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MATEMÁTICA FINANCEIRA
APLICADA
AULA 3
Prof.ª Aline Purcote
CONVERSA INICIAL
de tempo, mas como realizar os cálculos quando o pagamento ocorre em parcelas? Quais são os
recebimentos), em épocas diferentes, destinados a formar um capital ou a pagar (ou receber) uma
dívida, é denominada renda ou série uniforme. Essa sucessão de pagamentos pode se destinar ao
pagamento de uma dívida, o que caracteriza uma amortização ou pode se destinar a uma poupança,
uma capitalização.
Nesta aula, abordaremos as definições de fluxo de caixa e classificações das rendas, bem como
as principais séries de pagamentos ou recebimentos que formam a base para os principais modelos
existente entre fluxos de caixa e o cálculo do valor presente e futuro das diferentes rendas.
CONTEXTUALIZANDO
Provavelmente você já fez ou conhece alguém que tenha efetuado um financiamento tendo uma
sucessão de pagamentos a realizar. Esses pagamentos chamamos de renda, mas esta não é apenas o
pagamento de uma dívida, pois também podemos realizar uma série de depósitos para aplicação de
um determinado valor. Dessa forma, segundo Castanheira (2016), a definição completa de renda é
Imagine que você pretende fazer uma compra e, para isso, realiza várias pesquisas no mercado a
fim de comparar e encontrar o melhor preço. Após muita procura, constata que o melhor preço é R$
5.000,00, mas esse valor só é válido à vista; caso seja parcelado, a taxa de juros inviabiliza a compra.
Dessa forma, você faz as contas e verifica em seu orçamento que não possui o valor, mas não quer
perder a oportunidade, que é muito vantajosa. Para tanto, encontra a alternativa de efetuar quatro
depósitos mensais iguais numa conta remunerada a uma taxa de juros de 5% a.m, sendo que, no final
deste período, você terá o valor que precisa para pagamento à vista. Como o valor da mercadoria
permanecerá inalterado, a poupança será uma opção, avaliando que o dinheiro estará rendendo
No exemplo acima, temos a sucessão de depósitos para formar uma poupança e assim comprar
o item desejado à vista. Considerando os dados apresentados, podemos calcular o valor dos
depósitos a serem realizados. Para efetuar estes e outros cálculos, vamos estudar os principais
De acordo com Castanheira (2008), a sucessão de depósitos e/ou saques ou, ainda, de
Um fluxo de caixa pode ser representado de forma analítica ou gráfica. Na forma gráfica, a linha
do tempo ou diagrama ilustra o fluxo evidenciando sua distribuição ao longo do período, em que o
eixo horizontal representa a linha do tempo iniciada a partir de uma data zero (data inicial ou data
atual). As setas voltadas para baixo são as saídas de dinheiro representando despesas, aplicações,
custos ou parcelas, e as setas voltadas para cima são as entradas de dinheiro, representando receitas
ou economias realizadas. No exemplo a seguir, temos uma saída de R$ 5.000 no período zero e
representar os movimentos com uma seta para cima e outra para baixo ou indicar apenas uma seta
com a diferença entre eles. No exemplo acima, vamos considerar que no período 2 ocorreu uma
entrada de R$ 500 e uma saída de R$ 800, então podemos representar apenas uma seta para baixo
Já na forma analítica, ilustramos o fluxo de caixa utilizando uma tabela com a representação das
entradas e saídas. Considere um fluxo de caixa em que, no período inicial zero, serão investidos R$
0 5.000,00
1 2.000,00
2 4.000,00
3 1.000,00
4 9.000,00
0 - 5.000,00
1 + 2.000,00
2 + 4.000,00
3 - 1.000,00
4 + 9.000,00
Vimos no início desta aula que renda, de acordo com Castanheira e Macedo (2008), é a sucessão
um capital (capitalização) ou a pagar (ou receber) uma dívida (amortização). Francisco (1991) define
rendas como um conjunto de dois ou mais pagamentos, realizáveis em épocas distintas, destinados a
As rendas podem ser classificadas considerando quatro parâmetros: o prazo, o valor, o período e
Temporárias: a duração é limitada, o número dos termos que compõe a renda é finito, possui
Perpétuas: a duração é ilimitada, o número de períodos que compõe a renda é infinito, por
iguais. Se um dos pagamentos for de valor diferente dos demais, a renda é variável, por
exemplo, realizo depósitos diferentes em uma poupança, sendo no 1º mês R$ 200, no 2º mês
depósitos não são iguais entre si. O intervalo entre dois períodos consecutivos é variável.
podendo ser:
Antecipado: quando a ocorrência é no início do período, ou seja, com entrada sendo que
o valor da entrada é igual ao valor das demais parcelas. Por exemplo, uma compra
período, havendo, um prazo de carência. Por exemplo, realizamos uma compra hoje e os
pagamentos terão início após 120 dias. As rendas diferidas podem ser:
No tema 1, estudamos a classificação das rendas e neste tema estudaremos o modelo básico
que consiste em uma renda que é simultaneamente temporária, constante, imediata, postecipada e
periódica.
De acordo com Castanheira (2016), para determinarmos o valor atual (ou valor presente) de uma
sucessão de pagamentos ou recebimentos, somamos o valor atual do desconto racional composto
de cada parcela da renda, ou seja, o valor atual de cada parcela da série de pagamentos ou
recebimentos pelo desconto racional composto e, em seguida, somamos os valores encontrados.
onde:
V = Valor atual, Valor Presente (PV ou VP), capital (C), valor à vista ou valor da renda na data
focal zero.
Obs.: quando utilizamos a HP 12C, o valor das prestações é simbolizado por PMT.
Exemplo 1
n = 10
p = 2000
Podemos resolver esse exemplo utilizando a calculadora financeira HP12C, seguindo os passos:
PV = R$ 17.965,17
onde:
Assim:
= VP(2%;10;-2000)
VP = 17.965,17
Qual é o valor da prestação a ser paga pelo comprador que deseja adquirir um produto que
custa R$ 5.000,00 à vista, mas pode ser financiado sem entrada, em 10 prestações mensais iguais, à
taxa de 3% ao mês?
V = 5.000
i = 3% a.m. = 0,03 a.m.
n = 10
p=?
PMT = R$ 586,15
Podemos também calcular o valor da prestação utilizando a função PGTO do Excel:
onde:
Assim:
=PGTO(3%;10;-5000)
= 586,15
Além de calcular o valor presente, podemos encontrar o valor futuro (VF ou FV) ou montante (M)
no final do período. Para determinar o montante de uma renda postecipada, podemos somar os
ou
Exemplo 3
Uma pessoa deposita mensalmente na poupança o valor de R$ 100,00. Considerando uma renda
média de 1,4% ao mês, quanto essa pessoa possuirá no momento do último depósito, supondo que
p = 100
M=?
Pela calculadora financeira HP12C, temos:
f REG
f 2
120 n
1,4 i
FV = R$ 30.738,59
onde:
=VF(1,4%;120;-100)
VF = 30.738,59
O valor do montante no final dos 120 depósitos será de R$ 30.738,59.
Exemplo 4
Quanto possuirá no final de 2 anos uma pessoa que deposita R$ 1.000,00 mensalmente, sabendo
M=?
p = 1000
i = 2% a.m. = 0,02 a.m.
n = 2 anos = 24 meses
Obs.: temos a taxa em meses e o período em anos, assim transformamos o período para mês.
f REG
f 2
2 i
FV = R$ 30.421,86
A pessoa possuirá R$ 30.421,86 no final dos 2 anos. Pelo Excel temos:
=VF(2%;24;-1000)
Segundo Castanheira (2016), a renda é antecipada em relação ao valor atual quando a primeira
parcela ocorre na data zero, ou seja, é dada uma entrada de mesmo valor que as demais parcelas.
Para o cálculo do valor atual, utiliza-se o mesmo conceito de rendas postecipadas. No entanto, como
ou
ou
Exemplo 1
pagamento ocorrerá no ato da compra (entrada). Qual o preço à vista desse produto, sabendo que a
p = 8.400
n = 12
f REG
f 2
g BEG
12 n
2,5 i
PV
PV = R$ 88.319,35
Obs.: neste exercício, temos uma renda antecipada. Assim, é necessário manter visível a
Também podemos calcular o valor atual utilizando a função VP do Excel, acrescentando no tipo o
Exemplo 2
Uma pessoa deposita, no início de cada mês, durante 5 meses, a quantia de R$ 100,00. Calcule o
valor futuro, sabendo que a instituição financeira paga juros de 2% ao mês, capitalizados
mensalmente.
p = 100
n = 5 meses
f REG
f 2
g BEG
5 n
2 i
FV
FV = R$ 530,81
Podemos calcular o valor futuro utilizando a função VF do Excel, mas precisamos indicar no tipo
VF(taxa,nper,pgto,[vp],[tipo])
=VF(2%;5;-100;0;1)
Exemplo 3
Uma pessoa deseja ter R$ 48.000,00 daqui a 6 meses. Quanto deverá aplicar no início de cada
M = 48000
n = 6 meses
Agora vamos aplicar a fórmula do montante para encontrar o valor das prestações:
Podemos também isolar a variável p na fórmula do montante e obter uma fórmula para o cálculo
f REG
f 2
g BEG
6 n
1,8 i
PMT
PMT = R$ 7.512,27
Podemos realizar este cálculo utilizando a função PGTO do Excel. Como temos uma renda
antecipada vamos considerar no tipo o número 1 que indica que os vencimentos ocorrem no início
do período. Assim:
=PGTO(1,8%;6;0;-48000;1)
Para obter R$ 48.000,00 daqui a 6 meses, será necessário aplicar R$ 7.512,27 no início de cada
mês.
Estudamos no tema 1 que uma renda pode ser classificada como diferida sempre que existir um
prazo de carência, podendo ser postecipada ou antecipada. Na renda diferida antecipada, a primeira
parcela vence justamente com a carência; já na diferida postecipada a primeira parcela vence um
Para efetuar os cálculos envolvendo rendas diferidas, utilizamos as mesmas fórmulas do modelo
básico de renda que estudamos no tema 2 e a fórmula de capitalização composta que estudamos
anteriormente.
Exemplo 1
3.000,00. Considerando-se uma carência de 2 meses e uma taxa de juros de 3% a.m, qual é o valor à
p = 3000
n = 4 meses
carência = 2 meses
i = 3% a.m. / 100 = 0,03 a.m
f REG
f 2
4 n
3 i
PV
Trabalhamos com uma renda postecipada. Assim, o valor do V que encontramos representa o
valor atual um período antes do primeiro pagamento, por isso será necessário considerar o período
de carência para encontrar o valor atual na data zero. Para esse cálculo, vamos utilizar a fórmula do
juro composto que estudamos anteriormente:
Pela calculadora financeira HP12C:
f REG
f 2
2 n
3 i
PV
Exemplo 2
uma carência de 12 meses e uma taxa de juros de 4% a.m, qual o valor atual sendo que as prestações
vencem no início do intervalo?
p = 20000
n = 12 meses
carência = 12 meses
f REG
f 2
12 n
4 i
PV
O enunciado indica que temos uma renda diferida antecipada, pois o pagamento será realizado
no início do intervalo, logo vamos considerar um intervalo a menos de carência, ou seja, vamos
f REG
f 2
11 n
4 i
PV
No tema 1, estudamos os principais conceitos envolvendo fluxo de caixa e agora vamos verificar
quando dois ou mais fluxos são considerados equivalentes. De acordo com Castanheira e Macedo
(2008), a equivalência de fluxos de caixa depende da taxa de juro e, se dois fluxos são equivalentes a
Para avaliarmos a equivalência entre fluxos de caixa, precisamos calcular o valor atual de cada
fluxo e avaliar se os resultados são iguais. Dessa forma, se os fluxos possuem o mesmo valor atual a
uma taxa de juros, os seus montantes após n períodos serão necessariamente iguais.
Exemplo
Considere os seguintes fluxos de caixa e avalie se são equivalentes à taxa de 1,8% ao mês:
Para avaliar se os fluxos apresentados são equivalentes, precisamos calcular os valores atuais
considerando a taxa de 1,8% ao mês. Para o primeiro fluxo temos um pagamento único, então vamos
calcular o valor atual utilizando a fórmula de juro composto:
f REG
f 2
6 n
1,8 i
PV
No segundo fluxo, temos oito parcelas mensais, sem entrada, de R$ 135,34. Assim, vamos utilizar
a fórmula da renda postecipada para encontrar o valor atual:
Pela calculadora financeira HP12C:
f REG
f 2
8 n
1,8 i
PV
Avaliando os resultados obtidos, concluímos que os valores atuais são iguais, assim os fluxos são
equivalentes considerando a taxa de 1,8% ao mês.
TROCANDO IDEIAS
Nesta aula, estudamos as definições e características de cada tipo de renda e vimos as diferenças
entre renda postecipada, também conhecida como modelo básico, antecipada e diferida. Logo, antes
de realizar os cálculos, é importante identificar o tipo de renda com que estamos trabalhando.
Considere que um produto foi vendido por R$ 324,00 de entrada, mais seis prestações mensais e
iguais de R$ 200,00 com uma taxa de juro de 2,5% ao mês. Analisando este exemplo, qual é o tipo de
renda que está sendo utilizada?
Neste exemplo, temos uma entrada de R$ 324,00 mais seis prestações de R$ 200,00, logo a
entrada não possui o mesmo valor das parcelas, assim não temos uma renda antecipada. Devemos
considerar como renda as seis prestações, que são características do modelo básico de renda (renda
postecipada). Caso seja necessário calcular o preço à vista desse produto, deve-se aplicar a fórmula
da renda postecipada e somar ao resultado o valor da entrada.
NA PRÁTICA
Nesta aula, estudamos o cálculo do valor presente, futuro e prestações dos diferentes tipos de
rendas. Para praticar os assuntos estudados nesta aula, vamos resolver os seguintes exercícios.
Exercício 1
Uma loja vende uma máquina por R$ 2.000,00 à vista. Considerando a taxa de juros de 1,25%
a.m., em regime de juros compostos, determine o valor da prestação para cada um dos seguintes
planos de financiamento:
Neste plano, temos uma entrada de 20%. Assim, a entrada será de R$ 400, ou seja:
24 n
1,25 i
PMT
PMT = R$ 77,58
Nesse plano, temos uma entrada que é do mesmo valor das demais parcelas, assim
consideramos uma renda antecipada. Vamos calcular o valor das prestações utilizando a HP12C:
g BEG
25 n
1,25 i
PMT
PMT = R$ 92,49
Exercício 2
Um empréstimo de R$ 3.000,00 pode ser pago em qualquer um dos planos indicados a seguir.
Verifique se os planos são equivalentes considerando a taxa de 2,5% ao mês de juro composto.
a. Quatro parcelas mensais e iguais a R$ 400,00 sem entrada nos primeiros quatro meses mais
b. Três parcelas mensais sendo no primeiro mês o valor de R$ 492,00, no segundo mês R$
1.596,95 e no terceiro mês R$ 1.076,89.
Para avaliar se os fluxos apresentados são equivalentes, precisamos calcular os valores atuais
considerando a taxa de 2,5% ao mês. No primeiro fluxo, temos quatro parcelas mensais e iguais a R$
400,00 sem entrada. Assim, calcule o valor atual utilizando a fórmula da renda postecipada:
Pela calculadora financeira HP12C:
f REG
f 2
4 n
2,5 i
PV
Como temos mais uma parcela de R$ 1.821,77 no final do oitavo mês, será necessário aplicar a
fórmula do juro composto:
f REG
f 2
8 n
2,5 i
PV
No segundo fluxo, temos três parcelas mensais, sendo no primeiro mês o valor de R$ 492,00; no
segundo mês, R$ 1.596,95; e no terceiro, R$ 1.076,89. Como as parcelas são diferentes, vamos aplicar
a fórmula do juro composto para cada uma delas e somar os resultados:
1 n
2,5 i
PV = 480
2 n
2,5 i
PV = 1.520
3 n
2,5 i
PV = 999,99 = 1.000
Comparando os resultados, concluímos que os fluxos são equivalentes à taxa de 2,5% ao mês.
FINALIZANDO
Nesta aula, vimos os principais conceitos envolvendo fluxo de caixa, bem como os cálculos e
caraterísticas de cada tipo de renda. Estudamos também que as rendas possuem a seguinte
classificação e, com base nessa classificação, efetuamos os cálculos de valor presente, valor futuro e
prestação.
REFERÊNCIAS