca”, nome dado pela imprensa ao caso, virou notícia em todo o
País. O inquérito policial com 30 volumes e 240 indiciados foi distribuído ao procurador
Pedro Jorge de Melo e Silva. Entre os envolvidos, figuravam oficiais da Polícia Militar de
Pernambuco, um deputado estadual e um vereador de Floresta. No dia 6 de janeiro de 1982,
ele ofereceu denúncia contra 19 dos indiciados que tiveram seus bens sequestrados.
Pedro Jorge recebia ameaças constantes, segundo relato do confidente e amigo do seminário
Dom Basílio Penido. Defensor da moralidade administrativa, o procurador preferiu o risco a
ser reconhecido como covarde.
No dia 3 de março de 1982, Pedro Jorge foi assassinado, vítima de seis tiros, três à queima-
roupa, quando saía de uma padaria, no bairro onde morava na cidade de Olinda (PE),
deixando viúva, Maria das Graças Vigas e Silva, e duas filhas ainda crianças, Roberta e
Marisa.42
Assim, são nestas terras, onde se erigiu o CIFTF, no quartel do 72º BI Mtz e outras regiões
circunvizinhas ao município de Petrolina, que são forjados os representantes das táticas e técnicas da
outrora guerra sertaneja que, entre o final e início dos séculos XIX e XX, semearam o Semiárido com
a fibra e a intrepidez, com a resistência e a ferrocidade do sertanejo, lastro moral que edifica o Soldado
do Sertão, o genuíno Combatente de Caatinga, único e peculiar entre os que compõem o Exército
Brasileiro.
O CHEFE DO ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO, no uso da atribuição que lhe confere o art. 5º,
inciso VI, do Regulamento do Estado-Maior do Exército (R-173), aprovado pela Portaria do Comandante
do Exército nº 300, de 27 de maio de 2004, e em conformidade com o inciso X, do art. 100, e com o art.
117, das Instruções Gerais para a Correspondência, Publicações e Atos Administrativos no Âmbito do
Exército (IG 10-42), aprovadas pela Portaria do Comandante do Exército nº 041, de 18 de fevereiro de
2002, resolve:
Art. 1º Aprovar a Diretriz para a Implantação do Centro de Instrução de Operações na Caatinga, que
com esta baixa.
Art. 2º Estabelecer que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicação.
I
O Centro de Instrução e Operações na Caatinga
Forja os combatentes mais valentes da nação
O clima causticante e o calor que determinam
O guerreiro adaptado a cumprir qualquer missão
(Estribilho)
O CIOpC é o difusor
Da doutrina do nosso sertão
Da caatinga é o protetor
Destemido e invencível guardião
II
O Centro de Instrução de Operações na Caatinga
Desenvolve a doutrina e a pesquisa com esmero
Vem do sertanejo, a força não desanima
Forjando atributos em nossos bravos guerreiros
III
O Centro de Instrução e Operações na Caatinga
Transpõe galhos e espinhos e transborda vibração
Garante a lei, a ordem e a nossa soberania
Pátria! Brasil! Caatinga! O CIOpC é do sertão!
44 BE nº 1, de 06/01/2006.
45 BI nº 195, de 21/10/2015, do 72º BI Mtz. Criada no ano de 2010, na gestão do major Antônio Anísio Oliveira Leite,
instrutor-chefe, a canção sofreu ajustes, foi aprimorada e contou com o apoio da Banda de Música do 71º BI Mtz para
ganhar forma militarizada, sendo concluída em 2014.
ORAÇÃO DO COMBATENTE DE CAATINGA
Senhor!
Vós que fostes sábio ao criar os rios e os mares,
pareceis ter esquecido do nosso Sertão.
Vós que destes aos homens a terra para dela tudo tirar,
não nos destes a mesma sorte;
Porém, hoje, oh! Deus,
vejo o quão generoso fostes.
A nós “Guerreiros de Caatinga”,
deste-nos a resistência ao sol,
a sapiência para da natureza tudo aproveitar,
a força de vontade para continuar a lutar e ...
... ante o inimigo jamais recuar.
Obrigado, Senhor Deus,
porque criastes um ambiente ...
... onde o ser humano comum não pode sobreviver,
Pois só os perseverantes e os fortes de espírito,
aqui conseguem lutar
Brasil! Caatinga!
46 A presente oração foi aprovada na gestão do coronel Joaquim Carlos Baptista Serrazes. Seu título original era “Oração
do Guerreiro de Caatinga”, posteriormente e tendo em vista melhor denominar o soldado especializado no combate na
caatinga à palavra “Guerreiro” foi substituída por “Combatente”. Sobre o autor, o Comando do 72º BI Mtz concedeu-lhe
esta referência: “Ao afastar-se do convívio do 72º BI Mtz, Batalhão Sertão, em consequência de sua transferência para a
12ª Cia PE (MANAUS-AM), apraz-me elogiar e agradecer ao Ten LAÉRCIO pelo trabalho correto e eficiente durante
todos estes anos de convívio neste Batalhão. Desde que chegou a esta Unidade em 16 de janeiro de 1992 egresso da
AMAN, por motivo de conclusão de curso, logo demonstrou os conhecimentos profissionais que possuía. Como Cmt da 2ª
Cia Fzo, cumpriu, com acerto e vibração, todas as missões recebidas do Comando do Batalhão e pelo Escalão Superior,
quando cumpriu missões da Subunidade de Operações Especiais (SUOPES). Militar inteligente, dotado de grande vigor
físico e criatividade. Como Instrutor contribuiu em diversas oportunidades nos Estágios de Adaptação à Caatinga (EAC),
alcançando excelentes índices e contribuindo desta forma para o engrandecimento do Batalhão e do Exército Brasileiro.
Formulo votos de que continue a trilhar o caminho do bom cumprimento do dever e que seja muito feliz em sua nova
Unidade.” Ver BI nº 67, de 10/04/1995, e nº 70, de 17/04/1995.
47 BI nº 200, de 28/10/2015, do 72º BI Mtz. Essas Leis foram escritas por sugestão do coronel Rodolfo Celso Paiva Dias
de Sá durante o EAOC/2015 dos militares das OM operacionais do CMNE e, conforme relato de seu autor, “São palavras
que refletem muito do que é sobreviver e combater na caatinga”.
Se a missão for fácil, não seremos nós!
Tropa especial, tropa operacional!